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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Educação e Comunicação

Criatividade da consciência

(5o Grupo)

Discentes:

Abdul Kadir Tayob

Ahmad Altaf Bassir

Ana Ranquene Martins

Muhammad F. A. Wahab

Muhammad Shuhayb Vali.

Curso: Economia e Gestão 1oano

Nampula, Maio de 2019


Criatividade da consciência

A criatividade deve estar ligada a um processo de ganho de consciência. Ao se ligar a criatividade


a consciência, os actos que advêm da pessoa humana, para além de permitirem reflectir e
testemunhar o processo de auto-conhecimento, podem também adquirir a qualidade de elemento
transformador e iluminador para quem as observa. Do mesmo modo que o estudo das obras do
passado cultural da humanidade nos permite entender um caminho evolutivo que o homem tem
tido, assim também as obras que se irão criar nos séculos que se seguem serão espelho dos
estados progressivos da consciência do homem. Portanto, a presente pesquisa de natureza
académica apresentará aspectos da criatividade da consciência.

O que caracteriza a pessoa humana é a liberdade. Perante este facto, uns afirmam a existência da
liberdade e outros a sua não existência. Estas tendências partem de como definem o homem.

No pensamento africano, a pessoa humana possui vários elementos vitais: o espírito (que liga a
linhagem), o sangue (recebido da mãe), o corpo e a sombra da pessoa, e a respiração. Não são
todas as culturas que acreditam que o homem tenha todos estes elementos, mas reconhece-se o
facto de serem tipicamente duma visão africana. São o suporte da vida humana e servem de
intermediários da complexa, mas necessária, rede de relações que torna o homem dependente do
transcendente (Laissone, 2001, pp. 9-10).

Laissone, Augusto e Matimbiri (2017) explicam que Confúcio escreveu “que a consciência é a
luz da inteligência para distinguir o bem do mal. A consciência é a bússola que nos guia pelo
caminho recto nem sempre o mais fácil, mas sempre o mais adequado para se progredir na
sabedoria e no amadurecimento do espírito” (p. 37).

A natureza sempre se repete de acordo com a fórmula de Lavoisier, segundo a qual, na natureza:
Nada se cria, nada se perde e tudo se transforma. Deste modo, de acordo com Laissone, Augusto
e Matimbiri (2017), a pessoa humana representa algo que se constitui como um acréscimo a
natureza que se distinguem outra parte pela sua capacidade de síntese, liberdade e criatividade. A
pessoa humana: Nasce com direitos e deveres; É constituída de inteligência, consciência moral
(que aspira distinguir o bem do mal) e livre (faz escolha e toma decisões).
De acordo com Laissone, Augusto e Matimbiri (2017), a consciência pode ser: antecedente (se o
juízo na moralidade duma acção e a obrigação para realizá-la ou omiti-la se passa antes da
realização da acção; portanto, a consciência antecedente comanda, exorta, permite, proíbe) ou
consequente (quando avalia um dado já feito ou omitido; portanto, a consciência consequente
aprova, escusa, reprova ou acusa).

De acordo com Haring (1960, cit, em Laissone, Augusto e Matimbiri, 2017):

Na formação da consciência, cada um deve estar consciente dos princípios básicos da moralidade
e sobretudo na escuta da voz interior, que é norma interiorizada. Certamente, uma consciência
bem formada é caracterizada por quatro atitudes: racional, autónoma, altruísta, e responsável. A
pessoa deve estar pronta para escutar o que é que a lei prevê como correcção dos seus próprios
pontos de vista e como uma auto-salvaguarda ou defesa contra as influências deformantes dos
seus juízos. Esta cedência à lei não é submissão imatura, mas é a aprovação resultante da
iluminação das próprias limitações e do conhecimento de que as leis morais são fruto da
experiência e do trabalho comum de muitas gerações (pp. 45 – 46).

As acções humanas não constituem uma pluralidade de acções isoladas e desconectadas. Todas
elas têm normalmente as suas raízes nas decisões básicas que dão um sentido e uma determinação
à vida do ser humano enquanto um todo.

Laissone, Augusto e Matimbiri (2017) apresentam três princípios sobre a consciência:

A rectidão da consciência: se não é recta, a consciência é viciosa; A verdade da consciência: se


não é verdadeira, a consciência é falsa (errónea); A certeza da consciência: se não é certa, a
consciência é duvidosa.

Nesta vertente, Laissone, Augusto e Matimbiri (2017) acrescentam que assim acontece porque a
vida é uma tarefa coerente, que deve ser cumprida pelo ser humano. Cada empreendimento
criativo que o ser humano realiza não é a partir de decisões independentes e separadas, mas é na
base dum plano ou projecto fundamental, existencial, dando assim à vida um sentido de unidade.
É na base desse plano ou projecto fundamental que as acções particulares poderão ser preferidas
ou admitidas ou rejeitadas.

