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DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL

Direito da Criança e do Adolescente - Aula 1 (Apostila)


Cristiane Dupret

Acompanhe dicas no Persicope:  Súmulas 108, 265, 338, 342, 383, 492
Cristiane Dupret e 500 do STJ
Insta: @cristiane_dupret
INDICAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: CURSO DE Vejamos os enunciados acima
DIREITO DA CRIANÇA E DO mencionados:
ADOLESCENTE. 3ª. Edição. Cristiane
Dupret, 2015, Editora Letramento. Súmula 108:
A aplicação de medidas socio-educativas ao
Leis importantes para o estudo do adolescente, pela pratica de ato infracional,
conteúdo da disciplina Direito da Criança e da competencia exclusiva do juiz.
e do Adolescente:
 Lei 8069/90 – ECA (Estatuto da Súmula 265:
Criança e do Adolescente) É necessária a oitiva do menor infrator antes
 Leis alteradoras do ECA: de decretar-se a regressão da medida sócio-
 Lei 12010/09 (já incorporada no ECA) educativa.
 Lei 12015/09 (já incorporada no ECA)
 Lei 11829/08 (já incorporada no ECA) Súmula 338:
 Lei 12415/11 (já incorporada no ECA) A prescrição penal é aplicável nas medidas
 Lei 12594/12 (Alterou os artigos 90, sócio-educativas.
122, parágrafo 1º, incluiu o parágrafo 7º
no artigo 121, alterou o caput e inciso II Súmula 342:
do artigo 198, incluiu o inciso X no artigo No procedimento para aplicação de medida
208 e alterou o artigo 260 do ECA. Dispõe sócio-educativa, é nula adesistência de
acerca da execução das medidas outras provas em face da confissão do
socioeducativas e deve ser estudada em adolescente.
conjunto com o ECA)
 Lei 12696/12 (Alterou os artigos 132, Súmula 383:
134, 135 e 139) A competência para processar e julgar as
ações conexas de interessede menor é, em
 Lei 12955/13 - Acrescenta § 9o ao art.
princípio, do foro do domicílio do detentor de
47 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
sua guarda.
(Estatuto da Criança e do Adolescente),
para estabelecer prioridade de tramitação
Súmula 492:
aos processos de adoção em que o
O ato infracional análogo ao tráfico de
adotando for criança ou adolescente com
drogas, por si só, não conduz
deficiência ou com doença crônica.
obrigatoriamente à imposição de medida
 Lei 12962/14 – Dispões sobre direitos
socioeducativa de internação do
de crianças e adolescentes filhos de pais
adolescente.
privados da liberdade
 Lei 13010/14 – Lei Menino Bernardo, Súmula 500:
vedando castigos físicos e tratamento A configuração do crime do art. 244-B do
cruel ou degradante ECA independe da prova da efetiva
 Lei 13046 / 14 – Obriga entidades a corrupção do menor, por se tratar de delito
terem, em seus quadros, pessoal formal.
capacitado para reconhecer e reportar
maus-tratos de crianças e adolescentes.
Inclui os artigos 70 B, 94 A e o inciso XII No que tange às alterações legislativas,
no artigo 136 do ECA importante destacar suas principais
 Lei 13106/15 – Revoga a disposições:
contravenção penal do artigo 63 da LCP e
altera o artigo 243 do ECA A Lei 12955/14 incluiu o parágrafo 9º no
 Arts. 226 e 227 da CF e art. 7º, XXXIII artigo 47, passando a prever que:
da CF

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Terão prioridade de tramitação os processos qualquer outro pretexto estarão sujeitos,


de adoção em que o adotando for criança ou sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
adolescente com deficiência ou com doença seguintes medidas, que serão aplicadas de
crônica. acordo com a gravidade do caso:

Dentre outras alterações, a Lei 12962/14 I - encaminhamento a programa oficial ou


incluiu o parágrafo 2º no artigo 23 do ECA, comunitário de proteção à família;
estabelecendo que: II - encaminhamento a tratamento
A condenação criminal do pai ou da mãe psicológico ou psiquiátrico;
não implicará a destituição do poder familiar, III - encaminhamento a cursos ou programas
exceto na hipótese de condenação por crime de orientação;
doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o IV - obrigação de encaminhar a criança a
próprio filho ou filha. tratamento especializado;
V - advertência.
A lei 13010/14 alterou o artigo 18 do ECA. Parágrafo único. As medidas previstas
Vejamos: neste artigo serão aplicadas pelo Conselho
“Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o Tutelar, sem prejuízo de outras providências
direito de ser educados e cuidados sem o legais.”
uso de castigo físico ou de tratamento cruel
ou degradante, como formas de correção, A referida lei também incluiu no ECA o artigo
disciplina, educação ou qualquer outro 70A e alterou o artigo 13. Vejamos:
pretexto, pelos pais, pelos integrantes da
família ampliada, pelos responsáveis, pelos Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito
agentes públicos executores de medidas Federal e os Municípios deverão atuar de
socioeducativas ou por qualquer pessoa forma articulada na elaboração de políticas
encarregada de cuidar deles, tratá-los, públicas e na execução de ações destinadas
educá-los ou protegê-los. a coibir o uso de castigo físico ou de
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, tratamento cruel ou degradante e difundir
considera-se: formas não violentas de educação de
crianças e de adolescentes, tendo como
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar principais ações:
ou punitiva aplicada com o uso da força I - a promoção de campanhas educativas
física sobre a criança ou o adolescente que permanentes para a divulgação do direito da
resulte em: criança e do adolescente de serem
a) sofrimento físico; ou educados e cuidados sem o uso de castigo
b) lesão; físico ou de tratamento cruel ou degradante
e dos instrumentos de proteção aos direitos
II - tratamento cruel ou degradante: conduta humanos;
ou forma cruel de tratamento em relação à II - a integração com os órgãos do Poder
criança ou ao adolescente que: Judiciário, do Ministério Público e da
a) humilhe; ou Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar,
b) ameace gravemente; ou com os Conselhos de Direitos da Criança e
c) ridicularize.” do Adolescente e com as entidades não
governamentais que atuam na promoção,
“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família proteção e defesa dos direitos da criança e
ampliada, os responsáveis, os agentes do adolescente;
públicos executores de medidas III - a formação continuada e a capacitação
socioeducativas ou qualquer pessoa dos profissionais de saúde, educação e
encarregada de cuidar de crianças e de assistência social e dos demais agentes que
adolescentes, tratá-los, educá-los ou atuam na promoção, proteção e defesa dos
protegê-los que utilizarem castigo físico ou direitos da criança e do adolescente para o
tratamento cruel ou degradante como desenvolvimento das competências
formas de correção, disciplina, educação ou necessárias à prevenção, à identificação de

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evidências, ao diagnóstico e ao adolescentes, punível, na forma deste


enfrentamento de todas as formas de Estatuto, o injustificado retardamento ou
violência contra a criança e o adolescente; omissão, culposos ou dolosos.”
IV - o apoio e o incentivo às práticas de
resolução pacífica de conflitos que envolvam Inclusão do Art. 94-A. As entidades,
violência contra a criança e o adolescente; públicas ou privadas, que abriguem ou
V - a inclusão, nas políticas públicas, de recepcionem crianças e adolescentes, ainda
ações que visem a garantir os direitos da que em caráter temporário, devem ter, em
criança e do adolescente, desde a atenção seus quadros, profissionais capacitados a
pré-natal, e de atividades junto aos pais e reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar
responsáveis com o objetivo de promover a suspeitas ou ocorrências de maus-tratos.”
informação, a reflexão, o debate e a
orientação sobre alternativas ao uso de Alteração do Art. 136, incluindo seu inciso
castigo físico ou de tratamento cruel ou XX:
degradante no processo educativo;
VI - a promoção de espaços intersetoriais XII - promover e incentivar, na comunidade e
locais para a articulação de ações e a nos grupos profissionais, ações de
elaboração de planos de atuação conjunta divulgação e treinamento para o
focados nas famílias em situação de reconhecimento de sintomas de maus-tratos
violência, com participação de profissionais em crianças e adolescentes.
de saúde, de assistência social e de
educação e de órgãos de promoção, Comentaremos a Lei 13106/15 ao final da
proteção e defesa dos direitos da criança e apostila, na parte referente aos crimes
do adolescente. previstos no ECA.
Parágrafo único. As famílias com crianças e
adolescentes com deficiência terão CONCEITOS IMPORTANTES
prioridade de atendimento nas ações e
políticas públicas de prevenção e proteção. DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL
O ECA é regido pela Doutrina da
Art. 13. Os casos de suspeita ou Proteção integral e pelo princípio do
confirmação de castigo físico, de tratamento melhor interesse do menor.
cruel ou degradante e de maus-tratos contra Art.1º ECA – Doutrina da proteção
criança ou adolescente serão integral – foi adotada no lugar da antiga
obrigatoriamente comunicados ao Conselho doutrina que era o parâmetro do antigo
Tutelar da respectiva localidade, sem código de menores (Lei 6697/79). O objetivo
prejuízo de outras providências legais. da antiga lei era tão somente tratar das
situações dos menores infratores. Com a
Vejamos as alterações promovidas pela Lei revogação dessa lei e com entrada em vigor
13046/14: do ECA consagra a adoção da doutrina da
Inclusão do artigo Art. 70-B. As entidades, proteção integral e o ECA vai se dirigir a
públicas e privadas, que atuem nas áreas a toda e qualquer criança e adolescente, ou
que se refere o art. 71, dentre outras, devem seja, em situação regular ou situações de
contar, em seus quadros, com pessoas risco. Logo, fica superada a antiga doutrina
capacitadas a reconhecer e comunicar ao da situação irregular
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de
maus-tratos praticados contra crianças e CONCEITO DE CRIANÇA E
adolescentes. ADOLESCENTE
Parágrafo único. São igualmente Art.2º do ECA – conceitua criança como
responsáveis pela comunicação de que trata pessoa que tem até 12 anos incompletos
este artigo, as pessoas encarregadas, por e adolescente quem tem entre 12 e 18
razão de cargo, função, ofício, ministério, anos de idade. Esses 18 anos são
profissão ou ocupação, do cuidado, incompletos. Aquele que completa 18 anos
assistência ou guarda de crianças e passa a ter plena capacidade, não sendo em

