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RESUMO Divisao Dos Bens Entre Os Herdeiros
RESUMO Divisao Dos Bens Entre Os Herdeiros
Tendo em vista que cada herdeiro receberá seu quinhão de direito, o inventário se presta
à “apuração da herança líquida e sua posterior partilha”[7] entre os herdeiros, legatários,
cessionários e credores do espólio. A importância deste procedimento se expressa
inclusive nas ocasiões em que é negativo, ou seja, quando não há bens a inventariar e
efetivado por simples justificação judicial, sobretudo porque o herdeiro responde pelas
dívidas deixadas pelo de cujus até a força do quinhão recebido, sendo desejável
demonstrar aos possíveis credores a inexistência de bens (arts. 1792 e 1997).
1.1 DA COMPETÊNCIA
A lei estipula prazo específico de 60 dias (art. 983, CPC) para a abertura do inventário,
isso porque o regime de bens não pode mais ser mantido e há interesse da Fazenda
Pública na arrecadação do imposto de transmissão causa mortis. Todavia, a única
conseqüência para o descumprimento do prazo de abertura é o pagamento de multa a ser
definida por lei estadual, havendo possibilidade de realizar sua abertura a qualquer
tempo (Súmula 542 do STF). Diante da inércia dos herdeiros, é o magistrado
competente para determinar a abertura ex officio (art. 989, CPC), sendo o prazo para a
conclusão, em todos os casos, de 12 meses a contar da instauração, podendo ser
prorrogado de ofício ou por requerimento das partes.
Quando surge durante o procedimento a necessidade de se provar fatos por outros meios
que não documentais, sejam eles prova oral, inspeção judicial ou perícia, caberá ao
magistrado remeter o interessado às vias ordinárias para discutir as matérias de alta
indagação (art. 984, CPC), tendo em vista o caráter próprio de celeridade que deve
revestir o procedimento de inventário[8].
As primeiras declarações devem ser apresentadas antes das citações dos interessados em
um prazo de 20 dias a partir da data do compromisso de inventário, para depois ser
lavrado termo circunstanciado. Caso as declarações não sejam apresentadas dentro do
prazo, elas podem ser admitidas através do protocolo de petição autônoma que
posteriormente deverá ser ratificadas no termo circunstanciado, em casos em que se
torne indispensável que o termo contenha todos os dados que a norma elenca como
necessários.
Das chamadas primeiras declarações devem estar contidos alguns elementos essenciais
de qualificação e singularização, como, por exemplo, a qualificação do falecido e a
indicação do dia, hora e local do óbito. Deve-se elencar também a existência ou não de
testamentos, e indicar a qualificação dos interessados, como o cônjuge sobrevivente e o
regime de bens que regia a união, sem deixar de apresentar quem são os herdeiros e o
respectivo grau de parentesco com o de cujus.
Por fim, as primeiras declarações, antes da citação dos interessados, devem abordar o
rol dos bens do espólio, indicando o valor de mercado. Ademais, caso existam nos bens
do espólio algum bem alheio é necessário que seja indicado os direitos e deveres da
massa hereditária. Se o autor da herança era comerciante deverá ser procedida pelo juízo
o balanço do estabelecimento comercial[11].
Diante das impugnações, cabe ao juiz decidir se acata ou não as alegações para que,
caso ocorra alguma alteração, retifique as primeiras declarações. Se a matéria alegada é
de relativa importância, como em casos em que é alterada a qualidade de herdeiro de um
dos interessados, deve o juiz suspender o feito e indicar que as partes procurem a via
própria para a resolução daquele conflito. Dessa forma, o juiz responsável pelo
inventário deve julgar todas as questões de fato e de direito relativas ao inventário, e
deve remeter as soluções de demandas auxiliares as vias competentes, organizando
melhor o processamento do inventário.
Por outro lado quando não admitidos o pedido de admissão no inventário, deve-se
remeter o requerente da inclusão às vias ordinárias – ação de petição de herança (prazo
de 30 dias) - resguardando o seu respectivo quinhão até a decisão da demanda da
inclusão no inventário. Frise-se a necessidade de comprovação documental para a
inclusão de interessados na condição de herdeiro no inventário, da mesma forma que a
inclusão do legatário deve se dar pela juntada do testamento escrito.
Caso já tenha ocorrido a partilha o interessado deve utilizar ação direta contra os
herdeiros para requerer o seu quinhão, porém se a partilha for inválida as soluções são
diversas.
Por fim, a Fazenda Pública deve informar ao juízo, antes da partilha, dentro de 20 dias
após a sua vista dos autos, o valor dos bens descritos pelas primeiras descrições.
Entretanto, quando as partes forem capazes e a Fazenda Pública concordar com o valor
atribuído aos bens, quando os herdeiros concordarem com o valor declarado pela
Fazenda Pública, quando o cálculo do tributo causa mortis for elaborado com base nos
valores venais e quando houver avaliação atual realizada em outro processo, não será
obrigatória a avaliação, sendo considerada hipóteses de dispensa da avaliação dos bens.
