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Texto 1 - BARDIER, Frederic – Historia do Livro – Introdução – p.

17 a 24

Etimologia – Livro

Objeto formado por um conjunto de folhas havendo ou não um texto e reunidas por uma encadernação ou
uma brochura.
Dicionário de Moreri: amontoado de varias folhas reunidas e sobre as quais há alguma coisa escrita.

Definições – Livro
Caráter instável
Senso comum: objeto mais usual = livro impresso.
Limites sem nitidez
Livro ≠ Periódico ≠ Jornal (impresso – com certa periodicidade)
 Distinção não é tão clara
 Usualmente fala-se livro para periódicos reunidos em coleção e encadernados; e para
anuário (periódico anual)
Usualmente = objeto impresso
 Porém é igualmente usado para livros manuscritos ou manuscritos (cuja forma material é
totalmente diferente)
Desenvolvimento das técnicas de informática  livro eletrônico (novos suportes de textos)

Conservados nas bibliotecas cujo acervo é diferente do acervo dos arquivos, porém depende, não entendi
o texto.
Atualmente: coleções das bibliotecas se ampliam cada vez mais para além dos livros  acervos de discos,
de fitas de vídeo, espaços de conexão a internet (midiateca) e etc.

Resumindo: a definição de livro não é absolutamente resolvida.


O livro designa igualmente o conteúdo intelectual do objeto livro/do texto/ou uma parte dele.
Origem  Livro = Rolo (volumen)
 Definição torna-se progressivamente mais intelectual que material
 Porém, a natureza do texto não precisa absolutamente ser levada em conta
Unesco  definição normalizada: trata-se de uma publicação impressão, não periódica, de 50 páginas ao
menos.
O que é livro para Frederic Barbier: Todo objeto impresso, independentemente de sua natureza, de sua
importância e de sua periodicidade, assim como todo objeto portador de texto manuscrito e destinado, ao menos
implicitamente, a uma certa publicidade.
 (Perspectiva mais ampla, pois seu objetivo é estudar a história da escrita na sua articulação com
as categorias sociais, políticas, culturais e econômicas dominantes a cada época – na sua função de
mediação)

Histórias de livros
Eixos principais  França, 4 grandes etapas sucessivas:
1. Séculos XVII e XVIII – colecionadores e bibliófilos - difusão da prática de vendas públicas,
estabelecimento de gabinetes de curiosidades e de bibliotecas, impulsionam a confecção de
catálogos e os estudos monográficos (produção de uma imprensa célebre).
2. Século XVIII – Erudição – descoberta da imprensa (1740) – documentação dos pesquisadores
se estende às peças de arquivos e esforça-se em reconstituir a carreira dos grandes tipógrafos do
passado. Esse tipo de trabalho é normalmente conduzido por livreiros. A tradição do grande
livreiro erudito se prolonga até a época contemporânea.
3. Um Todo – objeto livro faz unidade – manuais propõem uma descrição aplicada, muito precisa,
condições de fabricação do livro, sua forma material, de sua difusão e de sua conservação.
4. Lucien Febvre e Henri-Jean Martin – perspectiva renovada – história do livro entendida com a
história social, ampliada a todos os aspectos da vida em sociedade – História econômica
(condições da produção e difusão) + história das culturas e das práticas culturais (construção,
percepção, circulação e apropriação de textos) + história das categorias sociais, políticas,
simbólicas das diferentes épocas. Território do historiador.
Perspectivas
4 campos de pesquisa são explorados = ampliação do quadro de pesquisa  torna a situação atual
cambiante e ambígua
1. Trabalhos Alemães – história da recepção – incide sobre os problemas da leitura e de suas práticas.
2. Historiados Ingleses do livro – se interesse pelas formas materiais do livro – bibliografia material –
estuda as formas materiais dos textos para recuperar suas genealogias e suas variantes e para
estabelecer a melhor edição possível.
 ampliada ao estudo da composição – como a organização material do texto de um certo livro
nos informa sobre as condições implícitas de sua leitura, e mesmo sobre as categorias mais gerais que
emolduram essa “composição” e da qual é como que reflexo.
(os outros 2 eixos ele disse que só mencionaria, mas só mencionou mesmo o 3)
3. Comparatismo – visa construir uma história comparada do livro – ordem metodológica

Texto 2 – CAVALLO, Guglielmo – Entre o volumen e códex - p. 71 a 102

A partir de que momento é possível falar de uma presença real do livro e do surgimento de práticas de
leitura em Roma?

 Uso da Escrita – primeiros séculos – restrito ao corpo sacerdotal e aos grupos nobres
(depositários dos conhecimentos fundamentais da cidade, referentes ao sagrado e ao jurídico, à medida do tempo,
à ordem anual dos eventos registrada nos “anuais”: conhecimento provavelmente fixado em livros de fazenda de
linho [lintei] ou em pranchetas de madeira [tabulae].

 Literatura – restrita ao círculo da classe dirigente e as particulares exigências da vida corporativa: elogios
fúnebres, relatos de magistrados, memórias da cidade escritas sem nenhuma pesquisa retórica
(Catão, o Censor [234 - 149 a.C.] escrevia seus discursos em tabuinhas antes de proferi-los, ele mesmo compôs e
escreveu uma historia de Roma para o filho – ainda longe de verdadeiros livros e da verdadeira literatura, mas
apresenta uma guinada)

 181 a.C. – livros de Numa – rolos de papiro envoltos em folhas de cedro – em parte gregos e de conteúdo
filosófico-doutrinal, e outra parte em latim de direito pontifical

