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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO PACIENTE

HOSPITALIZADO (ADULTO E IDOSO)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL


FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS, ALIMENTOS E NUTRIÇÃO
CURSO DE NUTRIÇÃO
FISIOPATOLOGIA DA NUTRIÇÃO E DIETOTERAPIA I
PROFª: MARUSKA DIAS SOARES
INTRODUÇÃO
 Para definir o planejamento nutricional de um
paciente é necessário estabelecer sua condição
nutricional e sua gravidade.

 Rever periodicamente o EN do paciente


hospitalizado, pois sua condição nutricional muda ao
longo da internação.

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INTRODUÇÃO

“Desnutrição e obesidade são importantes preditores


de morbi-mortalidade, pois estão associados a maior
índice de infecção e maior tempo de internação, com
consequente aumento do custo hospitalar”
(WAITZBERG, et al., 2009).

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INTRODUÇÃO

 Estão disponíveis várias ferramentas de triagem ou


rastreamento e de avaliação do estado nutricional.

 Existem várias dificuldades para implantação dos


métodos de avaliação nutricional na prática clínica.

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INTRODUÇÃO

 Não existe um único método capaz de estabelecer,


com certeza, o estado nutricional.

 É necessário o conhecimento e a prática de várias


técnicas de avaliação nutricional.

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INTRODUÇÃO

 Avaliação nutricional x diagnósticos de nutrição

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TRIAGEM DE RISCO NUTRICIONAL OU
RASTREAMENTO NUTRICIONAL

 Identifica risco nutricional para realização de


intervenção nutricional precoce.
 Sinaliza precocemente os indivíduos que podem se
beneficiar da terapia nutricional.
 Deve ser aplicada em até 24h da admissão.
 Procedimento rápido, baixo custo e executado por
equipe de saúde previamente treinada.

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TRIAGEM DE RISCO NUTRICIONAL OU
RASTREAMENTO NUTRICIONAL

“Presença de fatores que podem acarretar e/ou


agravar a desnutrição em pacientes hospitalizados e
o risco nutricional de ganho ou perda de 10% de peso
habitual nos últimos 6 meses além do risco de
prejuízo do estado nutricional decorrente das
condições clínicas atuais”.

AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION (ADA, 1994); AMERICAN SOCIETY PARENTERAL


AND ENTERAL NUTRITION (ASPEN, 1995); EUROPEAN SOCIETY OF PARENTERAL
AND ENTERAL NUTRITION (ESPEN, 2002).
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TRIAGEM NUTRICIONAL

 Após a triagem o paciente deve ser classificado em:


- Não é de risco; mas deve ser reavaliado em intervalos
regulares.
- É de risco; e necessita de avaliação pelo nutricionista.

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INSTRUMENTOS DE TRIAGEM NUTRICIONAL

 Não estabelece o diagnóstico nutricional nem a


gravidade da desnutrição.
 São diferentes dos instrumentos usados para
avaliação nutricional completa.
 São fáceis, de baixo custo e rápida aplicação por
qualquer profissional de saúde devidamente
capacitado.

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INSTRUMENTOS DE TRIAGEM NUTRICIONAL

 Triagem de Risco Nutricional – NRS-2002 (pacientes


hospitalizados).
 Instrumento Universal de Triagem de Desnutrição –
MUST (todos os setores para adultos).
 Miniavaliação Nutricional Reduzida – MAN-SF (todas
as especialidades, inicialmente em pacientes idosos).
 Avaliação Subjetiva Global – SGA – PARA TRIAGEM
(todas as especialidades, inicialmente em pacientes cirúrgicos).

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TRIAGEM DE
RISCO
NUTRICIONAL
(NRS – 2002)

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INTRUMENTO
UNIVERSAL DE
TRIAGEM DE
DESNUTRIÇÃO -
MUST

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MINIAVALIAÇÃO
NUTRICIONAL EM
FORMA REDUZIDA –
MAN-SF

14
AVALIAÇÃO
SUBJETIVA
GLOBAL PARA
TRIAGEM -SGA

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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

 Determina a condição do estado nutricional


(diagnóstico nutricional) e sua gravidade.
 O EN aponta o equilíbrio ou desequilíbrio entre o
consumo e as necessidades de energia e nutrientes
em um individuo.
 Permite um intervenção nutricional para auxiliar na
recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do
indivíduo e monitorar sua evolução.

