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Duas crianças correndo ao lado de um rio, elas parecem se divertir até que chega um senhor e

as crianças param a sua frente. Ele toca sobre a cabeça das crianças, aparentemente fala
algumas palavras que não consigo ouvir daqui onde estou, mas pensando bem por que não
consigo escutar nada? Olho os pássaros ao meu redor... Eles cantam alegremente, mas seu
canto não chega aos meus ouvidos... Os galhos das árvores balançam ao vento assim como o
cabelo das crianças... Mas o som do vento e até mesmo o próprio vento, eu não os sinto...

Continuei pensando sobre isso até que meus pensamentos simplesmente sumiram ao ver o
ocorrido em minha frente, uma das crianças havia empurrado a outra no lago e, o mais
surpreendente de tudo, ela simplesmente ria disso. Como? Como uma criança pode fazer isso?
Ela não vai ajudar sua amiga que estavam brincando até agora pouco? São tantas perguntas...
Eu podia olhar ainda um sorriso largo no rosto do senhor... Por quê?

Tentei correr para ajudar a criança, mas eu não conseguia me mexer, a criança que se afogava
gritava por ajuda e lá estavam o senhor e a outra criança olhando tudo e então foi que notei...
Porque não podia ouvir os pássaros, o vento, a água, mas aquela gargalhada invadia meus
ouvidos e lá ficava ecoando eternamente.

Como ultima esperança gritei pela criança que se afogava no intuito de ajudá-la e... Minha
voz... Minha voz não saia, entrei em agonia, o medo me corroia de dentro pra fora, nada fazia
sentido. Mas então tudo parou... o vento... os pássaros... a água... a criança havia sumido por
dentre as correntezas. Gritei numa última vez e a criança a beira da água olho para mim, pela
primeira vez vi seu rosto e desejei nunca mais ver, ela tinha um sorriso diabólico junto com
olhos dos quais se pareciam com janelas do inferno e uma expressão que demonstrava sede...
Sede por sangue.

A criança parecia ter me ouvido e vinha em minha direção trazendo consigo uma faca em uma
das mãos, eu tentava correr e não saia do lugar, eu tentava gritar e não tinha voz, eis então
que chegou a hora em que uma faca vinha em minha direção... TRIMMMMMM
TRIMMMMMM

―Ahhh? O que? ―um garoto desgrudava seu rosto da capa de um livro de geografia e um
pouco de baba saia de sua boca ―Ohhhh ―solta um longo bocejo enquanto limpava a baba
no canto de seu lábio.

―Kou você é sempre você não é? ―um garoto sentado à frente do recém acordado ria da
situação.

Bem esse daí é Miku Rumo, um grande amigo meu desde a infância, ele é alegre, agitado e
dedicado, para acompanhá-lo é necessária muita energia que é uma coisa que tenho falta em
meu corpo, mas para minha sorte ele sempre me esperava ou até me carregava... Ahh... Tenho
sorte de ter um amigo assim.

E esse outro dorminhoco aqui sou eu, Kou Kichi muito prazer, esse sempre é meu modo de
viver, mas não sou diferente de ninguém. Sou um aluno do 3º ano do ensino médio de uma
escola pública de educação até que boa, tenho longas e tediosas aulas de história, irritantes
aulas de português e até a aula do “onde vou usar isso na minha vida?” de matemática. Mas
não pense que sou o tipo de aluno que pensa nisso, eu sei que devo me esforçar para ter uma
renda futura, um bom emprega e uma boa família, mas isso é tão cansativo.

―Miku me deixe em paz... Que horas são? Intervalo?

―Quem dera haha, isso foi há 45 minutos, você dormiu durante todo ele.

―O que? Por que não me acordou? Não tem pena de mim?

―Haha, você estava tão “bonitinho” dormindo, haha.

―Só não te bato por que meu braço não chega até ai.

―Kou... Kou o de sempre, hehehe.

Olha só mais alguém que sabe meu nome, esta é Karin Moshi, outra amiga de infância que
costumava brincar comigo e Miku quando éramos pequenos. Ela é exatamente como o Miku e
ainda por cima é muito mandona, combina exatamente com ele e não é coincidência serem
namorados, feitos um pro outro.

―Oi... Ohhhhh... Karin. ―Espreguiça-se Kou durante um longo bocejo ―”Por que as pessoas
gostam tanto de se meter no que os outros estão fazendo?” Eu li isso em algum lugar...
Hmmm... Adéqua-se perfeitamente em minha vida. ―Pensa por um instante e logo solta outro
bocejo.