As modalidades de Leitura

A leitura de uma obra literária  exigia grande domínio técnico e intelectual


A leitura de outros textos  exigia um nível menor de competência  a leitura de cartazes, documentos ou
mensagens  era facilitado pela repetição de certas formulas
Até os séculos II e III d.C.  “ler um livro” significava  ler um rolo  pegava-se o rolo com a mão direita,
desenrolando-o progressivamente com a esquerda, a qual segurava a parte já lida  acabada a leitura, o rolo
permanecia enrolado na mão esquerda  essas diversas fases, bem como certos gestos e atitudes
complementares, são demonstradas nas representações iconográficas, sobretudo nos monumentos funerários
O rolo é seguro com a mão direta  enquanto a esquerda começa a desenrola-lo  fase inicial da leitura  o
rolo na forma de dois cilindros mantidos com ambas as mãos e delimitando uma seção mais ou menos
representativa do texto que está sendo lido  o rolo aberto no tipo chamado da “leitura interrompida”  seguro com
apenas uma mão que, reunindo os dois cilindros nas extremidades, deixa livre a outra mão  o rolo aberto em sua
última faixa, inclinado para a direita, indicando a leitura que vai sendo concluída  o rolo, enfim, novamente
enrolado, seguro pela mão esquerda
Uso de um suporte de madeira que sustentava o rolo durante a leitura  ele aparece ora apoiado nos
joelhos do leitor, ora acomodado em uma coluna
Segundo essas modalidades de leitura  podia-se variar livremente o segmento de abertura do rolo, de
forma a ter diante dos olhos apenas uma coluna de escrita, ou, então, várias colunas  também o olhar do leitor
detinha-se a cada vez na coluna “em leitura”, mas passando com facilidade de uma a outra ao percorrer o texto 
no caso de rolos ilustrados  o olhar podia “ler” uma sequência de imagens quase simultaneamente, preenchendo
com a mente as distancias temporais ou espaciais entre as cenas representadas
Situações de conjunto nas maneiras de ler  leitor lendo na presença de um auditório que o ouve  o
professor ocupado em leitura de escola  o orador que declama seu discurso com o escrito diante dos olhos  o
viajante lendo em sua carruagem  o comensal deitado ao colher com o olhar as linhas do rolo entre as mãos  a
jovem absorvida na leitura, de pé ou sentada sob um pórtico
Lia-se quando se ia caçar  ou durante a noite para vencer a insônia
A leitura, em suma  parece ter sido uma operação muito livre  não somente pelas situações em que
ocorria, mas também pela sua fisiologia
Condições da aprendizagem da leitura  diversas  segundo a época, o estatuto social e as circunstâncias
 geralmente realizada em âmbito familiar  junto a professores particulares ou na escola pública  fases e os
níveis de aprendizagem da própria leitura  iniciava  com vários caracteres, começando pelos maiores 
capacidade de ler podia ser apenas de rudimentos indispensáveis (ler a letras maiores ou pouco mais) ou atingir,
com a ajuda de professores de gramática e de retorica, graus bastante avançados  até um perfeito domínio.
Antes de aprender a ler aprendia-se a escrever  tinham antes de mais nada, aprender as formas e os
nomes das letras em ordem alfabética  com a ajuda de pequenos moldes de marfim ou de outros objetos
similares  depois aprender a escrever  seguindo em uma tabuinha de madeira o sulco de cada letra gravado pelo
professor e realizando depois elas próprias a gravação  posteriormente, eram constituídos traçados das silabas,
de palavras completas e finalmente, de frases.
Aprendizagem da leitura  separada da aprendizagem da escrita  era realizada depois  de modo que
havia certamente indivíduos com pouco grau de escolaridade capazes de escrever, mas não de ler  os exercícios
iniciais eram das letras isoladas  depois das silabas  e em seguida no conhecimento ou domínio de palavras
completas  leitura feita por longo tempo e muito lentamente  ate atingir, pouco a pouco, uma emendata velocitas
 um considerável grau de rapidez sem incorrer em erros  era feito em voz alta  desdobramento de atenção 
leitura se mostrava segura e rápida  o olho precedia a boca  leitura ao mesmo tempo oral e visual  “ler um livro
com os olhos”  capacidade do olhar hábil capaz de decifrar imediatamente a escrita
A maneira mais habitual de ler era  em qualquer nível ou função  a leitura em voz alta  a leitura podia
ser pessoal  ou feita por um leitor que assegurava a mediação entre o livro, o ouvinte ou ainda todo um auditório 
no caso de certas composições poéticas  varias vozes leitoras se alternavam, segundo a estrutura do texto  esse
recurso à oralidade  explica forte interação existente entre escrita literária e leitura  cantare ler um texto literário
era quase executar uma partitura musical  já na escola o jovem romano aprende  quando reter a respiração, em
que ponto dividir a linha com uma pausa, onde concluir o sentido e onde começar, quando se deve erguer e
quando se deve abaixar a voz, com que inflexão se deve articular cada elemento, o que deve ser dito mais
lentamente ou com maior rapidez, com maior ímpeto ou com maior suavidade  nas escolas de retorica  liam-se
os oradores e os historiadores seja em silencio, seguindo no livro a leitura do professor, seja cada um por sua vez,
em voz alta, também com a finalidade de apontar eventuais erros no texto
Medicina da época  esforço exigido pela leitura em voz alta  exercício físico benéfico para a saúde  pois
era geralmente acompanhada por movimentos menos ou mais acentuados da cabeça, do tórax e dos braços 
iconográfico  muito comum no caso da leitura do rolo  da “leitura interrompida”  interrompida por motivos
ocasionais (comentar uma passagem, conversar com alguém, fazer uma pausa), mas também para deixar livre
uma das mãos e marcar determinada passagem com um gesto mais amplo (voz e gesto davam à leitura o caráter
de uma representação teatral)
Leitura expressiva  condicionava a escrita literária  por ser destinada a uma leitura em voz alta  exigia
pratica e estilo próprios de oralidade  a fronteira entre o livro e a palavra não é das mais nítidas  a voz, portanto 
fazia parte do texto escrito em cada fase de seu percurso, do emissor ao destinatário
Excetuando o caso de leitores bastante hábeis ou profissionais  a leitura era uma operação lenta 
primeira dificuldade  tipo de letra adotada pelo copista  livreira, caligráfica, semicursiva ou cursiva e rica em
ligações que originavam confusão  nem todos os que tinham pratica de uma escrita eram capazes de ler com
facilidade a outra
Outros fatores que dificultavam uma leitura rápida  até o século I d.C. em Roma  os livros usavam os
interpuncta = pontos que indicavam as separações entre as palavras  mas a partir do final desse século 
começou a prevalecer também nos textos latinos a scriptio continua (escrita contínua, sistema de escrita sem
espaços ou divisores entre as palavras ou sentenças. Geralmente, também prescinde de pontuação, diacríticos e
distinção entre maiúsculas e minúsculas) em uso no mundo grego  sinais críticos ou de pontuação eram
funcionais para a estruturação “retórica” do escrito  com a finalidade de assinalar pausas de respiração e de ritmo
para a leitura em voz alta  contudo, não eram usados sistematicamente e não possuíam regras estabelecidas 
havia, no entanto, uma vantagem  propunha ao leitor um texto neutro, onde este podia assinalar separações e
pausas por sua própria iniciativa
Uma boa leitura exigia  competências intelectuais e exercício  mas também uma adequada preparação
material do escrito mediante intervenções capazes de subdividir as palavras, assinalar as pausas, indicar as frases
afirmativas e interrogativas ou as estruturas métricas