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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL

 Seu objetivo é indicar a ocorrência, a natureza (etiologia)


e a extensão (magnitude) das anormalidades
nutricionais.
 É um processo contínuo e dinâmico.
 Os dados (indicadores nutricionais) são coletados,
comparados com padrões de normalidade e
interpretados por profissional treinado e experiente.
 Após a interpretação são identificados um ou mais
problemas, chamados de diagnósticos de nutrição.

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DIAGNÓSTICOS DE NUTRIÇÃO
 Direcionam o planejamento e monitoramento das
intervenções nutricionais.
 É a identificação de um problema nutricional
existente, cujo tratamento é de responsabilidade do
nutricionista, e deve ter a possibilidade de ser
resolvido.
 Refere-se a problemas nutricionais já existentes, e não
ao risco ou ao potencial de ocorrerem.
 Não podem ser confundidos com os diagnósticos
médicos.

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DIAGNÓSTICOS DE NUTRIÇÃO

 Devem ter um foco mais amplo:


- Reservas corporais de energia e nutrientes;
- Características anormais da ingestão de nutrientes
específicos;
- Condição clínica/bioquímica;
- Comportamentos alimentares.
 Pode haver mais de um diagnóstico de nutrição, mas
não é indicado dar muitos diagnósticos de uma só vez.
 Selecionar, no máximo três diagnósticos de nutrição,
de acordo coma prioridade de intervenção imediata.

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MÉTODOS DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

 História clínica e nutricional global;


 História alimentar;
 Exame físico nutricional;
 Avaliação antropométrica e de composição
corporal;
 Indicadores bioquímicos nutricionais e
metabólicos.

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HISTÓRIA CLÍNICA

 Anorexia / hiporexia / hiperexia


 Náuseas/vômitos
 Diarreia / constipação
 Disgeusia / disfagia / odinofagia / dispepsia
 Edema / ascite
 Astenia / letargia

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EXAME FÍSICO
 Detectar sinais físicos de carências nutricionais.

TÉCNICA DESCRIÇÃO

Inspeção •Usa a visão, olfato e audição.


•Observação da cor, formato, textura e tamanho.
Palpação •Exame táctil para sentir pulsações e vibrações.
•Avalia estruturas corporais.
Ausculta •Ouvir “sons” corporais, com ou sem uso do
estetoscópio.
Fonte: Hammond, 1996.

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EXAME FÍSICO NUTRICIONAL

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INFORMAÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS

Renda média (individual e/ou familiar);


Escolaridade;
Religião;
Estado civil;
Profissão / ocupação;
Moradia / saneamento / coleta de lixo;
Facilidades domésticas;
Cuidados higiênicos pessoais e com alimentos;
Conservação e preparo dos alimentos.
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ANTROPOMETRIA - PESO

 Peso Atual
 Peso Usual
 Peso Ideal ou Desejável =

IMC desejado x altura (m)2

25
ANTROPOMETRIA - PESO

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ANTROPOMETRIA - PESO
 Peso ideal:

- IMC médio (adultos):


 Ambos os sexos: 21,7kg/alt2 (m)
 Homens: 22kg/alt2 (m)
 Mulheres: 20,8kg/alt2 (m)

- Compleição física:
 Circunferência punho
 Tabela compleição física
 Peso ideal médio

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ANTROPOMETRIA – Circunferência do Punho

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VALORES DE r PARA CLASSIFICAÇÃO DA
COMPLEIÇÃO CORPORAL

r = Altura (cm) / Circunferência do Punho (cm)

COMPLEIÇÃO HOMEM MULHER


Pequena r > 10,4 r > 11,0
Média r = 9,6 a 10,4 r = 10,1 a 11,0
Grande r < 9.6 r < 10.1

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ANTROPOMETRIA - Compleição

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ANTROPOMETRIA - PESO

 Adequação do Peso (Relativo ao Peso Ideal)

Adequação do peso (%) = peso atual x 100 / peso ideal

Valores de Referência:
 Blackburn; Thornton (1979)
 McLaren; Read (1972)

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CLASSIFICAÇÃO DO EN CONFORME
ADEQUAÇÃO DE PESO

ADEQUAÇÃO (%) CLASSIFICAÇÃO


> 120 Obesidade
110,1 a 120 Sobrepeso
90,1 a 110 Normal
80,1 a 90 Desnutrição leve
70,1 a 80 Desnutrição moderada
≤ 70 Desnutrição grave

Fonte: Blackburn; Thornton (1979).

