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47CBC0207 PDF
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Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar o efeito da deformabilidade das fundações em relação a
estabilidade global de edifícios de concreto armado. O tema é justificável, uma vez que o aumento da
esbeltez das edificações tem exigido dos profissionais de engenharia de estruturas a consideração dos
efeitos de segunda ordem, mediante a verificação do equilíbrio da estrutura na posição deslocada. Além
disso, é evidente que a deformabilidade das fundações, por produzir uma redução de rigidez, favorece a
majoração dos efeitos produzidos pelas ações externas. A metodologia do trabalho baseia-se no emprego
do parâmetro γz e do processo P-∆, considerando molas equivalentes no lugar dos elementos de fundação,
o que confere ao modelo mecânico maior proximidade da situação real. São analisados os esforços
solicitantes atuantes nas estruturas de dois edifícios tomados como exemplo.
Palavras-Chave: deformabilidade das fundações, estruturas de concreto armado, processo P-∆, interação solo-
estrutura, estabilidade global.
Abstract
In this work, the foundations displacements are taking into account to analyze the global stability of
reinforced concrete buildings. This fact is very justifiable because the modern structures have structural
components more slender than old structures. In this way, the displaced structure configuration is extremely
necessary to evaluate the structural balance. The new position of the structure gives new efforts that must be
considered. Furthermore, another efforts are introduced on the structure by the foundation deformations. The
methodology of the work is based on use of the γz parameter and P-∆ process with equivalent elastic springs
in placed of the fundations elements. This approach gives to the mechanical model more reliability compared
with reality. Two reinforced concrete buildings are analyseds and compared.
Keywords: foundation deformation, reinforced concrete structures, P-∆ process, soil-structure interaction, global
stability.
1 Introdução
O comportamento de uma edificação é, sem dúvida, governado pela interação entre os
elementos da superestrutura, da infraestrutura e o maciço de solo. Essa interação global
entre todas as partes de uma construção é denominada de interação solo-estrutura.
É evidente que o fenômeno da interação entre o maciço de solo e a estrutura sempre
existiu. Entretanto, nas obras mais antigas, as dimensões dos elementos estruturais eram
maiores, o que tornava as estruturas mais robustas que as atuais. Esse fato contribuía
para que a influência dos recalques dos apoios fosse pouco significativa em virtude da
magnitude dos elementos estruturais. Tal comportamento não é mais verificado nos dias
de hoje. O maior conhecimento do comportamento dos diversos materiais utilizados na
construção civil, bem como as melhorias significativas nos recursos computacionais,
permite, atualmente, aos engenheiros ousarem na concepção estrutural. Essa ousadia se
traduz em edificações esbeltas, conseqüentemente, mais próximas de seus limites de
resistência e serviço. Dessa maneira, análises que consideram a posição deformada da
estrutura tornam-se imprescindíveis nos projetos atuais. É nesse contexto que a interação
solo-estrutura ganha importância, pois, na verdade, os apoios dos pilares de um edifício
não são indeslocáveis, mas sofrem recalques que introduzem maior flexibilidade à
estrutura como um todo. Por conta disso, a verificação da estabilidade de edificações
considerando a deformabilidade das fundações se torna imprescindível nos projetos
atuais.
Normalmente, o dimensionamento das estruturas é feito considerando que seus apoios
são indeslocáveis com relação as suas restrições, sendo que o dimensionamento das
fundações é realizado a partir dos esforços obtidos mediante essas condições e das
propriedades do solo. Dessa maneira, na estimativa dos recalques, considera-se que
cada elemento de fundação se desloca de maneira independente dos demais; isso
significa, que estrutura e fundação se comportam de modo independente uma da outra,
tal que os efeitos da interação solo-estrutura provocados pela deformação do solo e pela
rigidez da estrutura sejam desprezados.
De maneira geral, o fenômeno da interação solo-estrutura depende de vários fatores tais
como o número de pavimentos do edifício, construções vizinhas, forma da planta do
edifício, entre outros. Com as deformações do solo, ocorrem redistribuições de esforços
nos elementos estruturais, especialmente nos pilares, o que resulta em uma transferência
dos esforços dos pilares com maiores recalques para aqueles com recalques menores até
que haja uma uniformização desses deslocamentos.
