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NRE: Curitiba Município: Curitiba


Nome do Professor: Márcia V. B. Manosso e-mail: marciavbmanosso@seed.pr.gov.br
Escola: DEB/Seed Fone: (41) 3340-1714
Disciplina: Matemática Série: 3o ano - Ensino Médio
Conteúdo Estruturante: Geometrias
Conteúdo Específico: Geometria não-euclidiana
Título: Triângulo das Bermudas
Relação interdisciplinar 1: Geografia Colaborador 1: Valquiria
Colaborador da disciplina do autor: Lisiane Cristina Amplatz

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS

A região das Bermudas localiza-se no Oceano Atlântico, na costa dos Estados


Unidos da América – EUA, delimitada por três referências geográficas: Ilhas
Bermudas, Miami – no estado da Flórida (EUA) e San Juan – em Porto Rico, as
quais podem ser consideradas como vértices de um triângulo. Daí o nome –
Triângulo das Bermudas.
Essa região é envolta em mistérios. Há vários relatos mencionando barcos,
navios e aviões que, ao passarem pelos domínios do misterioso triângulo,
desapareceram inexplicavelmente. Para muitos, esses acontecimentos não tem
explicação científica, sendo considerados, então, sobrenaturais.
Em um mapa mundi é possível
visualizar o Triângulo das Bermudas,
através da representação de um
triângulo. Os mapas são
representações planas do Planeta,
porém a Terra não possui a superfície
plana. Possui um formato semelhante a
uma esfera, na verdade, seu formato é
denominado geoidal, pois é achatada
nos polos. Assim, ao delimitar um
triângulo com vértices separados por
longas distâncias na superfície da Triângulo das Bermudas

Terra, estamos tratando de um Fonte: imagem da autora

triângulo dito esférico.

Como calcular a área desse tipo de triângulo?


Será que o formato desse triângulo pode ser uma explicação para tantos
mistérios?
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DEBATE Sinopse do filme: Após perder de forma misteriosa seis


navios (com tripulação) no Mar dos Sargaços, que é
Realize um debate na turma conhecido como Triângulo das Bermudas, um bilionário, Eric
sobre documentários e Benerall (Sam Neill), atrai para um encontro profissionais de
filmes sobre o Triângulo das áreas diversas: Howard Gregory Thomas (Eric Stoltz), Emily
Bermudas. Uma sugestão Meredith Patterson (Catherine Bell), Stan Lathem (Bruce
Davison) e Bruce Geller (Michael E. Rodgers). Eles não eram
seria assistir ao filme “Os a primeira opção de Benerall, mas por motivos distintos eram
Mistérios do Triângulo das os mais disponíveis. Eric quer que descubram por qual razão
Bermudas”. Realize uma acontecem coisas misteriosas no Triângulo. Benerall propõe
discussão em sala de aula pagar todas as despesas para esta pesquisa e pagará, para
sobre as causas de cada um deles, US$ 5 milhões, mas só se derem uma
resposta definitiva sobre o que acontece no local, ou seja, ou
acidentes nesta região, recebem US$ 20 milhões ou não recebem nada. Eles aceitam,
analise as cenas do filme e pois esta quantia seria um presente dos céus na vida de cada
sua consistência científica e um. Mas o que iriam ter de enfrentar nada tinha de divino.
registre a sua opinião. (Fonte:http://www.adorocinema. com/filmes/misterio-do-
triangulo-das-bermudas, 23mar09)

Dentre os inexplicáveis acidentes ocorridos Região


na região o mais famoso é o desastre da missão do Considerada uma área da
superfície terrestre que
vôo 19, que ocorreu no dia 5 de dezembro de 1945,
possui características
quando uma esquadrilha de cinco aviões partindo específicas, dentre elas as
físicas, demográficas,
da Flórida –EUA desapareceu na região do
políticas e socioeconômicas.
Triângulo das Bermudas. Seu desaparecimento não Fonte: Dicionário Breve de
tem motivos conhecidos, tornando-se mais um dos Geografia
mistérios deste espaço geográfico.

