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1o Encontro Nacional MMM
1o Encontro Nacional MMM
ÍNDICE APRESENTAÇÃO
Este Caderno traz pequenos textos de subsídio para debate no I Encontro Nacional da
Apresentação...................................................................................3 Marcha Mundial das Mulheres, que acontece de 25 a 28 de maio de 2006, em Belo Hori-
zonte (MG).
Histórico...........................................................................................4
Os temas nas mesas de debate foram definidos a partir de nossos eixos de atuação no
Mercantilização................................................................................7 Brasil e no mundo, mas também lacunas, temas que necessitamos incorporar nas nossas
análises e ações.
Trabalho............................................................................................10
Eles não esgotam a realidade das mulheres e dos desafios da conjuntura, mas são nosso
Soberania Alimentar........................................................................12 ponto de partida. Os textos são introdutórios e certamente outros pontos de vista e conteúdos
serão debatidos durante o Encontro.
Racismo............................................................................................15
Também publicamos extratos do documento produzido pelo Comitê Internacional prepa-
Violência...........................................................................................17 ratório ao 6º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres.
Estamos construindo a Marcha Mundial das Mulheres como um movimento com identi-
Sexualidade......................................................................................19
dade política em processo e com capacidade organizativa para reverter a balança de poder
Aborto...............................................................................................23 a favor das mulheres.
Este nosso I Encontro é um momento importante de consolidação e nosfortalecimento. O
Prostituição.......................................................................................25
debate político e a ação nos alimentam.
Educação...........................................................................................29
Brasil, maio de 2006.
Reforma urbana...............................................................................32
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Hoje cada vez mais jovens sofrem com transtor- pornografia, seja na forma como nos expõe na pu- palavra de ordem “Nossa luta é todo dia, somos e padrões de beleza já foram realizados em vários
nos alimentares como bulimia, anorexia, doenças blicidade e manipula nossos sonhos e desejos para mulheres e não mercadoria!” e posteriormente Estados. Existe desde 2004 a iniciativa de reunir
que estão entre as principais causas de mortes das aumentar o consumo. A reprodução da opressão pela elaboração de uma crítica radical aos padrões essas ações e debates em uma ação nacional, uma
jovens segundo a Organização Mundial de Saúde. machista, que mantém as mulheres dependentes e impostos de beleza, consumo e comportamento, as Ofensiva contra a Mercantilização do Corpo e da
As cirurgias de redução do estômago lembram as vulneráveis, é fundamental para que as empresas mulheres da Marcha já tem experiência, mas pouca Vida das Mulheres. Diferente de uma campanha,
cirurgias de retirada de parte do cérebro de pesso- transnacionais possam continuar superexploran- sistematização sobre o tema como um todo. Ações a Ofensiva não teria uma reivindicação específica,
as diagnosticadas como doentes mentais no sécu- do sua força de trabalho invisível. O trabalho das de colagem de cartazes, intervenção em cartazes mas buscaria desenvolver a reflexão, as formas de
lo XIX. Uma companhia americana patenteou um mulheres é utilizado como mercadoria barata nos publicitários, ações de rua com batucada, debates expressão e as ações feministas contra o machismo
tratamento para obesos à base de eletro-choques. empregos precários, no setor informal e também sobre letras de música, publicidade na TV, revistas na sociedade de mercado.
À imposição da magreza, somam-se o poder in- nos lares. O capital também sobrevive e cresce re-
questionável da ciência e dos médicos e da ideo- passando para o âmbito privado os custos do bem-
logia da eficiência e das soluções imediatas típicas estar social abandonado pelos Estados neoliberais.
do neoliberalismo. Para isso tem que vender a imagem da super-mãe
As formas do corpo da mulher, historicamente que se desdobra entre várias jornadas graças à co-
controladas, hoje também podem ser compradas mida rápida e aos eletrodomésticos comprados a
segundo os padrões da moda. Segundo o secretário crédito. Também é graças a insegurança das mu-
geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, lheres do Sul que a maior parte das empresas trans-
em entrevista à Folha de São Paulo, a quantidade nacionais pode aumentar seus lucros vendendo
de adolescentes que colocam prótese de silicone medicamentos, cirurgias, cosméticos e alimentos
aumentou 300% nos últimos dez anos. Em 2003 tóxicos como promessas de felicidade.
foram realizadas 400 mil cirurgias plásticas no
país. O crescimento do mercado também se dá por Ação feminista contra a mercantilização
sua expansão para as mulheres do meio popular do corpo e da vida das mulheres
através de parcelamentos, consórcios ou dívidas Por que deveríamos viver sob leis de mercado?
com agiotas. Por acaso somos mercadorias? É isso que nos di-
Outro exemplo: o feminismo pôs em debate a zem nossos governos quando assinam acordos nos
função social da maternidade, a responsabilida- quais os interesses das transnacionais valem mais
de do poder público em garantir serviços de saú- do que a nossa luta histórica por autonomia e de-
de de pré-natal e parto, creche e educação, entre mocracia. A isso dizemos não.
outras políticas. E ao mesmo tempo, que as mu- A resistência à mercantilização do corpo e da vida
lheres devem decidir se querem ou não ter filhos das mulheres está sendo um eixo importante para a
e o momento de tê-los. Hoje, numa sociedade de construção de um feminismo não institucionaliza-
mercado, vivemos um retrocesso: a maternidade do, militante, que tenha presente a perspectiva de
como obrigação e condição para que uma mulher classe e seja protagonista de uma transformação
seja “completa” é um dos discursos permanentes profunda da ordem social global. A desconstrução
da propaganda, dos anúncios de pasta de dente dos mecanismos do mercado, da exploração do tra-
aos seguros de saúde. Ser mãe biológica também balho às pressões da mídia, passando pelas novas e
se tornou uma mercadoria através do mercado da velhas formas de controle do corpo, vai ao coração
“reprodução assistida”. Cada vez mais as mulheres do sistema capitalista e nos permite, a partir de ex-
consideram natural procurar médicos, tomar hor- periências cotidianas das mulheres, fazer relações
mônios e submeter-se a processos dolorosos para entre as situações de opressão e o funcionamento
engravidar a todo custo. da ordem econômica.
A sociedade organizada como um mercado total, Inicialmente através da atuação do movimen-
em todos os terrenos da vida, reduz as mulheres a to na Campanha Contra a Alca e contra a Orga-
uma coisa, seja na indústria da prostituição e da nização Mundial do Comércio, na construção da
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Terra, Água, Sementes e Alimento rem alimentos e o direito das consumidoras de po-
derem decidir o que querem consumir, conscientes
soas que convivem.
