Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ol
C
O bservatório
N acional
Edição 04/2009
A partir de 12 anos
Ministro de Estado da
Ciência e Tecnologia
Sergio Machado Rezende
Secretário - Executivo do
Ministério da Ciência e Tecnologia
Luiz Antônio Rodrigues Elias
Subsecretário de Coordenação
das Unidades de Pesquisa
José Edil Benedito
Diretor do ON
Sergio Luiz Fontes
Revisão Técnico-Científica
Dr. Carlos Henrique Veiga (Chefe da Divisão de Atividades Educacionais)
Dr. Dalton de Faria Lopes (Pesquisador da Coordenação de Astronomia e Astrofísica)
Programação Visual
Edilene Ferreira
Caros Leitores,
Esta série de revistas, editadas pela Divisão de Atividades Educacionais O O bs er vat ó rio N ac i on al n ão se
do Observatório Nacional/MCT, projeto apoiado pelo Conselho de responsabiliza pelos dados e opiniões
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, tem como meta a expressos nesta publicação, sendo estes
difusão de informações gerais sobre os vários temas da Astronomia. de inteira responsabilidade dos autores.
Levar o leitor ao pensamento científico, à imaginação e à criação,
atraindo-o a pesquisar os conceitos aqui abordados ou sugeridos, é um A revista já está utilizando as alterações
dos objetivos desta publicação. introduzidas na ortografia da língua
portuguesa.
Existe antigravidade?
Existe antigravidade?
D
urante séculos o ser humano olhou para o espaço e viu dois
objetos cujas formas chamaram a sua atenção: a Lua e o Sol.
Ambos distinguiam-se dos outros corpos celestes, os pe-
quenos pontos luminosos que marcavam o céu noturno, por
mostrarem uma forma bem definida.
Ambos podiam ser vistos com a forma de um disco que ocupava uma
certa região do espaço. A Lua apresentava eventualmente formas dife-
rentes, dependendo da época do ano, mas sempre voltava a ter em algum
instante a mesma forma de disco brilhante no céu. O Sol, a despeito da
dificuldade de observá-lo em razão de seu brilho intenso, também po-
dia ter o seu disco observado tão logo uma nuvem não muito espessa
passasse à sua frente. Lá estava um disco semelhante ao da Lua, só que
com a característica de possuir um brilho intenso, quase cegante, e não
o brilho ameno da Lua.
1
01
O que seriam esses corpos? Discos no céu ou teriam a forma de uma es-
fera? Com o uso do telescópio para observações astronômicas, iniciado
em 1609 pelo astrônomo italiano Galileu Galilei, os astrônomos percebe-
ram que os corpos celestes eram esferas e não discos colocados no céu.
4
04
No entanto, a despeito desses ar- É importante lembrar que o conhe-
gumentos na Idade Média (sécu- cimento de que a Terra era redonda
lo V ao século XV) houve um gran- não foi perdido nos séculos seguin-
de retrocesso no pensamen- tes. Assim, nem Vasco da Gama,
to sobre a forma da Terra. nem Cristóvão Colombo, nem
Para o homem comum a Ter- Pedro Álvares Cabral, nem qual-
ra voltava a ter a forma de um quer outro dos grandes nave-
tabernáculo retangular, plano, gadores ou qualquer dos seus
circundado por um abismo de contemporâneos com cul-
água. Felizmente alguns pen- tura, tinham medo de cair
sadores mantiveram o da borda da Terra duran-
conhecimento herdado te suas viagens para
dos gregos antigos tra- o oeste, na tentati-
duzindo os antigos textos va de achar um ca-
para o latim. minho marítimo
para as Índias.
5
05
H
oje, ninguém mais pode ter dúvidas sobre a forma da Terra.
Ela não é perfeitamente esférica uma vez que o diâmetro de
um polo ao outro é 42 quilômetros menor do que o diâmetro
no equador. No entanto, está errado dizer que a Terra tem a
forma de uma tangerina. O diâmetro da Terra no equador é de cerca de
6500 quilômetros e a diferença de 42 quilômetros não significa muita
coisa, a não ser que a Terra é muito menos achatada do que qualquer
tangerina ou parente dela. Se quiser ser técnico, diga que a Terra tem a
forma de um esferóide oblatado.
6
06
O que é a gravidade?
O que é a gravidade?
O que é a gravidade?
O que é a gravidade?
