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08/01/2015 O SUBMUNDO: Goetia Simplificada — Frater Michael Sebastian Lùx

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Goetia Simplificada — Frater Michael Sebastian Lùx
Para muitos aspirantes a magista, a prática da evocação mágicka de forças demoníacas sugere imagens
de magos medievais trajando longos robes, armados com varinhas e espadas, de pé em círculos evocando
agentes do Inferno a fim de realizar pactos para obter riqueza, amor, eterna juventude, ou qualquer outra
coisa que convir à vaidade do intrépido bruxo. Talvez seja esta imagem e os métodos aparentemente
difíceis de preparação das ferramentas dos rituais, memorização de longas conjurações e exorcismos, e a
incompreensão das prosaicas forças ligadas à nossa realidade espiritual, o que tem feito a prática da
evocação goética ser muito denegrida e incompreendida, mesmo por alguns dos grandes adeptos da nossa
atualidade. Até que ponto esse viés é merecido ou não está totalmente aberto ao debate. A meu ver, no
entanto, seus benefícios não podem ser questionados por aqueles determinados a tomar as medidas
necessárias para se envolverem com essas forças face­a­face e que o processo para fazê­lo não precisa
ser demasiado complicado pela recriação de cada detalhe, quer seja das ferramentas ou templos descritos
nos vários textos que nos foram transmitidos. Este ensaio visa proporcionar um resumo simplificado de
minha extensa prática da evocação ao longo de quase dez anos e demonstrar que este não é apenas um
processo acessível, mas que pode enriquecer a vida do mago, independentemente de sua situação.

Para o leitor, talvez o mais famoso livro que detalha a prática da evocação mágicka seja o Lemegeton, ou a
Chave Menor do Rei Salomão traduzido por S.L. MacGregor Mathers, o grande adepto da Ordem
Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn); muito foi escrito sobre este texto em particular nos últimos
cem anos por magos e acadêmicos da mesma forma e, em muitos aspectos, está em conformidade com a
imagem da evocação presente no inconsciente coletivo com um círculo mágicko complicado, descrição
exaustiva de ferramentas necessárias e coisas efêmeras e um registro ou hierarquia de espíritos com
descrições de seus poderes e habilidades. Muitos autores contemporâneos como Lon Milo DuQuette,
Christopher Hyatt, Carroll Runyon e Michael Osiris Snuffin têm escrito extensivamente sobre este livro em
particular e têm informado, a uma geração inteira, sobre sua aplicabilidade prática. Há, porém, outros
grimórios que não são tão bem explorados, ou têm passado somente nos últimos anos pelo processo de
serem cuidadosamente examinados e re­examinados pelo seu papel na consciência do emergente
renascimento mágicko. Textos como o Grimorium Verum, o Dragon Rouge, e outros do início da era
moderna e da bibliothèque bleu estão sendo redescobertos e re­explorados em seus contextos individuais e
comparados com outros de datas anteriores. Este ensaio, em particular, essencialmente abordará a
experiência com a Chave Menor de Salomão e o Grimorium Verum, mas para aqueles que estão
interessados em explorar outros textos eu incluí uma bibliografia no final deste ensaio.

A maior parte da literatura contemporânea sobre a prática da evocação demoníaca tende a enfocar a
prática em dois modelos: a) o paradigma psicológico em que as entidades evocadas são complexas
projeções subjetivas do inconsciente do magista ou b) o paradigma espiritual, em que as entidades
evocadas são tratadas como entidades únicas e independentes separadas da consciência do mago. Na
minha opinião, a questão epistemológica de saber se existem essas entidades subjetiva ou objetivamente,
enquanto certamente merecedora de um tratamento mais completo, é provisoriamente discutível, e
independentemente de sua natureza, os seres evocados frequentemente atuam independentemente, dadas
as considerações apropriadas e tratados como tal — isto também se aplica a outros seres e entidades que
o mago pode encontrar em sua vocação. É, no entanto, de primordial importância que o magista que irá
participar da prática da evocação tenha mente sã e um profundo conhecimento prático de magia elemental
antes de começar a prática da evocação mágicka. No mínimo, eu incentivaria o indivíduo a passar algum
tempo a familiarizar­se com os exercícios mencionados no Appendix VII do Liber ABA, em particular o Liber
HHH, Liber O, e o Bornless Ritual (Ritual do Inascido, também conhecido como Liber Samekh). Além disso,
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incentivo a leitura atenta do ensaio de Aleister Crowley, “An Initiated Interpretation of Ceremonial Magic”
(Interpretação Iniciática da Magia Cerimonial), que pode facilmente ser encontrado on­line, bem como da
maioria das edições da Chave Menor de Salomão de Mathers / Crowley, assim como do Crystal Vision
Through Crystal Gazing de Frater Achad.