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VIOLÊNCIA SEXISTA
estabeleçam políticas públicas reparatórias, para to, que sofre com intolerância religiosa, temos pro-
diminuir as desigualdades, vindas de um sistema postas em todas as áreas para incluir e melhorar a
racista e excludente. vida das mulheres negras. Tiramos propostas paras
Aqui no Brasil o Governo Lula lançou o pro- as mulheres lésbicas, quilombolas, sacerdotisas de
grama de combate ao racismo, no qual foram es- matrizes africanas, mulheres urbanas, mulheres Violência sexista é aquela que a mulher sofre res. A cultura ocidental na qual estamos inseridas
tabelecidas várias medidas de impacto em relação guerreiras, e sabemos que a luta das mulheres ne- pelo fato de ser mulher e é exercida pelos homens. está estruturada a partir de representações duais,
à questão quilombola, e também, como primeira gras é a luta de todas as feministas que acreditam Tem suas bases na existência de relações desiguais através de símbolos como Eva e Maria.
medida de mandato, aprovou a Lei 10.632, que es- em um mundo melhor, sem opressão de gênero ou entre homens e mulheres, que são sustentadas As mulheres ao longo da história foram consi-
tabelece o ensino da matéria História da África, de raça. pela construção social do ser mulher como gêne- deradas profanas ou virtuosas conforme nos mo-
no currículo escolar. Foi realizada a Conferência A mulher negra caminha para um novo paradig- ro feminino inferior ao ser homem como gênero vemos no terreno que a cultura nos destina. Por-
Nacional da Promoção da Igualdade Racial e a ma rumo ao mundo sem opressão de qualquer es- masculino. As mulheres vivem uma situação de tanto, somos qualificadas como puras ou impuras
Conferência das Mulheres, quando várias pautas pécie. Viva Dandara, Lélia Gonzáles, Beth Lobo, e desigualdade em todas as esferas da sociedade e segundo cumprimos ou não o papel feminino da
foram estabelecidas. todas as mulheres de raça e de garra que mudaram são consideradas subordinadas, dependentes e per- maternidade, considerado nosso principal papel.
As mulheres negras fizeram a diferença, estabe- a história de outras que irão mudar o mundo. tencentes aos homens. Como decorrência dessas Essas representações definem que devemos ser in-
leceram parcerias e sabemos que da adolescente, Ashé e luta para a relações desiguais de gênero, todas estão sujeitas tuitivas, sensíveis, cuidadoras, delicadas, amáveis,
explorada com trabalho infantil, até a mãe de san- Marcha Mundial de Mulheres! a esse tipo de violência, que é sempre praticada carinhosas e boas donas de casa. As manifestações
pelos homens, e por isso chamamos de violência de violência em geral são justificadas com o argu-
sexista. Em geral a violência é exercida por pesso- mento de que não estamos cumprindo bem nosso
as que estão muito próximas das mulheres: os ma- papel. Igualmente quando freqüentamos os espa-
ridos, amantes, namorados, pais, parentes, amigos ços públicos se presume que estamos disponíveis
e colegas de trabalho. É também um terreno onde sexualmente e com isso se justifica o assédio ou
nos sentimos permanentemente constrangidas e várias expressões utilizadas com esse fim.
nos impõe um sentimento de perigo e, portanto, a
necessidade de estar sempre em vigília. Desnaturalizando a violência
O feminismo foi o movimento social que tomou
Construção social da violência a iniciativa de denunciar essa violência e de lutar
A violência foi sempre tão naturalizada que às contra ela. Trouxe para o espaço público o que se
vezes não nos damos conta, em determinados mo- vivia no espaço privado, como parte do destino.
mentos, que estamos sendo vítimas de violência Com isso desnaturalizou esses fatos e contribuiu
sexista. Por isso, é importante conceituar a partir para a construção do conceito de perigo que as mu-
do feminismo o que é violência, ou seja, toda vez lheres vivem enquanto permanecer a violência.
que as mulheres somos consideradas coisas, ob- De acordo com dados mundiais, o risco de uma
jetos de posse e poder dos homens e, portanto, mulher ser agredida em sua própria casa, pelo mari-
inferiores e descartáveis. Quando na rua um ho- do, ex-marido ou atual companheiro, é nove vezes
mem que sequer nos olhou, mas só pelo fato de maior do que na rua. É no local de moradia que a
ser uma mulher nos dirige gracejos, cantadas é a violência é mais freqüente e apresenta as mais va-
mesma motivação que faz com que eles cometam riadas formas. Praticada por pais, maridos, compa-
estupros contra as mulheres. Ou seja, elas estão nheiros e amantes, é uma expressão extrema das
por ali e eles podem dispor de seu corpo como contradições de gênero, que revela a crueza e a pro-
um objeto. fundidade do problema.
Como todos os outros aspectos da opressão das Por medo, vergonha, sentimento de culpa, so-
mulheres, a violência sexista foi construída social- mados ao descrédito em relação à eficácia da Jus-
mente e tem sua base material na divisão sexual do tiça, elas silenciam diante dos atos de violência.
trabalho, sustentada na construção de uma cultura Com esse silêncio, que não é por sua vontade, con-
patriarcal e misógina, que desqualifica as mulhe- tribuem para que sequer se conheça a extensão da
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porque o que é eficaz em determinado momento que se avaliam a honestidade e a honra de uma da maternidade. Maternidade e sexualidade são as- locou a questão da autonomia destas e do seu po-
ou lugar não o é em outro. mulher. Entre os recursos de controle podemos ci- sociadas à dependência de um homem. der de decidir e escolher. Questionou a repressão,
Os tabus em torno do corpo e da sexualidade das tar a exigência da virgindade durante tanto tempo, a imposição e o castigo. Ao questionar a suprema-
mulheres são vários. A questão da menstruação é a punição das relações fora do casamento, a vincu- Negação do desejo feminino cia masculina, contribuiu também para construir o
um bom exemplo. Apresentada por muito tempo lação da sexualidade à procriação. E, no outro lado e valorização da mulher assexuada conceito de perigo sexual para as mulheres.
como incômoda, impura, com mau-cheiro, faz da moeda, está a prostituição. Para os homens, uti- Ao longo de muitos séculos, sempre se tentou Para concretizar a separação entre a sexualida-
com que as mulheres gostem menos de si, se sin- lizar a prostituição é um bem; já as prostitutas, por impor às mulheres que a vontade dos homens é a de e a imposição da maternidade, a luta feminista
tam inferiores etc. Isso tem sido justificativa para a sua vez, são mulheres desonradas. É o que se cha- que vale. Ainda hoje elas são estimuladas a agra- pelo direito ao aborto é fundamental para a eman-
imposição de controle sobre o corpo das mulheres, ma dupla moral: uma para os homens, outra para dar aos homens e, em geral, aparece pouco a satis- cipação das mulheres. A defesa desse direito sem-
envolvendo não só padrões de beleza, mas tam- as mulheres. fação de seu próprio desejo. Aparece menos ain- pre foi levada juntamente com a do acesso aos
bém interferência em processos biológicos. Um da a importância de sua autonomia e escolha. Em métodos anticoncepcionais, igualmente conside-
exemplo atual de interferência sobre o corpo das A heterossexualidade como norma função disso, existe toda uma parafernália para rado fundamental para o exercício da sexualidade
mulheres é o uso indiscriminado da TRH (Terapia A imposição da heterossexualidade como a for- estarem sempre sedutoras, mas o mais grave é o com autonomia.