Texto 9 – WILSON, Martins – As bibliotecas na antiguidade e na idade média – p. 72 a 83

As bibliotecas são anteriores aos livros e até aos manuscritos.


As bibliotecas medievais (idade média) são simples prolongamentos das bibliotecas da antiguidade, tanto
na composição, quanto na organização, na natureza e no funcionamento. Não se trata de dois tipos diferentes de
bibliotecas, mas de um mesmo tipo que sofreu poucas modificações resultantes de pequenas divergências de
organização social.
Existe mais diferença entre as bibliotecas da antiguidade, diferença essa de ordem material, já que
existiam as bibliotecas “minerais” (compostas de tabletas de argila) e as bibliotecas “vegetais” e “animais”
(compostas de rolos de papiro ou de pergaminho).
Inclusive, a maior modificação entre as bibliotecas mais remotas às posteriores foi na matéria de que os
“livros” eram feitos, não variando em nada o “funcionamento”, a natureza e as finalidades.
Até a Renascença (idade moderna) as bibliotecas não estão à disposição dos profanos, pois são
consideradas sagradas, e apenas tem acesso os que fazem parte de uma certa “ordem”, ou de um “corpo”
religioso ou sagrado.
A biblioteca foi assim desde os seus primórdios até o fim da Idade média, apenas um depósito de livros,
onde a única preocupação era colecionar, preservar e conservar o conhecimento, ou seja, era mais um lugar onde
se esconde o livro do que um lugar onde se procura fazê-lo circular ou perpetuá-lo. Inclusive, a própria arquitetura
das bibliotecas demonstra isso, os livros ficam num local que não tem saída para o exterior, possuindo apenas
uma porta, que parece dar apenas para o interior do edifício, e as bibliotecas medievais se situam no interior dos
conventos, lugares de difícil acesso para os profanos.
Essa noção de leitor que temos hoje em dia é moderna, pois da Antiguidade à Idade Média é uma figura
que não existe materialmente.
Os progressos da instrução foram lentos, mesmo entre as classes nobres, inclusive, muitos, se não a
maioria, dos grandes senhores medievais não eram capazes de ler e de escrever.
Isso explica o paradoxo de ter sido oral a própria literatura da Idade Média.
O clérigo foi durante milênios o homem que pertencia a classe sacerdotal e o letrado (homem que sabia
ler e escrever). O sacerdote, monopolizador de fato e de direito de toda língua escrita, era ao mesmo tempo, o
monopolizador de todos os conhecimentos, religiosos, literários e científicos.
Isso explica porque a ciência levou séculos para se distinguir da magia, do sobrenatural, etc.
Inclusive, nada mais natural que O “texto” fosse igualmente O livro (The Book), que hoje todos
compreendemos como A Bíblia.
Assim sendo, pode-se dizer que, os antigos povos do Oriente (assírios e egípcios) parecem ter
conhecido apenas as bibliotecas religiosas, e a sua noção de biblioteca se confundia com a de arquivos.
Não se tratava de bibliotecas em que um público, mesmo restrito, fosse admitido à consulta, os livros eram
reservados a oficiantes ou comentadores quase funcionários.
Somente com os gregos, houve uma evolução.
A biblioteca de Pérgamo, e a de Alexandria, foram conservadoras de textos profanos e órgãos difusores
do pensamento. Eram instituições oficiais, e o seu orçamento dependia das finanças públicas ou da lista particular
do soberano.
Entre as bibliotecas da Alta Antiguidade, as mais consideráveis e mais importantes foram as do Egito.

As grandes bibliotecas da Antiguidade

A mais famosa e todas as bibliotecas egípcias e de toda antiguidade  Biblioteca de Alexandria


Mais 700.000 volumes.
Onde, volume era comumente usado para as divisões de uma mesma obra.
Ptolomeu Soter fundou-a, e seu filho Ptolomeu Filadelfo, ampliou-a.
Divida em 2 partes:
400.000 volumes foram depositados num bairro da cidade chamado Bruchium.
E as novas aquisições, 300.000 volumes, formaram uma biblioteca suplementar, num outro bairro
chamado Serápio.
Sofreu 3 incêndios históricos, o terceiro sendo definitivo para sua destruição.
Favoreceram a cultura do papiro e mantinham um exercito de copistas.
Assim que tomou “emprestado” obras dos atenienses  devolvia as copias que tinha mandado seus
copistas fazerem. Os originais ficavam em Alexandria.
Onde se realizou uma tradução histórica  a dos livros sagrados dos hebreus, que setenta sábios
passaram para o grego, recebendo por isso o nome de “versão dos setenta”. Foi considerada um dos maiores
acontecimentos históricos, porque permitiu a propagação do judaísmo entre os gentios e o estabelecimento do
cristianismo.
Biblioteca de Pérgamo
200.000 volumes.
Despereceu junto com a de Alexandria.
Fonte da invenção do pergaminho.

