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Biotecnologia microbiana

A Biotecnologia microbiana é a parte da microbiologia dedicada à produção de bens e


serviços por meio de micro-organismos e os processos se desenvolvem a partir dos conceitos
de biorrefinaria; biotecnologia e química verde. A diversidade de áreas de aplicação da
Microbiologia Industrial, como a indústria farmacêutica, alimentar, agropecuária, energética,
têxtil e de tratamento de resíduos, justifica a importância e o impacto desta disciplina na
atualidade [1].
Os microrganismos desempenham papel fundamental na biotecnologia, seja ela a
biotecnologia tradicional, que envolve a produção de produtos de interesse industrial a partir
de bactérias, fungos e leveduras, ou a biotecnologia moderna que se utiliza de microrganismos
geneticamente modificados, e principal motivo do uso de microorganismos para produzir
compostos que de outra forma poderiam ser isolados de plantas e animais, ou sintetizado por
químicos, é a facilidade de aumentar a produção por meio de manipulação genética e
genética; Aumentos de 1000 vezes foram registrados para pequenos metabólitos [2].
Os microrganismos são amplamente usados em indústrias para a produção de
produtos químicos, como butanol, etanol e ácido cítrico, e suplementos alimentares
(aminoácidos) e enzimas. São também usados na produção de pães, cerveja, vinho, vinagre,
queijos e iogurtes[2].
São importantes agentes de biorremediação, ou seja, usados para remover ou reduzir
a poluição ambiental. São utilizados em processos de biocatálise, convertendo substâncias
químicas em outras, com maior rapidez e menor custo que processos totalmente químicos [3].
A fermentação de microrganismos é também aplicada pela indústria farmacêutica para
obtenção de medicamentos que não são facilmente produzidos por síntese química. Nessa
última aplicação, a química microbiana tem contribuído significativamente para a saúde da
humanidade [3].