de Reposição Hormonal), quando se aproxima a ma correta de viver a sexualidade é peça-chave do fato de sua vontade e seu desejo não contarem. Por O feminismo denunciou ainda todas as formas
menopausa, não só em nome de prevenir sintomas processo de socialização das mulheres, como gê- isso, é comum que realizem práticas sexuais que de abuso e violência contra as mulheres e também
indesejáveis como para manter uma eterna juven- nero feminino, e dos homens, como masculino e, não desejam, a fim de não serem consideradas ina- o estupro dentro do casamento, antes considerado
tude. Verifica-se que a imposição e o controle não portanto, da incorporação desses modelos. Isso é dequadas. Muitas vezes, elas têm relações sexuais normal, diante da suposta obrigação da esposa de
param por aí, sendo cada vez mais incentivado o obtido através da imbricação, em um único pro- sem querer, porque o seu “não” é desconsiderado. servir sexualmente o marido. Mostrou que a des-
uso de hormônios que inibem a menstruação, sob cesso, da construção de identidade de gênero e da A desconsideração do “não” das mulheres se ex- valorização generalizada do feminino definia um
o pretexto de ser um incômodo. identidade sexual. pressa no ditado machista: “não existe mulher di- padrão de comportamento masculino de agressão
É claro que, para se impor de forma tão rígida fícil, e sim a mal cantada”. permanente às mulheres e a visão delas como ob-
Intenção de procriar como os gêneros e a heterossexualidade, não se pode tra- jeto de posse, tudo expresso na forma de piadas,
critério de normalidade balhar com a diversidade da realidade, mas com As contribuições do feminismo cantadas, assédio, humilhações, estupros.
Houve um tempo em que a valorização das mu- binômios antagônicos e estruturas bem definidas: A chamada segunda onda do feminismo, surgi- Inicialmente o debate feminista ocorreu dentro
lheres por sua capacidade reprodutiva era bastante isso é de homem, aquilo é de mulher; mulher usa da nos anos 1960, atuou em um ambiente de forte dos marcos da heterossexualidade, criticando a he-
explícita. Em muitas culturas, se a mulher fosse rosa, homem usa azul. contestação ao sistema capitalista e aos valores gemonia masculina nas relações sexuais e defen-
estéril, o marido podia pedir o divórcio. Ainda Assim como os gêneros, as formas de sexua- tradicionais, que propiciava abertura para novas dendo o direito das mulheres ao prazer sexual. Foi
hoje, a maternidade é colocada como a máxima re- lidade masculina ou feminina aparecem como formas de organização. a partir da organização de coletivos lésbicos que
alização das mulheres. As práticas sexuais consi- parte da “natureza humana”, vinculadas à repro- Ao denunciar a opressão das mulheres e os me- se começou a questionar o fato de considerar as
deradas normais são aquelas vinculadas ao modelo dução, num contexto em que a homossexualida- canismos de sua subordinação na família, o femi- relações heterossexuais como as únicas normais e
reprodutivo: sexo oral, sexo anal e masturbação até de masculina, o lesbianismo e a bissexualidade nismo mostrou que o pessoal também é político, a denunciar esse fato como imposição da heteros-
são considerados normais, se forem preliminares são considerados desvios. A ciência, expressando questionando assim um dos pilares fundamentais sexualidade a todas as mulheres. Esse questiona-
ao coito vaginal, mas, se o substituem, são consi- condicionamentos históricos e sociais, tem ten- da opressão das mulheres no capitalismo, que é mento representou também uma crítica às limita-
derados anormais. tado provar que essas outras opções, quebras do a separação da vida entre uma esfera pública e ções do feminismo e a dificuldade de considerar a
A maternidade é colocada como central e essa modelo dominante e “naturalizado”, ocorrem por outra privada. Nessa separação, o que se vive na diversidade de experiências das mulheres.
cultura definiu um tratamento ambíguo, classifi- algum problema biológico. esfera privada e da família é considerado parti- A evolução desse debate, sem aprofundar aqui
cando as mulheres como boas e más, santas e pe- Esse modelo nega a expressão da diversidade, cular, campo regido, nesta sociedade, pelo poder as diferenças de visão construídas no interior do
cadoras. No que se refere à sexualidade, esse duplo uma vez que ele se baseia na imposição de uma masculino. Pode-se dizer que, no âmbito da sexu- movimento, possibilitou contemplar a multipli-
padrão forçou um pacto entre homens e mulheres: norma rígida. Discrimina, pune e estigmatiza todas alidade, a ação feminista foi pioneira na denúncia cidade de fatores que intervêm na sexualidade e
se assexuadas, elas são vistas como virtuosas e lhes e todos que transgridem tais normas. A intolerância da supremacia masculina. contribuir para a compreensão da diversidade e
é reservada a proteção masculina; se expressam com a sexualidade lésbica é maior, pois essa socie- O feminismo colocou a importância de separar variedade de expressões da sexualidade femini-
seu desejo são consideradas profanas e, portanto, dade é ainda mais intolerante com a transgressão maternidade de sexualidade e defendeu o direito na. Olhar para a diversidade mostra que muitas
lhes é dirigido o desrespeito, a humilhação. feminina e a expressão de seu desejo sexual. Into- das mulheres de expressarem seu desejo sexual. mulheres vivem sua sexualidade a partir de ele-
Esse modelo baseia-se em mais repressão e con- lerante e com a idéia que recusou seu lugar natural Construiu formas coletivas de expressão das mu- mentos introjetados no processo de socialização e
trole sobre a sexualidade feminina e é a partir dele que vincula a heterossexualidade com a obrigação lheres e para a afirmação de seu desejo sexual. Co- educação como a doçura, a ternura e uma sexuali-
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dade mais ou menos difusa. Mas também consta- preender o papel das fantasias e que muitas vezes
ta-se que nem todas são ternas, doces e amorosas
e que há mulheres - heterossexuais ou lésbicas
é difícil separar do ponto de vista de vivência o
limite entre fantasias e práticas. Por fim, é impor-
ABORTO
- que gostam de jogar sexualmente com a agres- tante afirmar que é difícil saber o que realmente
sividade e com o poder. Para isso é preciso com- se conhece da sexualidade. O silêncio que existe sobre o aborto muitas ve- foi quem denunciou os vários aspectos da opressão
zes esconde a verdadeira realidade. Mais mulheres das mulheres. Atua pelo direito à autodeterminação
do que se pode imaginar já tiveram que recorrer ao e autonomia das mulheres. O tema do aborto sem-
aborto diante de uma gravidez indesejada. Basta pre foi discutido de forma ampla, compreendendo
prestarmos atenção e ver que todo mundo tem uma a defesa da necessidade que todas tenham direi-
história para contar, conhece alguém de sua família, to à informação e à anticoncepção. Mas também
escola ou comunidade que engravidou fora de hora compreendendo que as relações de poder que exis-
apesar de usar método anticoncepcional, que sofreu tem no campo da sexualidade fazem com que, na
um estupro e além de toda violência engravidou. maioria das vezes, as mulheres não possam decidir
Ou então aquela amiga cujo namorado não admite livremente. Além disso, a realidade do aborto sem-
usar preservativo. Já ouviu falar também de mulhe- pre foi tratada também em suas dimensões de clas-
res que sofreram abortos naturais. O aborto pode se e saúde. São as mulheres pobres, em particular
ser involuntário quando ocorre de forma espontâ- as jovens, negras e camponesas as que mais correm
nea, sem que a mulher queira, ou ocorre por sua risco e ficam com mais seqüelas para a saúde, uma
decisão diante de uma gravidez indesejada. vez que recorrem mais a abortos inseguros.