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ANTROPOMETRIA - PESO

 Peso Ideal Ajustado: peso ideal corrigido para a


determinação das necessidades energéticas
- Pacientes com IMC > 27kg/alt2 (m)
- Adequação de peso < 95% ou > 115%.

Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual

33
ANTROPOMETRIA - PESO

 Peso Ideal para Amputados: adiciona-se o


percentual do peso da extremidade amputada ao
peso atual aferido (quando possível) ou ao peso
ideal calculado.
 Corresponde ao peso do paciente se ele não
tivesse sofrido a amputação.

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% CONTRIBUIÇÃO DO SEGEMENTO
CORPORAL AMPUTADO

MEMBRO AMPUTADO %
BRAÇO TODO 5
ANTEBRAÇO 1,6
BRAÇO 2,7
MÃO 0,7
COXA 10,1
PERNA 4,4
PERNA TODA 16
PÉ 1,5
OBS: Amputações bilaterais os valores dobram.

Fonte: Osterkamp (1995)


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ANTROPOMETRIA - PESO

 Peso Atual de Amputados: subtrair o percentual


de contribuição do segmento amputado do peso
ideal.
 IMC Corrigido para Amputados:

IMC Corrigido = peso corrigido(kg) / altura (m2) (1 - % amputação)

Fonte: Tsamaloukas et al., 1994.

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ANTROPOMETRIA - PESO

 Peso Corrigido para Edema e Ascite (adultos ou


idosos): é necessário subtrair do peso atual o
excesso de peso hídrico de acordo com grau de
retenção de líquidos e com o local do edema.

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PRESENÇA DE EDEMA: TESTE DO CACIFO
POSITIVO

38
ASCITE

39
ESTIMATIVA DE SUBTRAÇÃO PONDERAL NA
PRESENÇA DE EDEMA
GRAU DE EDEMA LOCALIZAÇÃO PESO A SER
SUBTRAÍDO
+ Tornozelo 1kg
++ Joelho 3 a 4kg
+++ Raiz da coxa 5 a 6kg
++++ Anasarca 10 a 12kg
Fonte: Adaptado de Martins (2000).

40
ESTIMATIVA DE SUBTRAÇÃO PONDERAL NA
PRESENÇA DE ASCITE E EDEMA
GRAU DE ASCITE EDEMA PERIFÉRICO
Leve: 2,2kg Leve: 1kg
Moderada: 6kg Moderado: 5kg
Grave: 14kg Grave: 10kg

Fonte: Adaptado de James (1989).

41
ESTIMATIVA DE PESO

Homem = [(0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) +


(0,37 x PCSE) – 81,69]
Mulher = [(1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4
x PCSE) – 62,35]

Onde: CP – circunferência da panturrilha


AJ – altura do joelho
CB – circunferência do braço
PCSE – prega cutânea subescapular

Fonte: Chumlea et al., 1988.

42
ESTIMATIVA DE PESO

Homem negro:
19 a 59 anos: (AJ x 1,24) + (CB x 2,97) – 82,48
60 a 80 anos: (AJ x 1,50) + (CB x 2,58) – 84,22
Homem branco:
19 a 59 anos: (AJ x 1,01) + (CB x 2,81) – 66,04
60 a 80 anos: (AJ x 1,09) + (CB x 2,68) – 65,51

Onde: AJ – altura do joelho e CB – circunferência do braço

Fonte: Chumlea, et al., 1988.

43
ESTIMATIVA DE PESO

Mulher negra:
19 a 59 anos: (AJ x 1,09) + (CB x 3,14) – 83,72
60 a 80 anos: (AJ x 0,44) + (CB x 2,86) – 39,21
Mulher branca:
19 a 59 anos: (AJ x 1,19) + (CB x 3,14) – 86,82
60 a 80 anos: (AJ x 1,10) + (CB x 3,07) – 75,81

Onde: AJ – altura do joelho e CB – circunferência do braço

Fonte: Chumlea, et al., 1988.

