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A POPULAÇÃO PORTUGUESA: EVOLUÇÃO E DIFERENÇAS REGIONAIS

Evolução da população
portuguesa
Evolução da população portuguesa

 ciência que se dedica ao estudo


quantitativo e qualitativo da população
DEMOGRAFIA humana, tendo por objeto o estudo e a
explicação do modo como esta evolui
e se modifica.
Os estudos demográficos
assumem, uma importância
fundamental:

• na preparação de • na definição e
processos de execução de políticas
planeamento; de desenvolvimento;
objetivo

 contribuir para a melhoria da


qualidade de vida das
populações.
Evolução da população portuguesa

Instituto Nacional de
Estatística (INE)

• realiza de 10 em 10 anos operações de


contagem da população, designadas por
censos ou recenseamentos.

• permitem fazer uma • possibilitam verificar a


avaliação existência de
pormenorizada dos alterações profundas
diferentes parâmetros na evolução da
da população ao população
longo do tempo; portuguesa.
Evolução da população portuguesa

 Embora com algum desfasamento temporal, Portugal conheceu um


processo de transição demográfica próximo do dos países
desenvolvidos…
• tendo-se transformado nas últimas décadas num país envelhecido,
com baixos níveis de natalidade e mortalidade.

Fig. Modelo demográfico dos países desenvolvidos


Evolução da população portuguesa

 Embora no período entre 1900 e 2011 a população residente em


Portugal tenha quase duplicado, o ritmo de crescimento populacional não
tem sido uniforme.

Fig. População residente em Portugal (1900-2011)


Evolução da população portuguesa
• a partir de 1974: maior
aumento de população, como
consequência dos fluxos de
• 1920 a 1940: ritmo imigração da população
de crescimento da proveniente das ex-colónias.
população voltou a
aumentar, refletindo
a diminuição da • Segunda metade dos
mortalidade geral e o
anos 80: perda de
aumento da
dinamismo demográfico.
esperança de vida.• A partir de 1941, o
crescimento populacional,
desacelerou.
• entre 1965 e 1973: quebras
• 1920: quebra do ritmo de populacionais; período
crescimento populacional, marcado de novo por fortes
como resultado dos efeitos movimentos emigratórios.
da I Guerra Mundial, da
gripe pneumónica e dos
fortes movimentos
emigratórios.

Fig. População residente em Portugal (1900-2011)


Evolução da população portuguesa

 Os anos 90 do século XX e os primeiros anos do século XXI


ficaram marcados por um crescimento contínuo da população,
particularmente de indivíduos em idade ativa, resultante:
• do fluxo imigratório que se verificou neste período;
• e por um aumento da proporção da população idosa (65 e mais
anos), em resultado do aumento da esperança de vida.
Evolução da população portuguesa

• O enfraquecimento do • a desaceleração do
crescimento natural, atingindo crescimento migratório
valores quase nulos ou mesmo para valores muito
negativos nos anos mais recentes; reduzidos;

tiveram como consequência

• abrandamento do ritmo de crescimento efetivo desde 2003, que


em 2010 e 2011 se estima ter sido negativo.
Evolução da população portuguesa

 Desde o início da década de 60 do século XX que se observam


taxas de crescimento natural tendencialmente mais reduzidas ou
mesmo negativas.
Evolução da população portuguesa

Em Portugal, tem-se registado, nas últimas


TAXA BRUTA
décadas, um acentuado decréscimo da
DE
natalidade.
NATALIDADE

Fig. Natalidade em Portugal (1960-2011).


Evolução da população portuguesa

 A diminuição da taxa bruta de natalidade processou-se a ritmos


variados intensificando-se a partir de meados da década de 60.

Fig. Taxa bruta de natalidade em Portugal (1900-2011).


Evolução da população portuguesa

Razões que justificam o


decréscimo da taxa bruta de
natalidade:

• aumento da idade média do primeiro


casamento;
•diminuição da duração média dos
casamentos;
• aumento dos níveis de celibato;
• progressiva emancipação da mulher;
• acesso ao planeamento familiar;
• aumento dos encargos sociais com os
filhos;
•redução da taxa bruta de nupcialidade;
• aumento da taxa bruta de divorcialidade.
Evolução da população portuguesa

• traduz-se num índice sintético de


A quebra da taxa de
fecundidade, que se situa no valor de
fecundidade…
1,36 filhos por mulher (2011) ;

• longe de poder assegurar a renovação


das gerações (que só é possível com
uma média de 2,1 filhos por mulher).