Quando as mulheres precisam fazer aborto cor- A criminalização do aborto condena milhões
rem dois riscos: de serem consideradas criminosas de mulheres a viver com culpa, vergonha e medo.
e por isso é feito clandestinamente. E o segundo Culpa porque é considerada pecadora e terá que
é o risco de morte e seqüelas que podem ocorrer, ser castigada. Vergonha porque recusou a mater-
uma vez que a maioria dos abortos é realizada de nidade e não tem esse direito. Medo da polícia, da
forma insegura. família, de todos. Hoje, são milhões de “crimino-
Essa situação demonstra que não é reconheci- sas” e tantas outras “cúmplices”.
do o direito das mulheres de decidirem sobre suas O feminismo defende que as mulheres decidam
vidas, seus corpos, sua sexualidade. Elas ainda sobre sua reprodução e sexualidade. Nem os ho-
são vistas com a obrigatoriedade de serem mães, mens, nem o Estado, nem as igrejas devem inter-
esposas e sempre associado à subordinação e de- ferir nessa decisão.
pendência. A imposição da maternidade como um Se as mulheres passarem a decidir sobre a ma-
destino foi ponto central para redefinir a opressão ternidade se quebrará um pilar fundamental de sua
das mulheres dentro da sociedade burguesa no Oci- opressão. As mulheres têm direito de definir como
dente cristão. Aí, a família foi imposta como o lu- querem viver a sua vida: como casadas ou não,
gar das mulheres e a maternidade considerada sua com ou sem filhos, lésbicas ou heterossexuais.
principal possibilidade de realização. Na verdade, Isso significa repensar no conjunto o seu lugar na
o papel da família é o da reprodução, que mantém sociedade - do seu direito pleno ao trabalho digno
um reduto que assegura a supremacia masculina à construção de novas relações sociais até um mo-
através da divisão entre uma esfera pública e pri- delo de políticas públicas que garanta o exercício
vada, entre produção e reprodução, onde o traba- desses direitos.
lho doméstico e o cuidado com a vida humana são
desvalorizados e invisíveis. Os espaços de poder Aumentando a consciência
e decisão na sociedade ainda são quase exclusiva- No Brasil no fim dos anos 1980 e início dos
mente masculinos. 1990, o tema do aborto foi amplamente discuti-
O movimento de mulheres de caráter feminista do em vários setores do movimento, fazendo que
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lutam por sua incorporação à cidadania plena. porque nelas as relações de poder que atravessam as mulheres e que a profissionalização das traba- a prostituição. Embora não queiramos nos pautar
A prostituição e o tráfico de mulheres para fins e organizam o tecido urbano se expressam como lhadoras do sexo, denominação que costumamos pelos parâmetros do debate europeu, já trata-se da
de prostituição destrói até os dias de hoje o mais fantasias e atos sexuais. Na zona, a desigualdade e ver cada vez mais empregada nos dias que correm, dignidade humana das mulheres num mundo ple-
elementar direito civil às pessoas prostituídas de a opressão confessam sua carga erótica. Parêntese: não significa regulamentar uma relação de opressão no de opressões de muitas faces.
disporem do próprio corpo (conquistado na In- talvez essa carga seja a razão da incrível persis- e violência como carreira, profissão ou projeto de É útil citar uma análise do verbete prostituição
glaterra no século XVII) com autonomia, sem tência da própria opressão”. (Folha de São Paulo, vida para as mulheres. Será que a voz das prostitu- do Dicionário Feminista (infelizmente ainda não
servidão e exploração, porque ficam, nesse caso, Caderno Mais!) tas que praticam sexo por um prato de comida ou traduzido para o português) que desmascara a ba-
na condição de objeto ou de coisa a ser possuída, Poderemos explorar exaustivamente sobre as- por um real nos cinemas pornôs de São Paulo está nalização da onda neoliberal: “o mercado do sexo
nada mais que escravidão. pectos dessa análise instigante do erotismo nar- sendo ouvida? As jovens, em sua maioria adoles- manipula a sexualidade para encorajar a demanda
cisista e individualista em outro momento. Agora centes ou crianças que se prostituem pelas estradas (pornografia, turismo sexual), procurando atual-
3- “As feministas são moralistas e devemos tomá-la principalmente como um con- são simples prestadoras de serviços? Será que pais mente criar uma demanda feminina. O sistema é
contraditórias porque não admitem texto geral que nos alerta para as armadilhas en- que prostituem suas filhas ainda crianças estão pre- então fechado: mais vítimas, mais negócios. Todos
que a prostituição pode ser uma opção ganadoras de que respiramos liberdade no terreno parando profissionais autônomas? exploram todos, é a igualdade enfim realizada!”.
e escolha de liberdade sexual”. da sexualidade.
Se tomarmos o debate do ponto de vista dos es- Liberação para os empresários do sexo Suécia: prevenção e educação
Trata-se nesse caso de uma má compreensão do tudos feministas, das pesquisas sobre a sexualida- O Projeto de Lei de autoria do deputado Fer- Por fim, é bom lembrar que a Suécia é o único
feminismo. As feministas nunca foram moralistas, de, também encontraremos as relações de poder, nando Gabeira, em tramitação na Câmara Federal, país a reconhecer que a prostituição “é uma vio-
sempre defenderam a liberdade sexual ou o livre subordinação e opressão. Nesse caso da prostitui- com muita simpatia de parlamentares e setores da lência contra as mulheres”. E a punir a pessoa que
exercício da sexualidade, a autonomia do desejo, ção vamos nos deparar com a situação mais extre- sociedade civil não trata da defesa dos direitos das prostitui, os homens. É uma lei que desencoraja a
o direito ao próprio corpo (por isso lutam também ma das relações de poder entre os sexos. pessoas prostituídas, apenas legaliza o comércio do prostituição, coloca em ação medidas de preven-
pelo direito ao aborto). Ocorre que o fato de algu- Se formos aprofundando o debate nesse campo, sexo e libera os negócios dos empresários do sexo ção e educação sobre as causas da prostituição.