Também são dispensados de avaliação os bens de pequeno valor que se situem fora da
comarca em que tramita o inventário, afim de evitar custos altos do processo.
As partes tem 10 dias para impugnar o laudo apresentado pelo avaliador oficial,
cabendo ao juiz decidira questão, determinando a repetição da perícia ou a retificação
do laudo quando necessário.
Finalizados esses procedimentos deve ser lavrada a termo as últimas declarações, que
finalizam a fase de inventário dos bens e devem condizer com a realidade fática da
composição do patrimônio do falecido.
As partes podem impugnar o cálculo do imposto, uma vez acolhidas tais manifestações
o juiz ordenará a remessa dos autos ao contador responsável para que seja procedida as
alterações necessárias. Vale lembrar que o imposto causa mortis não é exigível antes da
homologação do juiz e não incide sobre os honorários advocatícios.
Por fim, nessa fase procedimental, pode o Juízo ordenar a inspeção judicial sob a coisa
ou pessoa, afim de esclarecer fatos primordiais para a resolução do inventário, devendo
o herdeiro responsável pela solicitação arcar com os custos.
1.9 Colações
Devem ser chamados a colacionar os herdeiros descendentes que por ventura tenham
recebido doação do ascendente e os cônjuges sobreviventes que também tenha recebido
doação, uma vez que nesses casos se considera como havendo um adiantamento da
legítima. Os sujeitos a colação devem trazer o bem doado pelo autor da herança para ser
“juntado” ao monte hereditário, com a finalidade de permitir uma justa determinação da
legítima de cada co-herdeiro descendente, deixando de fazer responderá pelas penas de
sonegação.
A colação pode ser efetivada de duas maneiras, a primeira in natura e a segunda por
atribuição do valor. O bem apresentado in natura deve ser restituído ao monte, por outro
lado, pela maneira de atribuição do valor ao bem doado é computado ao quinhão
hereditário do donatário o valor estipulado ao bem objeto daquela doação.
Os herdeiros que devam colacionar tem o prazo de 10 dias para apresentar os bens que
recebeu ou o seu valor.
É importante ressaltar que o valor do bem indicado na colação deve ser, segundo
previsão legal, o valor estipulado à data da doação, contudo, a fim de evitar maiores
prejuízos as partes, parte da doutrina nacional defende a correção monetária do valor do
bem doado à data de abertura da sucessão.[12]
1.10 Sonegação
A sonegação só pode ser arguida após a descrição dos bens, com declaração expressa do
inventariante informando que não existem outros bens a inventariar. Obviamente que o
Código Civil prevê punições aos sonegadores. Caso o sonegador seja o herdeiro ele
perderá o direito sobre o bem sonegado, ou deverá pagar o valor correspondente e
perdas e danos. Caso o sonegador seja o inventariante estará sujeito as mesmas penas,
além de ser removido do cargo.
Em relação as dividas contraídas pelo de cujus não resta dúvida que a responsabilidade
pelo seu pagamento é repassada aos bens que passaram a compor a herança do falecido.
O pagamento da dívida deve se dar antes da divisão do quinhão dos herdeiros, caso isso
não ocorra cada um dos herdeiros responderá nos limites da parte recebida como
herança.
Vale lembrar que credores com garantia real e a Fazenda Pública estão livres do
procedimento de habilitação do crédito.
2 PARTILHA
Para que se possa determinar como a partilha será procedida, importa saber o modo de
sucessão a que os herdeiros serão submetidos. Sendo eles: sucessão por direito próprio,
por representação, por linhas ou por transmissão.
Na sucessão por direito próprio ou por cabeça (arts. 1.835 e 1.834 CC) o grau
hierárquico de parentensco entre os herdeiros e o de cujos é o mesmo, assim a sucessão
se procede em quinhões igualitários a todos os herdeiros.
Na sucessão por representação (arts. 1.851 a 1.856 CC) o grau de parentesco entre os
herdeiros e o de cujos é desigual, deste modo os quinhões à que tem direito os herdeiros
serão diferenciados.
Perfaz-se a sucessão por linhas, toda vez em que os únicos herdeiros sejam ascendentes
do falecido, assim fluindo de forma igualitária uma parte à linha ascendente materna e
outra à paterna. Note-se que nessa modalidade não se admite a representação, portanto
na hipótese de apenas um dos pais estar vivo, este herdará toda a herança. Caso os dois
sejam mortos, e haja avós vivos, a transmissão se faz da mesma maneira, metade à linha
paterna e metade à materna.
Por fim a sucessão por transmissão, na ocorrência de um dos herdeiros do autor falecer
no decorrer do processo, antes de aceitar a sua herança, ou depois de aceita-la, mas
antes da partilha. Por transmissão os herdeiros deste último se tornam herdeiros daquele
primeiro, na medida do quinhão.