A região das Bermudas é delimitada por três referências geográficas (Miami,


Porto Rico e Ilhas Bermudas) e podem ser representadas como os vértices de um
triângulo o qual determina uma área sobre o Oceano Atlântico com grande
movimentação de navios e aviões, também, muito frequentada por turistas nas
praias das diversas ilhas.
Essas três referências geográficas têm Paisagem
algumas características em comum. A paisagem É o conjunto formado por
diferentes elementos,
natural é a mais evidente entre elas, com as belas
físicos, biológicos, humanos
praias, o turismo é uma das bases de sua economia. entre outros, que
determinam uma paisagem.
As Ilhas Bermudas e Porto Rico são
Que pode ser: natural;
territórios que ainda não possuem independência primitiva; agrária; humana;
industrial; rural; e urbana.
política. Em Miami observa-se a diversidade cultural,
Fonte: Dicionário Breve de
onde a maior parte de sua população é imigrante. Geografia
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Ilhas Bermudas – Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:BDA_Aerial.jpg 06/05/09

As “Ilhas Bermudas”, considerada território


Renda per capita
É o resultado da divisão
britânico ultramarino, é dependente do Reino Unido,
da renda nacional pelo
porém possui seu próprio governo. É uma região turística número de habitantes
de um país.
e o forte de sua economia é a prestação de serviço
financeiro, pois as baixas taxas de impostos garantem ao Fonte: Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa
país uma das maiores rendas per capita do mundo.

Miami é uma das cidades turísticas mais


conhecidas dos EUA. A maior parte de sua
renda vem do turismo, o que gera elevada
circulação de pessoas nos meios de transporte,
como aviões e navios. Miami tem o segundo
maior aeroporto dos Estados Unidos da
América e seu porto é muito movimentado. Nos
dias atuais a maioria das embarcações ou
Miami - Fonte: http://pt.wikipedia.
aviões que transitam na região das Bermudas org/wiki/Miami - 06mai09
saiu ou estava com destino para Miami.

A cidade de San Juan, capital de


Porto Rico, forma o terceiro ponto desse
triângulo na superfície da Terra e é
dependente dos EUA. Atualmente seus
habitantes podem escolher o próprio
governante. Formado por outras ilhas
menores, é ponto turístico do caribe por
sua arquitetura espanhola e sua
San Juan - Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/San_Juan 06/05/09 economia é baseada na agricultura.
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Desde a sua colonização, que teve início em 1508, o idioma oficial era o
espanhol, depois do domínio americano, passou a ter mais um idioma em 1902, o
inglês. Por sua localização privilegiada geograficamente (como ponto estratégico)
passou a ter uma base militar americana.

PESQUISA
Investigue os países com maior renda per capita do mundo e compare com a
economia das Ilhas Bermudas. Monte uma tabela e construa um gráfico com os
dados do Índice de Desenvolvimento Humano – IDH e da renda per capita de
Miami, Porto Rico e Ilhas Bermudas. Utilize como fonte de pesquisa os sites da
Organização das Nações Unidas – ONU e do Programa das Nações Unidas para
o desenvolvimento – PNUD.

O mapa mundi nos apresenta a


visualização da região do Triângulo das
Bermudas no plano. Veja como fica um
triângulo qualquer traçado na superfície do
globo terrestre.
A forma desse triângulo apresentada
no globo terrestre é diferente daquela
apresentada no mapa. Os lados do triângulo
são levemente curvos. Por que isso ocorre?
Porque está sobre uma superfície esférica. Figura 1: Triângulo na superfície da
Terra
Trata-se portanto de um triângulo esférico.

Mas será que o formato esférico desse triângulo interfere, de alguma forma,
nos relatos mencionados anteriormente?

