Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 4
2.3. O que a sociedade perde com a desigualdade de gênero e o que ganha com a igualdade? .......................... 67
4.4. De que forma o gestor público pode efetuar a internalização das questões de gêneros na elaboração de
políticas, programas e projetos ............................................................................................................................ 128
4.5. Exemplos concretos de políticas que contemplem a variável de gênero ................................................... 136
1. INTRODUÇÃO
Este curso foi desenvolvido devido ao fato de os gestores públicos não estarem
sensibilizados quanto à temática do gênero, não conseguirem perceber a relação entre
desigualdade de gênero e problemas ambientais, econômicos e sociais, e, portanto,
não elaborarem as políticas públicas inserindo a variável de gênero. A expectativa
para este curso é, então, que esses gestores sejam sensibilizados e capacitados para
lidar com essas questões.
Objetivo:
Capacitar os gestores para que eles sejam aptos a elaborar políticas com
um olhar mais voltado para a questão de gênero.
O público-alvo:
O público-alvo deve:
1.1. GLOSSÁRIO
Neste material existem alguns termos técnicos bastante específicos aos temas
tratados. Pensando nisso, apresentamos um breve glossário contendo esses
conceitos. Em caso de dúvidas, retorne ao glossário e consulte o termo desconhecido:
REALIDADES
Pense nas mulheres que você conhece (mãe, esposa, filha, colega de trabalho
etc.), você consegue perceber se existem diferenças entre elas e os homens, no
que tange a liberdade, direitos e oportunidades?
Uma vez que a abordagem utilizada neste curso se prende ao conceito social, e
mais concretamente com as relações que se estabelecem entre os homens e as
mulheres, sobre as quais se pretende efetivar a mudança, convém clarificar que essas
relações de gênero se têm caracterizado por:
Serem influenciadas por diferentes fatores, tais como: a etnia, a classe social, a
condição e a situação das mulheres;
Evoluírem no tempo;
Pronto, agora que você já identificou a diferença entre sexo e gênero, pode estar
se perguntando: Mas qual é importância de se falar nisso atualmente? Por que é
importante discutir a igualdade de gênero?
escola para os/as filhos/as, segurança, transporte e espaços públicos de lazer para a
toda a família.
Há aqueles e aquelas que rompem esses limites? Como essas pessoas são
vistas?
De acordo com a pesquisa feita pela Catho Online em 2011, de forma geral, no
Brasil, as mulheres não chegam a ocupar nem um terço dos cargos de presidentes
nas organizações de todos os portes, com uma presença de 22,91%. A boa notícia é
que a presença delas aumentou, já que era de 15,14% em 2001.
(Fonte: http://www.negocioglobal.com.br/pt/economia/mais-mulheres-ocupando-cargos-de-chefia-nas-
empresas)
Fator 1.
Fator 2.
Fator 3.
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 27
Sendo assim, o que explica essa segregação persistente por gênero no mercado
de trabalho e os hiatos resultantes em termos de ganhos?
Uma variedade de fontes de dados sugere que são enormes. Dados para 16
países em cinco regiões em desenvolvimento indicam que as famílias chefiadas por
mulheres têm menos probabilidade de possuir e de lavrar terra. Por causa de
problemas como esses relacionados à titularidade da terra, embora as mulheres
respondam por dois terços do trabalho no mundo, elas são donas de apenas 1% dos
bens produzidos no mundo.
Você acha que as cotas para mulheres nos partidos podem diminuir as
desigualdades de representação?
(Álbum da Família (presente na 4ª capa do livro de Ana Luiza Nobre, Carmen Portinho, o moderno
em construção, 1999)
Em 2009 foi acatado pela Câmara Federal um substituto que prevê uma reserva
de 5% do fundo partidário para promoção de atividades de incentivo à participação
política feminina, e de 10% do tempo dos partidos no rádio e na TV para as mulheres,
nos anos eleitorais ou não. Anteriormente não existia percentual. Agora, se o partido
não destinar o percentual para esta finalidade, no ano seguinte terá que acrescentar
mais 2,5% do fundo partidário como sanção pelo não cumprimento da lei.
30% dos postos do Supremo Tribunal Federal (STF). Até 2000, nenhuma mulher havia
sido ministra do STF. Apenas em 2001 houve a indicação da ministra Ellen Grace
Northfleet.
