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Revista Portuguesa de Filosofia

Discemindo Caminhos em Filosofia da Ciência: O Contribute de Meio Século de Estudos


(1950-2000)
Author(s): Ernan McMullin
Source: Revista Portuguesa de Filosofia, T. 63, Fasc. 1/3, Filosofia e Ciência / Science in
Philosophy (Jan. - Sep., 2007), pp. 67-91
Published by: Revista Portuguesa de Filosofia
Stable URL: https://www.jstor.org/stable/40419510
Accessed: 21-04-2019 01:25 UTC

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l náfcn RPF' I
l ifgPJ 63 « 2007 |

Discernindo Caminhos em Filosofia da Ciencia:


O Contributo de Meio Secuto de Estudos (1950-2000)

Ernán McMullin*

Resumo: O presente artigo comega por reconhecer que a crítica ao cerne dos pre
postos do Positivismo Lógico acerca da natureza da Ciencia comegou alguns a
antes do aparecimento da obra de Thomas Kuhn A Estrutura das Revolu
Científicas, obra esta que se havería de constituir como charneira na Filosofía
Ciencia mais recente. Em vez de olhar para a Ciencia como urna estrutura prop
donai intemporal Kuhn defende que eia deve ser tratada como um empreendim
essencialmente histórico, no qual a subjectividade humana desempenha um p
fundamental e em que os factores sociais de varío tipo sào em certo sentido verd
ramente constitutivos. Segundo o autor do artigo, grande parte dos escritos em F
sofia da Ciencia desde entào tem sido devotados ao tratamento das consequènci
urna tal mudanga de perspectiva. Dois tópicos tradicionais foram particularm
afectados: como se deve agora caracterizar a racionalidade científica? De que m
se for esse efectivamente o caso, poderá o realismo científico, a crenga mais s
da maioria dos dentistas, sobreviver a essa nova enfase na historicidade do co
cimento científico? Objectivo principal do artigo é, portanto, demonstrar de
modo no ámbito da disciplina que é a Filosofia da Ciencia um novo desafio eme
nomeadamente o de saber até que ponto eia nao deveria ser substituida pela S
logia do conhecimento científico, ou seja, por um modo de pensar em que os fact
sociais sejam finalmente determinantes tanto na certificacào dos dados experie
como na justificagáo das teorías.
Palavras-Chave: Anti-Realismo; Bachetard, Gastón; Carnap, Rudolph; Epist
logía; Experiencia; Feyerabend, Paid; Filosofia da Ciencia; Historia da C
cia; Kuhn, Thomas S.; Paradigma; Positivismo Lógico; Quine, W. V; Real
Sociologia do Conhecimento; Subjectividade; Teoria; Verdade.
Abstract: The critique of the core assumptions of logical positivism about the n
of Science began years, before the appearance of Kuhn s The Structure of Scient
Revolutions that finally marked the parting of the ways in recent Philosoph
Science. Instead of regarding Science as a timeless propositional framework, K
argued that it should be treated as an essentially historical enterprise, in which h
subjectivity plays a crucial role and in which social factors of various sorts are i
important sense constitutive. Much of the writing in the philosophy of science

* University of Notre Dame (Notre Dame, Indiana - U.S.A.). - Traduco de Joào J. Vil

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then has been devoted to working


Two traditional topics have been pa
now be characterized? How (if at a
scientists, survive the new emph
Philosophy of Science itself as a d
scientific knowledge that would ta
the certification of experimental d
Key Words: Anti-Realism; Bach
Experience; Feyerabend, Paul;
Positivism; Paradigme; Philosoph
of knowledge; Subjectivity; Theo

1. Introduco

O século passado foi indubitav


sofía da Ciencia. A pròpria disc
a partir da República de Platáo
Mas como as próprias ciencias
e complexidade no último sécu
essas ciencias, a que chamam
ocupa^áo progressivamente m
A historia da Filosofía da Cien
plina de terceira ordem no seu
O campo do presente estudo
mais, fixaremos a nossa atengá
da Ciencia durante a segunda m
aos meus estudos pós-graduado
Lovaina no Outono do ano de 1
de partida particularmente ap
tarei apenas a Filosofía da Cien
priamente rotuladas de filoso
filosóficos sugeridos pelos des
física, biologia, psicologia, eco
ficos de urna dada ciencia; ao
cias se sentem afeitados, como
ou o problema do altruismo na
sentido mais estrito do termo
lizado. Trata de problemas amp
ou, pelo menos, a grande part
dado, explicagáo, causa, e ou

1 Eia tem agora a sua pròpria orga


Viena em Julho de 2000.

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Caminhos em Filosofia da Ciencia 59

ciencias, com as suas distantes origens na filosofía natu


mente ligada às ciencias individuáis, a Filosofía da Cie
ciagòes filosóficas muito mais ampias e, nos últimos s
influencia sobre a filosofia em geral, muito especialm
mologia, da qual eia constituí urna parte muito significa
pròpria historia é como a da filosofia para a sua historia
passado mantèm a sua relevancia no presente. No enta
a Filosofía da Ciencia pode ter urna relagào ainda ma
historia do que a pròpria filosofia.
Urna restrigào suplementar do objectivo pode parecer
Pretendo limitar as minhas consideragòes à Filosofia da
largamente "analitica" (a anglo-americana), pondo de
substanciáis da ciencia ñas tradigòes "continentais" da F
A divergencia entre as duas comegada com o positivismo
nos anos após a II Guerra Mundial pelas atitudes críti
favorecida pelo existencialismo e pela mais ampia discus
respeitante à Europa Ocidental, tem sido, pelo menos
táo profunda que seria difícil fazer justiga às duas no es
táo curto. Quando se aspirou por urna explicagào da cien
como um dom, olhou-se a ciencia como urna abstrac
valor mais rico todo impregnado de conhecimento huma
'crítica das ciencias' (Gutting, 1979). Quando um valorizo
a clareza e rigor do argumento, o outro encarou-as com
fianza e teve a tendencia para confiar ainda mais nos re
da invengào linguistica.
Nào devo, contudo, deixar que a lacuna parega táo inul
lard, nos anos trinta, tinha já antecipado alguns dos
Filosofia da Ciencia Anglo-Americana sobretudo o caráct
histórico da ciencia, a presenga de rupturas na historia da
cia da teoría nos registos de observagào. Desenvolviment
ambos os lados mostraram também algumas manifestas
resse e levaram mesmo, entào, a um certo diálogo cautelo
Gutting, 1998). Os trabalhos de Foucault no ámbito d
por exemplo, onde ele faz um ponto das "rupturas" que l
um obvio eco nos escritos de Kuhn. Foucault e Hacking
urna causa comum também nos seus confrontos com as
ficas. A análise que Habermas faz dos interesses cognitiv
desenvolvimento científico, podem oferecer algumas in
debates mais actuáis, sobretudo no mundo anglo-saxó
trugáo social da realidade. A separagáo entre as duas trad
acabar, pelo menos a diminuir, como se pode ver pelo fac
conhecimento científico, particularmente na Grá-Bretan

