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20/04/2019 Portal Secad

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DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE CRENÇAS

MAYCOLN LEÔNI MARTINS TEODORO


PRISCILLA MOREIRA OHNO

■ INTRODUÇÃO
A concepção de que os comportamentos dos indivíduos e a maneira como se sentem são diretamente influenciados pela forma como
processam e estruturam a realidade por meio de suas cognições é uma das mais conhecidas em terapia cognitiva.

LEMBRAR
A compreensão de mundo do indivíduo passa por suas pressuposições, ou seja, por atitudes, crenças e valores que estruturam a
experiência individual. Cada um constrói sua realidade conforme o que pensa sobre si mesmo, sobre as pessoas a sua volta e
sobre o que espera do futuro. Tal modo de ver e interpretar a realidade é construído ao longo do desenvolvimento humano a partir
das interações interpessoais estabelecidas nesse percurso, principalmente com pessoas significativas. Além disso, a personalidade
também contribui para a construção do sistema de crenças que rege as estruturas afetivo-emocional, motivacional e
comportamental.

Para compreender como se dá a formação das crenças, é necessário evidenciar a configuração dos sistemas que integram os processos
de desenvolvimento do indivíduo, aquisição de novos conhecimentos e interação entre sujeito e objeto. Portanto, é preciso considerar
também o desenvolvimento cognitivo e emocional do indivíduo, bem como algumas funções cognitivas específicas que desempenham um
papel importante na criação, manutenção e modificação das crenças.

As crenças são ideias, valores, pressuposições e atitudes que o sujeito utiliza para compreender e estruturar sua própria realidade
de acordo com a visão que tem de si mesmo, dos outros e do futuro.

O sistema cognitivo é desenvolvido ao longo da vida do indivíduo e está relacionado à sua personalidade; sofre influência do ambiente
interpessoal, principalmente no âmbito familiar, além de requerer funções cognitivas específicas, tais como memória e metacognição, para
sua consolidação.
Pretende-se neste artigo demonstrar como se dá o processo de desenvolvimento das crenças Para tanto será discutido o papel que o
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Pretende-se, neste artigo, demonstrar como se dá o processo de desenvolvimento das crenças. Para tanto, será discutido o papel que o
desenvolvimento cognitivo e emocional tem nesse processo. Ademais, será evidenciado como a disfuncionalidade no sistema de crenças
pode conduzir a um transtorno psicológico.

■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de

reconhecer como se desenvolvem as crenças;


identificar aspectos do desenvolvimento cognitivo e emocional capazes de influenciar o desenvolvimento de crenças;
verificar como as crenças disfuncionais estão relacionadas a condições psicopatológicas.

■ ESQUEMA CONCEITUAL

■ MODELO COGNITIVO: CONCEPÇÕES BÁSICAS


O modelo cognitivo desenvolvido por Beck1 (Figura 1) trabalha com a hipótese de que a maneira como as pessoas percebem e processam
as informações dos eventos diários influencia emoções e comportamentos. Assim, não é uma situação em si que determina diretamente
como irão se sentir, mas sim a interpretação que fazem da situação.

Figura 1 Modelo cognitivo


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Figura 1 — Modelo cognitivo.
Fonte: Wright e colaboradores (2008).2

Em tal sentido, o processamento cognitivo tem um papel fundamental por se considerar que o indivíduo constantemente avalia os
acontecimentos e lhes atribui um significado próprio. O significado então atribuído modelará as respostas emocionais e comportamentais do
indivíduo.2

Beck utiliza o conceito de modo para explicar a complexidade dos problemas psicológicos. O modo é uma suborganização específica da
personalidade do indivíduo que incorpora uma rede interligada de sistemas utilizados para a adaptação a demandas específicas ou para
o tratamento de problemas.3 Os sistemas são:

cognitivo — responsável pelo processamento da informação e atribuição de significado;


emocional — responsável pela produção dos vários estados de sentimento;
comportamental e motivacional — responsáveis pelo fornecimento de respostas automáticas (involuntárias) do organismo para a
ação (mobilização ou inibição) vinculadas a estratégias primitivas;
fisiológico — responsável pela ativação dos sistemas periféricos, como o sistema nervoso autônomo, os sistemas sensoriais e os
sistemas motores, que conduzem o sujeito ao impulso de fugir ou lutar e gera interpretações do tipo “eu vou desmaiar”;
metacognitivo (controle consciente) — responsável por avaliar os produtos do processamento automático, tais como medo e culpa,
por exemplo, o que leva o sujeito ao estabelecimento de metas mais razoáveis e à solução de problemas.

Cada modo possui estruturas denominadas de esquemas. Logo, o sistema emocional compõe-se por esquemas emocionais, o
comportamental de esquemas comportamentais, e assim por diante. Segundo Beck,3 quando o sujeito está diante de uma situação
estimuladora, um esquema orientativo atribui um significado preliminar a essa situação e ativa rapidamente o restante do modo relevante
(Figura 2). Por exemplo, uma pessoa que tem medo de aranha, ao se deparar com tal estímulo, ativa o modo de perigo, manifestando
reações fóbicas perceptíveis.

Figura 2 — Ativação do modo.


Fonte: Beck (2005).3

Se um indivíduo está bem-adaptado às situações cotidianas, não há interferência no seu funcionamento cognitivo, seu sofrimento emocional
não é desproporcional frente à realidade, e suas estratégias comportamentais facilitam a concretização de objetivos pessoais; ou seja, os
sistemas desse indivíduo funcionam de forma síncrona em prol do objetivo do modo. No entanto, quando a ativação desses sistemas
ocorre de forma desproporcional à realidade, o indivíduo experiencia problemas psicológicos em diferentes níveis.3,4
Considerando esse nível modal, o processamento das informações (Figura 3) se dá de maneira mais complexa, global e integrativa. O
processamento é automático, já que requer menos esforço para emitir respostas, e é hipervalente, porque, quando ativado, domina
facilmente a maneira como as informações são processadas.2 As situações cotidianas ativam as estruturas cognitivas (ou esquemas de
crenças), gerando uma emoção e um comportamento específico que, consequentemente, modificam a situação atual.5

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Figura 3 — Processamento esquemático da informação.


Fonte: Beck e Alford (2000).5

Os esquemas cognitivos são componentes fundamentais integradores do sistema cognitivo. Para a terapia cognitivo-comportamental (TCC),
esquemas cognitivos são estruturas estáveis utilizadas para o armazenamento de características prototípicas e genéricas de estímulos,
experiências ou ideias, constituindo assim padrões cognitivos idiossincráticos utilizados pelos indivíduos para interpretação das próprias
vivências.6,7 Os esquemas funcionam abaixo do nível da consciência,6 e seu funcionamento é como um viés que filtra informações e
experiências recebidas pelo indivíduo, organizando, classificando e definindo a leitura que este faz da realidade.

LEMBRAR
É a partir da identificação e percepção de atitudes de pessoas significativas que a criança começa a desenvolver os próprios
esquemas, os quais se fortalecem e consolidam em um estilo de pensamento específico.7 É nesse conjunto de esquemas que o
indivíduo armazena as percepções sobre si mesmo e sobre os outros, memórias e expectativas.1

Os esquemas possuem características variáveis conforme o conteúdo, com um significado idiossincrático para cada pessoa e de acordo
com a estrutura individual — flexível ou rígido, estreito ou abrangente. Os esquemas também diferem conforme a inter-relação entre as
ideias que os compõem, sendo simples ou complexos (relacionado ao número de ideias) e estando ativos ou latentes.3 Em indivíduos bem
ajustados, os esquemas permitem a construção de avaliações mais realistas; em indivíduos mal-adaptados, os esquemas podem levar a
distorções da realidade que possivelmente os conduzirão a um quadro psicopatológico.7
O sistema cognitivo é utilizado para seleção de dados recebidos do ambiente, para atenção e interpretação de informações pelo sujeito e
para memorização e recordação de significados.3 Esse sistema é composto por três níveis de cognição interligados (Figura 4) os quais
partem de um mais fundamental e generalizado para um mais superficial e específico.

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Figura 4 — Níveis de cognições.


Fonte: Adaptada de Beck (1995).8

As crenças centrais são ideias mais profundas e rígidas, tidas como verdades absolutas e inquestionáveis carregadas de afeto.1,8–10
Geralmente as crenças se desenvolvem aos pares, em polos opostos, como, por exemplo, “Sou burro” e “Sou inteligente”, e apenas
uma delas é ativada por vez, dependendo da situação vivenciada.

No entanto, os indivíduos talvez não desenvolvam crenças alternativas a outras crenças já plenamente desenvolvidas em alguns domínios.10
Essas crenças direcionam a interpretação que o indivíduo faz dos eventos cotidianos e, quando ativadas, aumentam o foco do indivíduo para
as evidências que a comprovam, desconsiderando as informações contrárias à interpretação, o que pode ocasionar um processamento
distorcido e disfuncional. Embora as teorias de psicopatologia da TCC foquem crenças disfuncionais na fase adulta, o desenvolvimento e a
consolidação das estruturas cognitivas ocorrem na infância e adolescência.
A partir desse conjunto de crenças centrais, desenvolvem-se as chamadas crenças intermediárias, que incluem atitudes, regras e
suposições. Elas são criadas pelo sujeito para conviverem com as ideias absolutas, negativas e não adaptativas, possibilitando explicações
mais específicas das experiências, de acordo com os seus padrões globais de interpretação.1,9,10

As atitudes constituem-se de pensamentos relacionados a alguma falta ou presença de certa habilidade (p. ex., “É muito ruim pedir
ajuda”).

As regras são ideias que ditam como o indivíduo deve agir em determinadas situações (p. ex., “Eu devo ser sempre o mais
agradável possível com os outros”).

As suposições dizem respeito às ideias hipotéticas que interferem na maneira como o indivíduo percebe o ambiente (p. ex., “Se eu
for bom com os outros, então eles gostarão de mim”).

Por fim, os pensamentos automáticos são considerados o nível mais superficial de cognição e específicos à situação. Trata-se de
pensamentos avaliativos rápidos, espontâneos e não conscientes expressos como palavras ou imagens reais que passam pela cabeça do
sujeito rotineiramente, mediante determinadas situações específicas. São ativados por crenças intermediárias, influenciando diretamente as
emoções e os comportamentos individuais e, com frequência, conduzem a uma resposta fisiológica, fazendo com que o indivíduo se
concentre mais em sua mudança de humor do que no pensamento que a ocasionou.1,7
As crenças cognitivas variam em termos de precisão e funcionalidade e podem ser analisadas a partir da tríade cognitiva, composta por três
padrões maiores que orientam o indivíduo a considerar suas experiências em relação a si mesmo, aos outros/mundo e ao futuro.1,9,11

A tríade cognitiva permeia todos os níveis dos esquemas, desde as crenças centrais aos pensamentos automáticos. Na depressão,
por exemplo, a tríade cognitiva é negativa e tem como função ativar sintomas negativos e contribuir para a interpretação errônea que
o paciente deprimido geralmente faz das experiências.11

Exemplos de cognições positivas e negativas são apresentados na Figura 5.

Figura 5 Exemplos de cognições positivas e negativas: itens do Inventário da Tríade Cognitiva


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Figura 5 — Exemplos de cognições positivas e negativas: itens do Inventário da Tríade Cognitiva.
Fonte: Teodoro e colaboradores (2016).12

A tríade cognitiva sofre modificações ao longo da infância e começa a se estabilizar, com visões de self, mundo e futuro bem definidas,
apenas no início da adolescência. Tal fato aparentemente está relacionado ao desenvolvimento diferenciado na estrutura dessas
cognições.13,14 Ao avaliar empiricamente a tríade, os estudos têm demonstrado que ela possui aspectos positivos e negativos, em todas as
faixas etárias, que não representam polos extremos de um mesmo continuum.12,15,16 Compreender tal independência pode contribuir para a
elucidação dos papeis diferenciados que cada tipo de pensamento exerce nas psicopatologias.