Na geometria temos conceitos que são indispensáveis para as construções


geométricas, como o ponto, a reta e o plano. Na Geometria da Superfície Esférica,
o ponto continua o mesmo ponto da Geometria Euclidiana, porém, as retas são
definidas como as Geodésicas ou círculos máximos da superfície da Esfera, e o
plano é a própria superfície esférica.
As geodésicas em uma superfície qualquer são os caminhos que fornecem a
menor distância entre dois pontos, sobre essa superfície. Por exemplo, no plano
euclidiano, as geodésicas são as retas euclidianas.
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Na superfície esférica é possível


demonstrar que as geodésicas são as
circunferências máximas, que são as
circunferências dos círculos máximos
obtidos por meio da intersecção da esfera
com um plano euclidiano que passa pelo
centro da mesma. Veja figura ao lado. Figura 2: Geodésica

Na geometria da superfície esférica, um


triângulo é dito esférico se seus lados são
formados por arcos de circunferências máximas.
Assim, para compreendermos melhor esses
conceitos, devemos analisar os arcos formados na
superfície esférica, conforme a figura 3.
Na figura 3, os pontos A e B são chamados
antípodas. Na superfície da terra, dois pontos Figura 3: Círculos máximos
antípodas são os pólo norte e pólo sul.
Quando falamos de geodésicas, a primeira imagem associada são as
geodésicas da Terra, que servem como orientação para navegação. Assim o
deslocamento de um navio ou submarino na superfície terrestre segue, sempre que
possível, uma trajetória sobre geodésicas. Neste caso, as rotas de navegação são
orientadas pelos conceitos que provêm da geometria da superfície esférica.
CURIOSIDADE
Os egípcios já utilizavam conceitos de
geometria na superfície da Terra com
necessidade de demarcar os limites de
propriedades rurais e cobrarem
impostos, assim o termo “geodésica”
pode ter surgido no reinado de Ramsés
II, por volta de 1300 a.C. Foi com os
gregos, no início do século IV a.C., que
surge a ideia da Terra ser redonda, mas
foi Aristóteles (384 a.C – 322 a.C) quem
demonstrou a esfericidade terrestre, e
temos um mapa-múndi, construído por
Erastóstenes (270 a.C. – 195 a.C.), com Fonte:
sete paralelos e sete meridianos. Os http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria
gregos tinham o estudo da “Geografia”
_do_mapa-m%C3%BAndi (19/02/09)
que significava “escrever sobre a Terra”
ou “estudo da superfície terrestre”
(PATAKI, p.36-37, 2003).
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As linhas imaginárias, ou seja, o sistema de


coordenadas geográficas de um determinado
ponto na superfície da Terra, é obtido por meio da
intersecção de um meridiano e um paralelo.
Esses conceitos são importantes para entender
as geodésicas na superfície esférica. Os
meridianos são semicircunferências de círculos
máximos cujas extremidades são os dois pólos
geográficos. Os paralelos são circunferências
perpendiculares ao eixo da Terra e equidistantes
Figura 4: coordenadas geográficas
dos pólos, como os Trópicos de Capricórnio e Fonte:
Câncer e os círculos polares Ártico e Antártico. A http://www.ibge.gov.br/home/geocie
ncias/cartografia/manual_nocoes/re
Linha do Equador é o único paralelo que tem presentacao.html
circunferência máxima (DUARTE, 1986).
Importante saber!
Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2004, p.16-17):
• Os Meridianos (latitude) são linhas imaginárias que dividem a Terra no
sentido norte-sul, de um pólo ao outro.
• Os Paralelos (longitude) são linhas imaginárias definidas pela circunferência
da Terra no sentido leste-oeste.
• A latitude é a posição do paralelo no hemisfério sul (S) ou norte (N), em
graus, definida pela distância da linha do Equador até o paralelo do lugar,
com valores que variam de 0o (linha do Equador) a 90o (pólos).
• A longitude é a distância, em graus, por convenção entre a posição do
Meridiano de Greenwich e o meridiano local, que variam de 0o a 180o da
posição leste (considerado positivo no hemisfério oriental) a oeste
(considerado negativo no hemisfério ocidental) de Greenwich.