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ESTIMATIVA DE PESO ATUAL PARA ADULTOS
E IDOSOS BRASILEIROS

Peso = 0,5759 (CB) + 0,5263 (CA) + 1,2452 (CP) – 4,8689


(S) – 32,9241

Onde: S: sexo (sexo masculino = 1; sexo feminino = 2)


CA: circunferência abdominal
CB: circunferência do braço
CP: circunferência da panturrilha

Fonte: Rabito et al., 2006.

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ANTROPOMETRIA - PESO

Mudança de Peso ou Percentual de Mudança


Ponderal Recente

Perda peso = (peso habitual – peso atual) / peso habitual x 100

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CLASSIFICAÇÃO DO % PERDA PESO
CONFORME O TEMPO
TEMPO % PERDA PESO % PERDA PESO
SIGNIFICATIVA GRAVE
1 semana 1a2 >2
1 mês 5 >5
3 meses 7,5 > 7,5
6 meses 10 > 10

Fonte: Blackburn; Bistriam (1977).

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CLASSIFICAÇÃO DO % PERDA PESO RECENTE
(3-6 MESES)

VALOR ENCONTRADO CLASSIFICAÇÃO

> 10% Desnutrição instalada


> 30% Risco de vida

Fonte: Adaptado de Blackburn et al., 1979.

48
ANTROPOMETRIA - ALTURA

Altura Atual
Estatura Recumbente: para estimar altura de pacientes
acamados, com deficiência física ou que não
conseguem manter o corpo ereto.
Extensão ou Envergadura dos Braços (“Meia
envergadura”)
 Superestima a altura (Cervi, 2005).

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ANTROPOMETRIA - ALTURA
Estimativa de altura (Altura do Joelho)

Homem = 64,19 – (0,04 x I) + (2,02 x AJ)


Mulher = 84,88 – (0,24 x I) + (1,83 x AJ)

Onde: I = idade (anos); AJ= altura do joelho (cm)

Fonte: Chumlea, et. al. (1985).

50
FÓRMULAS PARA CÁLCULO DA ESTATURA DE
ADULTOS CONFORME GÊNERO E ETNIA
GÊNERO IDADE/RAÇA FÓRMULA
Mulher 18 a 60 anos (branca) 70,25 + (1,87 x AJ) – 0,06 x I
18 a 60 anos (negra) 68,10 + (1,86 x AJ) – 0,06 x I
Homem 18 a 60 anos (branco) 71,85 + 1,88 x AJ
18 a 60 anos (negro) 73,42 + 1,79 x AJ
Onde: AJ = altura do joelho (cm); I = idade (anos)

Fonte: Chumlea et al., 1994.

51
FÓRMULAS PARA CÁLCULO DA ESTATURA DE
ADULTOS BRASILEIROS CONFORME O GÊNERO
GÊNERO FÓRMULA
Mulher 58,6940 – 2,9740 x 2 – 0,0736 x I + 0,4958 x CpB + 1,1320 x ME

Homem 58,6940 – 2,9740 x 1 – 0,0736 x I + 0,4958 x CpB + 1,1320 x ME

Onde: I = idade (anos); CpB = comprimento do braço (cm); ME = meia


envergadura (cm).

Fonte: Adaptado de Rabito et al., 2006.

52
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

 Relação entre o peso atual (real ou estimado) e a altura.


 Bom indicador do EN a nível populacional.
 Limitações: não distingue massa gorda de massa livre de
gordura e não determina a distribuição de gordura
corporal.

Peso Atual (kg) / Altura (m2)

Padrões de referência:
 Adultos (OMS, 1998)
 Idosos (LIPSCHITZ, 1994)
 Crianças e Adolescentes (OMS, 1995)
53
CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO

Adequação da CB (%) = CB obtida (cm)/CB percentil 50 x 100

 Faixa de normalidade simplificada (JELLIFFE, 1966).


 Classificação (BLACKBURN; THORNTON, 1979).

