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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS- LICENCIATURA EaD

ELIZABETH JARA
ERENIR JARA
MAXIMA DA ROSA RIQUELME

DESENVOLVIMENTO E DEPENDÊNCIA,
MARGINALIZAÇÃO E DESIGUALDADE
SOCIAL NA AMÉRICA LATINA

BELA VISTA- MS
2019
ELIZABETH JARA
ERENIR JARA
MAXIMA DA ROSA RIQUELME

DESENVOLVIMENTO E DEPENDÊNCIA,
MARGINALIZAÇÃO E DESIGUALDADE
SOCIAL NA AMÉRICA LATINA

Ensaio científico apresentada para fins de


avaliação parcial da disciplina de
Pensamento Social da América Latina, sob a
orientação da professora Ilsyane do Roccio
kmitta, no Curso Ciências Sociais, na UEMS.

BELA VISTA - MS
2019
DEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA LATINA
Partindo da análise econômica da sociedade observei que o desenvolvimento vem com
a modernidade, ou seja, com a transição da sociedade moderna permeado por processos de
relações entre os grupos, forças e classes sociais constituindo-se em formas de dominação.
Assim uma compreensão holística do desenvolvimento social, político e econômico apresenta
dois vieses de total importância atrelando o desenvolvimento à modernidade e o
subdesenvolvimento à sociedade tradicional, atrasada e retrógrada.
A partir deste entendimento posso afirmar que a evolução industrial, cujas
consequências e mudanças na concepção social provoca uma participação crescente das massas
no jogo de poder influenciando diretamente o consumo, o comportamento em relação a renda e a
estrutura de emprego traduzindo-se na demonstração de desenvolvimento para fazer parte da
engrenagem do sistema econômico e dos blocos políticos internacionais dinamizando a
sociedade subdesenvolvida.
A estrutura e o processo de formação do desenvolvimento constitui-se na construção
complexa, pois implica interesses que norteiam o conflito entre os grupos e movimentos sociais
que estão concretamente vinculados aos componentes econômicos e sociais, os quais modificam
a estrutura social e política na medida que vão impondo seus interesses, suas forças e sua
dominação ao conjunto da sociedade, valendo-se de mecanismos de decisão alterando o sistema
social de dominação e redefinição das formas de controle e organização de produção e de
consumo.
Para compreender os processos de subdesenvolvimento, periferia e dependência
precisei entender que os mesmos acontecem dentro de uma conjuntura econômica e social
inserida na relação de autonomia e dependência mais ampla denominada mercado econômico.
Sendo assim, considero relevante no estágio do sistema produtivo, a função ou posição que
ocupa dentro da estrutura econômica internacional um país ou uma organização internacional em
quanto a produção e distribuição para poder fazer parte dos países desenvolvidos ou
subdesenvolvidos.
Neste sentido destaco que a dependência se traduz uma forma de dominação que
perpassa pela arena política, o qual expressa a relação de fatores internos e externos focando na
análise de comportamento de variáveis de fatores estruturais e processos históricos de mudança
como as taxas de produtividade, poupança e renda, as funções de consumo, emprego, as dívidas
externas e outros fatores que não podem ser dispensados no momento de fazer a análise do
desenvolvimento.

O subdesenvolvimento nacional depende da dependência da dinâmica social mais


complexa, pois as vinculações econômicas são definidas em função do mercado externo
limitando as possibilidades de decisão e ação autônoma, sendo a realidade da América Latina.
Neste sentido a vinculação de subordinação ao exterior obedece ao comportamento social,
político e econômico em função de interesses nacionais diferenciando a relação das economias
centrais entre si e outra as economias periféricas. A partir dessa diferença ressalto que as
economias periféricas abastecem as economias centrais com matérias primas, dinamizando a
modernização e o mercado comprador de seus produtos manufaturados sendo as relações
econômicas coloniais substituídas pelas economias centrais industrializadas. Cabe destacar que
as economias coloniais são consideradas colônias de explotação, pois são formadas sobre a
exploração de produtos que requerem mão de obras abundantes. Ao romper a dependência
colonial passasse para a dependência da Inglaterra com o intuito potenciar o crescimento da base
econômica tendo como apoio social o grupo de produtores nacionais. Ao passar da hegemonia da
Inglaterra para os Estados Unidos, justiçasse esta dependência pelas explicações externas à
nação.
Sintetizo o tema desenvolvimento dos países subdesenvolvidos afirmando que o mesmo
obedece a uma conjuntura política imersa em elementos estruturais interno e externo com o
intuito de sustentar uma estrutura de poder e gerar a dinâmica social e econômica norteadas pelas
políticas internacionais de países industrializados de massas.

