Você está na página 1de 59

Operações e processos de tratamento

físico químico de efluentes


Profa. Dra. Viviane Trevisan

03 – Peneiramento, gradeamento e
desarenação
Peneiramento
Peneiramento
Função: remover sólidos grosseiros suspensos nas
águas residuais.

Usado normalmente quando o diâmetro médio das


partículas é maior do que 0,25 mm e quando se
deseja uma separação mais efetiva.

São unidades independentes das demais estruturas


e dispositivos de tratamento subseqüentes.
Tipos:
Estáticas ou hidrodinâmicas: empregadas nas
indústrias de celulose e papel, têxtil, frigoríficos,
curtumes e fabricação de sucos.
Vantagens:
Não requerem energia e não possuem peças
móveis, apresentando baixo custo de operação e
manutenção.
Desvantagem:
Ocupam áreas maiores que outras peneiras
similares.

Espaçamento entre barras de 0,25 a 2,5 mm.


Peneira móvel de fluxo axial: constituída por um
cilindro rotativo. O líquido entra no sentido de
rotação do cilindro. Podem peneirar um volume
maior em menor tempo.

Inclinação entre 3 e 5º.


Remoções médias percentuais.

Parâmetro Espaçamento de 1,5


mm
Óleos e graxas 26 %

Sólidos suspensos 3%

Sólidos 6%
sedimentáveis
Material flutuante 70 %

DBO 7%

DQO 6%
Capacidade hidráulica de uma peneira:

Q = Ai.Tx

Ai – área interna da tela (m²)


Tx – taxa de aplicação
Exercícios
Determinar a área de tela necessária para a instalação das
seguintes peneiras:

1 – Peneira estática com abertura de tela de 0,25mm, para


peneirar uma vazão de 100m³/h.

2 - Peneira rotativa com abertura de tela de 1,5mm, para


peneirar uma vazão de 137m³/h

3 – Peneira estática com abertura de tela de 0,75mm, para


peneirar uma vazão de 88m³/h.

4 - Peneira rotativa com abertura de tela de 1,0mm, para


peneirar uma vazão de 55 m³/h
Exemplo de catálogo de peneira estática

Exemplo de catálogo de peneira estática autolimpante


Gradeamento
Gradeamento
Objetivos
• Proteger os dispositivos de transporte dos
esgotos, das bombas e das tubulações;
• Aumentar a eficiência do tratamento;
• Proteger os corpos receptores;
• Proteger os dispositivos de tratamento.
Limpeza: manual ou mecânica e é constituída de
duas etapas: a etapa de retenção e a etapa de
remoção dos sólidos.
Gradeamento
Gradeamento
Dispositivos de retenção:
Barras de aço ou ferro dispostas paralelamente,
verticais ou inclinadas, para permitir o fluxo
normal da água residuária.
Gradeamento
Dimensões das barras retangulares mais usadas:

Grade grosseira - de 9,5 x 50 mm a 12,7 x 50 mm


Grade média – de 7,9 x 50 mm a 9,5 x 50 mm
Grade fina - de 6,4 x 38,1 mm a 9,5 x 38,1 mm
Grade parcialmente obstruída e garfo (rastelo) para
remoção dos sólidos retidos.
Inclinação das grades com a horizontal:

• De 45° a 60° - grades médias e finas com


limpeza manual;
• De 60º a 90º - grades médias e finas com
limpeza mecanizada.
• De 30° a 45° - grades grosseiras com limpeza
manual. Verticais se a limpeza for mecanizada.
Sistema de gradeamento.
Tipos de grades de barras:

• De acordo com a movimentação do rastelo:


movimentação frontal ou frontal e posterior.
• De acordo com os mecanismos de acionamento
do rastelo: grades guiadas por correntes, por
cabos e por cremalheiras.
• De acordo com a forma das barras: barras retas
ou barras curvas.
Grade de movimentação frontal com acionamento
por cabos.
Vantagens das grades com barras curvas:

• Fácil automação;
• Manutenção fácil e de pouca frequência;
• Fácil limpeza manual em casos de paralisação;
• Dispositivos mecânicos e elétricos livres de
contato com o efluente;
• Baixo consumo de energia elétrica.
Quantidade e qualidade do material retido depende do
lançamento de materiais na rede coletora. O material retido
é enviado ao aterro sanitário ou incinerado.

