Você está na página 1de 10

UNP – UNIVERSIDADE POTIGUAR

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
LETRAS – LÍNGUA PORTUGUESA

ANDREIA OLIVEIRA DA SILVA


TALITA EVA FERNANDES DA COSTA

PROFESSORA: AMANDA POST DA SILVEIRA

NATAL/RN
2018
SÍLABAS

As estruturas silábicas dizem respeito a organização das vogais e das consoantes.


Chamamos de (v) as vogais e de (c) as consoantes. São elas que formam as palavras do
Português brasileiro.

Em seu periódico “A sílaba em Fonologia”, Clara Simone Ignácio de Mendonça, afirma, de


acordo com alguns fonólogos, que a sílaba tem lugar certo na fonologia. “Alguns
fonólogos mais atuais como Blevins (1995), Shelkirk (1982), Goldsmith (1990) e Spencer
(1996), apesar de defenderem posições teóricas diferenciadas, são unânimes em
conceder um espaço privilegiado para a sílaba, destacando-a como unidade
linguisticamente significante que deve ter o seu lugar na teoria fonológica.” (p. 21)

Na língua portuguesa, existem sílabas constituídas pela estrutura consoante-vogal.


A sílaba CV presente na palavra (sa-la) por exemplo, mas não é a única. Possivelmente
dentro do português ainda existam outras estruturas silábicas, são elas:

V (u-va)
VC (es-co-la)
CVC (car-ta)
CCV (pra-to)
CCVC (cris-tal)
CVCC (pers-pec-ti-va)

Uma sílaba terminada em vogal é chamada de aberta. Já uma terminada com uma
consoante é chamada de travada. Embora a presença de uma vogal seja obrigatória a de
uma consoante é opcional.

Em relação a complexidade, a estrutura silábica CV é denominada canônica por


ser a mais frequente na língua portuguesa, por isso é tão mais fácil aprendê-la,
principalmente para os que estão começando a aprender a ler e escrever.

De acordo com o livro “Fonética e Fonologia do Português” o americano Stetson


(1951) define as sílabas como “termos de mecanismos de corrente de ar pulmonar […] o
ar não é expelido dos pulmões com uma pressão regular e constante […] os movimentos
de contração e relaxamento dos músculos respiratórios expelem sucessivamente
pequenos jatos de ar.” (p. 76). A sílaba é um movimento de força muscular que se
intensifica quando atinge um limite máximo e reduz logo após. Nela existem três partes
importantes de sua estrutura, são elas chamadas de: núcleo, ataque e coda. O núcleo é
a parte obrigatória composta geralmente por segmentos vocálicos e se constitui no pico
silábico. Já as partes periféricas (ataque e coda), são opcionais. Sendo elas preenchidas
por segmentos consonantais, podem apresentar duas ou mais consoantes.

Ex: atrás onde (tr) é ataque, (á) é o núcleo e (s) é a coda.


De acordo com suas complexidades, ataque e coda podem ser simples ou
complexas. Será um ataque simples quando houver apenas um elemento e complexa
quando existir mais de um elemento, embora ele não seja uma influência no peso da
sílaba.

São exemplos de ataque simples:

V (a-mor)
VC (ca-sa)
VC (fo-me)

Já ataques complexos são aqueles compostos por duas ou mais consoantes:

CCV (tri-go)
CCVCC (trans-fi-gu-ra-ção)
CCVC (tran-sa)

Assumindo uma posição de pós-nuclear (que vai aparecer depois do núcleo) a


coda denomina-se rima, quando junto ao núcleo.

São exemplos de codas:

CVC (mar)
CVC (fax)
CVC (giz)

Sobre Padrão Rítmico, podemos falar sobre o Trocáico e Iâmbico. Sobre o padrão
Trocáico, sabe-se que é utilizada na maioria das palavras brasileiras e dize-se que é o pé
do verso latino composto por duas sílabas: a primeira longa e a segunda curta. Pé, é a
unidade rítmica do poema, qual falaremos logo à frente. Trocáico é também conhecido por
Troqueu. Sobre o Iâmbico, sabe-se que é um tipo de métrica que é utilizado geralmente
na poesia, determinando o tipo de ritmo que as palavras estabelecem em cada verso.
Medido apenas em pequenos grupos de sílabas, onde são chamados de pé. Iâmbico
descreve que pé é utilizado.

Em seu livro “Introdução a Estudos de Fonologia do Português Brasileiro” Leda


Bisol afirma que “pé métrico é a combinação de uma ou mais sílabas em que se
estabelece uma relação de dominância, de modo que uma delas é o cabeça e a outra ou
outras, o recessivo” (p. 232) ou seja, uma das sílabas tem mais força sobre a outra, ou
outras, quando for mais de uma.

