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Dependência funcional

Dependência funcional:
Dados dois conjuntos de atributos A e B de uma entidade, diz-se que:
• B é funcionalmente dependente de A ou
• A determina B ou
• B depende de A,
se a cada valor de A estiver associado um, e só um, valor de B.

Se A determina B então B não é funcionalmente dependente de nenhum


subconjunto de A.
Uma dependência funcional é representada por :
A→B A – denominado Determinante

Exemplo de identificação de dependências funcionais:

N_funcionário Nome_Próprio Apelido Departamento


1021 Sofia Reis 900
1022 Afonso Reis 700
1023 António Cardoso 900

• Departamento → N_funcionário ?
Não pois Departamento 900 => {1021,1023}

• N_funcionário → Departamento ?
Sim pois se se conhecer o N_funcionário (atributo unívoco) é possível
determinar o Departamento (um funcionário só pode pertencer a um
departamento)

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 1


• Nome_próprio → N_funcionário ?
Não pois podem existir funcionários com o mesmo nome => podem
haver múltiplos valores de N_funcionário para o mesmo Nome_próprio

• N_funcionário → Apelido ?
Apesar de dois funcionários terem o mesmo apelido, se se conhecer o
N_funcionário determina-se um só Apelido

∴ N_funcionário → todos os restantes atributos

A Identificação de dependências funcionais não pode ser obtida apenas a partir da


inspecção de algumas instâncias, mas sim através das próprias propriedades dos
atributos.

Outro exemplo de identificação de dependências funcionais:

Papelaria Artigo Preço


Colmeia Caneta bic fina 150
Central Fita cola 300
Aguarela Borracha 215
Silva Caneta bic fina 175

• O preço é funcionalmente dependente de artigo (Artigo → Preço) ?


Não; o mesmo artigo pode ter preços distintos em diferentes papelarias

• O preço é funcionalmente dependente de papelaria (Papelaria → Preço) ?


Não; para cada papelaria há tantos valores para Preço quantos os
artigos vendidos nessa papelaria.

Preço depende funcionalmente de ambos {Papelaria, Artigo} → Preço

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 2


Normalização

O processo de identificação dos agrupamentos necessários e da localização


correcta de cada atributo consiste num conjunto de técnicas designadas por
normalização.

A normalização converte cada entidade gradualmente para “Formas Normais”,


através da aplicação sucessiva de regras que alteram o formato dos dados da
1ªForma Normal até à 5ª Forma normal.

Formas Normais

1ª Forma Normal
Uma relação está na 1ª forma normal (1FN) quando:
• os domínios de todos os atributos consistem apenas em valores atómicos
• não existem subgrupos de atributos repetidos

Passagem de uma entidade à 1FN:


Eliminar subgrupos repetidos, decompondo a relação em duas (ou mais) relações.

A B
A B C D
A C D

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 3


2ª Forma Normal

Uma relação está na 2ª forma normal (2FN) quando:


• estiver na 1FN;
• todos os atributos que não pertencem à chave dependem de toda a chave (e não
de um subconjunto da chave).

Passagem de uma relação à 2FN:

Separar os atributos que dependem de um subconjunto da chave, decompondo a


relação em duas (ou mais) relações.

A B C
A B C D
B D

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 4


3ª Forma Normal

Uma relação está na 3ª forma normal (3FN) quando:


• estiver na 2FN;
• os atributos que não pertencem à chave não dependem de nenhum atributo que
também não pertence à chave.

Passagem de uma relação à 3FN:

Separar os atributos que dependem de outro atributo não pertencente à chave,


decompondo a relação em duas (ou mais) relações.

A B C D
A B C D E
C E

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 5


Forma Normal Boyce Codd
Uma relação está na forma normal de Boyce Codd (FNBC) quando todo o
determinante da relação for uma chave candidata.