Quantidade de sólidos grosseiros removidos em função do


espaçamento entre barras.
Espaçamento (mm) Quantidade de resíduos
retidos (L/1.000m³)
12,5 50
20 38
25 23
35 12
40 9
50 6
Funcionamento hidráulico das grades

Velocidade de passagem entre as barras


desobstruídas: de 0,4 m/s a 0,75 m/s, podendo
atingir até 1,20 m/s a 1,4 m/s com grades
parcialmente obstruídas.

Perda de carga com grade 50% obstruída:


Grade de limpeza manual – 0,15m
Grade de limpeza mecanizada – 0,10m
Eficiência das grades
E = a/(a+t)
E – eficiência da grade
a – espaçamento entre barras
t – espessura das barras

Espessura das Eficiência E para espaçamento a


barras ‘t’ (cm)
a = 1,94 cm a = 2,54 cm a = 3,18 cm

0,64 0,750 0,800 0,834

0,79 0,730 0,768 0,803

0,95 0,677 0,728 0,770

1,11 0,632 0,696 0,741

1,27 0,600 0,677 0,715


Dimensionamento do canal afluente a grade
Au = Q/v
Au – área útil, representada pela área livre entre as barras,
limitada pelo nível d’água

Seção do canal: S = Au/E


Velocidade de aproximação: vo = Q/S

Perda de carga na grade


hf = 1,43.(v²-vo²)/2g
v – velocidade do fluxo através da barra
vo – velocidade a montante da grade
g – 9,8m.s-1
Largura da grade
L = S/h
h – altura da lâmina d’água.

Número de barras e de espaçamentos na grade


(Ne x a) + (Nb x t) = L
Ne = Nb + 1

Ne – número de espaçamentos da grade


Nb – número de barras da grade
Exercício 1
Dimensionar uma grade mecanizada para as seguintes
condições:
Qmax = 0,50m³.s-1
Profundidade da lâmina d’água = 0,50m
Inclinação da grade = 70º
Espaçamento entre as barras (a) = 10 mm
t = 6,4 mm
vmax = 1,30m.s-1
vmed = 0,80m.s-1
Exercício 2
Dimensionar uma grade mecanizada para as seguintes
condições:
Qmed = 0,75m³.s-1
Coeficiente de pico = 1,45
Profundidade da lâmina d’água = 0,60m
Inclinação da grade = 70º
Espaçamento entre as barras (a) = 30 mm
t = 7,9 mm
vmax = 1,0m.s-1
vmed = 0,60m.s-1
Exercício 3
Dimensionar uma grade mecanizada para as seguintes
condições:
Qmax = 0,40m³.s-1
Profundidade da lâmina d’água = 0,70m
Inclinação da grade = 70º
Espaçamento entre as barras (a) = 50 mm
t = 12,7 mm
vmax = 1,20m.s-1
vmed = 0,90m.s-1
Caixas de areia
Remoção de areia
O material removido é composto por areia, pedrisco,
cascalho, cabelos, fibras, grãos, plásticos, etc.

Finalidades:
Evitar abrasão nos equipamentos e nas tubulações;

Reduzir a possibilidade de avarias e obstrução nas


em canalizações, caixas de distribuição ou
manobra, poços de elevatórias, tanques, sifões,
orifícios, calhas etc.;

Facilitar o manuseio e o transporte das fases líquida


e sólida ao longo do processo de tratamento.
Tipos de caixa de areia (NBR 12709/2009)

Caixa de areia prismática quadrada por gravidade


Profundidade: entre 1,1 e 1,6 m
Limpeza mecanizada
Taxa de aplicação superficial: de 600 a 1.300m³/m²d

Vantagens:
Não é necessário controle de vazão;
Perda de carga é mínima;
Mecanismo de limpeza é de simples operação e
manutenção.

Desvantagem:
Sedimentação da matéria orgânica mais pesada,
necessita de lavador de areia.
Tipos de caixa de areia (NBR 12709/2009)

Caixa de areia tipo “vortex”


Entrada de efluente tangencial a parede da caixa.
Areia fica acumulada num canal no fundo do
tanque.

Velocidade de entrada: entre 0,6 e 1,0 m/s


Tempo de detenção hidráulica: igual ou superior a
20s.