Dependendo da situação, a prática da evocação em escala completa pode ser difícil de ser realizada devido
a restrições espaciais, especialmente na maioria dos ambientes urbanos. Mesmo um templo temporário
para a prática da evocação mágicka exige, no mínimo, oito a nove metros de espaço desobstruído — não
incluindo o próprio círculo mágicko! Por esta razão, é provavelmente mais conveniente para muitos de nós
praticar o que alguns chamam de evocação no plano astral. Embora eu tenha algumas divergências sobre a
definição semântica devido às diferenças na compreensão operatória, a prática da evocação no astral
através de alguns meios reflexivos tem uma longa e honrada história na prática mágicka, e tem a vantagem
de ser capaz de ser realizada, mesmo em um pequeno apartamento. Usando o nosso método especial, o
templo mínimo requer:

→ uma mesa ou escrivaninha de pelo menos 90x30 cm;
→ espelho de vidência ou bola de cristal,
→ tecido pesado preto de 45x45 cm;
→ papel ou pergaminho.

Além destes, pode­se desejar usar água benta que pode facilmente ser feita em casa ou obtida na Igreja
Católica ou Episcopal local; um aspergillum feito a partir de alecrim, manjerona, hortelã, arruda; e qualquer
veste ritualística. Dependendo do grimório que esteja sendo usado, há inúmeras opiniões diferentes sobre
as considerações para a preparação e consagração de suas ferramentas mágickas. A meu ver em uma
circunstância ideal preparar­se­ia cada uma segundo as regras específicas do livro mágicko em questão,
mas, uma vez que este raramente é o caso, pode­se prepará­las de acordo com o espírito do texto e ainda
obter resultados eficazes. Adicionalmente velas, incensos e armas elementais, tais como as utilizadas na
Golden Dawn ou por iniciados de A.·.A.·. podem ser úteis para o mago.

Com o tecido preto o magista vai fazer o que eu tenho chamado de Linho da Arte — não particularmente
adequado, com certeza, mas, na ausência de um círculo em escala completa, o Linho da Arte pode tornar­
se uma ferramenta poderosa para evocação. Para este efeito, o magista terá de pegar o tecido e dividi­lo
em nove quadrados de modo a criar uma grade de 3 linhas x 3 colunas. Curiosamente, estas dimensões
não são muito diferentes do triângulo e fazem alusão a três como o primeiro sólido, bem como a Saturno, o
planeta das limitações. Restringindo os espíritos em um triângulo, tal como sugerido na Chave Menor de
Salomão, o que estamos fazendo limita a sua capacidade de moverem­se livremente e controla seus
poderes primordiais para os nossos próprios fins (presumivelmente) construtivos. Três multiplicado por três
é nove que também é único na medida em que é o número da Sephirah Yesod, que rege a Lua e a
manifestação de visões, sonhos e fenômenos psíquicos.

No centro do quadrado faça um triângulo equilátero em branco ou vermelho usando uma tinta não­solúvel
em água tal como tinta acrílica ou silk­screen. Em torno deste, pinte dois círculos concêntricos de modo que
você acabará com uma imagem como esta (Figura 1):

Isto está de acordo com o Triângulo de Evocação descrito na literatura salomônica, contudo assemelha­se
mais aproximadamente do círculo mágicko descrito no Dragon Rouge e no Grimorium Verum. Durante o
seu processo de evocação você estará chamando os espíritos para sua bola de cristal (ou espelho de
vidência) que será posta sobre o triângulo na mesa.

O próximo passo na criação do Linho da Arte será pintar o hexagrama de Salomão (veja Figura 2) sobre os
lados cardinais do tecido de modo que, quando colocados na mesa ou altar, eles apareçam virados para as
quatro direções. A imagem utilizada em particular é o mesmo hexagrama descrito no Grimorium Verum,

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Dragon Rouge, Heptameron e em
muitos outros grimórios medievais e
modernos, como representado abaixo:

Esta imagem pode facilmente ser
modificada para atender ao
hexagrama descrito na Chave Menor
de Salomão, que é usado no avental
do mago (Figura 3) ou até mesmo
pode ser simplificada ainda mais para
o hexagrama mágicko descrito por
Crowley com o triângulo descendente
vermelho e o ascendente azul, com a
imagem de um Tau dourado invertido
no centro (Figura 4). O objetivo do
hexagrama, de qualquer forma, é
evitar que energias não convidadas se
aproximem da mesa de trabalho do
mago, bem como para lembrar aos
espíritos e ao magista o seu lugar no
macrocosmo.