O pouco tempo dedicado à ação política pelas mulheres, em grande parte pela
sobrecarga de responsabilidades, pelo acúmulo das tarefas domésticas e com o
cuidado com as/os filhas/os e com os familiares doentes, bem como com os
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 37
Para refletir:
Você acha que depois da eleição, pela primeira vez em nosso País, de uma
mulher como presidente, as mulheres passaram/passarão a ter mais presença
na esfera política?
A física, por exemplo, foi considerada uma disciplina mais apropriada para ser
exercida pelos homens por ser imparcial, mais racional, abstrata, por exigir aptidão
analítica e um trabalho árduo e longo, enquanto as ciências humanas, que se dedicam
ao estudo das pessoas, e mais próximas das preocupações do cotidiano, foram
consideradas mais adequadas às mulheres.
As mulheres, desde meninas, educadas para cuidar dos outros (filhos, marido,
parentes idosos), acabam por abraçar carreiras tidas como femininas: professoras,
enfermeiras, assistentes sociais, psicólogas, empregadas domésticas etc. Não só é
comum que elas escolham carreiras no campo do ensino ou da prestação de serviços
sociais ou de saúde, como se supõe que tais atividades sejam uma extensão, no
espaço público, das tradicionais atividades que elas já desenvolvem no ambiente
doméstico. Esta escolha é construída pela socialização diferencial de gênero.
Convém ainda salientar outro elemento: o grau de acesso das mulheres e dos
homens às tecnologias de informação e comunicação. Embora, nos países da OCDE,
as mulheres ocupem mais de 60% dos postos de trabalho relacionados com estas
tecnologias, apenas 10 a 20% são programadoras, engenheiras, analistas ou
designers de sistemas. A grande maioria desempenha tarefas de secretariado,
processamento de texto ou entrada de dados, ou seja, tarefas de rotina que requerem
um baixo nível de competências ou uma formação técnica limitada.
A análise aqui iniciada, e que será aprofundada durante todo este curso,
pretende oferecer subsídios para que se abandone a avaliação ingênua de que a
participação de homens e mulheres na vida pública seja aleatória, fruto de desejos
pessoais ou resultante de aptidões ou habilidades naturais a cada sexo. Somos
socialmente educados e educadas para nos interessarmos mais ou menos por política,
economia, leis, quer sejamos homens ou mulheres. A via de acesso à cidadania passa
por lutas e conquistas normativas e jurídicas.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL?
Por que é necessário haver igualdade de gênero para que haja desenvolvimento
sustentável?
quando o “trabalho” deixa de ser visto prioritariamente como castigo, penosidade, algo
ligado ao destino dos “menos capazes”, e se transforma em “vocação”, em “convicção
de uma obrigação”, em condição de merecimento do paraíso, em fator legitimador das
posses que o indivíduo conquista - que se torna perceptível a mentalidade pró-
desenvolvimentista.
Evidências mostram que isso não apenas beneficia as próprias mulheres, mas
também contribui para o crescimento econômico. Todavia, a feminização da pobreza,
o trabalho não remunerado das mulheres, sua concentração em empregos informais e
precários, as restrições ao seu acesso aos recursos produtivos e ao capital, a falta ou
ausência de representantes e de vozes femininas nas instâncias decisórias-chave
limitam as contribuições das mulheres à produtividade, à eficiência e ao
desenvolvimento sustentável.
e energia. Isto se evidencia mais particularmente quando elas são confrontadas com a
degradação ambiental, que aumenta seu fardo de cuidado.
Além disso, a pobreza afeta seus padrões de consumo e a gestão global dos
recursos naturais pela comunidade. Oferecer às mulheres oportunidades e recursos e
engajá-las nos processos decisórios relativos ao meio ambiente poderia melhorar os
meios de subsistência e o bem-estar de comunidades inteiras em áreas que avancem
em direção à sustentabilidade.
A falta de água e energia elétrica afeta mulheres e homens da mesma forma? Por
quê?
Qual a relação entre educação e saúde? Na região onde você mora, existe
desigualdade de gênero no acesso à educação?
Por que muitas mulheres ainda não denunciam casos de violências ocorridos em
suas casas?