Vantagens:
Ocupa pouco espaço;
Possui alta taxa de remoção de areia de
granulometria fina.
Tipos de caixa de areia (NBR 12709/2009)
Caixa de areia aerada
Ar comprimido é inserido no tanque a fim de
promover um fluxo helicoidal horizontal.
Aeradores instalados entre 0,6 e 1,0m do fundo
do tanque.

Velocidades do efluente: tangencial – 0,4m/s


longitudinal – 0,25m/s

Quantidade de ar:
Varia de 0,25m³/min.m a 0,75m³/min.m. Usual:
0,45m³/min.m.
Tipos de caixa de areia (NBR 12709/2009)

Forma do tanque: relação comprimento:largura - de


2,5:1 até 5:1. Relação largura:profundidade – 1:1

Vantagens:
Baixo teor de matéria orgânica na areia removida;
O tanque pode ser usado como floculador;
A pré aeração garante melhor desempenho das
unidades posteriores.

Desvantagens:
Maior consumo de energia elétrica;
Maior custo de investimento.
Tipos de caixa de areia (NBR 12709/2009)

Caixa de areia convencional retangular


Velocidade horizontal de escoamento do efluente é
de 0,3 m.s-1.

Remoção da areia: manual ou mecanizada.


Entrada do efluente na caixa
de areia tipo Vortex

Caixa de areia
retangular

Braços raspadores
da caixa de areia.
Caixa de areia prismática retangular
Dimensionamento das caixas de areia.

Trajeto das partículas é condicionado por 2 tipos de


velocidades induzidas aos sólidos:
• Velocidade de sedimentação – para a partícula de
menor diâmetro (0,2mm) foi avaliada em 0,02 m.s-1

• Velocidade crítica de fluxo longitudinal – velocidade a


partir da qual ocorre arraste das partículas.

Diâmetro da partícula Velocidade crítica (m.s-1)


(mm)
0,1 0,16
0,2 0,23
0,4 0,32
Dimensionamento das caixas de areia.

v1
v2
h

v1 – velocidade de fluxo, geralmente 0,3m.s-1.


v2 – velocidade de sedimentação (0,02 m.s-1).
L – comprimento da caixa de areia.
h – altura da lâmina d’água.
Dimensionamento das caixas de areia.

Comprimento das caixas de areia.


v1 = L / t1 v2 = h / t2

Como t1 = t2 temos:
L / v1 = h / v2 v1 . h = L . v2

Substituindo v1 e v2 temos: L = 15.h


Adotando um fator de segurança de 50% temos:
L = 22,5. h
Dimensionamento das caixas de areia.

Largura das caixas de areia.


Q = vazão da água residuária (m³.s-1)
h = altura da água (m)
v = velocidade do fluxo (m.s-1)

Q = b.h.v b = Q/v.h

Onde: b – largura do canal de seção retangular


Medidores de vazão
Calha Parshall – medidor de vazão que através de
estrangulamento e ressaltos, estabelece uma relação
entre a vazão do fluxo e a lâmina d’água naquela
seção.
São instalados após a caixa de areia.

Vantagens da calha Parshall


Auto-limpeza, devido a velocidade do fluxo submetido a
regime crítico de escoamento;
Perda de carga desprezível;
Capacidade de manter proximamente constantes as
velocidades de escoamento;
Excelente medidor de vazões.
Medidores de vazão
Tabela - Dimensões padronizadas da calha Parshall (mm)

W A B C D E F G K N
76 466 457 178 259 381 152 305 25 57
152 621 610 294 393 457 305 610 76 144
229 880 864 380 575 915 610 457 76 229
305 1370 1340 601 845 915 610 915 76 229
610 1525 1496 915 1207 915 610 915 76 229
915 1677 1645 1220 1572 915 610 915 76 229
1220 1830 1795 1525 1938 915 610 915 76 229
1830 2135 2090 2135 2667 915 610 915 76 229
2440 2440 2392 2745 3400 915 610 915 76 229
Medidores de vazão

Cálculo da vazão utilizando a calha Parshall


Q = K.hn
Q – m³.s-1
K e n – coeficientes tabelados
h – altura da lâmina d’água no ponto de medição

Equação proposta por Azevedo Netto, 2000


Q = 2,2 W.h 3/2 h = [Q/2,2W)]2/3
W – largura da garganta da calha (m)
Tabela – Expoente n e coeficiente K