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regra, aplicado o ECA. Este apenas será em situação de risco, sendo, em regra, o
aplicado excepcionalmente aos maiores de Conselho Tutelar a autoridade
18 anos, nos termos do que dispõe o competente para sua aplicação, com
parágrafo único do art. 2º. É o caso do exceção da colocação em família
previsto no art. 121, par. 5º . substituta e do acolhimento familiar.
As regras relacionadas ao Conselho Tutelar
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO sofreram algumas alterações pela Lei
O art. 6º do ECA traz as diretrizes para sua 12.696/12.
interpretação, o que acaba por consagrar a O ECA dispõe acerca do Conselho
regra de que sempre deve ser observado o Tutelar a partir do seu artigo 131. Os
melhor interesse do menor, já que o ECA é artigos 132, 134, 135 e 139 do ECA (Lei
formado por regras protetivas à criança e 8.069/90) foram alterados pela Lei
adolescente. 12.696/12, que entrou em vigor no dia 26
de julho de 2012, trazendo substanciais
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se- modificações quanto ao Conselho Tutelar.
ão em conta os fins sociais a que ela se Podemos estabelecer que as modificações
dirige, as exigências do bem comum, os disseram respeito aos seguintes
direitos e deveres individuais e coletivos, e a aspectos:
condição peculiar da criança e do  Local de constituição do Conselho
adolescente como pessoas em Tutelar
desenvolvimento.  Tempo de mandato dos Conselheiros
 Esclarecimento quanto ao conceito do
SITUAÇÕES DE RISCO E MEDIDAS DE termo recondução
PROTEÇÃO  Ampliação dos direitos dos
Situações de risco (art.98 do ECA) – as Conselheiros
medidas de proteção são aplicadas  Retirada da prerrogativa de prisão
sempre que os direitos previstos no ECA especial, com a pequena alteração do artigo
forem ameaçados ou violados: 135, mantendo as demais prerrogativas
 Sempre que houver ação ou omissão do  Instituição de regras para o processo de
estado ou da sociedade; escolha dos Membros do Conselho Tutelar,
 Falta, abuso, omissão dos pais ou com unificação em todo o território nacional
responsável; de data de eleição e posse
 Em razão de sua conduta.
Antes da alteração legislativa, o artigo 132
estabelecia que “Em cada Município haverá,
Cuidado para não confundir as medidas no mínimo, um Conselho Tutelar composto
de proteção com as medidas de cinco membros, escolhidos pela
socioeducativas. Vejamos abaixo um comunidade local para mandato de três
quadro esquemático com as principais anos, permitida uma recondução”. Ocorre
distinções entre as medidas de proteção e que a lei não esclarecia como se dava essa
as socioeducativas: recondução, o que era explicitado pela
Resolução 139 do CONANDA, que em seu
artigo 6º, parágrafo 1º já trazia a previsão de
que a recondução seria feita mediante novo
processo de escolha, exatamente o que
passa a dispor a nova redação do artigo
132:
Art. 132. Em cada Município e em cada
Dessa forma, podemos estabelecer que as Região Administrativa do Distrito Federal
medidas de proteção previstas no artigo haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
101 podem ser aplicadas a qualquer como órgão integrante da administração
criança ou adolescente que se encontre pública local, composto de 5 (cinco)

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membros, escolhidos pela população local Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá
para mandato de 4 (quatro) anos, permitida sobre o local, dia e horário de
1 (uma) recondução, mediante novo funcionamento do Conselho Tutelar,
processo de escolha. inclusive quanto à remuneração dos
respectivos membros, aos quais é
Outra questão que o ECA não esclarecia era assegurado o direito a:
a natureza deste Órgão, se ele integrava a I - cobertura previdenciária;
Administração Pública. O que agora se II - gozo de férias anuais remuneradas,
encontra expressamente previsto no ECA, acrescidas de 1/3 (um terço) do valor da
como percebemos acima, na redação do remuneração mensal;
artigo 132, também já integrava a Resolução III - licença-maternidade;
139 do CONANDA (Conselho Nacional dos IV - licença-paternidade;
Direitos da Criança e do Adolescente), em V - gratificação natalina.
seu artigo 3º, que estabelecia que em cada Parágrafo único. Constará da lei
Município e no Distrito Federal, haveria no orçamentária municipal e da do Distrito
mínimo um Conselho Tutelar, como órgão Federal previsão dos recursos necessários
da Administração Pública local. ao funcionamento do Conselho Tutelar e à
remuneração e formação continuada dos
A inovação mais garantista aos membros conselheiros tutelares.
dos Conselhos Tutelares se deu por meio
do artigo 134. A Resolução 139 do Desta forma, com as alterações, em cada
CONANDA trazia em alguns de seus artigos Município e em cada região
a necessidade de adequação da legislação, administrativa do Distrito Federal haverá,
para que fossem assegurados aos membros no mínimo, um Conselho Tutelar como
do Conselho Tutelar a remuneração pelo órgão integrante da Administração
exercício de sua função, assim como as Pública local, composto de cinco
demais vantagens e direitos sociais membros, escolhidos pela população
assegurados aos demais servidores local para mandato de quatro anos,
municipais (tendo em vista que ao ECA permitida uma recondução, mediante
citava que a lei municipal disporia sobre novo processo de escolha.
“eventual remuneração). No entanto, as
previsões contidas nos artigos 37 e 38 da Lei municipal ou distrital disporá sobre o
Resolução eram meramente diretrizes ao local, dia e horário de funcionamento do
Poder Público, que as implemetaria em nível Conselho Tutelar, inclusive quanto à
local se assim o desejasse. Desta forma, na remuneração dos respectivos membros.
prática, era comum encontrar Municípios em O exercício efetivo da função de conselheiro
que os Conselheiros Tutelares eram constituirá serviço público relevante e
remunerados e Municípios em que isso não estabelecerá presunção de idoneidade
ocorria. moral.

Com a alteração legislativa, além da O processo para a escolha dos membros do


obrigatoriedade de remuneração, várias Conselho Tutelar será estabelecido em lei
outras garantias passam a ser municipal e realizado sob a responsabilidade
asseguradas aos membros do Conselho do Conselho Municipal dos Direitos da
Tutelar, além da obrigatoriedade de Criança e do Adolescente, e a fiscalização
previsão em lei orçamentária Municipal e do Ministério Público.
do Distrito Federal para a remuneração e Uma das principais inovações da Lei
formação continuada dos membros do 12.696/12 diz respeito à eleição dos
Conselho Tutelar, o que também já era um membros do Conselho Tutelar, tendo em
ideal da Resolução 139 do CONANDA. vista que não existiam normas unificadas
A tímida redação antiga do artigo 134 foi acerca do processo de escolha, data da
substituída pela seguinte disposição: eleição e posse.
Passa a dispor o artigo 139:

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reforma, havia apenas o parágrafo único,


Art. 139. O processo para a escolha dos que dispunha acerca da excepcionalidade e
membros do Conselho Tutelar será provisoriedade da medida de instituição de
estabelecido em lei municipal e realizado acolhimento. Vejamos o rol do artigo 101,
sob a responsabilidade do Conselho que elenca exemplificativamente as
Municipal dos Direitos da Criança e do medidas de proteção:
Adolescente, e a fiscalização do Ministério
Público. Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses
§ 1o O processo de escolha dos membros previstas no art. 98, a autoridade
do Conselho Tutelar ocorrerá em data competente poderá determinar, dentre
unificada em todo o território nacional a cada outras, as seguintes medidas:
4 (quatro) anos, no primeiro domingo do
mês de outubro do ano subsequente ao da I - encaminhamento aos pais ou
eleição presidencial. responsável, mediante termo de
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares responsabilidade;
ocorrerá no dia 10 de janeiro do ano II - orientação, apoio e acompanhamento
subsequente ao processo de escolha. temporários;
§ 3o No processo de escolha dos membros III - matrícula e frequência1 obrigatórias em
do Conselho Tutelar, é vedado ao candidato estabelecimento oficial de ensino
doar, oferecer, prometer ou entregar ao fundamental;
eleitor bem ou vantagem pessoal de IV - inclusão em programa comunitário ou
qualquer natureza, inclusive brindes de oficial de auxílio à família, à criança e ao
pequeno valor. adolescente;
V - requisição de tratamento médico,
De resto, não houve alteração. O ECA psicológico ou psiquiátrico, em regime
continua trazendo requisitos para hospitalar ou ambulatorial;
candidatura ao Conselho Tutelar: idade VI - inclusão em programa oficial ou
mínima de vinte e um anos, reconhecida comunitário de auxílio, orientação e
idoneidade e residir no mesmo Município. O tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
ECA também prevê alguns impedimentos. VII - acolhimento institucional; (Redação
Vejamos: dada pela Lei 12.010, de 2009)
VIII - inclusão em programa de acolhimento
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo familiar; (Redação dada pela Lei 12.010, de
Conselho marido e mulher, ascendentes e 2009)
descendentes, sogro e genro ou nora, IX - colocação em família
irmãoscunhados, durante o cunhadio, tio e substituta. (Incluído pela Lei 12.010, de
sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. 2009)

Parágrafo único. Estende-se o impedimento O acolhimento familiar e o acolhimento


do conselheiro, na forma deste artigo, em institucional são, além de excepcionais,
relação à autoridade judiciária e ao provisórios. Sendo assim, a criança ou o
representante do Ministério Público com adolescente só devem permanecer
atuação na Justiça da Infância e da acolhidos como forma de transição, para a
Juventude, em exercício na comarca, foro reintegração em sua família natural ou
regional ou distrital. colocação em família substituta. Não há de
se confundir a medida de acolhimento
Quanto às medidas de proteção, o artigo institucional com a medida socioeducativa
101 foi alterado pela Lei 12.010/2009. Com de internação. A instituição de acolhimento
a reforma, passamos a ter o acolhimento não caracteriza privação de liberdade; pelo
institucional e o acolhimento familiar no lugar
da antiga previsão de abrigo. Além da 1
Grafia exigida pela reforma ortográfica
referida alteração, o artigo passou a ser que suprimiu o emprego do trema.
composto por 12 parágrafos. Antes da

