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Leite Condensado

O leite condensado surgiu em 1828, quando o inventor francês Malbec,


aplicou ao leite fresco de vacas o mesmo método usado por Appert na
pesquisa para a esterilização e conservação de alimentos em embalagens
herméticas. No entanto o leite condensado só ganhou fama durante a guerra
de sucessão nos EUA, entre 1861 e 1865, quando ele era fornecido aos
soldados, afinal as latas eram fáceis de transportar e o alimento era uma boa
fonte de energia. Ao fim da guerra o leite condensado ganhou as prateleiras e o
mundo, tanto que em 1867, o estadunidense George H. Page, proprietário da
empresa Anglo Swiss Condensed Milk, na cidade Suiça de Cham, construiu a
primeira indústria criada especialmente para a produção comercial do leite
condensado. No Brasil o produto chegou em 1890 (SILVA. Et al., 2008).

Legislação

A Instrução Normativa nº 47, de 26 de setembro de 2018, do Ministério


da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) define leite condensado
como: “o produto resultante da desidratação parcial do leite, leite concentrado
ou leite reconstituído, com adição de açúcar, podendo ter seus teores de
gordura e proteína ajustados unicamente para o atendimento das
características do produto” (BRASIL, 2018a).

Ainda segundo a mesma IN o leite condensado deve apresentar “I -


consistência viscosa e semilíquida; II - cor branca amarelada; III - odor e sabor
próprios; e IV - textura homogênea com ausência de arenosidade”. Além disso,
o Art. 7º relata que “o leite condensado deve apresentar, quando reconstituído
na proporção de uma parte de leite condensado para 1,38 partes de água, em
massa, índice de caseinomacropeptídeos (CMP) não superior a 75 mg/L
(setenta e cinco miligramas por litro)” (BRASIL, 2018a).

De acordo com a sua classificação, o leite condensado deve atender aos


seguintes parâmetros físico-químicos (BRASIL, 2018a):

I - leite condensado com alto teor de gordura

 a) gordura: mínimo de 16,0 g/100 g (dezesseis gramas por cem


gramas);
 b) proteínas nos sólidos lácteos não gordurosos: mínimo de 34,0 g/100 g
(trinta e quatro gramas por cem gramas); e
 c) sólidos lácteos não gordurosos: mínimo de 14,0 g/100 g (quatorze
gramas por cem gramas).

II - leite condensado integral

 a) gordura: mínimo de 8,0 g/100 g (oito gramas por cem gramas) e


inferior a 16,0 g/100 g (dezesseis gramas por cem gramas);
 b) proteínas nos sólidos lácteos não gordurosos: mínimo de 34,0 g/100 g
(trinta e quatro gramas por cem gramas); e
 c) sólidos lácteos totais: mínimo de 28,0 g/100 g (vinte e oito gramas por
cem gramas).

III - leite condensado parcialmente desnatado:

 a) gordura: superior a 1,0 g/100 g (um grama por cem gramas) e inferior
a 8,0 g/100 g (oito gramas por cem gramas);
 b) proteínas nos sólidos lácteos não gordurosos: mínimo de 34,0 g/100 g
(trinta e quatro gramas por cem gramas);
 c) sólidos lácteos não gordurosos: mínimo de 20,0 g/100 g (vinte gramas
por cem gramas); e
 d) sólidos lácteos totais: mínimo de 24,0 g/100 g (vinte e quatro gramas
por cem gramas).

IV - leite condensado desnatado:

 a) gordura: máximo 1,0 g/100 g (um grama por cem gramas).


 b) proteínas nos sólidos lácteos não gordurosos: mínimo de 34,0 g/100 g
(trinta e quatro gramas por cem gramas); e
 c) sólidos lácteos totais: mínimo de 24,0 g/100 g (vinte e quatro gramas
por cem gramas).

Consumo

O leite condensado correspondeu a 2% do consumo domiciliar de


lácteos entre 2017 e 2018, de acordo com a Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF) do IBGE (2020). Presente em 90% dos lares do Brasil, o leite
condensado é largamente consumido pela classe C da região Sudeste,
segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS, 2020). A
Classe C correspondeu em 2019 por 48,6% das vendas do leite condensado,
seguida pela classe A/B com 32,7% e por último pela classe D/E com 18,7%,
de acordo com a Figura 1.

Figura 1. Representatividade das classes sociais no total de vendas de


autosserviço da categoria leite condensado no período de 2012 a 2019.

FONTE: (SIQUEIRA e NETO, 2020). Adaptado de ABRAS (2020).

A representatividade da classe C teve um aumento de 19% entre os


anos de 2012 e 2019. Esse aumento pode ser atribuído tanto à mobilidade
social das pessoas que migraram da classe D/E para a classe C devido ao
aumento de renda quanto à mudança de hábitos de consumo dos indivíduos
pertencentes à classe C. No entanto, a classe econômica A/B apresentou uma
estabilidade ao longo dos anos em relação à sua participação nas vendas de
leite condensado. No período analisado, a classe D/E teve uma
representatividade nas vendas inferior às outras classes e sofreu uma
significativa redução de 26% entre 2014 e 2015 (ABRAS, 2020).

A motivação principal de compra da maioria dos consumidores, 60,1%,


compra é abastecer suas despensas. Isso sugere uma maior organização e
planejamento por parte das famílias, possivelmente relacionados à redução da
frequência das idas ao supermercado para adquirir esse produto. As compras
de leite condensado têm uma concentração maior aos sábados, seguidas pelas
sextas-feiras. Em relação ao valor médio gasto por ocasião da compra do
produto, houve uma valorização do leite condensado em termos reais. Em
2019, o gasto médio por compra no Brasil foi de R$ 7,74, o que representa o
dobro do valor médio de 2008. Todas as classes sociais também registraram
um aumento no valor médio gasto no período de 2009 a 2019. No entanto, em
alguns momentos, esse aumento está relacionado ao aumento do preço do
produto e à inflação, e não necessariamente ao aumento na quantidade
adquirida e consumida de leite condensado (SIQUEIRA e NETO, 2020).

A frequência de compra, ou seja, o número de vezes que os


consumidores vão aos pontos de venda para comprar leite condensado,
aumentou em 9% entre 2008 e 2019. É interessante observar que o aumento
na frequência de compra ocorreu principalmente na classe social D/E, com um
aumento de 17% entre 2018 e 2019. No entanto, essa classe ainda possui uma
frequência de compra menor em comparação com as outras classes. A classe
social A/B liderou em frequência de compra durante todo o período de 2009 a
2019, indo ao supermercado para comprar leite condensado 8,1 vezes no
último ano (IBGE, 2020).

EFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS - ABRAS. Super


Hiper. CONSUMIDORES E CATEGORIAS. Ano 46, número 527, 2020.

SILVA, M. C. D. et al. Caracterização microbiológica e físico-química de


leite pasteurizado destinado ao programa do leite no Estado de Alagoas.
Ciência e Tecnologia de Alimentos, Alagoas, v.28, p.226 - 230, 2008.

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E


ABASTECIMENTO. Instrução Normativa Nº 47, de 26 de outubro de 2018.
Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de leite
condensado. Brasília: Ministério da Agricultura, 2018a.

SIQUEIRA, K. B., NETO, R. O. O leite condensado brasileiro. Revista


Indústria de Laticínios. 2020. 6p.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE.


Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF. Brasília, DF, 2020
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE.
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA. Brasília, DF, 2020.

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