Quando todo o Linho da Arte for
espalhado, ele deve assemelhar­se a isto
(Figura 5):

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O próximo passo na construção do Linho da Arte, assim como todos os instrumentos utilizados pelo mago,
este deve ser consagrado ou dedicado adequadamente. Uma vez que este é uma ferramenta relativamente
recente, existe uma série de opções que se poderia seguir, mas de acordo com a tradição da magia
goética, temos optado por usar a consagração da Chave Maior de Salomão do Livro II, capítulo XVII:

"Sede presente para ajudar­me, e minha operação ser consumada através de vós; ZAZAII,
ZALMAII, DALMAII, ADONAI, ANAPHAXETON, CEDRION, CRIPON, PRION, ANAIRETON,
ELION, OCTINOMON, ZEVANION, ALAZAION, ZIDEON, AGLA, ON, YOD HE VAU HE,
ARTOR, DINOTOR, Santos Anjos de Deus; se façam presentes e infundam virtude neste
[Linho], de modo que ele assim obtenha poder através de vós, que todos os Nomes e
Símbolos nele escritos recebam o devido poder, e que todo o dolo e empecilho parta deste,
através de Deus o Senhor misericordioso e gracioso, Aquele que vive e reina por todas as
eras. Amém."

Em seguida recite os salmos 72, 117, 134 e o "Benedicite Omnia Opera" e finalmente este é aspergido com
água benta e incensado, dizendo:

"Eu te conjuro, ó [Linho], por todos os Nomes Sagrados que tu recebas eficácia e força, e
tornes­te exorcizado e consagrado, de modo que nenhuma das coisas escritas sobre ti se
apaguem do Livro da Verdade. Amém."

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Está concluído, o Linho da Arte está pronto para uso e, quando não estiver sendo utilizado, pode ser
seguramente dobrado e armazenado num local seguro.

O próximo item importante necessário para esta forma de evocação é a bola de cristal ou espelho de
vidência. Durante o processo de evocação, este item será colocado no meio do triângulo, é neste item que
o espírito será conjurado. Não há regras rígidas e rápidas para este item, mas na minha opinião este
deveria ter pelo menos 15 cm de diâmetro para acomodar uma visualização confortável e ser consagrado
durante um momento auspicioso. Para isso, encontramos uma sugestão no livro Wicca: a Guide for the
Solitary Practitioner (Guia Essencial da Bruxa Solitária) de Scott Cunningham: basta que o item seja imerso
em uma tisana de artemísia (Artemisia vulgaris), durante uma Lua Cheia. Pode­se também tomar como
referência os métodos de Franz Bardon em sua obra A Prática da Evocação Mágica, que delineia uma série
de considerações muito avançadas, mas vantajosas para a evocação em geral.

Antes da evocação, vale a pena levar em conta quais espíritos seriam úteis para o mago. O Lemegeton faz
um bom trabalho de descrição de características particulares de cada espírito e seus campos (ou reinos) de
ação de uma maneira que outros, incluindo o Grimorium Verum, não o fazem. Para explorações iniciais,
sugiro fazer uma lista de suas necessidades imediatas e os espíritos correspondentes que podem o auxiliar.
Outro método, sugerido­me uma vez por Michael Snuffin, consiste em usar as cartas do Tarot of Ceremonial
Magic de Lon DuQuette, que apresentam os selos dos espíritos d'A Chave Menor, embaralhá­las, tirando
três cartas, e fazer uma adivinhação com base nos espíritos que aparecem. Embora este método tenha um
certo grau de ambiguidade, tem me servido bem em algumas operações e pode fornecer algum tipo de
assistência para outros. Uma vez decidido o espírito, seu selo pode ser desenhado na cor apropriada em
cartolina ou gravada em madeira, metal ou numa jóia apropriada (se houver). Na maioria dos casos,
cartolina é mais do que suficiente. Este é então abençoado com água benta e deixado de lado até a hora da
evocação.