Portanto, pode-se dizer que ter criatividade da consciência significa: Ter um modelo de vida, ter
uma consciência recta, verdadeira e certa e ter ideia de quem a pessoa é. Isto constitui a premissa
de todo o viver moral. Mas o problema grave que o homem enfrenta é que ele próprio sabe que
não há um modelo de vida, ele sabe que a sua consciência, não poucas vezes, se encontra viciada,
no erro e na dúvida.

A qualidade moral de uma acção deriva do raciocínio moral que lhe é subjacente: para ser moral,
uma acção tem de ser, em primeiro lugar, subjectivamente moral (Lourenço, 2002, p. 55)

Na visão de Vidal (1980), deste modo, falar da criatividade da consciência equivale a falar de
desenvolvimento do juízo moral e, mais especificamente, do desenvolvimento dos juízos de
justiça. Advoga-se que este desenvolvimento ocorre de acordo com uma sequência de estágios
que é independente da cultura, do meio social, do continente ou do país a que o indivíduo
pertence.

Isto é, assume-se a o desenvolvimento da humanidade e o universalismo como seus motivos


centrais. Cada estágio que a criatividade da consciência atinge, por sua vez, representa uma
organização do pensamento moral qualitativamente distinta e superior à organização do estágio
anterior; porém, cada estágio não só representa um modo mais elevado e complexo de pensar,
como também inclui, simultaneamente, o pensamento dos estágios anteriores.

Diz a Sagrada Escritura: “Deus quis deixar ao homem o poder de decidir” (Eclo. 15,14). Por isso,
a dignidade do homem exige que ele possa agir de acordo com uma opção consciente e livre;
movido e levado por convicção pessoal e não por força de um impulso interno cego ou debaixo
de mera coacção (Pontifício Conselho “Justiça E Paz”, 2002, n.135).

Alguns estudos evidenciaram o desenvolvimento da criatividade, porém, concluí-se que, à


medida que o desenvolvimento a criatividade da mente aumenta, aumenta também a consistência
entre a cognição moral e a acção moral, já que se verificou que as pessoas com um raciocínio
mais elevado apresentam maiores índices de consistência entre a criatividade. Então, a partir
desta evidência, podemos supor que estas pessoas põem mais frequentemente em prática os seus
juízos de criatividade, ou seja, são pessoas mais determinadas em seguir em frente com o que
julgam ser as obrigações morais, em agir de acordo com o que pensam ser a forma mais correcta
de acção.
Assim, em concordância com o dito acima, tomou-se a expectativa de satisfação a obter com a
adopção de um agir criativo como uma recompensa e, assim, como uma boa variável produtora
da consciência e da determinação para a criatividade.

Trata-se então, de explorar uma componente emocional da criatividade, porque parece haver
razões para supor que algumas emoções determinam a criatividade da consciência.

É dever de todas as pessoas de bem, religiosas ou não, inclusive para que possamos preservar
nossa própria dignidade, lutar pela busca da verdade, seja no plano da verdade revelada, seja na
cultura, na ciência, na economia, na política ou em qualquer outro ramo das actividades humanas,
pois a verdade liberta (Laissone, Augusto & Matimbiri, 2017).

O trabalho foi terminado, e ao longo do mesmo foi debruçado acerca do tema proposto, tendo
aprendido que o homem deve, em cada dia e em cada momento da sua vida, procurar descobrir o
seu modelo de vida, deve sempre escolher o mesmo e esta escolha deverá consistir na anulação
total das outras alternativas, que também são boas. Nesta ordem de ideias também foi possível
colher que a mudança de paradigma permite desse modo uma ampliação da consciência que pode
trazer benefícios para todos os seres humanos nesta viagem da vida humana na terra. Integrar e
tomar consciência dos múltiplos planos de percepção que à interacção complexa entre seres, o
que permite ampliar os horizontes daquilo que pode vir a ser a origem da percepção humana no
futuro. E podemos concluir dizendo que é a criatividade da consciência que move e determina o
agir do ser humano.

Referências Bibliográficas

Vidal, M. (1980). Moral de atitudes. (3ª. ed.). Madrid, Espanha: Ps Editorial.

Laissone, E. Augusto, J. & Matimbiri, L. (2017). Manual de ética geral. Beira, Moçambique:
Ucm.

Lourenço, O. M. (2002). Psicologia do desenvolvimento moral: Teoria, dados e implicações. (3ª.


ed.). Coimbra, Portugal: Livraria Almedina.

Laissone, E. J. C. (2001). O Cristianismo e a religião tradicional africana: questões cristãs à


religião tradicional africana no contexto changano-chope. Matola, Maputo.

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