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desafío no pròprio interior da


tem sido tradicionalmente entendida.

Lanzando um olhar retrospectivo sobre a intensa historia da Filosofía da


Ciencia, nao nos podemos deixar de interrogar sobre que desenvolvimentos
poderiam parecer, em retrospectiva, como os mais significativos? Ai poderia
haver urna larga e razoável concordancia, suponho eu, sobre os très mais
salientes: a transformagáo na Filosofia da Ciencia operada pelo positivismo
lógico no segundo quartel do século xx; o segundo, o rápido declínio do posi-
tivismo lógico e a sua virtual substituido por urna posigáo muito diferente
de urna especie de expansáo historicista no terceiro quartel; e, finalmente,
depois que o historicismo (nao sem luta) assumiu urna certa posigáo domi-
nante, o ulterior reconhecimento que a historia e a pràtica contemporánea
testemunham de um mais ampio e, alguns diriam, mais constitutivo, papel
dos factores sociais no processo científico de tomada de decisóes. Os debates
acerca dos méritos (e limites) do construtivismo social tem sido talvez os mais
notáveis, e certamente os mais controversos, aspectos da Filosofía da Ciencia
no último quartel do século passado. As críticas pos-modernas da raciona-
lidade científica do género que figura sobretudo ñas revistas literarias tem
suscitado a cólera dos cientistas, mesmo mais do que dos filósofos da cien-
cia; ñas subsequentes "guerras da ciencia", as duas partes aparecem frequen-
temente a disparar ao lado urna da outra. Tratarei apenas brevemente este
último desenvolvimento.

Neste artigo, vou realgar sobretudo a viragem historicista dos anos ses-
senta, os seus antecedentes e consequentes. Isto levar-nos-á ao debate entre os
defensores do realismo científico e os seus críticos, entre os quais se encon-
tram os proponentes das versòes mais radicáis de construtivismo social.
Talvez nao haja muito que dizer, senáo que estes últimos se levantam ou caem
com os destinos do anti-realismo. Verifica-se que aqueles que mais se tem
salientado na proposta anti-realista pouco se interessavam pelas iniciativas
sócio-construcionistas. Mas seria verdade, penso eu, que os limites destas ini-
ciativas seriam postos mais eficazmente explicitando o caso a favor de urna
forma de realismo científico cuidadosamente definida do que pela tomada
em consideralo do estudo mais geral da racionalidade científica.
Ao escrever sobre a profunda mudanza que ocorreu com os filósofos da
ciencia nos anos sessente e setenta, é importante nao fazer a transigo de
modo que pareja completamente abrupta, urna mudanza de paradigma no
sentido clàssico kuhniano. Efectivamente, essa mudanza nao foi abrupta, pois
eia foi antecipada por significantes tentativas bem antes do aparecimento, em
1962, desse indicador convencional da mudanza, a obra de Thomas Kuhn
The Structure of Scientific Revolutions. Portanto, para introduzir o meu tema,
convém prestar aten£ào primeiramente à breve apreciado daquilo a que se
poderia chamar "antecipa$óes", varios desacordos e desenvolvimentos ocor-

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ridos mesmo dentro do período dominante do positivis


em retrospectiva, foi ponto de avanzo para urna Filoso
diferente daquela mais austera desenvolvida por Carnap
Aufbau, anunciava já em 1928, de modo estrondoso, urn
calmente nova à Filosofia da Ciencia e, na verdade, à filo

2. Antecipa^oes

0 projecto de Carnap foi descobrir a sintaxe lógica


linguagem da ciencia. A lógica aqui seria a lógica ext
formulada sobre os Principia Mathematica de Russell e
um tal projecto funcionasse, era necessaria a existencia d
mitisse o funcionamento da lógica; a ciencia cuja sintax
de ter acesso a afirmagòes básicas, "proposigòes protoco
legitimadas directamente pela experiencia, tal como
reconstrugáo radicalmente empiricista. Proveriam d
firmes às quais todos os nossos conhecimentos devem
eles possuem", tal como Schlick, o defensor mais comp
fundador, tinha urna vez afirmado (Schlick, 1959, 2
Neurath, desde o cometo, foi um céptico em rela^áo a e
a imprecisao da linguagem ordinaria que entra necessar
£òes básicas acerca do mundo físico, ele insistiu que:
Nao há maneira de tomar de forma conclusiva puras propos
belecidas como ponto de partida para as ciencias... Somos c
devem refazer o seu navio no mar alto, nunca aptos a o desman
reconstruir a partir dos melhores materiais (Neurath, 1959, 20

A forga do argumento de Neurath levou eventualmen


dar com ele, fazendo com que os dois regressassem a ur
da verdade, afastando-os cautelosamente do simples em
lista sobre o qual o positivismo lógico tinha posto as sua
Entretanto, a dúvida foi sendo levantada a partir de um
da incorrigibilidade das afirmagoes básicas em que se ap
rica. Para que a sua atractiva nogáo de falsificabilidade
mais distintiva característica da ciencia, Popper precisa
magóes protocolares para funcionar como seus falsif
seriam elas imunes à experiencia? Popper compree
à inconsistencia. Mas como se haveria, nesse caso, de ev
destrutivo? A resposta de Popper foi conceder que n
devemos parar "e dizer que, por agora, estamos satisfei
104). Isto deu claramente entrada a um elemento de "d
mas ele julgou que a arbitrariedade a que se expunha
evitada se se pudesse especificar um criterio, nomeadam

