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NOVOS HORIZONTES VIRTUAIS: a historiografia recente a

respeito do meme de internet.

FREITAS, Leôncio Alencar Mateus de1

TEMA
este trabalho se oriunda da pesquisa para a produção de uma dissertação de
mestrado profissionalizante em ensino de história que aborda o Meme de internet
como objeto de estudo e ferramenta didática no processo de aprendizagem, e
tem por tema o levantamento da produção acadêmica a respeito do Meme de
internet.
PROBLEMA
Existem trabalhos acadêmicos que problematizam o fenômeno dos memes? se
sim, no que estes trabalhos focam? Os professores de história utilizam memes
na sala de aula? Como a teoria lida com essa nova forma de linguagem? o meme
é uma forma de linguagem que promove acesso á entretenimento e informação;
muito utilizado pelos jovens do mundo e principalmente do Brasil. os professores
que estão atualmente em sala de aula certamente concordam que uma das
maiores dificuldades é fazer com que o aluno se sinta atraído pela sua matéria,
no caso especifico da história, pode se tornar um tanto quanto complicado
“trazer” a disciplina para a vida atual do estudante, para algo que lhe faça sentido
no presente. Pensamos que os memes “não são simples “coisas”, uma vez que
fazem parte dos fazeres humanos, englobam saberes, aprendizados,
ensinamentos e simbologias de várias naturezas” (SILVA E FONSECA, 2007, p.
71). Estudar e utilizar memes é trabalhar com a história imediata, como entende
Marcos Silva e Selva Guimarães, onde os exemplos da cultura material são
quase infinitos e as possibilidades de ensino e aprendizagem se expandem,
permitindo a compreensão de diferentes sujeitos, culturas e fatos (SILVA E
FONSECA, 2007, p. 69).
OBJETIVOS
Promover um levantamento bibliográfico e uma discussão a respeito do
fenômeno, e da utilização do Meme de internet como objeto de estudo.
Analisar a bibliografia existente sobre a utilização do meme no ensino da
disciplina de história.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Na web os internautas brasileiros se consideram os melhores “fabricadores de
memes” do mundo. O estilo caiu tanto no gosto popular que não se passa um

1
Licenciado em História - Faculdade de Mato Grosso - Unemat/Cáceres
dia sem que recebamos nos nossos avançadíssimos aparelhos celulares uma
enxurrada de memes. Esses objetos virtuais também comportam uma
característica muito pertinente de apresentar uma ideia, acontecimento ou
qualquer informação de maneira rápida e eficiente, ao “bater o olho” em um
meme, é possível que, o sujeito rapidamente entenda a ideia por de trás da mídia
(seja um meme em imagem, som ou vídeo). Isso ocorre, talvez, por que um
meme para “viralizar”, para funcionar de fato e se replicar, precisa estar
sintonizado com as coisas do cotidiano da população em geral.

Ao tratarmos de memes da internet e da sua utilização, ou como ferramenta


didática ou como fonte, estamos tratando de cultura material.

Quando se fala em cultura material, a primeira imagem que


se forma é a do mundo dos objetos fisicamente palpáveis,
tridimensionais: instrumentos de trabalho, utensílios
domésticos, roupas, alimentos etc. Isso não é um erro, mas
pode conduzir a equívocos: supor que a cultura material se
encerra ali, que outras manifestações culturais são
marcadas pela pura e imediata “imaterialidade” (SILVA E
FONSECA, 2007, p. 70-71).
A utilização dos memes da internet ajuda ainda a acionar a memória do aluno,
dessa forma, o professor de História estará trabalhando com a cultura material
do tempo presente (o próprio meme) e a cultura imaterial, as sensações,
memórias e saberes que aquele objeto desperta.

A contrapartida desses artefatos é o mundo da cultura, que


não se configura imediatamente em objetos: uma prece,
um desejo, uma lembrança, um medo ou um sonho, por
exemplo. Mas, sendo também de e para pessoas, esse
mundo se manifesta materialmente, tanto naqueles objetos
como nos próprios corpos humanos – sensação físicas (frio
na barriga, calores pelo corpo todo, relaxamento, euforia)
(SILVA E FONSECA, 2007, p.71).
Entretanto é preciso atentar-se ao fato de que os memes da internet, como
qualquer outra imagem, não se fizeram espontaneamente, nem estão lá por
acaso. Os memes são elaborados por algum individuo ou grupo. É preciso estar
claro para o professor, e principalmente para o aluno que vai trabalhar com os
memes, que estes não ilustram e nem reproduzem a realidade tal como ela é,
eles a constroem a partir de uma linguagem própria que é produzida e depois
reproduzida num dado contexto histórico (SALIBA, 2004 P. 119).
Os trabalhos acadêmicos citados nesse artigo que utilizaram o memes como
objeto de estudos, na sua maioria, o utilizaram como ferramenta didática para
expor, explicar, elucidar um conteúdo clássico, como por exemplo, o nazismo na
Alemanha ou a colonização do Brasil.