Supõe-se que, em pacientes deprimidos, haja uma predominância dos aspectos negativos da tríade que mascaram os aspectos
positivos, já que, em indivíduos não deprimidos, é possível verificar a presença de ambos os tipos de cognições.12 Segundo Beck e
Alford,5 também é possível verificar diferenças na estrutura da tríade cognitiva em outros transtornos. Por exemplo, na ansiedade, a
pessoa se vê como inadequada; para ela, o mundo é perigoso, e o futuro, incerto. Nos transtornos paranoides e na raiva, o indivíduo
vê a si mesmo como maltratado pelos outros e enxerga o mundo como um lugar injusto que se opõe a seus interesses.

ATIVIDADES

1. O que são crenças?

Confira aqui a resposta

2. Defina e explique o modelo cognitivo de crenças e pensamentos automáticos proposto por Aaron Beck. Como ele pode ser usado
para entender um caso clínico?

Confira aqui a resposta

3. Qual a importância dos modos na percepção do ambiente?

Confira aqui a resposta

4. O sistema de controle consciente ou metacognição, que integra o modelo cognitivo criado por Beck, é responsável:

A) pela produção dos vários estados de sentimento.


B) pela avaliação dos produtos do processamento automático, tais como medo e culpa, por exemplo, que leva o sujeito ao
estabelecimento de metas mais razoáveis e à solução de problemas.
C) pelo fornecimento de respostas automáticas (involuntárias) do organismo para a ação (mobilização ou inibição) que estão
vinculadas a estratégias primitivas.
D) pelo processamento da informação e pela atribuição de significado.
Confira aqui a resposta

5. Sobre os esquemas cognitivos, que são parte integrante do sistema cognitivo, de acordo com o corolário de Beck, assinale a
alternativa correta.

A) Para a TCC, correspondem a estruturas instáveis utilizadas para o armazenamento de características prototípicas e genéricas
de estímulos, experiências ou ideias, constituindo, assim, padrões cognitivos idiossincráticos utilizados pelos indivíduos para a
interpretação de suas vivências.
B) Os esquemas funcionam no nível da consciência, e seu funcionamento é como um viés que filtra as informações e
experiências recebidas pelo indivíduo, organizando, classificando e definindo a leitura que este faz da realidade.
C) A partir da identificação e percepção de atitudes de pessoas significativas a criança começa a desenvolver os próprios
esquemas, que se fortalecem e consolidam em um estilo de pensamento específico.
D) Em indivíduos mal-adaptados, os esquemas permitem a construção de avaliações mais realistas.
Confira aqui a resposta

6 Enquanto parte das crenças intermediárias identificadas no modelo cognitivo beckiano atitudes:
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6. Enquanto parte das crenças intermediárias identificadas no modelo cognitivo beckiano, atitudes:

A) são ideias que ditam como o indivíduo deve agir em determinadas situações.
B) são pensamentos avaliativos rápidos, espontâneos e não conscientes expressos como palavras ou imagens reais que passam
pela cabeça da pessoa rotineiramente, mediante determinadas situações específicas.
C) dizem respeito às ideias hipotéticas que interferem na maneira como o indivíduo percebe o seu ambiente.
D) constituem-se de pensamentos relacionados a falta ou presença de certa habilidade.
Confira aqui a resposta

7. No que diz respeito à tríade cognitiva, considere as seguintes afirmativas.


I — A tríade cognitiva se modifica ao longo da infância, tendo uma estrutura mais estável apenas no início da adolescência.
II — Em todos os transtornos psicopatológicos, é possível verificar que o padrão da tríade cognitiva permanece o mesmo; em todos
eles, os indivíduos apresentam uma visão negativa sobre si mesmos, os outros e o futuro.
III — A tríade cognitiva pode ser descrita em termos de pensamentos funcionais (positivos) e disfuncionais (negativos) que permeiam
todos os níveis do sistema cognitivo.
IV — Na depressão existe uma predominância de visões negativas relacionadas ao self, ao mundo e ao futuro.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

8. Em que fases da vida há o desenvolvimento e a consolidação das crenças do indivíduo?

Confira aqui a resposta

■ DESENVOLVIMENTO DAS CRENÇAS


As estruturas psicológicas desenvolvem-se gradualmente durante o processo de interação da criança com o ambiente e com uma série de
esquemas integrados.17 Assim, pode-se dizer que o ambiente no qual a criança está inserida facilita o surgimento ou a inibição de tipos
particulares e específicos de esquemas.7 Diversos fatores influenciam o desenvolvimento mental do indivíduo, devido ao aprendizado de
uma série de comportamentos adquiridos com os pais e com os indivíduos do entorno. Tais comportamentos e cognições consolidam-se,
gerando as crenças fundamentais do indivíduo, e seu contato com o mundo é filtrado e considerado de acordo com essas concepções.
As crenças fundamentais são originadas ao longo do desenvolvimento a partir do momento em que o indivíduo começa a extrair sentido
sobre si mesmo, sobre seu mundo pessoal e sobre outros indivíduos. Consistem em regras e fórmulas aprendidas pelo sujeito para
compreender o mundo as quais determinam o modo como ele organiza suas percepções em cognições, estabelece objetivos, avalia ou
altera o próprio comportamento.1 Geralmente, as crianças saudáveis (que não apresentam um transtorno grave) têm a capacidade de
incorporar os eventos positivos e negativos, adotando uma visão balanceada e estável.

Quando começa a desenvolver uma crença fundamental negativa, com base em suas experiências, a criança tende a processar as
informações de maneira distorcida, passando a interpretar os eventos negativos como confirmações de sua crença. Esse processo
de incorporação distorcido das informações, selecionando o que é negativo e desconsiderando o que é positivo, solidifica o esquema
disfuncional do indivíduo.18

O que caracteriza as diversas maneiras de os indivíduos responderem a uma mesma situação é a estrutura cognitiva que cada um possui,
ou seja, suas crenças (ou esquemas). Alguns fatores, como o desenvolvimento cognitivo e emocional do indivíduo, e funções cognitivas,
como memória e metacognição, personalidade e contexto familiar, estão relacionados à construção do sistema de crenças e serão
abordados nas próximas seções.

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO: AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO E PENSAMENTO


No que diz respeito à compreensão do desenvolvimento humano, um dos teóricos que contribuíram para esse campo foi Jean Piaget,
epistemólogo construtivista. Os estudos de Piaget trataram, sobretudo, acerca do desenvolvimento cognitivo, mais especificamente sobre o
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pensamento e sobre a aprendizagem infantil.
Segundo Piaget, o conhecimento evolui progressivamente por meio de estruturas de raciocínio que substituem umas às outras por meio de
estágios, os quais representam níveis qualitativamente diferentes do funcionamento cognitivo (ver as referências 19 a 23 para uma
compreensão mais ampla). Cada estágio é um período no qual o pensamento e o comportamento infantil caracterizam-se por uma forma
específica de conhecimento e raciocínio, desenvolvendo assim um modo progressivo de operar. Da infância à adolescência, as operações
mentais evoluem da aprendizagem baseada na simples atividade sensório-motora ao pensamento lógico-abstrato. É a maturação
biológica que estabelece as condições necessárias para esse desenvolvimento cognitivo.19,20
Cada estágio do desenvolvimento possui uma estrutura mental que permite um diferente tipo de interação da criança com seu ambiente e,
consequentemente, faz com que ela desenvolva visões de mundo distintas. No final de cada estágio, as estruturas cognitivas se encontram
em um estado de equilíbrio, e a mudança de fase se dá quando a habilidade específica daquele estágio houver sido completamente
desenvolvida. A seguir, será apresentado um breve resumo dos estágios do desenvolvimento para que o leitor possa dispor de um
panorama geral da teoria piagetiana.19–23
O primeiro estágio, chamado de sensório-motor, compreende o período do nascimento até aproximadamente os 2 anos. Neste estágio, a
atividade intelectual da criança é de natureza sensorial e motora. A criança desenvolve comportamentos adaptativos (inicialmente reflexos e
hereditários) que não são acompanhados por representações mentais e que a preparam para adaptar-se ao meio.
Até por volta dos 18 meses de vida, os bebês aprendem a coordenar as informações dos sentidos e a organizar suas atividades em relação
ao ambiente. No período aproximado dos 18 aos 24 meses, a criança desenvolve a capacidade de representar símbolos mentais, pensar
sobre ações antes de praticá-las e em objetos fora do seu campo visual. Além disso, ela já possui alguma compreensão de causa e efeito;
assim, não necessita mais recorrer ao método de tentativa e erro para resolver problemas simples, como fazia nos primeiros meses de vida.
O estágio seguinte, o pré-operacional, estende-se até aproximadamente os 7 anos e tem como principal característica o desenvolvimento
da capacidade simbólica da criança. Neste estágio, a criança já é capaz de imaginar uma coisa por outra, ou seja, formar esquemas
simbólicos e representar suas vivências e sua realidade por meio de diferentes significantes, como o jogo, o desenho e principalmente a
linguagem. O pensamento da criança é marcadamente egocêntrico, isto é, ela não compreende que os outros possuem perspectivas
diferentes das suas; portanto, vê a outra pessoa como uma extensão de si mesma, não conseguindo assim se colocar, abstratamente, no
lugar do outro.

LEMBRAR
Um exemplo ligado ao estágio pré-operacional é o fato de a criança não ver a necessidade de explicar o que diz, pois acredita
convictamente que está sendo compreendida. Outra característica do pensamento infantil nessa fase é a rigidez. A criança pré-
operacional depende da percepção imediata, unidimensional; ela focaliza apenas uma dimensão do estímulo, sendo incapaz de
levar em consideração mais de uma dimensão ao mesmo tempo. Logo, ela está sujeita a cometer mais erros, enganos, e distorções
já que sua percepção é global e não discrimina detalhes.

No terceiro estágio proposto por Piaget, o das operações concretas, até aproximadamente os 12 anos, a criança já é capaz de interiorizar
ações. A criança manipula mentalmente a informação simbólica, estabelece relações, coordena pontos de vista diferentes (o seu próprio e o
de outra pessoa) e integra-os de forma lógica e coerente.
No estágio das operações concretas, desenvolve-se a habilidade de reversibilidade, que diz respeito ao conhecimento de que uma ação
pode ser revertida a seu estado inicial. Por exemplo, sabendo que dois copos de mesmo formato e tamanho possuem igual quantidade de
água, embora se despeje o conteúdo de um deles em um copo mais fino, a criança compreende que os dois copos, agora de formato
distintos, possuem a mesma quantidade de líquido, pois a quantidade permanece igual quando se retorna o conteúdo para o primeiro copo.
A segunda habilidade adquirida no estágio das operações concretas é a equivalência, um pensamento lógico que permite à criança
estabelecer raciocínios do tipo “se A é igual a B e B é igual a C, então A e C são iguais”. A criança começa a apresentar um declínio do
egocentrismo e passa a se socializar em grupos, a reconhecer uma liderança, além de compreender regras e estabelecer compromissos. Ela
consegue resolver problemas reais de maneira mais competente, mas apenas aqueles relacionados aos eventos concretos, apresentando
ainda dificuldades para lidar com conceitos ou problemas abstratos e hipotéticos.
O estágio mais avançado do desenvolvimento, segundo Piaget, é o operatório formal, que se inicia por volta dos 12 anos e prossegue
adiante na vida adulta. O adolescente desenvolve o pensamento hipotético dedutivo e torna-se mais flexível, o que lhe propicia maior
capacidade de resolver problemas, avaliando-os de maneira sistemática e escolhendo a solução mais plausível.
A linguagem já está bem desenvolvida no estágio operatório formal, permitindo ao adolescente se envolver em discussões lógicas e chegar a
conclusões baseadas em hipóteses, e não apenas na observação concreta da realidade. É nesse período que o indivíduo desenvolve as
habilidades metacognitivas (aprende a pensar sobre os próprios pensamentos), tornando-se cada vez mais consciente das suas
operações mentais e aplicando o raciocínio lógico para solucionar todos os tipos de problemas.

