Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Assim, a validade do ordenamento jurídico (ou o seu reconhecimento como um poder, pelos
membros da comunidade) é obtida por meio de sua identificação com essa ordem superior
objetiva4 Conforme o sistema de ideias adoptadas, divide-se os períodos do direito natural em
três: clássico, teológico e racionalista (ou moderno).
Por fim, no jusnaturalismo moderno (ou racionalista) resultado das ideias do renascimento e
da ilustração - as teorias do contratualísmo são resgatadas para fundamentar racionalmente o
Estado.
Assim, na teoria do direito natural, ideias clássicas, a moral teológica e a moral racional se
revezam como padrão para o discurso constituinte do direito. Na qual, a autonomia dos cidadãos
coincide com a vontade livre de pessoas morais e o direito natural forma o núcleo do direito
positivo.
1.2.Jusnaturalismo Medieval
Como qualquer teoria jusnaturalista, é preciso postular sobre a natureza humana para daí
definir, dedutivamente, o Direito. Tomás de Aquino postula que a natureza humana é
essencialmente boa. Em concordância com a teologia cristã, a natureza humana nada mais é que
a imanência da natureza divina na materialidade do homem mortal. Desprende-se disso que o
homem é inerentemente bom, pela sua imanência divina do Génesis, e é guiado para o justo e
conveniente.
Para o jusnaturalismo clássico, no mundo antigo, os mitos eram a razão de que explicava o
universo nas diversidades dos fenómenos. Esse pensamento original, foi reformulado partindo da
natureza empírica do homem, o julgamento moral se transforma em algo colectivo subjectivo,
impedindo a existência de uma verdade objectiva no campo ético político, posto que tudo
dependeria da opinião da maioria ideias eternas ou agiu por instinto (por veneração, por temor e
por interesse).
Destaca-se, a sofistica com três autores Protágoras de Abdera, Cálicles e Trasímaco e cada
qual reger uma particular concepção do direito, expondo ponto de vista diversos do direito
natural, pressuposto do que seria justo e injusto na natureza do homem, antes de justificar a
noção do justo por natureza. A partir de então, o jusnaturalismo começa a se expandir na
filosofia. Sócrates aprofundou os estudos sofísticos, terminando por superá-lo.
1.4.Jusnaturalismo Moderno
A chave para compreender de maneira clara a teoria hobbesiana é entender o que ele diz
sobre o estado de natureza. Devemos partir do pressuposto que o teórico político é contratualista,
ou seja, afirma que a origem do Estado e/ou da sociedade está num contrato. Porém, é
fundamental explicarmos o estado de natureza hobbesiano e, posteriormente, o contrato social,
assim, chegaremos em seu jusnaturalismo.
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que,
embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito
mais vido do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isso em conjunto, a diferença de
um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base
nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele.
1.5.Teoria de Direito
Assim, a Teoria Geral do Direito é tão ciência quanta filosofia, sem ser inteiramente nenhum
dos dois, portanto suas conclusões dependem da linha de raciocínio que o estudioso adoptar.
Savigny defende que o Direito é uma ciência que deve ser elaborada histórica e
filosoficamente, no que parece um resquício de jusnaturalismo. Por um lado, a ciência do direito
deve ser filosófica no sentido que deveria ser organizada como um sistema de conceitos
jurídicos, constituindo esses conceitos um todo com unidade e organicidade.
Por outro lado, ela deve ser histórica no sentido que deveria ser objectiva,
ligada às raízes históricas de sua criação. O elemento histórico é uma busca pela
objectividade que deveria, para o jurista, orientar a interpretação da lei
independente de toda convicção individual. Para aplicá-la de modo correcto, o
juiz deveria ser totalmente objectivo, não agregando nada de si mesmo.
Por isso, Savigny afirma que a ciência jurídica deve ser histórica: o sentido correcto da lei é
um dado histórico, vez que é a expressão na lei da vontade do seu autor. Assim, interpretar é
reconstruir o conteúdo da lei: o intérprete deve colocar-se no ponto de vista do legislador e,
assim, produzir artificialmente o seu pensamento.
Foi, portanto, a precursora da ideia de que o direito provém de fonte dogmática, imposição do
homem sobre o homem e não consequência natural de outras ciências ou da fé metafísica.
Os juristas ligados à Jurisprudência dos conceitos, tais como Puchta e Jhering, consideravam
ser possível, a partir da recombinação dos conceitos obtidos pela análise jurídica, construir novos
conceitos, “trazendo à consciência e à luz do dia proposições jurídicas que, ocultas no espírito do
direito nacional, não se tinham ainda exprimido, nem na imediata convicção e na actuação dos
elementos do povo, nem nos ditames da própria lei escrita, que patentemente só se vêm a revelar
enquanto produto de uma dedução da ciência”.
Para tais juristas, vale no campo do direito a célebre afirmação de Hegel de que “tudo o que é
real é racional e tudo o que é racional é real”. O sistema jurídico é organizado de forma racional
e lógica (pois, sendo real, ele deve ser racional) e, portanto, se uma afirmação é consequência
lógica dos conceitos que formam o sistema, então essa afirmação será verdadeira (pois tudo o
que é racional é real).
Dessa maneira, aqueles enunciados que fossem consequências lógicas dos conceitos obtidos
pela química jurídica, por serem logicamente dedutíveis dos conceitos fundamentais, seriam por
isso obrigatórios, na medida em que configurariam normas implícitas no sistema.
Por exemplo, se um dos componentes do conceito de crime fosse a possibilidade de atribuir
penas restritivas de liberdade ao infractor, então as pessoas jurídicas nunca poderiam cometer
crimes, pois elas não podem ser presas. Dessa maneira, seria forçoso reconhecer que, mesmo não
havendo qualquer proibição formal no sistema acerca da punição de pessoas jurídicas, apenas
pessoas físicas poderiam ser processadas por incorrer em actos tipificados como crimes.
