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A despeito do Código Civil não conter tipos especiais como no Direito Penal,
consagrou, contudo, um sistema normativo de responsabilidade calcado entre artigos
fundamentais: 186, 187 e 927.
O artigo 186, ao definir o ato ilícito, consagra uma regra geral de responsabilidade
civil, complementada pelos arts. 187 (que define o abuso de direito) e 927. Em
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verdade tal sistema visa coibir comportamentos danosos em atenção ao princípio do
“neminem laedere” (segundo o qual a ninguém é dado causar prejuízo a outrem).
O artigo 187, por sua vez, versa sobre o abuso de direito, o qual consagra uma
responsabilidade objetiva, uma vez que, para aferição do abuso, não se analisa
culpa ou dolo, mas a própria finalidade do agente, é dizer, se ultrapassou ou não os
limites ditados pelo fim social ou econômico, pela boa fé ou bons costumes.
Abuso de direito em ação proposta por terceiro para impedir que mulher realize
aborto: Caracteriza abuso de direito ou ação passível de gerar responsabilidade
civil pelos danos causados a impetração do habeas corpus por terceiro com o fim
de impedir a interrupção, deferida judicialmente, de gestação de feto portador
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de síndrome incompatível com a vida extrauterina. Caso concreto: uma mulher
descobriu que o bebê que ela estava esperando possuía uma má-formação conhecida
como "Síndrome de Body Stalk", que torna inviável a vida extrauterina. Ela
conseguiu uma autorização judicial para interromper a gestação e foi internada com
esse objetivo. Ocorre que um padre descobriu a situação e impetrou um habeas
corpus em favor do feto pedindo que o Poder Judiciário impedisse o aborto. Quando a
mulher já estava há três dias no hospital fazendo o procedimento de aborto, foi
deferida a liminar no HC e determinou-se que o procedimento fosse suspenso e que a
gravidez prosseguisse. A mulher teve que voltar para casa. Alguns dias após, nasceu a
criança, mas morreu menos de duas horas depois do parto (REsp 1.467.888/GO).
a) Conduta Humana
b) nexo de causalidade
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Teorias Explicativas do nexo causalidade
Para esta teoria não haveria diferença entre os antecedentes de um resultado danoso:
tudo aquilo que concorresse para o resultado seria considerado causa.
Para esta teoria, mas objetiva que as antecedentes, causa é o antecedente que
determina o resultado danoso, como consequência sua direta e imediata. Alguns
autores como Gustavo Tepedino e Carlos Roberto Gonçalves, defendem ter sido esta
a teoria adotada pelo Código Civil, em seu art. 403. Contudo, esta matéria está longe
de ser pacífica. Grande parte da doutrina, a exemplo de Cavaliere Filho, a despeito da
dicção do art. 403 do CC, entendem que o Código Civil adotou a teoria da
causalidade adequada. Vem prevalecendo, contudo, que o Código adotou a teoria da
causalidade direta e imediata (Resp 686.208/RJ).
c) Dano ou prejuízo
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Requisitos do dano indenizável
2º A subsistência do prejuízo;
3º A certeza do dano: não se pode indenizar danos hipotéticos. É por isso que não se
pode indenizar o mero aborrecimento.
Em regra, para que o dano seja indenizável é preciso que ele seja certo. Contudo.
mitiga esse terceiro requisito a teoria francesa da perda de uma chance (“perte
d’une chance”). Segundo esta teoria, se alguém, praticando um ato ilícito, faz com
que outra pessoa perca uma oportunidade de obter uma vantagem ou de evitar um
prejuízo, esta conduta enseja indenização pelos danos causados. Em outras palavras,
o autor do ato ilícito, com a sua conduta, faz com que a vítima perca a
oportunidade de obter uma situação futura melhor. Com base nesta teoria,
indeniza-se não o dano causado, mas sim a chance perdida.
Essa teoria vem sendo adotada pelo STJ em sua decisões, contudo, o Tribunal da
Cidadania vem exigindo que o dano seja REAL, ATUAL e CERTO, dentro de um
juízo de probabilidade, e não mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou
incerto, no espectro da responsabilidade civil, em regra não é indenizável.
