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0 ESTILO
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A O D O M C A B R A L
GI A EMPRESARI AL
U N IE U R O
Procedim entos a serem observados ao u tiliz a r livro s:
• Não m an use a r livro s ou docum entos com as mãos sujas;
• M antê-los longe de plantas; aqu á ticas, guarda-chuvas,
capas m olhadas ou q u a lq u e r tipo de líq uido ;
• Não fu m a r ou re a liz a r refeições ju n to aos livro s ;
• Não u sar fita s adesivas,/ colas plásticas, gram pos e clipes
m etálicos nos d o cu m e n to s;
• Nunca u sa r ca rim b o s.
• Ja m a is u s a r caneta m a rc a -te x to , esferog rá fica ou
lápis, para fa z e r anotações, ou s u b lin h a r pa rtes do
texto. L e m b re -s e o liv ro é da com u nida de e não de uso
exclusivo se u. S u a s anotações so m e n te in teressa m a
você e não ao p ró x im o aluno que u tiliza rá a obra.
• Não faze r ano taçõ e s partiqplares em papéis avulsos e
colocá-los e n tre as p ág in a s de um liv ro . Eles deixarão
m arcas;
• Não dobrar o papel (o re lh a s), pois ocasiona o rom pim ento
das fib ra s use m arcadores próprios para liv ro s ;
• Ja m a is , nunca, em h ipótese algum a a rra n q u e ou
rasque pá gina s dos livro s.
• Não c a rre g a r o liv ro de q u a lq u e r form a , jo g a d o -d e n tro do
carro ou m o ch ila s;
Nunca m o lh a r os dedos com líquidos para v ira r as páginas
do livro, e sp e cia lm e n te com a sa liva , que é ácida e deteriora
o papel com o te m p o . O ideal é v ira r pela p arte su pe rio r da
folha;
• Não a p o ia r os co tovelos sobre os docum entos;
Não co la r in fo rm a çõ e s adicionais aos livros, mesmo que
sejam de g ra nd e im p o rtâ n c ia para sua prova.
N° Registro 008300
Data. 04/1211999
O ESTILO
BRASILEIRO DE
ADMINISTRAR
th;
nr
EDITORA ATLAS S.A.
Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campos Elisios)
Tel.: (011) 221-9144 (PABX)
01203-904 São Paulo (SP)
BETÂNIA TANURE DE BARROS
MARCO AURÉLIO SPYER PRATES
O ESTILO
BRASILEIRO DE
ADMINISTRAR
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS SA. - 1996
N.” 8300 23/03/97
© 1996 by EDITORA ATLAS SA.
Rua Conselheiro Nébias, 1384 (Campos Elísios)
01203-904 São Paulo (SP)
Tel.: (011) 221-9144 (PABX)
(q ZZ^ Í)
ISBN 85-224-1470-X
Bibliografia.
ISBN 85-224-1470-X
96-1034 CD D-658.00981
Spyer
Betânia
SUMARIO
.gradeamentos, 5
Atmrsentação, 9
P^fácio, 11
CONCEITOS BÁSICOS, 13
1.1 Estilo e cultura, 13
1.2 Sociedade e cultura, 15
1.3 Classificações da cultura, 17
1.4 Riscos metodológicos, 19
1.5 Conclusão, 21
Bibliografia, 145
APRESENTAÇÃO
Tão com uns aos nossos ouvidos, essas expressões ficam mais fáceis de ser
entendidas depois da leitura dessa obra. Não que ela seja simplesmente um a in-
10 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
Os Autores
1
CONCEITOS BÁSICOS
Na análise da dinâm ica que ocorre entre os traços identificados, haverá tam bém
um a contribuição da psicossociologia, auxiliando o entendim ento do com por
tam ento de um grupo quando afetado por outro.
Mesmo sabendo da ação determ inante e determ inada entre os aspectos cul-
rurais e a personalidade individual e de sua im portância para m elhor form atar
'o estilo brasileiro de administrar", reservamos esta vertente para um a comple-
m entação futura. Aspectos mais psicológicos, como o narcisismo, o m edo ou a
megalomania dos brasileiros, poderão ser citados apenas com a intenção de um
registro oportuno.
ticando um ato seguram ente baseado em padrões de com portam ento apreendi
dos e que não são o resultado apenas da herança biológica.
As várias sociedades hum anas encontram modos diferentes de fazer as mes
mas coisas e esta construção única e peculiar im pacta o processo de socialização.'
Este ocorre através da vivência das norm as que são formadas e repassadas de ge
ração em geração, quando se conhecem as escolhas, o que deve ser incluído ou
excluído nos modos de agir, pois existe um acordo tácito e, às vezes, até incons
ciente, en tre os m em bros das sociedades no sentido de não perm itir com porta
m entos conflitantes com aquele estilo de vida.
Estas colocações podem induzir a um a noção essencialm ente estática da
cultura de um a sociedade. Reforça esta noção a atitude de vários m em bros da
sociedade que se utilizam da cultura como um instrum ento de defesa quando
suas ações são criticadas. É típica a citação: "Não dá para m udar porque isto é
cultural." Esta reificação da cultura, ou seja, torná-la a única responsável pelos
acertos ou fracassos de um a sociedade, não corresponde à realidade dos fatos.
Para dem onstrar o lado dinâmico da cultura, podem os recorrer a um prin
cípio clássico de Hegel: "A história jam ais nos deu o exem plo de um m ovimento
social que não contivesse os germes de sua negação - negação essa que se faz
necessariam ente d entro do mesmo âmbito."
Com o já citamos, a cultura é o resultado de um a invenção social, ou seja,
um a estrutura de significados socialmente estabelecida, e traz, pois, o germ e, se
não da negação, pelo m enos de sua transformação, dando-lhe a possibilidade de
m udança ao longo dos tempos.
Isto tudo p orque os costumes estão referenciados a um conjunto de valores
e crenças aceitos pela sociedade. E estes valores e crenças podem ser influencia
dos p o r novos movimentos culturais, econômicos, sociais e políticos. Não fosse
isto possível, estaríamos ainda adm irando, conform e Linton (1987), "a beleza
das formas torneadas das m ulheres dos anos 50", em contraposição ao m odelo
"esguio de magreza pontiaguda" das m ulheres da atualidade, ou para citar um
m ovim ento econôm ico, teríamos perpetuado a m archa irreversível para o socia
lismo, sem perceber o atual avanço "da onda liberalizante que em erge dos es
com bros do próprio socialismo".
O u tro exem plo em termos de movimentos sociais mostra-nos que as aspi
rações sociais dos m em bros de um a sociedade urbana, aquela que tem a cultura
das cidades, voltaram-se ao consumismo de produtos e que o trabalho vem sen
do substituído pelo lazer e, onde a qualidade de vida começa a ser privilegiada,
m ud an d o o eixo dos valores.
O que temos é um processo recorrente vivo, entre a sociedade e a cultura,
em que seus m em bros agem e manifestam a cultura que, em dado tem po, lhes
im prim e um padrão de com portam ento particular, mas que se transform a em
função do funcionam ento desta mesma sociedade ou de outras, num a perspec-
CONCEITOS BÁSICOS 17
tiva tem poral mais longa. Convivem o tradicional e o novo, estabelecendo am
bos um a troca dinâm ica de elem entos até um novo estado de equilíbrio.
a seus subsistemas integrados, de form a linear e onde os traços teoricam ente de
veriam corresponder-se dentro de um a única tipologia.
T en d o p o r premissas estes graus de liberdade, três esquem as nos foram
bastante útéis na construção de um sistema cultural brasileiro e nos perm itiram
um a com paração com culturas de outras nações.
nos foram As ciências sociais, em que estão incluídas a Antropologia Cultural e Social
>ermi tiram e a Psicologia, aplicam o m étodo científico de pesquisa, sem elhante aos das
ciências físicas, mas dificilmente se aproxim am da objetividade que é possível
obter nestas últimas.
do esque- Mesmo tentando reproduzir em laboratórios, sob condições controladas, si
: que defi- tuações de realidade, o evento social traz em si algumas particularidades espe
-S que são ciais. O am biente e o clima em que transcorre o evento social, os atores e as
ja de bon- relações existentes entre eles são de fundam ental im portância na interpretação
:ndo, por- do mesmo. Um simples aperto de mãos pode ter vários significados, se é dado
iutros são p or duas pessoas que acabaram de se conhecer ou p o r dois nam orados, ou se
i o verda- realizado entre pessoas que tinham um a inimizade anterior. Como fazer para si
m ular o clima e as motivações?
to um ser Se fizermos observações de campo, poderem os equacionar o aspecto rela
reposição tivo ao clima e ao am biente em que ocorrem os fatos, mas idevemos: estar -alerta
0 às ques- para a questão da "leitura" feita pelo pesquisador.
po do ser
Ao tentar "ler" um fato, o pesquisador pode contam inar a observação, pois
e com o ele e o "objeto" de estudo com partilham de um mesmo universo de experiências
imana. hum anas.
Bolinger Ademais, um a só observação não pode ser generalizada, sob o risco de não
de cultu- ter representatividade estatística. Apesar disto, o m étodo indutivo constitui-se
tos: indi- em prática norm al nos estudos antropológicos.
ância do
A aplicação dos m étodos estatísticos que perm item resolver a questão da
significância de determ inado com portam ento observado peca, p o r sua vez, p o r
1 dois es- pressupor a m anutenção uniform e do clima e do am biente no qual transcorre
ierto Da- o fato social.
■ a". Ao
C ientes destes aspectos, nosso trabalho pro cu ro u p artir das observações
egundo, em píricas feitas p o r nós no próprio am biente em presarial brasileiro. Isto perm i
ção exis- tiu criar um conjunto de com portam entos que foram classificados d entro de um
cas rela- m apa de traços culturais.
Para garan tir a m aior significância destes traços em relação ao universo
brasileiro, foi levantada um a am ostra representativa com os principais atores en
is eixos: volvidos nos com portam entos observados, para que confirmassem ou não o in
xJuz um ventário inicialm ente levantado.
modelo
■abalho. Os estudos antropológicos prevêem também, em termos de cultura de um a
sociedade, a possibilidade de classificação de traços, por subculturas, naquelas
sociedades tidas como bastante pluralistas e /o u onde as m udanças sociais se fa
zem em ritm o acelerado.