O poder originário é entendido como o poder de elaborar a própria constituição, poder esse
cuja titularidade é do povo, que o atribuiu à Assembleia Constituinte que estabeleceu a
Constituição de 1988. Por ser originário, trata-se de um poder ilimitado, pois é completa a
liberdade dos constituintes para plasmar a constituição. Já o poder derivado é um poder
constituído pela própria Constituição da República, que atribuiu ao Congresso Nacional o poder
de fazer emendas constitucionais, observados certos procedimentos.
Com base nessa distinção, vários juristas entendem que, embora nada na Constituição vede
expressamente a alteração das regras de emenda, existe uma vedação implícita, que pode ser
extraída do próprio conceito de poder constituinte derivado.
Argumenta-se normalmente algo como: o poder constituinte derivado existe apenas porque os
constituintes originários previram a possibilidade de o Congresso alterar a constituição e,
portanto, as regras de emenda são a fonte do próprio poder constituinte derivado; ora, seria
absurdo que o poder constituinte derivado pudesse alterar as regras de emenda porque, nesse
caso, ele alteraria os próprios limites do poder derivado, decisão que somente poderia ter sido
tomada pelo próprio poder constituinte originário. Seria, portanto, ilógico que o poder
constituinte derivado alterasse as regras de emenda, pois isso levaria ao absurdo de um poder
derivado que constitui a si mesmo.
O método histórico pode ser compreendido como resultado de duas operações a saber: análise
e síntese. A análise compreende, por sua vez, quatro operações: a heurística, as críticas internas e
externa, e a hermenêutica.
Para ele, o Direito Natural não se baseia na natureza humana - pois não há como conhecer a
essência dessa natureza nem no sentimento jurídico que é bastante difuso e contingente. O
verdadeiro fundamento do Direito Natural está na ideia de retitude, que é essencial ao conceito
de justiça, definida esta como a ideia da retitude aplicada ao querer entrelaçaste. A ideia de
justiça garante, a um só tempo, a convivência dos indivíduos e a liberdade de cada um, no que
Stamml Eretoma em parte a concepção kantiana de liberdade a que já aludimos.
O ideal jurídico para STAMMLER, viver em uma sociedade de indivíduos ou seja, em uma
sociedade na qual, subordinando-se cada qual ao querer superior da lei, no fundo não esteja
subordinado senão ao seu próprio querer, ao seu querer mais autêntico e profundo. A ideia de
justiça, para ele, é uma forma pura, que ordena o querer social em cada momento histórico.
As diversas modalidades históricas desse querer é que vão preencher essa forma, constituindo
o seu conteúdo.
Segundo PONTES, a concepção do direito natural com conteúdo variável, que sintetiza o
pensamento de STAMMLER: a forma, permanente; o conteúdo, produzido pelas contingências
empíricas e históricas. Daí a existência de ideais jurídicos variados, representando cada um o
direito justo dentro das condições sociais em que foi elaborado.
Para STAMMLER, portanto, o Direito Natural, que traduz a ideia de justiça (justo absoluto),
é um só; mas seu conteúdo, consubstanciado nos diversos direitos justos (justo objectivo), é
variável em função das condições histórico-sociais concretas em que se produz.
Mas, por outro lado, ao considerar cada sistema jurídico como um corpo de direito justo,
expressão localizada de um ideal de justiça imutável, assume posição nitidamente idealista e, por
isso mesmo, pouco acrescenta a uma elaboração científica do Direito. Mesmo no plano da
Filosofia, ele não chegou a definir com precisão a ideia fundamental de justiça que os vários
sistemas jurídicos concretizariam.
Por isso, como afirma RADBRUCH, STAMMLER pode dizer-se que ele se empenhou mais
em pôr os problemas da filosofia jurídica do que em resolvê-los, construindo \u201cuma espécie
de plano para um edifício, mas não propriamente ainda o edifício.
Para RADBRUCH, o que interessa é o direito que deve ser, ou seja, o direito justo, e não
propriamente o direito que é nas condições concretas da vida social, o qual é tomado como mero
ponto de referência na comparação com o que deve ser.
Inicialmente, ele estabelece uma separação absoluta entre realidade e valor, isto é, entre ser e
dever-ser, e atribui prioridade ao valor da justiça sobre os valores formais de segurança e certeza
do Direito e do Estado. A partir daí, observa que as diversas sociedades, em sua organização,
podem dar ênfase maior ao indivíduo, ao Estado ou à cultura.
Ora, se não é possível fixar, em termos absolutos, o conceito de justiça, faz-se necessário,
pelo menos, determinar o de Direito, porque, embora o fim último deste seja a justiça, não
hánegar-lhe o cumprimento de um fim mais imediato, que é a segurança social.
Para RADBRUCH, portanto, os sistemas jurídicos não devem realizar a segurança com
prejuízo da Justiça.
Referencias Bibliográficas
DENNELER, Iris. Friedrich Karl von Savigny. Berlim: Verlag Stapp, 1985.
FRIEDRICH, Carl Joaquim. Perspectiva histórica da filosofia do direito. Tradução por Álvaro
Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1965.
GROPPALI, A. Filosofia do direito. Tradução por Sousa Costa. Lisboa: Livraria Clássica, 1926.
LARENZ, Karl. Metodologia da ciência do direito. Tradução de José Lamengo. 3ª ed. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.
LOPES, Monica Settee. Uma metáfora: música e direito. São Paulo: LTr, 2006.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: do humanismo a Kant. Volume II.
São Paulo: Paulus, 2003.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: do romantismo até nossos dias.
Volume III. São Paulo: Paulus, 2003.