Você está na página 1de 3

Gestão da Qualidade como Função Estratégica

É importante entendermos que o ambiente empresarial muda


constantemente. Diante de uma globalização dos mercados, em seus aspectos
sociais, políticos, econômicos e culturais, diante de concorrentes cada vez mais
fortalecidos e de uma responsabilidade ambiental cada vez mais necessária,
novas ameaças e oportunidades surgem a todo o momento. A questão da
sustentabilidade, em seu conceito de produto ecologicamente correto,
economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito vem
obrigando as empresas a recorrerem a novas técnicas de gestão e operação.

A gestão da qualidade, vista como função estratégica, pode contribuir


para a sobrevivência e para o aumento da competitividade num mercado cada
vez mais global e exigente.

A abordagem estratégica do conceito da qualidade nos leva a fazer duas


simples perguntas:

- O quê o cliente quer?

- O cliente está satisfeito?

É necessário um grande esforço da área de Marketing e Engenharia das


empresas no sentido de se chegar mais próximo do quê realmente o cliente
quer, utilizando, por exemplo, a ferramenta QFD – Quality Function
Deployment. Esta é uma etapa fundamental, para descobrir o quê realmente
importa para o cliente, ou em outras palavras, o quê agrega valor para o
cliente.

Várias são as dimensões da Qualidade, como por exemplo:


desempenho, funcionalidade, aparência, confiabilidade, durabilidade,
flexibilidade, custo, entrega, atendimento e cortesia. Você já pensou quais
destas dimensões são críticas para cada tipo de produto/serviço da sua
empresa?

Quando soubermos responder a primeira questão, teremos uma


orientação sobre a expectativa do cliente.

Depois da entrega dos produtos/serviços é necessário mais uma vez


captar a voz do cliente, agora sobre sua satisfação. Muitas organizações
tentam realizar esta atividade por meio de pesquisa de satisfação, outras por
meio de reclamações no 0800 ou na ouvidoria, por exemplo, numa forma de
medir a insatisfação dos clientes. Seja qual for a ferramenta utilizada, o
importante é identificar a percepção do cliente sobre seus produto/serviços.

Uma empresa realmente agrega valor para o cliente quando ela


descobre que o índice de sua percepção está maior que o índice de sua
expectativa. Quanto maior é a percepção em relação à expectativa, maior será
o valor é percebido pelo cliente.

Portanto, matematicamente falando, para aumentarmos o valor


percebido pelo cliente, temos 02 alternativas:

1) Diminuir as expectativas;

2) Aumentar a percepção.

A primeira alternativa não está sob o controle da organização. Uma


empresa pode se esforçar para entender e controlar as expectativas de seus
clientes, mas não tem o poder de diminuí-las. Uma exceção é quando os
serviços de marketing fornecem aos clientes uma imagem que não retrata a
realidade do produto/serviço. Neste caso, o cliente pode ter sua expectativa
aumentada apenas pela imagem que chega até ele. Assim, é necessário um
esforço para alinhar as estratégias de marketing com as expectativas dos
clientes e com a realidade do produto/serviço em questão.

Em relação à segunda alternativa, as empresas têm o poder de


aumentar a percepção dos seus clientes, e este deve ser o foco da gestão da
qualidade como função estratégica.

A gestão da qualidade deve planejar, implementar, controlar, manter e


melhorar as práticas necessárias para aumentar a percepção dos clientes.

Seguem, abaixo, algumas práticas:

1) Dentre as dimensões da Qualidade citadas anteriormente, descubra o


quê é crítico para o cliente. Determine em quais dimensões a
organização será mais competitiva;

2) Desdobre estas dimensões em características da qualidade, que podem


ser medidas e monitoradas.

3) Desenvolva processos estaticamente capazes. Os processos internos da


organização e os processos dos fornecedores são capazes de
realmente cumprir o quê a equipe de projetos determinou? Promova o
pensamento estatístico, que resumidamente nos diz: 1) Todo o trabalho
é realizado através de processos; 2) Em todo processo ocorre variação;
3) Entender esta variação, medi-la, analisá-la e reluzi-la é a chave para
o sucesso.

4) Capacite e desenvolva as pessoas. Comprometa a liderança. Promova a


liderança pelo exemplo. As pessoas se comprometem muito mais com o
que o líder faz do que aquilo que ele fala. Defina as competências
necessárias dentro da empresa. Busque alternativas para sanar os
“gaps” de competência. Incentive o trabalho em equipe. É
comprovadamente conhecido que problemas são mais rapidamente
solucionados em grupo. Busque uma comunicação efetiva. É necessário
muito mais que informação, é necessário que todos entendam!

5) Promova relacionamento de longo prazo com seus fornecedores


estratégicos, com uma política de parceria. É comum encontrarmos
empresas cujas despesas com fornecedores correspondem a 60% ou
mais do faturamento. Podemos ainda ensinar nosso fornecedores e/ou
ou aprender com eles, promovendo a troca de experiências.

6) Estabeleça indicadores estratégicos, táticos e operacionais. É


necessário desdobrar os indicadores estratégicos, a longo prazo, em
indicadores táticos, de médio prazo, e operacionais, a curto prazo.
Esforce na utilização de indicadores simples, para que todos aqueles
que estejam envolvidos, entendam o indicador. É muito importante esta
hierarquia de indicadores para evitar o esforço vetorial, com desperdício
dos recursos da organização.

7) Quando aparecer um problema, atue na causa raiz. Toda empresa tem


problemas. Descaracterize-o como uma coisa ruim. Entenda o problema
como uma oportunidade de melhoria. Pense que antes de você
encontrá-lo, ele já estava ali. Se você não o tivesse encontrado e
resolvido, ele permaneceria causando estragos para a saúde da
organização. O que é mais desgastante não é o problema, mas sim sua
repetição.

8) Faça benchmarking. Busque a comparação interna. É comum, a cada


novo programa lançado pela empresa, que uma área se desenvolva
melhor que as outras. Utilize este aprendizado para promover o
desenvolvimento de outras áreas e pessoas. Busque a comparação
externa, compare-se com seus concorrentes e, se possível, com o
melhor do mundo.

9) Promova a melhoria contínua. Não há nada tão bom que não possa ser
melhorado. Aproveita as lições aprendidas.

10) Trabalhe com Amor. Como diria Madre Teresa: “O amor começa na sua
casa ou na sua organização, nas coisas simples que você faz, mas se
consolida com o seu comportamento e na quantidade de amor que
você coloca nas suas ações”.

Flávio José dos Santos – flavio@jetaconsultoria.com.br

JETA CONSULTORIA & TREINAMENTO EM GESTÃO EMPRESARIAL

www.jetaconsultoria.com.br

Você também pode gostar