20 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
Burocracia dificilmente será um term o neutro. A questão não deve ser pre-
julgada, mas deve-se colocar em term os críticos sua utilização em proporções
adequadas com outros fatores e, principalm ente, verificar a quem ela beneficia
dentro de um sistema m aior de análise.
O utra ilustração mais expressiva podem os dar com as posturas de um ita
liano e um am ericano. Para o prim eiro, a "agitação" e a sim ultaneidade da fala
em reuniões pode até ser um símbolo de com petência e um a necessidade de sta-
tus, porém o am ericano percebe este am biente como desorganizado, onde as
pessoas não sabem estabelecer limites e prioridades. Serão os italianos mais com
petentes p o r fazerem várias coisas ao mesmo tempo? Serão os am ericanos mais
capazes por estreitarem seu foco de ação?
Várias situações sem elhantes serão apontadas ao longo de nossa narrativa.
Nelas procuram os sem pre m inim izar nossas tendenciosidades.
1.5 CONCLUSÃO
A análise das organizações tem tido o suporte de várias teorias adm inistra
tivas que alternam suas ênfases entre aspectos mais mecanicistas, mais compor-
tamentais ou mais sociais.
Ao invés de recordá-las, querem os p ro p o r um novo enfoque que tem um a
ênfase cultural. Essa análise apresenta um a premissa básica, qual seja, está cir
cunscrita pelos limites im plicitam ente estabelecidos pelo caráter cultural do am
biente em que atua. Esses limites, que podem ser vistos como constrangim entos,
devem tam bém ser destacados como alavancas de ações e seguram ente perm i
tem um grau de liberdade razoável na ação administrativa.
O que querem os dizer é que as ações administrativas têm um contorno cul
tural que as influencia a ponto de poder caracterizar-se um estilo de conduzir
as organizações brasileiras. Esse estilo próprio não significa, contudo, que tais
contornos não perm itam variações em nível de cada um a das empresas. Ao con
trário, a partir de alguns elem entos básicos, eles se com binam entre si e, com
intensidades diferentes, definem a cultura da própria organização.
É nesse sentido que A ndré Laurent (1989) coloca a cultura nacional como
um com ponente, não determ inante, mas im portante na formação da cultura or
ganizacional. A análise das organizações deve reconhecer e ter presente, como
elem ento de influência em suas ações administrativas, os aspectos culturais na
cionais, mas sem reivivificá-los.
O prim eiro desafio será, portanto, construir um sistema que seja bastante
representativo da cultura brasileira, para em seguida verificar o im pacto do mes
m o no sistema de gestão da empresa.
24 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
que tem
}ue iden-
terizados
t concep-
>ara múl-
ie partes
~ado em
0 dos li-
cionado
fine Da-
ísistema
idos na-
je os as-
1 m u ito
er cida-
n e a si-
•es, ora
;m que
O terceiro elem ento que surge, articulando essas duas dim ensões e que dá
o perfil do estilo brasileiro de liderar, é o paternalism o. A ele será dada especial
atenção na m edida em que gera vários desdobram entos em nossa cultura.
Concentração de Poder
A autoridade baseada na tradição tem como exem plo a m aioria dos prim ei
ros sistemas políticos, que fundavam sua estabilidade na aceitação p o r parte dos
governados de que o grupo governante tinha esse direito p o r costume e norm as
da sociedade. Como exemplo, podem os citar a origem divina dos governantes,
ou o direito do filho prim ogênito de reivindicar o trono.
gem ou mesm o em inferioridade. Q uando se diz: "o cidadão vai ter que esperar
um pouco" ou "o cidadão não tem todos os docum entos em ordem" pode-se es
perar maus mom entos. Nossa cultura não entende o cidadão, qualquer que seja
ele, como o núcleo do poder.
É oportuno agora referirmo-nos ao conceito de distância do p o d er ou dis
tância hierárquica, introduzido p o r Hofstede (1987) em seus estudos sobre a re
latividade das culturas nacionais.
Segundo o autor todas as sociedades apresentam desigualdades de po d er
entre seus membros, porém , existem diferenças no grau dessas desigualdades.
À m edida desse grau ele cham ou de “índice de distância de p o d e r”, que seria
um indicador do grau de centralização da autoridade e do grau de liderança au
tocrática.
Em sua escala de valores de 0 a 100 (100 representando alta concentração
de p o d er em um único com ando), o Brasil tem 69 pontos, bem próxim o da
França, Bélgica e índia, contra som ente 40 pontos dos Estados Unidos. Os países
nórdicos como a Finlândia, N oruega, Suécia e Dinamarca são os que apresen
tam os m enores índices. O Japão fica com 54 pontos, acima dos Estados Unidos,
ju n to a outros países asiáticos como Coréia do Sul e Taiwan, e A lem anha Oci
dental e Grã-Bretanha com 35 pontos, ficam abaixo dos Estados Unidos. Como
pode ser visto no Q uadro 2.1, esse resultado corrobora nosso traço cultural de
concentração de p oder e de valorização da hierarquia.
36 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
Personalismo
Façamos por um m om ento a interrupção no credo do indivíduo sem pri
vilégios, não diferenciado dos demais através de um a hierarquia, e voltemos ao
conceito da autoridade cuja base legítima é o carisma.
SISTEMA DE AÇÃO CULTURAL BRASILEIRO 37
Paternalismo
Isso levanta um a questão básica. Será real que aceitemos esta form a de li
derança? Se verdadeiro, não estaria existindo um conflito latente entre aqueles
que detêm o p o d er e aqueles que não o detêm? Qual é o estilo brasileiro para
se contornar tal questão?
Vamos nos ater aos fenôm enos de dependência social, baseados no enfo
que de T hibaut e Kelley (Rodrigues, 1973), que distinguem duas formas de po
der que cham am de controle do com portam ento e de controle do destino. No
Brasil, a estratégia do p o d er se faz através do controle duplo. Por um lado, pode-
se exercitar o controle do destino pela possibilidade de um a p erd a/reco m p en sa
de um a posição funcional com suas conseqüências econôm icas. Isto é m uito
acentuado pelas características de altas taxas de reservas de mão-de-obra e pela
sua baixa m obilidade geográfica e ocupacional. De outro lado, as relações so
ciais criadas, seja pelo grau de parentesco, amizade ou intim idade, pode favo
r e c e r o e x e rc íc io do c o n tro le do c o m p o rta m e n to p e la p o ssib ilid a d e da
p erd a/reco m p en sa destas relações pessoais.
Espectador
Esparta não se com para a Atenas. Foi Toynbee que alertou para a diferença
básica entre elas. A prim eira "fechada", a segunda "aberta"; a prim eira rígida, a
segunda plástica, inclinada ao novo. Na sociedade ateniense, reinava não só o
clima para o diálogo, mas exercitava-se perm anentem ente a discussão e o debate
das idéias.
Vejamos como podem os caracterizar a sociedade brasileira em suas postu
ras mais próximas de um a sociedade aberta ou fechada, enquanto no subsistema
institucional.
J á destacamos, anteriorm ente, a evolução do processo político brasileiro,
em que o clima dem ocrático sofria sem pre condições adversas, subjugadas às
diástoles e sístoles impostas pelas nossas lideranças. Vimos, tam bém , a forte he
rança dos traços rurais assentados na prática autoritária do patriarca estendendo
seus dom ínios para os espaços públicos.
Assim nasceu e se desenvolveu no hom em brasileiro o gosto, a um tem po
de m andonism o, de protecionism o e de dependência, que estão encarnados em
nossas soluções paternalistas. Mas aí estão tam bém as condições para o mutismo
brasileiro, um a sociedade na qual a prática do diálogo, visto com o o processo
46 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
A co n firm ação desse perfil está n a pesquisa sobre o c ará ter brasileiro
(MPM, 1989), que revela o m ínim o de desejo de m udança, dando m ostra de
um a aceitação passiva de sua realidade. Não tem o estímulo do po d er que em
seu perfil paternalista reproduz um processo de infantilização em relação aos li
derados. O povo é qualificado como incapaz e em função disso tomam-se as de
cisões p o r ele, o que o deixa novam ente sem praticar e sem possibilidades de
crescimento. Este círculo perverso pode ser notado também na relação do go
verno, com seu papel paternalista, para com as empresas. Protegidas em seus se
to re s co m a lta s a líq u o ta s d e im p o rta ç ã o , n ã o a p re s e n ta v a m c o n d iç ã o
competitiva, o que reafirmava a necessidade de m anter o m ercado fechado. In
ternam ente, submetidas a constantes pacotes econômicos de caráter autoritário,
não se p ro p u n h am a tom ar nenhum a iniciativa própria, a menos que o governo
lhes desse um a sinalização, tal é o grau de dependência para com ele e o receio
de p erd er essa relação paternalista.
Esse processo de infantilização, que reforça o baixo nível de consciência
crítica, faz com que, mesmo havendo um a m aior liberdade de atuação, não se
saiba o que se quer, não há vontade própria. Assim, envolvido em um clima de
perplexidade, o libertado sente-se novam ente forçado a conform ar sua conduta
às expectativas da autoridade externa. Tal processo não ocorre só em países
com o o Brasil, mas em geral naqueles que apresentam um alto índice de distân
cia do poder. E o caso da França e da Bélgica, em que os indivíduos têm como
regra geral esperar que os líderes exerçam a liderança autocrática. A inércia é
ponderável em relação a eventos externos, mesmo que estes estejam a influir e
afetar as suas atividades, como são os casos das decisões econôm icas governa
mentais.
Em eventos políticos, nem pensar. Fenôm enos como o m ovimento das "Di-
retasjá" e mais propriam ente "Fiscal do Sarney", em que o povo deixou de ser
súdito e passou a ser partícipe e polícia de seu destino, são exceções do ponto
de vista de iniciativas, mas continuam confirm ando a postura de consciência
transitivo-ingênua, na qual se acreditou em soluções generalizadas e mágicas.
Em sociedades como a sueca, a dinam arquesa e a israelense, com baixa dis
tância do poder, a iniciativa pode vir diretam ente dos indivíduos ou do grupo,
não sendo privilégio do líder tom ar a iniciativa. E, se assim for, sua atitude ou
decisão será questionada e criticada. No caso da sociedade am ericana, são as li
deranças que m antêm a prerrogativa de iniciar as ações, enquanto nos países
asiáticos, onde a sociedade é sim ultaneam ente coletivista, haverá formas pelas
quais se possa influenciar o líder na perspectiva do bem-estar da com unidade.
