Você está na página 1de 18

.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto -


CBC2005
Setembro / 2005 ISBN 85-98576-07-7
Volume XII - Projetos de Estruturas de Concreto
Trabalho 47CBC0207 - p. XII444-461
© 2005 IBRACON.

ESTABILIDADE GLOBAL DE EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO:


ANÁLISE DOS MÉTODOS P-∆ E γz CONSIDERANDO A
DEFORMABILIDADE DA FUNDAÇÃO
GLOBAL STABILITY OF REINFORCED CONCRETE BUILDINGS: ANALYSIS OF THE
P-∆ METHODS AND λZ CONSIDERING THE FOUNDATION DEFORMATION
R. G. Delalibera (1); A. M. Buttler (2); C. G. Nogueira (3); M. S. Correa (4), J. S. Giongo (5)
(1) Engenheiro Civil, Doutorando em Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos.
E-mail: della@sc.usp.br
(2) Engenheiro Civil, Doutorando em Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos.
E-mail: buttler@sc.usp.br
(3) Engenheiro Civil, Mestrando em Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos.
E-mail: gorlanog@sc.usp.br
(4) Professor Associado, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos.
E-mail: mcorrea@sc.usp.br
(5) Professor Doutor, Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos.
E-mail: jsgiongo@sc.usp.br
Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos,
Departamento de Engenharia de Estruturas, Caixa Postal: 359 - 13560-970 - São Carlos - SP

Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar o efeito da deformabilidade das fundações em relação a
estabilidade global de edifícios de concreto armado. O tema é justificável, uma vez que o aumento da
esbeltez das edificações tem exigido dos profissionais de engenharia de estruturas a consideração dos
efeitos de segunda ordem, mediante a verificação do equilíbrio da estrutura na posição deslocada. Além
disso, é evidente que a deformabilidade das fundações, por produzir uma redução de rigidez, favorece a
majoração dos efeitos produzidos pelas ações externas. A metodologia do trabalho baseia-se no emprego
do parâmetro γz e do processo P-∆, considerando molas equivalentes no lugar dos elementos de fundação,
o que confere ao modelo mecânico maior proximidade da situação real. São analisados os esforços
solicitantes atuantes nas estruturas de dois edifícios tomados como exemplo.
Palavras-Chave: deformabilidade das fundações, estruturas de concreto armado, processo P-∆, interação solo-
estrutura, estabilidade global.

Abstract
In this work, the foundations displacements are taking into account to analyze the global stability of
reinforced concrete buildings. This fact is very justifiable because the modern structures have structural
components more slender than old structures. In this way, the displaced structure configuration is extremely
necessary to evaluate the structural balance. The new position of the structure gives new efforts that must be
considered. Furthermore, another efforts are introduced on the structure by the foundation deformations. The
methodology of the work is based on use of the γz parameter and P-∆ process with equivalent elastic springs
in placed of the fundations elements. This approach gives to the mechanical model more reliability compared
with reality. Two reinforced concrete buildings are analyseds and compared.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.444


.

Keywords: foundation deformation, reinforced concrete structures, P-∆ process, soil-structure interaction, global
stability.

1 Introdução
O comportamento de uma edificação é, sem dúvida, governado pela interação entre os
elementos da superestrutura, da infraestrutura e o maciço de solo. Essa interação global
entre todas as partes de uma construção é denominada de interação solo-estrutura.
É evidente que o fenômeno da interação entre o maciço de solo e a estrutura sempre
existiu. Entretanto, nas obras mais antigas, as dimensões dos elementos estruturais eram
maiores, o que tornava as estruturas mais robustas que as atuais. Esse fato contribuía
para que a influência dos recalques dos apoios fosse pouco significativa em virtude da
magnitude dos elementos estruturais. Tal comportamento não é mais verificado nos dias
de hoje. O maior conhecimento do comportamento dos diversos materiais utilizados na
construção civil, bem como as melhorias significativas nos recursos computacionais,
permite, atualmente, aos engenheiros ousarem na concepção estrutural. Essa ousadia se
traduz em edificações esbeltas, conseqüentemente, mais próximas de seus limites de
resistência e serviço. Dessa maneira, análises que consideram a posição deformada da
estrutura tornam-se imprescindíveis nos projetos atuais. É nesse contexto que a interação
solo-estrutura ganha importância, pois, na verdade, os apoios dos pilares de um edifício
não são indeslocáveis, mas sofrem recalques que introduzem maior flexibilidade à
estrutura como um todo. Por conta disso, a verificação da estabilidade de edificações
considerando a deformabilidade das fundações se torna imprescindível nos projetos
atuais.
Normalmente, o dimensionamento das estruturas é feito considerando que seus apoios
são indeslocáveis com relação as suas restrições, sendo que o dimensionamento das
fundações é realizado a partir dos esforços obtidos mediante essas condições e das
propriedades do solo. Dessa maneira, na estimativa dos recalques, considera-se que
cada elemento de fundação se desloca de maneira independente dos demais; isso
significa, que estrutura e fundação se comportam de modo independente uma da outra,
tal que os efeitos da interação solo-estrutura provocados pela deformação do solo e pela
rigidez da estrutura sejam desprezados.
De maneira geral, o fenômeno da interação solo-estrutura depende de vários fatores tais
como o número de pavimentos do edifício, construções vizinhas, forma da planta do
edifício, entre outros. Com as deformações do solo, ocorrem redistribuições de esforços
nos elementos estruturais, especialmente nos pilares, o que resulta em uma transferência
dos esforços dos pilares com maiores recalques para aqueles com recalques menores até
que haja uma uniformização desses deslocamentos.
O objetivo do presente trabalho consiste em avaliar os efeitos da interação solo-estrutura
na estabilidade global de edifícios de concreto armado. Para isso, são modelados dois
edifícios considerando duas situações diferentes: na primeira, os apoios são considerados
indeslocáveis e a verificação dos efeitos de segunda ordem é realizada por meio do
processo P-∆ e parâmetro γz; na segunda situação, o mesmo procedimento é repetido,
mas com a consideração da deformabilidade das fundações, ou seja, a interação solo-
estrutura. A não-linearidade física do concreto armado é considerada por modelos
simplificados, conforme a NBR 6118:2003. Procura-se com essa metodologia, avaliar as
conseqüências que se têm no âmbito da estabilidade global de um edifício de concreto
armado, quando se utilizam modelos com apoios indeslocáveis, e até que ponto essa
modelagem pode ser considerada segura e representativa.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.445


.