É preciso ter em mente por parte do professor de história que o mau uso de
imagens “pode implicar, inclusive, destruir significados estáveis, desmontar
sentidos estabelecidos, desmistificar ilusões ou mitos já cristalizados (SALIBA,
2004 p. 120). Nós, profissionais da educação, necessitamos estar sempre
atualizados com as mudanças de habito e costumes da sociedade, afinal de
contas nosso objeto de trabalho é o ser humano e, na maioria das vezes os
jovens; estes vivem conectados com as mudanças que, cada vez mais rápidas,
criam tendências, fazem moda, ensinam, informam, mas também desinformam.

Estamos mais habituados a alguns recursos clássicos no


ensino dessa disciplina: livros didáticos e paradidáticos,
aulas expositivas. Já introduzimos mais frequentemente
filmes e vídeos como complemento de nossas aulas. É
claro que continuaremos a usar aqueles livros, bem como
a ministrar aulas expositivas. Falta afirmar mais claramente
a universalidade de materiais e linguagens nesse
processo, que nunca prescindirá dos mais tradicionais
como veículos e instrumentos de análise (SILVA E
FONSECA, 2007, p. 86).

METODOLOGIA
A metodologia adota para este trabalho foi a quantitativa e qualitativa, foram
levantados nove trabalhos acadêmicos que tem no seu título a palavra meme. A
pesquisa foi realizada na internet em páginas de pesquisa e em acervos digitais
universitários como o acervo do programa de pós-graduação em arte e cultura
visual PPGACV/UFG e as dissertações do Mestrado Profissionalizante em
história o ProfHistória.
RESULTADOS
Após um levantamento bibliográfico sobre o problema dos memes compreendi,
com muito agrado, que esse é um assunto que já está sendo tratado pelos
professores de história da educação básica e pelos acadêmicos do nível da
graduação e pós. Dos resultados encontrados separei nove trabalhos sendo oito
artigos científicos e uma dissertação de mestrado. Nem todos os trabalhos tem
a História como disciplina norteadora, o que demonstra o quanto o assunto
“meme” é volátil, pode ser trazido para o debate em muitas disciplinas. Muitos
dos trabalhos que pude apurar no levantamento produzido demonstram uma
preocupação com a inovação dos métodos de ensino e da transposição didática
do conteúdo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Gostaria de deixar registrado aqui os trabalhos que foram utilizados para
realização desse presente artigo, foram de suma importância para a reflexão,
ponderação e escrita. Como já foi dito a maioria dos trabalhos sobre memes que
foram e estão sendo realizados, tomam este como uma ferramenta pedagógica,
no entanto, essa não é, como se viu, a única forma de trabalhar com esse
instigante objeto. O leitor que se interessar sobre o tema após o contato com
esse artigo, pode se aprofundar um pouco mais com trabalhos (além dos já
citados) como o artigo: “O uso de memes como ferramenta facilitadora no
processo ensino-aprendizagem” dos estudantes de biologia da UFPE Luan
Marques da Silva, klayton Carvalho dos Anjos, Márcia Maria da silva e Heitor
Ayres Belo França. “O sequestro do imaginário e a escrita da história: o caso dos
memes históricos e as recepções do Nazismo”, da Caroline Alves Marques
Mendes e Marcella Albaine Farias da costa. “O meme como expressão popular
no ensino de arte: alguns pensamentos e conceitos base do projeto de pesquisa
EVMS”, de Felipe Aristimuño. “Ensino de história e memes: reflexões a partir de
uma experiencia com uma turma de ensino fundamental da Fabiana Dantas. Por
fim o artigo: A construção do conhecimento histórico a partir da produção de
memes da Alessandra Michelle Alvares Andrade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Marcos; FONSECA, Selva Guimarães. Ensinar história no século XXI:
em busca do tempo entendido. Campinas: Papirus, 2007.

SALIBA, Elias Thomé. Experiencias e representações sociais: reflexões sobre o


uso e o consumo das imagens. In. BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na
sala de aula. 9.ed. São Paulo: Contexto, 2004.
DAWKINS, Richard. O Gene Egoísta. Trad. Geraldo H. M. Florsheim. Ed. Itatiaia
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CAVALCANTI, Denise Peruzzo Rocha; LEPRE, Rita Melissa. Utilizando memes
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HORTA, Natália Botelho. O meme como linguagem da internet: uma perspectiva
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facilitadora no processo ensino-aprendizagem. V CONEDU – Congresso
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MENDES, Caroline Alves Marques; COSTA, Marcella Albaine Farias da. O
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experiencia com uma turma de ensino fundamental. II Jornada Ibero-Americana
de Pesquisas em Políticas Educacionais e Experiências Interdisciplinares na
Educação, Natal, 2017.

ANDRADE, Alessandra Michelle Alvares. A construção do conhecimento


histórico a partir da produção de “memes”. XXIX Simpósio Nacional de História.

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