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contrário, trata-se de lar coletivo, sempre natural (art.19 do ECA) – se não pode
com o intuito de proteger a criança ou estar com sua família natural, deve seguir a
adolescente. ordem e colocar em família extensa ou
ampliada e caso não seja possível, deve ser
Modalidades de colocação em família colocado em família substituta.
substituta
1. Guarda (art. 148, §único, “a” do ECA) Acolhimento institucional – é uma medida
- só será competente o juiz da vara da protetiva provisória como forma de transição
infância e juventude se houver situação de para colocação em família substituta. Se o
risco para o menor. menor é afastado do convívio familiar e é
2. Tutela (art. 148, §único, “a” do ECA) - recolhido pelo Conselho Tutelar,
só será competente o juiz da vara da provisoriamente, como forma de transição
infância e juventude se houver situação de ficará na família voluntária (inclusão em
risco para o menor. programa de acolhimento familiar) ou na
3. Adoção – competência exclusiva do juiz instituição de acolhimento (antigo abrigo).
da vara da infância e juventude (art.148, III Logo, assim fica a ordem:
ECA). 1º família natural;
2º família extensa;
Art.101, VII e VIII - saiu a palavra abrigo e 3º família substituta, mas se não for possível
colocação em família substituta, mas com o sua imediata colocação, a criança ou
advento da lei 12010/09 no lugar do abrigo adolescente ficará provisória e
entra a nomenclatura acolhimento transitoriamente em acolhimento familiar ou
institucional e acolhimento familiar e mantida institucional.
a colocação em família substituta, tendo
havido renumeração, do inciso VIII para o A família voluntária concorda em receber
IX. A Lei 12010/09 realizou importantes provisoriamente a criança ou adolescente
alterações no ECA. para depois colocar na família substituta.
Essa família que recebe criança como
Lei 12010/09 – dispõe sobre o família voluntaria tem preferência na
aperfeiçoamento da sistemática relacionada adoção.
a garantia do direito a convivência familiar. Prazo do acolhimento institucional – 2
anos.
A lei 12010/09 criou mais uma
modalidade de família que é a família MODALIDADES DE COLOCAÇÃO EM
extensa ou ampliada. FAMÍLIA SUBSTITUTA
Guarda
Família extensa ou ampliada – é a
comunidade formada pelo menor com seus Art. 33. A guarda obriga a prestação de
parentes próximos, com os quais ele possua assistência material, moral e educacional à
relação de afinidade e afetividade. (art. 25, criança ou adolescente, conferindo a seu
par. Único) detentor o direito de opor-se a terceiros,
inclusive aos pais. (Vide Lei 12.010, de
Família natural – é a comunidade formada 2009) Vigência
pelos pais com seus filhos. Ou só pai e filho
ou só mãe e filho. (art. 25, caput) § 1º A guarda destina-se a regularizar a
posse de fato, podendo ser deferida, liminar
Quando o menor é criado pelo irmão ou incidentalmente, nos procedimentos de
mais velho, pelo tio, pelo primo, qual é tutela e adoção, exceto no de adoção por
esse tipo de família? Atualmente, família estrangeiros.
extensa ou ampliada.
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a
O ECA estabelece expressamente que o guarda, fora dos casos de tutela e adoção,
menor deva permanecer na sua família para atender a situações peculiares ou

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suprir a falta eventual dos pais ou poder familiar. Já a adoção rompe com
responsável, podendo ser deferido o direito todos os vínculos anteriores.
de representação para a prática de atos
determinados.
- Espécies de guarda
§ 3º A guarda confere à criança ou
adolescente a condição de dependente, 1) Guarda para regularizar a posse de fato
para todos os fins e efeitos de direito, É possível que a criança ou adolescente já
inclusive previdenciários. esteja sendo criado por alguém, que não
possui o termo de guarda. O objetivo, nesta
§ 4o Salvo expressa e fundamentada modalidade de guarda, é tornar de direito
determinação em contrário, da autoridade uma situação meramente fática.
judiciária competente, ou quando a medida
for aplicada em preparação para adoção, o 2) Guarda liminar ou incidental no processo
deferimento da guarda de criança ou de adoção
adolescente a terceiros não impede o Artigo 33, parágrafo primeiro – guarda
exercício do direito de visitas pelos pais, liminar ou incidental nos procedimentos de
assim como o dever de prestar alimentos, tutela e adoção, exceto por estrangeiros.
que serão objeto de regulamentação Com base nesse dispositivo, é possível que,
específica, a pedido do interessado ou do durante o processo de adoção, os futuros
Ministério Público. (Incluído pela Lei 12.010, pais adotivos tenham a guarda da criança ou
de 2009) adolescente.

Art. 34. O poder público estimulará, por 3) Guarda para atender situação peculiar
meio de assistência jurídica, incentivos ou para suprir falta eventual
fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a
forma de guarda, de criança ou adolescente São as hipóteses previstas no artigo 33,
afastado do convívio familiar. (Redação parágrafo 2o –situação peculiar. Pode até
dada pela Lei 12.010, de 2009) mesmo implicar em responsabilidade sobre
o menor até os 18 anos de idade. Tal guarda
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente pode por fim ao processo, decidindo com
em programas de acolhimento familiar terá quem vai ficar o menor. No entanto, nada
preferência a seu acolhimento institucional, impede a revogação dessa guarda,
observado, em qualquer caso, o caráter consoante dispõe o artigo 35 do ECA. O que
temporário e excepcional da medida, nos prepondera é o interesse do menor, e não a
termos desta Lei. (Incluído pela Lei 12.010, pretensão dos pais ou do guardião. A perda
de 2009) ou a modificação da guarda poderá ser
decretada nos mesmos autos do
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a procedimento, consoante o disposto no
pessoa ou casal cadastrado no programa de artigo 169, parágrafo único. Quanto à
acolhimento familiar poderá receber a guarda para suprir falta eventual dos pais, é
criança ou adolescente mediante guarda, possível que, durante uma viagem de
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta estudos, por exemplo, o menor esteja em
Lei. (Incluído pela Lei 12.010, de 2009) guarda com determinada pessoa, até que os
pais voltem a exercer a guarda.
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a
qualquer tempo, mediante ato judicial - Efeitos da guarda
fundamentado, ouvido o Ministério Público.
- Prestação de assistência material, moral
A guarda não retira o poder familiar dos e educacional.
pais, diferentemente da tutela, que - Passa o menor a figurar como
pressupõe a perda ou a suspensão desse dependente para todos os fins e efeitos de
direito, inclusive previdenciários.

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responsável, pelo local onde se encontre a


A questão deve passar, ainda, pela análise criança ou adolescente.
da Lei 8.213/1993, em seu artigo 16,
parágrafo 2o, que sofreu uma alteração em - Competência em razão da matéria
1997, pela Lei 9.528, passando a não
considerar o menor sob guarda como É prevista no art. 148, parágrafo único,
equiparado a filho, mas apenas o enteado e Alínea a, sendo de competência da Justiça
o menor tutelado. Mesmo para aqueles que da Infância e Juventude apenas nos casos
entendem como possível a guarda para fins de existência de situação de risco para a
exclusivamente previdenciários, criança ou adolescente. É por isso, que
posicionamento que praticamente não mais podemos verificar uma ação de guarda
se encontra na jurisprudência, o tramitando na Vara de família ou na Justiça
recebimento de tais benefícios deve passar da Infância e Juventude, dependendo se a
pela análise da modificação da lei. O fato criança ou adolescente se encontra ou não
gerador do benefício é a morte do segurado. em situação de risco.
Dessa forma, deve-se levar em conta a lei
em vigor na data da morte do beneficiário. - Visitação e alimentos
Se anterior à alteração legal, o menor sob A Lei nº 12.010/2009 incluiu no artigo 33 o
guarda ainda poderia receber o beneficio. parágrafo 4º, passando a prever que a
Se posterior, não mais seria permitido, em guarda não afasta o direito de visitação e o
virtude da nova redação do parágrafo 2º. dever alimentar, salvo expressa e
fundamentada determinação em contrário,
Há controvérsia na doutrina e na da autoridade judiciária competente, ou
jurisprudência acerca do conflito existente quando a medida for aplicada em
entre o artigo 33, parágrafo 3º do ECA e a preparação para adoção.
ausência da previsão do menor sob guarda
como beneficiário na lei previdenciária (Lei 5.3.2 – Tutela
8.213/91 – artigo 16, alterado pela Lei
9.528/97). O STJ entende pela Art. 36. A tutela será deferida, nos termos
preponderância da lei previdenciária, que da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito)
não inclui o menor sob guarda como anos incompletos. (Redação dada pela Lei
dependente do guardião. 12.010, de 2009) Vigência

- Guarda especial destinada a crianças e Parágrafo único. O deferimento da tutela


adolescentes de difícil colocação pressupõe a prévia decretação da perda ou
suspensão poder familiar e implica
O artigo 34 sofreu alteração pela Lei nº necessariamente o dever de guarda.
12.010/2009. As antigas expressões “órfão (Expressão substituída pela Lei 12.010, de
ou abandonado” foram substituídas por 2009)
“afastado do convívio familiar”. Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou
qualquer documento autêntico, conforme
Dispõe o ECA que o poder público previsto no parágrafo único do art. 1.729 da
estimulará, por meio de assistência jurídica, Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta)
sob a forma de guarda, de criança ou dias após a abertura da sucessão, ingressar
adolescente afastado do convívio familiar com pedido destinado ao controle judicial do
ato, observando o procedimento previsto
- Competência Territorial nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação
dada pela Lei 12.010, de 2009)
É fixada pelo domicílio dos pais ou
responsável pela criança ou adolescente – Parágrafo único. Na apreciação do pedido,
artigo 147, I, do Estatuto. À falta dos pais ou serão observados os requisitos previstos
nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo

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deferida a tutela à pessoa indicada na manutenção da criança ou adolescente na


disposição de última vontade, se restar família natural ou extensa, na forma do
comprovado que a medida é vantajosa ao parágrafo único do art. 25 desta Lei.
tutelando e que não existe outra pessoa em
melhores condições de assumi-la. (Redação § 2o É vedada a adoção por procuração.
dada pela Lei 12.010, de 2009)
Art. 40. O adotando deve contar com, no
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o máximo, dezoito anos à data do pedido,
disposto no art. 24. salvo se já estiver sob a guarda ou tutela
A tutela é medida de colocação em família dos adotantes.
substituta que, diferentemente da guarda,
pressupõe a morte dos pais, sua declaração Art. 41. A adoção atribui a condição de filho
de ausência, qualquer outra forma de perda ao adotado, com os mesmos direitos e
ou ainda suspensão do Poder Familiar. deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
de qualquer vínculo com pais e parentes,
A Lei 12.010/2009 realizou duas alterações salvo os impedimentos matrimoniais.
no ECA quanto à tutela. A primeira foi no
artigo 36, alterando o limite de idade para 18 § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos
anos, tornando letra da lei algo que já era adota o filho do outro, mantêm-se os
aplicado desde o advento do novo Código vínculos de filiação entre o adotado e o
Civil. A segunda alteração foi realizada no cônjuge ou concubino do adotante e os
artigo 37, que antes dispunha sobre a respectivos parentes.
especialização da hipoteca. Na vigência do
Código Civil de 1916, a especialização de § 2º É recíproco o direito sucessório entre o
hipoteca era obrigatória, mas passou a não adotado, seus descendentes, o adotante,
se adequar à Constituição Federal de 1988. seus ascendentes, descendentes e
Com a vigência do novo Código Civil, a colaterais até o 4º grau, observada a ordem
exigência de prestação de caução passou a de vocação hereditária.
ser faculdade do juiz, que apenas deverá
exigi-la se necessária ao superior interesse Art. 42. Podem adotar os maiores de 18
do menor. Ainda assim, apenas nos casos (dezoito) anos, independentemente do
em que o patrimônio do menor for de valor estado civil.
considerável (artigo 1.745, parágrafo único,
Código Civil). § 1º Não podem adotar os ascendentes e os
Com a atual redação, o artigo 37 do ECA irmãos do adotando.
passa a dispor sobre o pedido judicial de
controle do ato, nos casos de tutor nomeado § 2o Para adoção conjunta, é indispensável
em testamento ou em outro documento que os adotantes sejam casados civilmente
legítimo. Nesses casos, deve o tutor ou mantenham união estável, comprovada a
ingressar com tal pedido no prazo de 30 dias estabilidade da família.
a contar da abertura da sucessão. Com isso,
a prestação de caução será regida pelo § 3º O adotante há de ser, pelo menos,
Código Civil nos termos do artigo 1.745. dezesseis anos mais velho do que o
adotando.
5.3.3 – Adoção
§ 4o Os divorciados, os judicialmente
Art. 39. A adoção de criança e de separados e os ex-companheiros podem
adolescente reger-se-á segundo o disposto adotar conjuntamente, contanto que
nesta Lei. acordem sobre a guarda e o regime de
visitas e desde que o estágio de convivência
§ 1o A adoção é medida excepcional e tenha sido iniciado na constância do período
irrevogável, à qual se deve recorrer apenas de convivência e que seja comprovada a
quando esgotados os recursos de existência de vínculos de afinidade e

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afetividade com aquele não detentor da § 2o A simples guarda de fato não autoriza,
guarda, que justifiquem a excepcionalidade por si só, a dispensa da realização do
da concessão. estágio de convivência.

