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-CASOS PRÁTICOS-
ADENILSA CORREIA
BERTA CONCEIÇÃO
MARCIA MONTEIRO
Maio 2018
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL
-CASOS PRÁTICOS-
ADENILSA CORREIA
BERTA CONCEIÇÃO
Maio 2018
CASO I
3 Actos
1 – Venda de BMW
Introdução
O CCCV ao estabelecer no seu artigo 65º que “as pessoas podem ser sujeitas
de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal em contrário” o que
pressupõe que a capacidade jurídica é inerente à personalidade jurídica.
A capacidade jurídica emerge como aptidão de um sujeito para ser titular de
relações jurídicas.
Outrossim, há que se lembrar que o automóvel era de 2015, mas nem o facto
de lhe ter sido doado pelo seu tio Daniel extingue o direito processual por não
ter sido exercido no prazo, a possibilidade de ser classificado de negócio
ruinoso, pois o seu valor em condições normais seria, no mínimo uma 8 vezes
mais.
Portanto o que importa é que mesmo que não tivesse havido prejuízo efectivo
para Bento, mas se verificassem os demais requisitos expostos, o negócio
poderia ser anulado.
O artigo 154, n.º 1 diz que os actos praticados pelo incapaz no decurso da
acção (1º requisito) são anuláveis, contando que a inabilitação venha a ser
definitivamente decretada (2º requisito) e se mostre que o negócio causou
prejuízo ao incapaz (3º requisito).
No tocante aos dois primeiros requisitos, não restam dúvidas quanto a sua
verificação. O acto praticado depois de ter sido anunciada a proposição da
acção, cerca de catorze meses depois e a inabilitação veio a ser efectivamente
decretada em Fevereiro de 2017.
Por não ter entregado as acções nem recebido o preço, o negócio não se
considera para todos os efeitos, concretizado. Determina o artigo 287º n.º 2
que enquanto o negocio não estiver cumprido, poderá a anulabilidade ser
arguida sem dependência de prazo, tanto por via de acção como de excepção.
- Como não nos parece que assim tenha sido, deste modo o acto em causa
seria então anulável por ter sido praticado apos o registo da sentença de
inabilitação definitiva.
A anulabilidade dos actos em causa não poderá jamais ser afastada mediante
invocação de intervalo lucido de Beto, falta de prejudicialidade do acto ou
desconhecimento por parte de Fernando, da inabilitação. Todo caso será uma
invalidade sanável por confirmação das pessoas com legitimidade para a
invocar, assumindo eficácia retroactiva.
2 Factos
Introdução
No caso em apreço, resulta claramente que o tema a ser abordado recai sobre
a incapacidade de exercício visto que o Alberto é menor.
A incapacidade por menoridade é uma incapacidade genérica o que abrange
por norma quaisquer negócios de natureza pessoal ou patrimonial. Não é
absoluta, dado que é permitido ao menor praticar alguns actos conforme o
preceituado nos artigos 135º, excepção à incapacidade geral de exercício.
Quanto a primeira venda feita de alberto para Mário, que foi realizada em Abril
de 2016, poderíamos pensar que o negócio viria a ser anulado nos moldes
estabelecidos pela incapacidade por menoridade, conforme o artigo 136º, pois
alberto à data da realização do negócio tinha apenas 16 anos.
Logo o acto do Alberto não poderá ser anulado nem por ele, nem por qualquer
herdeiro seu e nem por ninguém conforme o artigo 136º numero 3.
O negocio é valido não porque o bem adquirido por alberto com o salario do
seu trabalho mas sim por ele ter usado de dolo com firme intuito de se fazer
passar por maior no momento em que contratava com Mário.
Mário sendo proprietário de pleno direito do computador, desde Abril de 2016,
a venda por Alberto do mesmo computador em Julho de 2016 a Inácio é uma
situação de venda de coisa alheia, que recai na alçada do artigo 892º, portanto
Mário poderá invocar em qualquer altura a nulidade da venda do computador a
Inácio por parte de Alberto.
Claro que neste caso, essa autorização não foi obtida, uma vez que a mãe de
Alberto vendeu a máquina fotográfica sem dizer nada a ninguém pelo que por
força do artigo 1887º o acto será anulável. O número 2 do artigo supra, dá a
Sofia, esposa de Alberto, a possibilidade de proceder ao requerimento da
anulabilidade apenas e só se o falecimento de Alberto tiver ocorrido dentro de 1
ano a contar da emancipação de Alberto obtida em Maio de 2016.