A outra vertente do traço cultural de espectador é a transferência de res
ponsabilidade. A lógica é a seguinte: se o p oder não está comigo, não estou in
cluído nele e não sou eu quem tom ou a decisão, a responsabilidade tam bém
não é m inha. Logo, vou transferi-la para quem de direito, na nossa cultura, para
cima, na linha hierárquica.
SISTEMA DE AÇÃO CULTURAL BRASILEIRO 49
Formalismo
Itália Dinamarca
es mais fechadas que rejeitam um a a
Paquistão Jamaica
encem ao grupo e que valorizam a hie
Lo-aceitação de insegurança do futuro Áustria Cingapura
à incerteza. Assim se situam o Japão, Taiwan
os. Países Árabes (2)
Q uadro 2.3, essas correlações não sãi
[íadas, como a índia, com baixo grau
«rtas como Israel, com índices elevac
52 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
Esse lado mais descontraído pode ter explicação no que dizíamos anterior
m ente em relação à sua capacidade de ter esperança em tempos m elhores, en
tregue à proteção de um Deus que é brasileiro. Mas é possível, tam bém , que sua
tão propagada riqueza natural lhe dê m argem a sentir-se mais seguro, pois com
tais reservas pode sacar m uito hoje contra o futuro.
SISTEMA DE AÇAO CULTURAL BRASILEIRO 53
■ar uma sensação de A verdade é que o brasileiro tem um certo ecletismo quando se refere à re
) ruturo, advindas da ligião. Apesar da influência da Igreja Católica, não ficou ele m enos influenciado
lam entos e fenôme- pelas cerimônias de origem principalm ente africanas. Ao lado da religião oficial,
quando o brasileiro freqüenta a igreja católica, ele não se esquece de consultar
> tem po que o colo- um cen tro espírita, ou um terreiro de um banda, para com isso se “g aran tir”
r a n o futuro. Segu- mais.
:• futuro. A busca de Porém, a tudo isto se sobrepõe um a forte capacidade de elaboração de leis,
►cnamento mostram regulam entos, normas. Para ficar em um só exemplo, citemos a nossa Constitui
ção com 245 artigos, possivelmente um a das maiores do m undo, com o intuito
am plam ente declarado de tentar garantir ao povo vários aspectos novos e muitos
específicos pela força da lei m agna do país.
Analisemos com m aior profundidade este fato.
Subjacente à questão de regular com portam entos futuros em m aior ou m e
n o r detalhe, está a estratégia de buscar viabilizar a construção nacional, em que
é preciso tentar articular os subsistemas dos líderes e dos liderados.
E preciso d ar possibilidade, mesmo que só formal, para que as relações en
tre estes subsistemas ocorram de form a evolutiva, sem rupturas.
Na vida real, o que ocorre propriam ente é um a aceitação tácita das norm as
e regras, com um a prática distorcida, apoiada p o r outros elem entos culturais
mais vivos e presentes no com portam ento brasileiro.
"A esta discrepância entre a conduta concreta e as norm as prescritas que
se supõe regulá-la denom inam os formalismo. O formalismo não é necessaria
m ente u m a patologia social como querem alguns autores. Em sociedades em
transform ação, como o caso brasileiro, pode ser visto com o um a estratégia de
m udança social, im posta pelo caráter dual de sua formação histórica e de m odo
particular como se articula com o resto do m undo" (Ramos, 1983).
Vejamos alguns exemplos do cotidiano. A lei que regulam enta a obtenção
de um em prego público através de concurso existe para que todos, através do
conhecim ento e m érito próprio, possam ingressar na atividade do serviço públi
co. No entanto, outras variáveis socioculturais atuam na prática. A baixa quali
ficação educacional, a escassez relativa de em pregos p ara um a m ão-de-obra
conhecer. abundante e as fortes relações pessoais que regem a conduta dos brasileiros fa
zem com que a lei não seja cum prida nestas circunstâncias.
Existem processos ou canais extralegais, ou mesm o legais, aceitos como
norm ais e regulares pela consciência coletiva. Sua ética está no fato de que eles
dizíamos anterior-
perm item superar um peneiram ento social, muitas vezes imposto p o r leis e re
npos m elhores, en-
gulam entos idealistas ou protecionistas.
I, também, que sua
is seguro, pois com Expressões com o fazer vista grossa, descobrir o mapa da mina, arranjar um pis
tolão, quebrar o galho, são indicativos das variadas situações nas quais os critérios
54 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
legais são ignorados em favor de um a mobilidade social maior, quase sem pre as
cendente.
A realidade é que existe um hiato entre o direito e o fato, que caracteriza
o formalismo, mas que tam bém o justifica. Este é o lado patológico do form a
lismo, pois à m edida que ele de fato ocorre, processos de ajustam ento surgem
p ara superá-lo. Como estes processos são perm itidos e podem atingir as confi
gurações de um nepotism o, favoridsmos e até mesmo subornos, isto gera insta
bilidade e insegurança. Surge aí o risco de se aplicar novam ente o rem édio das
legislações, cada vez mais específico e abrangente, criando um turbilhão de n o r
mas para um a aparente estabilidade nas relações sociais.
Nesta situação, dois fenôm enos podem teoricam ente ocorrer: a paralisia to
tal do sistema ou sua com pleta desmoralização. No Brasil, tende a ocorrer a se
g u n d a hipótese, que na verdade gera o início de um novo ciclo formalístico,
buscando novos estágios de construção nacional, através de reformas de legisla
ção, como, p o r exem plo, nossas várias reformas monetárias.
Para ilustrar um a estratégia distinta, vejamos o que ocorre na Inglaterra,
um a sociedade com baixo formalismo. Sua constituição não é sequer escrita,
pois suas leis estão no espírito público antes de serem convertidas para o papel
e o discurso. As reformas não precedem os costumes, as leis não se antecipam
às práticas coletivas. Isto dá à sociedade inglesa um assentam ento mais sólido e
definitivo.
Normas gerais satisfazem os ingleses e não lhes causam desconfortos. Se es
tas podem d ar m argem a várias interpretações, eles dispõem de um bom instru
m ento para ajustamento: a negociação. E um a negociação eficaz, pois se fará em
condições de m aior igualdade, pois lá a distância do p oder é baixa e não fun
cionará a hierarquia ou liderança autocrática.
Aqui no Brasil, como vimos, o processo é totalm ente diferente. Se as nor
mas são bastante específicas, nosso ajustam ento se faz p o r um processo de rein-
terpretação das leis, cujo resultado vai d ep en d er essencialmente de quem está
do outro lado da questão. Se é pessoa de nossas relações ou com autoridade, a
flexibilidade na reinterpretação é ampla; se é pessoa fora das relações, a rigidez
é absoluta.
O utro não é o significado do dito: "Para os amigos tudo, para os inimigos
nada, para os indiferentes a lei", atribuído a Getúlio Vargas, e citado até hoje
com m uita freqüência.
E preciso analisar agora um lado diferente do formalismo: ser um a estra
tégia de articulação com o resto do m undo.
O Brasil, suas elites e lideranças, o tem usado positivamente neste sentido.
E esta é um a necessidade não autônom a, pois é com andada por países mais de-
SISTEMA DE AÇÀO CULTURAL BRASILEIRO 55
ÍI5TRAR
social m aior quase sem pre F ' : ^ d o s , que têm um poder específico, seja ele econôm ico, político ou até
esmo militar.
ireito e o fato que caracteri um a vez’ ° formalismo se apresenta onde se deseja regular as relações
: D ]afj0 patológico do forrif-^ h d eres e liderados, buscando criar mecanismo de suposta estabilidade.
cessos de ajustam ento surge Todas as im portações institucionais que fizemos ao longo da nossa história
dos e podem atingir as coii[^am COm o pressupostos um alinham ento com os novos m ovimentos m un-
•smo subornos, isto gera ins^_, d 0 nosso m odelo republicano, em termos de constituição e organização
icar novam ente o rem édio d, Fitado, ao m uito provável m odelo de preservação am biental que está p o r vir,
criando um turbilhão de e serão soluções formalistas, o que nos inclui no clube das sociedades de-
; sociais. Evolvidas.
am en te ocorrer: a paralisia t £5ta possibilidade de abertura para as relações com o resto do m undo atra-
10 Brasil, tende a ocorrer a % ^e legislação e norm as foi tam bém a form a que o Japão aceitou depois de
e um novo ciclo formalístic»— ,tado pelos Estados Unidos. Sob a égide de reconstrução nacional, todos os
através de reformas de legi%ntutos dem ocráticos foram levados à sociedade japonesa, que passou a se in-
monetárias. g--ar ao m undo capitalista.
>s o que ocorre na Inglaten Hoje, o Japão continua usando do expediente do formalismo para se ajus-
jtituição não é sequer escrir e p0 r outro lado, resistir às interferências mais profundas de outros países
?rem convertidas para o pajfc ç^u m ercado.
imes, as leis não se antecipa .
m assentam ento mais sólido ° exem plo mais apropriado é o que estabelece norm as para a distribuição
í produtos de outros países no m ercado interno japonês. Form alm ente válidas,
tc ilm e n te atingem seus objetivos, pois h á costumes praticados de um a distri-
ies causam desconfortos. Se tição com vários níveis na cadeia que inviabilizam o preço competitivo de pro-
es dispõem de um bom inst%tos importados. Como dizemos no Brasil, isto é "só para inglês ver".
^ociação eficaz, pois se fará e
1 do poder é baixa e não fu
npunidade
»talmente diferente. Se as nc
e faz p or um processo de rei
essencialmente de quem eS Para com pletar os traços culturais brasileiros mais im portantes que desta-
relações ou com autoridade111105 no subsistema institucional, devemos fazer algumas considerações em re-
soa fora das relações, a rigid^ão à im punidade.