Para Piaget, a criança constrói o próprio modelo de mundo ao longo de seu processo de desenvolvimento, levando em consideração as
próprias ações e a observação do mundo exterior. Esse desenvolvimento gradual ocorre por meio de três princípios inter-relacionados:

os esquemas, na teoria piagetiana, são estruturas cognitivas básicas compostas por padrões organizados de comportamento, o que
permite ao homem adaptar-se e, ao mesmo tempo, organizar e transformar o ambiente em que vive — à medida que as crianças
adquirem mais informações, ou seja, que se tornam mais aptas a generalizar os estímulos, os esquemas tornam-se cada vez mais
complexos;
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complexos;
a organização cognitiva é a tendência de criar estruturas cognitivas cada vez mais complexas e que permitem maior adaptação às
demandas do ambiente;
a adaptação, por sua vez, é o termo usado pelo autor para descrever como uma criança lida com novas informações que parecem
entrar em conflito com o que ela já sabe, ou seja, é o processo que ocasiona uma mudança contínua no sujeito.

A adaptação envolve duas atividades cognitivas (ou etapas) complementares: a assimilação é um processo cognitivo no qual a criança
integra (classifica) as informações ou estímulos externos (um novo dado perceptual, motor ou conceitual) às estruturas cognitivas já
existentes; a acomodação é a mudança na estrutura cognitiva (esquema) da criança em função das particularidades do estímulo/objeto
externo a ser assimilado. Diante de um estímulo que não condiz com o esquema existente, a criança pode criar um novo esquema para
encaixar o estímulo percebido ou modificar um esquema já existente para que essa nova informação seja inserida nele.

Ao adaptar-se, o ser humano muda e transforma a si mesmo e o ambiente do entorno.19 Quanto mais rico de informações é um
esquema, maior é a capacidade de resposta da criança para utilizá-lo em variadas situações e de modos diferentes.

Os esquemas mentais auxiliam o indivíduo a agrupar e categorizar as informações recebidas, orientando a sua atenção para os aspectos
mais relevantes do ambiente.24 É com base em experiências e memórias passadas que ele representa essas informações. Em outras
palavras, são os esquemas que influenciam as informações armazenadas na memória e posteriormente resgatadas pelo indivíduo. A
coordenação desses esquemas é o que forma o pensamento, o qual pode ser entendido como a capacidade de formar ideias (ou conceitos),
estabelecer relações e atribuir significado a elas.

Os pensamentos não podem ser vistos, e sim apenas inferidos a partir da manifestação comportamental do sujeito. São acessíveis
por meio da linguagem.

Para alguns autores neopiagetianos, o conhecimento humano e, consequentemente, a compreensão da realidade, estão organizados em
sistemas diferentes e com relativa independência entre si. O entendimento da criança difere entre os domínios do conhecimento: pode ser
mais avançado ou complexo em alguns do que em outros.20
Assim, o que uma criança sabe sobre o modo de funcionar do mundo físico, por exemplo, difere do modo como ela entende o funcionamento
das pessoas. Diante disso, é possível inferir que as crianças desenvolvem diversas teorias para explicar ou dar sentido a diferentes domínios
da sua experiência e que tais significados estão mais relacionados a seu modo de processar, armazenar e resgatar as informações recebidas
do meio. Tal argumento demonstra que percepção, memória, conhecimento e entendimento estão interligados e se modificam com a
aprendizagem e com o desenvolvimento, conforme já afirmava Piaget.
Nesse âmbito, a abordagem do processamento de informação é essencial para o estudo do desenvolvimento cognitivo. De acordo com essa
abordagem, a mente humana é concebida como um sistema cognitivo complexo, assemelhando-se, em certa medida, a um computador
digital. Esse sistema tem a capacidade de processar (codificar, recodificar ou decodificar) e manipular (comparar, combinar, armazenar e
recuperar) as informações recebidas do meio ou mesmo as que já se encontram armazenadas no sistema.25 A informação é processada por
intermédio de uma sequência de módulos de processamento que codificam o estímulo (informação) de maneira sistematizada.

Existem dois tipos de processamento: o bottom-up (de baixo para cima) e o top-down (de cima para baixo). O primeiro é um tipo de
processamento estratégico, ameno à consciência, guiado por crenças, expectativas e experiências prévias do indivíduo. O segundo
tipo é diretamente afetado pelo estímulo, de forma reflexiva, e não requer um foco atencional significativo.26 No entanto, todo esse
processamento de dados é limitado.

Sabe-se que crianças pequenas têm menor capacidade para prestar atenção, memorizar e responder a eventos, principalmente no que
diz respeito a situações desconhecidas ou incertas. De acordo com Flavell e colaboradores,25 crianças com cerca de 3 anos já conseguem
compreender que elas mesmas e os outros possuem experiências internas (estados mentais) com a função de conectar cognitivamente os
humanos aos objetos e eventos externos. Contudo, é somente quando passam a compreender essas representações mentais que as
crianças entendem que um mesmo objeto ou evento possui diversas maneiras de representação mental.
Além disso, a velocidade de processamento das crianças é menor do que a dos adultos, o que gera uma limitação na capacidade de reter
e recuperar informações na infância. Consequentemente, crianças constroem menos representações ou modelos mentais que são utilizados
para raciocinar e responder a estímulos externos.
Segundo Wood,20 a maneira como o indivíduo aprende, pensa e se comunica pode ser descrita em termos da aquisição de vários tipos de
perícia (expertise), o que se reflete nas diferenças entre crianças e adultos quanto às capacidades de atenção, concentração, raciocínio e
resolução de problemas. Com base nessa concepção, o autor considera que a aprendizagem ocorre por meio da experiência, e não somente
pelo que é transmitido verbalmente ou perceptivo pelo contexto. Isso dá indícios de que cada um constrói o seu modo de interpretar a
realidade a partir da junção entre o que aprendeu com os outros e o que construiu por si só a partir da seleção de estímulos específicos da
experiência.
Desse modo, é possível verificar que o pensamento busca extrair as padronizações percebidas em cada situação vivenciada, organizando as
similaridades encontradas em padrões gerais de interpretação. O modo como a pessoa percebe e atribui significado às experiências é
coordenado por tais padrões, chamados de rotulação, os quais constituem a rede de significados da estrutura cognitiva — os esquemas.27
Um importante aspecto que contribui para o desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental do indivíduo é o desenvolvimento da
teoria da mente Trata se de uma habilidade que o sujeito possui de compreender e predizer os próprios estados mentais e os dos outros
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teoria da mente. Trata-se de uma habilidade que o sujeito possui de compreender e predizer os próprios estados mentais e os dos outros,
tais como desejos, crenças e emoções.28
Crianças pequenas inicialmente inferem os estados mentais de outras pessoas com base nas próprias vontades, como pensar que seus
irmãos querem sorvete ao invés do chocolate, assim como elas. Tal fato pode ser atribuído ao egocentrismo existente nas crianças dessa
faixa etária, o que não lhes permite assumir que os outros têm perspectivas diferentes das suas. É somente por volta dos 4 anos que as
crianças começam a compreender que as pessoas possuem crenças, desejos e expectativas diferentes das suas e que são capazes de
raciocinar e solucionar problemas de maneiras distintas.24

A teoria da mente é essencial para que o indivíduo se insira socialmente, já que perceber os estados mentais do outro, manifestos
principalmente em comportamentos, possibilita o estabelecimento, o êxito e a manutenção dos relacionamentos interpessoais. Por
sua vez, a incapacidade de inferir de maneira correta desejos, pensamentos, emoções e intenções do outro pode gerar prejuízos
significativos nas relações sociais.

Revisando a literatura científica, Grave e Blissett29 mostraram que ainda é incerta a maneira pela qual a idade e o nível de desenvolvimento
da criança interferem no sucesso do tratamento psicológico. Isso ocorre principalmente na terapia cognitiva por ser uma abordagem
terapêutica baseada em um paradigma racionalista, o qual atribui à criança um papel ativo no processo de identificação, monitoramento e
modificação de pensamentos disfuncionais, habilidade esta que não se encontra bem desenvolvida em crianças mais novas.
Para Piaget, as limitações cognitivas das crianças estão relacionadas ao estágio de desenvolvimento intelectual no qual elas se encontram, o
que pode limitar a percepção da realidade e o processamento interno das informações. Assim, tal limitação contribui para o desenvolvimento
de crenças específicas.
As crianças pré-operacionais (2-7 anos) encontram-se em um período pré-lógico no qual o seu pensamento é dominado pela percepção. O
pensamento egocêntrico característico dessa fase leva a criança a não conceber a si mesma como um ser separado dos outros ou do seu
ambiente, o que a conduz a um sincretismo, ou seja, a criança tem uma percepção subjetiva da realidade como um esquema global. Essa
forma de perceber o mundo aliado à incapacidade da criança de se colocar no lugar do outro a levam à tendência de acreditar que os
pensamentos das outras pessoas são incorretos porque são diferentes do seu próprio pensamento, que reflete a realidade como ela é.

Não saber se colocar no lugar do outro pode ser uma distorção cognitiva, muito comum em pacientes adultos deprimidos que
enxergam o mundo concentrando-se mais nos próprios pensamentos disfuncionais.

Além disso, as crianças no estágio pré-operacional apresentam dificuldades para processar informações novas e possuem um pensamento
dicotômico, do tipo tudo ou nada, que as impede de perceberem a si mesmas, ou aos outros, como sujeitos com características opostas e
simultâneas, como ser boa e ruim em diferentes domínios da vida por exemplo.29
Ao contrário das crianças mais novas, aquelas que estão no estágio operacional concreto já utilizam o pensamento lógico para representar
conceitos e situações concretas. Devido justamente ao fato de se concentrarem mais no que é concreto e literal, crianças por volta de 9-10
anos têm maior probabilidade de cometer erros cognitivos do tipo personalização e catastrofização.29
O primeiro erro ocorre quando a criança atribui a si mesma a responsabilidade e culpa de eventos negativos sem que se tenha um bom
fundamento para isso (p. ex., “Meus pais se separaram porque sou uma filha ruim”).9 O segundo erro acontece quando a criança, ignorando
outros resultados possíveis, prevê que o seu futuro será tão ruim que ela não conseguirá suportar (p. ex. “Eu ficarei tão triste que não
conseguirei fazer nada direito”).8
No entanto, crianças no estágio operacional concreto já possuem um desenvolvimento estrutural cerebral com maior nível de sofisticação
neuropsicológica, o que lhes permite representar mentalmente símbolos e executar funções metacognitivas utilizadas para compreenderem
os seus sentimentos (quando são ensinadas a fazer tal análise).24,30 Adolescentes, no estágio operacional formal, possuem a capacidade de
desenvolver um pensamento hipotético e o aprimoramento do raciocínio abstrato, o que lhes permite refletir, com maior clareza, sobre o
próprio pensamento em relação com o mundo externo e vice-versa. Além disso, adolescentes conseguem realizar julgamentos morais mais
sofisticados, planejar o futuro de maneira mais realista e inibir melhor impulsos e condutas agressivas.31

ATIVIDADES

9. Qual consequência decorre do fato de a criança começar a desenvolver uma crença fundamental negativa com base em suas
experiências?