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testar. Apesar de tudo, ele adm


a convienes subjectivas mas
deiras fundagòes da prova t
impedir completamente. Nao é
máxima austera, ahistórica e f
que estava por vir.
Outro exemplo deste abranda
da insuficiencia da sintaxe par
a semántica seria também n
empiricamente complexa. Ist
fatal entre questòes "internas
da estrutura lingüística (Carn
existencia de urna classe parti
internas a (isto é, relativas a
respondidas através de urna
questòes "externas" acerca d
dada estrutura lingüística sao r
9adas acerca da utilidade da
somente por resultados prag
ou da análise do modo como
gunta acerca da existencia de
plesmente empírico, por exem
acerca da utilidade da linguage
Mas esta invocagáo da pragm
A julgar pelas aparencias, apel
teoria científica, por consegui
ram. Urna pergunta acerca da
a urna pergunta mais fácil ace
dos electròes (McMullin, 1983,
ficas nao deviam ser olhadas
razòes. Primeiro, elas "nào sa
observados" (Frank, 1957, 355
pragmáticas que devem determ
a sua "capacidade de sustentar
aqueles que objectassem que
intrometer-se na avaliagáo teó
plesmente a de que eles o faze
criterios empíricos tradicion
insuficientes para determina
apoiar conduta desejável da pa
o comportamento moral, tem
para a aceitado da teoria" (Fr

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Caminhos em Filosofia da Ciencia 73

lembrar que Frank foi leitor em Harvard quando


Mas deveria também observar-se que Kuhn nunca se
direcgáo histórico-construtivista.
Entre outros fora da órbita positivista que anticipou
da viragem histórica e que influenciou Kuhn mais ou
podemos lembrar quatro em particular. 0 primeiro d
Quine, seu colega em Harvard, o qual rejeitou os dois
como implícitos na atitude verificacionista subjac
Em vez disso, ele propòs urna teoria holística do sig
"a nossa descrigao do mundo exterior perante o trib
sentidos deve ser entendida, nao individualmente
corpo colectivo" (Quine, 1953, 41). Desta forma, o
salvo mas so à custa de urna nogáo de significante e
experiencia recalcitrante, longe de falsificar imediatamen
em principio, ser sempre levada a fazer ajustamentos
na rede de proposites constituinte da teoria. Tais aju
guiados por objectivos práticos tais como maximizar
gir urna perturbado táo pequeña quanto possível
Porém, saber se tais objectivos eram coincidentes co
globais de Quine para a ciencia nao seria assim tao cl
O crítico mais influente do positivismo lógico n
poderia ter sido Paul Feyerabend, que, como Quin
na Filosofia da Ciencia, mas que, diferentemente de
damente ñas referencias ilustrativas para a historia
popularmente como o enfant terrible entre os crítico
dade, ele tenha sido muito mais terrível mais tarde,
em criangal Influenciado por Popper e, um pouco m
ele apresentou urna serie de ensaios discursivos, p
sempre consistentes, para salientar o que ele viu com
fronto com o empirismo, e como esta posi^ao foi in
de Viena. 0 seu principal objectivo foi a nogáo de inv
maniendo que as palavras obtem o seu significado a
chamou o seu contexto "teórico", entendendo isto pa
de vista geral concernente às questóes de facto, com
1997, cap. 2). Este holismo do significado levou-o a d
de significalo consitui urna característica necessa
científica, e a desenvolver, de forma ainda mais p
conversalo com Kuhn, a visao de que as sucessiv
bem ser incomensuráveis urnas com as outras, levand
tivos à sua avaliagào por referencia urnas às outras
Preston, 1997, cap. 6).
Os primeiros capítulos do livro de Hanson, Pattern
ofereceram urna crítica acessível à ideia da constr

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base nos dados dos sentidos,


Filosóficas de Wittgenstein.
tiva empirista da ciencia, obs
linguagem. Observar nao é p
modo particular da coisa. Ass
podem referir observares m
grande objecto metálico", de
recursos lingüísticos. A sua c
afectadas pela teoria, ou seja,
designar suposi^óes de qualq
Parte I). Duhem afirmou mei
ao analisar a pràtica científic
da ciencia, Hanson confiou
naria. O seu uso de diagram
a clarificar a diferenga entre
um eco no livro de Kuhn. A
de percepcáo padronizada foi
coisas desempenham um pa
manómetros e coisas semelha
que se faz em grande parte d
segundo a qual Ptolemeu e K
o emergir do sol ao passo que
passo no sentido de levar um
teorías na observado. Mas est
fico até ao tópico da descober
positivistas incapaz de análi
frutificar (Nickles, 1980a, 19
falta de rigor lógico, isso aca
Um outro livro apareceu no
tou pouca aten^áo primeiram
seu impacto ter sido, apesar
Polanyi foi um dos raros li
ao Tractatus de Wittgenstein
fía, fazendo uso de recursos
valecente (Polanyi, 1958, 1
quando se voltou para a Filo
de Viena como estando bem
ele, a ciencia era urna activ
cia e até mesmo paixáo. A c
é, antes de mais, a existenc
cientistas nao é o facto de el
como se a ciencia se pudesse

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ticos acusaram que a dimensáo tácita introduzida p


do conhecimento científico acabaría por minar a o
Ora foi um desafio muito semelhante a este aque