O objetivo do presente trabalho consiste em avaliar os efeitos da interação solo-estrutura
na estabilidade global de edifícios de concreto armado. Para isso, são modelados dois
edifícios considerando duas situações diferentes: na primeira, os apoios são considerados
indeslocáveis e a verificação dos efeitos de segunda ordem é realizada por meio do
processo P-∆ e parâmetro γz; na segunda situação, o mesmo procedimento é repetido,
mas com a consideração da deformabilidade das fundações, ou seja, a interação solo-
estrutura. A não-linearidade física do concreto armado é considerada por modelos
simplificados, conforme a NBR 6118:2003. Procura-se com essa metodologia, avaliar as
conseqüências que se têm no âmbito da estabilidade global de um edifício de concreto
armado, quando se utilizam modelos com apoios indeslocáveis, e até que ponto essa
modelagem pode ser considerada segura e representativa.
F = Kv ⋅ w Equação (1)
F = K v .w
w
w
Kv
Figura 1 – Representação do solo por meio de molas [Velloso & Lopes (1996)].
O coeficiente de reação vertical, definido pela Equação 1, pode ser obtido por meio de:
ensaio de placa; cálculo do recalque da fundação real, e; uso de tabelas de valores
típicos.
Em virtude das poucas informações a respeito do perfil geológico (apenas eram
conhecidos os resultados de três sondagens a percussão), utilizaram os resultados
obtidos por meio de ensaio de placa desenvolvido por outros pesquisadores. Aos valores
do coeficiente de reação obtido por meio do ensaio de placa cabe fazer correções de
dimensão e forma. Essas correções são necessárias, pois, o coeficiente obtido por meio
do ensaio não é uma propriedade do solo, mas, uma resposta a uma força aplicada por
uma dada estrutura. Desta maneira, define-se o coeficiente de mola por meio da Equação
2.
1 − ν solo
2
1
Kv = F ⋅ B ⋅ ⋅ Equação (2)
E solo Is
onde:
- Kv, é coeficiente de mola;
- F, é a força média aplicada;
- B, é a menor dimensão da fundação (sapata, viga ou radier);
- νsolo, é o coeficiente de Poisson do solo;
- Esolo, é o módulo de elasticidade do solo, e;
- Is, é o fator de forma da fundação.
Por meio da Equação 2 observa-se que quanto maior a fundação (maior o lado B), menor
o coeficiente Kv, e, quanto mais a forma da fundação se distancia da quadrada ou circular,
tendendo para uma forma retangular mais alongada, também menor é o valor de Kv.
O módulo de elasticidade como também o coeficiente de Poisson foram obtidos por meio
de valores tabelados fornecidos por Bowles (1982).
Em função dos resultados da sondagem a percussão, as fundações dos dois edifícios
foram do tipo rasa, sendo escolhidas sapatas isoladas. As dimensões das sapatas foram
obtidas em função de uma previsão de cargas na fundação. Após todas as análises, a
segurança destas foram verificadas.
Os fatores de forma da fundação também foram obtidos por meio de valores tabelados,
utilizando recomendações de Perloff (1960) apud Velloso & Lopes (1996).
Como as sapatas de fundação geralmente são projetadas com grande altura (sapata
infinitamente rígida), pode-se considerar que a rotação de uma sapata, sujeita a um
determinado momento fletor, seja determinada somente pelo solo. Este critério é
apresentado por Pfeil (1979).
Assim, a rigidez a flexão da sapata pode ser obtida por meio da Equação (3).
K f = K v ⋅ I0 Equação (2)
sendo:
Kf, a rigidez a flexão da sapata;
I0, o momento de inércia da fundação na direção considerada.
A seguir, são apresentadas tabelas com os coeficientes de molas obtidos por meio do
modelo de Winkler.
A Tabela 1 apresenta os resultados utilizados na modelagem do Edifício Spazio Uno e a
Tabela 2, os resultados utilizados na modelagem do Edifício Wassily Kandinsky.
4 Edifícios analisados
O parâmetro γz e o processo P-∆ foram utilizados para verificar a estabilidade global de
dois edifícios reais em concreto armado. O primeiro exemplo analisado foi o Edifício
Spazio Uno de 17 pavimentos, Carmo (1995). A planta de formas do pavimento tipo é
mostrada na Figura 2.
Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 0,38 2662 10,06 26,29 3,00 78,86 0,25 6,76 35,47 3,00 106,42
2 1,25 2662 33,20 31,35 6,00 188,11 0,82 21,82 42,31 6,00 253,85
3 2,37 2662 63,09 31,35 9,00 282,17 1,55 41,34 42,31 9,00 380,78
4 3,60 2662 95,97 35,24 12,00 422,92 2,37 63,01 47,56 12,00 570,72
5 4,89 2662 130,06 35,24 15,00 528,65 3,21 85,41 47,56 15,00 713,40
6 6,15 2662 163,70 37,69 18,00 678,37 4,04 107,65 50,86 18,00 915,45
7 7,37 2662 196,19 41,94 21,00 880,79 4,85 129,15 56,60 21,00 1188,61
8 8,53 2662 227,01 41,94 24,00 1006,62 5,62 149,54 56,60 24,00 1358,41
9 9,61 2662 255,81 41,94 27,00 1132,44 6,33 168,57 56,60 27,00 1528,22
10 10,61 2662 282,36 41,94 30,00 1258,27 6,99 186,07 56,60 30,00 1698,02
11 11,51 2662 306,53 44,60 33,00 1471,96 7,59 201,96 60,19 33,00 1986,38
12 12,33 2662 328,18 44,60 36,00 1605,77 8,12 216,14 60,19 36,00 2166,96
13 13,04 2662 347,29 44,60 39,00 1739,58 8,59 228,61 60,19 39,00 2347,54
14 13,67 2662 363,86 47,35 42,00 1988,66 8,99 239,37 63,90 42,00 2683,66
15 14,20 2662 378,02 47,35 45,00 2130,71 9,33 248,52 63,90 45,00 2875,35
16 14,65 2662 390,06 47,35 48,00 2272,75 9,63 256,27 63,90 48,00 3067,04
17 15,05 2662 400,58 24,61 51,00 1255,21 9,88 263,01 33,21 51,00 1693,89
Σ 3971,96 Σ 18921,84 Σ 2613,20 Σ 25534,72
γz = 1,266 γz = 1,114
Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 1,53 2662 40,83 26,29 3,00 78,86 1,30 34,72 35,47 3,00 106,42
2 3,29 2662 87,52 31,35 6,00 188,11 2,70 71,83 42,31 6,00 253,85
3 5,14 2662 136,75 31,35 9,00 282,17 4,13 109,82 42,31 9,00 380,78
4 7,01 2662 186,57 35,24 12,00 422,92 5,55 147,83 47,56 12,00 570,72
5 8,86 2662 235,79 35,24 15,00 528,65 6,96 185,26 47,56 15,00 713,40
6 10,66 2662 283,68 37,69 18,00 678,37 8,33 221,75 50,86 18,00 915,45
7 12,39 2662 329,73 41,94 21,00 880,79 9,65 257,01 56,60 21,00 1188,61
8 14,03 2662 373,62 41,94 24,00 1006,62 10,92 290,84 56,60 24,00 1358,41
9 15,59 2662 415,11 41,94 27,00 1132,44 12,14 323,10 56,60 27,00 1528,22
10 17,06 2662 454,08 41,94 30,00 1258,27 13,29 353,70 56,60 30,00 1698,02
11 18,42 2662 490,42 44,60 33,00 1471,96 14,37 382,59 60,19 33,00 1986,38
12 19,68 2662 524,07 44,60 36,00 1605,77 15,39 409,72 60,19 36,00 2166,96
13 20,85 2662 555,02 44,60 39,00 1739,58 16,34 435,07 60,19 39,00 2347,54
14 21,91 2662 583,33 47,35 42,00 1988,66 17,23 458,69 63,90 42,00 2683,66
15 22,88 2662 609,13 47,35 45,00 2130,71 18,05 480,68 63,90 45,00 2875,35
16 23,77 2662 632,77 47,35 48,00 2272,75 18,83 501,27 63,90 48,00 3067,04
17 24,60 2662 654,89 24,61 51,00 1255,21 19,56 520,84 33,21 51,00 1693,89
Σ 6593,32 Σ 18921,84 Σ 5184,72 Σ 25534,72
γz = 1,535 γz = 1,255
os valores obtidos para o parâmetro γz (1,266 – direção x e 1,114 – direção y), foram
implementadas novas ações horizontais, conforme item 15.7.2 da NBR 6118:2003. Os
resultados foram semelhantes, aos obtidos pelo processo P-∆, com um acréscimo médio
de 20% nos esforços globais de 1º ordem.