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Não. Trata-se de uma terceira categoria. Com efeito, a teoria da perda de uma
chance visa à responsabilização do agente causador não de um dano emergente,
tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário entre um e outro,
precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa, que muito
provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado (Resp 1.190.180/RS).
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Responsabilidade civil do advogado, diante de conduta omissiva e culposa, pela
impetração de mandado de segurança fora do prazo e sem instrui-lo com os
documentos necessários, frustrando a possibilidade da cliente, aprovada em concurso
público, de ser nomeada ao cargo pretendido. Aplicação da teoria da "perda de uma
chance (STJ - EDcl no REsp 1321606/MS).
O autor da ação indenizatória pediu reparação por lucros cessantes alegando que o
acidente impediu seu acesso ao cargo que disputava. De acordo com o relator do
recurso, ministro Villas Bôas Cueva, a jurisprudência do STJ admite a
responsabilidade civil e o dever de reparação de possíveis prejuízos com fundamento
na chamada “teoria da perda de uma chance”, desde que fique demonstrado que
havia uma real possibilidade de êxito.
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caso, da teoria da perda uma chance, não havendo falar, portanto, na existência de
lucros cessantes a serem indenizados (Resp 1.591.178- RJ).
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Enunciado 38 da I Jornada: responsabilidade fundada no risco da atividade, como
prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil,
configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar
a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade.
Como se sabe, o estado de necessidade (art. 188, II) e a legitima defesa (art. 188, I,
primeira parte), ao excluírem a ilicitude da conduta, afastam também a
responsabilidade civil.
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Vale lembrar, nos termos do arts. 929 3 930 que, atuando em estado de necessidade
ou legitima defesa, se o agente causar dano a um terceiro inocente, deverá
indenizá-lo, cabendo ação regressiva contra o verdadeiro culpado.
O exercício regular de um direito, a teor do art. 188, I, segunda parte, também exclui
a responsabilidade civil. O STJ já pacificou o entendimento de que a apresentação de
notícia crime, em regra, traduz o exercício regular de um direito (EDC no Resp
914.336/MS). Nessa mesma linha, o STJ já decidiu que o mero ajuizamento de ação
judicial não gera dano moral, uma vez que o autor atua no exercício regular de um
direito (Agrg no AG 1.030.872/RJ).
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Em doutrina, existe grande polêmica a respeito da diferença entre caso fortuito e
força maior. De nossa parte, entendemos que a força maior é o acontecimento
inevitável, ainda que previsível (Ex: furacão); ao passo que o caso fortuito é o
acontecimento marcado pela imprevisibilidade. O próprio Código Civil (Art. 393,
parágrafo único) adotou posição de neutralidade, ao se referir ao caso fortuito e força
maior como um “fato necessário”.
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Sentença penal condenatória e sentença cível que reconhece a ocorrência de
culpa recíproca: Diante de sentença penal condenatória que tenha reconhecido a
prática de homicídio culposo, o juízo cível, ao apurar responsabilidade civil
decorrente do delito, não pode, com fundamento na concorrência de culpas, afastar a
obrigação de reparar, embora possa se valer da existência de culpa concorrente da
vítima para fixar o valor da indenização (REsp 1.354.346-PR).
e) Fato de Terceiro
O fato de terceiro traduz o comportamento causal do verdadeiro agente físico e
jurídico do dano, que deverá assumir a responsabilidade civil.
O STF já assentou entendimento no sentido de que, por acidente com passageiro, a
responsabilidade não pode ser afastada por fato de terceiro.
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7º Responsabilidade Civil Indireta
A denominada teoria da guarda, de origem francesa, sustenta que a responsabilidade
pelo fato da coisa e do animal é da pessoa que detém o poder de comando sobre ela:
em geral, o proprietário é o guardião presuntivo.
a) Fato do animal
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano
por este causado, se não provar culpa da vítima ou força
maior.
b) Fato da coisa
1º Responsabilidade pela ruína
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Ruína, tecnicamente, ocorre quando todo o prédio vem abaixo. Contudo, a doutrina
classifica a ruína em total (quando toda a construção vem abaixo) e parcial (quando
só uma parte da construção vem abaixo). Neste sentido, a responsabilidade pela ruína
é objetiva. É possível reconhecer, com base no art. 946, uma possível solidariedade
entre o dono e o construtor.