W Q min Q max Expoente n Coeficiente K


(mm) (L.s-1) (L.s-1)
76 0,85 53,8 1,547 0,176
152 1,52 110,4 1,580 0,381
229 2,55 251,9 1,530 0,535
305 3,11 455,6 1,522 0,690
610 11,89 936,7 1,550 1,426
915 17,26 1426 1,566 2,182
1220 36,79 1921 1,578 2,935
1830 74,40 2929 1,595 4,515
2440 130,7 3950 1,606 6,101
Exercícios:
1 - Para uma vazão média de 200L.s-1, verificada no projeto
de uma ETE, considerando uma vazão mínima de 100
L.s-1 e uma vazão máxima de 360L.s-1. Qual calha
Parshall deverá ser adotada pra medir a vazão ? Qual a
altura média correspondente ao ponto de medição ?

2 - Considerando uma vazão média de 50L.s-1 , vazão


mínima de 20 L.s-1 e uma vazão máxima de 60L.s-1.
Qual calha Parshall deverá ser adotada pra medir a
vazão ? Qual a altura média correspondente ao
ponto de medição ? Calcular a altura utilizando as
equações da calha Parshall e de Azevedo Netto.
Exercícios:
3 - Para uma altura média do ponto de medição de 0,45
m e considerando uma altura mínima de 0,30m e
uma altura máxima de 0,60m. Considerando W =
305 mm. Calcule as vazões mínimas, médias e
máximas da calha Parshall utilizando os dois
métodos e compare os resultados.

4 – Repetir o exercício 3 considerando W = 229 mm.


Controle de velocidade utilizando calha Parshall.

Calha Parshall deve ser instalada a jusante da caixa de


areia. O rebaixo Z mantem a velocidade de
escoamento inalterada e só é calculado se a caixa de
areia estiver após a grade.
O rebaixo Z é instalado em relação a soleira do vertedor
da caixa de areia.
Cálculo do rebaixo z:
Z = [(Qmax.hmin) – (Qmin.hmax)] / (Qmax – Qmin)

Exercícios:
5 - Calcular os rebaixos referentes aos exercícios 1, 2, 3
e 4.
Dimensionamento das caixas de areia a partir
da calha Parshall

Cálculo da largura b:
b = Q / (h – z).v

Cálculo do comprimento L:
L = 22,5 (h – z).

Exercícios
6 - Dimensionar o tamanho máximo das caixas de
areia dos exercícios anteriores
Operação das caixas de areia

Caixas de areia de limpeza manual:


• Medição da camada de areia
acumulada. Limpeza deve ser
realizada quando o material ocupar
metade do volume do canal;

• Isolamento da caixa de areia que


necessita de limpeza;

• Drenagem do efluente;
Operação das caixas de areia

Caixas de areia de limpeza manual:

• Remoção da areia retida e transporte para destino


adequado;

• Lavagem da câmara antes da reutilização;

• Análise da areia removida.


Operação das caixas de areia

Caixas de areia de limpeza mecanizada:

• Manter o equipamento livre de entulho;

• Lavar diariamente as paredes e os raspadores;

• Esvaziar e vistoriar a unidade pelo menos uma


vez por ano;
Perturbações na operação de caixas de areia

Sintoma A – Excesso de matéria orgânica no material


removido
Causas:
Velocidade demasiadamente baixa;
Tempo de detenção demasiadamente longo.

Prevenção e recuperação:
Reduzir a área da seção transversal da câmara da caixa
de areia
Perturbações na operação de caixas de areia

Sintoma B – Arraste de areia


Causas:
Velocidade demasiadamente alta;
Tempo de detenção demasiadamente curto.

Prevenção e recuperação:
Remoção com maior frequência da areia acumulada;
Aumentar a área da seção transversal da câmara.
Avaliação do desempenho de caixas de areia

È considerado o bom funcionamento da caixa de areia


nos casos em que os sólidos removidos possuem:
• Proporção de matéria sólida removida por unidade de
volume de água residuária tratada entre 0,002 e
0,004m³ de areia por 1.000m³ de águas residuárias
tratadas.

• Teor de sólidos voláteis máximo de 30 %.

• O teor de umidade entre 20 e 30%.


Medidas de segurança

• O ambiente das caixas de areia dever ser


ventilado;

• A área deve ser considerada explosiva;

• A área deve ser considerada como zona tóxica.

Você também pode gostar