§ 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde § 3o Em caso de adoção por pessoa ou


que demonstrado efetivo benefício ao casal residente ou domiciliado fora do País,
adotando, será assegurada a guarda o estágio de convivência, cumprido no
compartilhada, conforme previsto no art. território nacional, será de, no mínimo, 30
1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de (trinta) dias.
2002 - Código Civil.
§ 4o O estágio de convivência será
o
§ 6 A adoção poderá ser deferida ao acompanhado pela equipe interprofissional a
adotante que, após inequívoca manifestação serviço da Justiça da Infância e da
de vontade, vier a falecer no curso do Juventude, preferencialmente com apoio dos
procedimento, antes de prolatada a técnicos responsáveis pela execução da
sentença. política de garantia do direito à convivência
familiar, que apresentarão relatório
Art. 43. A adoção será deferida quando minucioso acerca da conveniência do
apresentar reais vantagens para o adotando deferimento da medida.
e fundar-se em motivos legítimos.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por
Art. 44. Enquanto não der conta de sua sentença juicial, que será inscrita no registro
administração e saldar o seu alcance, não civil mediante mandado do qual não se
pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou fornecerá certidão.
o curatelado.
§ 1º A inscrição consignará o nome dos
Art. 45. A adoção depende do adotantes como pais, bem como o nome de
consentimento dos pais ou do representante seus ascendentes.
legal do adotando.
§ 2º O mandado judicial, que será
§ 1º. O consentimento será dispensado em arquivado, cancelará o registro original do
relação à criança ou adolescente cujos pais adotado.
sejam desconhecidos ou tenham sido
destituídos do poder familiar. § 3o A pedido do adotante, o novo registro
poderá ser lavrado no Cartório do Registro
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de Civil do Município de sua residência.
doze anos de idade, será também
necessário o seu consentimento. § 4o Nenhuma observação sobre a origem
do ato poderá constar nas certidões do
Art. 46. A adoção será precedida de estágio registro.
de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo que a autoridade § 5o A sentença conferirá ao adotado o
judiciária fixar, observadas as peculiaridades nome do adotante e, a pedido de qualquer
do caso. deles, poderá determinar a modificação do
§ 1o O estágio de convivência poderá ser prenome.
dispensado se o adotando já estiver sob a
tutela ou guarda legal do adotante durante § 6o Caso a modificação de prenome seja
tempo suficiente para que seja possível requerida pelo adotante, é obrigatória a
avaliar a conveniência da constituição do oitiva do adotando, observado o disposto
vínculo. nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei.

§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir


do trânsito em julgado da sentença

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constitutiva, exceto na hipótese prevista no § política municipal de garantia do direito à


6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá convivência familiar.
força retroativa à data do óbito.
§ 4o Sempre que possível e recomendável,
o
§ 8 O processo relativo à adoção assim a preparação referida no § 3o deste artigo
como outros a ele relacionados serão incluirá o contato com crianças e
mantidos em arquivo, admitindo-se seu adolescentes em acolhimento familiar ou
armazenamento em microfilme ou por outros institucional em condições de serem
meios, garantida a sua conservação para adotados, a ser realizado sob a orientação,
consulta a qualquer tempo. supervisão e avaliação da equipe técnica da
Justiça da Infância e da Juventude, com
§ 9º Terão prioridade de tramitação os apoio dos técnicos responsáveis pelo
processos de adoção em que o adotando for programa de acolhimento e pela execução
criança ou adolescente com deficiência ou da política municipal de garantia do direito à
com doença crônica. convivência familiar.

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer § 5o Serão criados e implementados


sua origem biológica, bem como de obter cadastros estaduais e nacional de crianças e
acesso irrestrito ao processo no qual a adolescentes em condições de serem
medida foi aplicada e seus eventuais adotados e de pessoas ou casais habilitados
incidentes, após completar 18 (dezoito) à adoção.
anos.
§ 6o Haverá cadastros distintos para
Parágrafo único. O acesso ao processo de pessoas ou casais residentes fora do País,
adoção poderá ser também deferido ao que somente serão consultados na
adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu inexistência de postulantes nacionais
pedido, assegurada orientação e assistência habilitados nos cadastros mencionados no §
jurídica e psicológica. 5o deste artigo.
Art. 49. A morte dos adotantes não
restabelece o poder familiar dos pais § 7o As autoridades estaduais e federais em
naturais. matéria de adoção terão acesso integral aos
cadastros, incumbindo-lhes a troca de
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em informações e a cooperação mútua, para
cada comarca ou foro regional, um registro melhoria do sistema.
de crianças e adolescentes em condições de
serem adotados e outro de pessoas § 8o A autoridade judiciária providenciará,
interessadas na adoção. no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a
inscrição das crianças e adolescentes em
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á condições de serem adotados que não
após prévia consulta aos órgãos técnicos do tiveram colocação familiar na comarca de
juizado, ouvido o Ministério Público. origem, e das pessoas ou casais que
tiveram deferida sua habilitação à adoção
§ 2º Não será deferida a inscrição se o nos cadastros estadual e nacional referidos
interessado não satisfazer os requisitos no § 5o deste artigo, sob pena de
legais, ou verificada qualquer das hipóteses responsabilidade.
previstas no art. 29.
§ 9o Compete à Autoridade Central
o
§ 3 A inscrição de postulantes à adoção Estadual zelar pela manutenção e correta
será precedida de um período de alimentação dos cadastros, com posterior
preparação psicossocial e jurídica, orientado comunicação à Autoridade Central Federal
pela equipe técnica da Justiça da Infância e Brasileira.
da Juventude, preferencialmente com apoio
dos técnicos responsáveis pela execução da

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§ 10. A adoção internacional somente será Matéria de Adoção Internacional, aprovada


deferida se, após consulta ao cadastro de pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de
pessoas ou casais habilitados à adoção, janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto
mantido pela Justiça da Infância e da no 3.087, de 21 de junho de 1999.
Juventude na comarca, bem como aos
cadastros estadual e nacional referidos no § § 1o A adoção internacional de criança ou
5o deste artigo, não for encontrado adolescente brasileiro ou domiciliado no
interessado com residência permanente no Brasil somente terá lugar quando restar
Brasil. comprovado:

§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou I - que a colocação em família substituta é a


casal interessado em sua adoção, a criança solução adequada ao caso concreto;
ou o adolescente, sempre que possível e
recomendável, será colocado sob guarda de II - que foram esgotadas todas as
família cadastrada em programa de possibilidades de colocação da criança ou
acolhimento familiar. adolescente em família substituta brasileira,
após consulta aos cadastros mencionados
§ 12. A alimentação do cadastro e a no art. 50 desta Lei;
convocação criteriosa dos postulantes à
adoção serão fiscalizadas pelo Ministério III - que, em se tratando de adoção de
Público. adolescente, este foi consultado, por meios
adequados ao seu estágio de
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção desenvolvimento, e que se encontra
em favor de candidato domiciliado no Brasil preparado para a medida, mediante parecer
não cadastrado previamente nos termos elaborado por equipe interprofissional,
desta Lei quando: observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art.
28 desta Lei.
I - se tratar de pedido de adoção unilateral;
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior
II - for formulada por parente com o qual a terão preferência aos estrangeiros, nos
criança ou adolescente mantenha vínculos casos de adoção internacional de criança ou
de afinidade e afetividade; adolescente brasileiro.
III - oriundo o pedido de quem detém a
tutela ou guarda legal de criança maior de 3 § 3o A adoção internacional pressupõe a
(três) anos ou adolescente, desde que o intervenção das Autoridades Centrais
lpso de tempo de convivência comprove a Estaduais e Federal em matéria de adoção
fixação de laços de afinidade e afetividade, e internacional.
não seja constatada a ocorrência de má-fé
ou qualquer das situações previstas nos Art. 52. A adoção internacional observará o
arts. 237 ou 238 desta Lei. procedimento previsto nos arts. 165 a 170
desta Lei, com as seguintes adaptações:
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste
artigo, o candidato deverá comprovar, no I - a pessoa ou casal estrangeiro,
curso do procedimento, que preenche os interessado em adotar criança ou
requisitos necessários à adoção, conforme adolescente brasileiro, deverá formular
previsto nesta Lei. pedido de habilitação à adoção perante a
Autoridade Central em matéria de adoção
Art. 51. Considera-se adoção internacional internacional no país de acolhida, assim
aquela na qual a pessoa ou casal postulante entendido aquele onde está situada sua
é residente ou domiciliado fora do Brasil, residência habitual;
conforme previsto no Artigo 2 da Convenção II - se a Autoridade Central do país de
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à acolhida considerar que os solicitantes estão
Proteção das Crianças e à Cooperação em habilitados e aptos para adotar, emitirá um