2 Breve Revisão Bibliográfica


Existem diversas metodologias propostas para considerar a interação solo-estrutura. Um
trabalho pioneiro no assunto foi o de Meyerhof (1953), que considerou os efeitos da
interação solo-estrutura em edifícios. O autor mostrou que o solo, a infraestrutura e a
superestrutura poderiam ser considerados como uma unidade integral na análise
estrutural. A grande conclusão do trabalho foi com relação à importância dos recalques
diferenciais no desempenho da estrutura, uma vez que são bastante afetados pela rigidez
estrutural e pela variação da compressibilidade do solo. Os recalques diferenciais,
segundo o autor, são mais difíceis de serem previstos, porém mais importantes que os
recalques absolutos, pois podem alterar a estabilidade de uma edificação sob carga de
trabalho. Logo na seqüência, Chamecki (1954) apresentou uma metodologia
sistematizada de cálculo para análise da interação solo-estrutura. O procedimento se
inicia considerando os apoios como sendo indeslocáveis com obtenção das reações de
apoio dos pilares. A partir desses valores e das reações verticais dos apoios provenientes
de recalques unitários de cada apoio separado, são calculados os recalques da fundação.
Com isso, inicia-se um processo iterativo com a consideração da rigidez da estrutura, de
modo que são calculados a cada iteração, valores de reações de apoio e recalques até
que esses valores convirjam entre si. Poulos (1975a) propôs uma metodologia de análise
da interação solo-estrutura, baseada em cálculo matricial de estruturas, para estimar os
recalques das fundações. Essa abordagem requer o desenvolvimento de duas equações
distintas: equação de interação superestrutura-fundação, que procura relacionar o
comportamento da superestrutura e da fundação em termos das forças aplicadas e das
reações desconhecidas nas fundações; equação de interação fundação-maciço de solos,
que relaciona o desempenho da fundação e do maciço de solos no âmbito das reações
desconhecidas na fundação e das propriedades do solo.
Conforme já citado, a interação entre o solo e a estrutura depende de vários fatores. Um
desses fatores diz respeito ao número de pavimentos da edificação. De um modo geral,
quanto maior o número de pavimentos de uma estrutura, maior será sua rigidez na
direção vertical. Entretanto, essa rigidez não cresce linearmente com o número de
pavimentos. Segundo Goschy (1978), o crescimento da rigidez é sensível somente nos
primeiros pavimentos, de modo que as partes mais baixas da estrutura sofrerão apenas
deformações de flexão. Ainda referente ao mesmo assunto, Gusmão Filho (1995) concluiu
que existe uma rigidez limite e que, uma vez atingida essa rigidez limite nos primeiros
pavimentos, o aumento do número de pavimentos não altera o valor da parcela de carga
no apoio proveniente da interação solo-estrutura. Significa que finalizada a redistribuição
de esforços por efeito da interação solo-estrutura, os recalques são função apenas do
carregamento. Gusmão (1990) constatou que essa redistribuição dos esforços nos
elementos estruturais pode provocar o aparecimento de danos na edificação tais como
fissuras em vigas, lajes e até um esmagamento dos pilares, uma vez que os pilares que
tendem a recalcar menos, acabam absorvendo maiores esforços.
Além disso, existem atualmente, diversos trabalhos de monitoramento de edificações, que
procuram medir os recalques efetivos que ocorrem nas edificações, visando compreender
melhor os mecanismos da interação solo-estrutura. Dentre esses trabalhos podem ser
citados Alonso (1991), Danziger et al. (1995, 1997), Lobo et al. (1997) entre outros.
Em relação à estabilidade global de edifícios, Jordão (2003) apresentou uma metodologia
para análise da interação solo-estrutura, aplicada ao estudo da estabilidade global de
estruturas de concreto armado sobre fundações profundas. A metodologia consiste em
um processo iterativo, determinar, numa primeira análise, as reações de apoio na
estrutura considerando apoios indeslocáveis. Com esses valores de reação, calculam-se
os deslocamentos dos blocos de fundação. A partir das reações de apoio e
deslocamentos das fundações, determinam-se coeficientes de mola para as fundações
que substituem os apoios fixos da superestrutura, recalculando assim as reações. Esse

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.446


.

processo é repetido até que as reações e os recalques de duas iterações consecutivas


sejam aproximadamente iguais. Nesse contexto, o presente trabalho procura estabelecer
uma análise semelhante à de Jordão (2003), porém fazendo o estudo para o caso de
fundações em sapatas.

3 Modelos discretos de representação do solo


A representação do solo em análise numérica pode ser feita de duas maneiras: por meio
de molas (modelos discretos com comportamento linear ou não); e, representado com um
meio contínuo (elástico e linear ou não). Nesse trabalho, optou-se pela utilização de
modelos discretos, representado o solo por meio de um conjunto de molas – Hipótese de
Winkler.

3.1 Modelo de Winkler


Quem primeiro representou o solo como um sistema de molas com resposta linear foi
Winkler (1867) apud Velloso & Lopes (1996). Este tipo de representação é denominado
Modelo de Winkler ou Hipótese de Winkler. Segundo o modelo, as pressões de contato
são proporcionais aos deslocamentos. Este modelo pode ser utilizado tanto para
carregamentos verticais, como por exemplo, radiers, sapatas e vigas de fundação, quanto
para ações horizontais, como é o caso de estacas sob forças horizontais e estruturas de
escoramento de escavações.
A Equação 1 e Figura 1, exprimem a hipótese de Winkler.