Confira aqui a resposta

10. Sobre os estágios do desenvolvimento humano preconizados pela teoria piagetiana, observe as seguintes afirmativas.
I — O primeiro estágio, chamado de sensório-motor, compreende o período do nascimento até aproximadamente os 2 anos. Nesse
estágio, a atividade intelectual da criança é de natureza sensorial e motora. A criança desenvolve comportamentos adaptativos
que não são acompanhados por representações mentais e que a preparam para adaptar-se ao meio.
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II — No estágio denominado pré-operacional, desenvolve-se a habilidade de reversibilidade, que diz respeito ao conhecimento de
que uma ação pode ser revertida a seu estado inicial.
III — No estágio das operações concretas, o pensamento da criança é marcadamente egocêntrico, isto é, ela não compreende que
os outros possuem perspectivas diferentes das suas e vê o outro como uma extensão de si mesma, não conseguindo assim se
colocar, abstratamente, no lugar de outra pessoa.
IV — No estágio operatório formal, o adolescente desenvolve o pensamento hipotético dedutivo e é mais flexível, o que lhe
proporciona maior capacidade de resolver problemas, avaliando-os de maneira sistemática e escolhendo a solução mais
plausível.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a III.
B) Apenas a I e a IV.
C) Apenas a II e a III.
D) Apenas a II e a IV.
Confira aqui a resposta

11. Para Piaget, o desenvolvimento gradual da criança ocorre por meio de três princípios inter-relacionados. Acerca deles, considere
as seguintes afirmativas.
I — Os esquemas, na teoria piagetiana, são estruturas cognitivas complexas que consistem na desestruturação de comportamentos.
À medida que as crianças adquirem mais informações, ou seja, que se tornam mais aptas a generalizar os estímulos, os
esquemas tornam-se cada vez mais simples.
II — A organização cognitiva é a tendência de criar estruturas cognitivas cada vez mais complexas que permitem maior adaptação às
demandas do ambiente.
III — Adaptação é o termo usado para descrever como uma criança lida com novas informações que parecem entrar em conflito com
o que ela já sabe, ou seja, é o processo que ocasiona mudança contínua no sujeito.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta

12. Sobre o modo como as informações são processadas pelos indivíduos, considerando, inclusive, sua faixa etária, observe as
seguintes afirmativas.
I — O processamento bottom-up (de baixo para cima) é um tipo de processamento estratégico, ameno à consciência, guiado por
crenças, expectativas e experiências prévias do indivíduo.
II — O processamento top-down (de cima para baixo) é diretamente afetado pelo estímulo, de forma reflexiva, e não requer um foco
atencional significativo.
III — A velocidade de processamento das crianças é maior do que a dos adultos, o que gera um aumento na sua capacidade de reter
e recuperar informações. Consequentemente, crianças constroem mais representações ou modelos mentais que são utilizados
para raciocinar e responder a estímulos externos.
Qual(is) está(ão) correta(s)?

A) Apenas a I.
B) Apenas a II.
C) Apenas a I e a II.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta

13. Com o desenvolvimento cognitivo, as crianças adquirem habilidades que facilitam a compreensão dos outros. Explique como o
desenvolvimento da teoria da mente pode contribuir para isso.

Confira aqui a resposta

14. Quais tipos de erros cognitivos têm maior probabilidade de acontecer em crianças antes dos 10 anos?

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Confira aqui a resposta

Funções cognitivas específicas: memória e metacognição


Na seção anterior, foi abordado o desenvolvimento cognitivo de forma mais ampla. Existem algumas funções cognitivas específicas que são
de extrema relevância para a psicoterapia, em especial para a terapia cognitiva, a qual considera a memória e a metacognição como funções
essenciais para o processo psicoterápico. Por tal motivo, essas funções cognitivas específicas serão abordadas a seguir.

Memória

A memória é a responsável por dar sentido ao self: O que se sabe sobre si mesmo ou sobre a visão que as outras pessoas têm a
seu respeito, a partir do armazenamento de lembranças de experiências pessoais.24

As memórias ocupam um lugar de extrema relevância no sistema cognitivo,3 e o seu armazenamento depende de como as informações são
codificadas.32 Conforme salienta Williams,33 existem quatro aspectos ou tipos de memória que influenciam as respostas emocionais:

memória factual;
memória comportamental;
memória de eventos;
memória prospectiva.
A memória factual diz respeito ao armazenamento de fatos e dados, e independe das situações, já que não importa onde, como e quando
se adquiriu determinado conhecimento. As memórias factuais podem afetar o autoconhecimento semântico — o que se conhece sobre si
mesmo ou sobre os outros.

As atitudes disfuncionais e as suposições podem ser classificadas como memórias factuais, construídas ao longo do
desenvolvimento e tidas como regras pessoais que regem as reações emocionais e comportamentais do indivíduo.

A memória comportamental, ou memória processual, consiste em habilidades de aprendizado que não requerem uma percepção
consciente do que se fez anteriormente, como dirigir um carro, por exemplo. Esse tipo de memória é o que determina a reação que a pessoa
tem diante de certas situações, pessoas, lugares ou atividades, sem que se tenha a consciência exata do motivo de tais reações.
A memória de eventos, como o próprio nome aponta, está relacionada ao armazenamento de situações vivenciadas pelo indivíduo. Eventos
traumáticos podem influenciar de forma significativa a recordação, tornando-a mais generalizada, na lembrança do evento negativo em si ou
até de eventos positivos.
Por fim, a memória prospectiva diz respeito a metas e intenções, a lembranças sobre determinadas obrigações ou tarefas, como ligar para
alguém, por exemplo. Geralmente é comum que, ao se estabelecer determinada meta, pensamentos recorrentes passem pela cabeça da
pessoa até que a tarefa seja cumprida. Além disso, é preciso gerenciar as metas de modo a priorizar algumas em detrimento de outras, e
isso é adaptativo, principalmente quando há um acúmulo de atividades a serem realizadas. Nesse ponto, ocorre uma interação entre a
memória prospectiva e a memória factual, para que o indivíduo priorize as metas que lhe são mais importantes.

A ativação de crenças disfuncionais que desencadeia pensamentos intrusivos e metas inatingíveis pode ocasionar um grande
sofrimento para o sujeito.

Algumas vezes as lembranças (memórias) podem ser falhas, incompletas e tendenciosas, já que o seu armazenamento está relacionado ao
significado que a pessoa dá para o ocorrido. Esse significado, por sua vez, não está livre de distorções.19 Uma prova disso são as falsas
memórias (lembranças de eventos que não ocorreram de verdade), que podem decorrer de uma distorção mnemônica endógena ou de
indução proposital (por parte de outra pessoa) de falsas informações.34

As falsas memórias se configuram como um desafio clínico para o tratamento de transtornos psicológicos, por exemplo, nos casos
de abuso sexual infantil ou nas crianças que sofreram com a alienação parental. A lembrança é reconstituída, o que sempre pode
gerar falhas.

Outros aspectos da memória, como congruência ou dependência do humor, especificidade ou generalização, exercem um importante papel
na etiologia e manutenção de transtornos psicológicos como a depressão Alguns estudos35,36 têm mostrado que grande parte dos pacientes
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20/04/2019 Portal Secad
na etiologia e manutenção de transtornos psicológicos, como a depressão. Alguns estudos têm mostrado que grande parte dos pacientes
deprimidos possui uma memória supergeneralizada, ou seja, apresentam dificuldades para se recordarem de eventos específicos de sua
vida, lembrando-se de suas trajetórias de forma difusa e nebulosa. Esse tipo de recordação pode ocasionar déficits nas seguintes áreas:

capacidade de solucionar problemas — uma vez que os mecanismos de codificação e recuperação da memória podem estar enviesados,
há prejuízo na habilidade do sujeito de conseguir pensar em resoluções mais efetivas para seus problemas;
capacidade de imaginar o futuro — as expectativas em relação ao futuro são baseadas nas experiências passadas, e se estas forem
inespecíficas, as projeções também serão.
Além disso, a memória supergeneralizada talvez propicie comportamentos suicidas, já que a junção da incapacidade de resolver os
problemas atuais e a desesperança podem reforçar a crença de incompetência e menos valia do sujeito, levando-o a tais
comportamentos.33,35

Entender os tipos de memória e o processo de memorização é essencial para a compreensão de como as crenças são processadas,
registradas e resgatadas posteriormente pelo sujeito.

Metacognição
A cognição humana é tida como um sistema estruturado, responsável pelo processamento de informações necessário à adaptação,
apreensão e compreensão da realidade.18 Conforme salientado por Beck,5 cognição é a função que envolve deduções sobre as experiências
e sobre a ocorrência e o controle de eventos futuros. A cognição inclui diversas variáveis presentes no processamento de informações e
construção de significados, como identificar e prever relações complexas entre os eventos que facilitem a adaptação do sujeito em ambientes
que podem ser modificados.

Na teoria cognitiva, advinda da abordagem do processamento de informação,5,37 existem três sistemas ou níveis cognitivos:

o nível pré-consciente é automático, involuntário e não intencional;


o nível consciente envolve intenção e processamento consciente das informações, exigindo para tanto um esforço, além da
possibilidade de sua interrupção voluntária;
o nível metacognitivo é responsável pela seleção, pela avaliação e pelo monitoramento do desenvolvimento de esquemas, bem como
pela regulação dos níveis anteriores.

A metacognição consiste na capacidade dos indivíduos de pensar conscientemente sobre o próprio processamento cognitivo e na
habilidade de controlar (monitorar, organizar e modificar) esse processo em prol da realização de um objetivo concreto. Trata-se de
uma cognição de segunda ordem, também conhecida como capacidade de pensar sobre o próprio pensamento, conhecer o que se
conhece e refletir sobre o próprio modo de agir.25 A metacognição envolve desenvolver um plano de ação, monitorar e avaliar a
execução do mesmo.

Segundo Wells,26 a vulnerabilidade cognitiva (predisposição do indivíduo para construir padrões de pensamento desadaptativos ou falhos)
encontra-se no nível do processamento estratégico, orientado pelas metacognições que, juntamente à ativação de um padrão negativo de
processamento das informações, falham na tentativa de modificar as crenças disfuncionais, retroalimentando-as.
A metacognição permite ao indivíduo tanto perceber as operações e/ou os erros de processamento das informações quanto conhecer seu
conteúdo (significado) cognitivo. Essa capacidade é essencial para o processo terapêutico, principalmente para a abordagem da terapia
cognitiva, que ensina os pacientes a pensar sobre o pensamento a fim de se atingir a meta de trazer as cognições autônomas à atenção e
ao controle consciente. Isso é necessário para que o indivíduo, ao aprender a identificar a relação cognição-emoção-comportamento
disfuncional, consiga flexibilizar o seu padrão de pensamento e desenvolver respostas mais adaptativas (realistas ou racionais).

Alguns erros cognitivos cometidos na infância decorrem do estágio do desenvolvimento, já que as crianças podem não processar as
informações corretamente.29 Em virtude da imprecisão desse processamento, é possível que crianças desenvolvam crenças
disfuncionais perpetuadas ao longo de sua vida caso não sejam questionadas.