Em regra, a vítima deverá demandar a unidade residencial onde proveio a coisa, por
meio da chamada “actio de effusis et dejectis” (ação que a vítima propõe contra a
unidade residencial de onde caiu ou foi lançado o objeto). Salienta-se que o réu desta
ação será aquele que habitar o imóvel (proprietário ou locatário).
Caso a vítima não saiba de qual residência partiu o objeto, aplica-se a chamada teoria
da causalidade alternativa. Segundo essa teoria, quando não se puder identificar
concretamente o responsável pelo dano, imputa-se alternativamente a
responsabilidade. Assim, ação deverá ser proposta contra o condomínio, uma vez que,
em tese, todos os condôminos poderiam ser responsáveis pela queda. A
jurisprudência, contudo, sustenta que se houver moradores em blocos ou fachadas de
onde seria impossível a queda ou arremesso, eles deverão ser excluídos da
responsabilidade.
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8º Responsabilidade Civil por ato de terceiro
Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos,
terão responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do
art. 928 do CC.
a) Subsidiária: porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios
para ressarcir a vítima.
A vítima de um ato ilícito praticado por menor pode propor a ação somente
contra o pai do garoto, não sendo necessário incluir o adolescente no polo
passivo: Em ação indenizatória decorrente de ato ilícito, não há litisconsórcio
necessário entre o genitor responsável pela reparação (art. 932, I, do CC) e o menor
causador do dano.
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É possível, no entanto, que o autor, por sua opção e liberalidade, tendo em conta que
os direitos ou obrigações derivem do mesmo fundamento de fato ou de direito,
intente ação contra ambos – pai e filho –, formando-se um litisconsórcio facultativo e
simples.
Ex: Lucas, 15 anos de idade, brincava com a arma de fogo de seu pai e, por
imprudência, acabou acertando um tiro em Vítor, que ficou ferido, mas sobreviveu.
Vítor ajuizou ação de indenização por da nos morais e materiais contra João (pai de
Lucas). Não era necessário que Vítor propusesse a ação contra João e Lucas, em
litisconsórcio. Vale a pena esclarecer, no entanto, que seria plenamente possível que o
autor (vítima) tivesse, por sua opção e liberalidade, ajuizado a ação contra ambos (pai
e filho). Neste caso, teríamos uma hipótese de litisconsórcio: facultativo e simples.
O art. 932, I do CC, o se referir à autoridade e companhia dos pais em relação aos
filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade parental não se esgota na
guarda), compreendendo um plexo de deveres, como proteção, cuidado, educação,
informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e
diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores
venham a causar danos.
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Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do filho menor
simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu filho no
momento da conduta (REsp 1.436.401/MG).
OBS: Perceba que o que foi decidido no Resp 1.202.843 parece conflitar com o
decidido no REsp 1.436.401/MG. Na humildade opinião desse autor, é preciso
distinguir as duas situações: o simples fato de o genitor não está fisicamente ao lado
do menor não exclui sua responsabilidade (REsp 1.436.401/MG).. Contudo, se ficar
constatado que o genitor, de forma permanente, por morar em outra localidade, não
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teria como evitar o dano, é possível afastar sua responsabilidade (REsp 1.232.011-
SC). Entendo que foi isso que o STJ quis dizer.
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Diferentemente do Código de 16, que consagrava presunções de culpa, novo Código
Civil, no que tange a responsabilidade por ato de terceiro (art. 932), consagrou a
responsabilidade objetiva do representante pelo representado.