mas mulheres sentirem prazer em “vender o pró- veremos que a prostituição, para a maioria das mu- porque retira artigos do Código Penal que crimina- Leis como essa que deveríamos conhecer e deba-
prio corpo”, não significa que devemos considerar lheres que a vivenciam, nada tem a ver com a de- lizam os agenciadores, alegando que a marginali- ter já começam a desconstruir a inevitabilidade da
ser esse o caso da maioria das prostitutas. Além fesa do livre exercício da sexualidade e do desejo. zação da atividade é o que a torna problemática. prostituição e desmistificando que ela é uma fatali-
do mais, se considerarmos, como mostra Guattari, Para algumas jovens garotas de programas de esta- Espantosamente, o projeto acima mencionado dade advinda da natureza feminina de sujeitar-se à
que o capitalismo produz a subjetividade, transfor- belecimentos de luxo, capturadas pelo imaginário abstrai a idéia de que há quem tenha poder e há necessidade dos homens. Segundo Donna Hughes,
mando (e valorizando) todas as relações em merca- consumista, é forte a ilusão da independência eco- quem está em situação vulnerável. Avisem os pro- “acima de tudo, os organismos estatais e as organi-
dorias, não é de se estranhar que algumas pessoas nômica e de etapa transitória da vida. Sem contar xenetas ou cafetões, chefes das máfias criminosas zações não governamentais deviam compreender
sintam gozo em se tornarem uma mercadoria/ob- que muitos dos supostos argumentos do prazer e ou mesmo os “dignos empresários capitalistas da que a prostituição é uma procura de mercado criada
jeto e o mercado sexual se torna uma fantasia po- liberdade de serviço são de fato fantasias de gozo noite” para cobrarem o preço certo e não ultrapas- por homens que compram e vendem a sexualidade
derosa. Talvez como uma “cena”, uma fantasia ilimitado feitas por pessoas que não vivenciam sarem o limite do suportável! Acho que eles não se feminina para seu benefício pessoal e seu próprio
numa sociedade em que, como diz o psicanalista as relações violentas da prostituição que atingem importarão porque a “mercadoria” pode ser utili- prazer. As reformas legais deveriam criar soluções
Contardo Calligaris, “o espetáculo do sexo está em milhares de mulheres que estão em condições de zada ao limite e reposta com facilidade. para assistir as vítimas e condenar os culpados... A
venda livre”. Calligaris faz uma arguta observa- miséria e opressão. O mundo real e concreto da prostituição está prostituição não deve ser legalizada. A legalização
ção analisando o sexo em Nova York: “As zonas longe de ser um serviço autônomo. Isso fica claro significa que os Estados impõem regulamentações
de prostituição das grandes cidades são tipicamen- 4- “A profissionalização é um quando vemos que a exploração sexual na organi- que permitem que as mulheres possam ser pros-
te destinos turísticos. As pessoas “de bem” que se desejo das prostitutas”. zação empresarial do tráfico de mulheres no mundo tituídas. De fato, regulamentar significa que, sob
aventuram nessas áreas não são clientes potenciais para fins de prostituição é o negócio que rende mais certas condições, é permitido explorar e abusar de
enrustidos. No entanto, passear pelas ditas ruas do Algumas organizações de prostitutas foram de que o tráfico de drogas e de armas, pois segundo mulheres. Em vários países da Europa Ocidental
vício, procurar a simples proximidade física da fato incentivadas com apoio de organismos inter- um desses “empresários”, é um negócio rentável, os Estados admitem ‘zonas de tolerância”. Outros
prostituição (particularmente a mais barata) são nacionais no final da década de 1980 devido ao pois uma mulher pode ser vendida até o limite do propõem a legalização. A maioria dos argumentos
atividades que têm, para muitos, um valor erótico. crescimento da AIDS. De fato, algumas delas são suportável já que acaba por se tornar escrava. a favor da legalização baseia-se na tentativa de
Por quê? ...É a relação comercial, a própria ven- ou foram importantes para a defesa da saúde e dos É necessário ainda pesquisar e divulgar infor- distinção entre prostituição “livre” e “forçada”.
da, que excita o turista da prostituição. As áreas de direitos humanos das prostitutas. Isso não significa mações sobre como estão e como vivem as pros- Tendo em conta as condições de extrema explora-
meretrício são zonas erógenas no corpo da cidade dizer que essa é uma alternativa profissional para titutas no nosso país e nos países que legalizaram ção na indústria sexual, estas distinções são apenas
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1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres 1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres
esse processo de demarcar distinções inclusive machista torna invisível a presença feminina, nos construção das relações de gênero e na produção modelos de educação, que passa pelo questiona-
nos livros didáticos, onde percebemos uma série textos históricos, nas gramáticas e nas ilustrações, das desigualdades e como se articulam na práti- mento de atitudes cotidianas até a incorporação
de questões quantitativas e qualitativas no que diz como já citadas acima. Utilizando como exemplo ca escolar as hierarquias de classe, gênero, etnia e das perspectivas de gênero, raça/etnia e orientação
respeito às relações de gênero e raciais. Se anali- a língua, as meninas desde cedo são acostumadas a orientação sexual. sexual na formação das(os) educadoras(es). Con-
sarmos os exemplos e ilustrações destes materiais, não serem citadas nas falas das(os) educadoras(es) Estamos completando a primeira década da nova tribuindo, assim, para a construção de valores e
facilmente notamos a disparidade entre o núme- e nos livros, que majoritariamente utilizam-se de Lei de Diretrizes e Bases que trouxe novos parâ- práticas mais igualitárias entre mulheres, homens
ro de mulheres e homens usados, bem como de termos masculinos para dirigir-se a grupos mistos. metros curriculares nacionais, e uma idéia nova e todas as diversidades através de uma educação
negras(os) e brancas(os), esta diferença também Podemos observar ainda que a história contada na dos temas transversais. Estamos em um proces- não sexista e não discriminatória.
pode ser percebida através das posições ocupadas escola é notadamente masculina e branca, sem a so de avaliar como vem, ao longo desses últimos
por cada um destes grupos: as mulheres são mos- participação de mulheres . O que reflete no bai- anos, se redefinindo a política educacional brasi- Foram utilizados como referência no texto:
tradas em atividades domésticas e/ou como auxi- xo número de mulheres tidas como exemplos ou leira. Enfim, sabemos que modificar a desigual- * *EDUCAÇÃO SEXISTA - ATÉ QUANDO?,
liares dos homens, enquanto os homens sempre como heroínas por nossa sociedade. É importante dade social entre mulheres e homens na educação Joana D’Arc Aguiar (Professora e integrante do
são apresentados como o mantenedor da família, notar que os feitos realizados por mulheres se tor- implica em interferir no processo e no sistema de grupo feminista “Oficina Mulher”- GO )
trabalham fora, são pessoas bem sucedidas. Enfa- nam mais importantes para a história na medida educação formal, entrar nas escolas e buscar alter- * RELAÇÕES DE GÊNERO E EDUCAÇÃO,
tizando a questão racial, uma vez que as(os) perso- em que se aproximam dos feitos masculinos, como nativas para as práticas em sala de aula. Janeslei A. Albuquerque (Professora de Português
nagens negras(os) sempre aparecem em posições é o exemplo de Anita Garibaldi. Deste modo, está colocado para nós, militantes do Colégio Estadual do Paraná e Diretora do Nú-
subalternas, como empregadas(os) domésticas(os), e educadoras, o desafio de disseminarmos novos cleo Sindical Curitiba Norte)
jardineiras(os), cozinheiras (os) ... Uma pesquisa Educação sexista e escolha profissional
realizada com os materiais didáticos em 1982, por Esta educação sexista, reforçada ao longo de
Regina Pahim Pinto, cruzando a questão de gêne- todo o processo educacional, dentro e fora da es-
ro com a racial, demonstrou que para um total de cola, acaba por interferir diretamente nas escolhas
8075 personagens analisadas foram encontradas e possibilidades profissionais de homens e mulhe-
apenas três meninas negras. res. Pode-se concluir, então, que não é por acaso
que profissões predominantemente femininas são
Educação e desigualdades sociais aquelas ligadas à educação e ao cuidado com a(o)
Desta forma, a educação mais uma vez acaba próximo(a), como por exemplo o magistério, os
por reforçar as desigualdades sociais uma vez que serviços de saúde, entre outros. Essas profissões
enfatizamos que homens e mulheres, negras(os) e são vistas como prolongamento da atividade do-
brancas(os) já têm papéis e atuações definidos na méstica e, como tais, carregam valores atribuídos
sociedade, e ainda que uns(umas) estarão sempre como naturais às mulheres: dedicação, ternura,
em situação de superioridade em relação a outros, sacrifício... Assim, como estas características são
os homens com relação às mulheres e brancas(os) tidas como naturais das mulheres, tais profissões
em relação aos negros(os). Além de reforçar estes predominantemente femininas são mal-remunera-
estereótipos, estas exemplificações muitas vezes das e desprestigiadas socialmente.