Um dos objetivos da TCC é fazer com que o indivíduo perceba o nexo causal entre seus pensamentos, emoções e comportamentos.
Uma tarefa complicada e desafiadora nesse processo, especialmente para a criança, é aprender a identificar e diferenciar um pensamento
de uma emoção.25 Tal fato pode estar atrelado ao não aprendizado adequado de nomear e/ou expressar corretamente as emoções de uma
forma mais ampla. Portanto, entender o processo de desenvolvimento emocional da criança auxilia na compreensão dos fatores
desencadeantes das suas possíveis crenças disfuncionais.
A formação dos esquemas envolve um processo complexo que envolve a interação entre fatores genéticos, viés atencional e
armazenamento mnemônico de eventos ambientes adversos.4 O desenvolvimento de esquemas negativos – que estão fortemente presentes
em condições psicopatológicas como a depressão e a ansiedade, por exemplo – inicia-se com influências genéticas como a do gene
transportador da serotonina, forma curta (o polimorfismo da 5-hidroxitriptamina), que conduzem a uma hiperatividade neurofisiológica que é
percebida no processo atencional de determinados estímulos emocionalmente relevantes.38
Al f t bi t i ti tê t dê i d ld lê i d ié t i l i ê i tid d t
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Alguns fatores ambientais negativos têm a tendência de moldar a valência desse viés atencional e a vivência repetida de eventos
semelhantes reforça ainda mais esse viés para o processamento de experiências negativas. Essas percepções tendenciosas armazenadas
na memória contribuem para o desenvolvimento das estruturas de processamento cognitivo – os esquemas – que por sua vez são formados
pelas crenças que refletem essa mesma tendência de funcionamento na interpretação das situações vivenciadas pelo indivíduo.4

Como mencionado anteriormente, os esquemas podem estar latentes ou ativados, e são reforçados pela exposição a eventos
estressores análogos aos eventos anteriores que criaram os esquemas. Quando ativados, os esquemas cognitivos controlam o
processamento cognitivo e, consequentemente, podem conduzir a quadros psicopatológicos.

Na depressão, por exemplo, a formação de crenças disfuncionais está diretamente relacionada à vulnerabilidade cognitiva e à possibilidade
de ocorrência de novos episódios depressivos.4 Alguns estudos têm demonstrado que fatores como a existência de um variante do gene 5-
HTTLPR e a hipersensibilidade da amígdala possivelmente estão relacionados a maior probabilidade de desenvolvimento de um quando
depressivo.
De acordo com o modelo unificado proposto por Beck e Bredemeier,39 para compreender essa patologia, esse risco genético associado a
vivências primárias de experiências traumatizantes contribuem para o desenvolvimento de processamento de informação negativo e maior
reatividade biológica ao estresse.
No decorrer do tempo, com a exposição sequencial a eventos semelhantes, aumenta-se a probabilidade do desenvolvimento da tríade
cognitiva negativa, que quando ativada reforça ainda mais a interpretação negativa da realidade, aumenta a reatividade ao estresse e,
consequentemente, faz com que o indivíduo tenha menos estratégias de enfrentamento efetivas para lidar com essas situações estressoras.
No que diz respeito às atitudes disfuncionais (crenças intermediárias) tidas como um marcador da depressão, um estudo conduzido com
adolescentes gêmeos (mono e dizigóticos), encontrou herdabilidade moderada nas atitudes disfuncionais.
A partir da aplicação da versão chinesa da Dysfunctional Attitudes Scale for Children, os autores conduziram análises de equação estrutural
e encontraram que 60% da variância estava relacionada a fatores ambientais não compartilhados. Fatores genéticos representaram 31%,
seguidos pelos fatores ambientais compartilhados (9% da variância). Os autores concluem que as atitudes disfuncionais, juntamente a outras
variáveis relacionadas à vulnerabilidade cognitiva, podem ser consideradas endofenótipos na identificação de risco para a depressão.40

DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
As emoções permitem que os seres humanos deem significados à vida, conectem-se e interajam com outras pessoas e estejam preparados
para reagir aos estímulos. As emoções são fenômenos psicofisiológicos com o potencial de alterar funções cognitivas, como memória e
atenção, influenciando de forma direta a percepção do indivíduo, seu processamento de informação e suas ações.3 As emoções auxiliam no
processo de tomada de decisão: na avaliação de alternativas e na seleção de respostas adaptativas, motivando comportamentos específicos
que levam a mudanças.41
Na primeira infância, o vínculo emocional mais importante é o apego, que tem uma função adaptativa para a criança, para seus familiares e
para a espécie humana como um todo, já que é por meio dessa relação de cuidado dos progenitores (ou quem exerce essa função) que a
criança sobrevive. Além disso, o apego tem também a função de proporcionar uma segurança emocional para o sujeito.
As experiências de apego tidas durante a infância formam na criança um modelo interno de relações afetivas que passa a servir como
base para as relações afetivas posteriores.42 O tipo de apego pode influenciar o nível de intimidade nos relacionamentos, o modo como o
indivíduo expressa afeto, respeito, admiração e gratidão, bem como o nível de comprometimento e tolerância com o outro.

LEMBRAR
No apego inseguro, por exemplo, o indivíduo pode ser levado a ter percepções distorcidas das interações interpessoais,
desenvolvendo pensamentos automáticos disfuncionais (p. ex. “Minha mãe não vai voltar”, “Meu pai não gosta de mim”), o que o
conduz a um risco aumentado de desenvolver e manter relações inadequadas com os outros.43

É a partir da expressão emocional que a criança consegue se comunicar com as outras pessoas, revelando o seu estado interno, como
quando o bebê está com dor ou fome e a partir do choro e da expressão de mal-estar pede para que a mãe lhe auxilie. Com a aquisição da
linguagem, a criança passa a conseguir se expressar de maneira diferente, já que consegue demonstrar em palavras seus sentimentos, o
que diminui respostas como o choro, por exemplo.42

Muitas pessoas não entendem a diferença entre o que pensam e o que sentem e não conseguem nomear suas emoções com
facilidade. Tal fato pode ser atribuído, em parte, ao modo como os indivíduos aprendem a linguagem da emoção, que é peça
fundamental para a socialização emocional das crianças. As famílias utilizam diferentes formas para se referir à emoção, distinguir
entre elas e, principalmente, encorajar, ou não, a discussão sobre elas.41

Em termos de desenvolvimento emocional, a criança vai se tornando progressivamente mais consciente das emoções, suas ou dos outros.
Passa a conseguir regulá-las de modo a reagir de maneira mais adequada a determinadas situações. Esse processo autorregulatório não é
tão simples e exige que a criança tenha um controle sobre os processos emocionais, atencionais e comportamentais. Uma falha nesse
processo pode conduzir a distorções cognitivas e consequentemente ao desenvolvimento de crenças disfuncionais, desencadeando
transtornos psicológicos.
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Por exemplo, muitas vezes os pacientes deprimidos tendem a experienciar as emoções de maneira excessiva ou inapropriada à situação.8
Essa experiência emocional exacerbada está relacionada a um processamento cognitivo distorcido que desencadeia e intensifica a
emoção negativa. As emoções negativas e o sofrimento psicológico podem estar relacionados a um ambiente familiar que oferece pouco
suporte (apoio) a seus membros.44
De acordo com o modelo cognitivo de Beck,1 as cognições (crenças) podem influenciar a maneira como o indivíduo se sente. No entanto,
como essas crenças não são acessíveis conscientemente, a pessoa se concentra mais na emoção. O processamento emocional
desempenha um papel tão importante quanto os esquemas cognitivos no processamento das informações.43

Em termos de aprendizado, é mais fácil a pessoa aprender a atribuir determinado significado ao estímulo quando este ativa uma
reação emocional mais intensa. Assim, é possível inferir que existe uma grande influência dos padrões de apego no desenvolvimento
de significados pessoais e estilo cognitivo. Esses padrões de apego estão intimamente relacionados ao desenvolvimento de crenças
que passam a governar toda a interpretação subsequente feita pelo indivíduo em seu cotidiano. Um dos fatores que mais contribui
para esse processo de aprendizado de padrões emocionais, cognitivos e comportamentais é o ambiente familiar.

ATIVIDADES

15. Entre os tipos de memória que influenciam as respostas emocionais, conforme Williams, encontra-se a chamada prospectiva. A
memória prospectiva:

A) diz respeito às metas e intenções, às lembranças sobre ter determinadas tarefas a realizar, como ligar para alguém, por
exemplo.
B) está relacionada ao armazenamento de situações vivenciadas pelo indivíduo, entre as quais as traumáticas podem influenciar
de forma significativa a recordação, tornando-as mais generalizadas, na lembrança de ocorrências negativas em si ou inclusive
de positivas.
C) é o tipo de memória que determina a reação de um indivíduo diante de certas situações, pessoas, lugares ou atividades, sem
que se tenha a consciência exata do motivo de tais reações.
D) diz respeito ao armazenamento de fatos e dados, e independe das situações, já que não importa onde, como e quando se
adquiriu determinado conhecimento.
Confira aqui a resposta

16. Considere as seguintes afirmações a respeito de fatores desencadeadores de falsas memórias.


I — Pode ocorrer distorção mnemônica de falsas informações.
II — O sistema mnemônico ainda está em desenvolvimento.
III — O indivíduo apresenta dificuldade em se colocar no lugar do outro.
IV — Há erros de pensamentos decorrentes do processo de desenvolvimento.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a III e a IV.
C) Apenas a I, a II e a IV.
D) Apenas a I, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

17. Qual a importância da memória no desenvolvimento e/ou na manutenção de crenças?

Confira aqui a resposta

18. Na teoria cognitiva, advinda da abordagem do processamento de informação, existem três sistemas ou níveis cognitivos. Acerca
deles, observe as seguintes afirmativas.
I — O nível metacognitivo é automático, involuntário e não intencional.
II — O nível consciente envolve intenção e processamento consciente das informações, exigindo esforço, além da possibilidade de
sua interrupção voluntária.
III — O nível pré-consciente é responsável pela seleção, pela avaliação e pelo monitoramento do desenvolvimento de esquemas.
IV — O nível metacognitivo é responsável pela regulação dos níveis pré-consciente e consciente.
Quais estão corretas?
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Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a III.
B) Apenas a I e a IV.
C) Apenas a II e a III.
D) Apenas a II e a IV.
Confira aqui a resposta

19. Como o desenvolvimento da metacognição está relacionado com a mudança cognitiva, especialmente com a reestruturação
cognitiva?

Confira aqui a resposta

20. Sobre o apego inseguro, é correto afirmar que pode contribuir para o surgimento de crenças associadas a

A) desamparo, instabilidade emocional e desamor.


B) permissividade e amor.
C) fracasso e inutilidade.
D) desinibição emocional e autoconceito positivo.
Confira aqui a resposta

21. Sobre o desenvolvimento emocional dos indivíduos, marque (V) verdadeiro ou (F) falso para as afirmativas que seguem.
( ) As famílias utilizam uma forma padronizada para se referir à emoção, quase sempre desencorajando a discussão sobre ela.
( ) Um dos fatores que mais contribui para o processo de aprendizado de padrões emocionais, cognitivos e comportamentais é o
ambiente familiar.
( ) Muitas vezes os pacientes deprimidos tendem a experienciar as emoções de maneira excessiva ou inapropriada à situação. Essa
experiência emocional exacerbada está relacionada a um processamento cognitivo distorcido que desencadeia e intensifica a
emoção negativa.
( ) Muitos indivíduos entendem a diferença entre o que pensam e o que sentem, por isso conseguem nomear sua emoção com
facilidade. Tal fato pode ser atribuído, em parte, ao modo como os indivíduos aprendem a linguagem coloquial da vida, que é
peça fundamental para a socialização emocional das crianças.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F — V — V — F.
B) F — V — F — V.
C) V — F — F — V.
D) V — F — V — F.
Confira aqui a resposta

A FAMÍLIA E A HIPÓTESE DE TRANSMISSÃO FAMILIAR


A família é a primeira (e mais importante) fonte de socialização primária e de formação da identidade da criança. Por isso, a família é
responsável pela socialização, pela educação e pelo estabelecimento de comportamentos adequados. Nesse processo de socialização
também são transmitidos (informalmente) valores, modelos de conduta, crenças e sentimentos.44
De acordo com a hipótese de transmissão familiar, a partir da exposição e modelação, de forma implícita ou explícita, as crianças aprendem
a julgar suas próprias competências ou experiências de modo semelhante ao julgamento e à interpretação feito por pessoas próximas e
significativas como os pais.43,45 A interação longínqua entre os membros da família propicia o desenvolvimento de crenças que constituem
um esquema familiar (Figura 6). Os esquemas familiares são padrões construídos conjuntamente que ditam as regras de como os membros
da família devem agir uns com os outros, por exemplo, como devem expressar afeição.43

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Figura 6 — Desenvolvimento do esquema familiar.