9º Dano Moral
a) Conceito
Dano moral é a lesão a direito da personalidade.
b) Quantificação do dano
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Doutrinariamente, a respeito da quantificação do dano moral, existem dois sistemas
básicos:
c) Dano Bumerangue
Segundo Salomão Rosedá, em sua obra “A função social do dano moral”, este tipo de
dano traduz uma situação em que o próprio infrator, como consequência de seu
comportamento anterior danoso, sofre um prejuízo causado pela própria vítima,
resultando em uma compensação de danos.
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860.705 e 910.764), teoricamente é traduzida no que se convencionou chamar de
teoria do desestímulo, oriunda do instituto do “Punitive Damages” do direito norte
americano.
Enunciado nº 379 da IV Jornada: O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a
possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade
civil
STJ – Súmula 498: Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos
morais.
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b) o que se entende por dano “in re ipsa”?
Esta expressão remete-nos a ideia do dano que, pela sua gravidade ou reiteração,
dispensa prova em juízo, é dizer, o dano é presumido.
1º Ofensa à dignidade da pessoa humana: dano moral “in re ipsa”: Sempre que
ocorrer ofensa injusta à dignidade da pessoa humana restará configurado o dano
moral, não sendo necessária a comprovação de dor e sofrimento. Trata-se de dano
moral in re ipsa (dano moral presumido) (REsp 1.292.141-SP).
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Alguns exemplos dados por Junqueira de Azevedo: o pedestre que joga papel no
chão, o passageiro que atende ao celular no avião, o pai que solta balão com seu filho.
Tais condutas socialmente reprováveis podem gerar danos como o entupimento de
bueiros em dias de chuva, problemas de comunicação do avião causando um acidente
aéreo, o incêndio de casas ou de florestas por conta da queda do balão etc.
5º Em uma ação individual por danos morais, o juiz ou Tribunal pode, de ofício,
condenar o autor do ilícito a indenizar a coletividade por danos sociais?
Não. É indispensável o pedido expresso (STJ – Rcl 12.062-GO).
6º E se o autor tivesse pedido a condenação por danos sociais, seria possível seu
deferimento?
NÃO. Mesmo que houvesse pedido de condenação em danos sociais na demanda em
exame, o pleito não poderia ter sido julgado procedente, pois esbarraria na ausência
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de legitimidade para postulá-lo. Isso porque, na visão do STJ, a condenação por
danos sociais somente pode ocorrer em demandas coletiva e, portanto, apenas os
legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam pleitear danos sociais.
Em suma, não é possível discutir danos sociais em ação individual. (STJ – Rcl
12.062-GO).
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4º STJ – Súmula 145: No transporte desinteressado, de simples cortesia, o
transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado
quando incorrer em dolo ou culpa grave.
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Segundo o STJ, em se tratando de família de baixa renda, presume-se que o filho
contribuiria para o sustento de seus pais, quando tivesse idade para passar a exercer
trabalho remunerado, dano este passível de reparação, na forma do inciso II do art.
948.
Para calcular o valor desta pensão e o seu turno final, o STJ utiliza os seguintes
critérios:
a) No período em que o falecido teria entre 14 anos e 25 anos: os pais devem receber
pensão em valor equivalente a 2/3 do salário-mínimo;
b) No período em que o filho falecido teria acima de 25 anos até 65 anos: os pais
devem receber pensão em valor equivalente a 1/3 do salário-mínimo.
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Vale ressaltar que o autor do delito deverá pagar aos pais do falecido, no final de
todos os anos, uma parcela extra desta pensão, como se fosse um 13º salário que teria
direito o filho caso estivesse vivo e trabalhando (Resp 555.036/MT). Contudo, para
inclusão do 13º salário no valor da pensão indenizatória é necessário a comprovação
de que a vítima exercia atividade laboral na época em que sofreu o dano morte (Resp
1.279.173/SP).
STF - Súmula 491: é indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda
que não exerça trabalho remunerado.
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(direitos da personalidade). A dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação podem ser
consequências do dano moral, mas não a sua causa. Dano moral: é a ofensa a
determinados direitos ou interesses. Basta isso para caracterizá-lo. Dor, sofrimento,
humilhação: são as consequências do dano moral (não precisam necessariamente
ocorrer para que haja a reparação) (REsp 1.245.550/MG).
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