3. A separado de caminhos

Estamos agora numa encruzilhada da nossa histo


empiricistas da significado como os ideáis lógicos de
o programa lógico-positivista para a Filosofía da Cien
sido confrontados com urna sèria pergunta, e isto t
mento interno do proprio positivismo como de fora.
mos aventurar-nos a dizer que o que agora se necessit
poria em foco todas as interrogates e viria, talvez, a
de paradigma que, por algum tempo, tinha estado em
Esse trabalho viria a ser a obra The Structure of Sc
Kuhn, cujo impacto na Filosofía da Ciencia, para mel
cilmente se pode exagerar. Esta obra, um notável be
sado, foi notável sobretudo pela sua influencia nos c
ciencia, bem como pelo seu extraordinario record na
admiradores, em número quase igual, apresentand
profundamente divergente da posigao positivista, pe
em cada um dos seus pontos essenciais. Onde os po
sujeitar a ciencia a urna rigorosa análise filosófica, d
de apenas ficarem com urna estrutura proposicion
características como significalo, verificagáo, exp
para discussào, Kuhn propós-se recuperar, o mais po
da ciencia tal como eia era praticada, alargando o mo
quentemente, passando do estritamente lógico par
do histórico (Gutting, 1980; Hoyningen-Huene, 1993
A construyo da historia da ciencia por Kuhn basea
períodos daquilo a que ele chamou "ciencia normal
gas-de-paradigma periódicamente abruptas, é tao fam
nao precisa de elaboralo. Prefiro recuar para ante
que características gerais da ciencia apontou Kuhn
a de que elas eram tres: primeira, a ciencia é um em
cujo carácter histórico tem de ser tomado a serio; se
humana entra ñas operares diarias da ciencia em
que o modelo positivista alguma vez teria adoptado;
um carácter ineliminávelmente social, o qual afecta a
crucial. Vou tentar explorar cada urna destas tres or
historicidade, subjectividade e sociabilidade. Muito d
Ciencia desde os primeiros anos da década de sessent

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ticularmente instigado por ten


destes tres temas tal como ele
Eles estáo, de facto, rigorosam
contas, eles sejam distintos. M
bom torná-los de alguma form
menores sobre cada um deles.
que lhe está associado, historic
da Filosofía da Ciencia, o ma
invoca os temas da historicidad
de mais, a historicidade dá-se a
dutória em The Structure:
A historia, se encarada como mai
logia, poderia produzir urna tran
agora estamos possuídos.
Aqui a tese implícita é a de q
da Ciencia, no todo ou em part
depois ser chamado por um te
mológico.
Um segundo modo em que a h
de Kuhn é a enfase esmagado
ciencia do objecto de investigal
meno histórico apresentando m
poderia ter negado que a cien
muitos leitores do livro de Ku
sivas, cada urna deitando abaix
manter, era um tipo céptico de
progressivo da ciencia e a esta
cado de objectividade (Scheffle
A dimensáo histórica da ciencia manifestar-se-ia ainda num terceiro modo
quando a racionalidade científica, isto é, as normas que constituem a ciencia
como ciencia, sao elas mesmas examinadas como sujeito a mudar, como talvez
dependentes do contexto histórico. O historicismo da racionalidade científica
é, urna vez mais, urna reivindicagáo que nao poderia ser fácil de negar; aquilo
que hoje constituí a razáo científica nao é obviamente o mesmo como teria
sido para Aristóteles ou até para Galileu. Mas onde pode surgir um desacordó
profundo é sobre até onde levar esta reivindicagào, e quais as suas conse-
quencias epistemológicas.
Há urna ulterior intromissao da dimensáo temporal da ciencia que Kuhn
nao anotou mas que teria alguma importancia em posteriores discussóes do
realismo científico. Muitos realistas objectaram que a teoria da avaliagao
deve ter em conta o carácter temporal da teoria, a sua competencia sobre
o tempo para predizer novos resultados ou ser bem sucedida ao tratar com

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anomalías. Estes sao números que foram perdidos pa


tica operacional consuntiva da teoria favorecida pelo
as características que mais contam na decisáo de dar d
urna interpretado realista (McMullin, 1996, Leplin, 1
Que dizer acerca do segundo tema, a subjectividade
e Carnap foram focados a admitir um elemento indi
aceitar urna determinada proposito observationa
mente básica. Popper falou déla como convencional;
ser pragmático. A questáo era que urna decisáo que tin
podía ser simplesmente com base numa regra. Hanso
que as proposigòes observacionais estao necessariamen
outros cientistas colocariam hipóteses distintas sobr
reflectiriam um certo grau de escolha subjectiva. Mes
a teoria-escolha nao poderia eia mesma, observou Ku
questáo de regra; antes, eia envolve o maximizar de
peso científicos estariam sujeios a nao convir. També
subjectiva poderia entrar nos trabalhos ordinarios d
cientistas competentes rotineiramente discordam
teoria, e que essa discordancia pode permanecer por lo
munho inegável disso mesmo. Onde os filósofos pode
daram efectivamente) é, naturalmente, acerca do pe
particular sobre quanta subjectividade deve, no final
Finalmente, o terceiro tema é a socialidade, o carác
ga£ào científica, um tema já sublinhado no século de
por Bacon e Boyle. Kuhn realgou o papel da comu
lando a educagáo do futuro cientista; definiu a sua no
em relagáo à comunidade. Apontou para a parte re
na certificagáo de proposites observacionais e na res
troversos no processo de escolha da teoría. Ele julgou
destas comunidades sociais e políticas mais alargadas
e que a comunidade científica poderia e deveria dista
cias sociais mais alargadas: "Os praticantes de urn
efectivamente isolados do meio cultural em que vivem
(Kuhn, 1977, 1 19). Aqui, como veremos dentro em br
ser o conservador!
O alargamento da relagáo filosófica às dimensóe
negligenciadas ou apenas relutantemente considerada
vista foram além dos tres temas precisamente indic

2 Este tema já foi apresentado em The Structure of Scientific


mais claramente desenvolvido no capítulo: 'Objectivity, value-jud
pp. 320-339 do seu Essential Tension (1977).

