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FORMAÇÃO HUMANA EM UMA UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA:

DIMENSÕES DE SOCIALIZAÇÃO

Lucas Josias Marin, Universidade do Vale do Itajaí


Regina Célia Linhares Hostins, Universidade do Vale do Itajaí

Agência Financiadora: CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal


de Nível Superior)

Eixo Temático: Linguagens: constituição de sujeitos

Resumo
Este texto analisa como a convivência acadêmica aparece e se traduz nos Planos de
Desenvolvimento Institucional de 2012-2016 e 2017-2021 de uma universidade
comunitária do Rio Grande do Sul. Para atender a este objetivo debatemos sobre a
formação humana no ensino superior em especial a partir da socialização entre
discentes. Realizamos uma pesquisa documental nos PDIs indicados e neles aplicamos
a análise textual discursiva. Seguindo este referencial percorremos os documentos e
localizamos 23 trechos que mencionavam a convivência acadêmica. Percebemos que
estes trechos se agruparam em quatro eixos de significado distintos: indicação de
espaço arquitetônico, abertura e coexistência, abertura e inclusão e abertura e
convivência. Estes eixos deram origem ao instrumento espectro de socialização. Este
nos ajudou a observar a presença e o tipo de socialização na universidade ao longo do
tempo. Nos pautamos pela teoria da alteridade de Emmanuel Levinas e da relação Eu-
tu de Martin Buber. Ao final da pesquisa encontramos indícios que a universidade
estudada incentiva a socialização entre seus discentes, em especial a convivência.

Palavras chave: Convivência acadêmica; Universidade comunitária,


socialização no ensino superior

Introdução

Historicamente a universidade tinha como objetivo a transmissão de


conhecimento. A prioridade dos estudos era o trivium, ou seja, os estudos de
gramática, retórica e dialética e o quadrivium, neste caso, música, aritmética,
geometria e astronomia (McCowan, 2016). Com o passar dos séculos esse
cenário alterou-se e a instituição universidade adaptou-se a nova realidade. A
partir do século XIX, com o relatório sobre a Universidade de Berlim, Wilhelm
von Humboldt, estruturou os pilares da universidade seguidos até os dias atuais:
pesquisa, ensino e extensão (Humboldt, 2003).
A universidade vem passando por momentos de ajustes às novas
demandas sociais e mercadológicas. McCowan (2016) destaca a fragmentação
da instituição. Ela já não é mais uma unidade coesa, ela vem desmembrando-
se. Oferece serviços modulares para reduzir custos e para aumentar a
lucratividade. Este movimento vem sendo observado nos mais diferentes
modelos de universidade.
No Brasil destacam-se, principalmente três modelos de universidade:
pública estatal, pública não-estatal e privada (Fioreze, 2017). Universidade
pública estatal é gerida pelo Estado, os recursos para sua manutenção e os
recursos humanos são provenientes do Estado. A universidade pública não-
estatal, também conhecida como comunitária, tem sua gestão pautada em uma
fundação sem fins lucrativos, todos os resultados financeiros são reinvestidos na
própria instituição e nas atividades fim da universidade e, de maneira geral, tem
sua origem na busca por soluções de demandas regionais. A universidade
privada é uma entidade com fins lucrativos, tem um dono, ou grupo de acionistas,
é uma empresa educacional (Bertolin & Dalmolin, 2014).
Mesmo havendo diferenças na forma de gestão destes três modelos, uma
universidade deve ir além da aprendizagem técnica que visa somente a
aquisição de conhecimentos aplicados ao mercado de trabalho, a universidade
também tem um papel na formação humana de seus alunos (Hansen, 2001).
Formação humana pode ser entendida como a aquisição de habilidades de vida
tais como formação crítico-reflexiva, compreensão do mundo, da sociedade e do
ser humano (Goergen, 2014).
O ambiente acadêmico é um espaço fértil para o relacionamento entre
pessoas, pois há circulação do conhecimento e diversidade de ideias e
posicionamentos. Ancorando-se em autores como Emmanuel Levinas (1906-
1995), Martin Buber (1878-1965) e Claude Dubar (1945-2015) debatemos a
importância da relação com o Outro, quando Tu, para a formação humana do
sujeito na universidade.
Este Outro, referido por Levinas (1980), deve ser entendido como infinito
pois ele é inalcançável. O Outro não pode ser reduzido a um outro Eu. A gama
de experiências que esse sujeito vivenciou jamais pode ser imaginada e
compreendida pelo Eu. Para este Outro ser visto como Outro e haver
acolhimento em sua plenitude e vastidão o Eu precisa abertura.
O resultado da relação do Eu com a infinitude do Outro não gera uma
síntese. A síntese somente é possível quando se conhece integralmente todas
as partes. O que é gerado na relação é um novo Eu. Um Eu carregado com
algumas percepções de partes que o Outro expôs (Kuiava, 2003).
Desprendemos disso que o Eu somente se forma na presença do Outro/Tu.
Neste sentido, podemos aproximar este posicionamento com a relação
Eu-Tu (Buber, 2001). O autor indica que para um relacionamento genuíno entre
as pessoas deve-se aproximar-se do Tu sem intenções objetivas, deve haver
presença e reciprocidade. O Tu não está a favor do Eu. Ele está junto ao Eu,
assim formando-se mutua e conjuntamente a partir do encontro dialógico. Dubar
(2005) reforça que é na socialização que o sujeito se forma.
No contexto educacional o Outro também desempenha um papel
fundamental. A escola e a universidade são ambientes de socialização. Além
disso, a abertura à percepção do conhecimento de vida do Outro permite que eu
ultrapasse as próprias experiências. O movimento de acolhimento é um
movimento de aprendizagem (Marin, 2018).
É a partir desse referencial que surge o conceito de convivência
acadêmica. É um nível de socialização, dentro do ensino superior,
despreocupado com um fim técnico ou de aprendizagem circunscrita a um
conteúdo. A convivência acadêmica é estar com o Outro, completamente aberto
a ele, independentemente de sua origem, classe social, etnia ou quaisquer
diversidades. Aprendendo a ser humano em um processo pautado no diálogo
(Marin, 2018).
Sendo assim, pretendeu-se analisar como a convivência acadêmica
aparece e se traduz nos Planos de Desenvolvimento Institucional de 2012-2016
e 2017-2021 de uma universidade comunitária do Rio Grande do Sul. Este
trabalho tem como origem os resultados alcançados ao longo do percurso do
mestrado em educação.
Para garantir o sigilo da instituição estudada utilizaremos a sigla ICES
(Instituição Comunitária de Ensino Superior) para nos referirmos à ela, inclusive
nas referências bibliográficas.
Metodologia