Este traço torna-se relevante à m edida que pode ser ele o elo que fecha
amigos tudo, para os inimig^-*1 cadeia de valores culturais e que lhe dá um a realim entação crescente. Es-
túlio Vargas, e citado até ho11105 nos referindo ao fato de que, estando os líderes ao largo das punições,
t o fortalece sua posição de poder, aum entando ao longo da cadeia do subsis-
m a institucional o grau de consistência entre os traços vistos anteriorm ente.
do formalismo: ser um a esti
O nde a lei só existe para os indiferentes e onde os direitos individuais são
lonopólios de poucos, a apatia só pode crescer, deixando o brasileiro cada vez
lo positivamente neste sen tic^s espectador,
romandada por países mais c
56 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
Nossc
gregar tod
nunca do .<
de pressioi
tura mais <
quando ac
Nesse
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como estín
d a em nos
O mo
onde abum
aqui existe:
Só ma
para a Qua
nossa cultu
2.2.3 Sut
Na bas
F ig u ra 2.12 Deixa como está para ver como fica.
que tem a c
dade pesso;
A sociedade que dava legitimidade aos seus líderes através do sistema jurí-
dico-institucional não lhe reconhece mais credibilidade, dando m argem ao ego
centrism o d ep en d en te fundam entado em suas relações pessoais. No extrem o,
esta situação ficaria próxim a do dito popular "salve-se quem puder" ou daquilo
a que com um ente se cham a a lei de Gerson: "E preciso levar vantagem em tudo."
Um segundo efeito pode ocorrer. E a transformação em heróis daqueles
que conseguem resultados positivos com a transgressão da lei. Isto não chega a
ser incom um , a transgressão é um a vitória contra os líderes atuais e não um a
d erro ta do sistema racional-legal.
U m a aproxim ação do que é dito acima são os exemplos mais recentes dos
grandes bicheiros nas zonas mais populosas e industrializadas do Brasil. São eles
transgressores da lei, mas dentro de seu grupo e área de atuação, são heróis que
protegem seus membros.
De form a genérica, não querem os dizer que os grupos não tenham seus lí
deres e heróis, mas sim que, se não houver um a referência m aior que esteja pac
tu a d a fo rm a lm e n te e n tre os g ru p o s da so cied ad e, a te n d ê n c ia é de u m a
desagregação social en q u an to um a sociedade institucionalm ente constituída
para todos, cam inhando para um a sociedade com características essencialmente
tribais. F ig u ra 2
SISTEMA DE AÇÀO CULTURAL BRASILEIRO 57
Lealdade às Pessoas
Este capital pode naturalm ente ser barganhado com as áreas do poder, sa
bedores que são da posição privilegiada que têm estes interm ediários que estão
nos nós de um a rede de mobilização. A política feita através dos votos de cabres
to ou dos "cabos eleitorais" é um a dem onstração clara, apesar de rude, do re
c o n h e c im e n to do valor destas pessoas p ara o bom fu n cio n a m en to de um a
em preitada no seio da sociedade.
Evitar Conflito
Pelos motivos anteriorm ente discutidos, com o pouco respeito às leis, nor
mas e regulam entos, com a baixa prática de estabelecer premiações, parece que
a sociedade brasileira optou p o r um m odelo de envolvimento mais coercivo-alie-
nativo. Freqüentem ente, existem referências de que "calado, o brasileiro já está
errado", significando um a coerção através da punição para aquele que queira ar
riscar-se a p articip ar com algum a sugestão, abafando qualq u er iniciativa em
p reen d ed o ra que os brasileiros p o r ventura tenham .
Uma sociedade que tem esses valores orientativos, ao tratar de seus confli
tos, não o fará abertam ente, colocando explicitamente as questões sobre a mesa,
com o nos Estados Unidos. Isto pode com prom eter o relacionam ento, criar cons
trangim entos entre as pessoas, m inar a harm onia do grupo.
Nosso processo de redem ocratização nos anos 80 foi conseguido desta ma
neira; o papel do m ineiro Tancredo Neves não foi outro senão de, com amplo
acesso às partes envolvidas, harm onizar e formalizar acordos antecipados para
não criar impasses futuros, ou revanchismos pessoais. O processo tranqüilo de
transição do regim e ditatorial ao regime dem ocrático deu mostras do valor que
a sociedade dá à harm onia em nossas relações.
É preciso notar, porém , que tecnicam ente, o conflito pode alcançar a situa
ção de impasse, em que as partes rom pem o relacionam ento e não há mais a
possibilidade de retorno, ou de recuo nas posições assumidas.
mos, é pela lei. A via inform al, porém , é pela fofoca, que evita o confronto em o
cional. De form a inversa, na frente dos outros não se discorda dos amigos. Pa-
rece-nos im portante e básico não deixá-los em situação constrangedora.
Considerem os agora a possibilidade de definir objetivos claros com o fonte
de motivação, isto é, estabelecer desafios explícitos e mensuráveis para serem al
cançados. Veremos que para os brasileiros esta interpretação não é válida.
Pelo contrário, pode ser vista como fonte de conflitos porque, mais um a
vez, o brasileiro é motivado pelo relacionam ento e a busca de objetivos pode ter
com o pressuposto um a ação concorrencial, o que não nos estimula, pois é pre
ciso ter agressividade contra terceiros, vontade de realizar, executar e fazer, o
que não é da natureza cultural brasileira.
C orroborando com esta noção, estão os resultados de Hofstede, que clas
sificou os países segundo um índice de m asculinidade/fem inilidade, conform e
m ostrado no Q uadro 2.4. Toda sociedade constrói socialmente um a divisão de
papéis entre os hom ens e as m ulheres, atribuindo-lhes responsabilidades distin
tas nas várias funções sociais. Q uanto mais fortem ente distintos forem estes pa
péis, mais m asculina é a sociedade. Nelas predom inam os tradicionais valores
sociais masculinos, como: o herói é quem executa, realizar é mais im portante do
que estar, o grandioso é bonito sendo o pequeno deplorável; o vencedor é enal
tecido ao invés da simpatia ao coitado derrotado; ser agressivo traz adm iração,
enquanto m anter e buscar mais qualidade de vida e relacionam ento são aspec
tos secundários.
SISTEMA DE AÇÃO CULTURAL BRASILEIRO 65
1 Japão 95 28 Cingapura 48
2 Áustria 79 29 Israel 47
3 Venezuela 73 30 Indonésia 46
4 Itália 70 31 África do Sul 46
5 Suíça 70 32 Turquia 45
6 México 69 33 Taiwan 45
7 Irlanda 68 34 Panamá 44
8 Jamaica 68 35 Irã 43
9 Grã-Bretanha 66 36 França 43
10 Alemanha 66 37 Espanha 42
11 Filipinas 64 38 Peru 42
12 Colômbia 64 39 África do Leste 41
13 África do Sul 63 40 El Salvador 40
14 Equador 63 41 Coréia do Sul 39
15 Estados Unidos 62 42 Uruguai 38
16 Austrália 61 43 Guatemala 37
17 Nova Zelândia 58 44 Tailândia 34
18 Grécia 57 45 Portugal 31
19 Hong Kong 57 46 Chile 28
20 Argentina 56 47 Finlândia 26
21 índia 56 48 Iugoslávia 21
22 Bélgica 54 49 Costa Rica 21
23 Países Árabes 53 50 Dinamarca 16
24 Canadá 52 51 Holanda 14
25 Malásia 50 52 Noruega 8
26 Paquistão 50 53 Suécia 5
27 Brasil 49
Nesta ordem das coisas, destacamos o Japão como o país mais masculino,
assim como Alem anha, Áustria e Suíça. No outro extremo, encontram os os paí
ses nórdicos e a H olanda. Entre os m oderadam ente femininos estão Portugal,
66 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
meados da década de 50 que ela com eçou a se popularizar. Depois disso, sua
presença foi crescente em jornais, revistas, rádio e televisão, música, livros. Nem
mesmo com o avanço industrial a prática do jeitin h o diminuiu.
O que nos parece mais razoável é que, pelos efeitos perversos da crise eco
nôm ica n a década de 80, com m aior concentração de renda, reforçou-se a dis
tância do p o d er existente no país, o que significa dizer que a política de clã
fortaleceu-se. Como a crise pede segurança e um a das possibilidades é obtê-la
via relacionam entos, a condição de sobrevivência do indivíduo e da preservação
do corpo social, den tro do formalismo, agravado pela crise, se fez pelo jeitinho
brasileiro.
Parece-nos exem plar a criatividade e o pragmatismo do rapaz da zona nor
te do Rio de Jan eiro alugando sandálias para atravessar a areia quente da praia,
estabelecendo ali um a atividade econôm ica informal, não sujeita à fiscalização
oficial; e se esta existisse, haveria sem pre guardada para estas ocasiões a expres
são: "Q uebra o galho aí, moço."
A flexibilidade representa, na verdade, um a categoria com duas faces que
denom inam os de adaptabilidade e de criatividade, ambas reconhecidam ente
apontadas até pelos estrangeiros que nos visitam.
2.3 CONCLUSÃO
Esta foi a descrição daquilo a que chamamos sistema de ação cultural brasileiro
cuja dinâm ica tem como resultado global um estilo de ser brasileiro, um a cons
trução nacional que o distingue de outras nações, p o r mais que se queira im-
por-lhe modelos de outros países. A identidade nacional existe, mesmo que o
pessimismo de alguns a interprete como a de Macunaíma, o herói sem caráter.
Ledo engano, pois o caráter de M acunaíma é na verdade multifacetado, um ser
"compósito", feito de aparentes contradições e incoerências, e é isto que lhe dá
tipicidade.
Concentração Personalismo
de poder
Paternalismo
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Impunidade ay
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Flexibilidade
Postura de Evitar
espectador conflito
nscendente, os A capacidade de flutuar nos espaços dos líderes e dos liderados, ou do ins
que transcen- titucional e do pessoal, ligando-os através do paternalism o e da flexibilidade, do
em entos areia formalismo e da lealdade pessoal, explicam alguns dos paradoxos de nossa so
ciedade. U m a sociedade alegre, harm ônica mesmo na pobreza; criativa, mas
com um baixo nível de crítica. A form a de operar estes aparentes paradoxos,
como explicado neste capítulo, é que faz típica nossa cultura, deixando os ob
servadores externos adm irados com nosso jeito de ser.