DESENVOLVIMENTO, SUBDESENVOLVIMENTO, DEPENDÊNCIA,


MARGINALIZAÇÃO E DESIGUALDADES ESPACIAIS: POR UM ENFOQUE
TOTALIZANTE
A realidade social da América Latina reflete os conjuntos de fatores e processos sociais
interpretados a partir de experiências, reflexões ideológicas, teóricas e empírica das últimas duas
décadas como por exemplo o baixo nível de renda, crescimento lento, desiquilíbrio regionais,
instabilidade, desigualdades, desemprego, dependências monoprodução, marginalização
cultural econômica, social e política. Compreender esses males que assolam a sociedade
subdesenvolvidas consiste em entender os elementos internos e externos , os quais contribuem
para o crescimento sócio político de um pais desenvolvido ou subdesenvolvido, geograficamente
ou economicamente.
Sendo assim convém considerar os cinco grandes temas, problemas e/ou processos que
se constituem em preocupações dos cientistas sociais latino-americanos são eles o
desenvolvimento, subdesenvolvimento, dependência, marginalização e desequilíbrios espaciais
que requer um enfoque como um todo integrado, uma totalidade.
A base para uma análise ou enfoque integrado do desenvolvimento latino-americano
parte-se do pressuposto que o sistema socioeconómico está formado por dois tipos de elementos
estruturais: os externos e os internos. Os externos seriam todas as instituições em que se pauta a
natureza da vinculação social, política, econômica e cultural que o país em questão mantém com
os países do centro. Quanto aos elementos estruturais internos, caberia mencionar
particularmente os seguintes: a dotação de recursos naturais e populacionais; as instituições
políticas e, particularmente, o Estado; as classes, grupos e camadas sociopolíticos; as ideologias
e atitudes sustentadas pelos diferentes grupos; e as políticas concretas do Estado.
Afirma-se que o desenvolvimento faz parte do processo histórico global de
desenvolvimento, que o subdesenvolvimento e o desenvolvimento são duas faces de um mesmo
processo universal, que ambos os processos são historicamente simultâneos, que estão
funcionalmente vinculados, isto é, interagem e se condicionam mutuamente, e que sua expressão
geográfica materializa-se em duas grandes polarizações: por um lado, a polarização do mundo
entre os países industrializados, avançados, desenvolvidos e centrais e os países
subdesenvolvidos, atrasados, pobres, periféricos e dependentes; e por outro, uma polarização,
dentro dos países, em espaços, grupos sociais e atividades avançados e modernos, e em espaços,
grupos e atividades atrasados, primitivos, marginalizados e dependentes.
Percebe-se que a economia internacional está interligada e sua importante contribuição na
economia dos países latinos americanos quanto para a economia em geral alavancando a
industrialização mecânica dos países, sendo uma transposição mecânica da Revolução
Industrial europeia dos séculos XVIII E XIX. Nesta perspectiva O crescimento da economia da
América Latina seria incompreensível visto que seria bem diferente se levado em conta os
fatores internos que foram determinantes e decisivo para o processo de desenvolvimento
industrial, com efeito os resultados não foram os esperados. Deve-se sim considerar até meados
da década de 1950, prevaleceram formas e recursos do exterior, financeiros, hunos e
tecnológicos, e materiais que muito contribuíram para o crescimento e desenvolvimento
essencialmente nacional da América Latina, superadas as décadas de crise da Segunda Guerra
Mundial, transcendendo assim uma nova forma de economia para a América latina. Contudo, um
sistema de economia mundial modificado, base na economia desenvolvida dominante e
subdesenvolvida. É necessário reiterar que esse modelo de economia se apoia nas últimas
décadas, sobretudo nos estados unidos especialmente em armamentos e exploração espacial. As
economias subdesenvolvidas, a produção final, todo processo de industrialização teve um avanço
considerável. A crescente transformação da economia se deve a manufatura, o processo
tecnológico se deve a crescente modernização, a estagnação, a modernização, tecnológico, e
concentração de transformação, produz o êxodo da população e estão vinculadas as atividades
exportadoras e rurais direto e indiretamente, acelerando o processo de urbanização. Essa
polarização populacional está associada a decadência de atividades e regiões tradicionalmente
comum causando e acentuado o desequilíbrio rural. E em contrapartida essa mesma população
causam a concentração urbana, mostrando então a face contraria das grandes cidades aqui no
Brasil como os grandes centros urbanos causando os graves desequilíbrios interurbanos e
interurbanos causando assim a marginalidade, que tanto se popularizou na América latina
durante a última década. Os problemas sociais causados pelas diferenças sociais, os setores
marginalizados, a falta das infraestruturas, os bairros residenciais da prole, demonstra uma
acentuada desigualdade social. As características de países subdesenvolvidos latino-americano, a
discriminação racial, política e social tem contribuído para a marginalização, impactando na
mobilidade social. Essa marginalidade crescente está ligada a obtenção da baixa renda, a falta de
oportunidades de um emprego assalariado com dignidade. Conclui-se porem que, e a
marginalização poderia tornar-se menos impactante pela falta dos meios de produção e
oportunidades, a disponibilidade do meio de produção tem um fator negativo em se tratando de
meios de produção e a discriminação racial, social, cultural e política. Portanto, afirmo que a
marginalização se acentua nos países subdesenvolvidos, como também que seja um fato
superável na evolução na sociedade moderna. Sendo assim, a marginalização, o
subdesenvolvimento, e a dependência são consequências da evolução do sistema capitalista
internacional que gerou uma heterogeneidade que se traduz em uma sociedade alienada e
marginalizada, desempregada e com mão de obra barata que com o advento da tecnologia essa
demanda obteve uma significativa queda.