I P)£ì~~.- Revista Portuguesa de Filosofía I


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eles a configurar o debate nos


simples termo, um simples "-i
diversas. Tem sido segurament
brando e nao informativo term
tem sido do comum acordo do
Talvez seja melhor manter o h
separadas, desde urna rejeigá
implicates para futura discuss
Até aqui tenho falado de gene
histórico, salientando cada um
respectiva vez. Comecemos pel

4. Metametodologia h

Em que bases se apoia a Filos


tada como lógica, o apelo é pr
cido e a consequente narrativa
seja um dedutivo, como Aristó
ou Carnap. Mas recuando até à
Inductive Science, tem havido
científica em si mesma como
A declaragào de Kuhn parecerí
em que o seu livro tem sido to
O seu livro está carregado de po
muitas vezes para suportar o
paradigmas, ciencia normal, et
fía da linguagem na tradi^áo d
cia quase igual, e pelo menos n
que supostamente aflige o par
claramente a principal inspira
cares de Kuhn sobre o plano hi
gno necessaria para o aparecim
de paradigma devem ocorrer "
entre sucessivas mudanzas de p
culdades à comunicagáo atravé
150, 149). E eles apontaram pa
para urna Filosofía da Cienci
ciencia, desde que essa reconta
em termos de urna boa estrutu
exemplo, Kuhn diz que Priestl
eles observaram o mesmo fe
a escolha entre paradigmas com

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Caminhos em Filosofia da Ciencia 79

escolha entre modos competitivos de vida comuni


94), a pergunta é a de saber se a historia está servin
como ilustrasáo de urna tese baseada filosóficamente
Esta dificuldade tornou-se mesmo mais pronun
ampios para a historia da ciencia em ordem a suport
cular da ciencia. Lakatos fez desta metodologia histó
da sua metodologia de programas de investigalo cien
admitir que um grau do que ele chamou "reconstrug
seria necessariamente envolvido, chegando mesmo a
pràtica actual da ciencia nao estava conforme com o
rido (Lakatos, 1971; McMullin, 1978)3. O apelo à hist
envolvería, entáo, pelo menos urna decisáo como a c
para o indutivismo que o mentor de Lakatos, Popper
pressionado: como evitar a propensáo para a selec^áo
-de-caso em ordem a suportar urna reivindicagào su
-baseada? No final, o apelo do método científico d
mudanzas problemáticas progressivas e degenerativa
de premissas, e tudo o mais, derivava pelo menos tan
nalidade de senso comum como de um suposto con
No seu livro Progress and Its Problems, Laudan prop
nalidade científica que o tornaría dependente de u
volvimentos "arquetípicos" na historia da ciencia
atestados como racionáis por aquilo a que ele cham
ticas" por parte do filósofo-historiador (Laudan, 197
temente creditados "racionalmente" por causa do seu
definiu como "resolugáo do problema". A tarefa do f
entáo construir urna quantidade de racionalidade cie
tada como possível como muitas destas intuigòes. Ma
urna amea^a de circularidade: já nao precisamos de t
de racionalidade ou alternativamente, de solu^áo de p
para remover os necessários arquetipos (McMullin, 1
com o relato desta e outras objecgóes este género de h
também "naturalista", metametodologia em escritos
um processo alargado destinado a testar a sua tese
fica contra um conjunto de estudos-de-caso históric
para o efeito (Donavan et al 1992). Mas as objec^òes p
cie de aproxima^áo inductivista. Parece claro por ago
da ciencia nao pode ignorar a pràtica histórica da cie
pràtica como urna norma suficiente, anterior a urn

3 Urna colecto de estudos-de-caso planeada para apoiar a ap


respeito pode encontrar-se em Howson (1976).

ì ["13H Revista Portuguesa de Filosofía I


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80 Ernán McMullin

a mesma historia da ciencia de


forma de racionalidade de ep
os próprios participantes pode
um toque muito delicado!

5. Racionalidade e mud

Isto, portanto, é o que se p


como justificagáo. Mas isto na
que os primeiros leitores da ob
como sendo historicista de ur
mente, no sentido de demonst
da ciencia reside em fundame
sem dúvida, a descontinuidade
cias. Nao se pode dizer propria
volvimento da teoria estejam e
momentos anteriores. As met
forma, o sublinhar da import
mente a atengáo. Em suma, o
racionalidade, a determina^ao
as suas fases mais incipientes.
Num postscriptum à segunda
de ensaios incluidos na sua últ
lhou para mostrar que as imp
paradigma foram, nos termos
radicáis de que aquilo que os se
£òes nao foram muito bem su
mos como "irracionalista" ou "
A retórica da primeira edigáo
das pessoas. Eu argüiría, apesa
dos como um todo, parece fác
redefìnir a racionalidade da m
fatalmente (McMullin, 1993).
Primeiramente, Kuhn sempr
danza de paradigma (Kuhn, 19
malia e o reconhecimento da e
vigor. O que ele quis sublinh
podem forjar o assentimento
paradigma mais antigo se torn
Segundo, apesar de Kuhn s
escolha da teoria na ciencia funcionam antes como valores a ser maximi-

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63.2007 LJBEPF » .«- I 80

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Caminhos em Filosofia da Ciencia %\

zados do que como regras lógicas a ser mecánicamente


manteve no seu último traballio que estes valores ou
dos levam a efeito a mudanza de paradigma; eles pe
ousadamente, "atributos da ciencia" (Kuhn, 1977, 335)
escolha-de-paradigma. Nao importa quào profunda pos
bilidade entre duas linguagens-paradigma sucessivas; o
a escolha da teoria estáo lá para servir de criterio apli
de modo equivalente. Os proponentes dos dois paradig
estaráo em desacordó quanto ao peso relativo a dar ao
é que eles terào um stock de razòes perfeitamente ade
forzosas, para servirem de suporte aos seus próprios
mudaba de incomensurabilidade, que pareceu quase
meira edigáo da obra The Structures, pareceu diminu
lho, notavelmente no seu último tratamento daquele
da Festschrift em sua honra, World Changes (Horwich
mais claro do que tinha originalmente feito que cham
incomensuráveis nao é significar que eles nào possam s
parados. Dado ser perfeitamente obvio que mesmo no
mudanza na historia das ciencias naturais, a de Gal
pode comparar o paradigma aristotélico dos seus prim
novo paradigma representado pelas suas novas prop
urna tal clarificagáo por parte de Kuhn era certament
Mas apesar de os pontos de vista de Kuhn sobre
mudan^a-de-paradigma terem acabado por se revelar
no comedo pareciam ser, a verdade é que ele nunca se r
dicagào mais radical, nomeadamente, aquela segund
ciencia demonstra nao poder esta ser construida como
acerca do mundo natural. Para ele, de facto, as descon
sao compatíveis com urna nogáo modificada de racion
nao com o tradicional modo de ver a ciencia como p
urna apreensáo cada vez mais profunda da estrutura d
ontologico, nào se pode dizer que houve progressáo de
ou a Einstein, mas tào somente urna melhoria na cap
blemas, na exactidào e alcance das predigóes. Numa fr
Kuhn declarou: "A nogáo de urna competigáo entre a on
a sua "real" contrapartida na natureza parece-me agora,
(Kuhn, 1971, 206). Embora ele esclarecesse que a s
modo de ver fortemente anti-realista da teoria veio, em
filosofia da linguagem, a verdade é que ele defendeu
pela sua leitura da historia. Ele admitía que urna t
muitos como sendo relativista, mas ao mesmo tempo
ponto a que historia da ciencia nos permitía chegar.

