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Psicologia Social - Morte Melhorado
Psicologia Social - Morte Melhorado
autopsia
INTRODUÇÃO
Neste presente artigo iremos tratar sobre a influência de alguns aspectos da profissão do
Perito Criminal na construção e modificação da subjetividade deste indivíduo e sua
relação com a realidade concreta. Com base nisso, buscamos compreender as formas
como a relação de trabalho e morte é vivenciada por este indivíduo e, em que aspectos
essas vivências constituem elementos significativos de sua identidade individual, suas
relações sociais cotidianas, com familiares e amigos, a mudança da percepção da
dinâmica social que implica esta relação com o corpo sem vida e a consideração de tudo
o que abrange este corpo até sua chegada ao IML. E tem como objetivo de delinear essa
dimensão subjetiva deste fenômeno social que é a morte e a implicação desta na relação
Indivíduo/ Sociedade.
Referencial teórico
- trabalho e subjetividade
“Fica claro, portanto, que o social não pode ser definido como externo ao
subjetivo: ele é, antes, um dos seus determinantes essenciais. Por outro lado, o
social é, sim, externo, visto que, como forma de realidade, não se esgota
naqueles aspectos que são significados pelo sujeito individual. De igual modo,
o social é também interno, porque sua significação depende de um processo
de constituição de sentido, no qual interno e externo perdem sua condição de
antinomia e se integram em uma complexa relação de mediação”
2. 2
A carreira de auxiliar de necropsia é bastante importante e tal
importância se revela ao fato de que, se você pretende ser este
profissional deve prestar concurso público, pois não existe um curso
específico para esta profissão. A realização do concurso é ofertada pelas
polícias civis de todos os Estados Brasileiros. Para que você possa se
tornar um auxiliar de necropsia além de realizar o concurso, você deve
ainda ser maior de 18 anos e ter ao menos o ensino médio completo.
Para a realização do concurso para a profissão de auxiliar de necropsia, exige-se
conhecimentos de Geografia, Historia, Matemática, Biologia, Física, Química e o
mais importante de todos, de Língua Portuguesa, que representa uma grande
porcentagem de acertos ou erros na prova. O profissional que se habilita e começa
a exercer sua profissão, poderá fazer em Institutos Médicos Legais, mais
conhecidos como IML, ou em Funerárias em geral. Há uma parcela de auxiliares
de necropsia que exercem a profissão em hospitais, mas são casos mais raros.
- morte e sociedade
REFERENCIAL TEÓRICO
Metodologia
O homem define-se então a partir de sua ação concreta; essa ação está
inserida em um contexto de relações materiais que obedecem a leis objetivas;
nesse sentido, o homem é determinado. Com a visão dialética, essas leis
objetivas são leis do movimento, da transformação, que se dá a partir da ação
do homem. Através de sua ação, o homem transforma e é transformado; é
determinado e determinante ao mesmo tempo; a relação indivíduo-sociedade é
entendida como um processo, onde a transformação do indivíduo e da
sociedade é constante. O homem é ativo, social e histórico. ( BOCK, p. 87,88,
2003.)
Instrumento de pesquisa
METODOLOGIA
Nesse sentido, as leis que regem a sociedade e os homens não são naturais, mas
históricas; não são alheias aos homens porque são resultado de sua ação sobre a
realidade (trabalho e relações sociais); são leis objetivas, porque estão na realidade
material; na qual a objetividade inclui a subjetividade, porque é produzida por sujeitos
concretos que constituem e são constituídos sóciohistoricamente.