O padrão do Pé Métrico do português brasileiro é binário, sendo assim constituído


em sua maioria por duas sílabas. O normal é vermos esse padrão seguido da direita para
a esquerda. Leda Bisol especifica que “Partindo do pressuposto de que o português
estrutura as sílabas em pés métricos binários de cabeça à esquerda, assim
representando (* .) onde o asterisco indica a sílaba dominante e o ponto, a sílaba
dominada [...]” (p. 69)

Ex:

Casa Borboleta Lâmpada Parede Dócil


(* .) (* .) (* .) (* .) (* .) ( * .)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CRISTÓFARO-SILVA, T. Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudo e guia de


exercícios. São Paulo: Contexto, 2009
BISOL, Leda. Introdução a Estudos de Fonologia do Português Brasileiro. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 1999
IGNÁCIO DE MENDONÇA, Clara Simone. A sílaba em fonologia. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/workingpapers/article/viewFile/6165/5720 Acesso em:
11 Dez. 2018
BISOL, Leda. O acento e o pé métrico binário. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8636897/4619 Acesso em:
11 Dez. 2018
ACENTO FRASAL

Podemos dizer que acento Frasal é, quando em uma frase o falante atinge o ponto
máximo da entonação. Sendo assim, quando atingimos a nota mais importante. Ou seja,
uma palavra em um grupo de palavras é considerada como mais relevante. Além de
poder ser empregada também como sinônimo de entoação ou entonação.

Temos como exemplo as seguintes sentenças:

Maria foi ao mercado? ( A ênfase está em Maria)


Maria foi ao Mercado! ( A ênfase está no lugar)
eRa Útil ( O exemplo demonstra acento frasal na segunda vogal do contexto)
A ditongação é o único processo que permite ajuste com uma sílaba que porta acento
frasal.
De acordo com Abaurre( 1996, p.47),conforme citado por Hayes ( 1991), “[...] Os
elementos tonais acentualmente relevantes são atribuídos ás palavras na estrutura
superficial independentemente dos padrões de acento frasal, e os padrões frasais são
parcialmente definidos como função da localização das palavras que uma sentença são
portadoras do pitch accent”.

Porém, ressaltamos também, que, existe nesse contexto a elisão e a ditongação.


Sendo que a elisão é mais fácil acontecer. Podemos dizer, então que essa eliminação tem
três objetivos a serem considerados; o primeiro [ vogal alta+ vogal posterior e
propriedades acentuais].

O acento também afeta propriedades segmentais como articulação vocálica e


consonantal. Segundo Beckman(1986; Beckman e Edwards, 1991) sua teoria propôs uma
representação em quatro níveis:

“Nível 1: sílabas com núcleos reduzidos, como a segunda silaba de ”vita”


Nível 2: sílabas semelhantes às acima, exceto por possuírem vogais plenas (ex: “ veto);
Nível 3: sílabas a que se pode dar seletivamente mais acento atribuindo-se a elas um
acento tonal;
Nível 4: sílabas que podem receber uma marcação chamada acento nuclear (ou acento
sintagmático), em que o último item acentuado em um agrupamento fonológico assume o
acento mais proeminente”.

Por fim, esclarecemos que acento frasal é toda entonação, seja ela uma palavra,
ou uma sentença. Seu ponto de ênfase, ou seja, a entonação mais importante do
enunciado, depende muito do falante, pois varia de falante para falante, assim ao
enunciar uma frase, o mesmo pode pôr mais destaque em uma palavra comparada a
outra. E portanto atribui um padrão acentual frasal. Exemplos de diferentes padrões
acentuais frasais:

EX: - CVC – Cat


- CVV - céu
- CCV – Blá

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BERNADETE ABAURRE, letras de hoje (1996)
BARBOSA, P.A. (2003)
RAY.D.KENT, CHARLES READ, analise acústica da fala (2015)
ACENTO DE PALAVRA: PRIMÁRIO

O acento primário (sílaba tônica vs sílaba átona) é usado para identificar a sílaba
mais importante de uma palavra. Sendo assim, ao identificarmos a sílaba principal final da
palavra, usamos o asterisco ( * ), denominado como pé métrico.

Exemplos de acento primário:

- Paralele(pí*)pedo
- Dificil(*men)te
- Onomato(*pe)ia

Pesquisas mostram que a maioria das palavras que terminam em consoantes tem
o acento na última sílaba. O acento oxítono na sílaba pesada somente pode ocorrer nos
não-verbos; ou seja, o acento do verbo normalmente cai na penúltima sílaba, mesmo nas
formas verbais que terminem em sílaba pesada.