Fonte: Dattilio (2011).43

Esse aprendizado no âmbito familiar é transferido para os outros relacionamentos interpessoais do sujeito no decorrer de sua vida,
determinando, de certa maneira, como essas relações devem ser. Assim, quando suposições e padrões aprendidos nesse contexto são
extremos ou equivocados, o indivíduo pode ser levado a interações inadequadas e desproporcionais com os outros, o que talvez ocasione
sofrimento para ambas as partes.

Os esquemas mais fortes e resistentes à mudança geralmente são os desadaptativos construídos desde cedo no ambiente familiar e
fortalecidos posteriormente ao longo da vida.43 De acordo com Tilden e Dattilio,46 existem duas categorias principais de esquemas:

esquemas básicos vulneráveis — são dolorosos e evitativos, estabelecidos durante os primeiros anos de vida do sujeito em
consequência de falhas dos cuidadores na validação e confirmação de sentimentos e experiências da criança;
esquemas de enfrentamento protetivo — são estratégias desenvolvidas pelo sujeito para proteger-se e enfrentar as situações que
desencadeiam um esquema vulnerável.

Nem sempre essas estratégias são adaptativas. Por isso, podem desencadear consequências indesejadas.

Os esquemas familiares moldam as crenças sobre amor, intimidade e necessidade de proteção dos indivíduos. Quanto mais arraigados
esses esquemas, maior será o seu potencial de operarem fora da consciência e de serem transferidos para gerações futuras.43 A família
também contribui de maneira significativa para a constituição da personalidade do sujeito, por fatores genéticos (hereditários) ou ambientais.

PERSONALIDADE
Um dos teóricos cognitivo-sociais que contribuíram para o desenvolvimento da compreensão da personalidade foi Walter Mischel com seu
modelo do sistema cognitivo-afetivo de personalidade.47 De acordo com esse modelo, as respostas que um indivíduo emite em
determinada situação são influenciadas por sua percepção da situação, por sua reação emocional a ela, por suas competências e
habilidades para lidar com os desafios que a situação lhe apresenta e pela capacidade de antecipar os possíveis resultados produzidos por
seu comportamento. Em outras palavras, pode-se dizer que a personalidade representa os comportamentos decorrentes da interpretação
que o indivíduo tem de seu mundo interpessoal e das suas crenças sobre como pode afetar e ser afetado pelos outros.24
Seguindo essa mesma perspectiva, Beck e Alford5 reafirmam que a personalidade de um sujeito é caracterizada por seus processos de
pensamento, reações emocionais e necessidades motivacionais utilizados para a interação com o ambiente, influenciando-o ao mesmo
tempo em que é influenciado por ele. Além disso, a personalidade está atrelada aos processos esquemáticos que direcionam o
funcionamento psicológico como um todo e resultam da interação entre as disposições genéticas do sujeito e as experiências vivenciadas
por ele.48

LEMBRAR
Entende-se que a personalidade do ser humano é composta por esquemas (cognitivos, emocionais e comportamentais) que
determinam suas estratégias de convivência e sobrevivência no meio social. A adoção de estratégias (e esquemas) mal-adaptativas
pode conduzir ao desenvolvimento de um transtorno de personalidade. Em cada transtorno de personalidade, é possível verificar
um conjunto idiossincrático de crenças disfuncionais (esquemas prototípicos específicos).48

As estratégias interpessoais (tidas por alguns autores como traços de personalidade) utilizadas pelo sujeito para sua sobrevivência
resultam da interação de fatores genéticos (disposição inata) e ambientais. Trata-se de comportamentos programados, planejados para
atender a objetivos biológicos. Tais estratégias também são tomadas como tendências que podem ser diminuídas, atenuadas ou
perpetuadas por situações vivenciadas pelo indivíduo ao longo da vida. Estratégias inadequadas podem conduzir ao desenvolvimento de
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p p p ç p g g q p
transtornos psicológicos (em especial transtornos de personalidade).47
Para facilitar a compreensão do leitor, na Figura 7, apresenta-se uma sequência esquemática de eventos relacionados à estruturação da
personalidade do sujeito de acordo com as formulações de Aaron Beck. Demonstra-se como as estratégias desenvolvidas podem ser
funcionais ou disfuncionais.

Figura 7 — Estruturação da personalidade: interação entre fatores genéticos e ambientais.


Fonte: Piccoloto e Wainer (2007).49

Para Young,50,51 uma criança precisa superar cinco tarefas desenvolvimentais (ou evolutivas) primárias para crescer de forma saudável, sem
um transtorno de personalidade. Segundo o autor, existem esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) que constituem dimensões importantes
da patologia da personalidade. Esses esquemas:

surgem na infância e são aperfeiçoados durante toda a vida do indivíduo;


são disfuncionais e recorrentes em um grau significativo;
relacionam-se a temas extremamente estáveis e duradouros, sendo ativados por eventos ambientais significativos que desencadeiam um
elevado nível de afeto.
Os EIDs servirão como modelo para o processamento de informações futuras. Young agrupa os esquemas em cinco domínios, como se
mostra no Quadro 1.
Quadro 1

ESQUEMAS DA PATOLOGIA DA PERSONALIDADE

Desconexão e São esquemas resultantes de experiências infantis traumáticas, como a convivência em um ambiente familiar instável, abusivo, frio,
rejeição rejeitador ou isolado do mundo exterior. Propiciam uma incapacidade na formação de vínculos seguros de maneira satisfatória com
outras pessoas. Os esquemas dentro desse domínio incluem crenças de:

privação emocional — é a crença de que necessidades emocionais primárias, como carinho, empatia e proteção,
nunca serão atendidas pelos outros;
abandono/instabilidade — é a crença de que os relacionamentos íntimos terminarão iminentemente, por isso o
indivíduo tem a expectativa de que logo perderá as pessoas com as quais cria vínculo emocional;
desconfiança/abuso — o indivíduo crê que os outros irão magoá-lo, enganá-lo ou desprezá-lo, por isso tem a
expectativa de que os outros, de alguma maneira, tirarão vantagem dele intencionalmente, razão pela qual pensa em
termos de atacar primeiro ou se vingar depois;
isolamento social/alienação — é a crença de estar isolado do mundo, de ser diferente das outras pessoas e não fazer
parte de nenhum grupo ou comunidade;
defectividade/vergonha — é a crença de ser internamente defeituoso, imperfeito, indesejado, razão pela qual as
pessoas, depois de se aproximarem, perceberão tais defeitos e irão se afastar do relacionamento. A pessoa tem um
forte sentimento de vergonha.

Autonomia e São esquemas provenientes da interação com famílias superprotetoras, intrusivas, que para garantir a proteção da criança acabam
desempenho prejudicando seu processo de independência e, consequentemente, impedem o desenvolvimento da confiança. Esses esquemas
prejudicados incluem crenças de:
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p ejud cados c ue c e ças de

dependência/incompetência — o indivíduo crê não ser capaz de assumir, de forma competente e independente, as
responsabilidades do cotidiano e depende excessivamente dos outros para tomar decisões e iniciar novas tarefas;
vulnerabilidade ao dano ou à doença — é a crença de que se está sempre prestes a viver uma grande catástrofe
(financeira, natural, médica etc.), o que ocasiona precauções excessivas de proteção;
não individuação/self subdesenvolvido — consiste na crença de não conseguir sobreviver ou ser feliz sem o apoio
constante do outro, por isso o indivíduo tem um envolvimento excessivo com sua família de origem e uma ausência
de senso de identidade conjugal;
fracasso — é a crença de ser incapaz de ter um desempenho tão bom quanto o dos outros, na profissão, na escola
ou nos esportes, por isso a pessoa pode sentir-se burra, inepta, sem talento ou ignorante e, muitas vezes, nem tenta
fazer algo que deseja porque acredita que vai fracassar.

Limites São esquemas construídos a partir da convivência com famílias demasiado permissivas, nas quais a imposição de limites foi falha, o
prejudicados que contribui para a falta de limites no cumprimento de regras, autodisciplina e respeito aos direitos alheios. Indivíduos com este tipo
de esquema são egocêntricos, irresponsáveis e narcisistas. Os esquemas incluem crenças de:

merecimento/grandiosidade — o indivíduo acredita-se superior às outras pessoas, merecedor de fazer, dizer ou ter
tudo o que quiser, independente de isso magoar ou não outros ou de lhes parecer razoável (o indivíduo não está
interessado na necessidade alheia, nem está consciente do custo de longo prazo de afastar outras pessoas);
autocontrole/autodisciplina insuficientes — é a incapacidade de tolerar qualquer frustração na busca de objetivos
pessoais e de conter os impulsos ou sentimentos.

Orientação Indivíduos com este tipo de esquema tendem a manter uma postura de atenção a todas as necessidades dos outros em detrimento
para o outro das suas, no intuito de receberem aprovação e evitarem retaliações. No histórico pessoal de tais indivíduos, vê-se que suas famílias
estabeleceram relações condicionais, ou seja, quando crianças eles só recebiam aprovação e atenção quando se comportavam da
maneira desejada. Seus pais valorizavam muito mais as próprias necessidades emocionais ou a “aparência” do que as necessidades
da criança. Estes esquemas incluem crenças de:

subjugação — o indivíduo crê que seus próprios desejos, opiniões e sentimentos não são válidos nem importantes
para outras pessoas e que é preciso se submeter ao controle alheio a fim de evitar consequências negativas (a
pessoa teme que, ao menos que se submeta, os outros fiquem zangados ou a rejeitem, e ignora seus próprios
desejos e sentimentos);
autossacrifício — a pessoa tem um foco excessivo em atender a necessidades dos outros em detrimento das próprias
necessidades; por isso, quando presta atenção às suas próprias necessidades, sente-se culpado;
busca de aprovação/reconhecimento — é a crença de que, para ser amado, precisa ser aprovado pelos outros, por
isso a pessoa frequentemente tem hipersensibilidade à rejeição e dá uma ênfase excessiva a valores como status,
riqueza e poder.