não correspondem a realidade vivenciada pelas Por que nós, do movimento feminista, vamos à
crianças no que diz respeito, por exemplo, à ma- escola? Por que discutir educação? Há anos já per-
nutenção do lar, já que vem crescendo o número cebemos a importância da educação como campo
de mulheres chefes de família ou mesmo de casas de reprodução e potencial transformação das desi-
onde as despesas são compartilhadas entre homens gualdades entre homens e mulheres. Por isso, ao
e mulheres e há também que se discutir as famílias longo desse texto, procuramos pensar o desafio de
formadas por duas mulheres ou dois homens que construir uma educação não sexista. Para tanto,
não tem visibilidade na sociedade. estamos atentas à limitação que ainda existe, prin-
Outro importante questionamento que deve ser cipalmente quando se trata de educação escolar.
feito é quanto a invisibilidade das mulheres nos Assim, nossa tarefa para irmos além nesse debate
conteúdos educacionais. A linguagem nitidamente é compreender como a escolarização participa na
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1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres 1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres
MULHERES NO
outras áreas que possibilitem a geração de renda. de Cidades, com representação paritária e delibe-
rativa entre governo e sociedade, respeitando-se a
Mulheres, Moradia e eqüidade de gênero.
CONTEXTO URBANO Infra-Estrutura Urbana
A discussão da política urbana não está disso-
As áreas de assentamentos precários (favelas,
cortiços, ocupações, loteamentos clandestinos)
ciada da discussão da política econômica vigente, ocupadas por famílias de baixa renda, devem ser
As mulheres estão em todos os lugares nas cida- o recorte de gênero, dando ênfase para as políti- sendo necessário construir um novo modelo focan- regularizadas, tanto no seu aspecto fundiário,
des, o que não implica dizer que elas ocupem estes cas voltadas para a transformação da realidade do o social. Assim, é necessário reformular a atu- quanto urbanístico, priorizando-se a titularidade
espaços como sujeitos políticos. As mulheres, ape- das mulheres. Nesta perspectiva, assinalamos os al política econômica - voltada para os interesses da habitação preferencialmente no nome da mu-
sar de estarem na construção, manutenção e avan- seguintes pontos para serem incorporados na 2ª do mercado e que contingência os já insuficientes lher e sendo assegurada a infra-estrutura urbana
ço das lutas urbanas e sustentarem com suas tri- Conferência Nacional das Cidades, bem como nos recursos previstos para a área social - priorizando e os equipamentos necessários à moradia digna,
plas jornadas, os processos de luta, ocupam ainda processos que a antecedem: investimentos nas políticas sociais, especialmente como transporte, escola, postos de saúde, áreas de
de forma precária os lugares de poder, o que deve nas políticas de habitação e saneamento ambiental. lazer e cultura, creches, lavanderias comunitárias
ser feito de forma deliberativa, dentro das associa- Mulheres, Participação Política O déficit habitacional nas áreas urbanas ultra- e centros de convivência da 3ª idade, etc. Devem
ções, movimentos, comitês, comissões, espaços de e Controle Social passa os cinco milhões. É preciso garantir inves- ser asseguradas ações integradas entre os gover-
orçamento participativo e conselhos. É necessário alterar o lugar em que a mulher timentos em programas de habitação de interesse nos federal, estadual e municipal para promover
No Conselho Nacional das Cidades (ConCida- está na sociedade, fortalecendo a participação das social, para famílias com renda de zero a três sa- o saneamento ambiental, objetivando assegurar
des), criado a partir da 1ª Conferência Nacional mulheres nos espaços de poder. Há que se garantir lários mínimos (onde está concentrado o déficit), moradias em ambientes saudáveis. Além de uma
das Cidades, observa-se a predominância mascu- a participação paritária nos cargos de direção das com o acesso prioritário para as mulheres, chefes ampla campanha do governo de esclarecimento
lina em todos os segmentos sociais: as mulheres associações, movimentos, comitês, comissões, es- de família, afrodescendentes, vítimas de violência, sobre os direitos das mulheres - por exemplo: a ti-
ocupam apenas 15,6% das 71 vagas titulares do paços de orçamento participativo, entidades gerais, soropositivas, vivendo com Aids, desempregadas, tularidade da terra e outros. Outro ponto relevante
ConCidades e são minoria em todos os segmentos partidos políticos e conselhos, bem como buscar ou em situação de vulnerabilidade, viabilizando a é a adoção nos planos (PD) municipais da puni-
sociais. Propomos que haja cota de 30% para os garantir 50% das vagas de delegados nos diversos moradia digna e a terra urbana. Os imóveis públi- ção fiscal para os terrenos baldios com adoção de
movimentos populacionais no ConCidades, sendo segmentos que estarão na Conferência Nacional cos federais, estaduais e municipais desocupados imposto progressivo e elaboração de um plano de
15% para homens e 15% para mulheres. das Cidades para as mulheres. Esta representação ou parcialmente utilizados devem ser recuperados iluminação publica.
No primeiro ano de atuação do ConCidades ve- deve ser refletida no Conselho Nacional das Ci- e transformados em projetos de habitação de in- É necessária a aprovação da política nacional de
rificou-se que: “não se aprovou nenhuma resolu- dades (ConCidades), cujo caráter deliberativo tem teresse social, em discussão com os movimentos saneamento ambiental, a promoção de programas
ção ou política específica para as mulheres, o que que ser regulamentado. de moradia, tendo como público prioritário aquele e o aporte de recursos visando à universalização
indica que a questão de gênero não foi reconhecida É necessária uma nova cultura que esteja pre- citado acima. Visto a conjuntura econômica neo- do acesso à água e aos serviços de esgotamento
como um aspecto relevante das políticas urbanas sente nas instituições, nas organizações, nos mo- liberal e a imposição à diversas famílias em con- sanitário e a coleta de resíduos sólidos. A coleta
pelo Conselho”, mesmo tendo sido aprovada na vimentos, nos governos, nos diversos canais de dições informais, propomos que o CEF defenda a seletiva de lixo deve ser incentivada, bem como
1ª Conferência Nacional das Cidades e constar, comunicação, investindo numa concepção onde suspensão do critério que exclui do financiamento apoiada a criação de cooperativas de mulheres na
nas suas resoluções, a necessidade de “incluir nas mulheres e homens tenham os mesmos direitos, habitacional, os beneficiários que estejam inseri- área de reciclagem de lixo - Saneamento ambiental
políticas urbanas diretrizes e critérios que propi- oportunidades, responsabilidades, competências. dos no SPC e SERASA. incorporando os projetos alternativos das univer-
ciem ações afirmativas reparatórias aos grupos Há que se investir em encontros, debates, oficinas É preciso garantir a regulamentação e imple- sidades.
