Você está na página 1de 5

Análise PESTAL

Econômica
Custos de produção:
Tem sido amplamente divulgado nos meios de comunicação social o aumento dos
preços dos bens alimentares essenciais em Portugal, a níveis superiores ao da inflação
média mensal. Do ponto de vista do sector do leite e dos produtos lácteos, que a
FENALAC representa, urge esclarecer o seguinte:
– Entre Janeiro de 2022 e Janeiro de 2023 o preço médio do leite ao produtor no
continente aumentou para 0,58€/litro, representando uma variação de 60%
(0.21€/litro).
– Esta variação resulta do aumento brutal dos fatores de produção, os quais desde o
início de 2021 tem crescido exponencialmente, nomeadamente a energia (60%), os
alimentos para animais (58%) e os fertilizantes (200%), rúbricas que representam cerca
de 90% dos custos operacionais da atividade.
– Apenas a partir de abril de 2022 se iniciou a recuperação do preço do leite ao
produtor, não obstante o crescimento dos custos de produção ter começado no
princípio de 2021.
– De acordo com o INE, o indicador de preço ao consumidor onde o leite está incluído
estava em março de 2022 ao mesmo nível do ano de 2012 (10 anos de congelamento),
tendo desde essa altura aumentado cerca de 31 % (Fonte IPC, INE,)
– O crescimento do preço dos produtos lácteos ao consumidor reflete, por isso, o
aumento de custos na fileira, desde a Produção até à Indústria e à Distribuição.
– Assinalamos e saudamos as recentes ações da ASAE lamentando, no entanto, que
nada tenha sido feito nos anteriores 10 anos de evidentes preços reduzidos dos
produtos lácteos, denunciado o provável incumprimento da lei que proíbe vendas
abaixo do preço de aquisição!
https://www.confagri.pt/precos-dos-produtos-lacteos-em-portugal-reflete-aumento-
brutal-dos-custos-de-producao/

Preços de compra e venda do leite em Portugal/ Mercados de importação e


exportação:
O preço médio do leite em Portugal fixou-se em 29,98 euros por 100 quilogramas (kg)
em 2021, abaixo dos 35,47 euros da União Europeia (UE), segundo um relatório da
subcomissão dedicada ao leite.
“…Uma diferença de mais de cinco cêntimos por litro (aproximadamente um
quilograma de leite), que se reflete numa diferença de cerca de 15,4% entre Portugal e
a UE”, revelou o documento hoje divulgado, que esteve em discussão no dia 12 de
janeiro, entre o Ministério da Agricultura e a Plataforma de Acompanhamento das
Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA).
Em 2020, Portugal exportou 266 milhões de leite e produtos lácteos, com destaque
para o leite/natas em natureza.
Por mercado, de acordo com os últimos dados disponíveis, reportados a 2019, Espanha
foi o principal mercado, representando 91 milhões de euros, seguido por Angola (49
milhões de euros).
A UE representou 63% das exportações do setor, "apenas se verificando situação
inversa com os queijos e requeijão, que foram exportados maioritariamente para
países terceiros".
No sentido inverso, em 2020, o montante de importações situou-se em 505 milhões de
euros, destacando-se o queijo e o requeijão.
Em 2019, os produtos foram importados essencialmente da UE, com Espanha a liderar
com 52%, seguindo-se Alemanha e França.
"Portugal representa um saldo comercial negativo de 239 milhões de euros, embora
tendo um comportamento diferente consoante os produtos. O leite e natas
apresentam um saldo positivo, tal como a manteiga. Em sentido inverso estão o queijo
e o requeijão, soro de leite e iogurtes", concluiu.
https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/agricultura-e-pescas/detalhe/preco-do-
leite-em-portugal-5-centimoslitro-abaixo-da-media-da-ue-em-2021#loadComments~