Hipervigilância Os indivíduos reprimem seus sentimentos e impulsos com a finalidade de cumprir regras rígidas internalizadas, em prejuízo de sua
e inibição própria felicidade, autoexpressão, relacionamentos íntimos e boa saúde. Seus familiares têm características rígidas e repressoras, por
isso os sentimentos não podem ser expressos de maneira livre, e o autocontrole e a negação de si próprios predominam sobre outros
aspectos. Os esquemas dentro desse domínio incluem crenças de:

negatividade/vulnerabilidade ao erro — é a crença de que tudo dá errado e de que não se pode cometer erros, por
isso o indivíduo tem um foco amplo e perpétuo nos aspectos negativos da vida, minimizando os aspectos positivos;
excesso de controle/inibição emocional — é a crença de que se precisa inibir emoções e impulsos, especialmente a
raiva, razão pela qual o indivíduo tem a sensação de que a expressão de sentimentos prejudicaria os outros, ou
levaria à perda de autoestima, ao embaraço, à retaliação ou ao abandono;
padrões inflexíveis/crítica exagerada — o indivíduo acredita que precisa lutar para atingir padrões de comportamento
e desempenho muito altos a fim de evitar críticas e tem a sensação de que nada do que faz é suficientemente bom,
que sempre deve se esforçar mais, por isso geralmente apresenta um padrão de perfeccionismo, atenção exagerada
aos detalhes, regras rígidas e preocupação com tempo e eficiência;
caráter punitivo — o sujeito crê que as pessoas deveriam ser gravemente punidas por cometerem erros e tende a ser
raivoso, intolerante, punitivo e impaciente com aqueles que não se encaixam nos seus padrões, por isso geralmente
tem dificuldade para perdoar seus próprios erros e os dos outros, admitir a imperfeição humana ou empatizar com o
sentimento alheio.
Fonte: Young (2003);51 McGinn e Young (2005).52

Diante de uma necessidade perturbadora de mudança desses esquemas, o sujeito se engaja em diversas manobras cognitivas, emocionais
e comportamentais para manter a validade do seu esquema. A manutenção é um processo rotineiro pelos quais os esquemas funcionam e
se perpetuam. Nesse processo o esquema vai destacar ou exagerar as informações que o confirmem e minimizar ou negar as informações
que o contradizem por meio de distorções cognitivas e comportamentos disfuncionais.

LEMBRAR
As pessoas evitam ativar os esquemas de forma cognitiva (esforçam-se para não pensar em acontecimentos perturbadores),
emocional (tentam, de forma voluntária ou automática, bloquear emoções dolorosas) e comportamental (agem de maneira a evitar
situações que desencadeiem esquemas) que reforçam ainda mais o esquema (profecia autorrealizadora). Além disso, para evitar
que o esquema seja acionado, a pessoa se comporta de maneira que parece ser o oposto do que o esquema sugere. Esses
processos de manutenção, evitação e compensação dos esquemas são o que determinam, em certa medida, o desenvolvimento e
a perpetuação do sistema de crenças do indivíduo.51,52
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20/04/2019 Portal Secad
a perpetuação do sistema de crenças do indivíduo.

O papel do componente biológico-hereditário na estruturação da personalidade do sujeito é inquestionável, o que não significa,
necessariamente, que a personalidade seja imutável. Nesse sentido, o tipo de temperamento (uma tendência geral, de base biológica, para
sentir e agir de determinada maneira) pode influenciar o quanto os indivíduos são, ou não, resilientes. Isso se deve ao fato de o
temperamento ter o papel de modelar a construção do autoconceito positivo, a motivação e a flexibilidade para agir/reagir diante de
determinadas situações.50 Tais características podem contribuir para a construção e manutenção das crenças, funcionais ou disfuncionais.

■ AS CRENÇAS NA CLÍNICA PSICOLÓGICA


Levando em consideração a inter-relação entre cognição, emoção e comportamento, a psicopatologia provém de um mal funcionamento
nessa inter-relação na vida de um indivíduo.

Pode-se entender a psicopatologia como resultante de crenças e pensamentos excessivamente distorcidos e desadaptativos.
Quando ativados, essas crenças e esses pensamentos irão predispor o indivíduo a enviesar a sua forma de interpretar a si mesmo,
o mundo e o futuro, mudando a percepção da sua realidade.49

Por meio de um modelo mediacional cognitivo, a atividade cognitiva pode ser autoavaliada, modificada e alterada. A partir daí o
comportamento não adaptativo do indivíduo é alterado como consequência da mudança de esquemas cognitivos. Essa mudança cognitiva
proporciona alívio dos sintomas.

O principal objetivo terapêutico na terapia cognitiva é fazer com que o indivíduo desenvolva novas crenças mais embasadas na
realidade e que sejam mais funcionais para ele. É preciso identificar os fatores precipitantes que influenciam a percepção distorcida
do indivíduo, verificando quais os eventos-chave no seu desenvolvimento e quais os padrões duradouros de interpretação das
experiências que predispõem ao transtorno psicológico.8

ATIVIDADES

22. Os esquemas mais fortes e resistentes à mudança geralmente são os desadaptativos, construídos desde cedo no ambiente
familiar e fortalecidos posteriormente ao longo da vida. De acordo com Tilden e Dattilio, existem duas categorias principais de
esquemas. Explique-as.

Confira aqui a resposta

23. Quanto à personalidade formada pelos indivíduos, observe as seguintes afirmativas.


I — É estruturada com base em características inatas, as quais, na interação com o ambiente e por meio da construção de
significados próprios, fazem com que o indivíduo desenvolva estratégias que podem ser funcionais ou não.
II — É composta por esquemas cognitivos, emocionais e comportamentais utilizados pelo indivíduo para conviver e sobreviver em
sociedade.
III — É determinada apenas pela genética do indivíduo.
IV — Os traços são padrões comportamentais programados utilizados pelo indivíduo para atender a seus objetivos biológicos, tal
como a sua sobrevivência.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

24. Para Young, quais são as cinco tarefas a serem realizadas na infância para que as crianças se desenvolvam de forma saudável?

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20/04/2019 Portal Secad

Confira aqui a resposta

25. No que se refere aos esquemas da patologia da personalidade criados por Young, qual das seguintes descrições corresponde
aos limites prejudicados?

A) Esquemas provenientes da interação com famílias superprotetoras, intrusivas, que, para garantir a proteção da criança,
acabam prejudicando seu processo de independência e, consequentemente, impedem o desenvolvimento da confiança.
B) Esquemas resultantes de experiências infantis traumáticas, como a convivência em um ambiente familiar instável, abusivo,
frio, rejeitador ou isolado do mundo exterior, as quais propiciam uma incapacidade na formação de vínculos seguros de
maneira satisfatória com outras pessoas.
C) Esquemas construídos a partir da convivência com famílias demasiado permissivas, nas quais a imposição de limites foi falha,
colaborando para a falta de limites no cumprimento de regras, autodisciplina e respeito aos direitos alheios.
D) Esquemas nos quais os indivíduos reprimem seus sentimentos e impulsos com a finalidade de cumprir regras rígidas
internalizadas, em prejuízo de sua própria felicidade, autoexpressão, relacionamentos íntimos e boa saúde.
Confira aqui a resposta

26. Observe as seguintes assertivas sobre crenças caracterizadas pela orientação para o outro, que representa um dos esquemas da
patologia da personalidade desenvolvidos por Young.
I — O caráter punitivo é a crença de que as pessoas deveriam ser gravemente punidas por cometerem erros. O indivíduo tende a ser
raivoso, intolerante, punitivo e impaciente com aqueles que não se encaixam em seus padrões. Geralmente tem dificuldade para
perdoar seus próprios erros e os dos outros, admitir a imperfeição humana ou empatizar com o sentimento alheio.
II — A busca por aprovação ou reconhecimento é a crença de que, para ser amado, o indivíduo precisa ser aprovado pelos outros. A
pessoa frequentemente tem hipersensibilidade à rejeição e dá uma ênfase excessiva a valores como status, riqueza e poder.
III — Desconfiança ou abuso consiste em o indivíduo crer que os outros irão magoá-lo, enganá-lo ou desprezá-lo. O indivíduo tem a
expectativa de que os outros, de alguma maneira, tirarão vantagem dele intencionalmente. Pensa em termos de atacar primeiro
ou se vingar depois.
IV — A subjugação é a crença de que seus próprios desejos, opiniões e sentimentos não são válidos nem importantes para as outras
pessoas e de que é preciso se submeter ao controle dos outros a fim de evitar consequências negativas.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a IV.
D) Apenas a III e a IV.
Confira aqui a resposta

27. De quais fatores a psicopatologia resulta?

Confira aqui a resposta

28. Explique o principal objetivo, bem como os desafios da terapia cognitiva.

Confira aqui a resposta

■ EXEMPLO CLÍNICO
Com o intuito de ilustrar o desenvolvimento de crenças e pensamentos disfuncionais, será descrito a seguir um exemplo clínico. Trata-se de
um processo avaliativo ainda em desenvolvimento.

Luzia (nome fictício) foi encaminhada pelo médico com queixa de depressão. Tem 38 anos, é solteira e foi aposentada
compulsoriamente por conta de sua condição física. Ela tem uma síndrome genética rara, a síndrome de Berardinelli-Seip ou
lipodistrofia congênita generalizada (diabetes lipoatrófica), caracterizada clinicamente pela redução excessiva na quantidade de
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tecido adiposo, o que produz, entre outros fatores, uma face grosseira, hipertrofia muscular, mãos e pés grandes, diabetes melito ou
tolerância alterada à glicose e aterosclerose de início precoce.

Aos 7 anos, Luzia tinha um corpo esperado para uma criança de 11 anos, devido a diversas alterações biológicas que a impediam de ter um
desenvolvimento físico normal. Foi somente aos 11 anos que ela recebeu a confirmação diagnóstica da síndrome genética que tanto lhe
causava sofrimento.
Luzia desenvolveu na infância crenças de incapacidade, fracasso e desvalor. Fica evidente em sua história pessoal quais foram os
eventos-chave em seu desenvolvimento que a conduziram a tais crenças. Desde pequena sofria bullying na escola devido à sua condição
física, ouvindo de colegas frases como “você parece um bicho”, “você é feia”, “você é estranha”. Sempre teve dificuldades para se relacionar
com outras pessoas, vivia isolada, não saía na rua e gaguejava ao falar. Não conseguia expressar seus sentimentos e temia ser rejeitada por
outras pessoas. Em casa, era chamada constantemente pela mãe de “cachorrinha” por conta da sua fisionomia facial.
A adolescência de Luzia foi marcada por intensos questionamentos, ela não conseguia compreender muito menos aceitar a sua doença, ou o
fato de ser tão diferente dos outros. Não entendia qual o motivo de tudo isso ter acontecido com ela. Seu principal questionamento dizia
respeito ao fato de ser realmente mulher, já que os altos níveis de testosterona em seu organismo interferiam (e interferem) em sua
aparência e reações fisiológicas.
Atualmente, Luzia não tem amigos. Viveu apenas um relacionamento amoroso abusivo. Ela acredita que as pessoas só se aproximam para
aproveitarem dela por algum motivo, já que ninguém quer ficar perto de uma pessoa como ela, por ser “feia e problemática”. Tal percepção
foi sendo construída e confirmada a cada vez que alguém se aproximava dela e tinha uma reação de nojo ou de certo modo ofensiva. Ela
acredita que para ser feliz é preciso ser amada, e isso inclui ter um marido e filhos carinhosos, algo que ela nunca será capaz de conseguir
na vida.

ATIVIDADE

29. Com base no caso exposto, discorra sobre os fatores que contribuíram para a formação das crenças disfuncionais alimentadas
por Luzia e sua consequente inibição social.

Confira aqui a resposta

■ CONCLUSÃO
O sistema de crenças do indivíduo é o que rege suas respostas emocionais e comportamentais. Esse sistema se desenvolve ao longo da
infância e é fortalecido pelas experiências vivenciadas pelo sujeito com o passar do tempo.

Entre os mecanismos cognitivos que predispõem o indivíduo a vivenciar problemas emocionais, destaca-se o papel das suas crenças
pessoais (o que ele pensa sobre si mesmo, sobre o mundo e sobre o futuro — a tríade cognitiva) e dos déficits em funções
cognitivas, mais especificamente, na memória e metacognição. Também contribuem para a instalação de problemas ou de
transtornos psicológicos os mecanismos emocionais e comportamentais, as vulnerabilidades da personalidade, e os traumas e as
experiências de vida.

