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INICIAÇÃO À ATIVIDADE FILOSÓFICA

1.1. O que é a Filosofia? Uma resposta inicial

(Objetivos: Conceptualizar, Argumentar, Problematizar)

As primeiras perguntas de qualquer estudante, ao


iniciar o seu estudo em Filosofia, são: O que é a
Filosofia? O que vamos estudar? Para que serve a
Filosofia?

Estas questões, pela busca de significado, são normais


quando se toma contacto com uma disciplina nova mas, no
caso da Filosofia, não podemos dar uma resposta imediata
e definitiva, ou seja, não podemos dar uma definição
unívoca de Filosofia. (Definir Filosofia, é por si só, um
problema filosófico).

A origem etimológica da palavra FILOSOFIA deriva do


grego: philo (amigo) + sophia (sabedoria). Então o filósofo
é o amigo do saber, aquele que tem a perceção de que não
sabe e que por isso procura o saber.

Como e quando surgiu a Filosofia?

A Filosofia surgiu por volta do Séc. VII a. C., na Grécia


antiga. Diz-se que nasceu do espanto e nos seus
primórdios identificava-se com o saber em geral. Grande
parte das ciências modernas nasceu da Filosofia, por isso
consideramos esta como a rainha de todos os saberes.

O filósofo será aquele que tem a capacidade de ir par


aalém do aparente e de se espantar continuamente
com a realidade que o rodeia.

O estudo da Filosofia vai, por isso, possibilitar uma nova


atitude perante nós e o mundo, partindo das nossas
próprias experiências, vamos à descoberta de novas
perspetivas e de novos olhares, vamos para além do
aparente, daquilo que é imediatamente dado, vamo-nos
libertando da força do hábito e dos preconceitos, vamos
problematizando o real.

A Filosofia é também uma atitude crítica, isto é, que o


filósofo olha para as ideias e teorias alheias com
imparcialidade, de forma a poder avaliar se são ou não
verdadeiras.

A Filosofia liberta-nos de: Preconceitos; Aparências;


Dogmas; Hábitos; Falsas opiniões; Opiniões ingénuas;
Crenças.

Como a Filosofia se relaciona com os nossos espantos e


com as nossas interrogações, ela é uma atividade que
não tem um campo específico de ação mas abrange a
totalidade da experiência humana, logo, podemos
filosofar sobre tudo.

O filósofo é aquele que:


- Espanta-se com a realidade que o rodeis;
- Evita respostas precipitadas, fáceis e dogmáticas;
- Está recetivo a novas ideias;
- Mantém um pensamento autónomo;
- Mantém uma atitude crítica;
- Mantém uma permanente curiosidade;
- Quer aprofundar e fundamentar o seu saber;
- Argumenta de forma correta as suas teses;
- Nunca se dá por satisfeito!

Porque razão é que temos de estudar Filosofia? Porque


é que este assunto é importante?
Ao estudar Filosofia estamos a esforçar-nos por
compreender e produzir uma interpretação da realidade
que está perante nós. A Filosofia ajuda-nos a pensar por
nós próprios, a criticar de forma racional e
argumentativa, a ter um espírito aberto e dialogante, a
construir uma cidadania livre e responsável.

Níveis de conhecimento (Senso-Comum; Ciência;


Filosofia)

A Filosofia distingue-se de outros saberes, como é o caso


do senso comum e da Ciência.

O SENSO COMUM é um tipo de saber que se traduz


numa atitude natural: ingénua, Espontânea, Acrítica,
Passiva, Superficial, Familiar.

O conhecimento do senso comum, é a forma mais


elementar e familiar do conhecimento e deriva da
observação que o Homem faz daquilo que o rodeia e que
interpreta segundo a sua própria cultura. É um saber
superficial e espontâneo, que não é posto em causa nem
em dúvida (exceto quando deixa de funcionar) e é
fundamental para as atividades quotidianas. Ingénua e
passivamente aceitamos tudo aquilo que nos dizem como
verdadeiro (desde que o aparente ser), por isso nunca o
questionamos, é um saber acrítico.