Biotecnologia microbiana tradicional


Metabolitos primários:
Os metabólitos primários são as pequenas moléculas de células de ingestão; são
produtos intermediários ou finais das vias do metabolismo intermediário, blocos de
construção para macromoléculas essenciais ou são convertidas em coenzimas. Alguns
metabolitos primários utilizados nos alimentos e indústrias de alimentos para animais incluem:
Aminoácidos, como o ácido glutâmico, que é o principal aminoácido comercial, a lisina, um
aminoácido essencial porem deficiente na maioria dos cereais, o ácido cítrico que é usado
como conservante natural (antioxidante), são produzidos, geralmente por fungos filamentosos
e possuem uma grande receita anual e o álcool etílico que é produzido por fermentação de
açúcar ou um polissacarídeo que pode ser despolimerizado a um açúcar fermentável [4] [5].
Obtém-se ácido glutâmico hidrolisando o glúten com ácido clorídrico, descolorando os
produtos da hidrólise com carvão ativado e concentrando o filtrado. O cloreto do ácido
glutâmico se separa e se cristaliza, convertendo se em glutamato monossódico. O glutamato
monossódico é utilizado em alimentos com o objetivo de proporcionar o gosto umami,
também chamado de quinto gosto básico, sendo classificado na legislação brasileira como
realçador de sabor. Tecnologicamente, o produto é utilizado para equilibrar e harmonizar a
percepção total do sabor dos alimentos, quando misturado aos outros ingredientes. Nomes
comerciais do glutamato monossódico incluem AJI-NO-MOTO®. Mercado mundial para
Glutamato-L US $ 915 milhões[6].
Os aminoácidos essenciais lisina, treonina, metionina e isoleucina são sintetizados em
uma mesma via metabólica a partir de um precursor comum, o ácido aspártico [7]. A deficiência
dos cereais, primariamente em lisina e em escala menor, em outros aminoácidos, é fator
extremamente preocupante visto que este grupo vegetal representa cerca de 70% da matéria
seca produzida e cerca de 73% da proteína vegetal consumida, tanto na alimentação humana
como na alimentação animal [8]. Mercado mundial para L- lisina US $ 450 milhões.
O melhoramento genético clássico de plantas tem sido usado, com sucesso, há muitos
anos no intuito de desenvolver espécies com características agronômicas ou nutricionais
importantes. No entanto, sempre existiram limitações, que foram superadas pela
biotecnologia, utilizando a tecnologia do DNA recombinante. Essa nova tecnologia trouxe
ganhos genéticos substanciais ao melhoramento de plantas, que não seriam possíveis com
técnicas de melhoramento tradicionais. Este método já é utilizado para aumentar a produção
de lisina [9].
Metabolitos secundários:
Os metabólitos secundários são extremamente importantes para a saúde e nutrição.
Como um grupo que inclui antibióticos, grupo mais conhecido, outros medicamentos, toxinas,
biopesticidas e fatores de crescimento de animais e plantas, eles possuem uma tremenda
importância econômica[9].
Na natureza, metabólitos secundários são importantes para organismos que os
produzem, funcionando como: (1) hormônios sexuais; (2) ionóforos; (3) armas competitivas
contra outras bactérias, fungos, amebas, insetos e plantas; (4) agentes de simbiose; e (5)
efetores de diferenciação. Durante anos, a maioria dos produtos farmacêuticos que eram
utilizados para doenças não infecciosas eram estritamente sintéticos. Da mesma forma, a
maioria doenças parasitárias microbianas em animais (por exemplo, coccidiostáticosanti-
helmínticos) vieram da triagem decompostos sintetizados seguidos de modificações. Apesar
dos testes de milhares de produtos sintéticos, apenas algumas estruturas promissoras foram
encontradas e à medida que novos compostos se tornaram cada vez mais difíceis de encontrar,
os caldos microbianos preencheram o vazio e produtos microbianos aumentaram em
importância[9].
Muitos produtos microbianos com importantes atividades farmacológicas foram
descobertos pela triagem de inibidores usando ensaios enzimáticos simples. Um enorme
sucesso tem sido as estatinas, incluindo a lovastatina (também conhecido como mevinolina) e
pravastatina: produtos fúngicos que são usados como agentes redutores de colesterol em
humanos e animais[9].
Biotecnologia microbiana moderna
O nascimento da tecnologia de DNA recombinante impulsionou a biotecnologia a
novas alturas e levou ao estabelecimento de uma nova indústria. Além dessa tecnologia a
biotecnologia microbiana moderna abrange fermentação, fisiologia microbiana, triagem de
alto rendimento para novos metabólitos e melhoria de deformação, imobilização celular
(engenharia enzimática), fusão celular, engenharia metabólica, projeto de biorreatores,
processamento a jusante, mutagênese in vitro e evolução dirigida de enzimas [9].
O progresso em biotecnologia tem sido verdadeiramente notável. Após a descoberta
da tecnologia de DNA recombinante, bactérias geneticamente modificadas estavam
produzindo insulina humana e hormônio do crescimento. Isso levou a uma explosão de
investimentos de novas empresas, principalmente dedicadas a inovação através de
abordagens genéticas. Hoje, a biotecnologia nos EUA é representada por 1300 empresas com
receita de US $ 19,6 bilhões, cujas vendas representam US $ 13,4 bilhões. Uma das principais
aplicações foi na agricultura, onde a engenharia genética e suas disciplinas associadas
trouxeram uma revolução com atividades inseticidas [9].

[1] Uzogara, S.G. The impact of genetic modification of human foods in the 21st century: a
review. Biotechnology Advances, v. 18, p. 179-206, 2000.
[2] Nascimento, Rodrigo Pires do. MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL - BIOPROCESSOS. [s.l]: Elsevier,
2017. 704 p.
[3] Demain, A.L. (1990) Achievements in microbial technology. Biotechnol. Adv. 8, 291–301.
[4] Ikeda K (2002). «New seasonings». Chem Senses. 27 (9): 847–849. PMID 10736352.
[5] Loliger J (2000). «Function and importance of Glutamate for Savory Foods». Journal of
Nutrition. 130 (4s Suppl): 915s–920s. PMID 12438213
[6] Yamaguchi S (1991). «Basic properties of umami and effects on humans». Physiology &
Behavior. 49 (5): 833–841. PMID 1679557.
[7] Azevedo, R.A.; Arruda, P.; Turner, W.L.; Lea, P.J. The biosynthesis and metabolism of the
aspartate derived amino acids in higher plants. Phytochemistry, v.46, p.395-419, 1997.
[8] FAO. Protein quality evaluation Report of Joint FAO/ WHO. Rome: FAO, 1991. (Expert
Consulation FAO Food and Nutrition Paper S1).
[9] Demain, A. L. (2000). Microbial biotechnology. Trends in Biotechnology, 18(1), 26–31.

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