Água potável
Embora a igualdade de acesso à água potável seja aceita de modo amplo como
um direito humano essencial para o pleno gozo da vida, a falta de acesso a ela tem um
impacto claramente específico em função do gênero: em diversas comunidades ao
redor do mundo, buscar água é de responsabilidade das mulheres e crianças.
Em áreas rurais, mulheres e meninas estão indo cada vez mais longe para
encontrar água, submetendo-se ao risco frequente de violência em áreas política ou
ambientalmente instáveis. A crescente quantidade de tempo consumido pela procura
de água limita as oportunidades de mulheres e meninas para participar de outras
atividades – como ir à escola ou gerar renda.
Acesso à energia
Estudos de caso da Bolívia, Tanzânia e Vietnã mostram que, com melhor acesso
à energia em casa, as mulheres podem conciliar atividades de geração de renda com
tarefas domésticas.
Cidades e territorialidade
As famílias chefiadas por mulheres estão se tornando cada vez mais comuns em
áreas urbanas. Para as mulheres, as razões da migração urbana incluem não apenas
a falta de oportunidades econômicas no meio rural, mas também a violência contra as
mulheres, os sistemas autoritários patriarcais de controle familiar e comunitário e as
pressões familiares.
Saúde
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 57
Embora as mulheres tendam a viver entre seis e oito anos a mais do que os
homens, numa escala global, há disparidades regionais consideráveis. Por exemplo, a
expectativa de vida das mulheres africanas ao nascer é mais baixa do que no resto do
mundo; em 2007 era de apenas 54 anos. Em contrapartida, mulheres de 35 países de
outras regiões têm uma expectativa acima de 80 anos.
Além do câncer do colo do útero, o câncer de mama também é uma doença que
atinge muitas mulheres no mundo. No Brasil, os números ainda assustam. Dez mil
mulheres morrem no País todos os anos. A razão: 60% dos casos o câncer de mama
são detectados em estágio avançado. Apesar dos números, “o câncer de mama - uma
das doenças que mais matam mulheres no Brasil - tem cura e a principal aliada nesse
sentido é a detecção precoce, que eleva para 98% a chance de sobrevivência”, alerta
Rita Dardes, diretora médica do Instituto Avon.
Educação
Cada ano de escolaridade pode aumentar a renda das mulheres entre 10% e
20%. Mulheres instruídas têm mais possibilidades de conseguir melhores condições
de trabalho, adiar a maternidade, resistir à violência e participar dos processos
políticos.
Existem também vínculos diretos entre a educação e a saúde das mulheres. Por
exemplo, as mulheres com educação pós-primária têm cinco vezes mais
possibilidades de saber sobre prevenção do HIV do que as mulheres analfabetas. Na
África Subsaariana, se as mães tivessem pelo menos alguma educação secundária,
poderiam salvar as vidas de aproximadamente 1,8 milhão de crianças. Estima-se que,
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 61
Violência
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 63
Os estudos mostram que 80% daquelas mulheres têm entre 20 e 40 anos, com
vida conjugal de longa duração, e que a violência ocorre mais entre pessoas com
maior nível educacional. Este último dado deve ser motivo de maior investigação.
Entretanto, como a declaração da violência é tida, na maioria das vezes, como uma
vergonha ou de responsabilidade exclusiva dela, é possível deduzir que, para chegar à
denúncia, é necessário reconhecer-se como cidadã dotada de direitos, ter
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 64
Fator agravante para a não declaração de atos de violência por parte da vítima é
o receio quanto à forma com que será atendida, seja na delegacia, seja no serviço de
saúde. O medo de não ser ouvida, de ser criticada, de ter que ficar horas esperando
pelo atendimento diante de olhares desconfiados ou de acusação e o fato de sentir-se
responsável pelo fracasso da relação, entre outros fatores, muitas vezes
desencorajam e retardam uma tomada de atitude.
Pobreza
A maioria das pessoas que vivem com um dólar por dia ou menos é constituída
por mulheres. Além disso, o fosso entre homens e mulheres vítimas da pobreza não
parou de aumentar na última década, um fenômeno que tem sido referido como “a
feminização da pobreza”. Em geral as mulheres ganham em média ligeiramente
menos de 50% que os homens.