54
CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO

55
DOBRA CUTÂNEA TRICIPTAL

Adequação PCT (%) = PCT obtida (mm) / PCT percentil 50 x 100

 Classificação de acordo com percentil (GRAY, 1980;


PETERSON, 1984; HEYMSFIELD, 1999).
 Faixa de normalidade simplificada (JELLIFFE, 1966).
 Classificação (BLACKBURN; THORNTON, 1979).

56
DOBRA CUTÂNEA TRICIPTAL

57
DOBRA CUTÂNEA BICIPTAL

58
DOBRA CUTÂNEA SUBESCAPULAR

59
DOBRA CUTÂNEA SUPRAILÍACA

60
CIRCUNFERÊNCIA MUSCULAR DO BRAÇO
CMB (cm) = CB (cm) -  X [PCT (mm)  10]

Adequação da CMB (%) = CMB obtida (cm) / CMB


percentil 50 x 100

 Classificação de acordo com percentil (APEX, 2001).


 Faixa de normalidade (JELLIFFE, 1966).
 Classificação (BLACKBURN; THORNTON, 1979).
OBS: Padrões de CMB e PCT específicos para idosos.

61
ÁREA MUSCULAR DO BRAÇO CORRIGIDA

 AMB (cm2) = CB (cm) -  X PCT (mm)  10]2 – 10


_________________________________________

4

 AMB (cm2) = CB (cm) -  X PCT (mm)  10]2 – 6,5


___________________________
4

 Valores de referência - Frisancho.


 Classificação pela tabela de percentil.
62
ÁREA DE GORDURA DO BRAÇO

AGB (cm2) = CMB (cm) X PCT (mm) ÷ 10] -  X PCT (mm) ÷ 102
___________________________ ____________________

2 4

 Valores de referência - Frisancho.


 Classificação: Valores > percentil 90 = Obesidade.

63
CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL

RISCO DE COMPLICAÇÕES METABÓLICAS ASSOCIADAS

NORMAL RISCO ALTO RISCO


MODERADO
HOMEM < 94 94-102cm > 102cm
MULHER < 80 80-88cm > 88cm

Fonte: OMS (1997).

64
CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL

65
CIRCUNFERÊNCIAS DA
CINTURA E QUADRIL

66
RAZÃO CINTURA-QUADRIL

RCQ = circunferência da cintura / circunferência do quadril

HOMENS MULHERES
> 1,0 > 0,8
RISCO
> 0,95 > 0,85

Fonte: OMS (1998).

67
CIRCUNFERÊNCIA DA PANTURRILHA

68
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Proteínas Plasmáticas.
Índice Creatinina-Altura.
Linfocitometria ou Contagem Total de Linfócitos.
Testes Cutâneos.

69
CONSUMO ALIMENTAR

Validade e reprodutibilidade dependem do


investigador e do investigado.
Os fatores determinantes para escolha do método
são:
 População-alvo;
 Propósito da investigação (tipo de investigação
dietética).

70
CONSUMO ALIMENTAR

Métodos Retrospectivos (Recordatório 24 horas,


Questionário de Frequência Alimentar, História Dietética)

Métodos Prospectivos (Registro Alimentar Estimado,


Registro Alimentar Pesado).

71
RECOMENDAÇÕES CALÓRICO-
PROTEICAS DE ADULTOS E IDOSOS
HOSPITALIZADOS

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GASTO ENERGÉTICO DE REPOUSO
(Harris-Benedict, 1919)

Homens: TMB (kcal/dia) = 66 + (13,7 x P) + (5 x E) – (6,8 x I)


Mulheres: TMB (kcal/dia) = 655 + (9,6 x P) + (1,7 x E) – (4,7 x I)

Onde: TMB = taxa de metabolismo basal


P = peso em kg (atual se IMC  40 e ideal ou desejável se IMC > 40)
E = estatura em cm
I = idade em anos
Obs: Reduzir 10% a cada década a partir de 65 anos.
Obesos, com adequação > 130% (não em tratamento de obesidade), utiliza-se peso ajustado.

73
TAXA DE METABOLISMO BASAL
(OBESOS INTERNADOS COM ALGUMA INJÚRIA)

TMB = 2087,9 – (8,17 x H) + (16,81 x PA) – 8,91 – (1,03 x Y)

Fonte: Pavlov, et al. (adaptada de Harris-Benedict).