I rjgl Revista Portuguesa de Filosofía


81 I UHRPF 63.2007 67-91

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82 Ernán McMullin

Voltarei em breve a esta mud


das ciencias e à influencia qu
disso, porém, notemos urna ou
lógica atemporal da ciencia.

6. Historicidade e racionalidade

Como acabamos de ver, Kuhn respondeu à acusagào de irracionalismo


instalada contra ele, protestando que ele estava perfeitamente preparad
para admitir ao nivel da historia que a mudanza de paradigma e, mais ampi
mente, a avaliagào da teoría, em geral, sao formadas por criterios que per-
manecem relativamente imutáveis ao longo do tempo. Escritores posteriore
trouxeram à questáo a restricto da tese historicista, arguindo que os crite-
rios da avalia^áo-da-teoria, tal como os criterios para a aceitado de urn
reivindicagáo baseada na observado mudaram substancialmente ao long
dos anos. Shapere e Laudan, por exemplo, desenvolveram explicares alg
diferentes de como e porque tal mudanza teve lugar (Shapere, 1984; Laudan
1984a). Como o pròprio Kuhn, eles estavam ansiosos por manter a racionali
dade de fundo da avaliagáo da teoria na ciencia, pensando que isso pode ser
feito fornecendo urna explicagáo de segunda ordem de como os criterios em
si mesmos se podem alterar, baseados na ideia de que eles mesmos podem se
descritos sem circularidade como racionáis.

A chave para isto é mostrar como com base em argumentos históricos


ou lógicos os criterios escolhidos estáo ajustados a servir os fins de longo
alcance próprios da ciencia. Naturalmente, isto levanta futuras dúvidas histó-
ricas: os próprios fins nao se podem alterar, e esta mudanza poderia ainda
ser tida como racional? Laudan desenvolveu aquilo a que chamou modelo
"reticulado" da investigado científica, objectivos envolvidos, métodos para
realizar estes objectivos, e em último grau, as reivindicagóes factuais. Cada
um destes tres elementos, argumentou ele, calibra os outros, permitindo a
cada um mudar mas guardando o todo numa especie de balanza meta-
-racional. Parece claro que os objectivos da ciencia tem, de facto, mudado ao
longo do curso da historia. O objectivo da demonstrado de Aristóteles, por
mais respeitável que fosse, mostrou-se impraticável, o mesmo acontecendo
no século xvn com a explicado mecánica universal tal como o seu objec-
tivo era entáo compreendido. O desafio, portanto, é reconciliar esta historia
de objectivos em processo de amadurecimento com a pretensáo de se atingir
urna forma complexa de racionalidade, na qual a exactidáo do que se predisse
é capaz de desempenhar um papel chave no meta-nivel (McMullin, 1989,
Introduction).

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Caminhos em Filosofia da Ciencia 83

7. Subjectividade

Gastei muito tempo naquilo que eu julgo ser a ènfase


na Filosofía da Ciencia da última metade do século, nom
colocada, de urna forma ou de outra, na historicidade.
temas se impoern por si mesmos. Na descrigáo lógica
individual estava quase invisível; a ènfase estava posta na
aplicável. Já entre os próprios positivistas, como vimos,
realizado de que a decisáo humana entrava em muitos d
da investigalo científica. Quando e como haveria urn
certificada como básica? Qual de entre duas teorías adeq
das deveria ser preferida? Obviamente, havia lugar para
na resposta a perguntas como estas. Popper e Carnap us
goeiro "conven^ao"; outros falaram de elementos "decisio
a nogáo de que as pretensóes científicas estao rotineira
nadas pelos dados oferecidos em seu apoio, nao era pr
coisa de muito novo. De facto, elas eram já um lugar-com
sete, embora ficassem um pouco obscurecidas na poster
Já vimos como Kuhn urgiu que os criterios envolv
teorías devem ser encarados mais como valores a ser m
regras a seguir. Outros cientistas viráo a entender valo
simplicidade, e assim por diante, de modo diferente e
importancia de maneira distinta. Assim, a prevaléncia
pontos nevrálgicos da ciencia torna-se inteligível, urna c
cia que, alias, resistiu à explanagào nos duros e rígidos
pelo positivismo mais estrito (Engelhardt and Caplan, 1
intensas questóes na Filosofia da Ciencia pós-positivista t
deixar que considerares metafísicas afectem o processo
teoria. É claro que eles procedem realmente assim, e às
dramáticas, como, por exemplo, no famoso desacordó en
respeito dos méritos da nova teoria quàntica. Mas fariam
física, apesar de tudo, nao está fora do campo do argum
se deve reduzir a urna questáo de gosto ou de continge
pessoal, como se os seus críticos positivistas se encarreg
naturalmente, aqui experiencias difíceis que nao sao no
mas que se apresentam de urna forma nova. Assim, pare
elas nao se poderáo resolver táo depressa!