Por conseguinte podemos concluir que se Alberto tiver falecido em Abril de
2017, Sofia poderia arguir a anulabilidade, pelo que teria um ano a contar da
morte de Alberto para o fazer ou seja até Abril de 2018, reavendo a maquina
fotográfica que lhe pertencia por sucessão.
Contudo tal já não ocorreria no caso de Alberto ter falecido em Junho, por ter
passado mais de um ano desde a sua emancipação.
CASO III
1 Facto
O artigo 146º indica quem tem legitimidade para requerer a interdição. Mas
uma vez que Diogo no momento do requerimento era ainda menor, estando
sob o poder paternal, o numero 2 do artigo supra mencionado que terá
aplicação nesta situação, portanto terão os seus pais toda legitimidade para
requererem a respectiva interdição.
Ao abrigo do artigo 143º n.º 2, que se refere aos prazos para a propositura da
acção, eles foram respeitados, embora a incapacidade por interdição seja
apenas aplicável a maiores, dado que os menores, que sejam dementes,
surdos-mudos ou cegos estão protegidos pela incapacidade por menoridade,
ela poderá ser requerida dentro do ano anterior a maioridade para que a partir
desse momento os seus actos sejam protegidos pelo regime da interdição.
Por força do artigo 136º, n.º 1, o negocio celebrado por Diogo será anulável. A
alínea a) do mesmo artigo confirma a legitimidade dos pais de Diogo para
arguirem a anulabilidade, mas ao mesmo tempo, estabelecendo prazo de um
ano a contar do conhecimento que o requerente haja tido do negocio para que
a acção seja proposta, invalidam a pretensão dos pais de Diogo de anularem a
venda da pulseira a Fernanda, pois decorreu mais de um ano entre a referida
venda e a possibilidade de darem entrada do requerimento de anulação.
No caso em apreço foi decretado, foi decretada a interdição definitiva pelo que
não subsistem dúvidas quanto à possibilidade de aplicação da emissão do
artigo 155º para o artigo 257º.
Por via das disposições legais referidos, não seria possível aos pais do Diogo
anular o acto, pois já decorreu mais de um ano desde seu conhecimento.
Há que referir que aquando da venda da pulseira, Diogo ainda não era
interdito, temos portanto que para a situação em apreço, os pais do Diogo não
poderem arguir a anulabilidade por ter já expirado o prazo de um ano desde o
conhecimento que estes tiveram do mesmo.
Conclusão
Foi o que se passou com a actuação de Diogo. Nos termos do artigo 136º, ele
usou de artifícios e embustes para ludibriar acerca da sua verdadeira idade, o
que aconteceu na apresentação de um documento a Hélder na qual constaria o
ano de 1996 como sendo o do seu nascimento o que fazia dele maior face a
CCCV.
Temos de realçar que o negócio entre Diogo e Hélder, foi celebrado estando
pendente contra Diogo uma acção de interdição, pelo que há que se averiguar
quanto à eventual aplicação do artigo 154º, relativo aos actos praticados no
decurso da acção. Podemos concluir que não será possível anular a venda da
estatua nem por intermédio do artigo 135º, uma vez que a verificação dos
requisitos que levam a aplicação do artigo 136º impedem a anulabilidade nem
por força do artigo 154º, já que o negocio não causou prejuízo ao Diogo,
portanto o negocio é plenamente valido e eficaz.
2 Factos
Quanto a figura da morte presumida, “decorrido dez anos sobre a data das
últimas noticia, ou passados cinco anos, se, entretanto o ausente tiver
completado 80 anos de idade, podem os interessados a que se refere o artigo
111º, n.º 2.
Porém se a pessoa ausente for menor, a declaração de morte presumida não
será proferida antes de haverem decorridos 5 anos sobre a data em que o
ausente se fosse vivo, atingiria a maioridade, conforme o preceituado no artigo
111º, nº 2. A declaração da morte presumida não depende de prévia instalação
de curadoria provisória ou definitiva e referir-se-á ao fim das noticias que dele
houve.
Nos termos do artigo 97º chamado a colagem do artigo 111º admite-se que
Josué, enquanto pai de Miguelito, tem legitimidade total para requerer a
declaração de morte presumida de seu filho na medida em que é seu herdeiro
legitimo. Portanto, ao se aplicar as regras do artigo 111º, n.º 2, ele poderá pedir
a declaração da morte presumida de Miguelito em 2022, cinco anos até
completar a maioridade, mais cinco anos depois desta.
Quanto a Berta, esta pode contrair novo matrimónio que não estará
enquadrada na prática de bigamia na medida em que o artigo 113º lhe confere
o direito a contrair novo casamento.