Os meridianos são definidos de 15 em 15


graus, delimitando uma região denominada de
fuso horário, assim, quando dividimos 360o por
15, temos 24 horas, que é uma rotação da Terra,
ou seja, um giro em torno de seu próprio eixo.
Figura 5: Meridianos e Paralelos
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Vamos considerar uma pessoa localizada em uma cidade próxima da linha do


equador, a partir do meridiano de Greenwich. Se ela estiver 15o a oeste, o Sol chega
uma hora depois e se estiver 15o a leste o Sol chega uma hora antes.
O Território Brasileiro e o Fuso
O Brasil possui quatro fusos horários, o que permitiria o país ter quatro
horas diferentes. Porém, em 24 de abril de 2008, com a Lei no 11.662 foi reduzido
para três horários. O Arquipélago de Fernando de Noronha e a Ilha de Trindade
estão localizados no primeiro fuso horário brasileiro, depois vem a maior parte do
território brasileiro (hora de Brasília) com latitude entre 45o e 60o, por exemplo, o
estado do Acre que se localiza no último fuso brasileiro com 5 horas a menos em
relação ao meridiano de Greenwich.

FONTE: http://3.bp.blogspot.com/_tUkHHCyk8_k/SASLmEd0rjI/
AAAAAAAACLo/lu4UmNyaaLU/s400/mapa+do+fuso.jpg
Pergunta: o estado em que você mora está em qual fuso horário?
Quando comparamos a superfície da esfera com a superfície da Terra, sem
considerar a altitude, podemos chegar a alguns resultados. Em uma esfera temos
que substituir as linhas retas pela máxima aproximação possível dessas linhas que
são chamadas de circunferências máximas.
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Na superfície da Terra, podemos dizer que todos os meridianos estão


localizados sobre circunferências máximas. Um meridiano e seu antimeridiano
formam uma circunferência máxima. A linha do Equador é uma circunferência
máxima. Assim, um meridiano é uma semicircunferência e o Equador, uma
circunferência completa. O antimeridiano de Greenwich é a Linha Internacional de
Data.

Figura 6: meridiano e anti-meridiano Figura 7: meridiano e anti-meridiano

Um meridiano ao interceptar a linha do


equador forma um ângulo de 90o. Duas
circunferências máximas ao se interceptarem
formam os pontos chamados antípodas. Na
superfície esférica temos infinitas circunferências
máximas, que ao se interceptarem duas a duas,
também formam pontos antípodas. Na superfície
da Terra temos um exemplo de pontos antípodas, Figura 8: Pólo Norte e Pólo Sul
o Pólo Norte e o Pólo Sul.

ATIVIDADE
Materiais necessários: bola de isopor; alfinetes e fios coloridos.
Procedimento:
• Coloque quatro alfinetes na suposta linha do equador e passe o fio colorido
por eles;
• Utilize um fio de cor diferente para fazer os meridianos que irão interceptar a
linha do equador e formar a perpendicular passando pelos pólos;
• Construa um transferidor de papel para auxiliar na posição das linhas que
formam os ângulos na superfície esférica: com uma folha branca, desenhe o
transferidor de 180o, conforme a figura a seguir. Recorte o transferidor, faça
dobras nas linhas pontilhadas para facilitar o manuseio na superfície esférica.
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Veja como utilizar o transferidor.

Figura 9: Transferidor de papel Figura 10: Transferidor de papel na esfera

Agora posicione os outros dois alfinetes,


na suposta linha do equador, em uma posição
que formem o ângulo de 90o. Podemos observar
a perpendicular formada pela intersecção dos
fios, com os pontos antípodas e a visualização de
um triângulo formado na superfície da esfera. Figura 11: Triângulo na esfera