A ESTRUTURA PRODUTIVA INTERNA E OS MECANISMOS NACIONAIS DE


TRANSFERÊNCIA DA RENDA
Ao analisar os diferentes tipos de renda e os modelos de consumo internacionais que são
minorias nos países subdesenvolvidos surge uma pergunta sobre a origem dessa renda.
O tipo de renda que podem ser encontrados nas economias subdesenvolvidas só pode ser as
seguintes atividades: atividades de produtividade, transferências de renda das atividades de alta
produtividade para setores sociais não vinculados a elas; exploração monopolística de mercados
de produtos ou fatores em setores de baixa produtividade, transferências externas de renda.
O fato que essas quatro formas de crescimento não são mutuamente excludentes, mas, tendem a
se complementar e a reforçar, já os setores sociais estão ligados a uma capacidade maior de
pressão sobre os mecanismos internos e externos de transferência, e podem ainda exercer um
grau maior de exploração. A alta produtividade significa que tradicionalmente, as atividades de
maior produtividade relativa têm sido os setores extrativistas de exportação, justamente por
ocorrer em relação a eles uma situação de vantagem comparativa.
A indústria manufatureira, tem como estrutura de rendas uma política deliberada de fomento
industrial. Como operários, empregados, proprietários, arrendatários, peões, inquilinos,
empreiteiros, fornecedores etc. Isso significa que essas atividades permitem um nível maior de
capitalização e de preços. A distribuição dessa renda entre os participantes depende de condições
institucionais referentes à concentração e à natureza da propriedade dos recursos naturais e do
capital, tendo como característica o mercado de trabalho, mercados de insumos e produtos dos
referidos setores produtivos.
Esses trabalhadores conseguem ter uma renda real e superior da massa assalariada. Em outros
casos, a grande massa trabalhadora sem qualificação, dispersa por numerosas formas de
exploração, nas quais não existe propriamente merca tradicional, e nas quais, por conseguinte,
não chega a haver a organização de um proletariado, a renda real desses trabalhadores pode
manter-se em níveis de subsistência não muito superiores aos dos setores mais primitivos da
população rural. Nos casos em que se desenvolveram camadas médias de certa importância e um
aparato estatal que as representa em alguma medida, o Estado, tipicamente, constitui-se como um
órgão que, através dos mecanismos tributários, cambiais e outros, capta para si uma parcela mais
ou menos significativa da renda gerada nos setores de maior produtividade e a transfere para
outros ramos da economia e outros grupos sociais, dentro ou fora da própria receita.
Dessa maneira, setores que estão diretos ou indiretamente ligados às atividades produtivas desse
modo, também podem obter uma renda que lhes permita fazer parte dos setores integrados na
comunidade internacional. Esses estão em condições de obter uma renda que lhes permita
ingressar em um círculo onde as pessoas que, mesmo não realizando atividades de produtividade
elevada, consigam desfrutar de condições e padrões de vida elevadas.
Mesmo quando essas situações também existem nos setores de produtividade elevada, elas são
mais claras e visíveis nas atividades mais primitivas e tradicionais, não apenas nos setores rurais,
mas também no artesanato e na pequena indústria, assim como em muitas atividades de serviços
intermediários, como o comércio, os mercados financeiros não institucionalizados etc.
Essas atividades econômicas com baixo capital, e com uma produtividade da mão-de-obra, bem
abaixo de mercado, por conseguinte, formas institucionais e organizacionais de tal ordem que
permitem pagar salários baixíssimos e obter benefícios excessivos das transações de compra e
venda. Existem em todos os países vários grupos sociais, que geralmente precisam de ajuda e
dependem de várias ONGs para sobreviver. Também têm aquelas pessoas que obtêm rendas
através de transferências diretas do exterior e que pertencem às estruturas econômicas, políticas,
culturais, administrativas ou militares de outros países.
Em alguns casos a marginalidade na maioria dos países, converte-se num fator significativo.
Esse viria a ser um caso especial em que, na falta de mão de obra qualificada ou pela decadência