Exemplos:

Caju, jacaré, falará, café, colar – Palavras Oxítonas;


Lápis, Cobra – Palavras Paroxítonas;
Cômoda, Óstia – Palavras Proparoxítonas.

Segundo Leda Bisol(1994), “[...]O asterisco criado pelas duas regras é projetado
como acento principal da palavra, a essa projeção chamaremos Regra final. Em suma, a
regra da sensibilidade quantitativa reflete o fato de que o português é uma língua sensível
a quantidade na atribuição do acento principal da palavra [...]”. A regra prediz, então que,
as sílabas finais pesadas atraem o acento. No entanto, a regra indica que, caso não haja
sílabas pesadas, o pé métrico é favorecido.

Exemplos: caSa, amor, parede, troféu…

Ao analisarmos as pesquisas constatamos que segundo Mateus(1983), os verbos e


não verbos receberiam o acento determinado pelo estudo da forma. E segundo
Bisol(1992,2007), o português brasileiro teria um sistema acentual fundado no peso
silábico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LEDA BISOL- letras de hoje(1994)
RAY.D.KENT,CHARLES READ- analise acústica da fala
MATEUS.M.H MIRA (1975)
ACENTO DE PALAVRAS: SECUNDÁRIO

Sobre acento de palavras secundário, vemos que as vogais não acentuadas, sendo
pretônicas ou postônicas, carregam acentos secundários ou simplesmente não são
acentuadas.
O termo vogal tônica é para determinar uma vogal que tenha proeminência
acentual em relação às outras, ou seja, que se sobressaia perante as demais vogais.
São vogais átonas àquelas onde as tônicas estão em oposição. As átonas vem
antes do acento tônico. Vogais átonas podem tanto ter acento secundário como também
não terem nenhum acento. O acento secundário é marcado de forma a colocar um
apóstrofo na parte inferior:

Ex: [,pa’ra] “Pará”

De outra forma, pode-se estar usando o símbolo de acento grave para marcar a vogal que
é acentuada secundariamente:

EX: [pàrá] “Pará”

As vogais que são isentas de acento, ou seja, que não levam acento, não
apresentam nenhuma marca distintiva. Em “Sábará”, a primeira vogal tem acento
secundário, a segunda não é acentuada e já a terceira tem acento primário:

[,saba’ra] ou [sàbará]

A diferença do português brasileiro para o europeu é de que os falantes brasileiros


possuem tendência a produzir padrões rítmicos binários e os europeus a produzir rítmicos
com acento à esquerda. Existem dois tipos de acentos secundários:

a) morfológicos – estes que tem localização conhecida e sempre foram reconhecidos na


gramática tradicional, pois são encontrados em palavras prosódicas compostas como:

Ex: abre – latas


secamente
cafezinho

b) rítmicas – que trata das diferenças do português brasileiro e europeu, mostrando como
na gramática tradicional, o português europeu sempre foi tratada como uma língua quase
sem acentos secundários. Alguns estudiosos defendem atualmente a existência de alguns
acentos secundários em inícios de palavras, podendo serem prosódicas constituídas por
um clítico + uma palavra com acento próprio.

A relação entre os acentos primários, secundários e a ausência de acento acaba


levando à construção do ritmo da fala. Ele organiza a cadeia sonora de acordo com a
distribuição do acento nas sílabas, organizando a cadeira segmental numa estrutura
acentual.

Maria De Lurdes dos Santos Pereira diz: “a existência de uma acentuação


secundária – atribuída a nível pós-lexical, pois tem em conta processo como a supressão
de vogais átonas e permite a variação decorrente do contexto fônico ou de circunstâncias
aleatórias. Assim, palavras com os sufixos – mente e com z- avaliativo, os compostos e
certas palavras com prefixos possuem acento secundário, dado que mantêm a sílaba
acentuada das formas de base (em virtude de não se registar a redução das vogais
acentuadas), embora na palavra o acento predominante seja o que se situa mais à direita.
Dado que este acento decorre da estrutura morfológica das palavras, é denominado
acento secundário morfológico” (p.37)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CRISTOFARO-SILVA, Thais. Fonética e Fonologia do Português Brasileiro: roteiro de


estudo e guia de exercícios. São Paulo. Contexto, 2009
FERREIRA, Maria de Lurdes dos Santos. Contribuição para uma definição de palavras
fonológicas. 2012. 222 f. Dissertação
Revista: Revista Versalete. Curitiba. UFPR. Vol. 2. n°3 jul.-dez. 2014
SANTANA, Beatriz Pires. O acento secundário no português brasileiro: resultados de
um experimento piloto.

Você também pode gostar