Na atividade anterior foi possível visualizar um triângulo que possui dois


ângulos retos, o que não pode ocorrer, por exemplo, no plano euclidiano. Então,
temos um triângulo esférico cuja soma dos ângulos internos é maior que 180o,
denominado também de triângulo geodésico. Esse triângulo tem lados formados por
arcos geodésicos.
ATIVIDADE
Materiais necessários: mapa múndi ou atlas geográfico; globo terrestre e
transferidor de papel.
Procedimento:
• Localize em um mapa e em um globo terrestre as cidades: Natal (RN), no
Brasil; Lisboa em Portugal e Nova Iorque, nos EUA.
• Medir os ângulos internos do triângulo formado por essas três referências
geográficas no mapa e no globo, utilizando o transferidor de papel. Cuidado!
Lembrem-se que para construir o triângulo geodésico, os lados devem ser
arcos de circunferência máxima.
• Compare os resultados da soma dos ângulos internos do triângulo da
superfície plana, no mapa e o da superfície esférica, no globo. Qual o valor
obtido em cada caso?
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Figura 12: Globo Terrestre

O Triângulo das Bermudas é um triângulo geodésico! No caso dos acidentes


ocorridos na região das Bermudas, como determinar a área desse triângulo,
onde ocorreram os acidentes?
Na superfície de uma esfera o triângulo
geodésico com três ângulos retos ocupa 1/8 da
superfície esférica. É como se um vértice estivesse
em um pólo e os outros dois na linha do equador,
distando ½.π.R um do outro, onde R é o raio da
esfera. A área da superfície esférica (A) é quatro
vezes a área de um círculo máximo (π.R2), ou seja,
A= 4.π.R2. Então a área A do trirretângulo será: Figura 13: Área do Trirretângulo
A = 1/8.4π.R2 ⇒ A = ½.π.R 2
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ATIVIDADE
Qual é aproximadamente a área da superfície da Terra delimitada pela linha do
equador, hemisfério sul e ocidental, ou seja, em um Atlas seria abaixo da linha do
equador e entre o meridiano de Greenwich e a Linha Internacional de Data.
Considere o raio da Terra 6 378 km.

Ao construir um triângulo com medidas muito pequenas em uma superfície


esférica, como uma bola de isopor, por exemplo, verificamos que é quase
imperceptível a curvatura de seus lados. Nesse caso, a soma dos ângulos internos
se aproxima de 180o. Ao desenhar um outro triângulo nesta mesma superfície, com
medidas maiores para os lados, as medidas de seus ângulos internos também
aumentarão. Consequentemente, o somatório da medida dos ângulos, será maior
que do triângulo menor. Se repetirmos este procedimento, ou seja, se desenharmos
triângulos cada vez maiores, teremos um aumento nas medidas de seus ângulos
internos. Mas qual será o limite da soma dos ângulos internos de um triângulo
esférico?
Vejamos: um triângulo trirretângulo possui três ângulos de 90o,
consequentemente, a medida da soma dos ângulos internos é igual a 270o. Vamos
além, se continuarmos aumentando esse triângulo que é formado por dois
meridianos que interceptam a linha do equador e tem um de seus vértices fixado em
um pólo, teremos sempre um triângulo com dois ângulos retos (birretângulo) e um
ângulo maior do que 90°. Os dois ângulos retos somam 180o, e a medida do terceiro
ângulo que nos dará o limite do somatório dos ângulos internos. Falta-nos, então, a
medida do ângulo formado pelos dois meridianos, com vértice no pólo.

Figura 14: ângulos do triângulo geodésico


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Veja, na figura 15, que à medida que


os lados desse triângulo se afastam, o
ângulo que tem vértice no pólo se aproxima
de 360o. Concluímos que esse triângulo
pode ter, no máximo, dois ângulos retos e
um que antecede, minimamente, a medida
de 360o. Logo, a soma dos ângulos internos
de um triângulo geodésico que tem dois Figura 15: Superfície esférica vista de
vértices na linha do equador, varia entre cima: triângulo com dois vértices na linha
do equador e outro no pólo.
180o e 540o, pois 90° + 90° + 360° = 540°.
Agora vamos imaginar o triângulo localizado em uma região esférica qualquer
e que ocupa uma pequena área da superfície, onde a soma de seus ângulos
internos seja próxima de 180o. Vamos lembrar da definição de triângulo: figura
geométrica formada por três lados e três ângulos. Quando afastamos
progressivamente os vértices de um triângulo na superfície esférica, a medida de
seus ângulos vai aumentar, logo a soma também, o que visualmente nos parece
alcançar o outro hemisfério. Se inicialmente o triângulo tiver cada um de seus
ângulos internos medindo e formos afastando os seus vértices, então a medida dos
ângulos internos também aumentará, e cada um ficará com a medida próxima de
300°. Logo, o limite máximo que a soma dos ângulos internos de um triângulo
geodésico pode assumir se aproxima de 900°.