Ainda quanto sua delimitação técnica, também será utilizada como método a
pesquisa Bibliográfica que conforme Gil (2002), neste tipo de procedimento de pesquisa
permite ao investigador cobrir uma gama de fenômenos mais ampla do que aquela que
se pode investigar diretamente
“não é só morrer, tem outros custos (...) você paga para nascer, paga para viver e
paga para morrer” {fala que diz do atual modelo econômico de sociedade em que o
perito está inserido, onde o corpo é mercadoria, a vida é mercantilizada até mesmo
depois da morte e de como o estado e a empresa privada controla o corpo antes
durante e depois da morte, ou seja, um claro exemplo da relação entre
indivíduo/sociedade, e como a realidade concreta determina a subjetividade}
“10 anos que a gente trabalha nessa área da anatomia”; trabalha Goiânia (atende
a região metropolitana) e Catalão (atende as cidades vizinhas) {são diferentes
contextos – contingente populacional, diversidade, economia, etc, o que
influência na conduta profissional, em Goiânia e região tem que em média 15
cadáveres vítimas de homicídio por dia enquanto Catalão e região não chega a
ter 1 por dia}
“cada caso é um caso, cada morte é uma maneira de ser vista, de trabalhar com
ela” {apresenta singularidade na morte – o morrer diz da história de vida- e de
como essa individualidade está inserida na sociedade – a morte é individual, mas
socialmente concebida; individual quanto ao fim desse corpo/subjetividade e
social sendo o morrer produzido pelas relações sociais, todavia, não há uma
possibilidade de estudo desvinculando um do outro, visto que, ambos se
confluem em uma relação dialética -, por exemplo, se for vítima de acidente
automobilístico tem um procedimento, se for vítima de troca de tiro outro; Cada
procedimento atende a uma demanda específica como também cada profissão
vai atuar de uma maneira diferente frente a cada morte, como um coveiro vai
atuar diferente de um auxiliar de autopsia que vai atuar diferente de um
maquiador de defunto.
“Olha, mexer com morto é mais fácil que mexer com vivo. Vivo dá trabalho
demais. Morto você já chega e remove, faz o que tem que fazer. Acabou seu
problema alí.Vivo é totalmente diferente; dá trabalho demais.” {vê-se a frieza
que o entrevistado se coloca na relação com o outro, isto é, tendo como seu
objeto de trabalho o corpo frio, a matéria inerte em relação a ele (decomposição
natural), mas mesmo assim é ele quem ajuda decidir sobre o destino da vida e da
morte, pois dentro da organização societária ele desempenho uma função social
de identificar e reconhecer a morte institucional do cidadão. O corpo do morto
tem subjetividade? A subjetividade é a percepção que os outros tem do eu ou a
subjetividade é a percepção do eu para com o outro (realidade concreta)? Se o
corpo morto não tem subjetividade por que então há uma necessidade de uma
determinada conduta social para conduzi-lo ao túmulo ou cremação?}
“ver é uma coisa. Você está presente, mexer é outra coisa” (concursado –
funcionário público) { diferenciação do que a mídia e os meios de comunicação
mostram e o que é de fato a profissão, cotidiano}
“nosso serviço acho que é muito relevante.” (auxiliar de autópsia) {a morte é
relevante! A morte é importante para o funcionamento da dinâmica social. A
morte que gera trabalho que transforma o mundo }
“ela é mal vista.(...) ‘vocês não tem sensibilidade?!’” “Pra sociedade é horrível”
{uma profissão que trabalha com um dos maiores tabus da sociedade é de difícil
aceitação ainda por ser entrecortada pela afetividade}
“70% que chegam ao IML são violência doméstica, Lei Maria da Penha, vítimas
de acidentes, , agressão” “como foi que horas que foi”
“corpo ignorado” – indigente polícia federal coleta as 10 digitais para pesquisar
no banco de dados “passa a ser identificado”
Não levo serviço pra casa. A gente fica triste quando é o corpo de uma criança.