Ao observarmos o movimento dos corpos celestes no espaço vemos que
eles não são objetos errantes que seguem trajetórias quaisquer no espa-
ço. Todos eles percorrem órbitas bem determinadas obedecendo a leis
gerais que presumimos serem válidas em todo o Universo. Isto é im-
portante por nos indicar que os corpos celestes es-
tão sob a ação de forças que os mantém em suas
órbitas. Melhor ainda, sabemos que os objetos na
Terra interagem e conhecemos as leis que regem
essas interações.
7
Descobrindo
Descobrindo a mecânica
a mecânica dos corpos dos
celestes
corpos celestes.
Descobrindo a mecânica dos corpos celestes
Sempre intrigou os astrônomos por que os planetas descreviam suas ór-
bitas da maneira como observamos. Isso levou a diversos modelos que
procuravam descrever o Sistema Solar. Para uns, a Terra estava no cen-
tro e os planetas se moviam em torno dela. Esse era o modelo geocêntri-
co criado e defendido por Ptolomeu no século II a.C.
8
08
Ocorreu então a revolução criada por Nicolaus Copernicus, no
século XVI, ao sugerir que o Sol ocupava o centro do Sistema
Solar e todos os planetas, inclusive a Terra, giravam em torno dele. Este
era o modelo heliocêntrico do Sistema Solar.
9
09
Surgiu então o astrônomo Tycho Brahe que se notabilizou por realizar
excelentes registros celestes.
Marte
Sistema Ptolomeu
Sol
Terra
Marte
Sol
Marte Terra
Sistema Copérnico
Sol
Terra
10
10
Foi então que Kepler sugeriu três importantes leis do movimento plane-
tário que são conhecidas como Leis de Kepler:
Semi-eixo maior
SOL Centro
F1 F2
(foco) (foco)
Planeta
11
11
2 - Lei das áreas: a linha traçada do Sol a qualquer planeta descreve
áreas iguais em tempos iguais.
Planeta
Sol
Entretanto, essas leis foram obtidas a partir das observações, sendo por-
tanto, empíricas. Elas descreviam o movimento observado dos planetas,
mas não davam qualquer explicação teórica do porquê isso acontecia.
12
12
Foi preciso surgir no cenário científico o filósofo e matemático
inglês, Isaac Newton, para que as leis de Kepler fossem deduzidas
matematicamente.
13
13
As Leis de Newton para o
As Leis de Newton para o movimento dos corpos
movimento dos corpos
Esta lei, também chamada de Lei da Inércia, nos fala sobre a ação que
deve ser feita para manter um corpo em movimento.
”
Assim, se não há nenhuma força agindo:
Então por que quando eu empurro um carro ele anda um pouco e para?
Isto ocorre devido à presença de forças, também externas, que atuam
sobre o carro no sentido contrário ao seu movimento. Estas forças, cha-
madas de forças de atrito, são as responsáveis pelo fato do carro parar.
Se as forças de atrito não existissem, ao aplicarmos uma força sobre um
corpo, ele iniciaria um movimento que duraria para sempre.
14
14
Observações:
15
15
SeguNda Lei de NewtoN
Esta lei estabelece uma relação entre os conceitos de força, massa e ace-
leração, fundamentais para a física:
F=ma
Observações:
16
16
(2) O conceito de força não está associado apenas a algo exter-
no a um corpo. Também existem forças atuando no interior de
todos os corpos.
FAB = -FBA 17
17
Essa terceira lei, na verdade, nos revela como é conservado o
“momentum” de um corpo. “Momentum” (também chamado de “mo-
mentum linear”) é definido como o produto da massa do corpo pela sua
velocidade.
F = G Mm
d 2
20
20
A Constante Gravitacional da
equação de Newton
A gravidade é uma força tão fraca, que a constante “G” que aparece na
equação da gravitação de Newton, não podia ser medida na época em
que a equação foi proposta.
A aceleração da gravidade
Vimos que a Segunda Lei de Newton nos dá a relação entre força e ace-
leração, a importante equação F=ma. No entanto, a força gravitacional é
antes de tudo uma força e, portanto, pode ser descrita por uma relação
semelhante a essa. Dizemos então que a força gravitacional é o produto
da massa “m” de um corpo pela aceleração da gravidade criada sobre ele
por um corpo de massa “M”. Ou seja:
22
22
Desse modo, a aceleração da gravidade é dada pela equação:
Curiosidades da atração
gravitacional
Vimos que a Lei da Gravitação Universal, postulada por Isaac Newton fala
da interação gravitacional entre duas partículas. Mas, essa lei serve para
o estudo da interação gravitacional entre dois cor-
pos macroscópicos? Certamente sim! Podemos
considerar que todos os corpos macroscópicos
são formado por um número extremamente
grande de partículas e então aplicarmos a
lei. No entanto, isso seria um trabalho deses-
perador uma vez que corpos macroscópicos
possuem muitas partículas. Se quisermos
determinar a força gravitacional existente
entre corpos extensos como, por exemplo, a
Terra e a Lua, deveríamos decompor cada
um desses corpos em partículas e calcu-
lar a interação gravitacional entre cada
par de partículas! Seria um trabalho
impossível de ser feito. No entanto,
como fazemos esse cálculo? Foi
o chamado cálculo diferencial e
integral proposto por Leibnitz
e por Newton que veio salvar
a situação.