de um setor de alta produtividade. Como são evidentes, as quatro formas de obtenção de rendas
elevadas, mas em combinações em que todas estão presentes, porém nas quais predominam uma
ou duas delas.
Com um fim meramente ilustrativo e em caráter preliminar, poderíamos sugerir, por exemplo,
que El Salvador seria um caso em que os principais grupos sociais de alta renda estão
essencialmente limitados, pois a maioria das pessoas fazem política das ações sociais àqueles que
têm vínculos diretos ou indiretos com atividades de alta produtividade.
Alguns projetos recebem doações da receita federal receitas em grande medida, a segunda
situação, na qual os grupos principais de alta renda derivam seu status da transferência de renda à
terceira situação poderia ser o Haiti, onde não existem setores de produtividade elevada, mas sim
uma pequena minoria internacionalizada com rendas variadas o Peru e a Colômbia
corresponderiam a uma mescla da primeira e da terceira situações, nas quais coexistem setores
de alta produtividade.
O Brasil seria uma combinação dessa situação com importantes mecanismos de transferência, ou
seja, das três primeiras. Os grupos de renda elevada, cujos padrões de consumo encontram-se
integrados num padrão internacional, derivam essa renda de uma estrutura produtiva heterogênea
e estreitamente inter-relacionada, na qual apenas uma parte do sistema econômico possui níveis
de produtividade que permitem sustentar os referidos padrões de consumo.
A baixa produtividade da maior parte da estrutura econômica exige que a obtenção de rendas
elevadas tenha que se basear em instituições com maior ou menor intensidade de exploração e
em mecanismos de transferência de renda. Em outras palavras, a amplitude do setor de alta renda
depende, por um lado, da dimensão das atividades de alta produtividade e da capacidade política
que possa ter esse setor para obter uma cota maior de transferências de renda dessas atividades.
Se a análise anterior estiver correta, o que está sujeito a uma verificação posterior, isso significa
que a existência e a expansão do setor internacionalizado não são independentes da existência e
expansão de um setor marginalizado, nem da capacidade do primeiro desses setores de influir de
maneira decisiva na estrutura produtiva, na natureza da transferência de tecnologia, nas
transferências internas de renda e nos padrões de consumo.
Para melhor entender faz-se necessária a investigação das manifestações espaciais das quatro
categorias de estrutura produtiva e dos mecanismos de transferência de renda assinalados no
começo tanto no plano inter-regional quanto no urbano-rural. No geral, a estrutura produtiva e
de transferência implica em uma grande produção inter-relacionados, de vigorosos mecanismos
administrativos e, ao mesmo tempo, uma grande desigualdade da renda.
A tipologia das situações e suas combinações, à qual fiz alusão, bem como sua correspondente
manifestação espacial resultam, em diferentes tipos de ligação do setor internacionalizado local,
por um lado, com a economia dominante e, por outro, com os setores marginalizados e não
modernizados do país. Assim como o processo de marginalização interna apoia-se numa certa
combinação determinada de estruturas produtivas e de transferência, o mesmo acontece em
relação ao setor internacionalizado, ao qual também correspondem uma estrutura e uma
superestrutura internacionais, bem como os respectivos mecanismos de transferência de renda.
Para compreender a natureza e os efeitos desses vínculos, é essencial ter uma ideia clara das
características do sistema internacional em que estamos inseridos. Para isso, é conveniente
reconhecer desde logo que o sistema econômico internacional, como qualquer outro sistema
social, é, simultaneamente, um sistema de poder/de dominação/de dependência que tem
favorecido, sistematicamente, o desenvolvimento dos países hoje desenvolvidos e o
subdesenvolvimento dos países atualmente subdesenvolvidos.
Historicamente, esse sistema internacional passou por diversas fases, que são as do
mercantilismo, a do liberalismo e a atual, que chamaremos de neomercantilismo, nas quais
foram-se modificando tanto o centro hegemônico principal quanto a natureza de suas formas de