A FNBC corresponde a um grau de normalização mais elevado do que a 3FN e é


necessária quando:
• uma entidade tem várias chaves candidatas;
• as chaves candidatas são compostas;
• as chaves candidatas sobrepõem-se porque possuem pelo menos um atributo
em comum.

Exemplo de entidade que necessita da FNBC:

SEMINÁRIO ESTUDANTE INSTRUTOR Nº_PARTICIPAÇÕES


S1 1022 Reis 12
S1 3088 Couto 12
S2 1022 Pires 14
S2 4325 Guedes 14

• Cada seminário é dirigido por dois instrutores, mas um instrutor só pode


dirigir um seminário;
• Um estudante pode participar em mais do que um seminário mas é orientado
somente por um dos instrutores.

Chaves candidatas:
Seminário, Estudante
Estudante, Instrutor

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 6


Dependências funcionais Determinantes

Seminário, Estudante → Instrutor, Nº_participações São chaves


Estudante, Instrutor → Seminário, Nº_participações candidatas

Instrutor → Seminário Não é chave candidata

Passagem de uma relação à FNBC:


Separar o(s) atributo(s) que depende(m) do(s) atributo(s) que não é(são) chave
candidata, decompondo a relação em duas (ou mais) relações.

B C D
A B C D
C A
ou

A B D
A B C D
A C

No exemplo ficaríamos com as seguintes entidades:

Participante (Estudante, Instrutor, Nº_partipações)


Orientador (Instrutor, Seminário)

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 7


Considerações relativamente a normalização

A essência do processo de normalização consiste na decomposição sucessiva de


uma colecção de relações, sem perda de informação, com base num conjunto de
regras (formas normais).

Benefícios do processo de normalização:

• Estruturação da informação e melhoria da qualidade da representação


relacional;

• Eliminação das possibilidades de ocorrência de anomalias na manipulação


dos dados (que comprometem a sua integridade);

• Economia de espaço de armazenamento e de custos de manipulação


Exemplos de custos evitados: manipulação de maior volume de dados do que
os efectivamente necessários, actualização de dados redundantes, etc.)

• Potencia a estabilidade do modelo lógico relacional, ao aumentar a


capacidade de um modelo se manter inalterado face a mudanças que venham
a ser percebidas ou introduzidas no ambiente que tenha sido modelado;

⇒ Não é um processo com finalidade restritiva, mas sim com caracter


organizativo;

Principal limitação do processo de normalização:


Fragmentação da informação e suas consequências.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 8


Estratégias de Normalização

Alguns aspectos a ter em conta:


• O processo de normalização raramente percorre todas as formas normais (da
1FN à 5FN);

• Frequentemente, o analista reconhece, por experiência própria, que uma dada


entidade não está normalizada e coloca-a directamente na 3FN ou na FNBC;

• Uma estratégia muito usada consiste em normalizar para a FNBC em iterações


sucessivas, utilizando a análise de dependências funcionais.

Estratégia de decomposição usando a análise de


dependências funcionais

Desenvolver relação universal

Determinar todas as dependências funcionais

A relação S Modelo
está na FNBC ? Concluído
N

Decompor a relação em duas

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 9


Decomposição de uma relação com vista à obtenção de
relações na FNBC

• Consideramos a relação R (A, B, C, D, E, ...), que não está na FNBC;

• Procura-se uma DF C → D que seja responsável por a relação não estar na


FNBC;

• Criam-se duas relações: R1(A, B, C, E, ...) e R2(C, D);

• Verifica-se se R1 está na FNBC;

• O processo continua até todas as relações obtidas por decomposição estarem na


FNBC.