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relatório que contenha informações sobre a


identidade, a capacidade jurídica e § 1o Se a legislação do país de acolhida
adequação dos solicitantes para adotar, sua assim o autorizar, admite-se que os pedidos
situação pessoal, familiar e médica, seu de habilitação à adoção internacional sejam
meio social, os motivos que os animam e intermediados por organismos
sua aptidão para assumir uma adoção credenciados.
internacional;
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal
III - a Autoridade Central do país de acolhida Brasileira o credenciamento de organismos
enviará o relatório à Autoridade Central nacionais e estrangeiros encarregados de
Estadual, com cópia para a Autoridade intermediar pedidos de habilitação à adoção
Central Federal Brasileira; internacional, com posterior comunicação às
Autoridades Centrais Estaduais e publicação
IV - o relatório será instruído com toda a nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio
documentação necessária, incluindo estudo próprio da internet.
psicossocial elaborado por equipe
interprofissional habilitada e cópia § 3o Somente será admissível o
autenticada da legislação pertinente, credenciamento de organismos que:
acompanhada da respectiva prova de
vigência; I - sejam oriundos de países que ratificaram
a Convenção de Haia e estejam
V - os documentos em língua estrangeira devidamente credenciados pela Autoridade
serão devidamente autenticados pela Central do país onde estiverem sediados e
autoridade consular, observados os tratados no país de acolhida do adotando para atuar
e convenções internacionais, e em adoção internacional no Brasil;
acompanhados da respectiva tradução, por
tradutor público juramentado; II - satisfizerem as condições de integridade
moral, competência profissional, experiência
VI - a Autoridade Central Estadual poderá e responsabilidade exigidas pelos países
fazer exigências e solicitar complementação respectivos e pela Autoridade Central
sobre o estudo psicossocial do postulante Federal Brasileira;
estrangeiro à adoção, já realizado no país
de acolhida; III - forem qualificados por seus padrões
éticos e sua formação e experiência para
VII - verificada, após estudo realizado pela atuar na área de adoção internacional;
Autoridade Central Estadual, a
compatibilidade da legislação estrangeira IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo
com a nacional, além do preenchimento por ordenamento jurídico brasileiro e pelas
parte dos postulantes à medida dos normas estabelecidas pela Autoridade
requisitos objetivos e subjetivos necessários Central Federal Brasileira.
ao seu deferimento, tanto à luz do que
dispõe esta Lei como da legislação do país § 4o Os organismos credenciados deverão
de acolhida, será expedido laudo de ainda:
habilitação à adoção internacional, que terá
validade por, no máximo, 1 (um) ano; I - perseguir unicamente fins não lucrativos,
nas condições e dentro dos limites fixados
VIII - de posse do laudo de habilitação, o pelas autoridades competentes do país onde
interessado será autorizado a formalizar estiverem sediados, do país de acolhida e
pedido de adoção perante o Juízo da pela Autoridade Central Federal Brasileira;
Infância e da Juventude do local em que se
encontra a criança ou adolescente, II - ser dirigidos e administrados por pessoas
conforme indicação efetuada pela qualificadas e de reconhecida idoneidade
Autoridade Central Estadual. moral, com comprovada formação ou

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experiência para atuar na área de adoção dias anteriores ao término do respectivo


internacional, cadastradas pelo prazo de validade.
Departamento de Polícia Federal e
aprovadas pela Autoridade Central Federal § 8o Antes de transitada em julgado a
Brasileira, mediante publicação de portaria decisão que concedeu a adoção
do órgão federal competente; internacional, não será permitida a saída do
adotando do território nacional.
III - estar submetidos à supervisão das
autoridades competentes do país onde § 9o Transitada em julgado a decisão, a
estiverem sediados e no país de acolhida, autoridade judiciária determinará a
inclusive quanto à sua composição, expedição de alvará com autorização de
funcionamento e situação financeira; viagem, bem como para obtenção de
passaporte, constando, obrigatoriamente, as
IV - apresentar à Autoridade Central Federal características da criança ou adolescente
Brasileira, a cada ano, relatório geral das adotado, como idade, cor, sexo, eventuais
atividades desenvolvidas, bem como sinais ou traços peculiares, assim como foto
relatório de acompanhamento das adoções recente e a aposição da impressão digital do
internacionais efetuadas no período, cuja seu polegar direito, instruindo o documento
cópia será encaminhada ao Departamento com cópia autenticada da decisão e certidão
de Polícia Federal; de trânsito em julgado.

V - enviar relatório pós-adotivo semestral § 10. A Autoridade Central Federal


para a Autoridade Central Estadual, com Brasileira poderá, a qualquer momento,
cópia para a Autoridade Central Federal solicitar informações sobre a situação das
Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) crianças e adolescentes adotados.
anos. O envio do relatório será mantido até
a juntada de cópia autenticada do registro § 11. A cobrança de valores por parte dos
civil, estabelecendo a cidadania do país de organismos credenciados, que sejam
acolhida para o adotado; considerados abusivos pela Autoridade
Central Federal Brasileira e que não estejam
VI - tomar as medidas necessárias para devidamente comprovados, é causa de seu
garantir que os adotantes encaminhem à descredenciamento.
Autoridade Central Federal Brasileira cópia
da certidão de registro de nascimento § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge
estrangeira e do certificado de nacionalidade não podem ser representados por mais de
tão logo lhes sejam concedidos. uma entidade credenciada para atuar na
cooperação em adoção internacional.
§ 5o A não apresentação dos relatórios
referidos no § 4o deste artigo pelo organismo § 13. A habilitação de postulante
credenciado poderá acarretar a suspensão estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá
de seu credenciamento. validade máxima de 1 (um) ano, podendo
ser renovada.
§ 6o O credenciamento de organismo
nacional ou estrangeiro encarregado de § 14. É vedado o contato direto de
intermediar pedidos de adoção internacional representantes de organismos de adoção,
terá v nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de
alidade de 2 (dois) anos. programas de acolhimento institucional ou
familiar, assim como com crianças e
§ 7o A renovação do credenciamento adolescentes em condições de serem
poderá ser concedida mediante adotados, sem a devida autorização judicial.
requerimento protocolado na Autoridade
Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) § 15. A Autoridade Central Federal
Brasileira poderá limitar ou suspender a

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concessão de novos credenciamentos § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido


sempre que julgar necessário, mediante ato o Ministério Público, somente deixará de
administrativo fundamentado. reconhecer os efeitos daquela decisão se
restar demonstrado que a adoção é
Art. 52-A. É vedado, sob pena de manifestamente contrária à ordem pública
responsabilidade e descredenciamento, o ou não atende ao interesse superior da
repasse de recursos provenientes de criança ou do adolescente.
organismos estrangeiros encarregados de
intermediar pedidos de adoção internacional § 2o Na hipótese de não reconhecimento da
a organismos nacionais ou a pessoas adoção, prevista no § 1o deste artigo, o
físicas. Ministério Público deverá imediatamente
requerer o que for de direito para resguardar
Parágrafo único. Eventuais repasses os interesses da criança ou do adolescente,
somente poderão ser efetuados via Fundo comunicando-se as providências à
dos Direitos da Criança e do Adolescente e Autoridade Central Estadual, que fará a
estarão sujeitos às deliberações do comunicação à Autoridade Central Federal
respectivo Conselho de Direitos da Criança Brasileira e à Autoridade Central do país de
e do Adolescente. origem.

Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente Art. 52-D. Nas adoções internacionais,
no exterior em país ratificante da Convenção quando o Brasil for o país de acolhida e a
de Haia, cujo processo de adoção tenha adoção não tenha sido deferida no país de
sido processado em conformidade com a origem porque a sua legislação a delega ao
legislação vigente no país de residência e país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo mesmo com decisão, a criança ou o
17 da referida Convenção, será adolescente ser oriundo de país que não
automaticamente recepcionada com o tenha aderido à Convenção referida, o
reingresso no Brasil. processo de adoção seguirá as regras da
§ 1o Caso não tenha sido atendido o adoção nacional.
disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
Convenção de Haia, deverá a sentença ser A adoção foi a medida de colocação em
homologada pelo Superior Tribunal de família substituta que mais sofreu
Justiça. alterações com a Lei 12.010/2009. Além de
todas as disposições gerais que vimos
§ 2o O pretendente brasileiro residente no acerca das modalidades de colocação em
exterior em país não ratificante da família substituta, passemos a estudar
Convenção de Haia, uma vez reingressado especificamente a adoção, de acordo com
no Brasil, deverá requerer a homologação as novas diretrizes estabelecidas pela Lei
da sentença estrangeira pelo Superior 12.010/2009.
Tribunal de Justiça.
Antes da reforma promovida pela Lei
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, 12.010/2009, a adoção de criança e
quando o Brasil for o país de acolhida, a adolescente era tratada pelo ECA, além de
decisão da autoridade competente do país incidirem também as disposições dos artigos
de origem da criança ou do adolescente 1.618 a 1.629 do Código Civil. Com a
será conhecida pela Autoridade Central reforma, a Lei 12.010/2009 revogou os
Estadual que tiver processado o pedido de artigos 1.620 a 1.629 do Código Civil, que
habilitação dos pais adotivos, que passou a estabelecer em seu artigo 1.618 e
comunicará o fato à Autoridade Central 1.619 que a adoção de crianças e
Federal e determinará as providências adolescentes passa a ser regida
necessárias à expedição do Certificado de exclusivamente pelo ECA, que também
Naturalização Provisório. incidirá, no que couber, na adoção de
maiores de 18 anos.

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procuração. Tal disposição passa a constar


Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 no parágrafo 2º, tendo sido incluído um
(dezoito) anos dependerá da assistência parágrafo 1º, que repete a regra antes
efetiva do poder público e de sentença prevista no artigo 48, no sentido de ser a
constitutiva, aplicando-se, no que couber, as adoção irrevogável. Além de estabelecer a
regras gerais da Lei no 8.069, de 13 de julho irrevogabilidade, o parágrafo 1º dispõe
de 1990 - Estatuto da Criança e do acerca da excepcionalidade da adoção, que
Adolescente. apenas deve ocorrer depois de esgotados
todos os recursos para a manutenção da
O STJ já se manifestou expressamente no criança ou adolescente em sua família
sentido de que não é mais possível em caso natural ou extensa.
de adoção de maiores a mera escritura
pública, havendo necessidade de processo - Natureza jurídica
judicial. Dada a importância da matéria e as Quando uma pessoa é adotada, novos
consequências decorrentes da adoção, não vínculos são constituídos entre adotante e
apenas para o adotante e adotado, mas adotado. Os vínculos com a família biológica
também para terceiros, faz-se necessário o são desconstituídos, mas não se
controle jurisdicional que se dá pelo desconstituem os impedimentos
preenchimento de diversos requisitos, matrimoniais. A partir da adoção, os pais
verificados em processo judicial próprio. Ao adotivos em tudo se igualam aos pais
exigir o processo judicial, o Código Civil naturais; o filho adotivo possui todos os
extinguiu a possibilidade de a adoção ser direitos inerentes ao filho natural, sendo
efetivada mediante escritura pública. Toda e proibida pela CF e pelo ECA qualquer forma
qualquer adoção passa a ser encarada de discriminação.
como um instituto de interesse público,
exigente de mediação do Estado por seu Art. 41. A adoção atribui a condição de filho
poder público. A competência é exclusiva ao adotado, com os mesmos direitos e
das Varas de Infância e Juventude quando o deveres, inclusive sucessórios, desligando-o
adotante for menor de 18 anos e das Varas de qualquer vínculo com pais e parentes,
de Família, quando o adotando for maior. salvo os impedimentos matrimoniais.