E para provar que até esteticamente este caráter é m erecedor de adm ira
'ural brasileiro ção, lem bram os a descrição de DaMatta (1984) sobre nossa capacidade relacio
J, um a cons- nal, "que p reten d e ligar, com força, sugestividade e inigualável desejo, o alto
: queira im- com o baixo, o céu com a terra, o santo com o pecador, o interior com o ex
esmo que o terior, o fraco com o poderoso, o hum ano com o divino, o passado com o p re
em caráter, sente...".
ido, um ser
Conviver com os opostos é um a arte. E é esta a base de nosso estilo de ad
que lhe dá
m inistrar. No próxim o capítulo, estaremos descrevendo o im pacto da cultura
brasileira nos processos de gestão.
3
IMPACTOS DA CULTURA BRASILEIRA
NA GESTÃO EMPRESARIAL
Esta fluidez e grau de liberdade que se gera para dentro da em presa não
tem igual correspondência em relação ao am biente externo. O traço postura de
espectador interfere diretam ente na postura estratégica das empresas em rela
ção a seu am biente de negócio. A exemplificação que trazemos fez parte dos re
sultados do estudo da com petitividade da indústria brasileira (Spyer Prates,
1993b).
O exem plo japonês pode ser dem onstrado com sua reação à crise de ener
gia. Ela foi utilizada para alavancar mais ainda a eficiência produtiva naquele
m om ento, obtendo m enores consumos energéticos, para um a mesma produção.
Ao invés de ser um a restrição, os novos meios de utilização perm itiram até um
aum ento de produção.
O caso brasileiro é de aceitar com passividade a condição externa e reagir
defensivamente. O que vem de fora toma-se um constrangim ento real. A reces
são é tratada como um dado do problem a e, assim o sendo, buscam-se medidas
adaptativas. E quando nossa flexibilidade se manifesta com sua face do subsis
tem a institucional.
D urante os vários planos econômicos, as empresas conseguiram reagir ra
pidam ente às novas regras impostas, buscando soluções pouco inovadoras, po
rém eficientes, para sua sobrevivência.
Aqui, a noção de tem po assume relevância e interfere profundam ente no
tipo de visão estratégica que possa ser formada. Como já vimos, o fator tem po
pode ser visto como um recurso limitado em algumas culturas e abundante em
outras.
No prim eiro caso, como o dos Estados Unidos, a orientação é para o curto
prazo, esquecendo-se das bases do passado e se voltando prioritariam ente para
o futuro. Comparativamente, no Japão a perspectiva de planejam ento e das de
cisões dele decorrentes é para o longo prazo, sendo que os fatos passados e a
história são relevantes para as novas estratégias a serem definidas. No caso bra
sileiro, somos mais imediatistas, não temos m em ória e a perspectiva está mais
voltada para o presente. Praticamos um a sucessão de decisões para a sobrevivên
cia de hoje, pois o "futuro a Deus pertence". Se somos espectadores da evolução
dos fatos externos, somos criativamente pragmáticos no curto prazo.
Poderíam os dizer que hoje, de forma em brionária e reservada a algumas
empresas brasileiras, já se observam alguns sinais de atitudes mais proativas no
sentido de construir seu futuro a partir dos fatores externos e num a perspectiva
de longo prazo. No entanto, um a contam inação geral deste espírito talvez só
virá de form a gradual, se tivermos um am biente ecônom ico estável p o r vários
anos, contribuindo para a evolução deste traço cultural.
Devemos refletir sobre a afirmação de que "o planejam ento estratégico é
mais popular nas empresas dos países nos quais a cultura é de fraco controle da
incerteza, pois ele pressupõe um a tolerância grande à am bigüidade e ao afasta
m ento das certezas do passado", colocada por Agrícola (1989).
E preciso en ten d er o planejam ento estratégico, não como um sistema ad
ministrativo em que o processo burocrático seja o essencial, mas em que preva
leça sua função de ardculação da em presa com o am biente futuro de negócios.
78 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
Esta referência nos leva a identificar as empresas americanas com mais pro
pensão a utilizar o planejam ento estratégico, devido a sua disposição de confor
m ar o futuro.
Por outro lado, onde aquela função do planejam ento não é aceita com na
turalidade, procura-se formalizá-lo e estruturá-lo passo a passo, ritualizando-o de
form a excessiva, não lhe dando a agilidade necessária para a tom ada de decisão.
No caso dos alemães, eles planejam adequadam ente para o longo prazo,
com benefícios evidentes, porém perdem em flexibilidade e em rapidez de rea
ção quando é necessário lidar com problem as de curto prazo. A burocracia nas
empresas im pede totalm ente a obtenção de informações com rapidez e as de
cisões tendem a ser lentas.
No Japão, como foi visto, a cultura apresenta-se m uito mais forte em termos
de controle das incertezas que no Brasil, indicando um processo de planejam en
to mais formalizado também. Ao mesmo tempo, os vínculos com o passado di
m in u em os graus de liberdade p ara um a flexibilidade am pla e criativa. Isto
torna o planejam ento um processo mais rígido e de m aior continuidade, pro
vocando, em conseqüência, decisões mais lentas.
No Brasil, nossa cultura, com parada com a dos americanos, é de um con
trole da incerteza mais alto, porém mais baixo que o dos japoneses e mais pró
x im o d o s a le m ã e s. N ossa fo rm a de c o m b a te r a in c e r te z a é atra v é s da
normatização. Em relação às ações do passado damos pequeno valor a nossa m e
m ória e, influenciados p o r nossa flexibilidade, procuram os recriar tudo.
Dessa forma, o planejam ento estratégico no Brasil apresenta dificuldades
culturais para se fixar de form a mais natural e nos moldes como é tratado nos
outros países. Aqui, devemos tratá-lo como um instrum ento mais flexível e di
nâmico, sem o que será m era formalização. Nosso pragmatismo e nossa rapidez
de adaptação dificultam uma posição para resultados de longo prazo. Igualm en
te ineficiente fica o processo de planejam ento, ao considerarm os que com a va
riabilidade dos fatos externos ele não é tratado como um processo contínuo e
conseqüente. Tudo recom eça sempre, pois as premissas em que se baseou o pla
nejam ento não têm a visão de longo prazo. Por mais paradoxal que possa pa
recer, p o r não se qu erer correr risco, só se faz o planejam ento de curto prazo
e este deve ser constantem ente revisto. O paradoxo é que o planejam ento é exa
tam ente um instrum ento útil para se evitar maiores riscos no longo prazo.
Muito se fala hoje de administração estratégica, que daria à em presa flexi
bilidade e rapidez de ajuste às turbulências externas. Ela pressupõe um a postura
dissem inada do pensam ento estratégico em vários níveis da organização. Para o
caso brasileiro, os traços culturais discuüdos nesta seção atuarão como dificul-
tadores na im plantação de vim processo de administração estratégica. Sem dú
vida, será preciso um esforço m uito m aior e grande persistência para obtê-la
enquanto um processo de gestão.
IMPACTOS DA CULTURA BRASILEIRA NA GESTÃO EMPRESARIAL 79
F ig u ra 3.1 Os sabidões.
Dessa forma, o sistema de decisão japonês pode ser apresentado como al
tam ente descentralizado, de cima para baixo, informal, com com unicação ver
bal u sad a p a ra p ro c u ra r consenso e um sistem a escrito p ara confirm ação
posterior.
Por últim o, seria interessante analisar tam bém o processo das reuniões du
rante as quais várias decisões podem ser tomadas ou não.
Centralizado na Descentralizado
Não
cadeia na cadeia Consultivo
consultivo
hierárquica hierárquica
Brasil X X
EUA X X
Japão X X
Alemanha X X
França X X
O acom panham ento das decisões, isto é, o controle, reflete exatam ente o
traço da impunidade. Neste caso, estamos referindo-nos ao aspecto perverso da
concentração de poder, da lealdade pessoal, do evitar conflitos e do formalismo.
A convergência destes traços pode criar, de um lado, um a grande permissivida-
de, e de outro, o excesso de controles inúteis.
letivista nipônico". T udo gera on. Um favor que um dia deve ser retrib u íd o,
como um a obrigação do beneficiado ao benfeitor. Os liderados, cientes de que
a em presa tem m em ória daquilo que fizeram em seu benefício, confiam na di
reção e em que um dia serão recom pensados. E a mesma a expectativa dos lí
deres. O on é tam bém retribuir mais e m elhor do que se recebeu. Assim todos
cooperam e todos ganham m utuam ente. "Dificilmente alguém quebra a cadeia
do on porque sabe que as conseqüências serão duras, não só p o r parte da pessoa
ofendida mas de todo o seu grupo.” Para qualquer japonês, a aceitação do gru
po com que convive é fundam ental em sua vida.
Como já foi dito anteriorm ente, estamos mais orientados para o ser do que
para o fazer. Deste m odo, nossa alternativa para a coesão social dá-se pelo per
sonalismo e pelo prestígio do grupo.
Esta é um a coesão social que está sujeita a um a ética ancorada nas relações
pessoais. E o caso brasileiro. E com um vermos demissões solidárias ou admissões
em bloco, pois o sucesso ou a derrota de um a pessoa atinge um bilicalm ente to
dos do grupo. O corre aqui o fenôm eno de identificação, decorrente da d ep en
d ên cia, com o um processo de fusão am plo e de "pertença" e n tre as pessoas
envolvidas, com um a clara perda da individualidade.
As festas são um instrum ento de coesão social bastante utilizado pelas em
presas, e nestas ocasiões cria-se um am biente em que existe a sensação de dimi
nuição da distância hierárquica, contribuindo para m aior aproxim ação entre
líder e liderado.
Para que um a relação de d ep en d ên cia seja du rad o u ra, é preciso que o
cliente tam bém sinta os benefícios que decorrem do reconhecim ento de serem
tratados de fato como "pessoas" naquele am biente. Esse tipo de tratam ento, que
valoriza as relações sociais de m aneira personalista, faz parte das estruturas de
subordinação da sociedade brasileira. Assim, pode-se lim itar o em pregado sala-
rialm ente, com pensando perdas econômicas e políticas com um tratam ento al
tam ente personalizado, que o faz parte integrante "da casa" e da em presa como
um ser hum ano, ainda que subordinado. Reforça ainda esta condição a política
de desenvolver e dar oportunidades aos filhos dos em pregados mais antigos da
casa.
E norm al a formação de guetos ou a criação progressiva de pequenas uni
dades auto-suficientes dentro da organização m aior com "cada um p o r si", onde
o im portante é que “m in h a” área funcione e onde a prioridade se define através
dos objetivos da unidade, sem referência a alvos de ordem mais institucional.