Além disso, verifica-se que é no contexto familiar que se tem a maior possibilidade de criação, manutenção e modificação dos padrões,
cognitivos, emocionais e/ou comportamentais.
O desenvolvimento humano resulta da interação entre fatores biológicos, psicológicos e ambientais (culturais), englobando a aquisição
e o aprimoramento de habilidades/funções cognitivas, tais como percepção, memória e metacognição, e de habilidade sociais (interação
familiar e/ou com os pares). Conhecer as fases do desenvolvimento e os fatores associados à mudança emocional e comportamental do
indivíduo é essencial tanto para a identificação da psicopatologia (decorrente de crenças disfuncionais) quanto para o planejamento de
intervenções terapêuticas. Ainda há muitas incertezas no que diz respeito ao papel causal das crenças em determinadas faixas etárias e
transtornos psicológicos.
Do mesmo modo, não se sabe claramente como a genética pode influenciar o desenvolvimento das crenças do sujeito. Esse é um campo
ainda aberto para a investigação científica. Um movimento nessa direção já se iniciou, principalmente voltado para compreender que fatores
genéticos podem estar associados a determinadas psicopatologias, em especial, a depressão. No entanto, ainda existe um longo caminho a
ser percorrido nesse sentido.
Neste artigo, demonstrou-se apenas um escopo de como se desenvolve o sistema de crenças e quais os fatores principais que contribuem
para essa construção. Não se esgotam aqui as possibilidades de compreender como se dá esse processo.
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■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: Crenças são ideias, valores, pressuposições e atitudes que o sujeito utiliza para compreender e estruturar a sua própria realidade
de acordo com a visão que tem de si mesmo, dos outros e do futuro.
Atividade 2
Resposta: O modelo cognitivo de Aaron Beck postula que não é a situação em si que influencia como o indivíduo reage a ela, e sim a forma
como ele a interpreta, a qual afeta seus sentimentos e comportamentos. Existem três estruturas mentais interligadas que influenciam a visão
que o indivíduo tem de si mesmo, dos outros e do futuro. São elas: (1) crenças centrais — ideias rígidas, globais e supergeneralizadas, tidas
como verdades absolutas e inquestionáveis, que não são articuladas conscientemente, e sim criadas desde cedo na infância devido à
necessidade que o sujeito tem de organizar a sua experiência de maneira coerente para funcionar de forma adaptativa; (2) crenças
intermediárias — mais maleáveis do que as crenças centrais, incluem regras, atitudes e suposições, criadas pelo sujeito como uma tentativa
de dar sentido a experiências e conviver com as suas crenças centrais desadaptativas; (3) pensamentos automáticos — a parte mais
superficial da cognição, são pensamentos avaliativos rápidos, espontâneos, repetitivos e específicos às situações, eficazes em desencadear
respostas emocionais, comportamentais e fisiológicas. Esse modelo auxilia o clínico na compreensão do funcionamento cognitivo do
indivíduo, permitindo-lhe identificar como o paciente lida com a realidade, verificando como as interpretações (construção de significados
mal-adaptativos) em relação ao self, ao contexto ambiental (experiência) e ao futuro (objetivos) contribuem para o desenvolvimento e/ou
manutenção de seus problemas psicológicos, e, a partir dessa compreensão do diagnóstico cognitivo, possibilitar intervenções psicoterápicas
mais efetivas.
Atividade 3
Resposta: Os modos são importantes para a adaptação do indivíduo a demandas específicas do ambiente e para a solução de problemas, a
partir da ativação de sistemas específicos que atuam conjuntamente. Em indivíduos bem adaptados, essa ativação do modo ocorre de forma
síncrona e permite avaliações e reações mais realistas aos estímulos do ambiente. Por outro lado, se essa ativação for desproporcional à
realidade, o sujeito pode experienciar problemas psicológicos.
Atividade 4
Resposta: B
Comentário: Dentro do modelo cognitivo criado por Beck, o sistema de controle consciente é responsável por avaliar os produtos do
processamento automático, tais como medo e culpa, por exemplo, que levam o sujeito ao estabelecimento de metas mais razoáveis e à
solução de problemas. Esse sistema também é chamado de metacognição.
Atividade 5
Resposta: C
Comentário: Os esquemas cognitivos, para a TCC, são estruturas estáveis utilizadas para o armazenamento de características prototípicas e
genéricas de estímulos, experiências ou ideias, constituindo assim padrões cognitivos idiossincráticos que os indivíduos utilizam para
interpretarem suas vivências. Os esquemas funcionam abaixo do nível da consciência e seu funcionamento é como um viés que filtra
informações e experiências recebidas pelo indivíduo, organizando, classificando e definindo a leitura que este faz da realidade. Em
indivíduos bem ajustados, os esquemas permitem a construção de avaliações mais realistas; em indivíduos mal-adaptados, os esquemas
podem levar a distorções da realidade que possivelmente os conduzirão a um quadro psicopatológico.
Atividade 6
Resposta: D
Comentário: As atitudes constituem-se em pensamentos relacionados a alguma falta ou presença de certa habilidade (p. ex., “é muito ruim
pedir ajuda”).
Atividade 7
Resposta: C
Comentário: Nem sempre nos transtornos psicopatológicos a estrutura da tríade cognitiva é a mesma. Na depressão, por exemplo, a maioria
dos deprimidos apresenta uma tríade predominantemente negativa. Na ansiedade, por sua vez, os pacientes ansiosos se veem como
inadequados, acreditam que as outras pessoas são perigosas, e o seu futuro, incerto. Do mesmo modo, nas manias também não há
predominância de uma tríade negativa.
Atividade 8
Resposta: O desenvolvimento e a consolidação das crenças do indivíduo se dão na infância e adolescência.
Atividade 9
Resposta: Quando começa a desenvolver uma crença fundamental negativa, com base nas suas experiências, a criança tende a processar
as informações de maneira distorcida, passando a interpretar os eventos negativos como confirmações de sua crença. Esse processo de
incorporação distorcido das informações, selecionando o que é negativo e desconsiderando o que é positivo, solidifica o esquema
disfuncional do indivíduo.
Atividade 10
Resposta: B
Comentário: No segundo estágio, o pré-operacional, o pensamento da criança é marcadamente egocêntrico, isto é, ela não compreende que
os outros possuem perspectivas diferentes das suas, vê a outra pessoa como uma extensão de si mesma e não consegue assim se colocar,
abstratamente, no lugar do outro. No terceiro estágio, o das operações concretas (até aproximadamente os 12 anos), é desenvolvida a
habilidade de reversibilidade, que diz respeito ao conhecimento de que uma ação pode ser revertida a seu estado inicial.
Atividade 11
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20/04/2019 Portal Secad
Atividade 11
Resposta: C
Comentário: Os esquemas, na teoria piagetiana, são estruturas cognitivas básicas que consistem de padrões organizados de
comportamento, os quais permitem ao homem adaptar-se e, ao mesmo tempo, organizar e transformar o ambiente em que vive. À medida
que as crianças adquirem mais informações, ou seja, que se tornam mais aptas a generalizar os estímulos, os esquemas tornam-se cada
vez mais complexos.
Atividade 12
Resposta: C
Comentário: Existem dois tipos de processamento: o bottom-up (de baixo para cima) e o top-down (de cima para baixo). O primeiro é um tipo
de processamento estratégico, ameno à consciência, guiado por crenças, expectativas e experiências prévias do indivíduo. O segundo tipo é
diretamente afetado pelo estímulo, de forma reflexiva, e não requer um foco atencional significativo. No entanto, todo esse processamento de
dados é limitado. A velocidade de processamento das crianças é menor do que a dos adultos, o que gera uma limitação na sua capacidade
de reter e recuperar informações. Consequentemente, as crianças constroem menos representações ou modelos mentais utilizados para
raciocinar e responder a estímulos externos.
Atividade 13
Resposta: A teoria da mente é a habilidade que o indivíduo tem de compreender e predizer os seus próprios estados mentais e os dos
outros. É com o desenvolvimento dessa habilidade que a criança começa a perceber que o outro não é uma extensão de si mesma e que
possui desejos, crenças e emoções diferentes das suas.
Atividade 14
Resposta: As crianças mais novas (2-7 anos) possuem um pensamento dicotômico; portanto, é mais comum de se encontrar nessa fase a
distorção cognitiva do tipo “tudo ou nada”, na qual a criança vê uma situação apenas em duas categorias, e não em um contínuo. Tal
distorção a impede de perceber a si mesma, ou aos outros, como portadores de características opostas simultaneamente, como ser boa e
ruim em diferentes domínios da vida, por exemplo. As crianças mais velhas (9-10 anos) têm maior probabilidade de cometer erros cognitivos
do tipo personalização e catastrofização, por se concentrarem mais no que é concreto e literal. No primeiro tipo de erro, a criança acredita
que é a culpada pelos comportamentos ruins (negativos) das outras pessoas, ignorando explicações mais plausíveis para tais
comportamentos. No segundo, a catastrofização ou adivinhação, a criança prevê que o seu futuro seja ruim (negativo) independente de
outros resultados positivos mais prováveis. No entanto, é preciso deixar claro que essa “disfuncionalidade” faz parte do desenvolvimento da
criança.
Atividade 15
Resposta: A
Comentário: A memória prospectiva diz respeito às metas e intenções, às lembranças sobre ter de fazer determinadas tarefas, como ligar
para alguém, por exemplo. É comum que, ao se ter determinada meta, pensamentos recorrentes passem pela cabeça do indivíduo até que a
tarefa seja cumprida.
Atividade 16
Resposta: A
Comentário: As falsas memórias podem decorrer tanto de uma distorção mnemônica endógena quanto de uma indução proposital (por parte
de outra pessoa) de falsas informações. Um sistema mnemônico pouco desenvolvido também pode contribuir para a construção de falsas
memórias, fato que talvez esteja relacionado a uma dificuldade de monitorar adequadamente as informações.
Atividade 17
Resposta: A memória é a responsável por dar sentido ao que o indivíduo sabe sobre si mesmo ou sobre o que as outras pessoas pensam a
seu respeito. Tem a função de processar, registrar e resgatar as crenças do indivíduo sobre si mesmo, sobre os outros ou sobre o futuro com
base no significado atribuído às experiências vivenciadas. A memória (lembrança) é reconstituída, podendo ser falha, incompleta e
tendenciosa, uma vez que o seu armazenamento está relacionado ao significado que a pessoa dá ao ocorrido e, portanto, pode sofrer
distorções.
Atividade 18
Resposta: D
Comentário: O nível pré-consciente é automático, involuntário e não intencional. O nível metacognitivo é responsável pela seleção, pela
avaliação e pelo monitoramento do desenvolvimento de esquemas.
Atividade 19
Resposta: A metacognição permite que o indivíduo perceba os erros de processamento das informações, o que ativa cognições automáticas
de atenção e controle consciente. Tal fato permite que o indivíduo consiga identificar a relação disfuncional existente entre seus
pensamentos-emoções-comportamentos e flexibilizar seu padrão cognitivo a fim de desenvolver respostas mais realistas ou adaptativas.
Atividade 20
Resposta: A
Comentário: O apego inseguro pode contribuir para que o indivíduo acredite que é fraco e/ou vulnerável, por exemplo (crenças de
desamparo). Pode também levá-lo a uma incapacidade de formar vínculos seguros de maneira satisfatória com outras pessoas, tendo uma
percepção distorcida de suas relações interpessoais. Além disso, pode contribuir para o desenvolvimento de crenças de desamor: o indivíduo

PRÓXIMO

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