Não se pode falar em excesso de CF: Art. 227


formalismo nesses casos, pois o processo § 6º - Os filhos, havidos ou não da relação
judicial específico garante à autoridade do casamento, ou por adoção, terão os
judiciária a oportunidade de verificar os mesmos direitos e qualificações, proibidas
benefícios efetivos da adoção para o quaisquer designações discriminatórias
adotante e adotando, seja ele menor ou relativas à filiação.
maior, o que vai ao encontro do interesse
público a que visa proteger. Sendo assim, é - Da adoção unilateral
indispensável, mesmo para a adoção de Apenas em uma modalidade de adoção não
maiores de 18 anos, a atuação jurisdicional, haverá desconstituição total dos vínculos.
por meio de processo judicial e sentença Trata-se da adoção unilateral, que é aquela
constitutiva. em que o cônjuge ou companheiro adota
Cabe ressaltar que a adoção simples, antes o filho do outro. É lógico que o mero fato
existente nos termos do Código Civil de de constituir nova união não faz com que
1916, continha determinadas restrições e seja possível a desconstituição do poder
deixou de existir com o Código Civil de familiar do pai ou da mãe com seu filho. Um
2002. Desde seu advento, a adoção é plena pai não pode perder o poder familiar
e irrestrita. simplesmente porque a mãe da criança se
casou novamente. Dessa forma, a adoção
Antes da reforma, o artigo 39 do ECA unilateral é extremamente excepcional;
continha um parágrafo único, que somente deve ser deferida nos casos em
estabelecia a vedação da adoção por que se justifique a perda do poder familiar

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de um dos pais e que se reconheça a e que os pais adotivos acordem sobre a


paternidade socioafetiva existente entre guarda e o regime de visitação.
padrasto ou madrasta e seu enteado. Recentemente, o Código Civil sofreu
A adoção unilateral é, portanto, a única que reforma em seu artigo 1.584, passando a
possibilita que ainda permaneçam vínculos prever, expressamente, a guarda
anteriores com um dos pais. Nas demais compartilhada. A Lei 12.010/2009 faz
hipóteses de adoção, a desconstituição é menção a essa reforma, estabelecendo no
total, exceto no que tange aos impedimentos parágrafo 5º do artigo 42 que a guarda
matrimoniais. poderá ser compartilhada, nos termos do
É importante destacar que a adoção artigo 1.584 do Código Civil.
unilateral não se confunde com as hipóteses O ECA não dispõe expressamente acerca
em que uma pessoa adota sozinha. Quando da possibilidade de casais homoafetivos que
classificamos a adoção como unilateral, isso vivam em união estável poderem adotar. No
significa que a desconstituição de vínculos entanto, como vimos acima, possibilita a
só ocorre em um dos lados, unilateralmente. adoção conjunta por pessoas que vivam em
Quando uma pessoa adota sozinha, todos união estável, comprovada a estabilidade
os vínculos anteriores são desconstituídos. familiar. A questão há de ser analisada à luz
da Jurisprudência. O STJ admitiu a adoção
- Quem pode adotar conjunta por casal homoafetivo. O STF
Qualquer pessoa capaz que preencha os admitiu a união estável entre pessoas do
requisitos elencados a seguir, ainda que mesmo sexo. Em interpretação
seja o tutor da criança ou adolescente e que principiológica deste julgado, o STJ admitiu
tenha prestado contas, poderá adotar, desde a habilitação para o casamento entre
que a adoção apresente reais vantagens pessoas do mesmo sexo.
para o menor e se fundamente em motivos
legítimos. - Cadastro de adoção
A matéria era tratada no artigo 50 do
Quanto à idade, podem adotar os maiores Estatuto da Criança e do Adolescente que
de 18 anos. Antes da reforma, o ECA previa estabelecia a necessidade de a autoridade
no artigo 42 a idade mínima de 21 anos. judiciária manter, em cada comarca, um
Para não nos tornarmos repetitivos, cadastro das pessoas interessadas na
remetemos o leitor para o capítulo inicial, em adoção. Colocava como requisito para o
que tratamos das recentes alterações cadastro, a necessidade de satisfazer as
legislativas. exigências legais previstas para a adoção,
bem como de oferecer um ambiente familiar
Quanto ao estado civil, podem adotar as adequado e não apresentar
pessoas solteiras. As casadas e as que incompatibilidade com a medida pleiteada. O
vivem em união estável podem adotar cadastro somente se efetivaria após a prévia
conjuntamente, desde que comprovada a consulta aos órgãos técnicos do Juizado da
estabilidade da família. O ECA possibilita Infância e da Juventude, com a
ainda que, excepcionalmente, possam manifestação do Ministério Público.
adotar os divorciados, os judicialmente
separados e os ex-companheiros. Nesse Em face desta normatividade, as
aspecto, o parágrafo 4º do artigo 42 especificidades relativas ao cadastro eram
sofreu pequena alteração. Os ex- detalhadas em provimentos dos Tribunais. O
companheiros foram incluídos pela Lei Conselho Nacional de Justiça, através da
12.010/2009, que também passou a exigir Resolução nº 54, de 29 de abril de 2008,
a comprovação de afinidade e afetividade instituiu o Cadastro Nacional de Adoção,
com o não detentor da guarda, de forma estabelecendo diretrizes quanto a sua
que se justifique a excepcionalidade da implantação e funcionamento.
medida. O dispositivo legal continuou Agora, o legislador optou por inserir na
exigindo que o estágio de convivência legislação estatutária uma normatividade
tenha-se iniciado na constância da união

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que viesse unificar os procedimentos quanto possível a adoção de maior de 18 anos pelo
ao cadastro. ECA, mas de forma excepcional.

Define-se o cadastro como o registro de Entendemos que só pode ocorrer adoção de


brasileiros ou estrangeiros residentes no criança ou adolescente, nos termos do ECA,
País, interessados na adoção de crianças e não se estendendo a mesma ao nascituro.
adolescentes, a ser mantido por cada Juízo No mesmo sentido dispõe Walter Kenji
da Infância e da Juventude. Ishida.2 Com a reforma, o parágrafo 6º do
Além deste cadastro na comarca, pela artigo 166 passa a dispor que o
Resolução nº 54, de 29 de abril de 2008, do consentimento dado antes do nascimento
Conselho Nacional de Justiça, que teve não será considerado válido. Logo, não se
dispositivos alterados pela Resolução 93, de admite adoção de embrião, de feto.
27 de abril de 2009, há o Cadastro Nacional
de Adoção vinculado ao citado Conselho e - Proibidos de adotar
que abrangerá todas as comarcas das Para evitar confusão de parentesco, o ECA
unidades da federação. O nacional não determina que os ascendentes e irmãos
substitui o estadual, que continua em vigor. não podem adotar. Isso não significa que,
Apenas unificou as informações da ainda que tenha avós vivos, a criança ou
federação de forma a ter um banco de adolescente deva ser entregue à adoção.
dados a nível nacional. Assim, uma consulta - Estágio de convivência
a pretendentes à adoção, deve iniciar-se na À adoção precederá o chamado estágio de
comarca, passando para o cadastro convivência, que é o período necessário
estadual e se não resultar positiva é que se para que seja avaliada a adaptação da
fará a consulta no cadastro nacional. criança ou adolescente à sua nova família,
período de tempo no qual o magistrado
Normalmente, os pretendentes ao cadastro expede um termo responsabilidade,
somente tem contato com a equipe técnica. entregando a criança ou adolescente aos
Agora, com a nova alteração legislativa pode futuros pais adotivos, antes de deferir a
ocorrer a designação de data para oitiva dos adoção:
mesmos em Juízo, bem como de
testemunhas. O adequado é que esta oitiva Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou
ocorra após a apresentação do laudo a requerimento das partes ou do Ministério
técnico, para esclarecimento de algum ponto Público, determinará a realização de estudo
obscuro ou que restou pendente. Não se social ou, se possível, perícia por equipe
vislumbra a utilidade da oitiva preliminar, interprofissional, decidindo sobre a
apenas para ratificar a intenção de adotar concessão de guarda provisória, bem como,
uma criança. Não estabeleceu o legislador o no caso de adoção, sobre o estágio de
número máximo de testemunhas que podem convivência.
ser ouvidas nesta fase, mas deve-se seguir Parágrafo único. Deferida a concessão da
a regra geral de no máximo 10 testemunhas, guarda provisória ou do estágio de
conforme previsto no artigo 407 do CPC. convivência, a criança ou o adolescente será
entregue ao interessado, mediante termo de
Lembramos que atualmente, com a reforma responsabilidade.
promovida pela Lei 12.010/09, o ingresso no
cadastro depende do procedimento prévio O ECA exige, como regra, o estágio de
de habilitação, que veremos adiante. convivência entre o adotante e o adotando,
que será acompanhado por equipe
- Quem pode ser adotado interprofissional a serviço do Juizado da
Para se efetivar a adoção, o adotando deve Infância e Juventude. O estágio de
contar com no máximo 18 anos à data do convivência poderá ser dispensado se o
pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou
tutela dos adotantes. Dessa forma, é 2
Ob cit, p. 90.

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adotando já estiver sob a tutela ou guarda dados são cruzados para encontro da futura
legal do adotante durante tempo suficiente família substituta.
para que seja possível avaliar a
conveniência da constituição do vínculo. A Ressalte-se que a referida inscrição apenas
simples guarda de fato, por si só, não se dará após o preenchimento de todos os
autoriza a dispensa do estágio de requisitos previstos no artigo 50 do ECA,
convivência. Antes da reforma, a idade de que sofreu substancial alteração pela Lei
até um ano do adotando dispensava o 12.010/2009, antes formado pelo caput e
estágio de convivência. Tal exceção foi dois parágrafos, e passando, agora, a ser
suprimida pela Lei 12.010/2009. integrado pelo caput e por 14 parágrafos,
como colocamos no início do tópico. Além
A duração do estágio de convivência não é disso, passa a existir um procedimento
predeterminada legalmente, devendo o juiz prévio, que é a habilitação para a adoção,
estabelecer o prazo de acordo com as que ainda estudaremos.
peculiaridades do caso. No entanto, a lei
prevê um período mínimo nos casos de Define-se adoção intuitu personae como
adoção internacional, em que o estágio de aquela em que os pais biológicos, ou um
convivência deverá ser cumprido em deles, ou, ainda, o representante legal do
território nacional por um período mínimo de adotando, indica expressamente aquele que
30 dias. Lembramos que, nos casos de vem a ser o adotante.
adoção internacional, sempre deverá existir
o estágio de convivência, tendo em vista que Não é vontade dos pais biológicos que a
a dispensa não pode incidir por não ser criança seja simplesmente adotada, mas
admitida a guarda liminar ou incidental que seja adotada por pessoa específica.
nessa modalidade de adoção. Este tipo de adoção é bastante comum
quando verificamos a realidade brasileira.
- Do consentimento dos pais e da adoção Mães entregam seus filhos a determinada
intuitu personae pessoa ou permitem que a criança seja
Estabelece o artigo 45 do ECA que a acolhida no seio de determinada família.
adoção depende do consentimento dos pais. Obviamente, tal pessoa ou família é
No entanto, a adoção poderá ocorrer ainda conhecida do parente biológico e,
que contrariamente à vontade dos pais certamente, de sua confiança.
biológicos, se esses perderem o Poder
Familiar ou forem desconhecidos, exceção A indicação expressa daquele que vem a ser
expressa do parágrafo 1º do artigo 45. Tal o adotante não implica ignorar os requisitos
previsão influencia algumas disposições que legais a serem preenchidos, com exceção
estudaremos no capítulo referente às do prévio cadastro de postulantes à adoção.
disposições procedimentais, como, por
exemplo, a previsão da possibilidade de No que tange à adoção intuitu personae,
revogação do consentimento. No estudo para Adalberto Filho, esta é polêmica e
dessa parte, analisaremos, detalhadamente, perigosa, pois não há aplicação do artigo 50
cada característica e formalidade do do ECA, que determina a ordem de
consentimento necessário. preferência para adoção aos que estiverem
habilitados na lista. Isso tudo porque,
Quando o ECA estabelece a necessidade de durante esse processo de habilitação, os
consentimento dos pais biológicos, isso não adotantes passam por uma série de exames
significa que os pais biológicos escolhem os e testes psicológicos e físicos, que, dependo
pais adotivos. Pelo contrário; em regra, isso dos resultados, se tornarão aptos ou não à
não ocorre. As crianças e adolescentes que paternidade.
estão disponíveis para a adoção ficam
inscritas em registro mantido pela autoridade Não há norma específica que proíba os pais
judiciária em cada comarca ou foro regional , biológicos escolherem quem serão os pais
assim como os pretensos pais adotivos. Os afetivos de seu filho. No entanto, a contrario