De um modo geral, supõe-se que tais agregados que não têm acesso a
remessas provenientes de homens que trabalham sejam mais pobres do que os
chefiados por homens. Os agregados familiares chefiados por mulheres são mais
vulneráveis ao aumento do desemprego e às reduções das despesas sociais e da
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 66
A pobreza afeta com maior gravidade as mulheres e, por outro lado, sem a
importante contribuição das mulheres não é possível superar a pobreza. Assim a
igualdade de gênero – isto é – a eliminação das desigualdades sociais entre homens e
mulheres – é um dos objetivos que devem guiar as políticas para superar a pobreza.
Mudanças climáticas
que elas são frequentemente mais vulneráveis aos impactos que os homens. Além
disso, é negado a muitas mulheres o acesso à nova informação sobre as mudanças
climáticas e à participação em processos importantes de tomada de decisões, apesar
de terem habilidades únicas e conhecimento muito importante para contribuir.
Quem ganha mais consegue poupar mais, o que traz um impacto direto no
crescimento econômico e na arrecadação de impostos, segundo o estudo. Além disso,
uma arrecadação mais alta pode dar origem a mais investimentos em saúde e
educação, o que beneficia crianças e adultos.
Entre outros temas, o estudo realizado pelo Banco Mundial ainda analisa como
programas de transferência de renda e investimentos em infraestrutura permitem maior
igualdade de gênero.
Na Índia, dar poder às mulheres no nível local (por meio de cotas políticas) gerou
aumentos no fornecimento de bens públicos (como água, irrigação e escolas) e
reduziu a corrupção.
Quando mulheres e homens não têm chances iguais de ser social e politicamente
ativos e influenciar leis, as políticas e instituições tendem a favorecer sistematicamente
os interesses daqueles que têm mais influência. Restrições institucionais e falhas de
mercado que alimentam desigualdades de gênero têm menor probabilidade de serem
tratadas e corrigidas, perpetuando sua existência.
Assim como outras nações, o Brasil vem passando por uma redefinição nas
relações entre homens e mulheres na sociedade e na família representada por uma
longa mudança institucional, que tem propiciado uma relativa desmontagem dos
privilégios masculinos na família e na sociedade e a obtenção crescente de direitos às
esposas e aos/às filhos/as.
A luta das mulheres e a sua organização em grupos são antigas. Essa luta e
esses grupos de mulheres nem sempre se chamaram Movimento Feminista. Algumas
estudiosas costumam dividir o Movimento Feminista em períodos históricos, também
denominados ondas.
Simone de Beauvoir
A Terceira Onda Feminista teve sua origem no meio da década de 1980, onde
líderes feministas com raízes na segunda onda e diversas feministas negras
procuraram negociar um espaço dentro da esfera feminista para a consideração de
subjetividades relacionadas à raça. Esse movimento representa uma redefinição das
estratégias da fase anterior. Procurou contestar as definições essencialistas da
feminilidade que se apoiavam especialmente nas experiências vividas por mulheres
brancas integrantes de uma classe média-alta da sociedade.
“A gente pode dizer que nos anos 60 a mulher passou a ser dona do
próprio corpo com o advento da pílula anticoncepcional. Isso mudou
profundamente a vida das mulheres, eu posso escolher quando engravidar
e eu posso fazer planejamento familiar.” (MJ, 55, Jornalista, SP)
A consequência disso foi uma queda da natalidade, o que, por outro lado
tornou-se fator de alavancagem das conquistas femininas, com mudança radical na
disponibilidade da mulher para estudar e seguir uma carreira.
“(...) Nunca houve uma luta no Brasil pela liberdade, pela democracia,
pela qualidade de vida, em que as mulheres não estivessem presentes, só
que essa expressão sempre foi apagada, porque na hora da representação
política nós não íamos; então esse simbolismo que eu acho que muda, mas
nosso engajamento sempre foi enorme, sempre foi muito grande, político
principalmente...”. (EP, 54, Médica, RJ)
O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) foi criado pela Lei n. 7.353
de 29 de agosto de 1985, vinculado ao Ministério da Justiça, com a finalidade “de
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 86
“Se nós formos olhar na década de 80, as mulheres que foram para o
mercado de trabalho eram mulheres que se estabeleciam muitas vezes por
serem ‘mais macho que muito homem’, no sentido de usarem ombreiras
gigantes, no sentido de ter que ser dura na colocação das suas ideias;
então, muitas dessas mulheres cresceram e se formaram como líderes em
oposição ao homem, o que é diferente dessa nova geração de mulheres,
que querem conquistar seu espaço não tendo o homem como referência”.