A CIÊNCIA é um saber (uma atitude) construída: Objetiva;


Universal; Operativa, Racional, Crítica, Progressiva.

A Ciência é um tipo de saber que vem satisfazer duas


necessidades do ser humano: a de compreender e de agir
sobre a Natureza.

A Ciência é um saber objetivo e racional, por isso mesmo,


universal. Mas também é um saber em constante
progresso que pretende adquirir dados operativos que
possibilitem agir sobre coisas. Embora alcançando
conhecimentos verdadeiros, a ciência não pára de criticar e
de questionar as suas próprias teorias, conseguindo assim
uma permanente evolução.
A FILOSOFIA é um tipo de saber que é Radical;
Universal; Autónomo; Histórico; Racional.

A Filosofia é um saber radical pois ela vai ao fundo nas


suas dúvidas, procura a raiz dos problemas, o fundamento
de todo o saber. E aí distingue-se quer do senso comum
quer da ciência. Do senso comum, pois este é um tipo de
saber superficial. E da ciência pois esta procura as causas
próximas enquanto que a Filosofia procura as causas
primeiras.

A Filosofia é um saber universal porque o seu objeto de


estudo é a totalidade da experiência humana; podemos
filosofar sobre tudo o que quisermos. Mas também é
universal pois as suas questões colocam-se à humanidade
em geral. A Filosofia também se distingue da ciência
graças à sua universalidade, pois enquanto que o objeto de
estudo da ciência é sempre parcelar, o da Filosofia é total.
(A Filosofia interessa-se pela totalidade do real).

A Filosofia é um saber autónomo. Isto quer dizer que ela é


um tipo de saber livre e independente, não se sujeita a
qualquer constrangimento. Deste ponto de vista, podemos
distinguir a Filosofia do senso comum, pois neste tipo de
saber aceitamos tudo o que nos dizem e não pensamos por
nós próprios, mas também podemos distinguir a
Filosofia da Religião. A Religião parte de verdades
reveladas e é dogmática; a Filosofia procura a verdade e é
anti-dogmática.

A Filosofia é um saber histórico porque reflete a época


histórica em que é produzida. («A Filosofia é filha do
Tempo», Hegel).

«A filosofia é marcada pela historicidade inerente à


condição humana, nada que se refira ao homem, encarado
como indivíduo ou como espécie, foge à mudança, pois o
tempo faz parte da existência humana e todos os homens
estão condenados a ser e a passar, pois somos mortais e
temos a consciência da nossa mortalidade e da
evanescência de tudo o que criamos.

Assim, a filosofia é marcada pela história, tem uma tradição


duas vezes milenar que serve de base à indagação
filosófica em cada momento histórico. E a par da tradição
existe a inovação: em cada época surgem novos
problemas que vêm enriquecer o património da
racionalidade filosófica e cada filósofo, ao assumir a sua
aventura filosófica, é original e inovador, acrescenta algo
aos modos de ver que são próprios da filosofia» (retirado
do Blogue Filosofia Limite).

A Filosofia é um saber racional. As indagações filosóficas


realizam-se de modo sistemático. A Filosofia trabalha com
enunciados precisos e rigorosos, busca encadeamentos
lógicos, opera conceitos ou ideias obtidos por
procedimentos de demonstração e prova, exige a
fundamentação racional do que é enunciado e pensado.
Somente assim a reflexão filosófica pode fazer com que a
nossa experiência quotidiana, nossas crenças e opiniões
alcancem uma visão crítica de se si mesmas. Não se pode
dizer "eu acho que", mas de poder afirmar "eu penso que".
(Retirado do blogue: http://www.algosobre.com.br/filosofia/filosofia-um-pensamento-sistematico.html).

Em resumo, podemos dizer que a Filosofia é: A busca de


sabedoria; Um forma de conhecimento; Uma orientação
existencial; Um atividade de interrogação, reflexão,
interpretação, compreensão, problematização, crítica,
argumentação, especulação, autonomia.
(Excertos de textos retirados de SOS Filosofia 10º Ano, Elisabete Silva, Sebenta e outros devidamente
identificados ao longo deste resumo da matéria)

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