F = Kv ⋅ w Equação (1)

F = K v .w
w
w

Kv

Figura 1 – Representação do solo por meio de molas [Velloso & Lopes (1996)].

A constante de proporcionalidade Kv é usualmente chamada de coeficiente de reação


vertical, porém, também é chamada por alguns autores de módulo de reação ou
coeficiente de mola.
Este modelo também é conhecido como modelo de fluido denso, uma vez que seu
comportamento é análogo ao de uma membrana assente sobre fluido denso, e, também
porque as unidades do coeficiente de reação são as mesmas do peso específico
(dimensão F.L-3).

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.447


.

O coeficiente de reação vertical, definido pela Equação 1, pode ser obtido por meio de:
ensaio de placa; cálculo do recalque da fundação real, e; uso de tabelas de valores
típicos.
Em virtude das poucas informações a respeito do perfil geológico (apenas eram
conhecidos os resultados de três sondagens a percussão), utilizaram os resultados
obtidos por meio de ensaio de placa desenvolvido por outros pesquisadores. Aos valores
do coeficiente de reação obtido por meio do ensaio de placa cabe fazer correções de
dimensão e forma. Essas correções são necessárias, pois, o coeficiente obtido por meio
do ensaio não é uma propriedade do solo, mas, uma resposta a uma força aplicada por
uma dada estrutura. Desta maneira, define-se o coeficiente de mola por meio da Equação
2.
1 − ν solo
2
1
Kv = F ⋅ B ⋅ ⋅ Equação (2)
E solo Is
onde:
- Kv, é coeficiente de mola;
- F, é a força média aplicada;
- B, é a menor dimensão da fundação (sapata, viga ou radier);
- νsolo, é o coeficiente de Poisson do solo;
- Esolo, é o módulo de elasticidade do solo, e;
- Is, é o fator de forma da fundação.

Por meio da Equação 2 observa-se que quanto maior a fundação (maior o lado B), menor
o coeficiente Kv, e, quanto mais a forma da fundação se distancia da quadrada ou circular,
tendendo para uma forma retangular mais alongada, também menor é o valor de Kv.
O módulo de elasticidade como também o coeficiente de Poisson foram obtidos por meio
de valores tabelados fornecidos por Bowles (1982).
Em função dos resultados da sondagem a percussão, as fundações dos dois edifícios
foram do tipo rasa, sendo escolhidas sapatas isoladas. As dimensões das sapatas foram
obtidas em função de uma previsão de cargas na fundação. Após todas as análises, a
segurança destas foram verificadas.
Os fatores de forma da fundação também foram obtidos por meio de valores tabelados,
utilizando recomendações de Perloff (1960) apud Velloso & Lopes (1996).
Como as sapatas de fundação geralmente são projetadas com grande altura (sapata
infinitamente rígida), pode-se considerar que a rotação de uma sapata, sujeita a um
determinado momento fletor, seja determinada somente pelo solo. Este critério é
apresentado por Pfeil (1979).
Assim, a rigidez a flexão da sapata pode ser obtida por meio da Equação (3).

K f = K v ⋅ I0 Equação (2)
sendo:
Kf, a rigidez a flexão da sapata;
I0, o momento de inércia da fundação na direção considerada.

A seguir, são apresentadas tabelas com os coeficientes de molas obtidos por meio do
modelo de Winkler.
A Tabela 1 apresenta os resultados utilizados na modelagem do Edifício Spazio Uno e a
Tabela 2, os resultados utilizados na modelagem do Edifício Wassily Kandinsky.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.448


.

Tabela 1 – Coeficientes de mola e de flexão, Ed. Spazio.


σadm.,solo B L Ix Iy Esolo Kv
Sapata νsolo Kfx Kfy
(kN/m2) (cm) (cm) (cm4) (cm4) (Mpa) (kN/m3)
S1 = S4 = S13 = S16 370 210 270 34400 20800 17000 0,15 6441 22187 13422
S2 = S3 370 190 250 24700 14300 17000 0,15 6957 17210 9941
S5 = S6 370 300 475 106900 297900 17000 0,15 3661 39130 98098
S7 = S8 = S11 = S12 370 300 380 137200 85500 17000 0,15 4677 62783 39130
S9 = S10 370 340 515 168700 387000 17000 0,15 3377 56962 130691
S14 = S15 370 200 260 29300 17300 17000 0,15 6689 19564 11594
Nota: σadm.,solo, tensão admissível do solo; B, menor dimensão da sapata; L, maior dimensão da sapata; Ix e
Iy momentos de inércia nas direções x e y; Kv, coeficiente de mola vertical; Kfx e Kfy, coeficiente de flexão na
direção x e y.

Tabela 2 – Coeficientes de mola e de flexão, Ed. Kandinsky.


σadm.,solo B L Ix Iy Esolo Kv
Sapata
(cm4) (cm4)
νsolo (kN/m3)
Kfx Kfy
(kN/m2) (cm) (cm) (Mpa)
S1 = S2 = S3 = S4 370 140 270 23000 6200 17000 0,15 6441 14791 3977
S2 = S3 = S38 = S39 370 260 300 58500 43900 17000 0,15 5797 33913 25472
S5 = S6 = S35 = S36 370 160 240 8200 18400 17000 0,15 7246 5936 13357
S7 = S8 = S33 = S34 370 120 230 12200 3300 17000 0,15 7561 9200 2504
S9 = S14 = S29 = S32 370 170 200 11300 8200 17000 0,15 8696 9855 7120
S10 = S13 = S30 = S31 370 260 340 85200 49800 17000 0,15 5115 43559 25472
S11 = S12 = S27 = S28 370 250 360 46900 97200 17000 0,15 4831 22645 46957
S15 = S16 = S25 = S26 370 140 180 6800 4100 17000 0,15 9662 6574 3977
S17 = S20 = S21 = S24 370 200 250 26000 16700 17000 0,15 6957 18116 11594
S18 = S19 = S22 = S23 370 240 300 67500 54000 17000 0,15 5797 31304 31304

4 Edifícios analisados
O parâmetro γz e o processo P-∆ foram utilizados para verificar a estabilidade global de
dois edifícios reais em concreto armado. O primeiro exemplo analisado foi o Edifício
Spazio Uno de 17 pavimentos, Carmo (1995). A planta de formas do pavimento tipo é
mostrada na Figura 2.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.449


.