A implementação dos coeficientes de mola na fundação acarretou uma diminuição dos
momentos fletores no pilar P7 (cerca de 44% em relação aos momentos de 1º ordem da
fundação rígida); entretanto, devido à grande deslocabilidade da estrutura motivada pela
deformabilidade da fundação, esta diferença caiu para 27%, após a 3º iteração do
processo P-∆. A Figura 6 apresenta o diagrama de momentos fletores para o pilar P7 em
ambas as situações, ou seja, com fundação rígida e flexível.
51
51
48
48
45 45
42 42
39 39
36 36
33 33
30 30
Cota (m)
Cota (m)
27 27
24 24
21
21
18
18
15
15
12
12
9
6 9
3 6
0 3
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Deslocamentos (cm)
Deslocamentos (cm)
Vento Y Vento Y - 1º Iteração
Vento X Vento X - 1º Iteração
Vento Y - 2º Iteração Vento Y - Def Vento X - 2º Iteração Vento X - Def
Vento Y - 1º Iteração - Def Vento Y - 2º Iteração - Def Vento X - 1º Iteração - Def Vento X - 2º Iteração - Def
Vento X - 3º iteraçao - Def
Figura 5 – Deslocamentos para as duas direções de atuação do vento utilizando o processo P-∆
Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 0,13 5020 6,51 37,21 3,00 111,62 0,17 8,70 45,22 3,00 135,67
2 0,37 5020 18,46 44,38 6,00 266,26 0,46 23,00 53,94 6,00 323,62
3 0,63 5020 31,51 44,38 9,00 399,39 0,75 37,68 53,94 9,00 485,43
4 0,88 5020 44,18 49,88 12,00 598,61 1,03 51,47 60,63 12,00 727,57
5 1,11 5020 55,93 49,88 15,00 748,26 1,27 63,97 60,63 15,00 909,47
6 1,32 5020 66,49 53,34 18,00 960,18 1,49 75,01 64,84 18,00 1167,04
7 1,51 5020 75,72 59,37 21,00 1246,69 1,68 84,43 72,16 21,00 1515,28
8 1,66 5020 83,47 59,37 24,00 1424,79 1,83 92,07 72,16 24,00 1731,75
9 1,79 5020 89,73 59,37 27,00 1602,89 1,95 97,92 72,16 27,00 1948,21
10 1,88 5020 94,62 102,16 30,00 3064,84 2,03 102,05 105,40 30,00 3161,86
Σ 566,62 Σ 10423,52 Σ 636,29 Σ 12105,90
γz = 1,057 γz = 1,055
Direção X Direção Y
Pav yi (cm) Fvi (kN) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m) yi (cm) Md (kN.m) Fhi (kN) Hi(m) M1d (kN.m)
1 0,42 5020 20,98 37,21 3,00 111,62 0,47 23,34 45,22 3,00 135,67
2 0,83 5020 41,62 44,38 6,00 266,26 0,88 44,38 53,94 6,00 323,62
3 1,22 5020 61,39 44,38 9,00 399,39 1,27 63,75 53,94 9,00 485,43
4 1,60 5020 80,07 49,88 12,00 598,61 1,63 81,73 60,63 12,00 727,57
5 1,94 5020 97,54 49,88 15,00 748,26 1,96 98,19 60,63 15,00 909,47
6 2,26 5020 113,65 53,34 18,00 960,18 2,25 113,05 64,84 18,00 1167,04
7 2,56 5020 128,31 59,37 21,00 1246,69 2,51 126,20 72,16 21,00 1515,28
8 2,82 5020 141,46 59,37 24,00 1424,79 2,74 137,55 72,16 24,00 1731,75
9 3,05 5020 153,01 59,37 27,00 1602,89 2,93 147,04 72,16 27,00 1948,21
10 3,25 5020 163,25 102,16 30,00 3064,84 3,08 154,82 105,40 30,00 3161,86
Σ 1001,29 Σ 10423,52 Σ 990,04 Σ 12105,90
γz=1,106 γz = 1,089
Analisando os resultados das Tabelas 10 e 11, nota-se que a estrutura do edifício Wassily
Kandinsk pode ser considerada de nós fixos (γz<1,10), não necessitando levar em conta
os efeitos de segunda ordem para o equilíbrio da estrutura até mesmo quando
implementada a deformabilidade da fundação.
O processo P-∆ foi empregado para avaliação do acréscimo de deslocamentos e esforços
solicitantes por causa dos efeitos de segunda ordem, que de acordo com os resultados do
γz podem ser desprezados.