300o
100o

60o

Figura 16: soma dos ângulos internos de triângulos na superfície esférica

Área do Fuso Esférico

Como você já estudou os conceitos sobre triângulos na superfície esférica,


vamos retomar a área do Triângulo das Bermudas. Já estudamos a área de um
Trirretilátero, porém o nosso triângulo pesquisado não tem ângulos retos. Assim,
vamos estudar um pouco mais sobre Fuso Esférico e a sua área, para podermos
chegar aos conceitos de área de outros tipos de triângulos na superfície esférica.
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Para calcular a área de um fuso esférico


(Afuso), vamos utilizar uma simples regra de três,
utilizando a medida em graus do ângulo (β)
formado entre dois meridianos. Consideramos
360o a medida do ângulo de toda a superfície
esférica e a área da superfície como 4 π.R2.
Assim, temos:
ângulo área
360 4 π.R2
β Afuso Figura 17: Fuso esférico

360/β = 4 π.R2/ Afuso  Afuso= 4 π.R2 . β / 360  Afuso= π.R2 . β / 90

Um fuso esférico não tem a Fuso Horário


Lembre-se que a superfície da Terra está
mesma medida de um fuso horário, dividida em 24 fusos horários que determina
porém eles partem do mesmo conceito, as 24 horas, definidas na rotação da Terra,
ou seja, cada fuso horário define 1 hora. O
eles estão numa região definida por dois Fuso horário é a região entre os meridianos,
formando um ângulo de 15o, que são
círculos máximos que se interceptam. obtidos pela divisão dos 360o por 24.

A área de um triângulo na Superfície Esférica

Primeiramente precisamos de algumas medidas. Para determinar a área do


Triângulo das Bermudas temos que achar a distância entre as três localizações, as
medidas dos ângulos internos do triângulo geodésico (α, β e γ) ou a medida do arco
formado na superfície da Terra (a, b e c). Podemos, através de uma pesquisa com o
software livre "Google Earth" ou com um Globo Terrestre, determinar,
aproximadamente, a distância ou a medida dos ângulos internos do triângulo. Vamos
à atividade a seguir.

ATIVIDADE
Determine a distância, aproximada, entre Miami, Ilhas Bermudas e Porto Rico.
Sugere-se utilizar software livre "Google Earth" para determinar a distância entre
as cidades ou medir com uma fita métrica essas distâncias utilizando um Globo
Terrestre (lembre-se de transformar a medida encontrada em cm pela escala do
Globo).
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Um triângulo na superfície de uma esfera, de raio R, tem seu lado sobre


circunferências máximas que ao se interceptarem determinam os vértices do
triângulo esférico ABC, formando ângulos internos, cujas medidas denotaremos por
α, β e γ, que também podem ser ângulos de três fusos. Vamos utilizar a expressão a
seguir, para determinar a área de um triângulo esférico:
A∆ABC = ( α + β + γ - π) . R2
Como os ângulos α, β e γ estão com medidas em radianos podemos
determinar a área de um triângulo qualquer ABC na superfície esférica. De acordo
com o resultado acima, que pode ser encontrado demonstrado em Marquese (2006,
p.66), temos que a área deste triângulo é o excesso da medida da soma dos
ângulos internos menos o valor de π multiplicado pela medida do raio da esfera ao
quadrado. Por exemplo, se uma bola de isopor tem raio medindo 5 cm, e em sua
superfície consideremos um triângulo esférico, cuja soma dos ângulos internos
mede 3,25 radianos. Então a área desse triângulo será igual (3,25 – 3,14) x 5 2 = 0,11
x 25 = 2,75 cm2. Consideramos aqui π = 3,14.
Quando ocorrer uma situação em que as medidas dos ângulos internos
estiveram em graus, por exemplo 65o, devemos transformar essa medida em
radianos. Veja como transformar: 3,14 ↔ 180o
x ↔ 65o ⇒ x ≅ 1,134 rad

