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Página 275 da Judiciário do Tribunal

Regional do Trabalho da 10ª Região


(TRT-10) de 24 de Novembro de 2015

E o que seria, em termos objetivos, esse tempo extremamente


reduzido de exposição?
O Ministério do Trabalho e Emprego editou a Portaria nº 3311, de
29/11/1989, que traça normas claras e objetivas para que a
fiscalização do trabalho identifique as situações de permanência,
intermitência e eventualidade.
A referida Portaria nº 3.311/89 foi revogada pela Portaria do
Ministério do Trabalho e Emprego nº 546/10, mas é consenso no
meio jurídico, inclusive em razão de esclarecimentos prestados pelo
próprio Ministério do Trabalho e Emprego (vide o endereço
eletrônico
"http://descomplicandoaseguranca.blogspot.com.br/2011/06/laudo-
tecnico-como-elaborar.html"), que as antigas orientações da
Portaria revogada permanecem válidos quando se trata de orientar
a fiscalização para definir situações de trabalho eventual,
intermitente e permanente.
E tal se dá porque a norma revogadora, in casu , a Portaria nº
546/2010, nada tratou em relação à disciplina anterior contida na
Portaria nº 3311/89, pelo menos quanto aos critérios objetivos de
identificação das situações de exposição eventuais a agentes
nocivos à saúde, limitando-se a inovar no mundo jurídico apenas e
tão somente em relação à forma de atuação da Inspeção do
Trabalho, definindo-se novos critérios para o planejamento da
fiscalização e a avaliação de desempenho funcional dos Auditores
Fiscais do Trabalho.
Assim, embora revogada a Portaria nº 3311/89, as suas antigas
diretrizes de definição das realidades de intermitência, eventualidade
e permanência mantêm-se válidas e servem de parâmetro confiável à
fiscalização do trabalho.
No item nº 4 - ANÁLISE QUALITATIVA, em seu subitem nº 4.4, a
revogada Portaria nº 3311/89, estabelece:

"- do tempo de exposição ao risco - a análise do tempo de exposição


traduz a quantidade de exposições em tempo (horas, minutos,
segundos) a determinado risco operacional sem proteção,
multiplicado pelo número de vezes que esta exposição ocorre ao
longo da jornada de trabalho. Assim, se o trabalhador fica exposto
durante 5 minutos, por exemplo, a vapores de amônia e, esta
exposição se repete 5 a 6 vezes durante a jornada de trabalho, então
seu tempo de exposição é 25 a 30 minutos por dia, o que traduz a
eventualidade do fenômeno. Se, entretanto, ele se expõe ao mesmo
agente durante 20 minutos e o ciclo se repete 15 a 20 vezes, passa a
exposição total a contar com 300 a 400 min/dia de trabalho, o que
caracteriza uma situação de intermitência. Se, ainda, a exposição se
processa durante quase todo o dia de trabalho, sem interrupção, diz-
se que a exposição é de natureza contínua."

Com base nos critérios objetivos da referida norma regulamentar,


pode-se conceituar:

"* até 30 minutos por dia = trabalho eventual;


* até 400 minutos por dia (próximo de 6 horas e meia) = trabalho
intermitente;
acima de 400 minutos por dia = trabalho permanente, contínuo ou
habitual".

Observe-se que a exposição é aferida em relação à jornada


efetivamente cumprida pelo empregado, e não aos dias efetivamente
trabalhados por escala.
No caso em apreço, a Reclamante ficava exposta, ao longo de toda a
sua jornada cumprida, ao contato com o lixo urbano, o que
caracteriza o contato permanente.
Irrelevante, para tal efeito, que a sua escala fosse de 12x36 horas, pois
a exigência da lei, para pagamento do adicional de insalubridade, é de
contato permanente com agente insalutífero durante a jornada, e não
que tal contato ocorra todos os dias, durante sete dias por semana.
Assim, presente o labor em condições nocivas à saúde da
trabalhadora, devido se mostra o pleito de adicional de insalubridade.

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