8. O debate acerca do realismo

O impulso da Filosofía da Ciencia ñas décadas mais recentes tem sido,


como vimos, questionar varias das idealizares de que está dependente o pro-

1 n^l ~- Revista Portuguesa de Filosofía


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84 Ernán McMullin

grama lògico-empirista. Resti


cendo quáo longe estào da sim
devem tomar no decurso do s
fez-nos passar do logicismo p
antilogicismo, visto na sua for
rabend. Ninguém tem sido inc
se ele é olhado meramente com
expedientes para resolver pro
dade tecnologicamente orient
táo a capacidade cada .vez ma
terra aos desejos dos homens.
à capacidade das ciencias par
natural. Que as ciencias podem
cientistas como nao cientistas
o crescente anti-realismo entre os filósofos da ciencia nos anos sessenta e
setenta? Foi precisamente a perversidade profissionai dos filósofos que o mos-
trou, a sua irrepressível inclinagào a questionar o que é obvio? Ou foi urna
especie de consequencia que pode ter antecipado o declínio do positivismo?
Um comentario preliminar. Anti-realismo, na sua forma instrumentalista,
tem sido urna figura recorrente na historia da ciencia. Usualmente tem sido
local, isto é, afectando apenas urna ciencia particular ou urna serie de cien-
cias, mas nao global, isto é, afectando, de um modo geral, a ciencia teórico-
-natural. Assim, urna construyo instrumentalista da astronomia matemática
foi mais ou menos standard na Idade Mèdia e no Renascimento; urna apro-
xima^áo similar à física atómica nao foi invulgar no século dezanove. Houve
razòes específicas em cada caso para esta especie de reserva no respeitante
ao dominio particular da ciencia. A sua visào empirista do sentido levou os
positivistas lógicos, sobretudo no seu primitivo e mais estrito período, a ser
cautelosos acerca da linguagem teórica e a questionar, consequentemente,
as ontologias a eia associadas. Assim, houve urna casta anti-realista para o
seu pensar, que encarou o sucesso interpretativo da teoria física como teste-
munho inadequado da existencia de entidades postuladas pela teoría. Num
ensaio influential "The theoreticians dilemma", Hempel questionou esse
cepticismo ontològico passando ele proprio a defender urna vigorosa forma
de realismo (Hempel, 1958; 1966).
Mas Kuhn, como vimos, defendeu o anti-realismo como urna consequen-
cia directa desta interpretado do significado e da ideia de mudanza de para-
digma. Dado que cada paradigma tende a varrer o seu predecessor, entáo,
arguiu ele, nao se pode ter confianza na permanencia das entidades teóricas
associadas a um paradigma particular, nao importa quao bem fundamen-
tado este paradigma possa parecer. Escritores posteriores, tais como Laudan,
Rorty e Fine, continuaram este tema historicista, tendo Laudan desenvolvido

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Caminhos em Filosofia da Ciencia 35

em particular urna efectiva polémica contra o que el


convergente (Laudan, 1984b). O global anti-realismo
geral tem urna consequencia desagradável, pois co
qualquer tipo de reclamalo de realidade cuja garan
o sucesso interpretativo das teorías em que elas a
entáo, todas as teorías históricas, cosmologia, biolog
logia, todas as tentativas para estabelecer a conseque
no passado distante, assim como as especies de ent
povoaram o universo. Quod nimis probat, nihil pr
"o que prova demais nào prova nada", vem ¡media
(McMullin, 1984).
As formas globais do anti-realismo, inspiradas por
cado teórico ou da mudanga-de-teoria, pela mal-cham
melhor explanado", ou pelas mais extremas formas de
sao todas vulneráveis para esta especie de objecgáo de
anti-realismos, sao mais viáveis os anti-realismos locá
às ciencias específicas por razóes peculiares a esta
que os críticos mais empenhados do realismo científ
sejam filósofos da física quàntica, corno van Fraassen
riamente motivados pelos quebra-cabegas ontológicos
(van Fraassen, 1980). Na verdade, a adequalo emp
Fraassen poderia implicitamente levá-lo a urna es
outras entidades tais como as inobserváveis entre as q
quantica. Seria bastante consistente hesitar em atr
aos tipos categorialmente mais remotos de entidades
evocadas pelo físico teórico em ordem a manter u
mais generalizada. Quem encontré urna justificado f
o realismo científico em face de argumentos da in
teoría ou da aparente circularidade de argumentos con
preta£ào do sucesso interpretativo das teorías especí
debate corrente. Hacking, por exemplo, no seu Repre
arguiu com urna forma de realismo que nào confia n
pretativas da teoría (Hacking, 1983). A posigào anti-
vezes, reduzir-se a urna crítica de argumentos corren
pelo realismo do que provendo a urna defesa e a urna
góes pràticas do anti-realismo enquanto tal. Pelo que
ría que prestando especial atengào aos criterios diacr
aqueles que seguem teorías específicas ao longo do te
rios como o da fecundidade, por exemplo, proporcio
tivo mais eficaz para suportar urna forma qualificada
1996b)4. Mas seguir por este caminho seria fonte de

4 Para urna crítica deste argumento, ver Nolan (1999).

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86 Ernán McMullin

9. A viragem social

Deixei para o firn propositad


desenvolvimento mais especta
anos, a saber, o rápido crescim
à compreensào da ciencia (M
Brown, 1984; McMullin, 199
formas muito diferentes. Fixa
na pràtica da ciencia no seu se
da historiografía da ciencia p
sido pensados marginalmente
da historia das ideias científic
tem vindo a aplicar as técnica
já desde os anos trinta, trat
mais tarde, em principio, com
esta atitude reverencial nao h
de historiadores, sociólogos, e
diante comesaram a apresentar
actual de ciencia, quer contem
O tópico da experimentagáo,
tiva Filosofia da Ciencia, torno
sivas e iluminantes (Franklin,
rentes "estilos" de laboratorio
do tipo de escrutinio que os
rela^áo as diferentes culturas
continua investigado, nos tem
da complexa realidade das cien
diferentes de práticas.
Mas já desde o principio houv
carácter diferente sob a band
de sociologia, as suas aspiragòe
Como, perguntaram os seus p
natureza do pròprio conhecim
os aspectos sociais da ciencia
como um conjunto descarna
daquilo a que eles chamavam "
associados à Universidade de
forte" foi entendido nao prec
Filosofia da Ciencia como tem
dias. O foco tradicional sobre
e mais ampia rela^ào com o so
gòes deste termo.