23
23
Essa parte da matemática permite que essas interações não sejam feitas
par a par mas, sim de uma maneira contínua, integrada.
1) Uma grande esfera atrai partículas fora dela, como se toda a massa da
esfera estivesse em seu centro.
Como o nosso peso é dado pelo produto da nossa massa pela aceleração
da gravidade no local onde nos encontramos, vemos que o nosso peso vai
variar em cada um dos objetos do Sistema Solar.
Note bem: o nosso peso (P =mg) varia, mas a nossa massa não varia. O
valor da massa de um corpo independe da aceleração da gravidade e,
portanto, é sempre o mesmo.
27
27
Gravidade e as estrelas
Falamos muito sobre a ação do gravidade entre planetas e satélites. No en-
tanto, o conceito de gravidade é fundamental para o estudo das estrelas.
Todo o processo de vida de uma estrela está associado a uma dura disputa
entre a força gravitacional e a pressão do gás que forma a estrela.
Essa imagem mostra a nebulosa de reflexão NGC 1999, que contém a es-
tela V380 Orionis (o objeto brilhante abaixo e a esquerda do centro), e
está situada na constelação Orion. O que podemos observar nessa ima-
gem? Nesta região existe uma gigantesca nuvem molecular, conhecida
como “Orion A”, que continua gerando novas estrelas. Na parte superior
da imagem vemos um aglomerado formado por estrelas jovens e brilhan-
tes, o aglomerado L1641N, que ilumina uma região formada por densos
amontoados de matéria escura. Nesta região estudos feitos na região es-
pectral do infravermelho revelaram a presença de mais de 50 estrelas em
formação.
28
28
Se existem regiões do meio interestelar que se caracterizam por permi-
tirem grande formação de estrelas, quais são as condições físicas que as
tornam tão especiais?
Durante toda a vida da estrela existe uma grande luta entre a força
gravitacional que procura comprimi-la cada vez mais e as forças inter-
nas do gás (mostradas pela pressão) que, ao contrário, querem fazê-la
se expandir.
29
29
Em alguns momentos, a força gravitacional vence a disputa e a estrela
se contrai. As reações nucleares que ocorrem no interior das estrelas
produzem energia, que aumenta a pressão gasosa e equilibra de novo
o corpo celeste. Outras vezes a estrela se expande tanto que seu gás
esfria. Isso faz com que a pressão no seu interior diminua e novamente
a força gravitacional faz a estrela contrair de novo.
É assim que vive uma estrela até que, em um dado momento, após re-
alizar a queima nuclear de vários elementos químicos que a compõe,
ela atinge os estágios finais de sua evolução. Neste caso a estrela pode
expulsar todo o gás que envolve sua região central, formando uma ne-
bulosa planetária (que, apesar do nome, não tem qualquer relação
com planetas).
30
30
A região central da estrela não é destruída. Ela ejeta todo o gás que a
envolve mas ainda se mantém como uma estrela muito quente que vai
continuar a contrair (ação da força gravitacional) cada vez mais até se
transformar em uma estrela anã branca.
31
31
Outras, com massas ainda maiores, explodem e o que resulta é a forma-
ção de um buraco negro, uma região do espaço-tempo com um campo
gravitacional tão intenso que nem mesmo a luz pode sair dele. Nesse
caso temos o domínio completo da força gravitacional.
A Gravitação Quântica
Até agora os físicos ainda não possuem uma teoria como essa, apesar
dos enormes esforços desenvolvidos para isto. As dificuldades para criar
uma teoria quantizada para a gravitação têm sido muito grandes: a ma-
temática envolvida é muito sofisticada e os conceitos físicos estão na
fronteira do nosso conhecimento e imaginação.
A teoria das partículas elementares nos diz que todo processo de intera-
ção existente na natureza é mediado por uma ou várias partículas que
recebem o nome de mediadores. Assim, a interação eletromagnética
tem como mediador o fóton e a interação forte é mediada pelos gluons. A
interação fraca tem as partículas W+, W- e Z0 como mediadores.
32
32
COPYRIGHT