―Oi senhor soneca ― Karin senta-se sobre a mesa de Miku ―Por que não tenta mexer-se um
pouco, talvez ser vivo uma vez na vida. Quando éramos pequenos você era o que mais corria
na beira do rio, lembra?

― Eu mudei tanto assim? ―Pensei comigo ―Rio...? O RIO ―acabei por gritar sem perceber.

―Nossa o rio te entusiasma até agora? ―fala debochadamente Miku.

―Não é isso... É que... Pensando melhor não é nada. ―um sorriso desajeitado e posto ao final
da frase ―Esses pesadelos já estão me importunando há um tempo e não sei o porquê, não
devo preocupá-los com isso ainda mais com a chegada dos exames finais. ―Era o meu
pensamento neste instante.

Uma garota entra correndo pela porta, pega Kou pela manga e o puxa para fora da sala o
arrastando pelo corredor. Todos ao redor olham, mas até que pareciam acostumados com
isto, alguns até que ainda riam e outros nem se quer olhavam mais, era como algo cotidiano
na escola.

―O - Olá Tekichi, será que poderíamos ir pelo elevador?

―Não, vamos pelas escadas para você aprender a nunca mais me deixar esperando no
intervalo. Tínhamos combinado de nos encontrar em todos os intervalos no térreo. Até parece
que você não se preocupa comigo. ―a garota bufa no final dando um ar de tristeza e raiva.
―Não é isso, é que. ―a fala para do nada ―Se eu disser que estava dormindo serei
esfaqueado e pendurado na bandeira da escola. ―fala consigo mesmo Kou. ―É que eu estava
com problemas em geografia e Miku estava me ajudando.

―Isso não me importa, vamos subir até lá agora.

―Mas e a aula? É hoje que teremos a reunião sobre a viagem correto?

―É verdade, obrigado por ter me lembrado de algo tão importante meu querido Kou. ―uma
voz apaixonada sita o nome do garoto.

―Obrigado Deus! Lembrei-me da reunião justamente na hora certa, consegui me salvar das
escadas. ―Comemorava dentro de si Kou.

A garota solta a manga de Kou que fica escorado em um degrau da escada e volta pelo
corredor em direção a sua sala de aula, ela da uma corridinha e para olhando para trás com
uma feição assustadora.

Deus me ajude, não sei se tenho sorte por ter ela ou azar, esta é Tekichi Katemo, dita por
todos como a mais linda da escola e eu concordo com isso, mesmo não parecendo ela é gentil
mesmo sendo muito forte e durona, mas é por causa de ser muito carente e não sou o cara do
tipo de dar muito atenção não importa a oque seja por isso acho que ela escolheu o cara
errado para namorar

―Vamos Kou, não ira perder a reunião correto?

Kou levanta-se e caminha lentamente pelo corredor, passava e admirava o exterior através das
janelas, olhava para o pátio da escola e se perdia em meio aos pensamentos. Como todo
descuidado ele andava olhando para o lado e acaba por bater em alguém pelo seu caminho,
todos os livros desta pessoa caem ao chão.

―Desculpe-me, mil desculpas estava descuidado.

―Eu sei, você sempre é assim. Hihi. ―a garota da uma fina risada e cora um pouco.

―Ahh...? ―Kou se aproxima muito do rosto da garota o que a faz cair pra trás e ficar ainda
mais corada.

―Não se aproxime tanto Kou. ―fala a garota enquanto pega um dos livros espalhados pelo
chão e esconde seu rosto por detrás dele. ―Não se lembra mais de mim? Não faz nem uma
hora que nos falamos. Hihi.

―Ahh! Meka como poderia me esquecer... Deixe eu te ajudar com esses livros e vamos pois
teremos aquela reunião ainda.

―Hihi. Você não quer ir né?

―De maneira alguma, mas farei este sacrifício pela turma.

―Hihi. Seu bobo, até parece um herói de um Shounen*.


―Sim, está era a idéia. Irei salvar agora o meu vilarejo e me tornar o Taitokaige*

―Hihi. Só você mesmo para falar estas coisas, vamos lá agora então grande Naturo-sama.