Revista Portuguesa de Filosofia fìgl » ■%» I


63-2007 SJiñEL » ■%» I 86

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Caminhos em Filosofia da Ciencia 37

Bloor e Barnes, quando anunciaram a sua visào p


qual na sua perspectiva seria mais sociologico do que
na ideia de que os factores sociais, particularment
"interesses", sociais, políticos e pessoais, jogaram um
varios momentos no desenvolvimento das ciencias, n
refere aos "dados" experimentáis e aos estágios finái
9ào da teoria (Bloor, 1976; Barnes, 1976). Até agora, is
diferente da doutrina dos ídolos do New Organon de
"convengo" que já vimos no traballio de Popper e de C
gem é que os proponentes desta nova teoría encaram
como constitutivas e indeclináveis, como urna parte
de tomada de decisóes no ámbito da ciencia, o qual, s
calmente subdeterminado pelo lado do mundo físico.
científicas constituem em grande medida construgó
a realidade. A questáo da sua verdade, por isso, n
entidades que eles postulam carecem de toda e qualqu
sobre a realidade; de facto, elas nao sao mais do que
para o prognóstico. Neste ponto dá-se o encontró
construccionistas do anti-realismo e aquelas que deriv
ricas relativas à mudanga-de-teoria.
O desafio social-construccionista à objectividade do
ta urna questáo, em particular (McMullin, 1984b).
influenciada pela dimensào socio-politica, e outros f
epistémico, porque é que eia haveria de continuar a ac
nuem a improvisar dramáticamente no ponto crucia
prognóstico? Urna resposta tem sido rejeitar complet
epistémico e náo-epistémico. Urna outra tem sido re
formas assumidas pelo factor social podem também s
veis à verdade. Alguns filósofos da ciencia feministas, en
defendem que os valores feministas podem levar
holística a áreas como a neurofisiologia, aproximagáo
parece mais capaz de produzir boa ciencia (Longino,
urna proposta interessante, a qual em principio poder
mente urna maior probabilidade de que urna visào d
ser um factor epistémico mais relevante para o proc
teoría científica do que, por exemplo, o interesse de
entre grupos competitivos na investigado.
O que está em questáo em tudo isto nao é se ou na
políticos e pessoais desempenham um papel no carác
de decisóes na ciencia. Esse é certamente o caso, tal
ciencia tornam perfeitamente claro (Englehardt and
é desde logo evidente a partir da mais pequeña fami

1 riSSI Revista Portuguesa de Filosofía


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88 Ernán McMullin

investigado científica. Onde


cariz mais subjectivista e as fi
o papel de factores particulares
limitado pelas operates norm
consequència disso pode ser co
testada constituí urna constru
das reais estruturas extra-sociais do mundo natural.

10. Conclusáo

Numa rapidissima revisáo, tentei escolher os temas que mais activamente


comprometeram os filósofos da ciencia ao longo de meio século. Inevitavel-
mente, muitos ficaram aqui por mencionar. Realcei a viragem histórica dos
anos sessenta e setenta. Mas as páginas de urna das mais importantes revistas
dos Estados Unidos, Philosophy of Science, ou do British Journal for the Philo-
sophy of Science, lembram-nos constantemente o quanto as coisas permane-
ceram idénticas.
Muitos autores estào ainda a lutar com os mesmos temas lógicos - redu-
£ào, teoria da probabilidade, validado indutiva... - que aqueles que preo-
cuparam os filósofos da ciencia dos anos trinta. Muitos mais estào a voltar
aos novos temas na filosofia das ciencias, notavelmente ñas áreas da biologia
evolucionista e da mecánica quantica. A mais recente geragào de filósofos
da ciencia parece estar sobretudo atraída por estes últimos campos, talvez
em parte, pelo menos, porque o incitamento intelectual gerado pela viragem
historicista de há quase quarenta anos atrás praticamente desapareceu.
Penso que o desenvolvimento mais notável durante o último meio século
tem a ver, apesar de tudo, com o crescimento da Filosofía da Ciencia enquanto
disciplina profissional. O primeiro Congresso alguma vez realizado da lmps
(Logic, Methodology and Philosophy of Science) que teve lugar na Universi-
dade de Stanford nos Estados Unidos da América foi um pequeño evento
comparado com as edigòes mais recentes do mesmo Congresso. No primeiro
encontró bi-anual da Philosophy of Science Association dos Estados Unidos,
o qual teve lugar em Pittsburgh, em 1968, urna pequeña sala foi mais do que
suficiente para acomodar os presentes. Agora sao as centenas os filósofos da
ciencia presentes ñas Universidades de muitos países do mundo, e às dezenas
o número de revistas e outras publicares dedicadas a este campo. Contudo,
duvido que hoje tenhamos muitas figuras de topo neste campo, compará-
veis àquelas que dominaram a discussao ñas primeiras décadas da segunda
metade do século xx. Mas também nao há dúvida de que a quantidade traba-
lhos de alta qualidade é hoje muito maior do que antes. E urna característica
da viragem histórica que tenho vindo a relatar tem certamente a ver com a
impressionante investigalo que tem aparecido nos estudos.-de-caso da histó-

Revista Portuguesa de Filosofía rigl _ _ _ !


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Caminhos em Filosofia da Ciencia 89

ría da ciencia assim como na propria historia da Filo


cada em novas revistas consistentemente atraentes: St
Philosophy of Science, Perspectives on Science, Scienc
preender um campo do saber, como seja o da Cien
Ciencia, nada melhor do que fazè-lo por implicagào,
na sua forma proposicional atemporal, mas também
um organismo vivo, em permanente estado de muda
Ora é precisamente a realizagào disto mesmo que
empreendimento dos tumultuosos anos sessenta e set
anos e dos anos que se seguiram sao evidentes. Ma
devem cegar à importancia das intuigòes e entendim
bem como à importancia das questóes entao levan
ainda hoje estáo apenas parcialmente resolvidas. Na v
tóes que em muitos casos ainda nos acompanharáo,
século xxi.

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