dominação. O principal agente produtivo do sistema neomercantilista de dominação, do sistema
atual das relações econômicas internacionais — é uma nova e poderosa instituição conhecida
como conglomerado transnacional. Que tem a característica de integração de suas atividades,
das economias de um número considerável de países, dentro de único sistema decisório. O
objetivo final é a maximização dos lucros a longo prazo, que se traduz num certo número de
objetivos imediatos, como a manutenção e a ampliação das fontes de matérias-primas e dos
mercados, assim como um alto grau de progresso tecnológico no desenvolvimento de novos
produtos e processos.
O futuro sistema das relações econômicas internacionais é a penetração da economia dos países
subdesenvolvidos pelos agentes econômicos mais poderosos da economia dos países
desenvolvidos e, muito particularmente, pelos da economia estadunidense, que é o centro
predominante do sistema capitalista na atualidade. De fato, a economia norte-americana vem
experimentando, desde o fim do século XIX, uma evolução institucional na natureza de seu
sistema produtivo, a qual favoreceu uma grande concentração da capacidade produtiva em
empresas gigantescas.
Cinquenta anos de pensamento na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe-
CEPAL de alcance nacional e, posteriormente, transnacional. Nesse processo, além disso,
passou-se por diversas fases organizacionais internas: desde a empresa típica, na qual o
proprietário exercia e controlava todas as funções da empresa familiar, até a firma conglomerada
ou com divisões múltiplas, horizontal e verticalmente integradas nos planos nacional e
internacional.
Esse processo de conglomeração baseia-se em três princípios fundamentais de ação do
conglomerado: (a) a diversificação dos riscos; (b) a maximização dos benefícios extraídos da
participação em mercados dinâmicos; e (c) a maximização do poder financeiro, ao permitir o
controle centralizado e a alocação coordenada de todos os excedentes financeiros produzidos
pelas diversas fábricas que integram um conglomerado. A colossal expansão por que esses
conglomerados vêm passando nos Estados Unidos e, em menor escala, nos países europeus e no
Japão tem, naturalmente, uma expressão que transcende as fronteiras nacionais desses países. De
fato, essas novas empresas gigantescas propagam-se pela economia internacional em várias
etapas, que vão desde a exportação de seus produtos para outros países, passam pela criação de
organizações de venda desses produtos no exterior, prosseguem com a concessão de licenças
para o uso de suas patentes e levam esse processo a seu apogeu, adquirindo os estabelecimentos
produtivos locais e se instalando como produtoras no exterior, através de subsidiárias que são de
propriedade total ou parcial da matriz, mas inteiramente controladas por ela.
Desenvolvimento, subdesenvolvimento, dependência, marginalização e desequilíbrios espaciais,
procurando descobrir as inter-relações que existem entre todos eles. Ficou patente, que esses
cinco processos constituem, diferentes manifestações de um processo que os engloba a todos. O
protagonista fundamental desse processo é o conglomerado transnacional, no sentido de que essa
é a instituição econômica básica e central do mundo capitalista do pós-guerra, que vem
provocando uma transformação radical na estrutura e funcionamento sistema do mundo inteiro,
criando, um novo modelo de civilização, do superconsumo, que tem sua expressão máxima nos
Estados Unidos.
O enorme desenvolvimento da tecnologia moderna requer um incremento do capital dedicado à
produção, bem como do período de tempo durante o qual ele fica comprometido nessa produção,
numa grande variedade de tarefas diferentes, a mão-de-obra especializada aumentam à medida
que avança a especialização. Quando uma empresa encontra-se numa posição particularmente
dependente de um produto ou matéria-prima importantes, como acontece com as companhias de
petróleo em relação ao petróleo cru, com as empresas siderúrgicas em relação ao minério, ou
com as companhias de alumínio em relação à bauxita, sempre existe o perigo de que os insumos
necessários sejam oferecidos a preços desfavoráveis. O tamanho da General Motors fica a