historicamente marginalizados, como mulheres, de formação que considere em sua metodologia as mentação do Fundo Nacional de Habitação de In- Deve ser implementado um sistema de trans-
afro-brasileiros, índios, portadores de deficiência, condições concretas para efetivação participativa teresse Social e do seu Conselho Gestor, cuja repre- porte público e seguro e equipamentos coletivos
portadores de HIV/Aids”. de mulheres homossexuais visando potencializar sentação em todos os segmentos deverá respeitar a de qualidade aos portadores de necessidades espe-
Neste contexto, a próxima ConCidades deve ser discussões que levem à superação dos referen- eqüidade de gênero. É preciso garantir, também, ciais que garantam acessibilidade e mobilidade ur-
pensada como um espaço de reflexão sobre o lu- ciais tradicionais que reforçam as desigualdades recursos do orçamento da União, do Fundo de De- bana a todas e todos, garantindo, especialmente, o
gar das mulheres nas cidades e pensar em trans- de gênero, buscando produzir uma nova cultura senvolvimento Social e do FGTS para viabilizar a acesso ao transporte às mulheres grávidas, idosas
formar a ConCidades em um espaço de reflexão de respeito aos direitos humanos, políticos e civis implementação do FNHIS. Nas esferas estadual e e às pessoas obesas e com deficiência, levando em
tendo como desafio fortalecer a participação das e econômicos, sociais e culturais nas instituições. municipal deverão ser criados os Fundos Estadu- consideração a gratuidade de transporte coletivo
mulheres como protagonistas, além de espaço para Prever a criação de cooperativas que envolvam o al e Municipal de Habitação de Interesse Social, a aos 60 anos em nível nacional.
o debate sobre políticas urbanas que incorporem trabalho das mulheres na reciclagem de lixo entre serem geridos por Conselhos Estadual e Municipal Barateamento das tarifas de transporte, tele-
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1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres 1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres
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1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres 1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres
Apoiada em mobilizações de rua, educação po- Alguns governos e aliados de desenvolvimen- pósito de aumentar nossos consensos e consolidar to dos direitos humanos das mulheres. Ainda que
pular, construção de coordenações nacionais, a to mostraram um reconhecimento político e apoio nossa identidade política. Os grupos de trabalho não se possa negar que se trata de uma questão de
MMM está sintonizada com essa nova referência financeiro para a MMM, porém também existe serão muito úteis a esse respeito. direitos, essa maneira de ver, ou essa estratégia tem
do movimento internacional fortemente enraizada o risco de sofrer tentativas de cooptação política deixado de lado o discurso mais político que situa a
na realidade local. Conseguir vincular os deba- do trabalho da MMM por parte dos governos e de Paz e desmilitarização violência contra as mulheres como uma ferramen-
tes sobre o papel das instituições internacionais e importantes ONGs internacionais. Por isso e por Acreditamos que a Marcha pode trabalhar mais ta de controle do corpo, da sexualidade e da vida
as causas da pobreza e da violência (patriarcado, nossa dificuldade nos últimos anos para conseguir especificamente sobre este tema, tendo como obje- das mulheres dentro de um sistema patriarcal. Isso
capitalismo, racismo) com a vida cotidiana das financiamento regular se coloca de maneira urgen- tivo a apropriação (interna) dos conceitos de des- levou a análise da violência a um discurso dos di-
mulheres das bases é o principal desafio para nós, te o desafio de desenvolver nossa autonomia finan- militarização, levando mais longe nossas reivindi- reitos individuais mais que coletivos. Esse é possi-
assim como superar as dificuldades de mobiliza- ceira e construir uma política de autofinanciamen- cações e ações relacionadas com o desarmamento, velmente um exemplo no qual a estratégia utilizada
ção das mulheres, seja pelo peso das situações so- to, ainda mais quando levamos em conta a redução as bases militares, os acordos ou orçamentos mili- gera resultados contrários aos desejados. Acredita-
cioculturais, seja pelo empobrecimento que limita do apoio financeiro internacional. tares, as ocupações, etc. A Marcha pode também mos que a Marcha Mundial das Mulheres pode de-
sua disponibilidade para a militância, sem falar de Devemos lembrar e não subestimar o impacto apresentar um ponto de vista feminista sobre os sempenhar um papel na reapropriação da análise
uma certa resistência à análise feminista, mesmo da transferência do Secretariado Internacional nos conflitos e as guerras (sua origem, seu impacto, da violência contra as mulheres como ferramenta
no seio dos movimentos sociais que a consideram próximos anos. Ao escolher transferir nosso Se- etc.) dentro do movimento contra a guerra atual, de controle de todas as mulheres e na elaboração de
como uma análise “de identidade” que só diz res- cretariado Internacional a um país do Sul, deseja- que frequentemente se limita a denunciar o impe- estratégias ou ações vinculadas a essa análise.
peito às mulheres. mos reconhecer e privilegiar a liderança de outras rialismo estadunidense. A partir de vários grupos Outro aspecto da violência contra as mulheres
Esta nova estratégia representada por um movi- mulheres no seio de nosso movimento. Isso abrirá feministas, na Carta Mundial das Mulheres para a sobre o qual a MMM pode trabalhar é a mercan-
mento internacional como a Marcha Mundial das novas possibilidades de colaboração e de alianças Humanidade, definimos de modo muito mais am- tilização do corpo feminino, que nos marcos da
Mulheres é um desafio e uma abertura para novas e, esperamos, de financiamento. Entretanto, deve- plo o que significa “viver em paz”. Podemos dar a globalização atual é uma das formas de violência
formas de alianças entre as mulheres superando as mos investir tempo e energia para assegurar que a conhecer muito mais globalmente nossa definição contra as mulheres na qual atuam juntos o patriar-
fronteiras e as diferenças. Acreditamos na lideran- transição se faça sem fragilizar o movimento. de paz fazendo também vínculo com nossa análise cado, o capitalismo e o racismo. Poderíamos, desta
ça das mulheres da base com toda sua diversidade Não são estruturas fixas que dão força à MMM, e a luta contra a violência contra as mulheres, po- forma, refletir sobre o significado da banalização
para conquistar as transformações sociais deseja- mas nossas decisões políticas e nossas conquistas, demos imaginar ações para denunciar o uso do es- da prostituição ou do proxenetismo e da pouco
das. Acreditamos na importância de atuar a partir nossa capacidade de desenvolver análises e ações tupro como arma de guerra, a impunidade da qual debatida indústria do sexo. Se pensarmos no tráfi-
de nossa própria agenda política e de manter uma que se atenham às mulheres de todas as partes do se beneficiam os agressores, o impacto da militari- co sexual “internacional”, é também interessante
crítica a toda forma de institucionalização do mo- mundo. Esta força vem de nossa capacidade de zação sobre a violência contra as mulheres, etc. analisar o fenômeno da feminização da imigração
vimento. A própria existência da Marcha interpela dialogar e chegar a posições comuns em condi- e seu vínculo com a violência contra as mulheres.