Diagrama de dependências funcionais

Notação Simbólica Diagrama de dependência funcional

#Produto
#Produto, #Fornecedor > Preço Preço
#Fornecedor

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 10


Exemplo de normalização usando a análise de dependências
funcionais

Existências Chave candidata:


#Produto, #Fornecedor
Tipo Q_alerta
#Produto
Preço Determinantes:
#Produto, #Fornecedor
#Fornecedor
#Produto
Morada
#Fornecedor
Telefone Tipo

Não está na FNBC porque existem determinantes que não são chave
Decompor a relação em duas

R1 Existências R2

Tipo Tipo Q_alerta


#Produto
Preço
#Fornecedor
Morada

Telefone
Chave candidata: Chave candidata:
#Produto, #Fornecedor Tipo

Determinantes: Determinantes:
#Produto, #Fornecedor Tipo
#Produto
#Fornecedor

Não está na FNBC Está na FNBC

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 11


R3 Chave candidata:
Existências #Produto
#Produto Determinantes:
Tipo #Produto
Está na FNBC

R4 Chave candidata:
Morada #Fornecedor
#Fornecedor Determinantes:
Telefone #Fornecedor
Está na FNBC

R5 Chave candidata:
#Produto, #Fornecedor
#Produto Determinantes:
Preço #Produto, #Fornecedor
#Fornecedor Está na FNBC

Modelo de dados final

R2 (Tipo, Q_alerta)
R3 (#Produto, Existências, Tipo)
R4 (#Fornecedor, Morada, Telefone)
R5 (#Produto, #Fornecedor, Preço)

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 12


Regras de inferência de dependências funcionais

Regras utilizadas para reduzir, ou alterar, um dado conjunto de dependências


funcionais num outro conjunto de DFs equivalentes.

Dado um conjunto de dependências funcionais, utilizando as regras de inferência,


é possível inferir quais são as dependências logicamente implicadas.

Algumas regras de inferência de DFs:

• Transitividade (T);

• Junção de Dfs (J);

• Decomposição de Dfs (D);

• Acrescento de atributos (A);

• Pseudotransitividade (P).

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 13


Transitividade

Se X→ Y e Y → Z, então X → Z é uma dependência transitiva.

Notar que:
• X → Z é uma DF válida;
• Se X → Y, Y → Z e X → Z pertencem todas a um mesmo conjunto de DFs,
então X → Z é redundante.

As DFs redundantes devem ser eliminadas antes de iniciar o processo de


decomposição.

Exemplo de eliminação de DF transitivas:

A B C A B C

D D
1) Conjunto original de DF 2) A→C é removida, uma vez que
A→B e B→C

A B C A B C

D D

3) D→C é removida, uma vez que 4) A→B é removida, uma vez que
D→B e B→C A→D e D→B

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 14


Junção de DFs

Se X → Y e X → Z, então X → Y,Z.

Exemplo:

Se: Então

Nome Nome
BI BI
Morada Morada

Decomposição de DFs

Se X → Y,Z então X → Y e X → Z.

Exemplos:

Se: Então

Nome Nome
BI BI
Morada Morada

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 15


Acrescento de atributos

O conceito de acrescento de atributos também gera DFs redundantes.


Duas situações:
• Se X → Y, então X,Z → Y é uma DF válida mas redundante;
• Se X → Y, então X,Z → Y,Z é uma DF válida mas redundante.

Exemplos:

A B A B
AZ-> B Z AZ-> BZ
Z acrescentada acrescentada
é redundante é redundante

Pseudotransitividade

Se X → Y e Y,W → Z então X,W → Z é uma DF redundante pseudotransitiva.

Exemplo:

Docente, Horário -> Sala


DF pseudotransitiva
(redundante)
Docente Horário

Sala
Disciplina

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 16


Cobertura Mínima

O conjunto de DFs obtidas através da remoção de todas as DFs redundantes é


designado por Cobertura Mínima.

A cobertura mínima pode depender da ordem pela qual as DFs redundantes vão
sendo eliminadas, pelo que o mesmo conjunto de DFs pode originar várias
Coberturas Mínimas.

A cobertura mínima deve ser obtida antes de se iniciar o processo de


decomposição.