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senso, o artigo 50, parágrafo 13, só permite certidão. A adoção desconstitui os vínculos
a dispensa do prévio cadastramento nos anteriores da criança ou adolescente com
casos nele especificados e não contempla a sua família biológica. Passa a constar no
escolha dos pais adotivos pelos pais Registro de Nascimento o nome dos
biológicos. adotantes como pais, além do nome dos
progenitores, sem qualquer menção ou
Sustentando-se a possibilidade da adoção averbação relacionada à adoção, que é
intuitu personae, porém, é fundamental que origem do ato. Tal disposição visa à garantia
se estabeleçam alguns critérios para a do direito constitucional à igualdade entre
adoção direcionada, visando, sobretudo, filhos naturais e adotivos.
prevalecer o vínculo de afeto existente entre
adotante e adotado, a fim de que esta - Do direito à ciência da origem biológica
modalidade de adoção não represente uma O artigo 48 do ECA trazia disposição acerca
"troca de interesses". da irrevogabilidade da adoção, que agora
passa a fazer parte do parágrafo 1º do artigo
Apesar desta modalidade, claramente, 39. A nova redação do artigo 48 dispõe
priorizar o melhor interesse do adotado, a acerca de grande inovação relacionada à
inutiliza a regra do art. 50 do ECA (Cadastro adoção: o direito à ciência de origem
Nacional de Adotantes), o que faz parte da biológica. Tal direito é inerente ao direito de
doutrina defender o não uso da adoção personalidade. Assim, dispõe o artigo 48:
intuitu personae "pelos riscos de comércio
ou intermediação indevida, com exploração O adotado tem direito de conhecer sua
decorrente, o desrespeito ao direito origem biológica, bem como de obter acesso
fundamental da criança de ser criada em irrestrito ao processo no qual a medida foi
sua família natural ou ampliada, e a aplicada e seus eventuais incidentes, após
manifesta burla ao cadastro de pretendentes completar 18 (dezoito) anos.
à adoção.
Parágrafo único. O acesso ao processo de
Porém, é preciso reconhecer que o excesso adoção poderá ser também deferido ao
de burocratização no processo de adoção, adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu
recentemente atualizado pela Lei 12.010/10, pedido, assegurada orientação e assistência
beneficia este tipo de adoção, visto que nas jurídica e psicológica.
hipóteses do artigo 46 do ECA haverá uma
comissão interdisciplinar acompanhando o Tal disposição não significa direito ao
processo judicial, que poderá avaliar o reconhecimento de paternidade e de
estado psíquico dos pais ou da mãe que alimentos, tendo em vista que, como dito , a
entregou seu filho à determinada pessoa. adoção desconstitui os vínculos anteriores
Não apresentando, assim, qualquer risco com a família biológica. Torna-se,
para essa criança/adolescente. especificamente, de direito de conhecer a
Assim, não deve ser a inscrição na lista de sua origem biológica. Dessa forma, o
adotantes uma condição sine qua non, um adotado passa a ter garantido o acesso
requisito insuperável, absoluto, para a irrestrito ao processo de adoção. Se tal
efetivação da adoção. Deve-se, sobretudo, direito for exercido pelo menor de 18 anos,
atentar ao direito da criança de ser adotada tendo em vista sua condição peculiar de
por quem já lhe dedica cuidado e atenção, pessoa em desenvolvimento, deverá ser
em vez de priorizar os adultos pelo simples assegurada a orientação e assistência
fato de estarem incluídos numa listagem, e jurídica e psicológica.
só por isso. Tal direito, como direito de personalidade, é
imprescritível e personalíssimo. Pensamos
- Constituição do vínculo na adoção que, com a atual disposição expressa do
A constituição do vínculo de adoção se dá ECA, passa a constituir dever dos pais
por sentença judicial inscrita no registro adotivos dar ciência ao filho adotado sobre a
mediante mandado, do qual não se expedirá origem do vínculo entre eles, de forma a

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garantir ao adotado o conhecimento de sua dano irreparável ou de difícil reparação ao


origem biológica. A manutenção em segredo adotando.
da adoção inviabilizaria tal direito ao
adotado. Quando o artigo 47, parágrafo 7º menciona
a possibilidade de no artigo 42, parágrafo 6º,
- Da irrevogabilidade da adoção os efeitos da adoção retroagirem à data do
Vimos que a antiga previsão de óbito, está referindo-se à denominada
irrevogabilidade passou a estar prevista no adoção póstuma, hipótese em que o
artigo 39, parágrafo 1º. Tal irrevogabilidade adotante morre no curso do processo de
decorre de alguns fatores: adoção, já tendo manifestado a inequívoca
vontade de adotar. Neste caso, se os efeitos
 Proibição de desigualdade entre filhos não retroagissem à data do óbito, o adotado
naturais e adotivos; não poderia herdar.
 Constituição de vínculo ficto de Ao analisarmos o primeiro dispositivo legal,
paternidade entre adotante e adotado; parece-nos que os efeitos da adoção
 Natureza do Poder Familiar. dependem do trânsito em julgado da
sentença. No entanto, ao dispor sobre
É justamente pela irrevogabilidade da recursos, o ECA estabelece que os efeitos
adoção que o artigo 49 do ECA prevê que a são gerados com a sentença. Como
morte dos pais adotantes não restabelece interpretar esta aparente contradição?
o poder familiar dos pais naturais. A morte Depende dos efeitos. A desconstituição do
é causa de perda automática do Poder registro anterior e o novo registro apenas
Familiar. Com a morte dos pais adotivos, a com o trânsito em julgado. Já alguns efeitos
criança ou adolescente tem garantidos todos mais superficiais, como a guarda poderiam
os direitos inerentes aos filhos, como o se dar a partir da sentença.
direito sucessório. O que pode ocorrer, no
entanto, é que a morte dos pais adotivos - Do procedimento de habilitação
possibilitará que o menor fique com sua A Lei 12.010/2009 incluiu no ECA um
família extensa ou ampliada, entendidas procedimento prévio ao cadastro dos
como a família dos pais adotivos. pretendentes de adoção. Foi incluída a
Excepcionalmente, esse menor poderá ser Seção VIII, com os artigos 197-A, B, C, D e
colocado em família substituta, lembrando E.
que uma dessas modalidades é a adoção, Apenas após a observância de todo o
que, portanto, poderá ocorrer por uma procedimento de habilitação, o postulante,
segunda ou até mesmo terceira vez. se for habilitado, será inscrito nos cadastros
- Efeitos da adoção – momento e adoção de adoção referidos no artigo 50 do ECA. O
póstuma procedimento prévio visa a uma maior
O ECA traz duas disposições referentes aos preparação e conscientização dessa
efeitos da adoção: modalidade de colocação em família
substituta.
Art. 47
... Seção VIII
§ 7º A adoção produz seus efeitos a partir Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
do trânsito em julgado da sentença Art. 197-A. Os postulantes à adoção,
constitutiva, exceto na hipótese prevista no § domiciliados no Brasil, apresentarão petição
6º do art. 42 desta Lei, caso em que terá inicial na qual conste:
força retroativa à data do óbito. I - qualificação completa;
II - dados familiares;
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção III - cópias autenticadas de certidão de
produz efeito desde logo, embora sujeita a nascimento ou casamento, ou declaração
apelação, que será recebida exclusivamente relativa ao período de união estável;
no efeito devolutivo, salvo se se tratar de IV - cópias da cédula de identidade e
adoção internacional ou se houver perigo de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas;

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V - comprovante de renda e domicílio; acolhimento familiar ou institucional e pela


VI - atestados de sanidade física e mental; execução da política municipal de garantia
VII - certidão de antecedentes criminais; do direito à convivência familiar.
VIII - certidão negativa de distribuição cível.
Art. 197-D. Certificada nos autos a
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo conclusão da participação no programa
de 48 (quarenta e oito) horas, dará vista dos referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade
autos ao Ministério Público, que no prazo de judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito)
5 (cinco) dias poderá: horas, decidirá acerca das diligências
I - apresentar quesitos a serem respondidos requeridas pelo Ministério Público e
pela equipe interprofissional encarregada de determinará a juntada do estudo
elaborar o estudo técnico a que se refere o psicossocial, designando, conforme o caso,
art. 197-C desta Lei; audiência de instrução e julgamento.
II - requerer a designação de audiência para
oitiva dos postulantes em juízo e Parágrafo único. Caso não sejam
testemunhas; requeridas diligências, ou sendo essas
III - requerer a juntada de documentos indeferidas, a autoridade judiciária
complementares e a realização de outras determinará a juntada do estudo
diligências que entender necessárias. psicossocial, abrindo a seguir vista dos
autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
Art. 197-C. Intervirá no feito, dias, decidindo em igual prazo.
obrigatoriamente, equipe interprofissional a
serviço da Justiça da Infância e da Art. 197-E. Deferida a habilitação, o
Juventude, que deverá elaborar estudo postulante será inscrito nos cadastros
psicossocial, que conterá subsídios que referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua
permitam aferir a capacidade e o preparo convocação para a adoção feita de acordo
dos postulantes para o exercício de uma com ordem cronológica de habilitação e
paternidade ou maternidade responsável, à conforme a disponibilidade de crianças ou
luz dos requisitos e princípios desta Lei. adolescentes adotáveis.