Havia bibliotecas judaicas em cada sinagoga.


Bibliotecas da Mesopotâmia – Nínive
Possuía tabletas de argila que continham obras religiosas e de magia, históricas e de astrologia, catálogos
de plantas e de animais, mapas e estipulações de toda espécie.
Na Grécia
Primeira biblioteca estabelecida  Pisistrato (571 – 561 a.C.)
Tinha o caráter de biblioteca pública. Primeira de Atenas.
Reuniu um grande número de escritos literários e científicos.
Quando a cidade foi tomada por Xerxes, foi incendiada e todos os livros foram pilhados e transportados
para Pérsia.
Muitos anos depois o rei Seleuco Nicanor devolveu os livros.
Poucos historiados falam sobre, pois elas pertenceram em sua maior parte a particulares. Sem falar da
transferência de volumes para Alexandria.
Eurípedes, Aristóteles e Teofrasto.
Caráter sobretudo oral da literatura – peripatética e teatral, mais para ser ouvida da boca dos próprios
autores, do que para ser lida em gabinetes fechados e frios, literatura do dialogo e nãos do monologo, da
discussão e nãos da meditação.
Amava mais o entrechoque das ideais do que o virtuosismo da ideia.
Isso tudo pode ser usado como explicação para a inexistência de bibliotecas.
Não havia razão para que os gregos amassem e guardassem os próprios livros. Sócrates, por exemplo,
nada escreveu.
Desprezava os “bárbaros”, portanto não havia razão para que amassem e procurassem guardar os livros
estrangeiros.
Assim, o povo letrado da Antiguidade não possuía bibliotecas.
Paradoxo
Povo militar e guerreiro, comerciante e pratico, imediatista e politico  só admitia a palavra escrita ou oral
como instrumento de ação.
Romanos
Povo voltado para a conquista do mundo e capaz de imediatamente perceber a utilidade de todas as
armas.
O livro passa da categoria sagrada para a categoria profana, deixa de ser intocável para ser condutor, e
posto ao alcance de todos, é o veículo por excelência das ideias, dos projetos e dos empreendimentos.
Júlio Cesar foi quem primeiro teve a ideia de instalar uma biblioteca pública.
Sabia escrever sua conquista. Achava útil escrever, e indispensável que existissem leitores, pois
procurava o apoio popular contra as oligarquias.
Foi assassinado.
Mas nem por isso a ideia morreu.
O Orador Asínio Pólio que realiza a ideia de Cesar, no ano 39 a.C. Estabelecendo simbolicamente a
primeira biblioteca pública.
Compreendia apenas 2 seções: das obras latinas e das obras gregas.
Augusto estabeleceu outra biblioteca publica. E Vespasiano criou a terceira nas vizinhanças.
A mais celebre de todas foi a Ulpiana, fundada por Trajano, e que com a Palatina constituía as duas mais
importes das 29 bibliotecas públicas que Roma possuía no Século IV.
Essas bibliotecas já tinham organizado e em funcionamento o serviço de empréstimo.
No entanto, a Grande Enciclopédia  a primeira biblioteca verdadeiramente publica que a Europa
conheceu foi a Ambrosiana, de Milão, fundada pelo cardeal Borromeu (1608). Prioridade, entretanto, que é
atribuída na Encyclopédie Française, à biblioteca Marciana de Florença, criada por Cosme Médici, que seria a
primeira realização da “biblioteca laica, publica e metódica”.
Outros autores, contrariam essas opiniões, afirmando que a biblioteca Vaticana é a biblioteca publica mais
antiga da Europa, fundada pelo papa Nicolau V em 1450. Se compunha apenas de manuscritos, porem o livro
tipográfico foi admitido em suas coleções a partir de sua introdução em Roma. (isso tudo já é além da antiguidade)
Disposição das Bibliotecas da Antiguidade – sua ordem e arrumação dos volumes
As bibliotecas eram divididas por armários numerados, com a altura de cinco pés e meio.
Ornamentados de marfim, ou seja, suas estantes estavam incrustadas de pequenos baixos relevos e
arabescos cinzelados em marfim.
Eram fechados por vidros, de maneira que os compartimentos destinados ao interior a guardar os rolos
podiam ser vistos do lado de fora.
Colocavam-se os rolos de maneira que ocupassem o menos espaço possível, ou seja, arrumavam-se os
tubos uns ao lado dos outros. Tomando cuidado de deixar visível o umbilicus com a sua saliência.
O fundo das estantes podia alcançar 15 polegadas.
Não se amontoavam os rolos uns sobre os outros, sem divisões, porque teria sido difícil retirar
eventualmente o que estivesse colocado na parte inferior do armário e que estaria suportando o peso dos demais.
A parte superior do armário era as vezes ornamentada com o busto do escritor de uma divindade que
presidisse as letras e as ciências.
Assim, o que caracteriza as bibliotecas da antiguidade é a sua constituição com tabletas de argila, ou
posteriormente, com rolos de papiro e pergaminho.
O manuscrito enrolado se mantém ate o ano 300, mais ou menos, aparecendo o códice por volta do
século IV.
A partir de 1470, já o século XV, começam a aparecer o que chamaríamos de formatos modernos, ou seja,
livros menores, com a folha dobrada, da mesma forma que aparecem as primeiras margens.