{nota-se uma clássica separação entre trabalho que se insere no âmbito do
público e a vida pessoal referente ao âmbito privado, entretanto, se pode separar
ao que concerne a ética, mas quanto a moral não há uma separação, como o
próprio entrevistado diz quando reflete sobre o que é certo e errado a partir do
ponto de vista de sua formação religiosa, e o que esse certo e errado influencia
na produção de objeto de seu trabalho }
“você está levando uma prova que vai incriminar alguém” “pra sociedade somos
nada (...) mas para nós que estamos lá dentro sabemos o impacto que temos na
sociedade” { relação claro entre indivíduo/sociedade; é preciso entender que
lugar o sujeito ocupa para entender sua fala.}
A polícia técnico-científica cuida da identificação
Não é só a parte da anatomia tem que tá preparado pra dar um respaldo a
sociedade { mesmo diante do corpo frio há o calor dos corpos vivos, que a morte
é circundada pela vida – morte se configura sendo um fenômeno social, nesse
sentido como se pode observar em estudos de Malinowisk com tribos nas ilhas
da indonésia que a morte na comunidade tem uma representação ritualística e
cumpre uma função social importante quanto parte da metafísica do existir, quer
dizer: o sentido social da vida.}
Minha vida é da casa para o trabalho e igreja não faço a mesma rota todo dia
sempre estou atento ao que está acontecendo, não sento de costas pra rua, pra
mim toda pessoas é suspeita olho na cintura pra vê se não está armada penso
muito antes de falar {fica claro de como o trabalho afeta concretamente na
constituição da subjetividade desse indivíduo, alterando sua consciência para
com o oceano social, constatando a máxima que o trabalho organiza o mundo }
Mudou de casa para apartamento pela incerteza do horário de trabalho
O que as pessoas muito criticam é o usa da arma como necessário, é minha
segurança, é a minha vida que estou resguardando. { a segurança é a linha tênue
que amarra a vida e a morte, controlando da estabilidade.
Não procuram nós no local pra saber o que aconteceu não perguntam nossa
visão {justifica porque a profissão é mal vista, porque não há um compromisso
dos meio de comunicação para com os casos de morte pois não coloca o
especialista do caso para falar }
Super carga de trabalho pela aumento da demanda falta de efetivo poucas
equipes {falta de atendimento psicológico e assistência social para com esses
profissionais. Através da sobrecarga de trabalho e da própria pressão que a
rotina deste impõem esses profissionais desenvolve stress, paranóia, etc}
Examinar o corpo (vivo ou morto) - o auxiliar de autópsia é um arqueólogo
social, que busca compreender e delinear o percurso que aquele corpo percorreu
até ser encontrado morto e como foi concebida aquela morte; investigando os
detalhes, provas e vestígios através da anatomia e fisiologia do corpo, mas
também da posição social que este corpo assume tanto vivo quanto morto.
O corpo está em via pública ou local privado?. Via pública tem prioridade
porque aglomera pessoas, tem outras equipes envolvidas que precisam voltar a
suas atividades como a policia depois na troca de tiro acaba ocorrendo a morte
do bandido.
Depois dos 18 anos a pessoas tem que conhecer dois lugares a CPP e IML pra vê
como as coisas são. A CPP para pessoa conhecer o lugar pra onde ela vai se
fazer coisa errada e como funciona lá e IML pra ver como é a realidade a mãe
chorando pelo filho, os acidentes
Postura profissional – ética
O corpo depois da morte e sua exposição na via pública/ meios midiáticos {a
profissão é mal vista e pouco conhecida, no entanto está presente na maioria das
reportagens de telejornais, revistas, jornais, entre outros, sendo assim, inaugura-
se a contradição entre a popularidade do objeto de trabalho do auxiliar de
autópsia, mas não necessariamente a valorização deste, como mesmo exemplo a
propaganda de um carro, em que se valoriza o objeto fabricado por operários,
mas não há a valorização da profissão. }
Você tem o livre-arbítrio – visão moral que explica o caminho para morte
{demonstra como a religiosidade do entrevistado afeta no julgamento e
entendimento da dinâmica social}
Morreu acabou ali e começa o sofrimento da família sofre porque perdeu um
ente querido sofre por não ter dinheiro pra fazer um velório digo sofre porque
quando o corpo é encontrado está em decomposição {a partir do encontro com a
morte na rotina o indivíduo se depara com a contradição da realidade social; ora
tem que recolher um indigente assassinado a queima-roupa ora um empresário
que sofre acidente de carro }