Na data da evocação, sugiro que separe o dia (ou, no mínimo, a metade deste) para meditar sobre a
operação. De acordo com as sugestões dos grimórios, considero útil abster­se de carnes e bebidas
alcoólicas, bem como desligar telefone e computadores para limitar as interações sociais a aquelas
relativas à nossa família ou a amigos muito íntimos. Durante este tempo prepare a mesa, lavando­a com
água benta e consagrando­a com óleo de Abramelin marcando cinco cruzes na a superfície sob a forma de
um pentagrama antes de colocar o Linho da Arte sobre a superfície, colocando a bola de cristal no triângulo
e cobrindo­a com um pano de seda preta, juntamente com o sigilo do espírito. Uma vez que o tempo ideal
para a evocação é à noite, pode ser útil dispor velas no altar de cada lado do círculo. Lâmpadas votivas de
cobalto ou vidro vermelho escuro podem ser particularmente eficazes na eliminação de distrações enquanto
tornam o ambiente apropriado.

O óleo de Abramelin pode ser confecionado misturando 2 ml de óleo essencial de Mirra com 4 ml de óleo
essencial de Canela, 1 ml de óleo essencial de Galanga e 3,5 ml do melhor azeite de oliva (ao aumentar a
receita sempre siga a mesma proporção entre os ingredientes).

O resumo da operação é o seguinte:

I. Trabalho Preliminar
a. Preparação do templo e instrumentos, incluindo revisão das conjurações
b. Abstenção de sexo e comida durante pelo menos seis horas antes da operação
c. Banho ritualístico
d. Meditação ou trabalho energético, como o Pilar do Meio

II. Abertura 
a. Ritual de Banimento do Pentagrama
b. Ritual de Banimento do Hexagrama

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c. Ritual do Não­Nascido (Liber Samekh)
d. A purificação do templo com água benta e incenso

III. Conjuração 
a. Análise do sigilo do espírito até que o elo seja estabelecido
b. Recitação da conjuração [1]

IV. Recepção do Espírito 
a. Interrogatório sobre a identidade do espírito
b. Juramento ou Contrato de Obediência
c. Estabelecimento da comissão do serviço
d. Contrato de Pagamento [2]

V. Despedida 
a. Licença para partir
b. Rituais de banimento como na abertura

Este método de evocação, enquanto quase idêntico em estrutura aos métodos convencionais, é
decididamente simplificado e como mencionado não requer o extenso trabalho ou espaço necessário para a
evocação tradicional. Seu único obstáculo é ser uma experiência um pouco limitada em comparação com a
evocação convencional, da mesma forma que comunicar­se com alguém face­a­face é diferente de
comunicar­se com alguém via Skype. De acordo com a minha experiência pessoal, as conjurações usadas
podem ser comutadas, dependendo do grimório usado, mantendo a consistência interna com o texto a ser
utilizado. Além disso, como o mago experiente deve ter notado, alguns dos termos usados para
esquematizar a operação foram propositadamente alterados para refletir uma relação mais igualitária com
os espíritos em contraste com a relação hierárquica "mestre / escravo" que é decididamente um resultado
da perspectiva pré­moderna, monoteísta e patriarcal tipicamente prevalecente nas visões judaica, cristã e
islâmica de mundo. Assim, proponho que se aproxime dos espíritos com o mesmo respeito que teria no
comissionamento de alguém para criar uma obra de arte ou na contratação de alguém para um emprego, o
que traz à tona o próximo ponto.

Sem dúvida, muitos vão ter objeções à ideia de fazer um juramento ou pacto com entidades demoníacas.
Este medo, enquanto compreensível, é na maioria dos casos irracional posto que espíritos fazendo
exigências ultrajantes é apenas mais um dos contos morais de magos medievais que vendem a sua alma
ao Diabo em troca de seus desejos. Embora a possibilidade de "vender a alma" seja merecedora de muita
exploração teológica, o fornecimento de pagamentos simples, como acender velas em honra dos espíritos,
gravar seus sigilos em materiais mais caros após a conclusão bem sucedida de trabalhos, ou mesmo
espalhar seu nome são mais do que o suficiente para agradar a estas entidades. Como sempre, gostaria de
advertir o aspirante a mago contra oferecer elementos próprios, tais como sangue ou outros fluidos
corporais, mas sinto a necessidade de salientar que nem mesmo estas ofertas estão excluídas dos anais da
goetia ou até mesmo entre alguns praticantes contemporâneos.