Livros manuscritos

Livros como conhecemos hoje = formados de folhas ligadas e cosidas de um lado


Criação relativamente tardia na Europa.
Só apareceram muitos séculos depois dos rolos de papiro e de pergaminho.
Esta forma de livro só começou a ser difundida no século IV da era Cristã, quando juristas do Império
Romano verificaram que ela era mais conveniente para os seus livros de leis do que o rolo.
Nessa forma de livro, chamada Códice (ou códex) as folhas de pergaminho eram dobradas formando
assim duas folhas, e as coleções ou grupos dessas folhas dobradas eram ligadas pelos vincos (em vez de serem
coladas pelas extremidades e depois enroladas).
A Igreja Cristã também começou a difundir essa forma de livro, pois queriam suplantar o antigo volume
(ou rolo) que estava associado as obras literárias da cultura pagã. Julgavam que os trabalhos dos autores cristãos
se apresentavam melhor em forma de códice.
Houve certa dificuldade em popularizar o códice.
O códice, como o rolo, era escrito á mão, e por isso estas duas espécies de livros são conhecidas como
manuscritos.
São livros como esses transferidos/transladados por escribas (escrivão) que nos conservaram tudo o que
possuímos da história e da literatura da antiguidade.
Invasões/Declínio do Império Romano pelos Bárbaros  Idade das Trevas
Os homens que preferiam a vida tranquila do estudo se refugiaram na Igreja, e a feitura de livros tornou-se
cada vez mais uma ocupação exclusivamente monástica. Tomaram para si (já posta de lado) a tarefa de fazer
cópias de livros para enriquecimento das suas bibliotecas e, em maior extensão, para uso da comunidade de
leitores e estudiosos de todo o mundo.
Os métodos e as facilidades dos escribas monásticos diferiam naturalmente, segunda a época e o lugar,
mas em geral, eram centralizados no scriptorium ou escritório do mosteiro.
Scriptorium
Oficina dos escribas (escribas regulares), sala espaçosa que ficava, em regra, sobre a sala do capitulo.
Quando não existiam, eram feitos gabinetes separados, sempre abertos para a arcada do claustro, com
uma janela própria para cada escriba.
Só em casos especiais que eram dadas salas particulares para trabalharem.
Com o medo de incêndios proibia-se a luz artificial (velas), por isso todo o trabalho tinha de ser feito
durante o dia. Claro, que existiam exceções.
Era proibido também o acesso de qualquer pessoa, somente permitido aos altos dignitários do convento,
para impedir a interrupção do trabalho dos escribas.
Estava a cargo de um funcionário conhecido por armarius (armários) cuja função era de abastecê-lo de
pergaminho, penas, tintas, canivetes, sovelas e réguas, ou seja, de todo material necessário aos escribas.
Exigia-se silêncio absoluto, então se um escriba necessitasse de algo, como consultar um livro, este
deveria fazer certos sinais aos seus companheiros. Exemplo: para pedir uma obra pagã, o escriba fazia o sinal
coçando a orelha como se fosse um cão.
Escribas regulares = membros da comunidade monástica que trabalham/vivem.
Existiam também os escribas seculares = levados aos mosteiros para fazerem trabalhos especiais, como
a rubricação e a iluminura.
Escriba monástico = trabalhava umas seis horas por dia, ou enquanto ainda tinha luz do sol.
Passo a passo do trabalho do escriba
O escriba recebia o pergaminho dividido em partes, cada folha separada, mas dobrada e dispostas na
ordem que devia aparecer no livro encadernado.
Depois de decidir qual estilo e o tamanho da escrita que usaria, eram marcados os limites da página com
linhas marginais pouco visíveis. Estas linhas limitavam as margens.
Além dessas linhas faziam-se outras linhas destinadas ao texto com um instrumento rombo que fazia um
pequeno sulco.
Depois de acabar o caderno, ou grupo de 4 folhas divididas em 8 páginas, o trabalho era comparado com
o original por outra pessoa.
Em seguida, as folhas eram enviadas ao rubricador que inseria títulos, epígrafes, letras capitulares e
outras notas.
Se o livro tivesse de ser iluminado, depois este era levado ao iluminador.
E quando este terminava seu trabalho, o volume ficava pronto para ser encadernado.
A tendência a se cometer erros era bastante grande, pois eram feitas sucessivas copias, inclusive por
mãos diferentes em épocas diversas.
Os escribas eram proibidos de fazer alterações no texto, mesmo quando o original que estavam a copiar
estivesse errado.
A iluminura: contribuiu muito para a beleza dos livros manuscritos.
Os textos eram, geralmente, mais simples, mas quando a riqueza e a procura de livros aumentaram, o
primeiro impulso foi tornar maiores as letras iniciais de novas frases e colori-las algumas vezes.

O livro na antiguidade greco-romana

Condições gerais
Rolo de papiro  forma tradicional do livro antigo  volumen  Séculos II e IV  foi suplantado
progressivamente pelo códex (feito de folhas encartadas e dobradas para constituírem cadernos juntos uns aos
outros)
Trata-se de uma mudança importante na história do livro, pois atingia o livro na sua forma e obrigava o
leitor a mudar completamente a sua atitude física.
A consulta de um volumen era pouco prática  era necessário desenrolá-lo lateralmente ante si, sendo
difícil reporta-se de uma parte a outra do texto  era incômodo e tinha de ser segurado com ambas as mãos, o que
não permitia tomar notas da leitura, como mais tarde se fará.
O papiro por ser muito frágil convinha pouco ao códex, já o pergaminho, por ser mais resistente e flexível
permitia dar ao livro uma forma mis prática. Mas isto não é o suficiente pois sabemos da existência de pergaminho
em rolo e papiro em códices.
O preço dos materiais também pode ter sido determinante. Fabricado exclusivamente no Egito, o papiro
ficava mais caro que o pergaminho, inclusive porque o pergaminho tinha vantagem de poder suportar a escrita dos
dois lados.
Sabemos também que os romanos utilizavam tabuinhas de madeira cobertas de cera, para tomar nota,
fazer contas ou exercícios escolares. Estas eram juntas aos pares ou reunidas em maior numero e ligadas pela
lombada  o que inspirou o códice.
Outros associam essa evolução ao progresso do cristianismo  os cristãos tinham necessidade de livros,
mas eram demasiado pobres para utilizarem o papiro  além disso era mais fácil, em tempos de perseguição,
escondes os códices, pois eram menores e manejáveis.
Constitui assim uma forma portátil do livro  o seu desenvolvimento acarretou consequências mesmo para
a disposição dos textos  sua maior capacidade favoreceu-lhes o reagrupamento em corpus  as divisões
tradicionais que correspondiam às suas repartições em rolos foram modificadas  enfim, a paginação do texto com
4 margens permitiu o desenvolvimento dos comentários e escólios.
Direitos de autor e editor  desconhecidos na Antiguidade  qualquer escritor podia confiar a reprodução do
seu texto a vários editores simultaneamente  qualquer possuidor de um livro podia mandar recopilá-los como
desejasse a até mesmo fazer acréscimos e modificações  não existiam honorários para os autores  os editores
que ganhavam dinheiro com suas obras  os autores recebiam glória e renome.
Censura  já existia.
Perseguições contra os cristãos e seus livros.

