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A responsabilidade com ou sem culpa, nos remete a culpa lato sensu, que
engloba tanto o dolo, quanto a culpa estrita.
DOLO:
O dolo constitui uma violação ao dever jurídico, de maneira intencional, visando
o prejuízo de outrem. É uma ação ou omissão voluntária, conforme art. 186.
O atual código civil, adotou a teoria da causalidade adequada, ou seja, o fato tem
que ter nexo de causalidade (causa + efeito).
Quanto à indenização, essa deve ser fixada de acordo com o grau de culpa dos
envolvidos, ou seja, segundo a sua contribuição causal, conforme art. 944 e 945 do c.c.
Dessa forma, existindo dolo, a reparação deve ser integral, sem qualquer redução;
tendo em vista que na maioria dos casos, não se pode falar na culpa concorrente da
vítima ou de terceiro, fazendo com que gere a redução concorrente por equidade da
indenização. Contudo, havendo à vítima do dano concorrido culposamente para
o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua
culpa em confronto com a do autor do dano.
Obs².: O princípio da reparação integral dos danos pode ser retirado do art. 944
c.c e do art. 6º, VI do CDC.
CULPA ESTRITA OU STRICTO SENSU:
A culpa pode ser conceituada como um desrespeito a um dever preexistente
(tanto derivado de culpa contratual, quanto extracontratual), não havendo
propriamente a intenção de violar o dever jurídico, que acaba sendo violado por
outro tipo de conduta.
Como regra geral para o direito civil, adota-se a teoria da culpa, segundo a qual
haverá obrigação de indenizar somente se houver culpa genérica do agente (teoria
subjetiva), sendo certo que o ônus de provar a existência de tal elemento cabe em regra
ao autor da demanda, conforme o art. 373 do CPC.
PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DA CULPA STRCTO SENSU:
1. Quanto à origem:
1.2 Contratual: Presente nos casos de desrespeito a uma norma contratual ou dever
anexo relacionado com a boa-fé objetiva e que exige uma conduta leal dos
contratantes em todas as fases negociais.
2.2. Culpa “in omittendo”: relaciona-se com a negligência (omissão). Ex.: médico
que esquece gaze na barriga do paciente após uma cirurgia.
3.2. Culpa “in abstrato”: é levado em conta a pessoa natural comum (o critério do
homem médio).
As duas formas de culpa (in concreto + in abstrato) devem interagir entre si, ou seja,
deve-se analisar o caso concreto levando-se em conta a normalidade do comportamento
humano. Isso, para que a conclusão do aplicador do direito seja justa e razoável.
4. Quanto à sua presunção:
4.1. Culpa “in vigilando”: Haveria uma quebra do dever legal de vigilância. Ex.:
responsabilidade do pai pelo filho;
4.2. Culpa “in eligendo”: Era a culpa decorrente da escolha/ eleição feita pela
pessoa a ser responsabilizada. Ex.: responsabilidade do patrão por ato de seu
empregado.
4.3. Culpa “in custodiendo”: Decorria da falta de cuidado em se guardar uma coisa
ou animal.
Deve-se concluir, como parcela majoritária da doutrina, que não se pode falar mais
nessas modalidades de culpa presumida, são hipóteses anteriores de responsabilidade
subjetiva.
A partir dessas ideias, deve ser tida como totalmente cancelada, doutrinariamente,
a Súmula 341 do STF, mediante a qual seria presumida a culpa do empregador por ato
do seu empregado. Na verdade, o caso não é mais de culpa presumida, mas de
responsabilidade objetiva (arts. 932, inc. III, e 933 do CC). Espera-se que o STF
efetivamente cancele a citada Súmula 341, para que não pairem dúvidas entre os
aplicadores do Direito, especialmente diante da suposta força vinculativa das súmulas
dos Tribunais Superiores, reconhecida por vários dispositivos do CPC/2015.
5.3. Culpa levíssima: é o menor grau possível, situação em que o fato só teria sido
evitado mediante o emprego de cautelas extraordinárias ou de especial habilidade
(não poderia ser observada nem mesmo por um diligentíssimo chefe de família). No
Direito Civil, em regra, responde-se inclusive pela culpa levíssima, porque se tem
em vista a extensão do dano (art. 944 do CC). Continua valendo, portanto, aquele
antigo norte romano, baseado no brocardo in lex Aquili et levíssima culpa venit, ou
seja, “na lei aquiliana, até a culpa levíssima é levada em consideração”. No
entanto, presente a culpa levíssima, a indenização a ser paga deverá ser
reduzida mais ainda, eis que o art. 945 do CC enuncia que a mesma deve ser
fixada de acordo com o grau de culpabilidade.