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Seminário – Adriano

Esse ponto é crucial porque a revolução Freudiana encontra-se justamente nele.

“Ora, no final do século XIX, a psicopatologia da vida sexual torna-se uma questão médica.
Os neurologistas, os psiquiatras, e aqueles que mais a frente serão chamados de
sexólogos, tentam esclarecer essas questões. Antes disso, essas questões eram tratadas
pela lei, pela polícia, então ditas as “aberrações da sexualidade” (masoquismo, sadismo,
fetichismo), eram um problema de costumes, de vícios, um crime. Desta forma, a mudança
consistia em na forma de tratamento. O que antes era um criminoso passou a ser um infeliz,
um “doente” que merece tratamento. Nessa época, existia um consenso entorno da
concepção de um instinto genital, que tem uma finalidade biológica de reprodução. Esse
ponto de vista científico ele definia a norma sexual que regulava a divisão entre normalidade
e anomalia. Entre moral e obsceno. Entre aquilo que seria “bom” e “ruim”. Essa concepção
de um instinto genital, que é a concepção da ciência do século XIX. Essa concepção, essa
norma, são recolocadas por Freud, principalmente com a publicação dos três ensaios sobre
a sexualidade. Ele publica esse texto em 1905 e já nas primeiras linhas, ele diz: A anatomia
não é o destino. Agora é interessante como essa frase é atual, ela é contemporânea, no
que se refere aos estudos de gênero e sexualidade. Um Freud lá de 1905 diz: a anatomia
não é o destino. Então, ao recolocar essa norma, principalmente com a publicação dos três
ensaios, Freud afirma que a sexualidade humana ela não está numa relação objetivável,
inatural com uma finalidade biológica de reprodução das espécies, mas sim numa relação
subjetiva, social e linguística com uma finalidade inconsciente de satisfação das pulsões
parciais. Então, esse texto que o Freud vai sustentar que as aberrações sexuais, elas não
são taras, não são desvios em relação a um instinto genital. Elas são apenas uma das
formas da disposição perversa polimorfa que subsiste na sexualidade adulta.

Exemplo: Função sexual das mulheres na época de Freud. Naquela época, era como
pensar que as mulheres eram biologicamente inferiores aos homens. Então o papel sexual
natural da mulher estava na procriação e na maternidade. Apenas alguns daquela época,
principalmente Freud, vão ressaltar que a pretensa inferioridade feminina, pretensa
inferioridade biológica, da fraqueza do espírito fisiológico e a histeria, que era colocada
como inerentes as mulheres, elas deviam ser atribuídas aos efeitos patogênicos da
educação e da moral ditas “civilizadas” que reprimem o interesse intelectual das mulheres
pelas questões sexuais. Ou seja, é a moral burguesa que define o exercício lícito da
sexualidade. Esse texto é a moral sexual civilizada e a doença nervosa moderna, de 1908.

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