serviço não do monopólio nem das economias de escala, mas a serviço do planejamento, ou seja,
no controle dos insumos/da demanda/obtenção de capital/e minimização do risco.
O núcleo central do CONTRA sempre se encontra na metrópole e serve de escritório de
planejamento da corporação. Esse escritório central é completamente diferente das atividades
produtivas do contra, que podem ser classificadas em três tipos diferentes: extrativistas,
industriais e de comercialização. Essas atividades produtivas localizam-se tanto na metrópole
quanto, através de subsidiárias e filiais, nos países periféricos. O escritório central compõe-se
essencialmente de um grupo de pessoas que planejam e decidem o que, como, quanto e em que
período deverão ser efetuadas a produção e a venda. Que conta com um sistema altamente
eficiente de comunicações, conhecimento científico e tecnológico que pode influenciar
expressivamente a demanda de seus bens e serviços, através da pressão que é capaz de exercer
sobre o consumidor e os governos.
A incorporação de um número cada vez maior de consumidores, tanto nacionais quanto
estrangeiros, é absolutamente necessária para sua rentabilidade a longo prazo. De acordo com
Galbraith, a introdução de bens de consumo — cosméticos, motocicletas, rádios transistorizados,
conservas, bicicletas, discos fonográficos, filmes, cigarros norte-americanos — nos países
subdesenvolvidos é considerada de extrema importância na estratégia da expansão econômica.
Portanto, a estratégia convencional do desenvolvimento econômico, através do desenvolvimento
de uma sociedade capitalista de consumo semelhante à norte-americana ou à europeia, a longo
prazo de maximização dos lucros com a expansão de suas subsidiárias transnacionais e na
homogeneização da cultura de consumo no mundo inteiro.
A empresa multinacional é um agente intermediário de penetração das leis, da política externa e
da cultura de um país em outro. Essa relação é assimétrica, uma vez que o fluxo tende a partir do
país central para o país subsidiário, não ocorrendo no sentido inverso. As corporações
multinacionais reduzem a capacidade governamental de exercer controle sobre a economia
nacional. A empresa multinacional tende a centralizar a pesquisa e a decisão empresarial no país
de origem. É frequente as empresas multinacionais ocuparem uma posição dominante na
indústria. Os países preocupam-se com a justa participação que deve caber a elas, tanto na
produção quanto na exportação. As decisões dependem da estratégia e dos planos do escritório
central, que podem ser limitados ou parciais. As indústrias que se dedicam à extração de
matérias-primas são, com frequência, altamente oligopólicas, contando apenas com um número
reduzido de firmas.
Os feitos do processo de conglomeração transnacional na relação entre os países desenvolvidos e
os subdesenvolvidos: a) a crescente capacidade do CONTRA de tirar proveito, no mais amplo
sentido da palavra, das vantagens que lhe são oferecidas para o crescimento e a diversificação —
economias de escala, grande acumulação de capital, planejamento a longo prazo, poder de
manipulação do mercado, pesquisa tecnológica e científica, fontes predominantemente internas
de financiamento, redução da insegurança e dos riscos, possibilidade de escolher as melhores
oportunidades numa ampla gama econômica etc. — reverte, principalmente, em favor do país
onde se situa a sede do CONTRA, com isso constituindo o conjunto de economias externas que
integram e aumentam o grau de complexidade e especialização, bem como de dinamização do
restante da economia da metrópole.
As subsidiárias e filiais do contra que se situam nas nações periféricas— não apenas nos setores
de produção primária, mas também em todas as atividades da economia subdesenvolvida— não
dão origem, de maneira similar, a um complexo industrial integrado com o restante da economia
local, dão margem a alguns efeitos desintegradores. O mesmo acontece com a introdução maciça
de tecnologias altamente intensivas em capital, as quais substituem as atividades locais, numa
substituição que inclui empresários, trabalhadores etc. Esse fenômeno introduz graves distorções
e irracionalidades na estrutura da demanda e na alocação dos recursos de investimento, tanto