as estratégias de outros grupos feministas, tornan- ções tão diferentes (mulheres dos cinco continen- Objetivos estratégicos para 2006-2010: Também está a onipresença da pornografia e das
do as vezes difíceis certas alianças, mas temos de- tes) mas ao mesmo tempo tão semelhantes (mu- • Continuar com a reflexão sobre a desmilitari- imagens sexistas, o remodelamento do corpo das
senvolvido ao longo dos anos alianças concretas lheres que querem mudar o mundo e mudar a vida zação do planeta e as reivindicações conseqüentes mulheres e o regresso massivo de conceitos este-
com algumas redes feministas internacionais com das mulheres). (por fim a corrida armamentista, as armas nuclea- reotipados de beleza, de corpos hiper-sexualiza-
as quais podemos contar. res, bases ou acordos militares, pedir a desmilitari- dos apresentados como a mais nova liberação das
A MMM demonstrou uma capacidade de con- A CONSOLIDAÇÃO DE NOSSA zação dos orçamentos dos Estados); mulheres, etc.
vocação e mobilização de mulheres de meios di- IDENTIDADE POLÍTICA • Divulgar a análise feminista das causas da
ferentes e se beneficiou do apoio de ativistas e guerra, nossa definição da paz e nossas reivindi- Objetivos estratégicos para 2006-2010:
simpatizantes que nos ofereceram suas várias ha- Campos de ação cações; • Levar a cabo uma reflexão sobre a violência
bilidades. As tradutoras que trabalham seja na tra- Determinamos os campos de ação em função • Atuar para denunciar o estupro como arma de contra as mulheres como ferramenta de controle
dução de nossos textos para vários idiomas ou na do trabalho que a Marcha Mundial das Mulheres guerra, a impunidade e os vínculos entre a milita- do corpo, da vida, da sexualidade das mulheres
interpretação durante nossos encontros e reuniões já faz, da conjuntura mundial e em particular de rização e a violência contra as mulheres. (ferramenta do patriarcado) e recolocar nossa rei-
de trabalho. As profissionais dos meios de comu- nossa análise. Para cada um deles, se encontram os vindicação a luz desta reflexão;
nicação, as jornalistas dos movimentos sociais e objetivos estratégicos que temos elaborado. Como Violência contra as mulheres • Empreender uma reflexão e propor ações para
das forças progressistas, mas também algumas dos podem ver esta tarefa não terminou, devem ser Desde alguns anos, no campo internacional o contestar a mercantilização do corpo das mulheres.
meios de comunicação privados que conseguiram acrescentados elementos de formação, intercâm- tema da violência contra as mulheres tem sido tra- Trabalho das mulheres
romper a indiferença e difundir nossas ações. bios, discussões a continuar entre nós com o pro- tado como um problema de falta de reconhecimen- Os temas da autonomia financeira da mulher, da
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1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres 1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres
divisão das tarefas relacionadas à reprodução; da culos evidentes com a pobreza das mulheres; a de-
necessária redução da diferença entre ricos e po- terioração do meio ambiente; a militarização e a
bres, estão no centro de nossa luta contra a pobre- globalização da economia e do desenvolvimento
za. Por essa razão acreditamos que é imprescindí- baseado na exploração dos recursos (e das pesso-
vel tratar o assunto do trabalho das mulheres e o as), o crescimento infinito e os lucros. Nossa refle-
impacto da globalização sobre este. Como MMM xão deve continuar em diversos planos aos quais
abordamos isso de diversas maneiras: o reconheci- estes vínculos se referem e sobre as ações que po-
mento e a valorização do trabalho feito pelas mu- deríamos fazer a partir das realidades de cada país
lheres; o melhoramento das condições de trabalho; ou território onde está a Marcha.
o acesso a empregos de qualidade; uma remune- Nos comprometemos também com a Via Cam-
ração que permita viver bem; a não exploração do pesina a realizar um fórum mundial sobre a sobe-
trabalho das mulheres e a divisão das tarefas as- rania alimentar, em fevereiro de 2007, no Mali.
sumidas pelas mulheres. Temos várias reivindica- Acreditamos que se trata de uma oportunidade
ções relacionadas a essas questões e pensamos que para apresentar uma reflexão feminista sobre esse
poderíamos concentrar nossa atenção em algumas tema, abordar a temática das alternativas das mu-
delas com o fim de assegurar conquistas nos próxi- lheres na agricultura, do acesso a terra, a água, a
mos anos. Por exemplo, o tema da implementação alimentação para as mulheres, criar alianças nacio-
e do aumento de um salário ou renda mínima (para nais, regionais e mundiais com mulheres de setores
o setor formal e informal). Isso permitiria contes- rurais e mulheres indígenas. Desejamos também
tar o discurso dominante sobre lucros e competi- intensificar nossas ações para denunciar as ativida-
tividade, destruiria a idéia de que a globalização des da OMC, particularmente no que diz respeito
melhorou as condições econômicas das mulheres à apropriação da agricultura por parte das multina-
ao facilitar para elas o micro-crédito, etc. Podería- cionais, a privatização da água, etc. Da mesma for-
mos também integrar à ordem do dia a importância ma queremos denunciar os cortes nos orçamentos
do papel do Estado na criação de empregos, o de- dedicados à agricultura e exigir investimentos na
senvolvimento de políticas públicas e programas agricultura de subsistência, mais local e respeita-
sociais, a necessidade de reconhecer o valor do dora da biodiversidade e do meio ambiente.
trabalho reprodutivo, os direitos das trabalhadoras
imigrantes, a feminização da imigração, etc. Objetivos estratégicos para 2006-2010:
• Aprofundar nossa reflexão sobre os vínculos
Objetivos estratégicos para 2006-2010: entre a pobreza, o meio ambiente, a militarização e
• Continuar nosso trabalho sobre as alternativas a globalização desde um ponto de vista feminista e
econômicas feministas e revisar nossas reivindica- articular nossas reivindicações;
ções vinculadas as mesmas; • Mobilizar os grupos da Marcha em torno do
• Documentar e denunciar o impacto da globali- tema da soberania alimentar (ferramentas de refle-
zação sobre o trabalho das mulheres e sua autono- xão, fórum mundial) e, de forma mais geral, sobre
mia financeira; as alternativas apresentadas pelas feministas;
• Reivindicar a instauração ou o aumento de um • Mobilizar os grupos participantes da Marcha
salário mínimo e o melhoramento das condições durante os encontros da OMC.
de trabalho das mulheres.
Veja a íntegra do documento em www.marcha-
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1.º Encontro Nacional Marcha Mundial das Mulheres
• ser um grupo de mulheres, um comitê de mulheres no interior de um grupo misto ou uma organi-
zação mista que não tem um comitê de mulheres, mas que são as mulheres que assumem a liderança
da Marcha;
• aderir aos objetivos, aos valores e à plataforma mundial da Marcha Mundial das Mulheres;
• estar pronto a participar das ações das coordenações nacionais, a integrar as ações da Marcha em
seu programa de atividades ou difundir a Marcha Mundial das Mulheres.
Nome do grupo:
Mulher de contato:
Endereço completo:
E-mail:
Temas prioritários de trabalho:
( ) Pobreza ( ) Violência sexista
Enviar para Rua Ministro Costa e Silva, 36, Pinheiros, São Paulo/SP - CEP 05417-080
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