Fonte: INE – PORDATA 2013


Fig. Índice Sintético de Fecundidade em Portugal (1960-2011)
Evolução da população portuguesa

Fig. Índice sintético de fecundidade nos países da UE27 (2011)


Evolução da população portuguesa

Contrastes na distribuição da
taxa de natalidade:

• valores mais • interior


elevados nas apresenta valores
áreas litorais; inferiores.

• regiões autónomas
registam igualmente
valores elevados.

Fig. Taxa bruta de natalidade por NUT III


(2011)
Evolução da população portuguesa

TAXA BRUTA DE • sofreu um aumento significativo nos


MORTALIDADE finais da década de 1910;

Desde 1960, a  resultado dos efeitos da epidemia


tendência também conhecida por gripe pneumónica (1918) e
tem sido crescente. da I Guerra Mundial (1914-1918).

Fig. Número de óbitos ocorridos em Portugal (1960-2011)


Evolução da população portuguesa

• A partir da década de 1920:


progressivo decréscimo da
taxa bruta de mortalidade,
acompanhando as tendências
que se registaram nos países
mais desenvolvidos.

• Atualmente, a taxa bruta de


mortalidade estabilizou em torno dos
10 óbitos por mil habitantes, valor
que se encontra em linha com os
verificados nos restantes países da UE.

Fig. Taxa bruta de mortalidade em Portugal (1900-2011)


Evolução da população portuguesa

Razões que justificam a


diminuição gradual da taxa
bruta de mortalidade:

• progressiva melhoria da dieta alimentar e


das condições habitacionais;
• intensificação dos cuidados de saúde e
de assistência médica;
• melhoria dos hábitos de higiene pessoal;
• melhoria das condições de trabalho
(nomeadamente, a redução do número de
horas de trabalho e melhores condições de
segurança).
Evolução da população portuguesa

Contrastes na distribuição da
taxa bruta de mortalidade:

• algumas regiões do
Interior Centro e do
Alentejo: apresentam
valores mais elevados de
taxa bruta de mortalidade.

• melhores indicadores
registam-se no Norte Litoral
e na região de Lisboa.

 A estrutura etária da população e o


grau de cobertura dos serviços médicos Fig. Taxa bruta de mortalidade, por
acabam por explicar estes contrastes NUTS III (2011)
Evolução da população portuguesa

 Relativamente às causas das mortes, destacam-se as doenças


do aparelho circulatório e os tumores, que, no seu conjunto,
representam mais de metade das ocorrências.
Evolução da população portuguesa

• mais que duplicou em Portugal em


ESPERANÇA menos de um século, o que ilustra bem as
MÉDIA DE VIDA enormes transformações económicas e
sociais que o país sofreu.

 período compreendido entre 2009 e


2011: foi estimado um valor médio para
os dois sexos de 79,45 anos.

Fig. Esperança média de vida à nascença, por sexo, em Portugal (1960-2011)


Evolução da população portuguesa

Fig. Esperança média de vida nos países da UE27 (2011)


Evolução da população portuguesa

ÍNDICE DE LONGEVIDADE

• em 2011 este índice era de 47,9;

• Lisboa, com um índice de cerca


de 46, é a região do país com o
menor índice de longevidade.

• Alentejo: única NUTS II em que


o índice já ultrapassa os 50 (52),
o que significa que a maioria da
população idosa já tem mais de
75 anos.

• Por NUTS III: o interior do país


tem índices de longevidade
superiores ao litoral. Fig. Índice de longevidade em Portugal,
por NUTS III (2011)
Evolução da população portuguesa

• em 1960, atingia um valor de


TAXA DE MORTALIDADE
77,5 ‰, caindo para 24,3 ‰ em
INFANTIL
1980 e, em 2011, para 3,1‰.

Fig. Taxa de mortalidade infantil em Portugal (1960-2011)


Evolução da população portuguesa
• evolução muito positiva das condições de vida,
Razões que destacando-se as que se verificaram em matéria
justificam a de serviços de saúde:
diminuição da taxa  cuidados médicos durante o período de
de mortalidade gravidez;
infantil:  acompanhamento durante a fase do parto;
 posteriores cuidados de vacinação infantil

Fonte: EUROSTAT (2012)


Evolução da população portuguesa

• NUTS II com pior  acima da


comportamento: Lisboa média nacional
e região autónoma da (3,1‰).
TAXA DE Madeira;
MORTALIDADE
INFANTIL
• pela positiva, destacam-se as NUTS II: do
Alentejo, do Centro, do Algarve e da região
autónoma dos Açores.