Verificar o resultado final

• A mesma DF não deve aparecer em mais do que uma relação;

• O conjunto de DFs obtidas deve ser o mesmo existente na Cobertura Mínima


Inicial ou deve poder ser deduzido a partir deste usando as regras de inferência;

• Não devem existir relações redundantes.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 17


Propriedades da decomposição

A decomposição deve:
• deixar todas as relações na forma normal adequada (que não cause anomalias);
• preservar todos os atributos;
• preservar as dependências funcionais;
• conduzir a junção sem perdas (não aditiva).

Preservação de atributos
Cada atributo da Relação Universal deve aparecer em pelo menos uma das
relações R1, R2, ..., Rn, ou seja, não se pode “perder” atributos durante o processo
de normalização.

Preservação de DF
As dependências funcionais existentes entre os atributos da relação universal
devem aparecer directamente, ou devem poder ser deduzidas através das regras de
inferência, numa das relações R1, R2, ..., Rn.

Porquê preservar as DF ?
• As DF representam restrições e podem e devem ser usadas para garantir a
integridade;
• Se, após a normalização, uma dada DF não aparece directamente numa única
relação, deixa de ser possível verificar facilmente a restrição representada por
essa DF; Seria necessário fazer a junção de duas ou mais relações para poder
verificar essa restrição, o que se tornaria incomportável num sistema real.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 18


Violação da propriedade de preservação de DF: Exemplo

Lotes
ID_propriedade Concelho N_lote Área

Supor que:
• O número de identificação de cada propriedade é estabelecido a nível
nacional;
• As instâncias da entidade só contemplam 2 concelhos: Coimbra e Soure;
• As áreas dos lotes em Coimbra só podem ser de 500, 700 ou 1000 m2;
• As áreas dos lotes em Soure só podem ser 1200 m2;

DF´s:
a) ID_propriedade → todos os atributos
b) Área → Concelho
c) N_lote, Concelho → Área
d) N_lote, Concelho → ID_propriedade

Utilizando a FNBC obtém-se:


Lotes
ID_propriedade N_lote Área Área Concelho

As DF c) e d) perderam-se no processo de decomposição.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 19


Junção sem perdas ou junção não aditiva

Se a decomposição preserva informação da relação inicial, a junção da projecção


das instâncias originais deve produzir as instâncias iniciais, pois:
• a decomposição de uma relação em várias relações normalizadas não pode levar
a perda de informação;
• há perda de informação quando, após o processo de normalização, há o risco de
a junção das relações dar origem a registos espúrios (com informação errada).

Esta propriedade é também chamada junção não aditiva (JNA) porque garante que
a operação de junção não gera registos adicionais contendo informação errónea.

Violação da propriedade da junção não aditiva: exemplo

Proj_Emp
Nome_emp BI Nproj Nomeproj Local Horas
José 1154324 1 Hércules Coimbra 200
José 1154324 2 Viriato Viseu 35
Maria 5367222 3 Safira Braga 120
Sofia 2373672 1 Hércules Coimbra 80
Sofia 2373672 2 Viriato Viseu 70
Marta 6263533 2 Viriato Viseu 100

DF
{BI→NomeE Nproj→NomeP, Local BI, Nproj → Horas}

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 20


Decompondo a relação Proj_Emp nas relações Emp_Locais e Proj_Emp1, ou seja,
projectando a relação universal segundo (Nome_Emp, Local) e (BI, Nproj,
Nomeproj, Local e Horas), obtém-se:

Emp_Locais Proj_Emp1
Nome_emp Local BI Nproj Nomeproj Local Horas
José Coimbra 1154324 1 Hércules Coimbra 200
José Viseu 1154324 2 Viriato Viseu 35
Maria Braga 5367222 3 Safira Braga 120
Sofia Coimbra 2373672 1 Hércules Coimbra 80
Sofia Viseu 2373672 2 Viriato Viseu 70
Marta Viseu 6263533 2 Viriato Viseu 100

A junção das duas relações Emp_Locais e Proj_Emp1, é efectuada a partir do


atributo comum, ou seja, Local, combinando todas as instâncias, das duas relações,
que possuem o mesmo valor para o atributo Local.