Ai está à pessoa que eu me lembro de conhecer a mais tempo além de meus pais, Meka
Meikaki, a simpatia em pessoa além de ser extremamente meiga e sempre parar para ouvir
minhas bobagens, nós lemos mangás juntos desde que éramos pequenos e por isso nos
entendemos tão bem. Mas algo não entendo, por que fico animado somente quando estou
com ela se Miku também lê mangás comigo desde que somos pequenos?

Kou e Meka pegam os livros do chão e voltam para sala, chegando lá percebem que o
professor de matemática não estava querendo ceder sua aula para a reunião.

―Professor Mirika o senhor tem de entender que precisamos desta aula para decidirmos os
detalhes finais de nossa viagem da semana que vem.

―Eu em algum momento falei que não cederia a aula? Somente disse que para terem a aula
resolvam este simples problema proposto aqui no quadro.

“Num determinado ponto do espaço, existe um campo elétrico, cuja direção é vertical e
sentido para baixo. Colocando-se neste ponto da carga elétrica positiva de 3µC, ela ficará
submetida a uma força elétrica de 6N. Determine o módulo (valor numérico) da intensidade de
campo elétrico e diga também a direção e o sentido da força elétrica.”

―Mas professor está matéria não está nem no nosso conteúdo e nem é de matemática.

―Estas são minhas restrições.

Este discutindo com o professor é Shikuno Shikuari, ele é o representante da turma e a


segunda pessoa mais chata deste mundo, não gosto dele e ele não gosta de mim.

E o outro é o professor Mirika, nosso professor de matemática que neste momento acho que
ele está pensando que somos alunos de algum curso técnico sobre eletricidade, também não
gosto dele mesmo ele sempre dizendo que tenho muito potencial e grande futuro. Esta é a
pessoa mais chata do mundo.

Shikuno desiste de tentar convencer o professor e se senta. Kou e Meka estavam dirigindo-se a
seu lugar quando Mirika puxa a manga de Kou e o entrega o giz, todos na turma ficam com
uma enorme duvida explicita em seus rostos, exceto os três amigos de infância de Kou. E lá
estava Kou encarando o giz com um olho e o outro no professor.

―Kou mostre-nos como fazer este problema, por favor.

―Não to afim. ―um desanimo total segue junto da voz.

―Professor sem querer ofende-lo, mas de todos presentes nesta sala o com menos chances
de resolver o problema é o senhor soneca. ―segurando sua risada enquanto tentava falar,
Shikuno o representante.
―Shikuno não acho que esteja certo, só acho que Kou esteja gastando suas energias focando
em seu grande futuro.

―Por que sempre acabo nestas situações...? ―pensante Kou ia até o quadro e começava a
escrever com um giz.

Cerca de três minutos depois a expressão de duvida torna-se de espanto. Logo abaixo do
enorme problema estava escrito alguma espécie de cálculo que não se conseguia ver muito
bem, pois Kou estava voltando do quadro. Quando ele se aproxima da mesa de Shikuno os
olhares se cruzam e o som de um giz sendo solto sobre a mesa pode ser ouvido perante o total
silêncio, o som de término do desafio proposto. Todos olham pro quadro e o espanto se torna
ainda maior.

Q = 3µC = 3.10−6C
𝐹 6𝑁
F = 6N 𝐸 = 𝑞 = 3.10−6 𝐶 E = 2. 106 N/C
E =?

O professor Mirika se aproxima do quadro e coloca um enorme certo em vermelho ao lado do


resultado do problema, pega seu material e retira-se da sala. Kou anda até seu lugar e senta-se
lá deitando o rosto sobre a mesa.

―Que confusão... ―o desanimo total seguido de um bocejo.

―Haha. Kou você continua o mesmo gênio de quando éramos pequenos. Haha.

―Senhor soneca, o grande gênio. Hehe.

―Missão rank A concluída com sucesso Naturo-sama.*

―Quem diria que o queridinho ainda teria tanto a me surpreender, sempre acreditei que
conseguiria.

―Eeee... Que tal jogarem fogos em minha homenagem? ―o desanimo somente aumentava e
Kou já quase caia no sono.

Kou é despertado pelo som de livros sendo batidos em uma mesa a frente de todos,
rapidamente ele olha pra lá e vê os “três poderosos” frente ao quadro. Shikuno Shikuari, o
representante; Ruki Mikusu, a vice-representante; Cikuari Modoshika, a tesoureira. A reunião
estava para começar e, para Kou, o tédio do inferno iria vir à tona.