Onde: H = altura.
PA = peso atual.
Y = % peso acima do peso ideal do paciente.

Obs: Ao resultado acrescenta-se os mesmos fatores injúria e atividade.

74
GASTO ENERGÉTICO TOTAL
(LONG, 1979)

GET (kcal/dia) = GER x fator atividade x fator estresse


(injúria ou doença) x fator térmico

75
FATOR ATIVIDADE E FATOR TÉRMICO
(PACIENTES HOSPITALIZADOS)
FATOR ATIVIDADE (FA) FATOR TÉRMICO OU FATOR FEBRE
Acamado = 1,2 38°C = 1,1
Acamado + móvel = 1,25 39°C = 1,2
Deambulante = 1,3 40°C = 1,3
41°C = 1,4
Adaptado de Avesani et al., 2002.

76
FATOR INJÚRIA OU FATOR LESÃO OU FATOR
DOENÇA (adaptado de Nozaki et al., 2013)
CONDIÇÃO CLÍNICA FATOR INJÚRIA
Peritonite 1,2 a 1,5
Traumatismo 1,1 a 1,8
Pequeno traumatismo de tecido 1,14 a 1,37
Várias fraturas 1,2 a 1,35
Cirurgia 1,1 a 1,2
Pós-operatório cirurgia cardíaca 1,2 a 1,5
Insuficiência cardíaca 1,3 a 1,5
Jejum 0,85 a 1
Desnutrição grave 1,5

77
FATOR INJÚRIA OU FATOR LESÃO OU FATOR
DOENÇA (adaptado de Nozaki et al., 2013)

CONDIÇÃO CLÍNICA FATOR INJÚRIA


Queimados
Até 20% 1 a 1,5
De 20 a 40% 1,5 a 1,85
De 40 a 100% 1,85 a 2,05

78
FATOR INJÚRIA OU FATOR LESÃO OU FATOR
DOENÇA (adaptado de Nozaki et al., 2013)
CONDIÇÃO CLÍNICA FATOR INJÚRIA
Estresse
Pequeno: cirurgia de pequeno porte, 1,25
fraturas
Moderado: câncer, doença inflamatória 1,3
intestinal, traumatismo esquelético
Grave: câncer grave, quimioterapia e 1,5
radioterapia, sepse grave
Extremo: AIDS e grandes traumatismos 1,75 a 2

79
FATOR INJÚRIA OU FATOR LESÃO OU FATOR
DOENÇA (adaptado de Nozaki et al., 2013)

CONDIÇÃO CLÍNICA FATOR INJÚRIA


Infecção
Leve 1,2
Moderada 1,4
Grave 1,6

80
FATOR INJÚRIA OU FATOR LESÃO OU FATOR DOENÇA
(adaptado de Nozaki et al., 2013)
OUTRAS CONDIÇÕES CLÍNICAS FATOR INJÚRIA
Cirurgia eletiva, infecção leve, pneumonia, 1,2 a 1,3
acidente vascular encefálico
Infecção grave, pós-operatório complicado 1,4 a 1,5
SIRS, politraumatismo, pancreatite 1,5 a 1,7
Traumatismo ósseo 1,35
Traumatismo craniano com uso de esteroide 1,6
Transplante de medula óssea 1,2 a 1,3
Cirurgia de pequeno porte 1,2
Doenças cardiopulmonares 0,8 a 1
Doenças cardiopulmonares com cirurgia 1,3 a 1,55
Pós-operatório de cirurgia torácica 1,3 a 1,55

81
FATOR INJÚRIA OU FATOR LESÃO OU FATOR
DOENÇA (adaptado de Nozaki et al., 2013)
OUTRAS CONDIÇÕES CLÍNICAS FATOR INJÚRIA
Sepse 1,4 a 1,6
Pancreatite 1,3 a 1,6
Peritonite 1,4
Desnutrição 1,5
Fratura 1,2
Pós-operatório de cirurgia geral 1 a 1,5
Transplante de fígado 1,2 a 1,5
Politraumatismo + sepse 1,6
Insuficiência renal aguda 1,3
Insuficiência cardíaca 1,3 a 1,5
Insuficiência hepática 1,3 a 1,55
82
GASTO ENERGÉTICO BASAL PARA PACIENTES OBESOS E
NÃO-OBESOS (ADULTOS E IDOSOS)
(MIFFLIN et al., 1990)

Homens: GEB = (10 x peso em kg) + (6,25 x (altura em cm) – (5 x


idade) + 5
Mulheres: GEB = (10 x peso em kg) + (6,25 x altura em cm) – (5 x
idade) - 161

OBS: Apresenta acurácia de 82% em indivíduos não obesos e 70% em obesos.