A pesquisa que originou este texto foi realizada no curso de Mestrado em


Educação e caracterizou-se por ser uma exploração documental de cunho
qualitativo. Isto nos levou a observar e tratar os dados de modo a identificar o
significado latente. Muito embora também tenhamos nos valido de gráficos para
apresentarmos a distribuição das menções ao longo dos capítulos dos
documentos, esses objetivaram estimular também o debate qualitativo.
Todas as etapas de coleta dos dados e elaboração do relatório foram
guiadas pelo princípio indiciário, isto é, como um detetive, o pesquisador vai
seguindo as pistas em busca de uma resposta ao problema exposto (Ginzburg,
2003). Para tal, observamos o significado subjacente ao explícito, seguimos a
metáfora utilizada por Stecanela (2010), fomos escavando os significados
subjacentes das palavras. Este processo é carregado de particularidades, ou
seja, o leitor/pesquisador escava à sua maneira, a partir de seus próprios filtros,
é uma tradução.
Para a elaboração da dissertação utilizamos os dois últimos Planos de
Desenvolvimento Institucional (PDI) de uma universidade comunitária do Rio
Grande do Sul. O anterior referente ao período 2012-2016 e o atual referente ao
período 2017-2021. PDI é um documento exigido de todas as Instituições de
Ensino Superior Brasileiras (IES) pelo Ministério da Educação (MEC). Neste
documento são expostos os princípios que regem a IES e os objetivos dela pelos
próximos quatro anos (Brasil, Ministério da Educação, 2006).
Obtivemos acesso a estes documentos a partir da própria instituição. O
PDI anterior estava disponível no site da universidade e o atual ainda estava em
período de construção quando os dados foram coletados. Este foi compartilhado
pelo departamento responsável pela elaboração. Mesmo com o documento em
fase de redação final decidimos utiliza-lo, pois, a universidade informou que não
haveria mais mudanças no conteúdo, somente na apresentação.
A partir destes documentos foi realizada uma leitura inicial para identificar
passagens que apresentavam de maneira literal a palavra convivência. Foram
localizadas 12 menções. Após a leitura de aproximação foi realizada uma leitura
crítica com objetivo de identificar o conceito de convivência acadêmica quando
não foi exposto de modo literal. Nesta leitura foram destacadas 11 menções
(Marin, 2017).
Para se chegar nestes resultados utilizamos uma tabela com a transcrição
dos trechos. Este movimento possibilitou a observação e agrupamento dos
trechos em eixos de significado semelhantes (Marin, 2017).
Ao final da identificação dos itens que foram analisados utilizamos o
referencial da análise textual discursiva (Moraes & Galeazzi, 2007). Com a ajuda
desta abordagem desconstruímos o texto, unitarizamos os significantes e
agrupamos os itens com conceituação semelhante em eixos de significado. Este
movimento permitiu o agrupamento, a posteriori, em quatro eixos de significado,
quais são: (1) indicação de espaço arquitetônico, (2) abertura e coexistência, (3)
abertura e inclusão e (4) abertura e convivência (Marin, 2017).