―Após este ocorrido resolvido de maneira irônico demos inicio a reunião final antes de nossa
viagem de comemoração de nossa formatura e eu, Cikuari Modoshika, irei anotar tudo de que
for decidido durante esta reunião. Passo a palavra a nossa vice-representante.

―O-Olá a to - todos. Eu sou a vi – vice-represen – representante Kiru Kusumi, quero di – dizer,


Ruki Mikusu e passo a pa - palavra para nosso representante. ―a garota olhava ao seu redor e
tentava esconder, mesmo que impossível sua timidez e o fato de estar corada perante todos
da turma.
―Sem mais delongas, sou Shikuno Shikuari e vamos à reunião. Sobre o que falta discutirmos
seria a quantia de dinheiro que faltava reunir de nossa ultima rifa feita, este saco ira passar por
todas as classes e por gentileza coloquem o dinheiro ai dentro com o papel que tenha o seu
respectivo nome da rifa junto.

Um saco plástico passa por todos da turma que vão depositando seu dinheiro e rifas dentro do
mesmo. Com pressa por causa do pouco tempo que os restou o representante resolve
começar a falar novamente antes que o saco voltasse a ele.

―Então terminado isso nada mais será discutido e tudo está pronto, viajaremos daqui a uma
semana para a Montanha Rinmoto e ficaremos acampados ao ar livre por uma semana e então
voltaremos. Alguma objeção... ―Shikuno olha por todos os cantos da sala e não vê nenhum
braço levantado querendo questionar o decidido. ―Então podemos dar por encerrada a
reunião...

―Eu tenho uma objeção.

―Ahh? Senhor soneca? Espero que este prolongamento na reunião tenha uma justa causa.

―Não irei tomar muito tempo... Ohhhhh... Mas é só que hoje antes de vir para escola eu
acabei vendo em alguma vitrine de loja numa televisão que a semana que vem seria muito
chuvosa.

―O que? Você deve estar errado, nunca isto passaria despercebido pelo representante
Shikuno. ―o garoto estava perdendo a paciência ―Mas se for este o caso, por que não vamos
então ao começo do mês que vem?

―Tenho outra objeção... Ohhhhh... Nunca uma turma de 3º ano do ensino médio desta escola
viajou no mês de dezembro, você como representante deve saber que não ocorre coisas boas
quando se quebra as tradições não é? ―certo tom irônico pode ser interpretado da frase de
Kou.

―Você se acha esperto né? Por que não assume um lugar nos representantes ou até o meu
lugar senhor gênio preguiçoso?

―Por que é chato e cansativo. ―o tom desanimado volta a circundar Kou.

―VOCÊ SE ACHA ESPERTO SÓ PORQUE RESOLVEU AQUELE PROBLEMA? VOCÊ É SÓ MAIS UM


QUE DORME NAS AULAS E NÃO SERA NINGUÉM EM SUA VIDA FUTURA. ―Shikuno explode de
raiva.

―Shikuno... ―uma voz fina tímida é ouvida no meio dos berros do representante.

―FALE VIce... ―Shikuno diminui seu tom de voz aos poucos ao perceber que a garota esta se
assustando e até uma lágrima escorria de seu rosto ―Desculpe ter gritado.

―Sem pro – problemas ―Kiru faz uma pausa para enxugar sua lágrima ―Mas com todo res –
respeito, Kou está certo e a – acho que ninguém da – daqui gostaria de ir contra as tra –
tradições.
―Está bem, então quando iremos afinal?

―Amanhã e voltaremos daqui uma semana... Ohhhhh.

―Infelizmente não consegui impedir o jogo este ano... Seu maldito deve estar morrendo em
gargalhadas agora. ―Mirika falava baixinho enquanto escorava-se do lado de fora da sala ao
canto da porta ouvindo tudo.

―HAHAHAHAHAHAHA. Então o professorzinho não conseguiu convencer os alunos


novamente? O que será que teremos este ano heim? ―um sorriso maquiavélico e dois olhos
amedrontadores podem ser vistos na escuridão de uma floresta.

―Mesmo achando que está muito em cima, mas pela primeira vez concordo com o senhor
soneca. Partiremos amanhã após o almoço e iremos em direção a Montanha Rinmoto e
retornaremos daqui uma semana indo de acordo com as tradições, iremos seguir a rumo do rio
que corta nossa cidade.

―O rio... ―As lembranças do sonho e da infância voltam à mente de Kou enquanto reflete
sobre esta palavra.

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