O livro na Grécia clássica

Informações são raras e fragmentárias.


O livro já existia na época homérica.
Séculos VI e V  volumina
Nos períodos clássico e helenístico vários textos dos séculos V e IV permitem saber que existiam em
Atenas livros à venda e lugares determinados para o efeito (não se trataria de comércio do livro no sentido atual
do termo).
Época helenística  difusão do livro e fundação de grandes bibliotecas
A de Alexandria foi criada pelos dois primeiros Ptolomeus (325 – 246)  cooperação ateniense de
Demétrios de Falera  existiam 2 bibliotecas  a mais importante fazia parte do Museion, centro da cultura grega e
lar de sábios, formada sobre o modelo de Escola peripatética de Atenas, teria reunido mais de 500.000 volumes 
a segunda, anexa ao templo de Serápis, o Serapeion, teria comportado 43.000.
Essas bibliotecas mantinham oficinas de copistas  para suas próprias necessidades e para difusão
comercial  desempenhando assim um papel fundamental na transmissão dos textos.
Os sábios trabalhavam na revisão de textos antigos  por isso os manuscritos saídos dessas oficinas
apresentavam maior garantia que aqueles que os particulares gregos faziam recopiar por um escravo.
Nestes centros existia um exemplar único de cada obra literária  a partir do qual se extraía um arquétipo,
que servia de modelo às cópias que eram espalhadas e que, sendo elas próprias muitas vezes recopiadas,
difundiam os textos no mundo mediterrâneo.
Após a destruição da biblioteca de Alexandria, a do Ptolemaion de Atenas tornou-se o grande centro de
difusão de textos.
O livro em Roma e no seu Império

O comércio de livro devia existir em Roma anteriormente, introduzido por imigrantes gregos, que
empregavam escravos para recopiar os clássicos atenienses.
A edição propriamente dita apareceu quando a literatura latina se desenvolveu.
Os autores tinham o hábito de reunir amigos à sua volta, para lhes lerem as suas obras  forma de difusão
restrita  e não era o suficiente para manter o contato com um publico que se tornava numeroso e dispersava à
medida que o Império Romano se ampliava.
Ignora-se o alcance dessas edições, mas são de grande importância  sinal de eficácia de um comércio
capaz de difundir os seus escritos em todo o Império Romano.
O desenvolvimento das bibliotecas é outro indício da expansão do livro  numero de bibliotecas privas
aumenta no início do Império  existiam coleções de milhares de rolos.
Já o desejo de conhecimento e o gosto pelo estudo não eram mais os únicos motivos para se acumular os
livros  excesso que faz do livro um objeto de luxo.
As bibliotecas públicas desenvolvem-se também  no ano de 370 Roma conta com 28
Conhecem-se também as bibliotecas municipais  e existiam nas províncias
O livro na idade média
O fim da antiguidade e o livro Bizâncio
O fim da antiguidade

Queda do Império Romano do Ocidente  podia ocasionar no desaparecimento da cultura antigas  mas o
desenvolvimento do cristianismo e a sobrevivência do Império no Oriente  salvaguardaram-na em parte
Cristãos tinham necessidade de livros  existiam coleções cristãs antes das invasões  mas as bibliotecas
cristãs foram dizimadas na altura da perseguição de Diocleciano (303 – 304)  o papel das bibliotecas monásticas
no tempo das invasões é simbolizado pelo Vivarium (fundado por volta de 540)  este convento era uma espécie
de academia cristã onde os monges serviam a Deus através da leitura e de cópias de textos de onde os autores
profanos não estavam excluídos
No século IV  papa Dâmaso  constituiu uma biblioteca em Roma
As bibliotecas multiplicavam-se assim no Império do Oriente.
Em 330  Constantino mudou a capital para Constantinopla  fundando aí a Academia  um centro de
depósito e difusão de textos  similar ao que tinham sido os de Alexandria e de Atenas
Queimada em 477  durante a revolta de Basilicus  esta biblioteca foi mais tarde restabelecida e
subsistiria parcialmente em 1453.
Ricas em textos religiosos  as bibliotecas monásticas também desempenharam em relação à literatura
grega um papel de conservação e transmissão
As mais célebres eram as do Stoudion em Bizâncio, da vintena de conventos da península do monte Atos,
do monastério de Santa Catarina perto do Sinai.
O grande lugar ocupado pelos estudos na civilização bizantina provocou um próspero comércio do livro e
a constituição de ricas bibliotecas privadas.
O livro Bizâncio
O período monástico
O movimento cultural