Figura 2 – Forma estrutural do pavimento tipo do Edifício Spazio Uno

O Residencial Wassily Kandinsk, em construção na cidade de São Carlos-SP projetado


pela AEOLUS Engenharia e Consultoria S/C Ltda., foi o segundo edifício analisado. Esse
edifício possui 10 pavimentos tipo e a planta de formas do pavimento tipo é apresentada
na Figura 3.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.450


.

Figura 3 – Forma estrutural do pavimento tipo do Residencial Wassily Kandinsk

4.1 Definição dos Materiais


O concreto empregado na estrutura dos dois edifícios tem as seguintes propriedades
mecânicas e elásticas que foram implementadas na entrada de dados do programa,
Tabela 3.
Tabela 3 – Propriedades mecânicas e elásticas do concreto.
fck (MPa) ν Eci (MPa) G (MPa)
25 0,20 28000 11666

A consideração simplificada da não-linearidade física para a análise dos efeitos de


segunda ordem foi estabelecida conforme NBR 6118:2003. Segundo a referida norma, a
rigidez dos elementos estruturais pode ser calculada utilizando a Equação 3, desde que o
γz seja menor que 1,30.

(EI)sec = 0,7.Eci.Ic Equação (3)

Os valores empregados para os parâmetros elásticos dos elementos estruturais já


considerando a não-linearidade física estão indicados na Tabela 4.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.451


.

Tabela 4 – Parâmetros elásticos para os elementos estruturais.


Pilares Vigas Trechos Rígidos
Esec (GPa) G (GPa) Esec (GPa) G (GPa) γc (kN/m3) Esec (MPa) G (MPa)
19,6 8,16 19,6 8,16 25 19,6 8,16

4.2 Consideração da ação do vento


Para a determinação dos coeficientes de arrasto foi feita uma interpolação entre os
coeficientes para os ventos de baixa e alta turbulência (Tabelas 5 e 6).

Tabela 5 – Determinação das forças de arrasto (Spazio Uno).


Forças de Arrasto
Vento x Vento y
Pavimento H (m) S1 S2 S3 Vo (m/s) Vk (m/s) q (kN/m2)
2 2
Ae - m Ca Fx – kN Ae - m Ca Fx - kN
1 3,00 1,00 0,76 1,00 40,00 30,40 0,57 42,57 1,09 26,29 52,62 1,19 35,47
2 6,00 1,00 0,83 1,00 40,00 33,20 0,68 42,57 1,09 31,35 52,62 1,19 42,31
3 9,00 1,00 0,83 1,00 40,00 33,20 0,68 42,57 1,09 31,35 52,62 1,19 42,31
4 12,00 1,00 0,88 1,00 40,00 35,20 0,76 42,57 1,09 35,24 52,62 1,19 47,56
5 15,00 1,00 0,88 1,00 40,00 35,20 0,76 42,57 1,09 35,24 52,62 1,19 47,56
6 18,00 1,00 0,91 1,00 40,00 36,40 0,81 42,57 1,09 37,69 52,62 1,19 50,86
7 21,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 42,57 1,09 41,94 52,62 1,19 56,60
8 24,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 42,57 1,09 41,94 52,62 1,19 56,60
9 27,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 42,57 1,09 41,94 52,62 1,19 56,60
10 30,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 42,57 1,09 41,94 52,62 1,19 56,60
11 33,00 1,00 0,99 1,00 40,00 39,60 0,96 42,57 1,09 44,60 52,62 1,19 60,19
12 36,00 1,00 0,99 1,00 40,00 39,60 0,96 42,57 1,09 44,60 52,62 1,19 60,19
13 39,00 1,00 0,99 1,00 40,00 39,60 0,96 42,57 1,09 44,60 52,62 1,19 60,19
14 42,00 1,00 1,02 1,00 40,00 40,80 1,02 42,57 1,09 47,35 52,62 1,19 63,90
15 45,00 1,00 1,02 1,00 40,00 40,80 1,02 42,57 1,09 47,35 52,62 1,19 63,90
16 48,00 1,00 1,02 1,00 40,00 40,80 1,02 42,57 1,09 47,35 52,62 1,19 63,90
17 51,00 1,00 1,04 1,00 40,00 41,60 1,06 21,29 1,09 24,61 26,31 1,19 33,21

Tabela 6 – Determinação das forças de arrasto (Wassily Kandinsk).


Forças de Arrasto
Vento x Vento y
Pavimento H (m) S1 S2 S3 Vo (m/s) Vk (m/s) q(kN/m2) 2 2
Ae - m Ca Fx – kN Ae - m Ca Fy - kN
1 3,00 1,00 0,76 1,00 40,00 30,40 0,57 62,55 1,05 37,21 72,57 1,10 45,22
2 6,00 1,00 0,83 1,00 40,00 33,20 0,68 62,55 1,05 44,38 72,57 1,10 53,94
3 9,00 1,00 0,83 1,00 40,00 33,20 0,68 62,55 1,05 44,38 72,57 1,10 53,94
4 12,00 1,00 0,88 1,00 40,00 35,20 0,76 62,55 1,05 49,88 72,57 1,10 60,63
5 15,00 1,00 0,88 1,00 40,00 35,20 0,76 62,55 1,05 49,88 72,57 1,10 60,63
6 18,00 1,00 0,91 1,00 40,00 36,40 0,81 62,55 1,05 53,34 72,57 1,10 64,84
7 21,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 62,55 1,05 59,37 72,57 1,10 72,16
8 24,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 62,55 1,05 59,37 72,57 1,10 72,16
9 27,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 62,55 1,05 59,37 72,57 1,10 72,16
10 30,00 1,00 0,96 1,00 40,00 38,40 0,90 107,64 1,05 102,16 106,00 1,10 105,40

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.452


.

