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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ- UECE CENTRO

DE CIÊNCIAS DA SAÚDE- CCS CURSO DE ENFERMAGEM


DISCIPLINA: ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM
PROFESSORA: LÚCIA DE FÁTIMA

Larissa Maria do Nascimento Sousa

Análise do texto de Passos (1995)


e
atual Código de Ética vigente.

Fortaleza – Ceará

2020
No percurso do avanço da profissão de Enfermagem no Brasil, fez-se preciso a formulação de
um documento que reunisse os princípios fundamentais para a conduta profissional e que
respaldasse toda a natureza da atuação do Enfermeiro, seus direitos, deveres e proibições. Em
análise sobre evolução das características e valores que nortearam a Enfermagem desde os
Códigos de Ética de 1958, 1975 e 1993, em comparação ao código de ética vigente nos tempos
atuais, é possível observar um caráter metafísico, abstrato e espiritual dos dois primeiros, e uma
mudança no Código de 1993, o qual já começou a expressar valores históricos e condições
materiais em seu embasamento.

Em seus primeiros anos de atuação na sociedade brasileira, a enfermeira(o) era vista


como mensageira e servidora espiritual, estando inserida(o) em uma profissão com fortes
influências de cunho religioso, o qual baseou toda a ética primitiva da enfermagem. O ensino da
Ética, por sua vez, só entrou no currículo de enfermagem em 1923, pois, uma vez que os
valores morais têm por fim regulamentar a conduta dos indivíduos na sociedade e, de forma
extensiva, dos indivíduos enquanto fazendo parte de uma determinada categoria profissional,
podemos facilmente compreender a ênfase do estudo desse campo de pensamento pela
Enfermagem. Desde então, diferentes características foram atribuídas à Ética da Enfermagem,
partindo, primeiramente, da Moral Cristã.

Ao ser aprovado em 1958, o primeiro código de ética da enfermagem, elaborado por


enfermeiras religiosas, enfatizava três pontos básicos: A visão religiosa, o servir como papel do
enfermeiro e a obediência aos médicos e às autoridades constituídas. Tal documento reforçava a
submissão da enfermagem aos seus superiores e aos seus clientes, sem lembrar-se de sua
própria dignidade ao suprimir sua capacidade crítica. Em 1975 entra em vigor um novo código,
com resquícios das influências anteriormente usadas. A moral e as relações humanas
continuavam baseadas na religiosidade. As profissionais da enfermagem não norteavam suas
ações por normas da prática cotidiana, nem do seu envolvimento social. Sua ação não visava
atingir o homem em uma visão concreta (como um ser social, histórico e pol ítico) mas
continuava a visão teórica e idealista. Dessa forma, a palavra de ordem continua sendo
Obediência. O código de ética de 1993, por sua vez, constituiu um início de aproximação da
Enfermagem à uma Ética reflexiva. Seguindo agora princípios da Declaração Universal dos
Direitos Humanos (lugar antes ocupado por instituições religiosas), propôs um "(...)processo de
construção de uma consciência individual e coletiva, pela compromisso social e profissional (. .. )
com reflexos nos campos técnico, científico político". Dessa forma, impulsionou mudanças na
postura de servidão da profissão de Enfermagem, pois não desconheceu os interesses do
profissional em sua pessoalidade social, política e reivindicadora. Conseguiu romper velhos
paradigmas hierárquicos, colocando a Enfermagem em posição de igualdade na equipe de
saúde, bem como deu abertura para tratar temas antes considerados tabus.

O atual código de ética, após significativas mudanças no perfil social da profissão,


excepcionalmente depois de árduas conquistas, não mais menospreza o papel social da
Enfermagem. Conta com um compilado de leis de respaldo à Enfermagem e segue explicitando
não estar preocupado em colocar parâmetros abstratos para serem seguidos e sim valores que
sejam erigidos a partir de uma análise crítica da realidade. Caracteriza o momento atual em que
a Enfermagem se encontra: Tratando e pesquisando a fundo temas antes considerados Tabus e
questionando paradigmas de autoritarismo na equipe de saúde.

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