O resultado da referida junção, apresentado parcialmente, é o seguinte:

Nome_emp BI Nproj Nomeproj Local Horas


José 1154324 1 Hércules Coimbra 200
José 2373672 1 Hércules Coimbra 80 !
José 1154324 2 Viriato Viseu 35
José 2373672 2 Viriato Viseu 70 !
José 6263533 2 Viriato Viseu 100 !
Maria 5367222 3 Safira Braga 120
... ... ... ... ... ...

! exemplos de registos espúrio


2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 21
Algoritmo de verificação da propriedade de junção
não_aditiva (JNA)

Violação da JNA: Exemplo

DF
Proj_Emp (BI, NomeE, Nproj, NomeP, Local, Horas) BI→NomeE
Emp_Local (NomeE, Local) Nproj→NomeP, Local
Proj_Emp1(BI, Nproj, NomeP, Local, Horas) BI, Nproj → Horas

1ºPasso
Construir uma matriz S que terá nas colunas os atributos da relação universal e nas
linhas os nomes das relações de decomposição.

BI Nproj NomeP Local Horas


Emp_Local
Proj_Emp1

2ºPasso
Marcar os atributos de cada relação de decomposição com ai, sendo i o nº do
atributo.
BI NomeE Nproj NomeP Local Horas
Emp_Local a2 a5
Proj_Emp1 a1 a3 a4 a5 a6

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 22


DF
Proj_Emp (BI, NomeE, Nproj, NomeP, Local, Horas) BI→NomeE
Emp_Local (NomeE, Local) Nproj→NomeP, Local
Proj_Emp1(BI, Nproj, NomeP, Local, Horas) BI, Nproj → Horas

3ºPasso
Repetir
Para cada DF X→Y
Se (existe alguma linha na matriz S com os dois conjuntos de atributos X e
Y, todos marcados com a´s) então
Para cada linha da matriz S
Se (os atributos contidos em X estão marcados com a´s) então
Marcar com a´s todos os atributos contidos em Y
fim se
fim para
fim se
fim para
Até ((existir uma linha só com a´s) ou (não haver alterações na matriz))

BI NomeE Nproj NomeP Local Horas


Emp_Local a2 a5
Proj_Emp1 a1 a3 a4 a5 a6

Não há alterações na matriz, nem nenhuma linha só com a´s ⇒ viola JNA

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 23


Verificação de JNA: Exemplo

Proj_Emp (BI, NomeE, Nproj, NomeP, Local, Horas) DF


Emp (BI, NomeE) BI→NomeE
Proj (Nproj, NomeP, Local) Nproj→NomeP, Local
Trab_em (BI, Nproj, Horas) BI, Nproj → Horas

1ºPasso e 2ºPasso
BI NomeE Nproj NomeP Local Horas
Emp a1 a2
Proj a3 a4 a5
Trab_em a1 a3 a6

3ºPasso
• BI → NomeE
BI NomeE Nproj NomeP Local Horas
Emp a1 a2
Proj a3 a4 a5
Trab_em a1 a2 a3 a6

• Nproj→NomeP, Local
BI NomeE Nproj NomeP Local Horas
Emp a1 a2
Proj a3 a4 a5
Trab_em a1 a2 a3 a4 a5 a6

Linha só com a´s ⇒ verifica JNA

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 24


O processo de decomposição (feito intuitivamente) pode dar origem à violação da
propriedade da JNA.

Haverá algum algoritmo de decomposição que garanta essa propriedade?


Sim, mas é usado raramente porque:
• é bastante complexo;
• tem como ponto de partida a cobertura mínima, pelo que não é
determinístico, pois para o mesmo conjunto de atributos pode haver várias
coberturas mínimas;
• é praticamente inviável para grandes projectos.

