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Não poderia aqui deixar de registrar resumidamente a luta das mulheres para
conquistas dos seus direitos políticos até os dias de hoje.
continua para que a mulher possa ter o mesmo reconhecimento político e profissional
que os homens, e ainda possa receber o salário justo pelo seu trabalho, dentre outros.
Não se pode esquecer que com sua maior participação no panorama econômico,
era justo e necessário que a mulher participasse também das decisões políticas tomadas
no controle da economia e do bem estar social. Surgiu, assim, o movimento sufragista
feminino. Em 1893 as mulheres começaram a votar. Na Austrália (1902), na Filandia
(1906), na Noruega (1913). Na revolução russa de 1917 foi concedido o direito de voto.
A luta pelo direito ao voto ganha mais força no início do século XX. Em 1910, a
educadora Leolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminista, após ter seu pedido
de alistamento eleitoral negado. Leolinda era uma mulher desquitada, que criou seus
cinco filhos, separada do marido, sendo muito ativa politicamente. Por sua atuação, foi
apelidada de "mulher do diabo."
lei", sem qualquer discriminação de sexo. Com base nisso, Mietta impetrou, como
advogada, Mandado de Segurança e obteve sentença que lhe permitiu votasse em si
mesma para um mandato de deputada federal. Mietta tornou-se a primeira mulher a
exercer, plenamente, os seus direitos políticos: direito político ativo (votar), amparado
em sentença, fundada em direito líquido e certo previsto na Constituição Federal, e
também direito político passivo (ser votada). Em 1928, Alzira Soriano na cidade de
Lajes, no Rio Grande no Norte, tornou-se a primeira mulher escolhida para um cargo
eletivo no país. Foi eleita prefeita da cidade como candidata para representar
o movimento feminista nas eleições, liderado por Bertha Lutz. Seu governo, no entanto,
só durou dois anos. O mandato foi interrompido pela revolução de 1930.
A mulher tem que travar combates desiguais com o homem para alcançar
lugares de topo na Administração Pública e nas empresas, sem falar que os salários são
sempre desiguais. Ademais além do emprego que desempenha, também, em casa, a
mulher desenvolve um papel muito mais preponderante que o homem, seja na luta
doméstica, seja nos cuidados a prestar aos filhos. A sociedade de consumo ainda reserva
à mulher que ela enfrente várias atividades, no comando da família e do lar.
Temos muito ainda a construir, porque a nossa luta continua. Agora, temos que
lutar é pelo respeito às nossas conquistas, há ainda um longo caminho de igualdade a
percorrer, pois a luta não esmorece!
foram e são tão imprescindíveis à manutenção de nossa identidade nacional. Vejo aqui as
pioneiras e as jovens advogadas reunidas. Cada uma registra uma árdua história de
luta! E a vocês é a quem me dirijo em minhas derradeiras palavras, com os versos nos
quais colhi em forma de botão de rosas de uma poetisa feminista, Ana Paula Tavares,
onde o sujeito feminino dialoga com a mãe mostrando, de certa forma, uma
”reinvenção” das tradições para construção de novos paradigmas:
Trouxe as flores...
Não são todas brancas, mãe
Mas são as flores frescas da manhã
Abriram ontem...
E toda noite as guardei
Enquanto coava o mel
E tecia o vestido
Não é branco, mãe...
Mas serve à mesa do sacrifício.
Trouxe a tacula
Antiga do tempo da avó
Não é espessa, mãe...
Mas cobre o corpo.
Trouxe o canto
Não é claro, mãe...
Mas tem os pássaros certos
Para seguir a queda dos dias
Entre o meu tempo e o teu...
(Ana Paula Tavares, A Ex-votos. Lisboa: Editorial Caminho, 2003, p.26-7)