Discussão dos dados

Para debater os dados de modo individual dividimos esta sessão do texto


nos quatro eixos de significado que emergiram durante a pesquisa. Porém, antes
de entrar nos dados, consideramos importante apresentar os eixos de significado
e sua estrutura, entendemos que estes também são resultados da pesquisa.
Os trechos agrupados no eixo de significado Indicação de Espaço
Arquitetônico fazem menção ao local onde o Diretório Central dos Estudantes
tem sua sala sede, ou seja, no Centro de Convivência da universidade. O trecho
aparece de modo literal nas duas edições do PDI da seguinte maneira: “o DCE
possui sede no Centro de Convivência da Instituição no Campus Central na
Cidade Universitária [Grifo nosso]” (ICES, 2012, p. 110; ICES, 2017, p. 96).
Por ser uma indicação física e não uma política estes dois trechos não
foram analisados criticamente. Caberia uma análise aprofundada na motivação
em nomear o espaço como Centro de Convivência, porém não foi o foco da
pesquisa.
Também seria interessante debruçar-se sobre a ausência menções nos
PDIs sobre as salas de convivência nos diretórios acadêmicos, bibliotecas, salas
de pesquisa e laboratórios. Estes espaços existem e são usados na
universidade, porém não aparecem nos textos.
No eixo de significado Abertura e Coexistência ficaram os trechos que
estão direcionados às políticas de tolerância à diversidade na universidade. As
menções aqui agrupadas indicam a importância da aceitação do diferente,
porém não incentivam o relacionamento entre as pessoas. Dentro deste contexto
foram localizados cinco trechos, dois no PDI anterior e três no PDI atual.
A instituição universidade, principalmente nas duas últimas décadas,
começou a receber uma gama maior de alunos de diferentes classes sociais,
regiões, religiões e etnias. Este movimento trouxe diversidade para o ambiente
universitário (Goergen, 2014). O aumento do número de menções indica a
percepção da universidade em relação a necessidade de um ambiente aberto a
tolerância (Marin, 2017).
Destacamos um trecho para tipificar e debater o posicionamento da
universidade. “Os interesses institucionais deverão sobrepor-se aos particulares,
assegurada a convivência na diversidade [Grifo nosso]” (ICES, 2012, p. 16;
ICES, 2017, p. 20).
Nesta menção, em especial no destaque, percebemos um movimento por
parte da instituição em busca de um espaço aberto, de múltiplos
posicionamentos e aceitação. No entanto, esta política não assegura a
aproximação entre as pessoas, apenas indica que, minimamente, os indivíduos
precisam tolerar-se e aceitar a presença um do outro.
Para além da tolerância da diversidade entendemos a inclusão. Com esta
percepção a diversidade não é apenas aceita, mas também incluída com
equidade, por este motivo merece especial destaque em relação à coexistência.
A partir desta percepção identificamos o eixo de significado Abertura e Inclusão.
Nele foram destacados três trechos, um no PDI anterior e dois no atual (Marin,
2017).
Apontamos um trecho que traduz a motivação da universidade em incluir
as pessoas. Nele a instituição objetiva “intermediar ações que visem eliminar
barreiras arquitetônicas, culturais e sociais, propiciando uma convivência
estudantil universitária [grifo nosso] livre de segregação, de discriminação e
de exclusão de qualquer natureza” (ICES, 2012, p. 110; ICES, 2017, pp. 95-96).
A presença do diferente não pode ser apenas vista como um ato de
inclusão. A presença do diverso deve ser superada e a diferença deixada de
lado. A completa abertura e acolhimento do Outro não é pautada pela diferença