Agora vem o desafio! Já conhecemos os conceitos de triângulos esféricos e


vamos calcular a área do Triângulo das Bermudas!

ATIVIDADE
• Calcular a área da região delimitada pelo Triângulo das Bermudas.
Considere α = 61,61ο , β = 63,16o e γ = 57o.
• Como temos a medida dos ângulos internos do Triângulo das Bermudas,
verifique a sua soma. Ele é um triângulo plano?

PESQUISA
Verifique em sites e livros qual a medida da área delimitada pelo Triângulo das
Bermudas e compare com seus cálculos.
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Esses estudos possibilitaram o cálculo da área da região que compreende o


Triângulo da Bermudas, mas os mistérios que envolvem essa região ainda
permanecem inexplicáveis. O que você acha: seria o formato triangular dessa região
um dos fatores que provocam tantos acontecimentos misteriosos?

Uma possibilidade de explicação para os Campo Magnético da Terra


desaparecimentos de aviões e embarcações na A Terra pode ser
considerada um grande imã
região das Bermudas pode estar ligada ao que
natural, já que possui dois
chamamos de campo magnético da Terra que pode polos magnéticos próximos
aos polos geográficos da
danificar os aparelhos de orientação, como a
Terra. A agulha imantada de
bússola, e desorientar os instrumentos de uma bússola se orienta em
direção aos pólos
navegação. As embarcações ou aeronaves, que
magnéticos da Terra, ou
seguiam rotas diferentes daquelas planejadas, uma seja, ao indicar o Sul
Geográfico, está apontando
vez perdidas, poderiam ficar sem combustível ou
para o Norte magnético.
enfrentar tempestades no mar, fazendo com que (TIPLER, 1993)
afundassem no oceano Atlântico e nunca mais
fossem encontradas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOYER, C.B. História da Matemática. Tradução: GOMIDE. E.F. 2. ed. São Paulo:
Edgard Blücher, 1996.

COUTINHO, L. Convite às geometrias não-euclidianas. Rio de Janeiro:


Interciência, 2001.

DUARTE, Paulo Araújo. Cartografia Básica. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1986.

GARRIDO, D.; COSTA, R. Dicionário Breve de Geografia. Lisboa: Editorial


Presença, 1996.

HOUAISS, A.; VILLAR, M.S. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de


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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. ATLAS


GEOGRÁFICO ESCOLAR. Rio de Janeiro: IBGE, 2004.

LIMA, E. L. et al. A matemática do ensino médio. 3. ed. v. 1. Rio de Janeiro:


Sociedade Brasileira de Matemática, 1998.
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MARQUEZE, J.P. AS FACES DOS SÓLIDOS PLATÔNICOS NA SUPERFÍCIE


ESFÉRICA: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DE NOÇÕES
BÁSICAS DE GEOMETRIA ESFÉRICA. Dissertação de Mestrado em Educação
Matemática – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, São Paulo,
2006.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica.


Diretrizes Curriculares de Matemática. Curitiba: SEED-PR, 2008.

PATAKI, I. GEOMETRIA ESFÉRICA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES:


UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR. Dissertação de Mestrado em Educação
Matemática – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, São Paulo,
2003.

SAMPAIO, J.C.S. Uma introdução à topologia geométrica: passeios de Euler,


superfícies, e o teorema das quatro cores. São Carlos: 2008.

TIPLER, P. A. Física: para cientistas e engenheiros. 5. ed. v.2. Rio de Janeiro: LTC,
2006.

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