5 Análise dos resultados


A estrutura foi modelada usando o programa STRAP 9.0 com a aplicação dos
carregamentos horizontais. As discretizações dos dois edifícios podem ser observadas na
Figura 4.

a) Edifício Spazio Uno b) Residencial Wassily Kandinsk


Figura 4 – Discretização dos dois edifícios analisados

5.1 Edifício Spazio Uno


O parâmetro γz foi determinado para os dois edifícios considerando as fundações não-
deformável e deformável. Nas Tabelas 7 e 8, encontram-se os resultados para o edifício
Spazio Uno.

Tabela 7 – Parâmetro λz para o edifício Spazio Uno, com fundação rígida.


Direção X Direção Y

Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 0,38 2662 10,06 26,29 3,00 78,86 0,25 6,76 35,47 3,00 106,42
2 1,25 2662 33,20 31,35 6,00 188,11 0,82 21,82 42,31 6,00 253,85
3 2,37 2662 63,09 31,35 9,00 282,17 1,55 41,34 42,31 9,00 380,78
4 3,60 2662 95,97 35,24 12,00 422,92 2,37 63,01 47,56 12,00 570,72
5 4,89 2662 130,06 35,24 15,00 528,65 3,21 85,41 47,56 15,00 713,40
6 6,15 2662 163,70 37,69 18,00 678,37 4,04 107,65 50,86 18,00 915,45
7 7,37 2662 196,19 41,94 21,00 880,79 4,85 129,15 56,60 21,00 1188,61
8 8,53 2662 227,01 41,94 24,00 1006,62 5,62 149,54 56,60 24,00 1358,41
9 9,61 2662 255,81 41,94 27,00 1132,44 6,33 168,57 56,60 27,00 1528,22
10 10,61 2662 282,36 41,94 30,00 1258,27 6,99 186,07 56,60 30,00 1698,02
11 11,51 2662 306,53 44,60 33,00 1471,96 7,59 201,96 60,19 33,00 1986,38
12 12,33 2662 328,18 44,60 36,00 1605,77 8,12 216,14 60,19 36,00 2166,96
13 13,04 2662 347,29 44,60 39,00 1739,58 8,59 228,61 60,19 39,00 2347,54
14 13,67 2662 363,86 47,35 42,00 1988,66 8,99 239,37 63,90 42,00 2683,66
15 14,20 2662 378,02 47,35 45,00 2130,71 9,33 248,52 63,90 45,00 2875,35
16 14,65 2662 390,06 47,35 48,00 2272,75 9,63 256,27 63,90 48,00 3067,04
17 15,05 2662 400,58 24,61 51,00 1255,21 9,88 263,01 33,21 51,00 1693,89
Σ 3971,96 Σ 18921,84 Σ 2613,20 Σ 25534,72

γz = 1,266 γz = 1,114

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.453


.

Tabela 8 – Parâmetro γz para o edifício Spazio Uno, com fundação flexível.


Direção X Direção Y

Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 1,53 2662 40,83 26,29 3,00 78,86 1,30 34,72 35,47 3,00 106,42
2 3,29 2662 87,52 31,35 6,00 188,11 2,70 71,83 42,31 6,00 253,85
3 5,14 2662 136,75 31,35 9,00 282,17 4,13 109,82 42,31 9,00 380,78
4 7,01 2662 186,57 35,24 12,00 422,92 5,55 147,83 47,56 12,00 570,72
5 8,86 2662 235,79 35,24 15,00 528,65 6,96 185,26 47,56 15,00 713,40
6 10,66 2662 283,68 37,69 18,00 678,37 8,33 221,75 50,86 18,00 915,45
7 12,39 2662 329,73 41,94 21,00 880,79 9,65 257,01 56,60 21,00 1188,61
8 14,03 2662 373,62 41,94 24,00 1006,62 10,92 290,84 56,60 24,00 1358,41
9 15,59 2662 415,11 41,94 27,00 1132,44 12,14 323,10 56,60 27,00 1528,22
10 17,06 2662 454,08 41,94 30,00 1258,27 13,29 353,70 56,60 30,00 1698,02
11 18,42 2662 490,42 44,60 33,00 1471,96 14,37 382,59 60,19 33,00 1986,38
12 19,68 2662 524,07 44,60 36,00 1605,77 15,39 409,72 60,19 36,00 2166,96
13 20,85 2662 555,02 44,60 39,00 1739,58 16,34 435,07 60,19 39,00 2347,54
14 21,91 2662 583,33 47,35 42,00 1988,66 17,23 458,69 63,90 42,00 2683,66
15 22,88 2662 609,13 47,35 45,00 2130,71 18,05 480,68 63,90 45,00 2875,35
16 23,77 2662 632,77 47,35 48,00 2272,75 18,83 501,27 63,90 48,00 3067,04
17 24,60 2662 654,89 24,61 51,00 1255,21 19,56 520,84 33,21 51,00 1693,89
Σ 6593,32 Σ 18921,84 Σ 5184,72 Σ 25534,72