(Levinas, 1980).
Entendemos que as políticas de inclusão e busca de equidade são
importantes e justas. Porém, dentro de um contexto de socialização, não pode
ser o fim em si mesma. A inclusão deve levar à convivência, a total e completa
abertura ao Outro.
Quando observamos os trechos destacados no eixo de significado
Abertura e Convivência percebemos que ultrapassam a coexistência e a inclusão
sob diferentes vieses. Aqui a diversidade é ignorada e a inclusão se dá
naturalmente. Os trechos indicam a total aceitação do outro em sua forma de
ser, independentemente qual for incentivando a socialização entre os discentes.
Neste eixo foram localizados treze trechos, seis no PDI anterior e sete no atual
(Marin, 2017).
Observemos:
“Outrossim, ações voltadas para o acolhimento dos estudantes são importantes
para o desenvolvimento do sentimento de pertença. Como exemplo citamos os
clubes e as ligas acadêmicas, que têm a finalidade de reunir os estudantes em
torno de uma temática, com vistas à produção de conhecimentos, à socialização
e ao estabelecimento de vínculos [grifo nosso]” (ICES, 2017, p. 41).
O trecho destacado aponta o esforço da instituição em aproximar as
pessoas e fazer do ambiente acadêmico um espaço comum. Isto está alinhado
com as perspectivas de integração ao ensino superior (Igue, Bariani, Milanesi,
2008).
O estabelecimento de vínculos entre os discentes e entre discentes e
docentes fortalece o desenvolvimento pessoal (Endo & Harpel, 1982). O
fortalecimento destes vínculos favorece a integração ao ensino superior e
diminui as taxas de evasão e descontentamento com a escolha do curso (Igue,
Bariani, Milanesi, 2008).
Ao finalizar a análise dos resultados observamos que os eixos de
significado formaram uma escala de socialização. A abertura e coexistência
denota menos proximidade entre as pessoas enquanto abertura e convivência
aponta maior relação, enquanto abertura e inclusão se posiciona
intermediariamente (Marin, 2017).
A partir desta observação estruturamos um instrumento que pode ajudar
a identificar a presença da socialização em uma instituição. Este mesmo
instrumento, quando sobrepostos os dados de diferentes épocas, também auxilia
na observação de mudanças nas políticas de socialização longo do tempo.
Denominamos este instrumento como espectro de socialização (Marin, 2017).
Para completar o espectro inserimos, à esquerda no nível mais baixo de
socialização, o ponto Contraposição. Este conceito indica que não há
relacionamento com o Outro. O Outro é ignorado e há tentativa de dizimá-lo. Nos
estudos sobre os PDIs não foram localizados trechos que denotam este sentido.
O conceito foi elaborado em nível teórico (Marin, 2017).

Figura 1. Modelo de Espectro de Socialização.


Fonte: Marin (2017)

O espectro referente ao PDI 2012-2016 aponta uma concentração de


menções no eixo Abertura e Convivência. Entendemos isto como um movimento
da instituição em busca de incentivar a socialização entre os discentes.

Figura 2. Espectro de Socialização formulado a partir dos trechos extraídos do PDI 2012-2016.
Fonte: Marin (2017)

Ao observarmos o espectro do PDI 2017-2021 notamos que houve


incremento de menções nos eixos de Abertura e Coexistência, Abertura e
Inclusão e Abertura e Convivência. Mais uma vez é possível perceber maior
ênfase no eixo de Abertura e Convivência. Este número tende a indicar que a
universidade tem uma tendência histórica de preocupar-se com o aspecto
humano de seus alunos. Incentiva a garantia de direitos da diversidade, busca a
equidade entre os discentes e propaga a intenção que todos socializem.