Após a conclusão bem­sucedida de uma evocação, é importante que o mago faça um cuidadoso registro de
sua vida espiritual e mundana em um diário. Isso tem duas utilidades, na medida em que: a) fornece um
registro subjetivo de eventos e acontecimentos e, b) serve como referência de eventos que podem voltar a
ocorrer ou que precisam ser observados em uma continuação da operação. É importante notar que o
processo operatório de evocação estende­se, frequentemente, para além do ritual de evocação em si. Por
esta razão, após a entidade ter prestado os seus serviços, caberia a ele [o mago] executar uma conjuração
para formalmente agradecer ao espírito por sua ajuda, bem como para fornecer, quaisquer que sejam, os
pagamentos que foram acordados no âmbito do Contrato de Pagamento. Sob nenhuma circunstância deve
o espírito ser pago antes da conclusão da tarefa! Se um espírito, que já havia concordado em trabalhar para
o mago, não conseguir cumprir o serviço, ele pode ser evocado novamente e ser demitido das suas funções
ou amaldiçoado e amarrado à obediência. Como sempre, eu prefiro a primeira opção, mas deixo isto a
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critério do mago.

Se uma determinada operação está acordada a ser cumprida a longo prazo, o mago pode precisar fornecer
ao espírito algum apoio adicional, um pouco diferente do que foi discutido no Contrato de Pagamento. Isso
também não é inédito, a Chave Maior de Salomão dedica um capítulo inteiro a esta consideração no Livro
II, capítulo XXII:

"Em muitas operações, é necessário fazer algum tipo de sacrifício aos demônios. Às vezes,
os animais brancos são sacrificados para os bons espíritos e pretos para os maus. Tais
sacrifícios consistem no sangue e, por vezes, a carne... Quando é necessário, com todas as
cerimônias apropriadas, fazer sacrifícios de fogo, eles devem ser feitos com madeira que
tenha alguma qualidade correlacionada aos espíritos invocados... Quando fazemos
sacrifícios de comida e bebida, tudo que for necessário deve ser preparado sem o Círculo, e
as carnes devem ser cobertas com algum pano branco limpo, e deve haver também um
pano branco limpo abaixo delas; com pão novo e bom vinho e espumante..."

De acordo com um método específico discutido por Lon Milo DuQuette em seu My Life With Spirits, pode­se
prosseguir com o trabalho preliminar de costume e a conjuração do espírito e oferecer­lhe sangue de
animal comprado em um açougue ou espremido de boa carne moída e misturado com qualquer bebida
alcoólica de boa qualidade (minha preferência é Bacardi 151), por fim ateando fogo à mistura. De acordo
com a narrativa mitológica do Novo Testamento o feiticeiro Jesus de Nazaré exorcizou uma legião de
demônios colocando­a em uma horda de suínos [3], eu descobri que o sangue dos porcos, comprado em
qualquer supermercado asiático, proporciona um grande sacrifício que muitos espíritos parecem gostar.

Por fim, a prática da evocação mágicka não é inteiramente sobre como conseguir o que se quer, mas sim
formular novas relações e explorar novas formas de experimentar o mundo e pode ser um poderoso
método de enriquecimento espiritual (e pessoal). Dizer que é fácil seria enganoso e desonesto — conheci
alguns espíritos que não foram nada cordiais e que tiveram de ser submetidos aos rigores de maldições e
banimentos —, contudo depois de algum tempo e esforço, o mago vai achar que lidar com espíritos é, em
muitos aspectos, como lidar com pessoas que simplesmente não têm corpos. A minha esperança é que
este material seja suficiente para motivar seu interesse e que você comece sua própria exploração do
mundo dos demônios. Desejo­lhe o melhor em suas experiências.

BIBLIOGRAFIA

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NOTAS

1 A meu ver, o espírito não pode aparecer após uma única recitação, por isso é melhor esperar por um ou
dois minutos entre recitações sucessivas para permitir que o espírito apareça na bola de cristal ou espelho.
Se ele não aparecer após três, ou, no máximo, sete recitações é melhor abandonar a operação. Considero
que as maldições tradicionais são o melhor recurso quando nenhum outro está disponível ou se os espíritos
conjurados são abertamente agressivos com o mago.

2 Enquanto muitos podem oporem­se a ideia de fazer um contrato recíproco com um espírito, a meu ver,
fornecer alguma forma de pagamento em troca de serviços prestados é um grande passo no
desenvolvimento de um relacionamento com entidades espirituais, bem como corporais, como o seu barista
ou garçom favorito.

3 Marcos 5: 1­20, Mateus 8: 28­34, Lucas 8: 26­39

Traduzido por Lizza Bathory de Edge of the Circle Books Newsletter — Simplified Goetia

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