γz = 1,535 γz = 1,255

Analisando a Tabela 7, nota-se que os valores do parâmetro γz foram superiores a 1,10,


em ambas as direções de atuação do vento, sem a consideração da deformabilidade da
fundação. Segundo a NBR 6118:2003, para valores de γz entre 1,10 e 1,30, os esforços
globais de 2º ordem podem ser obtidos a partir da majoração adicional dos esforços
horizontais por 0,95γz. A implementação da deformabilidade da estrutura de suporte
acarreta um aumento significativo nos deslocamentos da estrutura e, como conseqüência,
no parâmetro γz. Nesse caso, a norma brasileira recomenda para valores de γz>1,30, a
consideração de um processo mais rigoroso para a determinação dos esforços de 2º
ordem. No presente estudo, foi utilizado o processo P-∆; sendo que, o critério adotado
para o processo baseia-se nas recomendações de Macgregor (1993). Segundo essas
recomendações, caso os deslocamentos causados pelas ações horizontais aumentem
mais que 5%, em relação à iteração anterior, deve-se repetir o processo. Os
deslocamentos para cada uma das iterações do processo, considerando ou não a
deformabilidade da fundação, encontra-se na Figura 5.
Na Tabela 9, são apresentados os deslocamentos no topo do edifício utilizando a
combinação freqüente (Ψ1 = 0,30) da NBR 6118:2003, para cada uma das direções de
atuação do vento.
Analisando os resultados da Tabela 9, nota-se que para as duas direções de atuação do
vento, os deslocamentos no topo do edifício Spazio Uno foram superiores aos
recomendados pela NBR 6118:2003. Quando se considera a deformabilidade da
fundação, os deslocamentos aumentaram consideravelmente; cerca de 120% na direção
y e 95% na direção x. Estes deslocamentos excessivos comprometem a estabilidade do
edifício, acarretando um aumento considerável nos efeitos de segunda ordem.
Considerando a fundação rígida, observa-se um aumento de cerca de 20% nos
momentos fletores do pilar P7, após a segunda iteração do processo P-∆. Considerando

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.454


.

os valores obtidos para o parâmetro γz (1,266 – direção x e 1,114 – direção y), foram
implementadas novas ações horizontais, conforme item 15.7.2 da NBR 6118:2003. Os
resultados foram semelhantes, aos obtidos pelo processo P-∆, com um acréscimo médio
de 20% nos esforços globais de 1º ordem.
A implementação dos coeficientes de mola na fundação acarretou uma diminuição dos
momentos fletores no pilar P7 (cerca de 44% em relação aos momentos de 1º ordem da
fundação rígida); entretanto, devido à grande deslocabilidade da estrutura motivada pela
deformabilidade da fundação, esta diferença caiu para 27%, após a 3º iteração do
processo P-∆. A Figura 6 apresenta o diagrama de momentos fletores para o pilar P7 em
ambas as situações, ou seja, com fundação rígida e flexível.

51
51
48
48
45 45
42 42
39 39
36 36
33 33
30 30
Cota (m)

Cota (m)
27 27
24 24
21
21
18
18
15
15
12
12
9
6 9
3 6
0 3
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Deslocamentos (cm)
Deslocamentos (cm)
Vento Y Vento Y - 1º Iteração
Vento X Vento X - 1º Iteração
Vento Y - 2º Iteração Vento Y - Def Vento X - 2º Iteração Vento X - Def
Vento Y - 1º Iteração - Def Vento Y - 2º Iteração - Def Vento X - 1º Iteração - Def Vento X - 2º Iteração - Def
Vento X - 3º iteraçao - Def

Figura 5 – Deslocamentos para as duas direções de atuação do vento utilizando o processo P-∆

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.455


.

Fundação rígida Fundação flexível

Figura 6– Diagrama de momentos fletores para o pilar P7 (25/108)

Tabela 9 – Deslocamentos horizontais no topo do edifício (Spazio Uno)


NBR 6118:2003
Deslocamento (cm) (H/1700)
(cm)
Fundação indeformável Vento X (2º iteração) 5,73
Vento Y (2º iteração) 3,31
3,00
Fundação deformável Vento X (3º iteração) 11,16
Vento Y (2º iteração) 7,29

5.2 Edifício Wassily Kandinsk


Nas Tabelas 10 e 11, são apresentados os resultados do parâmetro γz obtidos para o
edifício Wassily Kandinsk.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.456


.

Tabela 10 - Parâmetro γz para o edifício Wassily Kandinsk, com fundação rígida.


Direção X Direção Y

Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 0,13 5020 6,51 37,21 3,00 111,62 0,17 8,70 45,22 3,00 135,67
2 0,37 5020 18,46 44,38 6,00 266,26 0,46 23,00 53,94 6,00 323,62
3 0,63 5020 31,51 44,38 9,00 399,39 0,75 37,68 53,94 9,00 485,43
4 0,88 5020 44,18 49,88 12,00 598,61 1,03 51,47 60,63 12,00 727,57
5 1,11 5020 55,93 49,88 15,00 748,26 1,27 63,97 60,63 15,00 909,47
6 1,32 5020 66,49 53,34 18,00 960,18 1,49 75,01 64,84 18,00 1167,04
7 1,51 5020 75,72 59,37 21,00 1246,69 1,68 84,43 72,16 21,00 1515,28
8 1,66 5020 83,47 59,37 24,00 1424,79 1,83 92,07 72,16 24,00 1731,75
9 1,79 5020 89,73 59,37 27,00 1602,89 1,95 97,92 72,16 27,00 1948,21
10 1,88 5020 94,62 102,16 30,00 3064,84 2,03 102,05 105,40 30,00 3161,86
Σ 566,62 Σ 10423,52 Σ 636,29 Σ 12105,90

γz = 1,057 γz = 1,055

Tabela 11 - Parâmetro γz para o edifício Wassily Kandinsk, considerando a deformabilidade da fundação.

Direção X Direção Y

Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 0,42 5020 20,98 37,21 3,00 111,62 0,47 23,34 45,22 3,00 135,67
2 0,83 5020 41,62 44,38 6,00 266,26 0,88 44,38 53,94 6,00 323,62
3 1,22 5020 61,39 44,38 9,00 399,39 1,27 63,75 53,94 9,00 485,43
4 1,60 5020 80,07 49,88 12,00 598,61 1,63 81,73 60,63 12,00 727,57
5 1,94 5020 97,54 49,88 15,00 748,26 1,96 98,19 60,63 15,00 909,47
6 2,26 5020 113,65 53,34 18,00 960,18 2,25 113,05 64,84 18,00 1167,04
7 2,56 5020 128,31 59,37 21,00 1246,69 2,51 126,20 72,16 21,00 1515,28
8 2,82 5020 141,46 59,37 24,00 1424,79 2,74 137,55 72,16 24,00 1731,75
9 3,05 5020 153,01 59,37 27,00 1602,89 2,93 147,04 72,16 27,00 1948,21
10 3,25 5020 163,25 102,16 30,00 3064,84 3,08 154,82 105,40 30,00 3161,86
Σ 1001,29 Σ 10423,52 Σ 990,04 Σ 12105,90