Figura 3. Espectro de Socialização formulado a partir dos trechos extraídos do PDI 2017-2021.
Fonte: Marin (2017)

Este instrumento permite que observemos ao longo do tempo as


modificações que uma instituição pode apresentar em relação à socialização. Ao
sobrepormos os resultados de cada período vemos que a universidade em
questão tem aumentado sua preocupação com a socialização entre os
discentes. Em todos os níveis a universidade incluiu uma menção em seus PDIs.

Figura 4. Espectro de Socialização formulado a partir da sobreposição dos resultados individuais dos PDIs
2012-2016 e 2017-2021.
Fonte: Marin (2017)

O espectro foi elaborado desta forma por ser em formato de escala


crescente, sem pontos exatamente fixos. As cores foram escolhidas
aleatoriamente, mas a mudança de tonalidade representa que entre os quatro
eixos destacados cabem infinitos outros. Da mesma forma como antes e depois
do primeiro e último ponto (Marin, 2017).

Considerações finais

Trazemos aqui a importância da relação com o Outro para a superação


das crises que a sociedade vem enfrentando diariamente. A superespecialização
das disciplinas científicas e o distanciamento que algumas tecnologias digitais
estão gerando são alguns exemplos. A espécie humana só consegue evoluir e
criar conhecimento a partir da intersecção de áreas e, para isto acontecer, deve
haver relacionamento entre as pessoas. Além disso, é importante destacar a
relevância da formação humana. É a partir do Outro que o Eu surge (Levinas,
1980) e é na relação dialógica que nos tornamos humanos (Dubar, 2005)
Sabemos que a universidade enfrenta demandas muitas vezes
contraditórias. Ela precisa dar conta da formação técnica para o mercado de
trabalho e também precisa formar criticamente seus alunos (Goergen, 2014).
Infelizmente, de maneira geral, muitas instituições têm pendido para a formação
para o mercado e deixado de lado a formação humana.
Acreditamos que o incentivo na convivência acadêmica é um dos
caminhos pelos quais as universidades podem dar atenção à formação humana
sem perder de vista a formação técnica de seus alunos (Marin, 2017). Na relação
com o Outro ele pode aprender as habilidades de vida. Além disso, “se
aceitarmos que a convivência é um tipo de socialização, precisamos admitir que
ela é fundamental para o desenvolvimento e constituição do Eu” (Marin, 2018, p.
97).
Ao finalizar a pesquisa observamos que a instituição, ao longo das últimas
duas versões de seus PDIs, tem criado políticas de incentivo à socialização.
Além disso, tem demonstrado que um de seus princípios filosóficos é a formação
humana de seus alunos (Marin, 2017). Esta universidade assume de fato, pelo
menos em nível de políticas, o papel de ser uma instituição socializadora
É necessário frisar que, por ser uma pesquisa de caráter documental, não
temos acesso à percepção de concretização destes por parte da comunidade
acadêmica, em especial dos discentes. Seria importante um alargamento da
pesquisa em direção à estas percepções, ou seja, avaliar se as políticas da
instituição estão sendo de fato vivenciadas na prática.

Referências

BUBER, M. Eu e tu. Tradução Newton Aquiles Von Zuben. 8. ed. São Paulo:
Centauro, 2001.
DUBAR, C. A socialização: Construção das identidades sociais e
profissionais. Tradução Andréa Stahel M. Silva. São Paulo: Martins Fontes,
2005.
ENDO, J. J.; HARPEL, R. L. The effect of student-faculty interaction on
students’ educational outcomes. Research in Higher Education, v. 16, n. 2, p.
115-138, 1982.
GINZBURG, C. Mitos, emblemas, sinais: Morfologia e história. Tradução
Federico Carotti. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
ICES. Plano de Desenvolvimento Institucional 2017-2021. Versão de abril
de 2017. Cidade X, Brasil, 2017b.
KUIAVA, E. A. Levinas e o processo de destituição da subjetividade
monológica kantiana. In: KUIAVA, E. A. (Ed.).Subjetividade transcendental e
alteridade: Um estudo sobre a questão do outro em Kant e Levinas. Caxias do
Sul: EdICES, 2003. p. 143-219.
LEVINAS, E. Totalidade e infinito. Tradução José Pinto Ribeiro. Lisboa:
Edições70, 1980.
MARIN, L. J. Formação humana na ICES: Convivência acadêmica em foco.
Caxias do Sul, Brasil: ICES, 2017.

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