Fig. Taxa de mortalidade infantil, por NUTS II (2011)


Evolução da população portuguesa

 Ao nível das NUTS III, existem


diferenças muito significativas:
• destacando-se, com valores
elevados, as sub-regiões do
Pinhal Interior Sul, Beira Interior
Norte e serra da Estrela (com
valores superiores a 7,5‰).

Fig. Taxa de mortalidade infantil, por NUTS III


(2011)
Evolução da população portuguesa

• depende apenas da taxa bruta


TAXA DE CRESCIMENTO
de natalidade e da taxa bruta
NATURAL
de mortalidade.

• tem vindo progressivamente a • Nos últimos anos têm


diminuir, sendo essa redução mais mesmo ocorrido
acentuada desde 1960. valores negativos

Fig. Taxa de crescimento natural em Portugal (1950-2011)


Evolução da população portuguesa

 Globalmente, a Europa dos 27 apresentava, em 2010, uma taxa


de crescimento natural de 1,0‰, oscilando os valores entre os
+10,4‰ da Irlanda e os -4,8‰ da Letónia.

Fonte: EUROSTAT (2012)


Fig. Taxa de crescimento natural na UE27 (2011)
Evolução da população portuguesa

 A distribuição da taxa de crescimento


natural apresenta grandes contrastes:

• Os destaques vão, • Alentejo e o Centro: • Norte e o Algarve:


pela positiva, para valores negativos de taxas de crescimento
as NUTS de Lisboa forma persistente nos natural praticamente
e dos Açores; últimos anos nulas.

Fig. Taxa de crescimento natural (permilagem), por NUTS II (2005-2011)


Evolução da população portuguesa

 Ao nível das NUTS III, existem


diferenças consideráveis,
destacando-se, com valores
positivos, as sub-regiões do
Cávado, Ave, Tâmega, Porto e Entre
o Douro e Vouga (valores entre 0,1 e
2,5‰).

Fig. Taxa de crescimento natural,


por NUTS III (2011)
Evolução da população portuguesa

MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS

• Num passado não • duas últimas • recentemente:


muito distante: a décadas do século movimento de
realidade migratória passado: imigração saídas tem vindo
assentava sobretudo assumiu novamente a ganhar
na emigração. preponderância. importância.

Fonte: Portugal: Atlas das Migrações Internacionais (2010) e INE (2012)

Fig. Evolução da emigração portuguesa (1900-2011)


Evolução da população portuguesa

• fluxos migratórios nacionais dirigiram-se


Até aos anos 60 maioritariamente para países do continente
do século XX: americano (Brasil e Estados Unidos) – o chamado
ciclo transatlântico.

• a opção pela Europa ganhou alguma


Posteriormente, a
relevância e tornou-se dominante para a maior
seguir à II Guerra
parte dos emigrantes portugueses – foi o ciclo
Mundial:
europeu.

Fig. Destinos dos nossos emigrantes Fonte: INE Estatísticas Demográficas (2012)
Evolução da população portuguesa

Quanto às regiões de origem:

• numa primeira • com a emigração


fase: distritos do clandestina os
litoral destacaram- distritos do interior
se (maior facilidade ganharam mais
de deslocação); importância.

 Entre a década de 40 e a de 70 do
século passado:
 todos os distritos do interior e as
ilhas apresentaram saldos
migratórios negativos;
 apenas Lisboa e Setúbal
conseguiram mostrar-se atrativos na
captação de contingentes Fig. Origem dos nossos emigrantes
demográficos. (médias anuais – percentagem de
emigrantes em relação à população
total) (1950-1990)
Evolução da população portuguesa

 Em 1973 ocorreu uma das


maiores crises económicas
mundiais, provocada pela subida
rápida dos preços do petróleo,
que se prolongou pela década de
80, e que ocasionou uma
redução muito acentuada dos
fluxos emigratórios.
Evolução da população portuguesa

Segunda metade dos • descida rápida do volume anual


anos 70 e a década de médio de saídas e pelo aumento
80 caracterizaram-se: do fenómeno do retorno.