Na Tabela 12 são apresentados os deslocamentos no topo do edifício utilizando a
combinação freqüente (Ψ1 = 0,30) da NBR 6118:2003, para cada uma das direções de
atuação do vento.
A Figura 6 mostra a deformada do edifício em análise, utilizando os resultados do
processo P-∆.
30 30
27 27
24 24
21 21
18 18
Cota (m)
Cota (m)
15 15
12
12
9
9
6
6
3
3
0
0
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00
Deslocamentos (cm)
Deslocamentos (cm)
Vento X Vento X - 1º iteração Vento X - Def Vento Y Vento Y - 1º iteração Vento Y - Def
Vento X - 1º iteração - Def Vento X - 2º iteração - Def Vento Y - 1º iteração - Def Vento Y - 2º iteração - Def
Figura 6– Deslocamentos para as duas direções de atuação do vento utilizando o processo P-∆ (Wassily
Kandinsk)
Pela figura 6, nota-se que após as iterações do processo P-∆ para as duas direções de
atuação do vento, não ocorreu um aumento significativo nos deslocamentos ao longo da
altura do edifício. Na direção x, ocorreram aumentos de 4,8% e 9,2% nos deslocamentos,
após as iterações do processo, para as situações de fundação não deformável e
deformável, respectivamente; na direção y, esse aumento foi de 4,9% e 8,8%, para as
situações de fundação não deformável e deformável, respectivamente. Com relação aos
esforços solicitantes, a situação foi semelhante; dessa maneira, a estrutura do edifício
Wassily Kandinsk pode ser considerada de nós fixos conforme a NBR 6118:2003.
Analisando a Tabela 12, percebe-se que o edifício não apresentou deslocamentos
horizontais, superiores aos prescritos pela NBR 6118:2003, mesmo quando implementada
a deformabilidade da fundação. Verifica-se, portanto, que a forma da estrutura e a
disposição dos elementos estruturais são fatores preponderantes com relação à
estabilidade das edificações.
Na tabela 13, são apresentados os momentos fletores na base dos pilares do edifício
Wassily Kandinsk.
Por meio desta tabela, verifica-se que ocorre redistribuição dos momentos fletores na
base dos pilares, quando, implementada a deformabilidade da fundação. Observou-se
também, nos resultados da análise, que esta redistribuição ocorre nos esforços normais.
Notou-se também, uma redução significativa dos momentos fletores nos pilares de maior
inércia, quando comparados com os resultados dos momentos fletores obtidos sem a
consideração da deformabilidade da fundação.
6 Conclusão
Este trabalho discutiu a importância da consideração da deformabilidade da fundação
para obtenção de esforços solicitantes de segunda ordem e deslocamentos, no projeto de
edifícios de concreto armado.
Em ambas as análises realizadas, constatou-se que a consideração de fundação flexível,
alterou significativamente os resultados de esforços solicitantes e deslocamentos da
estrutura, quando comparada com os resultados obtidos considerando fundação rígida.
Com relação ao Edifício Spazio Uno, que já apresentava situação crítica com relação à
estabilidade global, a introdução dos parâmetros elásticos do solo, inviabilizou a análise
da estabilidade global pelo parâmetro γz. Nesse caso, o processo P-∆ foi utilizado. Por
meio da análise desenvolvida, constatou-se que esse edifício é altamente deslocável, não
atendendo às restrições de deslocamentos no topo, impostas pela NBR 6118:2003.
No Edifício Wassily Kandinsky, os resultados também foram afetados significativamente
pelas implementações dos coeficientes de mola e flexão, apresentando, porém, boa
condição de estabilidade; após a verificação dos parâmetros γz e processo P-∆, estrutura
pode ser considerada de nós fixos pela NBR 6118:2003. Nessa situação, a análise de
segunda ordem pode ser desprezada.
7 Agradecimentos
Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo apoio
financeiro, por meio de bolsa de doutorado concedida ao primeiro autor, e, à empresa
Aeolus Engenharia e Consultoria S/C Ltda por permitir analisar seu projeto.
8 Referências
ALONSO, U. R.. Previsão e Controle das Fundações. 1a Ed. São Paulo, Edgard
Blucher, 1991;
LOBO, A. S., FERREIRA, C. V., ALBIERO, J. H.. Redistribuição de Carga entre Pilares
de Edifícios. In: XXVIII Jornadas Sul Americanas de Engenharia Estrutural. Anais. São
Carlos, pp. 1545-1554, 1997;