Neste caso, com o ocorrem a coesão e o ajustam ento interunidades? Acor
dos tácitos de áreas de influência e de p o d er são feitos para um a convivência
não competitiva e sem agressividade m útua, algumas vezes sem o envolvimento
da direção superior, e outras vezes com seu beneplácito.
92 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
No Japão, a linha que separa as relações sociais das relações de trabalho são
m uito tênues. Não é vista como um em pecilho ou problem a para a atividade na
em presa, pelo contrário ajuda, facilita e reforça as obrigações m útuas entre as
pessoas.
Por outro lado, existem os protocolos e códigos para regular as relações
d entro da estrutura da em presa nas diferentes hierarquias. Estas devem ser res
peitadas rigidam ente. Existe um a ordem entre as pessoas cujo acesso está bem
definido em regras consideradas im portantes. Um líder japonês deve perguntar
sobre o bem-estar da família de seu liderado, mas tem a expectativa de que este
não tenha um com portam ento ativo de lhe trazer problemas familiares.
No Japão, o traço cultural do coletivismo funciona como um elem ento for
te de coesão, onde os valores da organização são a referência principal para to
dos. A ênfase na lealdade à organização e aos anos de serviço prestado a ela
prom ove a solidariedade organizacional.
Nas empresas americanas, em bora exista também um m odelo para o rela
cionam ento entre os níveis de autoridade e diferentes funções, este protocolo
é flexível, sendo as pessoas encorajadas a alterarem a relação formal quando ne
cessário para aten d er as necessidades de um a situação.
Os am ericanos separam bem as relações de trabalho das relações sociais,
evitando m esm o um possível conflito de interesses, de form a que obrigações
pessoais não possam afetar o desem pem ho no trabalho.
A coesão social inicia-se no processo de seleção e recrutam ento, em que,
em algumas culturas, as referências e indicações do grupo já ingressado na em
presa servem de parâm etros e critérios. Em outras culturas, exige-se que sejam
selecionados aqueles que tenham qualidade superior no m ercado, de m odo a
reforçar a condição competitiva da empresa.
A dinâm ica do processo de liderança faz-se através da adm inistração dos
conflitos. T oda organização está repleta de conflitos entre seus com ponentes,
cabendo à liderança gerenciar e,stes conflitos de form a a m anter a coesão social
do grupo.
Nas em presas am ericanas, os conflitos são identificados e tratados direta
m ente com os envolvidos. Suas causas são diagnosticadas e ações tomadas para
seu g eren ciam en to ou resolução. Espera-se um esforço individual das partes
para resolver o conflito de forma objetiva.
Nas empresas brasileiras, os conflitos são identificados, mas não tratados di
reta e abertam ente. A solução encontrada envolve muitas vezes um interm ediá
rio ou um m ediador, e algumas vezes é até postergada de form a indefinida. E
evitada, principalm ente, p o r quem não detém o poder.
Na pesquisa de A ndré Laurent aplicada p o r nós no Brasil podem os obser
var que para a pergunta: "A m aior parte das organizações se portaria m elhor se
IMPACTOS DA CULTURA BRASILEIRA NA GESTÃO EMPRESARIAL 93
100%
90%
80%
(0 70%
60%
50%
50%
d) 40%
T3 41‘
30%
27%
24%
18% 19% 17%
16%
13%
«d
0%
Pelo que foi visto anteriorm ente, as bases da coesão social nas empresas
Bile-ras se diferenciam das americanas e japonesas. Em nossa realidade, o pa-
e ,: r jo de relações pessoais é um elem ento predom inante para articular ob-
IMPACTOS DA CULTURA BRASILEIRA NA GESTÃO EMPRESARIAL 93
F ig u ra 3.3 Os pacifistas.
Pelo que foi visto anteriorm ente, as bases da coesão social nas empresas
brasileiras se diferenciam das americanas e japonesas. Em nossa realidade, o pa
trim ônio de relações pessoais é um elem ento predom inante para articular ob-
94 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
3.4.1 Estrutura
i problemas
presas.
i ser dadas,
entre as ati-
encam inhar
fanização ba-
elo p oder da
á os alemães
|ue as regras
ituação. E a
A estrutura
. Os Estados
ue cada um
das ativida-
im local de
os de traba-
ta de existir
matriciais,
i realizadas
e), têm en-
)rientações
tura de or-
utivos bra-
lemanha e
ntando ín-
i o índice
organiza-
em destaque. M udança sim, mas não a qualquer custo, principalm ente o custo
social, pois as m udanças podem afetar as relações do grupo. As inovações e m u
danças são justificadas som ente se for possível achar um estágio precedente para
aquela nova ação. E a visão de processo e de continuidade, pois as coisas têm
um a raiz e não se iniciam do nada. Existe um a ligação conseqüente entre o pas
sado e o futuro de m elhorias contínuas. Os recursos p ara as m udanças são bas
tante considerados, pois a crença é que eles são limitados e que qualquer ação
irá retirar um a quantidade de recursos de outras.
Os recursos tam bém não são limitantes de processos de m udança, pois exis
te a crença de que eles existem para aqueles desejosos de procurá-los, desenvol
vê-los e utilizá-los.
nam de ver mo- Com o vimos, todos os traços estão intrinsecam ente envolvidos nos vários
r o liderado não processos do sistema de gestão, assim como os processos tam bém estão organi
Forçam os traços cam ente imbricados. Podemos dep reen d er tam bém que dificilmente destacare
mos um traço em relação a outro, pois todos contribuem para d ar form a ao
estilo brasileiro de adm inistrar.
as empresas, é o
i com isto a com- Isto faz prever que seja extrem am ente difícil rom per as relações no sistema
riando em prega- de gestão, pela m udança de apenas um só dos traços. Por outro lado, ao se atuar
>ode ser afetada em qualquer um deles, todos os demais serão de alguma form a afetados. Uma
m plantar de for- peq u en a ação refletirá em todo o conjunto.
í preciso evoluir
Propostas como as de Ouchi, apresentada como teoria Z, em que buscava
um a sinergia cultural entre os traços da adm inistração am ericana e da adm inis
acterísticas moti- tração japonesa, nos parecem ser bastante irrealistas ou, no m ínino, complexas
para se im plantar e adm inistrar. A com binação cria um a alternativa inconsisten
te em term os do núcleo cultural ou, como diria Schein, as premissas subjacentes
são contraditórias, exigindo um esforço de custo-benefício duvidoso.
106 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
4.2 OS ANOS 70
O contexto político brasileiro, na década de 70, fez com que as pessoas fos
sem educadas para um relacionam ento social com um forte com ponente auto
ritá rio . Isto era refo rç a d o p elo sucesso do m o d elo a u to ritá rio q u e fazia a
econom ia crescer a altas taxas. Neste período, poucos eram os movimentos de
anseio p o r m udanças, dem andando mais democracia.
O rdem na casa era mais im portante e estava fortem ente ligada ao progres
so. Na M étodo não poderia ser diferente.
A tuando no setor de construção civil, alguns outros fatores contribuíam
para reforçar esta postura autoritária. O m ercado era ganho pela potência do
lobby, o que significava decisões pessoais e não com petência em relação ao pro
duto dem andado. Internam ente, lidava-se com mão-de-obra direta de origem
cam ponesa, que estava tam bém acostum ada ao autoritarism o da estrutura rural.
Ao lado do autoritarism o, existia tam bém a concentração de p oder repre
sentada pela figura do mestre-feitor, que ainda hoje persiste no m odo de pro
dução do setor.
Os acionistas são m uito claros em reconhecer que as características mais
fortes das empresas no setor de construção civil eram as estruturas fortem ente
hierarquizadas, em que não havia o m ínim o respeito ao em pregado. Ele era tra
tado com o um "troço descartável, na verdade o peão era igual a um filho de cão
vadio". "O empirismo, a improvisação, o desperdício de materiais, o tem po e o
absoluto descaso em relação à mão-de-obra" resum em o m odo de produção em
vigor no setor, na visão dos acionistas.
D entro deste estilo, a M étodo cresceu ju n to com o setor de construção ci
vil. T inha em sua estrutura muitos níveis hierárquicos, um a adm inistração cen
tralizada com m uitos controles e um distanciam ento do escritório central das
obras.
Em term os de qualidade da gestão de seus recursos hum anos, tinha altos
índices de rotatividade e de acidentes de trabalho, com péssimas instalações e
alim entação nas obras. Era alienante, com poucas reuniões e prom oções sem
critérios. Pouco se importava, com a produtividade e qualidade, afinal "um m er
cado que cresce 15% ao ano aceita qualquer desaforo", dizia um dos acionistas.
A EMPRESA COMO VEÍCULO SOCIAL - este princípio deixava claro que "a
em presa é prim ordialm ente o espaço onde as pessoas exercem seu desenvolvi
m ento profissional e seu relacionam ento hum ano". A em presa é tam bém um
instrum ento para gerar lucro, mas como um instrum ento de "desenvolvimento,
possibilitando aos seres hum anos, que são seu suporte, m elhores condições de
trabalho, de realização profissional e até mesmo de vida". Reinvestir a m aior par
cela do lucro na em presa é a tradução mais objetiva deste princípio.
tecnologia e mecanização sem pre que possível e econom icam ente viável,
e jam ais utilizando o indivíduo como equipam ento de transporte".
• Aprimorar o projeto da obra a ser executada. Mudava-se o enfoque
tradicional de transferir a responsabilidade da qualidade da obra para
aquele que especifica o projeto. O conceito de qualidade n a em presa
"inclui a recusa em seguir especificações inadequadas do projeto". É
preciso usar a experiência do corpo técnico para aprimorá-lo, o que leva
a um a necessária troca de experiências entre todos que participam da
execução.
• Não mandar fazer e sim dizer "como" fazer. Fazer engenharia é também
descer ao detalhe dos métodos executivos, evitando-se, com isto, delegar
aos funcionários a responsabilidade de escolher a m aneira de executar o
serviço, sem que isto signifique desacreditar na inteligência daqueles
menos cultos. "Inteligência e cultura são coisas diferentes. É importante
estimular o surgimento de novas idéias, ouvir sugestões, aproveitar a expe
riência dos trabalhadores, não se colocar no pedestal de dono da verdade.”
