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Direito Penal I – 3º Período – 2019.

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Prof. Jefferson SanCo
Faculdade do Vale do Itapecuru – FAI

Noções Introdutórias

Nomenclatura: Direito Penal x Direito Criminal ?? Vide art. 22, I da CF/88.

O Brasil, desde que se tornou independente, só se utilizou da expressão Direito


Criminal uma única vez: em seu Código Criminal do Império, de 1830. Em todos os
outros Códigos passou a adotar a expressão Direito Penal.

IMPORTANTE: Códigos Penais do Brasil

 Antes de 1822, ao Brasil colonial eram impostos os diplomas legais vigorantes na


então metrópole, ou seja, vigoravam no país as Ordenações Afonsinas, seguidas
pelas Manoelinas e pelas Filipinas.

 Após a República, os seguintes


seguintes Códigos surgiram:
surgiram:

1) Código Criminal do Império do Brasil – 1830;


2) Código Penal dos Estados Unidos do Brasil – 1890;
3) Consolidação das Leis Penais – 1932;
4) Código Penal – 1940, cuja parte especial, com algumas alterações, voga até
hoje;
5) Código Penal – 1969, que teve uma vacatio legis de aproximadamente nove
anos, e foi revogado
r evogado sem nunca ter entrado em vigor;
6) Código Penal – 1984, que revogou tão somente a parte geral do Código de
1940.

Assim, o nosso atual Código possui uma parte geral (arts. 1º a 120), que reporta
a 1984, e uma parte especial (arts. 121 a 361), que reporta a 1940 com alterações.

CÓDIGO PENAL é o conjunto de normas, condensadas num único diploma legal, que
visam tanto a definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a ameaça de
sanção para os imputáveis e medida de segurança para os inimputáveis, como
também a criar normas de aplicação geral, dirigidas não só aos tipos incriminadores
nele previstos, como a toda legislação penal extravagante, desde que esta não
disponha expressamente de modo contrário.

DIREITO PENAL: o conjunto de normas jurídicas que tem


t em por objeto a determinação
de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas
de segurança ( Bitencourt ).
).

O conceito de Direito Penal perpassa por 3 Aspectos/Categorias/Divisões:


Aspectos/Categorias/Divisões:

 Aspecto Formal/Estático – Sob o aspecto formal, Direito Penal é um conjunto de


normas que qualifica certos comportamentos
comportamentos humanos como infrações penais,
define os seus agentes e fixa as sanções as lhe serem aplicadas.
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 Aspecto Material: O Direito Penal refere-se a comportamentos  considerados


altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos
indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade.

 Aspecto Sociológico/Dinâmico – Sob o enfoque sociológico , direito penal é mais um


instrumento do controle social de comportamentos desviados, visando a
assegurar a necessária disciplina social. Em suma, sob aspecto dinâmico, o Direito
Penal é mais um instrumento de controle social visando assegurar a necessária
disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade.

Aprofundando o enfoque sociológico

- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a


estabelecer diretrizes (regras).
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar
sanções civis ou penais (infrações).
- Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do Direito.
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece
reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal (soldado de
reserva).
- O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica
(pena privativa de liberdade).

Observação:  O Direito Penal é um dos ramos do direito, mas é o ramo com a


consequência jurídica mais drástica. Isto é o que justifica o princípio da intervenção
mínima. Direito penal é a última ratio, é o “soldado de reserva” e, nas palavras do
douto Paulo José da Costa Junior, o Direito Penal é considerado a derradeira
trincheira.

Classificações do Direito Penal

 Direito Penal Objetivo x Direito Penal Subjetivo:

Direito Penal Objetivo – É o conjunto de leis penais em vigor no país.


Ex. CP e leis penais especiais. O Direito Penal objetivo é expressão do poder
punitivo do Estado (reflete se o Estado é rigoroso ou minimalista na punição – o
Direito Penal objetivo exterioriza o pensamento do Estado em relação ao direito de
punir).
Direito Penal Subjetivo – É o direito de punir do Estado. O direito de punir do Estado
é monopólio seu (direito limitado; condicionado e não absoluto).

ATENÇÃO: O DP Objetivo depende do DP Subjetivo (vice-versa).

2- Quanto ao ESPAÇO: Em regra, aplica-se a lei penal aos fatos ocorridos no


território nacional (Princípio da Territorialidade – art. 5º C.P.).

“Art. 5º, C.P. - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras
de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.” 
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afirmação é a prescrição – limite temporal do direito de punir). No mais, consiste


em uma garantia ao cidadão contra a eternização do direito de punir do Estado.

OBS.: O direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça


privada.

 A justiça privada pode caracterizar o crime de exercício arbitrário das próprias razões
(art. 345 C.P.).

“Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora
legítima, salvo quando a lei o permite”.

 Direito Penal Substantivo x Direito Penal Adjetivo:

Direito Penal Substantivo – Sinônimo de Direito Penal. Ademais, corresponde ao


Direito Penal material (crime/pena).

Direito Penal Adjetivo – Sinônimo de Direito Processual Penal. Em suma,


corresponde ao Direito Penal (processo/procedimento). Na verdade, o “direito penal
adjetivo” é uma classificação ultrapassada, que existia na época em que o processo
penal não era um ramo autônomo do direito e apenas fazia parte do direito penal
(apêndice).

 Direito Penal Comum x Especial (Código Penal Militar, por exemplo)

 Direito Penal Fundamental/Primário (Parte Geral do Código Penal) x


Direito Penal Complementar/Secundário (legislação extravagente).

Características do Direito Penal

a) Ramo do Direito Público (regras impostas a todos e o Estado é o titular do direito


de punir, figurando, ainda, como sujeito nas relações jurídico-penais);

b) Ciência (autonomia, princípios – dogmática jurídico-penal);

c) Cultural (ciência do “dever ser”);

d) Valorativa (estabelece a sua própria escala de valores);

e) Normativa (baseia-se no Direito Positivo);

f) Finalista (Preocupa-se com a proteção dos bens jurídicos);

g) Caráter sancionador (não cria bens jurídicos, mas acrescenta uma proteção penal
a tais bens);
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REFERÊNCIAS:

MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte geral. 8. ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método. Volume 1. 2014.

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral. 19. ed. São
Paulo: Saraiva. Volume 1. 2013.

CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral, arts. 1º ao 120. 2.
ed. Salvador: Jus podivm, 2014.

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