Equação recomendada pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e
Enteral (PROJETO DIRETRIZES, 2011).
Depois encontrar o GET.

83
CÁLCULO ENERGÉTICO TOTAL PARA PACIENTES GRAVES
(IRETON-JONES, 2005)

Pacientes com ventilação mecânica:


GETv = 1784 – (11 x idade em anos) + (5 x peso atual) + (244 x
S) + (239 x T) + (804 x Q)
Pacientes com respiração espontânea:
GETe = 629 – (11 x idade) + (25 x peso atual) - (609 x O)

Onde: O = obesidade (ausente = 0; presente = 1)


Q = queimadura (ausente = 0; presente = 1)
T = traumatismo (ausente = 0; presente = 1)
Sexo (masculino = 1; feminino = 0)
84
CALORIMETRIA INDIRETA

85
CÁLCULO GASTO ENERGÉTICO BASAL PARA
NÃO OBESOS
(PENN STATE, 2003)

GEB = (Mifflin x 0,96) + (T máx x 167) + (VE x 31) – 6,212

Onde: Mifflin: resultado da equação de Mifflin et al.


T máx = temperatura corporal máxima nas últimas 24h.
VE = minuto de ventilação do respirador no momento da medida.

OBS: Equação elaborada a partir de estudo comparativo entre 17 diferentes equações


preditoras de gasto energético com calorimetria indireta.
Equação recomendada pela American Dietetic Association (ADA).

86
CÁLCULO GASTO ENERGÉTICO BASAL PARA OBESOS
(PENN STATE MODIFICADA, 2010)

GEB = (Mifflin x 0,71) + (T máx x 85) + (VE x 64) – 3.085

Onde: Mifflin: resultado da equação de Mifflin et al.


T máx = temperatura corporal máxima nas últimas 24h.
VE = minuto de ventilação do respirador no momento da medida.

OBS: Equação elaborada a partir de estudo comparativo entre 17 diferentes equações


preditoras de gasto energético com calorimetria indireta.
Equação recomendada pela American Dietetic Association (ADA).

87
CÁLCULO GASTO ENERGÉTICO TOTAL PARA
PACIENTES QUEIMADOS
(CURRERI et al., 1974)

16 a 59 anos:
GET = (25kcal x kg) + (40kcal x % área queimada)
 60 anos:
GET = (20kcal x kg) + (65kcal x % área queimada)

88
CÁLCULO GASTO ENERGÉTICO TOTAL PARA
PACIENTES QUEIMADOS
(XIE et al., 1993)

GET = (1.000 kcal/m2 de ASC) + ( 25 x ASCQ)

Onde: ASC = área de superfície corporal


ASCQ = área de superfície corporal queimada

89
CÁLCULO GASTO ENERGÉTICO TOTAL PARA
PACIENTES QUEIMADOS
(Fórmula de Toronto, 2013)

GET = - 4.343 + (10,5 x % ASCQ) + (0,23 x kcal) + (0,84 x


GEB por Harris-Benedict) + (114 x T) – (4,5 x dias pós-
queimadura)

Onde: ASCQ = área de superfície corporal queimada


kcal = ingestão de kcal nas últimas 24h
T = temperatura corporal em graus Celsius
dia do evento = dia zero

OBS: Sociedade Europeia de Nutrição Parenteral e Enteral recomenda esta


fórmula para queimados de extrema gravidade.