A solução mais utilizada

• Construir o modelo conceptual de dados (DER);


• Derivar o modelo lógico a partir do modelo conceptual;
• Verificar o resultado usando a teoria da normalização (ver se as relações estão
na FNBC ou superior);
• Verificar se as seguintes propriedades são respeitadas:
- preservação dos atributos;
- preservação das dependências funcionais;
- verificação de junções não aditivas.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 25


Formas mais avançadas de normalização

• Quarta Forma Normal (4FN);


• Quinta Forma Normal (5FN);
• Outras (não abordadas).

Formas Normais Tipo de dependências em que se baseiam


1FN
2FN Dependências funcionais (e chave primária)
3FN
FNBC Dependências funcionais (e chaves candidatas)
4FN Dependências multivalor
5FN ou FNPJ Dependências de junção

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 26


Dependências Multivalor

Uma dependência multivalor (DM) é outro tipo de dependência entre dados que
consiste em associações de muitos para muitos entre atributos.

Exemplo: Uma pessoa (Id_pessoa) pode ter vários números de telefone


(N_telefone) e um número de telefone pode ser partilhado por várias pessoas.

DF
• Id_pessoa → N_telefone
As DF são falsas
• N_telefone → Id_pessoa

⇒ Existem situações que não podem ser explicadas por DF.

A forma correcta de representar esta situação é através da dependência


multivalor (DM) :

Id_pessoa →→ N_telefone

e diz-se que N_telefone é funcionalmente multidependente de Id_pessoa, ou, que


Id_pessoa multidetermina N_telefone.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 27


Dependência Multivalor: Exemplo de situação clássica

• As DM são uma consequência da 1FN que não permite que um atributo tenha
um conjunto de valores;

• Se tivermos um ou mais atributos multivalor independentes na mesma relação,


temos de os repetir, gerando todas as combinações entre os atributos, para
manter as instâncias consistentes.

Funcionário Projecto Dependente


Pires Alfa Rita Funcionário →→ Projecto
Pires Alfa João Funcionário→→ Dependente
Pires Alfa Ana
Pires Beta Rita e
Pires Beta João Projecto e Dependente
Pires Beta Ana sem relacionamento

→→B, então também existe A→


Numa relação R {A, B, C} se existe a DM A→ →→C
(ou seja, A→→ R-AB). Como neste caso, as DM surgem sempre aos pares e
representam-se por: A →→ B | C

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 28


Dependência Multivalor: Definição informal

Sendo A, B, e C subconjuntos do conjunto de atributos da relação R, diz-se que


→→B se e só se o conjunto dos valores de B que corresponde a um dado
A→
conjunto de valores de um par (A, C) depende unicamente do valor de A e é
independente do valor de C.

Se A →→ B | C, então a relação deve conter todas as combinações possíveis dos


dois conjuntos de valores de B e de C, associados ao mesmo valor de A.

Dependências funcionais e dependências multivalor


• Muitas vezes é possível exprimir o mesmo facto através de DF ou de DM;
• Deve representar-se primeiro todas as DF;
• Só no caso de as DF se mostrarem insuficientes para representar certos
factos, é que se deve procurar as DM.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 29


Dependências Multivalor e 4ª Forma Normal

• Uma relação na FNBC pode ainda conter redundância;


Exemplo: R(Funcionário, Projecto, Dependente)
• A decomposição não se pode basear em DF (pois não existem DF na relação).

⇒ É necessária uma regra para o tratamento destas situações, que possa ser
usada para decompor a relação sem perda de informação.

4ª Forma Normal (4FN): Definição informal


Uma relação está na 4FN se para qualquer DM X→→Y a relação não tem outros
atributos para além dos que fazem parte de X e de Y.

Passagem de uma relação à 4FN:


Separar os atributos multidependentes, decompondo a relação em duas relações.

Exemplo:
A relação R decompõe-se em duas relações na 4FN:

Func_proj Func_dependente
Funcionário Projecto Funcionário Dependente
Pires Alfa Pires Rita
Pires Beta Pires João
Pires Ana

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 30


Formas Normais e Dependências Multivalor

Exemplo: Se um representante representa um conjunto de produtos e se possui um


dado conjunto de clientes, então este vende esses produtos a esses clientes.