O procedimento de partilha pode ocorrer de dois modos – a partilha CPC e art. 2.015
CC).
O instituto da partilha judicial encontra-se previsto nos artigos 1.022 a 1.030 do Código
de Processo Civil.
Dessa decisão também são resolvidas a meação do cônjuge, a indicação dos bens a
serem alienados ou adjudicados por não ser possível a sua divisão e também discorrerá
sobre a licitação de bem insúscetivel de divisao cômoda (art., ou seja, caso dois ou mais
herdeiros disputem a adjudicação de um mesmo bem.
Na partilha judicial existe a figura do partidor, conforme o artigo 1.023 do CPC, ao qual
ficará designado a elaborar o esboço da partilha. Essa figura é um auxiliar do juízo
encarregado de apurar tanto a herança bruta, ou seja, a soma total de todos os bens do
autor da herança, assim como fica encarregado de apurar a soma líquida do montante a
ser partilhado, isto é, o que restou após o pagamento de todas as dívidas, impostos,
despesas, etc; bem como os bens adicionados ao valor por colação.
Pois bem, uma vez elaborado o esboço da partilha, são intimadas as partes, o Ministério
Público e a Fazenda Pública, para se manifestarem acerca desse, aceitando ou
impugnando o esboço em prazo de 05 dias.
Salienta-se que da ocorrência de erros materiais, omissões, etc, por parte do juiz, é
aberta a possibilidade de emenda de ofício ou a requerimento das partes para que sejam
sanados os vícios. Assim como aberta a possibilidade futura da ação rescisória conforme
artigo 1.030 do CPC. Importante ressaltar acerca da petição de herança, procedimento
este, para quando sobrevier herdeiro, que havido fora do casamento, não era á epoca do
inventário e partliha conhecido, sendo que a relação de paternidade não havia sido
declarada judicialmente. Poderá este, requerer seu direito na sucessão por meio da
petição de herança, que possui um prazo prescricional de 20 anos, vide Sumula 149
STF.
Por se tratar de relação realizada na haste particular dos herdeiros, esta resolução pode
vir dotada de vícios de consentimento e de manifestação de vontade, assim sendo
possível a sua anulação nos termos do artigo 486 do CPC.
Esta ação poderá ser proposta por qualquer parte elencada no arrolamento sumário,
constituindo o polo passivo por todos aqueles beneficiados pela partilha, ou seja, forma-
se um litisconsórcio passivo necessário e unitário.
Deverá ainda, esta ação, ser proposta em um prazo decadencial de um ano a contar da
data em que se confirmou o vício, isto é, no caso de coação, da data em que essa cessou,
no caso de erro, da data em que o ato foi realizado e assim por diante.
Ressalte-se por fim, que de quando houver apenas um herdeiro com direitos sobre os
bens do falecido, não haverá partilha, mas sim a adjudicação da herança, na hipótese de
ser agente capaz. Se incapaz, haverá a necessidade de instauração do inventário ou o
procedimento de arrolamento comum.
2.3 Do Arrolamento
Cabe ressaltar que no caso de haver questões pertinentes à correção do valor estimado
dos bens do espólio, tanto referente a tributos quanto a taxas judiciárias, o procedimento
do arrolamento sumário não deve ser adotado, devendo a Fazenda Pública utilizar-se da
via administrativa para a resolução de tais questões.
Por fim, toca observar que se durante o processo de inventário os herdeiros entrarem em
acordo, compondo-se amigavelmente, ou o herdeiro incapaz adquirir capacidade plena,
é possível a conversão do inventário em arrolamento sumário,em havendo interesse e
com observância aos requisitos legais.
Com previsão no art. 1.036, o procedimento de arrolamento comum é o que deve ser
adotado quando o valor da herança for menor ou igual a 2.000 ORTN’s e houver
incapaz dentre os herdeiros ou quando os herdeiros capazes não concordarem com a
partilha amigável. Conforme elucida Hironaka tal procedimento ocorre “com declaração
de bens e submissão da partilha ao juiz, abreviando-se outras fases procedimentais,
quando os bens do espólio sejam de pequeno valor (igual ou inferior a duas mil
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTN’s)”.[20]
Uma vez provado o pagamento dos tributos e rendas relativos aos bens do espólio o juiz
deverá julgar a partilha ou determinar a adjudicação por sentença da qual o transito em
julgado resultará a expedição do formal de partilha ou carta de adjudicação. Desta
sentença cabe apelação. A sentença “que julgue a adjudicação e a partilha realizadas no
arrolamento comum poderá ser objeto de ação rescisória”.[22]
CONCLUSÃO
Ademais, tais institutos se revestem de grande influência social, uma vez que regulam
toda e qualquer relação familiar que possam, sabidamente, gerar conseqüências ao
patrimônio do de cujus e causar eventuais danos aos interesses de seus sucessores. A
letra da lei e o procedimento em si apresentam-se como instrumentos do Estado para a
regulação social e a manutenção do bem estar familiar e dos legitimados.