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Departamento de Serviço Social

PRIMEIRA INFÂNCIA NO BRASIL URBANO. ANÁLISE DAS


POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS A PROMOÇÃO DO DIREITO AO
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DE CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS

Aluna: Carolina Terra Quirino da Costa (outubro de 2014 a maio 2016)


Aluna Coautora: Thamara Maia (maio 2016 a julho 2016)
Orientadora: Irene Rizzini

Introdução
A primeira infância compreende o período de idade entre zero e seis anos. Os
primeiros anos de vida são considerados fundamentais para o desenvolvimento de suas
estruturas física e psíquica e de suas habilidades sociais. De acordo com o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), lei nº 8.069/90 [1], toda a criança tem o direito ao “desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade” (ECA,
Art. 3º). No entanto, embora o Brasil seja considerado avançado em seu arcabouço jurídico no
tocante à infância, a implementação de políticas e ações constituiu um desafio. Partindo dessa
premissa, esse projeto tem como proposta priorizar as crianças que nascem em condições de
vulnerabilidade social e a busca por melhores oportunidades para o seu desenvolvimento
integral.
Essa pesquisa teve como bolsista principal a aluna Carolina Terra durante dois anos e
meio e atualmente é realizado pela aluna Thamara Maia, sob a supervisão da professora Irene
Rizzini. As duas alunas fazem estágio em pesquisa no Centro Internacional de Estudos e
Pesquisas sobre a Infância (CIESPI/PUC-Rio). O presente relatório tem o objetivo de
apresentar um resumo das atividades realizadas no período de 2014 até o presente.

Objetivos

Realizar um levantamento e análise da produção acadêmica nacional sobre temas


relacionados a primeira infância nas principais bases de dados bibliográficos existentes,
analisar a literatura nacional e internacional referente aos direitos de crianças de zero a seis
anos e analisar leis e diretrizes de políticas sobre a primeira infância com foco sobre os
direitos.

Metodologia
Para essa pesquisa, os objetivos foram separados em três tópicos: (1) análise das leis e
das diretrizes de políticas públicas sobre a primeira infância com foco sobre os direitos; (2)
levantamento bibliográfico e leitura de autores de referência, a partir da literatura nacional e
internacional referente aos direitos de crianças de 0 a 6 anos e (3) levantamento da produção
acadêmica nacional sobre temas relacionados à primeira infância nas principais bases de
dados bibliográficos existentes no Brasil.
Para o primeiro e segundo objetivos, além da análise do Estatuto da Criança e do
Adolescente, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Declaração Universal dos Direitos das
Crianças, Marco Legal da Primeira Infância dentre outros documentos normativos referentes
ao assunto, a equipe de pesquisa participou da formulação do Plano Municipal pela Primeira
Infância (PMPI-Rio), junto a membros do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente (CMDCA-Rio) e outras representações da social civil e governamental.
Destacamos a seguir algumas das principais atividades desenvolvidas:
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Construção do Plano Municipal pela Primeira Infância do Rio de Janeiro

A construção do Plano Municipal teve um caráter coletivo, com grande riqueza de


informações, debates e experiências. A intenção foi enfrentar a fragmentação do
conhecimento e das práticas que geram um entrave para a elaboração e discussão das políticas
criadas, pois as áreas tendem a ficar fechadas sobre si mesmas e não conseguem, em muitos
casos, dialogar entre si.
Como são várias as concepções de infância e criança em circulação, nem sempre estas
são reconhecidas como construções históricas e sociais - o que parece ser fundamental no que
tange pensar, elaborar e implementar políticas públicas. Seguindo tendências atuais e
inovadoras sobre o tema da participação infantil, o grupo responsável pela elaboração do
Plano Municipal pela Primeira Infância (PMPI-Rio) optou por incluir as vozes das crianças
acerca dos cinco eixos abordados (saúde; educação infantil; cultura e esporte/lazer;
cidade/espaço urbano e prevenção às violências contra crianças). Esta opção teve como
finalidade trazer as crianças para o centro da discussão, desafiando a concepção de ‘atores
passivos’ e reconhecendo-as como sujeitos sociais capazes de expressar suas opiniões e
decisões, mesmo que ainda pequenos (Rizzini e Tisdall, 2012).
A partir de um cuidadoso processo de discussões com diversos representantes de
secretarias municipais, foi deliberado o Plano Municipal pela Primeira Infância do Rio de
Janeiro (PMPI Rio) no dia onze de novembro de 2013, na Assembleia Geral do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA Rio).
Atualmente, a equipe de pesquisa participa do processo de implementação do PMPI-
Rio através de reuniões, participação em eventos e debates.

Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica, iniciada em fevereiro de 2014, teve como finalidade
compreender o que se sabe sobre a criança brasileira na primeira infância. Assim, duas
perguntas nortearam a pesquisa: quais os avanços nas pesquisas ao longo de uma década e
quais as áreas de conhecimento que mais pesquisam sobre o assunto. Com intuito de mapear o
que está sendo produzido nas diversas áreas que se dedicam à primeira infância optou-se pela
base de dados SciELO em um primeiro momento e pela base de periódicos da CAPES
posteriormente, pois ambas contemplam uma multiplicidade de artigos acadêmicos de
diversas áreas do conhecimento.
O levantamento concentrou-se entre os anos de 2004 e 2013, período que antecede a
criação da Rede Nacional Primeira Infância (2006), compreende o ano de lançamento do
Plano Nacional pela Primeira Infância (PNPI 2010) e acompanha os anos imediatamente
posteriores a esses acontecimentos. O objetivo foi identificar possíveis relações entre esses
eventos e a emergência de temas e enfoques na produção acadêmica neste período.
A metodologia para ambas foram iguais: (1) Definição de palavras-chave; (2) Escolha
das bases de dados a serem acessadas para o levantamento de produção acadêmica; (3)
Levantamento de produção acadêmica; (4) Estabelecimento de critérios e organização da
produção acadêmica. As palavras-chave utilizadas foram: alfabetização, bebê, brincar, creche,
criança + pequena, cuidado + infantil, direito da criança, educação + infantil, primeira +
infância.
No levantamento bibliográfico feito na base SciELO, foram contabilizados 1.437
textos, sendo sua maioria artigos. Após uma criteriosa seleção, chegou-se ao número de 1.179
textos, que foram classificados em três categorias: (1) primeira infância – zero a seis anos; (2)
infância – inclui também primeira infância; (3) infância - sem definição de faixa etária. Após
essa sistematização, os textos foram organizados estatisticamente por ano, periódico,
instituição, local e área de conhecimento. A análise foi feita com base nas publicações que se
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incluem na primeira categoria, totalizando 758 textos. O levantamento bibliográfico da base


SciELO gerou um artigo que foi publicado no Ambiente da Primeira Infância na página web
do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (RIZZINI, PORTO e
TERRA, 2014). [2] O levantamento bibliográfico da base Periódicos/CAPES está em fase
final de levantamento e o processo de análise e divulgação deste material ocorrerá nos
próximos meses.

Conclusões
Segundo o último Censo, realizado em 2010, o Brasil tinha 190.755.799 habitantes e
estima-se que desses, aproximadamente 20 milhões, eram crianças na faixa de 0 a 6 anos.
Apesar do número expressivo de crianças na Primeira Infância no país, são poucos os campos
de conhecimento que se dedicam a compreender os contextos que as cercam e os fatores que
influenciam seu desenvolvimento integral. Se comparado a publicações dedicadas a outras
faixas etárias, o número de artigos e textos disponíveis no site SciELO e Periódicos/CAPES é
reduzido. Apesar de inúmeros avanços, predomina ainda um significativo desconhecimento
sobre as características e necessidades das crianças, principalmente daquelas nos primeiros
anos de vida. Destaca-se que as precárias condições de trabalho dos profissionais que atuam
diretamente com as crianças pequenas envolvem, além de baixos salários, pouco ou nenhum
incentivo para que se mantenham atualizados. Desse modo, os avanços científicos e legais não
chegam como deveriam àqueles a que se destinam. Quando novas oportunidades de formação
são criadas, com base no diálogo intersetorial, o resultado é notório.
O estágio no CIESPI/PUC-Rio e a experiência de ser bolsista PIBIC/CNPq foram
grandes oportunidades que enriqueceram minha trajetória acadêmica na graduação. Pude
participar de grandes momentos na defesa da garantia do direito da criança e do adolescente e
isso me fez ter mais certeza do caminho que quero seguir. Desejo fazer mestrado e continuar
na vida acadêmica. Agradeço a minha orientadora Irene Rizzini e a equipe do CIESPI por me
ensinarem tanto, por sanarem todas as minhas dúvidas e por caminharem ao meu lado por
esses anos.

Referências
1 - BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº8.069, 13 de julho de 1990.
2 RIZZINI, Irene; PORTO, Cristina. L. e TERRA, Carolina. A Criança na Primeira Infância
nas Pesquisas Brasileiras. Rio de Janeiro: CIESPI/PUC-Rio, 2014. Disponível em:
http://www.ciespi.org.br/images/arquivos/524/primeira_infancia.pdf. Acesso em 25 de jun de
2016

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