• Sempre é possível fazer melhor, mas antes é preciso fazer. Esta mensagem
transm ite um a abertura para se ter coragem de errar na busca de se fazer
bem-feito.
• Nunca "medir a mais". Medir a mais é roubo. A corrupção é o expediente
dos incom petentes para conseguir lucro. Por mais prosaico que possa
parecer, seria preciso ter ações do tipo treinar os engenheiros para que,
quando fossem fazer medições para os clientes, não medissem a mais, ou
seja, fazer o uso de medidas como um "metro tem 100 cm e não 90 cm",
com o é prática comum.
• Marketing é atribuição de todos. Revela a disposição de responsabilizar
todos pela qualidade da imagem da empresa. Além de ter em seus funcio
nários os principais emissores de identidade da empresa, é preciso "associar
o seu nom e às obras realizadas, pois a qualidade final da obra é o principal
testemunho, resistente ao tempo, do bom desem penho da empresa".
• Conquistar a confiança, seja do cliente ou da comunidade. Significa uma
disposição de também estar aberto a estes dois públicos fundam entais para
a em presa. M anter o cliente inform ado do andam ento real da obra e expor
a ele as dificuldades e as providências tomadas eram as práticas desejadas.
A isto se soma a postura de abrir a obra à visitação, m ostrando em que
m edida a com unidade poderá ser beneficiada p o r ela. "Uma em presa
com petente não tem o que esconder, ao contrário, deve exibir sua com pe
tência.”
e viável, ser superficial em relação aos processos construtivos e ter custos m enores, pas
sou a ser a nova estratégia de negócios. Para suportá-la, um a nova estratégia de
;nfoque gestão, baseada na fixação do hom em na em presa, no trabalho em equipe e
>ra para cada um sendo dono de sua própria dignidade. Tudo isto com um intercâm bio
:m presa total, internam ente, entre dirigentes e funcionários, e externam ente, entre em
jeto". É presa e clientes/com unidade.
que leva No início, estes movimentos levaram a organização a certo grau de esqui
pam da zofrenia, pois os acionistas e os docum entos apontavam para um a direção m uito
diferente da prática existente naquele am biente altam ente hierarquizado.
também
delegar
ecutar o 4.4 IMPLEMENTAÇÃO DA MUDANÇA
laqueies
portante Além da crise econômico-financeira, a vontade e a determ inação dos dois
r a expe- acionistas, que confessam ter tido um a crise existencial, foram fundam entais
:rdade.” neste processo.
insagem Um mestre-de-obras, que está na M étodo h á 13 anos, relata: "Desde o início
: se fazer era diferente, a gente falava: aqui é possível conversar com Deus", referindo-se
a H ugo e Victor. Porém , "começou a m udar mesmo quando a em presa ia co
m eçar a d ar prejuízo e as pessoas mudavam ou perdiam o em prego”. Victor e
aediente
H ugo disseram sem meias palavras: “Q uem quiser participar fica, quem não qui
ue possa
ser sai.” C ontinua o mestre-de-obras: "E a gente com eçou a ver que era verdade
iara que,
quando algumas pessoas foram m andadas embora. Antes, a m entalidade era a
mais, ou
mesma, mas eles não eram impositivos.”
»90 cm",
O ex-Diretor de Suprim entos e atual D iretor de um a das Divisões reforça
esta colocação dizendo: "As pessoas que tinham a cabeça mais aberta ficavam,
isabilizar
as outras não encontravam espaço. Foi m uito difícil”, continua ele, ’’algumas
is funcio-
pessoas diziam que tudo estava acontecendo m uito depressa. As pessoas que não
"associar
agissem d en tro de um novo conceito não ficavam e o H ugo e o Victor bancaram
principal
isto. Só p o r isso está m udando. Mas em alguns m om entos eles querem en trar
a".
nos detalhes das coisas, causando o ‘stop and go’ no processo. Aí a gente tam bém
ifica um a tem de policiar e colocar limites, o que não é nada fácil", conclui ele.
itais para A im plantação deste projeto não teve seguram ente um a estratégia fixa que
a e expor se manteve ao longo do tempo. Os ajustes nas ações foram sendo feitos em fun
lesejadas. ção dos resultados internos obtidos e da realidade externa cheia de surpresas
) em que neste período de seis anos de cam inhada.
em presa
Para que possamos descrever a im plantação, vamos utilizar o sistema de
ia compe-
ação cultural para, em nossa percepção, apresentar como se processaram de for
m a articulada as principais transformações dos vários traços culturais anterior
zidos em m ente identificados.
;nte ativo Como vimos, o sistema de ação cultural nos faz observar dois conjuntos de
íiros, não atores genéricos, existentes em qualquer arranjo social: são os líderes e os lide
116 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
lidade m uito diluída na condução da obra. Ele tinha bastante claro que a res
s dois universos
ponsabilidade total da obra deveria estar concentrada em suas mãos e que até
nuito distantes,
mesmo a atividade de planejam ento e controle de produção devia ser feita por
ticas, a M étodo
quem fosse responsável pela execução. No entanto, esta sua m aneira de pensar
colidia com as diretrizes dos próprios acionistas, que queriam ter um engenhei
ro de produção com sua equipe de métodos na obra, para introduzir modifica
ções nos procedim entos de execução. Sem m aior capacidade de negociar, de
evitar conflitos e para fugir a novos desgastes, só coube a ele sair da M étodo.
"Para mim ficava a impressão de que tirar o m eu p o d er era um a desvalo
zomitês, desmi- rização de m inha com petência e que na em presa se buscava um cam inho onde
lo que veio de a capacidade política de harm onizar interesses era mais valorizada. Sem ter esta
beças" de cada autonom ia, não podia me responsabilizar pelos resultados", concluiu ele. Na ver
donistas, onde dade, era exatam ente o contrário. Era preciso aum entar a com petência técnica
ue as reuniões e ju n to a ela a com petência interpessoal. Hoje, este engenheiro já reto rn ou à
Diretor da Mé- M étodo e, ao fazer um a análise crítica de suas ações, acredita tam bém ter havido
5car o tipo de algum exagero e pressa p o r parte da em presa, no início do processo de descen
z com que ele tralização do poder.
também como O fato é que, hoje, este é um ponto de forte diferenciação entre a M étodo
ra cima. Hoje, e as outras empresas brasileiras. Isto fica m uito bem caracterizado se com parar
Dr descentrali- mos os dados de nossa pesquisa, cujos resultados são mostrados naF ig u ra 4.1.
mais objetivo E nquanto 88% dos 2.500 executivos de 520 empresas brasileiras disseram que
ntes, entre os concordam com a existência da concentração de po d er em suas empresas, na
M étodo isto é visto por apenas 29% dos 94 colaboradores pesquisados.
por um repre-
e neste fórum
d e r foi a que-
•nistas. O mo-
>i aos poucos
iestão, Oscar, 2?
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ia semana, o
lerior, que ti-
•spectiva. En-
om posta de
F ig u ra 4.1 Concentração de poder.
i responsabi
118 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
teve
4.4.2 Ampliação da Lealdade às Pessoas o no
4.4.3
A
identic
cordâr
no grá
traço, i
i(
i
c
F ig u ra 4.2 Lealdade às pessoas. (.
o
x
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Na busca da participação, em seu conceito lato sensu de "ser parte", era pre
ciso traçar um a estratégia para um a nova coesão social. Ela teve seus fundam en
tos baseados na credibilidade e confiança mútuas. Buscou-se am pliar a lealdade
das pessoas para a lealdade à empresa. Neste sentido, a M étodo desenvolveu es
tratégias de coesão diferenciadas para os diferentes públicos. A prim eira voltada
para o grupo de direção, cam inhou na linha da sedução, pela oportunidade de
p erten cer a um grupo que tinha um projeto novo de em presa a ser construído F ig u ra 4
e que, pela via da com petência, poderia se afirm ar e, pela adesão aos novos va
lores, perm anecer. A dií
O resultado foi que poucos dos originários aderiram aos novos valores e trole das i
pela força do g rupo foram sendo expelidos, ao longo do tem po, da M étodo. ça desses
U m a das exceções é ilustrada p o r um dos atuais diretores de Divisão, que não diretas e c
MUDANÇA DA CULTURA ORGANIZACIONAL 119
100% ■
90% ■
to 80% ■
DESENVOLVIMENTO DA TECNOLOGIA
Era preciso cuidar para que o sistema não corresse o risco de se sustentar
no personalism o de algumas poucas pessoas, ou na dependência delas. Nesse
sentido, podem os identificar alguns movimentos como o da valorização da com
petência, a abertura dos canais para todos os envolvidos e a decisão em colegia-
do. A decisão do g ru p o devia prevalecer, com o, p o r exem plo, no caso das
demissões, prom oções ou mesmo criação de novas funções. Foram introduzidos
vários comitês e colegiados, alguns de caráter mais perm anente e outros não.
Dessa forma, podem os verificar, conform e a Figura 4.4, que existe um a di
ferença grande entre o índice de concordância com o personalism o na em presa
brasileira, que foi de 69%, e o índice encontrado pela pesquisa realizada na Mé
todo, que ficou em 37%.
122 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
F ig u ra 4.4 Personalismo.
M esmo com o avanço que pode ser observado, “ainda há m uito espaço
p ara cam in h ar”, como diz um dos diretores. “Mas hoje já existe um acordo tá
cito de vigilância m útua, pois nós mesmos, incluindo os acionistas, às vezes es
corregam os na casca de banana. A grande diferença é que quando isto ocorre,
explicitamos sem m edo e a pessoa revê o seu com portam ento."
Para o funcionam ento eficaz das decisões em grupo seria fundam ental que
as opiniões, mesmo que diferentes, fossem tratadas de form a a estimular a exis
tência de um am biente mais criativo e produtivo. O tratam ento mais aberto e
direto dos problem as poderia sofrer o im pacto da tendência que temos de evitar
o conflito.
MUDANÇA DA CULTURA ORGANIZACIONAL 123
100% ■
90% ■
100%
90%
80%
CB 70%
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<(0 60% 67%
■a
oo 50%
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O 40%
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rs 30% Brasil
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20%
21%
10% Método
0%
F ig u ra 4.7 Flexibilidade.