privados quanto públicos, ao mesmo tempo que reduz a poupança pessoal, transferindo-a para o
contra, e para o exterior.
O sistema capitalista mundial encontra-se num processo de reorganização, que deverá convertê-
lo num novo sistema industrial internacional, cujas principais instituições são os contras, cada
vez mais respaldados pelos governos dos países desenvolvidos; essa é uma nova estrutura de
dominação, que conta com um grande número de características do sistema mercantilista. Esse
novo sistema tende a concentrar o planejamento e a utilização dos recursos humanos, naturais e
de capital, assim como o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, do novo sistema industrial:
os tecnocratas do contra, das organizações internacionais e dos governos dos países
desenvolvidos. Esse processo de integração transnacional tende a reforçar o processo de
subdesenvolvimento cultural, político, social e econômico dos países periféricos, aprofundando
ainda mais sua dependência e sua desintegração interna. O exemplo do Canadá pode ser
ilustrativo, O Canadá foi descoberto, explorado e desenvolvido como parte do sistema
mercantilista, primeiro da França e, depois, da Inglaterra. Conseguiu sua independência e se
transformou em nação num período histórico muito curto e hoje foi descrito como o país
subdesenvolvido mais rico do mundo.
Na indústria latino-americana começou depois da Grande Depressão. Após a Segunda Guerra
Mundial, essa penetração tornou-se mais intensa, muito particularmente nos países que já haviam
alcançado um certo desenvolvimento industrial (principalmente a Argentina, o México e o Brasil
nacional de empresários industriais foi interrompido. Dada a sua posição financeira poderosa, o
contra foi ampliando paulatinamente o seu controle sobre os setores mais dinâmicos da atividade
industrial, viu-se restrita a atividades secundárias ou a empresas de caráter pioneiro, as quais, a
longo prazo. A estrutura social deriva uma parte importante de seu dinamismo da influência que
o segmento internacionalizado de nossos países recebe dos países centrais. O avanço do
processo de modernização atua, com efeito, introduzindo uma cunha ao longo da borda em que
se encontram os segmentos integrados e não integrados tendendo a incorporar parte dos
empresários nacionais como gerentes das novas empresas e a marginalizar os não aproveitáveis,
incorporando alguns dos profissionais, dos técnicos e dos empregados adaptáveis e
marginalizando o restante e os não adaptáveis, e incorporando parte da mão-de-obra qualificada
ou com condições de se qualificar e repelindo o restante, além da parte que se supõe não ter
níveis de qualificação técnica ou cultural para se adaptar às novas condições. O empresário
marginalizado tende, em parte, a engrossar as fileiras da pequena indústria e do artesanato e, em
sua maioria, abandona essas atividades para se transformar num empregado de classe média. Os
setores trabalhadores marginalizados, por sua vez, tendem a aumentar o volume da
marginalidade absoluta, no qual, assim como na classe média, acumula-se um foco crescente de
frustração e ressentimento, de dimensões humanas consideráveis.
O processo de desintegração social também afeta as instituições sociais em que se articulam e se
expressam os diversos grupos e setores, e ao conjunto da sociedade devem ser encontradas no
Estado, na Igreja, nas forças armadas, nos partidos políticos de base relativamente ampla e nas
universidades. A crise vivida por cada uma dessas instituições tem características singulares,
conforme a combinação especial de grupos que as componham, mas também de acordo com a
intensidade com que sejam adotados, em cada uma delas, os processos de integração
transnacional e de desintegração nacional, e com a forma como estes afetem sua estrutura e suas
funções.
REFERÊNCIA

CEPAL- Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe. Cinquenta anos de


pensamento na CEPAL. Organização de Ricardo Bielschowsky. Rio de janeiro/São Paulo:
Editora Record. 2000. Disponível em: < https://www.cepal.org/pt-br/publicaciones/1607-
cinquenta-anos-pensamento-cepal>. Acesso em: 03 ago. 2019.

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