γz=1,106 γz = 1,089

Analisando os resultados das Tabelas 10 e 11, nota-se que a estrutura do edifício Wassily
Kandinsk pode ser considerada de nós fixos (γz<1,10), não necessitando levar em conta
os efeitos de segunda ordem para o equilíbrio da estrutura até mesmo quando
implementada a deformabilidade da fundação.
O processo P-∆ foi empregado para avaliação do acréscimo de deslocamentos e esforços
solicitantes por causa dos efeitos de segunda ordem, que de acordo com os resultados do
γz podem ser desprezados.
Na Tabela 12 são apresentados os deslocamentos no topo do edifício utilizando a
combinação freqüente (Ψ1 = 0,30) da NBR 6118:2003, para cada uma das direções de
atuação do vento.
A Figura 6 mostra a deformada do edifício em análise, utilizando os resultados do
processo P-∆.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.457


.

30 30

27 27

24 24

21 21

18 18

Cota (m)
Cota (m)

15 15

12
12

9
9
6
6
3
3
0
0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Deslocamentos (cm)
Deslocamentos (cm)

Vento X Vento X - 1º iteração Vento X - Def Vento Y Vento Y - 1º iteração Vento Y - Def
Vento X - 1º iteração - Def Vento X - 2º iteração - Def Vento Y - 1º iteração - Def Vento Y - 2º iteração - Def

Figura 6– Deslocamentos para as duas direções de atuação do vento utilizando o processo P-∆ (Wassily
Kandinsk)

Tabela 12 – Deslocamentos horizontais no topo do edifício (Wassily Kandinsk)


NBR 6118:2003
Deslocamento (cm) (H/1700)
(cm)
Fundação indeformável Vento X (1º iteração) 0,59
Vento Y (1º iteração) 0,64
1,76
Fundação deformável Vento X (2º iteração) 1,07
Vento Y (2º iteração) 1,00

Pela figura 6, nota-se que após as iterações do processo P-∆ para as duas direções de
atuação do vento, não ocorreu um aumento significativo nos deslocamentos ao longo da
altura do edifício. Na direção x, ocorreram aumentos de 4,8% e 9,2% nos deslocamentos,
após as iterações do processo, para as situações de fundação não deformável e
deformável, respectivamente; na direção y, esse aumento foi de 4,9% e 8,8%, para as
situações de fundação não deformável e deformável, respectivamente. Com relação aos
esforços solicitantes, a situação foi semelhante; dessa maneira, a estrutura do edifício
Wassily Kandinsk pode ser considerada de nós fixos conforme a NBR 6118:2003.
Analisando a Tabela 12, percebe-se que o edifício não apresentou deslocamentos
horizontais, superiores aos prescritos pela NBR 6118:2003, mesmo quando implementada
a deformabilidade da fundação. Verifica-se, portanto, que a forma da estrutura e a
disposição dos elementos estruturais são fatores preponderantes com relação à
estabilidade das edificações.
Na tabela 13, são apresentados os momentos fletores na base dos pilares do edifício
Wassily Kandinsk.
Por meio desta tabela, verifica-se que ocorre redistribuição dos momentos fletores na
base dos pilares, quando, implementada a deformabilidade da fundação. Observou-se
também, nos resultados da análise, que esta redistribuição ocorre nos esforços normais.
Notou-se também, uma redução significativa dos momentos fletores nos pilares de maior
inércia, quando comparados com os resultados dos momentos fletores obtidos sem a
consideração da deformabilidade da fundação.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.458


.

Tabela 13 – Momentos fletores na base dos pilares (Wassily Kandinsk)


M2 - Base dos pilares (kN.m) M3 - Base dos pilares (kN.m)
Vento X Vento Y
Pilares Seção
Fundação Rígida Fundação Deformável Diferença Fundação Rígida Fundação Deformável Diferença
1º iteração (a) 2º iteração (b) (b) para (a) 1º iteração (c) 2º iteração (d) (d) para (c)
P1 48/20 19,5 18,7 -4% 6,3 5,7 -10%
P2 80/20 75,3 45,8 -39% 6,2 14,8 139%
P3 80/20 75,3 45,8 -39% 6,4 15 134%
P4 48/20 19,5 18,7 -4% 6,4 5,7 -11%
P5 20/50 5,6 7,7 38% 31,7 21,4 -32%
P6 20/50 5,6 7,7 38% 31,7 21,4 -32%
P7 78/20 60,9 13,2 -78% 10,6 5,7 -46%
P8 78/20 60,9 13,2 -78% 10,6 5,7 -46%
P9 48/20 20,6 13,6 -34% 6,5 8,7 34%
P10 104/20 145 59,9 -59% 12,6 22,3 77%
P11 20/107,5 7,9 17,3 119% 229 81,1 -65%
P12 20/107,5 7,9 17,3 119% 228 81,1 -64%
P13 104/20 145 60 -59% 13,1 22,9 75%
P14 48/20 20,6 13,6 -34% 6,5 8,6 32%
P15 56/20 28,1 9,8 -65% 7,1 6,2 -13%
P16 56/20 28,1 9,8 -65% 7,1 6,2 -13%
P17 64/20 40,5 25,1 -38% 8,9 13,1 47%
P18 20/95 9,3 21,6 132% 173 64,7 -63%
P19 20/95 9,3 21,6 132% 173 64,6 -63%
P20 64/20 40,6 25,1 -38% 8,8 13 48%
P21 64/20 40,6 25,3 -38% 8,8 13,1 49%
P22 20/95 9,2 21,6 135% 173 64,7 -63%
P23 20/95 9,2 21,7 136% 172 64,6 -62%
P24 64/20 40,6 25,3 -38% 8,8 13 48%
P25 56/20 28,1 9,9 -65% 7,1 6,2 -13%
P26 56/20 28,1 9,9 -65% 7,1 6,2 -13%
P27 34/56 17,1 24,8 45% 67,8 67,5 0%
P28 34/56 17,1 24,8 45% 67,8 67,5 0%
P29 48/20 20,5 13,9 -32% 6,5 8,7 34%
P30 104/20 145 61,2 -58% 13,1 23,1 76%
P31 104/20 145 61,1 -58% 13,1 23 76%
P32 48/20 20,5 13,8 -33% 6,5 8,7 34%
P33 78/20 60,5 13,6 -78% 10,6 4,7 -56%
P34 78/20 60,5 13,6 -78% 10,6 4,7 -56%
P35 20/50 5,2 6,9 33% 30,3 21 -31%
P36 20/50 5,2 6,9 33% 30,3 21 -31%
P37 48/20 19,4 19,3 -1% 6,4 5,8 -9%
P38 80/20 75 47,3 -37% 6,4 15,1 136%
P39 80/20 75 47,3 -37% 6,4 15 134%
P40 48/20 19,4 19,3 -1% 6,4 5,7 -11%
Σ 1666,7 953 1642,5 947,2