100%
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27%
20% ■
10% ■ Método
0%
F ig u ra 4.9 Impunidade.
Porém , quando se depara com o erro proposital e com pessoas que resis
tem claram ente aos processos de m udança im plem entados, a ação da em presa
é clara e muitas vezes a demissão é a solução. “Este é um processo triste e do
loroso, pois às vezes precisamos dem itir pessoas de quem gostamos”, diz um dos
executivos. Porém, é claro que não se pode abrir mão do rum o estabelecido e
que as ações gerenciais devem convergir para concretizar no cotidiano essa di
reção.
130 O ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR
Personalismo
Paternalismo
ser vista seja como reflexo na inversão da postura de espectador, seja como di
m inuição da postura do evitar o conflito, ou ainda como diluição do m odelo au
toritário de poder. Assim, a m udança qualitativa foi de um clima de aceitação
passiva e de inércia por m elindres às relações pessoais, para um clima de m aior
ebulição criativa, com adaptações às variações do negócio originadas de um pro
cesso mais aberto e crítico em relação às melhorias a serem im plem entadas.
Algumas vezes, o processo de aum entar a flexibilidade, seja através de res
postas criativas, seja de respostas adaptativas, é lento. Mas isso pode ser atribuído
tanto à forte cristalização de um m odelo hierarquizado, quanto à inércia pro
vocada p o r um a negação da realidade, quando se dem ora a aceitar o que os fa
tos estão a indicar. Os dados revelam que 86% dos pesquisados concordam com
a existência desse traço de flexibilidade, o que dem onstra a capacidade de lidar
com norm as e regras que m udam com regularidade. Devemos observar que esse
foi o nível mais alto de concordância entre todos os traços levantados. É, por
tanto, um traço de identidade que a M étodo apresenta.
Por último, o controle das incertezas que tinha o viés de ser feito via for
malismo passou a dividir espaço com a tecnologia, que está sendo buscada in
te rn a c io n a lm e n te e im p le m e n ta d a com a p a rticip a ção dos envolvidos. O
aum ento do clima de confiança entre as pessoas parece ser tam bém um dos ele
m entos que vem iyudando no controle das incertezas.
A percepção de 57% dos entrevistados é a de que se procura agir no sen
tido de controlar as incertezas. No entanto, é preciso destacar que existe ainda
um grande contingente, em torno de 21%, que ainda não tem um a sinalização
clara em relação a esse ponto, o que daria margem, no futuro, a poder se po
sicionar com aqueles que discordam ou com aqueles que concordam com a exis
tência do controle das incertezas.
MUDANÇA DA CULTURA ORGANIZACIONAL 137
dois chefes traz tanto em relação a dois reports, como em relação à possibilidade
real de haver um a divisão inform al das tarefas, o que pode gerar orientações es
tratégicas diferentes.
Ao mesmo tem po, há um a forte unanim idade em relação ao perfil do ge
rente. E m uito bem visto e aceito o gerente que exerce um papel político, que
tenha as características de um negociador e tenha respostas precisas para seus
subordinados. Este últim o item revela um a postura que o saber ainda está com
o chefe, reforçando o po d er hierárquico.
Por últim o, o p o d er ainda exerce um a modvação fundam ental para o exer
cício gerencial. C oncretam ente, isto apareceu com a redução de níveis, tendo
estim ulado em várias pessoas a vontade de se tornarem supervisores, mesm o sem
maiores vantagens salariais, mas pelo forte im pacto que tem o status interno e
externo.
A fase atual tem revelado m udanças qualitativas em relação ao início do
projeto e seus resultados principais se revelam em sua plenitude, em termos do
objetivo de sobrevivência. E possível verificar ganhos substanciais em termos do
seu corpo social, no qual os valores são diferenciados e positivos para a grande
m aioria deles; a coesão é forte em torno do novo projeto, a qualidade de vida
é diferenciada e o clima de cooperação interna predom ina sobre o de com pe
tição. As distâncias hierárquicas têm dim inuído e contribuído para um a m aior
aproxim ação em term os de igualdade de poder, de rem uneração, de respeito à
liberdade de expressão, de reconhecim ento à inteligência dos m enos favoreci
dos socialmente. Enfim, o grau de socialização é grande, várias vezes m aior do
que o das outras empresas do setor e o das empresas brasileiras em geral. As ba
ses para o enfrentam ento da concorrência estão se form ando solidamente.
A participação no m ercado ainda não é o suficiente para garantir um a so
brevivência tranqüila, mas a imagem da M étodo vem sendo cada vez mais reco
n h ecid a e identificada p o r sua nova postura de trabalho. Para viabilizar este
processo, m uita energia foi canalizada para dentro da organização. Será neces
sário agora um foco mais voltado para o mercado.
Em bora exista um gap entre a imagem externa e as práticas cotídianas in
ternas, assim como h á ritmos diferenciados entre as áreas no processo de m u
dança, percebe-se claram ente o n orte dado pelos acionistas. Eles acreditam "que
mesmo que não saibam dizer se am anhã estará mais frio ou mais quente afir
m am que agora, com certeza, em dezem bro estará mais quente que hoje, 2 de
ju lh o ”.
Se as m udanças qualitativas são visíveis, as m udanças quantitativas ainda
não têm indicadores expressivos e conclusivos. Não foi possível ainda aferir com
precisão os ganhos de produtividade. E nesse sentido que algumas ações deve
rão ser retom adas e reforçadas, buscando explicitar os indicadores de gestão e
de desem penho p o r obra, divisão e em presa. E preciso evoluir no desenvolvi-
MUDANÇA DA CULTURA ORGANIZACIONAL 139
•ossibilidade m ento dos sistemas, pois em um am biente onde a cultura e a estrutura são mais
entações es- descentralizados, os sistemas desem penham um papel fundam ental na viabiliza
ção da estratégia em presarial definida.
>erfil do ge-
■olftico, que
is para seus 4.6 CONCLUSÃO
ia está com
É pouco realista dizer que um estágio de m udança se concluiu, porque da
nova situação provocada novas questões irão surgir. A solução de velhos proble
jara o exer-
mas provocará novos problemas, obviamente em estágios mais avançados e, m ui
íveis, tendo
tas vezes, com o antes, ain d a não experim entados. O que nos parece é que
mesmo sem
percorridos seis anos, a M étodo Engenharia tem as bases de sua m udança cul
s interno e
tural im plantadas, porque seu sistema as reflete. A estrutura divisionalizada con
tribui para esse movimento e cria um novo desafio que é a consolidação dessa
d início do cultura em cada unidade. Tudo isso sem p erd er de vista o foco principal de todo
termos do este movimento: o seu m ercado. Estar sem pre competitivo, p ara satisfação de
termos do seus clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores e a sua com unidade.
a a grande U m a últim a palavra. Estar competitivo tem um agente de transform ação
de de vida fundam ental: os executivos da M étodo Engenharia. Eles não são só aqueles ge
de compe- rentes formalizados em cargos de com ando. São também operários que, p o r sua
ím a m aior p ró p ria iniciativa, provocam m udanças nos m étodos de trabalho ou nas norm as
respeito à administrativas. E esse conjunto que dá à em presa um a identidade diferente e
>s favoreci- que pode ser a sua grande vantagem competitiva absolutam ente diferenciada e
i m aior do não imitável.
?ral. As ba-
m ente.
ir um a so
mais reco-
lilizar este
erá neces-
dianas in-
50 de mu-
itam "que
íente afir-
íoje, 2 de
vas ainda
ferir com
:ões deve-
: gestão e
esenvolvi-
5
RECRIAÇÃO DO ESTILO BRASILEIRO
DE ADMINISTRAR
am b ien te de crise, m om entos que com portam a descontração e que nos dão a
certeza de q u e é possível conciliar objetividade com em otividade. Devem os ala
vancar de todas as form as, p a ra d e n tro da em presa e m esm o p a ra fora de nossa
c a p ac id ad e de e stab elecer relações pessoais e através dela p ra tic a r a leald ad e
pessoal. A leald ad e pessoal deve ser rec o n h e c id a e ex p lo rad a n ão só p elo seu
lado positivo e objetivo de agilizar inform ações, de consolidar alianças, com o
tam b ém p elo seu lad o em ocional de h u m an izar as relações in te rn a s /e x te rn a s
nas em presas.
E n q u a n to outros países vêm buscando, com o fórm ula atualizada de suces
so, o envolvim ento e c o m p ro m etim en to au têntico das pessoas em to rn o dos ob
jetiv o s das em p resas com o m eio d e o b te r m elh o res resultados, os brasileiros
p a recem ter um predisposição natu ral p ara esse co m p ro m etim en to autêntico.
E preciso estim ular m ais o sonho. E nisto tam bém somos especialistas. Nos
sos projetos m egalóm anos ficaram adorm ecidos. O so n h o de Brasília tornou-se
exeqüível, o so n h o do carnaval é recriado a cada a n o com m uito sucesso. Em
síntese, p odem os lib erar nossa capacidade e m p re e n d e d o ra su p o rtad a pela cria
tividade.
RECRIAÇÃO DO ESTILO BRASILEIRO DE ADMINISTRAR 143
SIM. Tenho interesse em fazer parte do banco de dados seletivo da Atlas para receber
informações sobre lançamentos nas áreas de meu interesse.
rama
□ Fem.
Nome:____ ______________________________________________________ Sexo: D Masc.
Empresa:_______________________________ Cargo/Função:__
A lié
End. C om .:__________________________________________________________________
nâtes.
CEP:___________ -_______Cidade:________________________________ Est.
End. R e s .:_____________________________________________________
CEP: - Cidade: Est.
INFORMAÇOES COMPLEMENTARES
a) Hábito de compra
Costumo comprar livros através de:
□ livrarias □ mala direta
O feiras e congressos □ outro canal: .
b) Freqüência de compra
Compro anualmente em média:
D 1-2 livros □ 5-6 livros
□ 3-4 livros □ 7 ou mais livros
d) Autorizo utilizar meu número de FAX para transmitir informações sobre novos lança
mentos
G sim D não
ISR-40-2373/83
U.P. AC. Central
DR/São Paulo
CARTA - RESPOSTA
N ão é necessário selar
O selo será pago por:
eeDdKüfd] n tln s jm
05999-999 - SÃO PA ULO - SP
:OÍ)3H3CIN3
:H1NH13W3H