(PA, 34, Publicitário, SP)
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 88
“Eu nunca deixei de ser feminina por ser uma profissional. Eu acho
que nos Estados Unidos agora melhorou bastante, mas na Europa, na
Inglaterra principalmente, uma professora universitária não entra em sala de
aula como uma mulher, ela entra como um ser neutro. (...) Eu não quero
vestir um terninho, eu não quero ser um homem de saias”. (PA, 62,
Antropóloga, RJ)
De qualquer modo, ainda falta muito para a mulher brasileira chegar com mais
força às posições de alto comando.
Outra grande conquista feminina foi a aprovação da Lei 11.770/08, que amplia a
licença maternidade de 120 para 180 dias e cria o Programa Empresa Cidadã.
Vigorando a partir de 2010, a Lei beneficiou primeiro o funcionalismo público federal.
As empresas aderem voluntariamente ao programa. Em troca, podem deduzir
integralmente no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica a remuneração da empregada
nos 60 dias de prorrogação da licença.
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 92
“Venho para abrir portas para que muitas outras mulheres, também
possam, no futuro, ser presidenta; e para que --no dia de hoje-- todas as
brasileiras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher. Não venho para
enaltecer a minha biografia; mas para glorificar a vida de cada mulher
brasileira. Meu compromisso supremo é honrar as mulheres, proteger os
mais frágeis e governar para todos!” (Discurso de posse da Presidente
Dilma Roussef – 01/01/2011)
“Está no gerúndio (ainda), mas o fato é que ela já não terceiriza mais a
responsabilidade para os outros, então o futuro e o sucesso dela não
dependem mais do sucesso do filho, do marido, ou do governo, ela chama
para si esse responsabilidade e o processo de empoderamento vem daí,
vem do quanto ela decidiu ser protagonista da própria vida”. (PA, 34,
Publicitário, SP)
Intitulada de “As poderosas da nova classe média”, o estudo aponta que a renda
feminina cresceu 78%, contra os 48% da renda masculina. “As mulheres deram o
grande empurrão para a evolução da nova classe média”, afirmou Demétrius
Paparounis, diretor do Núcleo Femininas Populares da Abril.
Se antes elas eram vistas como “donas de casa”, hoje elas são as “donas da
casa”, pois decidem ou influenciam praticamente todas as compras da família.
Elas têm mais poder porque contribuem mais para a renda da família, conhecem
mais as necessidades da casa e são mais bem informadas do que os homens.
41% da renda familiar da nova classe média vêm da mulher (na classe A, a
mulher contribui com 25% do orçamento)
Diante de todo esse novo perfil feminino, os homens também têm mudado. Em
geral, eles estão mais preocupados com a família, não só em garantir seu sustento –
já que hoje as mulheres também são responsáveis por essa parte -, mas em passar
mais tempo ao lado dos familiares. Muitos já participam da divisão do trabalho
domestico e alguns até são os responsáveis pelo cuidado dos filhos enquanto suas
companheiras saem para trabalhar.
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 97
f) Modificar "a relação entre mercado e trabalho doméstico de forma que todos os
adultos, homens e mulheres, possam alcançar seus ideais familiares e
profissionais. Isso passa pela revalorização do trabalho das mulheres e uma
desconstrução da percepção de que são força de trabalho secundária";
O estudo lembra, ainda, que "a integração de distintas políticas com efeitos
conciliatórios pode potencializar os resultados das políticas setoriais e neutralizar
efeitos não desejados de iniciativas isoladas", sendo, para tanto, necessário combinar
estratégias bem definidas e de amplo alcance dirigidas a grupos com necessidades
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 99
Além do mais, "as políticas devem ser desenhadas de acordo com o contexto
nacional, buscando as margens de ação que podem ser aproveitadas para avançar na
promoção da conciliação e de uma socialização do trabalho de cuidado" e, para tanto,
"o caráter conciliatório das políticas sociais setoriais existentes pode ser acentuado,
por exemplo, nos programas focalizados destinados à população mais pobre" (p. 110).