Os cristãos incendiaram a biblioteca de Alexandria  todavia foram os monges que transmitiram uma parte
importante da cultura clássica.
Expansão do monarquismo na Europa e abadias que tiveram oficina renomada de copistas.
Ordem beneditina devia ampliar este movimento cultural  a regra que redige expande-se rapidamente no
Ocidente  ela divide o tempo do monge entre a oração, o trabalho intelectual e o trabalho manual
É por isso que muitos mosteiros comportavam um Scriptorium  local reservado à cópia e à decoração de
manuscritos  cujo exemplo fora dado pelo Vivarium.
Esta atividade tinha principalmente por objeto a literatura religiosa, mas os monges também se
interessavam pelos textos profanos  o latim era a língua da Igreja, e cada clérigo tinha de o conhecer
razoavelmente, assim os monges recopiavam os autores da Antiguidade menos pelo texto do que pela língua  a
fim de aprenderem latim e de melhor o praticarem.
Querendo fazer renascer o Império Romano  Carlos Magno  provocou o despertar dos estudos e o
restabelecimento da civilização antiga dentro de um espirito cristão  Renascença Carolíngia  organizou a escola
do palácio (concebida para formar servidores do Estado) e contribuiu para reunir manuscritos para se constituir a
biblioteca do palácio  os sábios vinculados ao palácio tinham também por missão a correção dos textos e a
edição dos autores clássicos  simultaneamente desenvolviam-se oficinas monásticas e os copistas reproduziam
as obras de autores antigos e sagrados.
Na Alemanha  esse movimento artístico e literário  século X  conheceram uma atividade intelectual
intensa.
Na França  as invasões normandas dos séculos IX e XI arruinaram inúmeras abadias  estes mosteiros
reconstituíram-se mais tarde.
As oficinas monásticas - Scriptorium

Era a oficina onde os livros eram escritos, decorados e encadernados.


Estava ligada a um mosteiro ou a uma igreja.
Alguns escribas trabalharam também  entre os séculos VIII e IX  nos palácios reais ou para grandes
personagens  mas de uma forma intermitente
Talvez alguns copistas isolados tenham também subsistido na Itália.
Os scriptoria eram números, mas de importância e dimensões variáveis.
Como os manuscritos medievais não eram identificados  a sua atribuição a tal ou tal scriptorium é
baseada em dados de apreciação delicada e que muitas vezes apenas fornecem probabilidades.
A confecção de livros  direção de um monge experiente  Armarius  era responsável pelo abastecimento
do material para a oficina, dividia e dirigia o trabalho e verificava a execução  acumulava muitas vezes este cargo
com o de  bibliotecário  assegurando a guarda dos livros e controlando-lhe a comunicação.
O mobiliário do scriptorium consistia de  cadeiras, estantes, cofres e o material a reproduzir.
Escrevia-se geralmente com penas de ganso  para evitar os borrões  colocava-se o pergaminho sobre
uma estante inclinada  de forma a segurar a pena numa posição obliqua
Não se escrevia sobre os volumes encadernados  mas sobre cadernos separados, que se reuniam no fim
do trabalho.
Além de copiar  o escriba delimitava sobre a página o quadro onde se escrevia o texto  deixando as
margens e os espaços reservados aos títulos e à decoração  por vezes ele traçava linhas para orientar a escrita
Deviam sempre estar fornecidos de pergaminho  como este era caro e raro  as peles eram presentes
apreciados  alguns príncipes ofereciam florestas abundantes de caça  para proporcionar uma reserva viva
Preparo da pele era feito geralmente nas oficinas domesticas dependentes das abadias
Por vezes os monges pegavam raspavam os pergaminhos já escritos para copiar neles outros textos  por
penúria e economia  Palimpsesto 
Os copistas pertenciam a comunidade monástica  por vezes, monges de passagem vinham juntar-se-lhes
 chamados pela sua competência  ou vinham aperfeiçoar-se numa oficina famosa  ou simplesmente recopiar um
texto que faltava nos seus mosteiros.
O trabalho do copista tinha caráter religioso  a execução de um livro era uma boa obra, porque permitia
àqueles que estavam ao serviço de Deus edificarem-se lendo-a  o aspecto rude e penoso do trabalho
proporcionava méritos
O trabalho efetuava-se através da transcrição e cópia do texto  entretanto  as obras originais eram de
preferência ditadas a um notário, que as escrevia em tabuinhas de cera  em seguida  os copistas do scriptorium
passavam-nas a limpo em pergaminho  esse intermediário servia de rascunho e permitia eventuais correções 
explica também a raridade dos manuscritos autógrafos desta época.
A execução de um manuscrito podia ser obra de um só copista ou de trabalho coletivo  os cadernos eram
então distribuídos entre 3 ou 4 copistas  as vezes mais quando se queria que um livro fosse rapidamente
terminado.
Noutros casos  não havia distribuição prévia e os copistas revezavam-se para continuar o trabalho.
A decoração do manuscrito  feita pelo copista que o havia caligrafado  quando se tratava de pintar
maiúsculas pouco complicadas  ou feita por outro mais especializado  quando se exigia belas iniciais e
miniaturas.
A encadernação  reunir os cadernos e encapá-los  fazia-se geralmente no scriptorium.
A duração do trabalho variava  de acordo com a rapidez e o numero de escribas  e de acordo com a
qualidade exigida do manuscrito.
Por fim  o chefe da oficina ou outro monge experiente  procedia à revisão  reler o texto para eliminar os
erros evidentes  ou comparar a cópia com o exemplar reproduzido, para se assegurar da fidelidade da
transcrição, ou em cortejá-lo com um exemplar diferente do utilizado e reputado melhor.
Os manuscritos copiados eram frequentemente pedidos emprestados a um outro mosteiro  mas
recopiavam-se também obras existentes no local  porque houvera necessidade de vários exemplares  ou porque
se tinham recebido encomendas de fora.
Outras funções  funcionava também de gabinete de secretariado nos mosteiros  onde também se
redigiam atas, cartas, diplomas, correspondências, etc.
Assim o scriptorium + biblioteca + cartulário  estavam muitas vezes ligados  e o armarius acumulava
esses cargos.
Cada oficina trabalhava para a biblioteca do seu próprio mosteiro  mas podia receber encomendas de
fora  de príncipes, de grandes personagens e de outras abadias
Assim, as melhores oficinas  em virtude da qualidade e técnica em caligrafia ou iluminura 
desempenharam um papel comparável ao de uma editora  como fornecedores habituais dos príncipes, das
igrejas e dos mosteiros.
As bibliotecas
As principais  encontravam-se nas abadias  cujos scriptoria eram quase os únicos produtores de livros 
existiam também algumas bibliotecas laicas  reunidas pelos reis ou grandes personagens  alguns abades e
bispos dispunham de coleções pessoais  simples clérigos ou monges detinham eles próprios alguns volumes.
Todas essas coleções particulares tinham um caráter precário  as únicas que permaneciam eram as
bibliotecas dos mosteiros e das igrejas  que se enriqueciam frequentemente. 
Importância numérica das bibliotecas monásticas entre os séculos IX e XI.
Sua composição era imposta pelas necessidades praticas de uma comunidade religiosa  dai a
importância em número e qualidade dos manuscritos litúrgicos e daqueles que continham a palavra de Deus 
sendo normal eles terem conservado imperfeitamente a literatura profana da Antiguidade e melhor preservado a
literatura cristã
Quase todas as obras eram em latim  havia poucos textos em grego e em hebraico  as línguas
vernáculas apareciam nalguns manuscritos  mais frequentemente em vocabulários ou em glossários do que em
textos
Período Laico – Século XII a XIII
Fabricação e difusão do livro