Rentabilidade:
De acordo com os dados do SIMA-GPP (2021), o preço do leite pago aos produtores do
continente manteve-se constante nos três meses em análise (0,315 €/kg).
O preço do leite tem vindo a subir consecutivamente e mais do que duplicou em ano e
meio e Portugal é um dos cinco países da EU 27 onde os valores ainda não caíram.
Segundo o Jornal de Notícias, as marcas brancas estão a ser vendidas, agora, a 86
cêntimos e as restantes acima dos 90 cêntimos, por litro.
Esta subida é acompanhada pelo aumento dos valores pagos à produção que subiu dos
29 para os 59 cêntimos. E a margem de lucro quase triplicou mas tanto a indústria
como a distribuição garantem não estar a lucrar três vezes mais.
No final do ano passado registou-se uma queda de 4% na produção de leite e menos
quase 200 produtores, escreve o JN. Este ano, a queda mantém-se, sendo que em
fevereiro, havia menos 300 produtores (menos 8%) e menos cinco milhões de litros de
leite entregues (menos 2%), face ao período homólogo.
https://eco.sapo.pt/2023/03/26/preco-do-leite-sobe-120-em-ano-e-meio/
A quantidade e a qualidade do leite produzido, o custo da alimentação e o
desempenho reprodutivo são os aspetos mais importantes que influenciam a
rentabilidade de uma exploração leiteira.
https://repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/1239/4/Rentabilidade%20das
%20explora%C3%A7%C3%B5es%20leiteiras%20em%20Portugal.pdf

Investimentos:
Para modernizar, expandir e inovar na indústria de laticínios, é necessário realizar
investimentos significativos. Estes esforços podem resultar em melhorias operacionais,
aumento da eficiência e vantagem competitiva no mercado. Aqui seguem algumas
áreas onde poderá ser considerável investir:
Tecnologia de produção: Investir em tecnologia avançada para melhorar os processos
de fabrico e embalagem pode resultar em maior eficiência e qualidade do produto.
Investigação e desenvolvimento (I&D): Investir em I&D pode ajudar a criar produtos
inovadores ou melhorar a qualidade nutricional dos produtos lácteos. Também pode
incluir o desenvolvimento de métodos de produção mais sustentáveis e ecológicos.
Logística e distribuição: Modernizar a cadeia de abastecimento e investir em sistemas
de logística eficientes pode reduzir os custos operacionais e garantir a entrega
atempada dos produtos para os clientes.
Sustentabilidade ambiental: O investimento em práticas e tecnologias sustentáveis
pode não apenas reduzir os impactos ambientais, como também despertar
consumidores preocupados com o ambiente. Isso pode incluir a implementação de
processos de reciclagem, redução do consumo de água e energia e o investimento em
energia renovável.
Qualidade e segurança alimentar: Investir em certificações de qualidade e segurança
alimentar pode garantir a conformidade com regulamentos e padrões internacionais,
sendo essencial para manter a confiança dos consumidores. Isso pode envolver a
implementação de sistemas de rastreabilidade, laboratórios de controlo de qualidade e
formação contínua para funcionários.
Marketing e branding: Investimento em estratégias de marketing e branding pode
ajudar a aumentar a consciência da marca e impulsionar as vendas. Pode incluir o
desenvolvimento de campanhas publicitárias criativas, participação em feiras e eventos
do setor.
É essencial realizar uma análise detalhada dos custos e benefícios potenciais de cada
investimento para garantir que estejam alinhados com os objetivos de longo prazo da
empresa. Além disso, considerar parcerias estratégicas e oportunidades de
financiamento pode ajudar a viabilizar esses investimentos.
Políticas e regulamentações:
No âmbito da produção leiteira, refira-se os Regulamentos CE nº 852/2004, relativo à
higiene dos géneros alimentícios, e o Regulamento CE nº 853/2004, que estabelece
regras específicas de higiene aplicáveis aos géneros alimentícios de origem animal,
ambos de 29 de abril e suas alterações.
Os operadores das empresas que produzam leite ou que procedam à recolha devem
assegurar que o leite cru obedeça aos seguintes critérios:
a) Leite cru de vaca:
Contagem em placas a 30º C (por ml) ≤ 100.000 *
Contagem de células somáticas (por ml) ≤ 400.000 **
b) Leite cru de outras espécies:
Contagem em placas a 30º C (por ml) ≤ 1.500.000 *
Todavia, se se pretender utilizar este tipo de leite cru no fabrico de produtos por um
processo que não inclua nenhum tratamento térmico, os operadores das empresas do
setor alimentar devem tomar as medidas necessárias para assegurar que o leite cru
utilizado obedeça ao seguinte critério:
Contagem em placas a 30º C (por ml) ≤ 500.000 *
Relativamente à presença de inibidores no leite, os operadores das empresas devem
adotar procedimentos destinados a garantir que não é colocado leite cru no mercado:
– Cujo teor de resíduos de antibióticos ultrapasse os níveis autorizados para qualquer
uma das substâncias referidas nos anexos I e II do Regulamento (CE) nº 2377/90, ou,
que o total de resíduos de todas as substâncias antibióticas ultrapasse qualquer valor
máximo permitido
https://www.agros.pt/artigos/qualidade-do-leite-na-producao-em-portugal-
continental-2/