Bom, podemos inferir que diante dessa nova lei, muitas famílias podem optar
pela redução de gastos, não contratando empregadas, ou diminuindo o tempo de
trabalho das que já tem. Isso fará com que inevitavelmente os membros da família
tenham que contribuir mais com as tarefas domésticas, tornando-as, assim, uma
responsabilidade de todos e não apenas da mulher.
Ou seja, com a nova lei, pode ocorrer uma grande mudança cultural no Brasil,
pois com a possível redução das empregadas domésticas e a maior dedicação das
mulheres ao seu trabalho remunerado, os homens terão de contribuir com as
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 101
Para refletir:
As mulheres estão mudando, os homens também. Mas, como vimos, ainda não
há igualdade entre os gêneros. Será que basta esperar que as coisas se ajustem
naturalmente ou é importante estabelecer políticas que contemplem a questão de
gênero?
Por que a mulher é importante para uma mudança no atual padrão de consumo?
Essa mulher que já possui o maior poder de compra nas famílias pode ser um
ator estratégico no processo de mudança por padrões mais sustentáveis.
O olhar sobre o todo, sem perder a percepção dos detalhes é apontado com uma
vantagem feminina. A mulher, especificamente da Classe C, teria essa característica
bastante apurada e, exatamente isso, a coloca à frente em sua comunidade, no papel
daquela que influencia e mobiliza.
“Eu acho que ela tem o papel estrutural sim, porque ela escolhe. A
mulher interage com compras de uma maneira muito mais fácil. Faz parte do
mundo da mulher o mundo das compras (...). Segundo, ela cuida da família,
(...) ela poderá induzir essa transformação numa velocidade maior, porque
ela vai compartilhar as informações. Terceiro, ela é uma pessoa que busca
informação (...) não consome produto sem informação”. (EP, 50, Bióloga,
DF)
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 105
Por ser, na maioria das vezes, a responsável pela educação em casa e nas
escolas, a mulher normalmente é associada à educação para a sustentabilidade, o
que, na prática, parece já estar acontecendo com a grande presença feminina no
movimento da educação para a sustentabilidade, em andamento na sociedade civil, de
certo modo.
A ideia da liderança feminina agrada e faz sentido, mas desde que venha
acompanhada de um chamamento para toda a sociedade, a fim de que a mulher não
fique novamente sobrecarregada. É importante não excluir os homens, sobretudo
pensando nos meninos das novas gerações, que deverão ser educados nesse sentido.
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 110
“... Eu acho que cada vez mais a mulher vai ter esse papel pujante, né?
De motor de mudança. Então acho que contar com a mulher nesse papel é
muito importante, mas não esquecer que isso transcende gênero”. (EP, 37,
Marketeira, RJ)
4. TRANSVERSALIZAÇÃO DA TEMÁTICA DE
GÊNERO
Será que as políticas atuais ditas “para as mulheres” estão contribuindo para a
autonomia e empoderamento desse gênero ou apenas perpetuando aquela visão
antiquada de mulher como ser responsável pelo trabalho reprodutivo?
A partir do momento em que os/as agentes públicos não têm clareza em relação
a tais pressupostos, voltam-se para tratar, por exemplo, a violência e as condições de
saúde centradas na mulher, exclusivamente, e não na natureza das relações e nos
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 116
das ações previstas no I PNPM, bem como repensar as diretrizes e estratégias para o
II PNPM.
É importante ressaltar, contudo, que não é apenas por meio da articulação dita
intragovernamental (entre os órgãos), que a transversalidade se configura, pois esse é
apenas um dos vértices do triângulo que lhe confere materialidade, sendo essencial a
articulação intergovernamental (pacto federativo) e intersetorial (inclusão da sociedade
civil organizada, por meio da participação social).
b) Uma política de segurança pública tradicional não tem espaço para atender vítimas
de violência doméstica, pois não conta com pessoal preparado e com estratégias
de ajuda efetiva às vítimas, num caso em que o agressor é distinto do agressor
estranho, pois ele está “dentro de casa”. Assim, mulheres estão desprotegidas,
tanto na esfera privada como na pública;
Diversos outros exemplos poderiam ser citados, mas o que interessa aqui é
destacar que é preciso “um novo olhar” para que se possa perceber se os diferentes –
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 127
A atuação engajada de todo o Governo Federal deve ser a diretriz máxima para a
Política de Gênero no Governo Federal. Por isso a institucionalização de Mecanismos
de Gênero nos órgãos da Administração Pública constitui uma agenda tão necessária
quanto inadiável.
pensar nos dados de maneira desagregada, trabalhar com essa desagregação por
sexo, que já permite identificar a situação de homens e mulheres na economia e na
sociedade.