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.459


.

6 Conclusão
Este trabalho discutiu a importância da consideração da deformabilidade da fundação
para obtenção de esforços solicitantes de segunda ordem e deslocamentos, no projeto de
edifícios de concreto armado.
Em ambas as análises realizadas, constatou-se que a consideração de fundação flexível,
alterou significativamente os resultados de esforços solicitantes e deslocamentos da
estrutura, quando comparada com os resultados obtidos considerando fundação rígida.
Com relação ao Edifício Spazio Uno, que já apresentava situação crítica com relação à
estabilidade global, a introdução dos parâmetros elásticos do solo, inviabilizou a análise
da estabilidade global pelo parâmetro γz. Nesse caso, o processo P-∆ foi utilizado. Por
meio da análise desenvolvida, constatou-se que esse edifício é altamente deslocável, não
atendendo às restrições de deslocamentos no topo, impostas pela NBR 6118:2003.
No Edifício Wassily Kandinsky, os resultados também foram afetados significativamente
pelas implementações dos coeficientes de mola e flexão, apresentando, porém, boa
condição de estabilidade; após a verificação dos parâmetros γz e processo P-∆, estrutura
pode ser considerada de nós fixos pela NBR 6118:2003. Nessa situação, a análise de
segunda ordem pode ser desprezada.

7 Agradecimentos
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo apoio
financeiro, por meio de bolsa de doutorado concedida ao primeiro autor, e, à empresa
Aeolus Engenharia e Consultoria S/C Ltda por permitir analisar seu projeto.

8 Referências

ALONSO, U. R.. Previsão e Controle das Fundações. 1a Ed. São Paulo, Edgard
Blucher, 1991;

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 – Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003;

BOWLES, J. E. Fundations: analysis and design. McGraw-Hill, Tokio, 1982;

CARMO, R. M. S. Efeitos de segunda ordem em edifícios usuais de concreto


armado. São Carlos. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 1995;

CHAMECKI, S.. Consideração da Rigidez da Estrutura no Cálculo dos Recalques da


Fundação. In: I Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações, v. 1, pp. 35-80, Porto Alegre, 1954;

DANZIGER, F. A. B., BARATA, F. E., SANTA MARIA, P. E. L., DANZIGER, B. R..


Measurement of Settlements and Strains on Buildings from the Beginning of
Construction. In: XIV International Conference on Soil Mechanics and Foudation
Engineering, pp. 787-788, Hamburg, 1997;

DANZIGER, F. A. B., SANTA MARIA, P. E. L., GONÇALVES, A. V. S., CRISPEL, F. A..


Controle de Qualidade em Fundações: Medidas de Recalques em Prédios desde o
Início da Construção. Anais. Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído,
ENTAC’95, v. 1, pp. 125-130, Rio de Janeiro, 1995;

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.460


.

GOSCHY, B.. Soil-Foundation-Structure Interaction. Journal of the Structural Division,


ASCE, v.104, n. ST5, pp. 749-761, 1978;

GUSMÃO FILHO, J. A.. Contribuição à Prática de Fundações: A Experiência de


Recife. Tese de Concurso para Professor Titular da Escola de Engenharia da UFPE,
Pernambuco, PE, Brasil, 1995;

GUSMÃO, A. D.. Estudo da Interação Solo-Estrutura e sua influência em Recalques


de Edificações. Dissertação de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
1990;

JORDÃO, D. R.. Estabilidade Global de Estruturas de Edifícios sobre Fundações


Profundas considerando a Interação Solo-Estrutura. Dissertação de Mestrado, Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2003;

LOBO, A. S., FERREIRA, C. V., ALBIERO, J. H.. Redistribuição de Carga entre Pilares
de Edifícios. In: XXVIII Jornadas Sul Americanas de Engenharia Estrutural. Anais. São
Carlos, pp. 1545-1554, 1997;

MACGREGOR, J. G.. Reinforced Concrete: Mechanics and Design. 2. ed. Englewood


Cliffs, N. J., Prentice Hall, 1993;

MEYERHOF, G. G.. Some Recent Foundation Research and its Application to


Design. Structural Engineering, v. 31, pp. 151-167, Londres, 1953;

PFEIL, W.. Pontes em concreto armado: elementos de projetos, solicitações,


dimensionamento. Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Rio de Janeiro, 1979;

POULOS, H. G.. Settlement Analysis of Structural Foundation Systems. Proc. Of IV


South-East Asian Conference on Soil Engineering, vol. IV, pp. 52-62, Kuala Lumpur,
Malásia, 1975a.;

STRAP – STRUCTURAL ANALYSIS PROGRAMS. Version 9.0. 2000;

VELLOSO, D. A.; LOPES, F. R.. Fundações. COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 1996.

Anais do 47º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC2005. © 2005 IBRACON. XII.461

Você também pode gostar