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JORGE BOAVENTURA
Mas qual foi a origem de tais esforços a que nos referimos? Foi a antinomia
entre as imposições decorrentes da ética decorrente das nossas raízes judaico-cristãs, no que
tange o exercício da atividade econômica que, segundo aquela ética, deve ter como objetivo
fundamental a realização do bem comum, e não o lucro pelo lucro.
Por tudo isso, Jean Madiran considerou o artigo 6º como mais influente sobre a
nossa civilização do que o emprego da pólvora, a invenção da imprensa e a Reforma. Quanto
ao direito depender das maiorias eventuais e volúveis de legisladores, estas são constituídas e
manipuláveis por quem tenha o controle dos meios de influência sobre os sentimentos e
opções dos eleitores -e quem tem tal controle são os que geraram e controlam o Baal Moloch
e cujo símbolo maior era o World Trade Center, emblemático do poder transnacional apátrida
o qual tem funcionado como uma espécie do que designamos "nação pluriestatal", de vez que
é constituída pelos que, de procedências culturais e étnicas diversas, cultuam o mesmo ídolo e
integram as mesmas lutas, os mesmos objetivos e os mesmos valores ou desvalores, o que
lhes dá o status de nação.
Exemplos? Na ONU têm assento, hoje, cerca de 200 Estados. De sua estrutura,
apenas 20% compõem o Conselho de Segurança, dentro do qual existem cinco que se
atribuíram o "direito de veto", em caráter permanente, bastando o veto de um único deles para
invalidar qualquer resolução, ainda que adotada pelos demais Estados do mundo que ali se
fazem representar. Seriam esses cinco algo homogêneo e exemplificador? Absolutamente. O
que têm em comum, então, os detentores do "direito" de veto? Um devastador poder militar.
A ordem internacional "democrática" vive sob a inquestionável égide do mais forte, não do
mais generoso ou mais justo. Que o digam os dois terços de miseráveis do mundo. Os brutais
e desumanos atentados contra o WTC foram feitos por desesperados que, ao ceifar tantas
vidas, imolaram também as próprias vidas. Desesperados contam, na dimensão tática, com a
surpresa; na estratégica, com o simbolismo que consigam imprimir às suas ações.
A nossa civilização está ruindo, como temos anunciado há quatro anos. Sobre os seus
escombros começa a despontar outra melhor. Disso é sintoma a tomada de consciência, em
nível mundial, de que não é com violência que se combate a violência, mas com amor e
justiça. Está operando o segundo plano da história: o plano providencial, em que já tão
poucos, com coerência, crêem.
Jorge Boaventura de Souza e Silva, 80, ensaísta e escritor, é conselheiro do Comando da ESG
(Escola Superior de Guerra).