No fim do século XII e no decurso do século XIII  efetua-se uma transformação na fabricação e
difusão do livro  as abadias cessam de ser os únicos centros de vida intelectual  e os scriptorias não produzem a
não ser manuscritos litúrgicos e obras de estudo para seu próprio uso  Por que isso aconteceu?
Cidades dos Ocidente  destruídas pelas invasões  população restrita e uma atividade limitada às
necessidades locais e cotidianas  sendo que o livro é essencialmente um produto urbano  porque a cidade é o
lugar privilegiado das trocas, intelectuais e materiais  já não existia oferta nem procura, nem mesmo organização
comercial de produção e difusão de manuscritos  o que restava de vida econômica refugiava-se nas
aglomerações rurais que eram as vilas merovíngias e as abadias  é nessas abadias que se confinava a vida
intelectual  as suas bibliotecas e scriptoria bastavam às necessidades dos seus membros e a difusão de escritos
do tempo pouco saía do circuito fechado do mundo monástico  por isso classifica-se período monástico esta
época da historia do livro  com a evolução favorável do movimento comunal, a renascença urbana desenvolve-se
desde o fim do século XII e tudo muda  a vida intelectual reganha as cidades, que voltam a ser centros de
produção e de trocas e cuja população aumenta.
O ensino segue o mesmo caminho  era rural nas escolas monásticas  urbano nos claustros das
catedrais  quando as primeiras declinavam, as escolas episcopais beneficiavam-se do desenvolvimento das
cidades e aumentavam os seus efetivos no decurso do século XII  mestres e alunos tiveram então de se unir para
defender os seus interesses comuns e assegurar a autonomia indispensável ao seu trabalho: as corporações que
formaram receberam no século VIII o nome de universitas  o ensino possuía caráter oral e dava grande valor à
memória  mas como era baseado na glosa, na discussão, no comentário do texto  os livros eram necessários
aos profissionais  por isso, os misteres do livro organizaram-se em estreita dependência das universidades  seus
membros partilhavam dos privilégios, mas sofriam o controle das mesmas  ao lado dos copistas, frequentemente
clérigos, por vezes estudantes necessitados  surgiram 2 profissões de caráter comercial  o livreiro  era um
mercador, um depositário de livros  os manuscritos, que continuavam raros, circulavam muito e eram
frequentemente revendidos  e o estacionário  tinha o papel de organizar a cópia segundo um ritmo acelerado  e
para garantir a exatidão dos textos  as universidades tinham instaurado no decurso do século XIII  o sistema de
pecia  tratado de teologia ou arte liberal  que a universidade ensinasse  um manuscrito modelo  o exemplar 
depositado junto ao estacionário  este alugava-o ou por inteiro, ou mais frequentemente em cadernos  assim
dividido, o exemplar podia ser utilizado simultaneamente por vários copistas  e a reprodução dos textos era
normalizada  já que todos os manuscritos derivavam de um mesmo original
O desenvolvimento das cidades  trouxe outra clientela ao livro  cortes principescas  juristas 
burguesia enriquecida pelo comércio  todos precisavam de livros  fossem especializados (textos jurídicos) 
fossem de entretenimento (crônicas, romances, contos populares em verso)  ou de edificação (opúsculos de
piedade)  esta necessidade coincidia com o desenvolvimento da literatura em língua vulgar  até então esta
transmitia-se oralmente  o aumento de pessoas capazes de ler um texto e não mais de o escutar incitou os
autores a confiar mais facilmente as suas obras ao manuscritos  e a clientela do livro invadiu o mundo
universitário  os livreiros da universidade dedicaram-se também ao comercio do livro não erudito e apareceram
alguns livreiros nas outras grandes cidades
As bibliotecas monásticas deixam de ser as únicas coleções de livros  as bibliotecas reais tomam
amplitude  o gosto pelo livro ganha as grandes personagens
Encontram-se também bibliotecas no mundo universitário  bibliotecas de colégios  tinham seus livros
acorrentados às estantes: sinal do valor que lhes atribuíram  grandes eclesiásticos  juristas  burgueses 
começaram a reunir livros  as coleções privadas aumentaram em numero e importância no decurso do século XV
O aparecimento do papel no Ocidente  permite a multiplicação e a vulgarização dos manuscritos 
originário da China  foi transmitido ao mundo mediterrâneo pelos árabes  o implantaram na Espanha no século
XI  e na Itália no século XII  a sua fabricação difundiu-se na Europa no decurso do século XIV
Papel  apresentava sobre o pergaminho a vantagem de um preço inferior e de maiores possibilidades
de fabrico  não o substitui de imediato  mas revezou-o  enquanto o manuscrito se destinava aos manuscritos de
luxo  o papel servia para os manuscritos mais ordinários e de uso corrente, como os destinados aos estudantes

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