Revendas
Representante Cliente Produto
1 Martins Sá e filhos Louça Chave da relação
2 Martins Sá e filhos Talheres Representante, Cliente, Produto
3 Martins DMI, Lda Louça
4 Martins DMI, Lda Talheres Está na FNBC, mas tem
5 Castro Sá e filhos Cintos redundância
6 Castro Sá e filhos Meias
7 Castro Sá e filhos Lenços A redundância resulta de:
8 Castro YSL Cintos Representante→→Cliente
9 Castro YSL Meias Representante→→Produto
10 Castro YSL Lenços

De acordo com a 4FN, a relação Revendas decompõe-se em duas relações:

Clientes_Representante Representação
Representante Cliente Representante Produto
Martins Sá e filhos Martins Louça
Martins DMI, Lda Martins Talheres
Castro Sá e filhos Castro Cintos
Castro YSL Castro Meias
Castro Lenços

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 31


Dependências de Junção

Supondo que se acrescentava à relação Revendas a restrição que indica que uma
dada loja só revende certos produtos:
Por exemplo, a loja Sá e filhos não vende talheres nem Meias e a loja YSL não
vende Cintos. Neste caso:
• as instâncias nº 2, 6 e 8 seriam retiradas pois deixariam de existir;
• a decomposição de Revendas em duas relações (4FN) não se alterava;
• a decomposição de Revendas em duas relações (4FN) violaria a propriedade
da junção não aditiva, aparecendo os registos retirados como espúrios;
• a DM Representante→→Produto | Cliente, deixa de ser verdadeira.

As DM são uma tentativa de detectar decomposições sem perdas que se apliquem


a todas as relações de um dado esquema. Se não é possível reconhecer qualquer
DM em R, não existe decomposição sem perdas em duas relações.

No entanto, o facto de R não se decompor sem perdas em 2 relações não significa


que R não se decompõe sem perdas em 3 ou mais relações. Isto porque existem
dependências directamente associadas a decomposição sem perdas,
denominadas dependências de junção.

Dependências de Junção (DJ)


Uma DJ, representada por DJ(R1, R2, ..., Rp) ou por *[R1, R2, ..., Rp], especifica
uma restrição das instâncias de R, e define que as instâncias de R têm uma
decomposição sem perdas em R1, R2, ... e Rp.

Note-se que, uma DM X→→Y é um caso particular de uma DJ com p=2


representada por *[ XY , X ( R - XY )]

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 32


Dependências de Junção e 5ªForma Normal (5FN) ou Forma
Normal de Projecção Junção (FNPJ)

Com a introdução de uma restrição que indica que uma dada loja só vende certos
produtos é necessário definir a seguinte DJ[R1, R2, R3] sendo:
R1(Representante, Cliente), R2(Representante, Produto) e R3(Cliente, Produto).

Clientes_Representante Representação Vendas_Clientes


Represen. Cliente Represen. Produto Cliente Produto
Martins Sá e filhos Martins Louça Sá e filhos Louça
Martins DMI, Lda Martins Talheres Sá e filhos Cintos
Castro Sá e filhos Castro Cintos Sá e filhos Lenços
Castro YSL Castro Meias DMI, Lda Louça
Castro Lenços DMI, Lda Talheres
YSL Meias
YSL Lenços

A junção deve ser aplicada, simultaneamente, a todas as relações, pois a junção de


qualquer par de relações pode dar origem a registos espúrios.

A aplicação da 5FN consiste em encontrar a DJ *[R1, R2, ..., Rp] que permite
decompor uma relação sem perdas.

Note-se que, os casos que necessitam da 5FN são raros e difíceis de detectar, pois
resultam da existência de regras ou condições especiais, que tornam algumas
instâncias inválidas.

2.4 -TM Dados: Dependências entre atributos e normalização 33

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