 Primeiro, o das ex-colónias:


Estima-se que nesse forçado e essencialmente
período tenham chegado a concentrado entre 1974 e 1976.
Portugal mais de um
milhão de indivíduos.  Posteriormente: dos que tinham
optado por alguns países europeus,
aproveitando os incentivos
oferecidos pelos países recetores.
Evolução da população portuguesa

• Portugal começou uma


 A partir de • fruto do acentuar nova vaga de emigração,
1998: da crise económica; (comparável à dos anos 60
e 70).

 Esta terceira • pelo facto de os portugueses estarem a deixar os


vaga emigratória destinos tradicionais e a optar por novas paragens
caracteriza-se: como Angola e Brasil (economias emergentes).
Evolução da população portuguesa

A IMIGRAÇÃO

• a partir do final da década de  assumindo-se progressivamente


1970: imigração tornou-se como o principal componente dos
cada vez mais visível; movimentos migratórios externos.

• até à década de 1970:


população estrangeira a viver
em Portugal não era
significativa;

• a partir dos anos 80 do século


passado: número de imigrantes
superou, pela primeira vez, as
saídas legais.
Evolução da população portuguesa

 Segundo o INE:

“À data da realização dos Censos 2011,


residiam no nosso país 394 496 cidadãos de
nacionalidade estrangeira (cerca de 3,7% do
total da população).

• “Em termos regionais, é no Algarve que


a população estrangeira tem maior
importância (cerca de 12%) seguindo-se
Lisboa (7%).

• Em 3.º lugar: Alentejo (3%), seguido da


região autónoma da Madeira e da região
Centro (valores da ordem dos 2%).

• Região autónoma dos Açores (1,4%) e


Fig. População de nacionalidade
região Norte (1,3%) de população estrangeira a residir em Portugal,
estrangeira”. por NUTS III (2011)
Evolução da população portuguesa

 Ainda de acordo com os resultados definitivos dos Censos 2011:

• “a maior comunidade estrangeira residente em Portugal é a brasileira


(cerca de 28%), seguindo- se a cabo-verdiana (aproximadamente 10%).
• A comunidade ucraniana é a terceira mais representada em Portugal
(9%), e a comunidade angolana surge em 4.º lugar (cerca de 7%).
• Destaque ainda para o aumento da população chinesa verificado na
última década.”
Evolução da população portuguesa

Fig. População estrangeira com estatuto legal residente segundo algumas nacionalidades
(2010)

 Este contingente demográfico é caracterizado por apresentar um


índice de envelhecimento relativamente baixo e com masculinidades
relativamente acentuadas, embora muito variáveis entre as diferentes
comunidades.
Evolução da população portuguesa

Estes fluxos de saídas e entradas de população em território nacional


têm grande influência na evolução demográfica do nosso país:

• rejuvenescendo a nossa
estrutura demográfica;

• contribuindo para o aumento


da disponibilidade de mão de
obra jovem e barata.

Fig. Estrutura etária da população


estrangeira residente em Portugal (2011).
Evolução da população portuguesa

 Com a crise económica que se tem instalado na maior parte dos países
europeus desde 2008, este contingente tem tendência para a contração.

Fig. População estrangeira a residir ou a permanecer em Portugal, segundo


enquadramento legal (2005-2010)
Evolução da população portuguesa

 Globalmente, o comportamento da taxa de crescimento migratório


tem sido, nos últimos anos, responsável pela evolução das taxas de
crescimento efetivo do nosso país.

Fig. Taxas de crescimento natural, migratório e efetivo em Portugal (2005-2011)


Evolução da população portuguesa

• resulta da conjugação dos


TAXA DE CRESCIMENTO
comportamentos do crescimento
EFETIVO
natural e do saldo migratório.

• tem apresentado uma tendência


de diminuição nos últimos anos.

Fonte: INE, Estatísticas demográficas 2010 e Censos 2011

Fig. Taxas de crescimento natural, migratório e efetivo em Portugal (1941-2010)


Evolução da população portuguesa

 Espacialmente, o crescimento efetivo apresenta assimetrias que importa


compreender.

Fig. Taxa de crescimento efetivo, por NUTS II (permilagem)


Evolução da população portuguesa

 Ao nível das NUTS III:

• predomínio das taxas mais


elevadas nas NUTS situadas no
litoral (são estas NUTS que
apresentam valores positivos
devido à influência da
proximidade das áreas
metropolitanas de Lisboa e do
Porto).

Fig. Taxa de crescimento efetivo em


Portugal, por NUTS III (2011)
FIM DA
APRESENTAÇÃO

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