90
GASTO ENERGÉTICO TOTAL CONFORME CONDIÇÃO
FISIOPATOLÓGICA EM ADULTOS OU “FÓRMULA DE
BOLSO”
CONDIÇÃO FISIOPATOLÓGICA KCAL/KG
Perda de peso 20 a 25
Manutenção de peso (sem estresse) 25 a 30
Ganho de peso (sem estresse) 30 a 35
Cirurgia eletiva em geral 32
Sepse 25 a 30
Politrauma/ situação de estresse metabólico 40

Fonte: Martins e Cardoso (2000).

91
“FÓRMULA DE BOLSO” PARA PACIENTES CRÍTICOS

CONDIÇÃO FISIOPATOLÓGICA KCAL/KG


Doença crítica – Fase aguda – Sepse - 20 a 25
SIRS moderada a grave
Fase de estabilização/recuperação 25 a 30
Cirurgias de médio e grande porte 30 a 35
Lesão por pressão 30 a 35
IMC > 30 11 a 14 (peso atual)
22 a 25 (peso ideal)
Fonte: ESPEN (2006); Projeto Diretrizes (DITEN, 2011).

92
REQUERIMENTOS ENERGÉTICOS PARA PACIENTES
ONCOLÓGICOS ADULTOS
CONDIÇÃO KCAL/KG/DIA
TRATAMENTO CIRÚRGICO (PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO) E
TRATAMENTO CLÍNICO (QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA)
Realimentação 20
Obeso 15 a 21
Manutenção de peso 25 a 30
Ganho de peso 30 a 35
Repleção 35 a 45
TRANSPLANTE DE CÉLULA-TRONCO HEMATOPOIÉTICA
(TCTH, PRÉ E PÓS-TRANSPLANTE)
Manutenção de peso 25 a 30
Ganho de peso 30 a 35
Repleção 35 a 45

Fonte: Instituto do Câncer (2009)


93
NECESSIDADES PROTEICAS PARA ADULTOS

CONDIÇÃO FISIOPATOLÓGICA PROTEÍNA


(g/kg/dia)
Normal e sem estresse 0,8 a 1,0
Cirurgia eletiva sem complicações 1,0 a 1,2
Estresse moderado 1,3 a 1,5
Estresse grave 1,5 a 2,0
Queimadura > 20%  2,0
Fonte: Martins e Cardoso (2000).

94
NECESSIDADES PROTEICAS PARA ADULTOS COM
INSUFICIÊNCIA RENAL

TIPO DE INSUFICIÊNCIA RENAL PROTEÍNA


(g/kg/dia)
Tratamento conservador 0,8 a 1,2
Hemodiálise 1,0 a 1,4
Diálise peritoneal 1,5 a 2,5

Fonte: Merrit (2005)

95
NECESSIDADES PROTEICAS PARA PACIENTES
CRÍTICOS (ADULTOS)

CONDIÇÃO PROTEÍNA (g/kg/dia)

IMC < 30 1,2 a 2,0


IMC 30 a 40 2,0 (peso ideal)
IMC  40 Até 2,5 (peso ideal)
Idosos 1,0 a 1,5 (ou de acordo com
condição clínica)

Fonte: ESPEN (2006); Projeto Diretrizes (DITEN, 2011).

96
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Avaliação do Estado Nutricional: métodos e técnicas
revistos e treinados  aperfeiçoamento  boa acurácia
na tomada das medidas.
 Grupos etários diferentes têm diferentes padrões.
 Os indicadores a serem padronizados pelo Serviço devem
ser escolhidos com relação à disponibilidade: financeira,
material e humana, procurando-se selecionar indicadores
de diferentes abrangências (antropométricos, bioquímicos,
etc).
 Para maior fidedignidade das informações o(s) indivíduo(s)
responsável(is) pela obtenção dos dados deve(m) ser
adequadamente treinado(s) e constantemente
reciclado(s).

97
CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A avaliação nutricional deve ser feita com periodicidade


definida em curto intervalo de tempo. Adultos: controle
antropométrico 2-3 vezes/semana e bioquímicos na
admissão e alta; Crianças: controle antropométrico semanal
(peso diário) e bioquímicos com maior frequência que
adultos.
 A avaliação do estado nutricional, qualquer que seja o
método, qualquer que seja o grupo etário ou situação de
injúria, deve ser realizada, no máximo até 48 horas da
admissão hospitalar.

98

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