VARIÁVEL DE GÊNERO
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 137
Todos os meses, o governo federal deposita uma quantia para as famílias que
fazem parte do programa. O saque é feito com cartão magnético, emitido
preferencialmente em nome da mulher. O valor repassado depende do tamanho da
família, da idade dos seus membros e da sua renda. Há benefícios específicos para
famílias com crianças, jovens até 17 anos, gestantes e mães que amamentam.
Além do Bolsa Família, outros programas como o Minha Casa, Minha Vida
(PMCMV) tem contribuído com o processo de empoderamento feminino. O Minha
Casa, Minha Vida é um programa do Governo Federal, gerido pelo Ministério das
Cidades e operacionalizado pela CAIXA, que consiste em aquisição de terreno e
construção ou requalificação de imóveis contratados como empreendimentos
habitacionais em regime de condomínio ou loteamento, constituídos de apartamentos
ou casas que depois de concluídos são alienados às famílias que possuem renda
familiar mensal de até R$ 1.600,00.
Entre 2003 e 2008, foram emprestados R$ 247 milhões a mulheres por meio de
cerca de 35 mil contratos no Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). E,
para promover a participação econômica feminina nos assentamentos, desde 2011,
cada agricultora pode solicitar até R$ 3 mil para financiar projetos agropecuários e
comercialização de produtos nas áreas de reforma agrária. Mais de 7,1 mil contratos já
foram firmados.
(Foto: Reprodução)
Nessa lição você encontra as principais referências bibliográficas utilizadas neste curso.
Quase todos os documentos listados abaixo podem ser encontrados na internet, por esse
motivo, aconselhamos que você os leia na íntegra como forma de aprofundamento nos
temas abordados aqui.
ALISSON, Elton. Mulheres são mais vulneráveis aos impactos das mudanças
climáticas globais. Disponível em:
<http://sustentabilidademovimento.blogspot.com.br/2012/11/mulheres-sao-mais-
vulneraveis-aos.html>. Acesso em: 25 de Set. 2013.
IGUALDADE DE GÊNERO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 145
ALVES, José Eustáquio Diniz; CAVENAGHI, Suzana Marta. Mulheres sem espaço no
Poder.
BRASIL. Brasil de todas: terra, renda e cidadania para s mulheres rurais. Disponível em:
<http://portal.mda.gov.br/portal/dpmr/arquivos/view/Folder_Brasil_de_todas_terra_renda_
e_cidadania.pdf>. Acesso em: 25 de Set. 2013.
<http://www.mma.gov.br/publicacoes/responsabilidade-socioambiental/category/90-
producao-e-consumo-sustentaveis>. Acesso em: 25 de Set. 2013.
CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. Gênero e meio ambiente. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br/services/e-books/Mary%20Garcia%20Castro-
2.pdf>. Acesso em: 25 de Set. 2013.
FARIA, Nalu; MORENO, Renata. Orgs. Cuidado, trabalho e autonomia das mulheres.
Disponível em: <
http://br.boell.org/downloads/SOF_cuidado_trabalho_e_autonomia_das_mulheres.pdf>.
Acesso em: 25 de Set. 2013.
GOMES, Lourenço; ALVES, Sara Simone Boavida Carvalho; LOURENÇO, Sónia Cristina
Morais.
KAKOTA, Tasokwa et. al. Gender vulnerability to climate variability and household
food insecurity. Disponível em:
<http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/17565529.2011.627419>. Acesso em: 25 de
Set. 2013.
<http://www.cepal.org/mujer/proyectos/gobernabilidad/documentos/jpitanguy.pdf>. Acesso
em: 25 de Set. 2013.
WOORTMANN, Ellen F.; HEREDIA, Beatriz; MENASHE, Renata. Orgs. Margarida Alves:
coletânea sobre estudos rurais e gênero. Disponível em:
<http://portal.mda.gov.br/portal/dpmr/arquivos/view/livro_Margarida_Alves_I_Colet%C3%A
2nea_Sobre_estudos_Rurais_e_G%C3%AAnero.pdf>. Acesso em: 25 de Set. 2013.