Com o Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA)3, a PAC financia com pagamentos
diretos os agricultores bem como com medidas destinadas a regular os mercados
agrícolas. Já o Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (Feader) financia os
programas de desenvolvimento rurais dos países da União Europeia. Em especial para
o setor leiteiro, tendo em conta as especiais necessidades do setor fortemente afetado
pela crise no preço do leite, foram criados mecanismos de apoio podendo estes
traduzir-se, essencialmente, em dois tipos:
1. Por intervenções públicas nos mercados de produtos agrícolas e
2. Por pagamentos de ajudas à armazenagem privada de leite e produtos lácteos.
Relativamente a pagamentos de ajudas à armazenagem privada de leite e produtos
lácteos, surge o Regulamento (UE) n.º 1308/2013 do Parlamento Europeu e do
Conselho de 17 de dezembro de 2013, que estabelece uma organização comum dos
mercados de produtos agrícolas e é regulado pelo Regulamento (UE) n.º 1370/2013 do
Conselho, de 16 de dezembro, onde estão determinadas as medidas respeitantes à
fixação de preços, ajudas e limitações quantitativas criadas pela organização comum
dos mercados estando as normas de execução destes dois Regulamentos fixadas no
Regulamento de Execução (UE) 2016/1240 da Comissão, de 18 de maio, no que se
refere à intervenção pública e ajuda ao armazenamento privado.
https://www.parlamento.pt/ArquivoDocumentacao/Documents/Setor_Leiteiro.pdf

Tendências de consumo:
Algumas tendências notáveis em relação ao consumo de leite em Portugal são:
-Crescente popularidade de alternativas ao leite: A popularidade de alternativas ao
leite de origem vegetal, como leite de soja, amêndoa, aveia e coco, estava a aumentar.
-Produtos lácteos biológicos: devido a uma maior consciência sobre os benefícios
associados a estes produtos, bem como preocupações com a sustentabilidade e o bem-
estar animal.
-Leites com menos lactose
As tendências de consumo de leite em Portugal têm um impacto significativo no
mercado, afetando diversos setores e atores dentro da indústria láctea. Estas são
algumas maneiras que essas tendências podem influenciar o mercado:
-Mudanças na produção e oferta: Com o aumento das alternativas ao leite de origem
vegetal bem como a procura por produtos lácteos biológicos, os produtores e
fabricantes podem ser incentivados a ter que diversificar a sua produção para atender
a esse aumento crescente.
-Diversificação de produtos e inovação: A procura por leites com menos lactose e leites
enriquecidos pode levar aos fabricantes a ter que investir em pesquisa e
desenvolvimento para criar produtos novos que atendam a essas necessidades dos
consumidores.
-Adaptação de estratégias de marketing e comunicação: Os produtores e fabricantes
podem necessitar ajustar as suas estratégias de marketing e comunicação para
destacar os atributos específicos dos seus produtos, como a sua origem local, produção
sustentável e benefícios para a saúde.

Você também pode gostar