§ 1o É obrigatória a participação dos § 1o A ordem cronológica das habilitações


postulantes em programa oferecido pela somente poderá deixar de ser observada
Justiça da Infância e da Juventude pela autoridade judiciária nas hipóteses
preferencialmente com apoio dos técnicos previstas no § 13 do art. 50 desta Lei,
responsáveis pela execução da política quando comprovado ser essa a melhor
municipal de garantia do direito à solução no interesse do adotando.
convivência familiar, que inclua preparação
psicológica, orientação e estímulo à adoção § 2o A recusa sistemática na adoção das
inter-racial, de crianças maiores ou de crianças ou adolescentes indicados
adolescentes, com necessidades importará na reavaliação da habilitação
específicas de saúde ou com deficiências e concedida.
de grupos de irmãos.
- Adoção internacional
§ 2o Sempre que possível e recomendável, Art. 51. Considera-se adoção internacional
a etapa obrigatória da preparação referida aquela na qual a pessoa ou casal postulante
no § 1o deste artigo incluirá o contato com é residente ou domiciliado fora do Brasil,
crianças e adolescentes em regime de conforme previsto no Artigo 2 da Convenção
acolhimento familiar ou institucional em de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à
condições de serem adotados, a ser Proteção das Crianças e à Cooperação em
realizado sob a orientação, supervisão e Matéria de Adoção Internacional, aprovada
avaliação da equipe técnica da Justiça da pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de
Infância e da Juventude, com o apoio dos janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto
técnicos responsáveis pelo programa de no 3.087, de 21 de junho de 1999.

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meio social, os motivos que os animam e


§ 1o A adoção internacional de criança ou sua aptidão para assumir uma adoção
adolescente brasileiro ou domiciliado no internacional;
Brasil somente terá lugar quando restar
comprovado: III - a Autoridade Central do país de acolhida
enviará o relatório à Autoridade Central
I - que a colocação em família substituta é a Estadual, com cópia para a Autoridade
solução adequada ao caso concreto; Central Federal Brasileira;
II - que foram esgotadas todas as
possibilidades de colocação da criança ou IV - o relatório será instruído com toda a
adolescente em família substituta brasileira, documentação necessária, incluindo estudo
após consulta aos cadastros mencionados psicossocial elaborado por equipe
no art. 50 desta Lei; interprofissional habilitada e cópia
autenticada da legislação pertinente,
III - que, em se tratando de adoção de acompanhada da respectiva prova de
adolescente, este foi consultado, por meios vigência;
adequados ao seu estágio de
desenvolvimento, e que se encontra V - os documentos em língua estrangeira
preparado para a medida, mediante parecer serão devidamente autenticados pela
elaborado por equipe interprofissional, autoridade consular, observados os tratados
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. e convenções internacionais, e
28 desta Lei. acompanhados da respectiva tradução, por
tradutor público juramentado;
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior VI - a Autoridade Central Estadual poderá
terão preferência aos estrangeiros, nos fazer exigências e solicitar complementação
casos de adoção internacional de criança ou sobre o estudo psicossocial do postulante
adolescente brasileiro. estrangeiro à adoção, já realizado no país
de acolhida;
§ 3o A adoção internacional pressupõe a
intervenção das Autoridades Centrais VII - verificada, após estudo realizado pela
Estaduais e Federal em matéria de adoção Autoridade Central Estadual, a
internacional. compatibilidade da legislação estrangeira
com a nacional, além do preenchimento por
Art. 52. A adoção internacional observará o parte dos postulantes à medida dos
procedimento previsto nos arts. 165 a 170 requisitos objetivos e subjetivos necessários
desta Lei, com as seguintes adaptações: ao seu deferimento, tanto à luz do que
dispõe esta Lei como da legislação do país
I - a pessoa ou casal estrangeiro, de acolhida, será expedido laudo de
interessado em adotar criança ou habilitação à adoção internacional, que terá
adolescente brasileiro, deverá formular validade por, no máximo, 1 (um) ano;
pedido de habilitação à adoção perante a
Autoridade Central em matéria de adoção VIII - de posse do laudo de habilitação, o
internacional no país de acolhida, assim interessado será autorizado a formalizar
entendido aquele onde está situada sua pedido de adoção perante o Juízo da
residência habitual Infância e da Juventude do local em que se
encontra a criança ou adolescente,
II - se a Autoridade Central do país de conforme indicação efetuada pela
acolhida considerar que os solicitantes estão Autoridade Central Estadual.
habilitados e aptos para adotar, emitirá um
relatório que contenha informações sobre a § 1o Se a legislação do país de acolhida
identidade, a capacidade jurídica e assim o autorizar, admite-se que os pedidos
adequação dos solicitantes para adotar, sua de habilitação à adoção internacional sejam
situação pessoal, familiar e médica, seu

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intermediados por organismos


credenciados. III - estar submetidos à supervisão das
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal autoridades competentes do país onde
Brasileira o credenciamento de organismos estiverem sediados e no país de acolhida,
nacionais e estrangeiros encarregados de inclusive quanto à sua composição,
intermediar pedidos de habilitação à adoção funcionamento e situação financeira;
internacional, com posterior comunicação às
Autoridades Centrais Estaduais e publicação IV - apresentar à Autoridade Central Federal
nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio Brasileira, a cada ano, relatório geral das
próprio da internet. atividades desenvolvidas, bem como
relatório de acompanhamento das adoções
§ 3o Somente será admissível o internacionais efetuadas no período, cuja
credenciamento de organismos que: cópia será encaminhada ao Departamento
de Polícia Federal;
I - sejam oriundos de países que ratificaram
a Convenção de Haia e estejam V - enviar relatório pós-adotivo semestral
devidamente credenciados pela Autoridade para a Autoridade Central Estadual, com
Central do país onde estiverem sediados e cópia para a Autoridade Central Federal
no país de acolhida do adotando para atuar Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
em adoção internacional no Brasil; anos. O envio do relatório será mantido até
a juntada de cópia autenticada do registro
II - satisfizerem as condições de integridade civil, estabelecendo a cidadania do país de
moral, competência profissional, experiência acolhida para o adotado;
e responsabilidade exigidas pelos países
respectivos e pela Autoridade Central VI - tomar as medidas necessárias para
Federal Brasileira; garantir que os adotantes encaminhem à
Autoridade Central Federal Brasileira cópia
III - forem qualificados por seus padrões da certidão de registro de nascimento
éticos e sua formação e experiência para estrangeira e do certificado de nacionalidade
atuar na área de adoção internacional; tão logo lhes sejam concedidos.
IV - cumprirem os requisitos exigidos
pelo ordenamento jurídico brasileiro e pelas § 5o A não apresentação dos relatórios
normas estabelecidas pela Autoridade referidos no § 4o deste artigo pelo organismo
Central Federal Brasileira. credenciado poderá acarretar a suspensão
de seu credenciamento.
§ 4o Os organismos credenciados deverão
ainda: § 6o O credenciamento de organismo
nacional ou estrangeiro encarregado de
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, intermediar pedidos de adoção internacional
nas condições e dentro dos limites fixados terá validade de 2 (dois) anos.
pelas autoridades competentes do país onde
estiverem sediados, do país de acolhida e § 7o A renovação do credenciamento
pela Autoridade Central Federal Brasileira; poderá ser concedida mediante
requerimento protocolado na Autoridade
II - ser dirigidos e administrados por pessoas Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta)
qualificadas e de reconhecida idoneidade dias anteriores ao término do respectivo
moral, com comprovada formação ou prazo de validade.
experiência para atuar na área de adoção
internacional, cadastradas pelo § 8o Antes de transitada em julgado a
Departamento de Polícia Federal e decisão que concedeu a adoção
aprovadas pela Autoridade Central Federal internacional, não será permitida a saída do
Brasileira, mediante publicação de portaria adotando do território nacional.
do órgão federal competente;

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§ 9o Transitada em julgado a decisão, a a organismos nacionais ou a pessoas


autoridade judiciária determinará a físicas.
expedição de alvará com autorização de
viagem, bem como para obtenção de Parágrafo único. Eventuais repasses
passaporte, constando, obrigatoriamente, as somente poderão ser efetuados via Fundo
características da criança ou adolescente dos Direitos da Criança e do Adolescente e
adotado, como idade, cor, sexo, eventuais estarão sujeitos às deliberações do
sinais ou traços peculiares, assim como foto respectivo Conselho de Direitos da Criança
recente e a aposição da impressão digital do e do Adolescente.
seu polegar direito, instruindo o documento
com cópia autenticada da decisão e certidão Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente
de trânsito em julgado. no exterior em país ratificante da Convenção
de Haia, cujo processo de adoção tenha
§ 10. A Autoridade Central Federal sido processado em conformidade com a
Brasileira poderá, a qualquer momento, legislação vigente no país de residência e
solicitar informações sobre a situação das atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo
crianças e adolescentes adotados. 17 da referida Convenção, será
automaticamente recepcionada com o
§ 11. A cobrança de valores por parte dos reingresso no Brasil.
organismos credenciados, que sejam
considerados abusivos pela Autoridade § 1o Caso não tenha sido atendido o
Central Federal Brasileira e que não estejam disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da
devidamente comprovados, é causa de seu Convenção de Haia, deverá a sentença ser
descredenciamento. homologada pelo Superior Tribunal de
Justiça.
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge
não podem ser representados por mais de § 2o O pretendente brasileiro residente no
uma entidade credenciada para atuar na exterior em país não ratificante da
cooperação em adoção internacional. Convenção de Haia, uma vez reingressado
no Brasil, deverá requerer a homologação
§ 13. A habilitação de postulante da sentença estrangeira pelo Superior
estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá Tribunal de Justiça.
validade máxima de 1 (um) ano, podendo
ser renovada. Art. 52-C. Nas adoções internacionais,
quando o Brasil for o país de acolhida, a
§ 14. É vedado o contato direto de decisão da autoridade competente do país
representantes de organismos de adoção, de origem da criança ou do adolescente
nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de será conhecida pela Autoridade Central
programas de acolhimento institucional ou Estadual que tiver processado o pedido de
familiar, assim como com crianças e habilitação dos pais adotivos, que
adolescentes em condições de serem comunicará o fato à Autoridade Central
adotados, sem a devida autorização judicial. Federal e determinará as providências
§ 15. A Autoridade Central Federal necessárias à expedição do Certificado de
Brasileira poderá limitar ou suspender a Naturalização Provisório.
concessão de novos credenciamentos
sempre que julgar necessário, mediante ato § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido
administrativo fundamentado. o Ministério Público, somente deixará de
reconhecer os efeitos daquela decisão se
Art. 52-A. É vedado, sob pena de restar demonstrado que a adoção é
responsabilidade e descredenciamento, o manifestamente contrária à ordem pública
repasse de recursos provenientes de ou não atende ao interesse superior da
organismos estrangeiros encarregados de criança ou do adolescente.
intermediar pedidos de adoção internacional

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§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da Matéria de Adoção Internacional, aprovada


adoção, prevista no § 1o deste artigo, o pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de
Ministério Público deverá imediatamente janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto
requerer o que for de direito para resguardar nº 3.087, de 21 de junho de 1999.
os interesses da criança ou do adolescente, A Convenção mencionada, que caracteriza
comunicando-se as providências à ato multilateral, é relativa à Proteção das
Autoridade Central Estadual, que fará a Crianças e à Cooperação em Matéria de
comunicação à Autoridade Central Federal Adoção Internacional, tendo entrado em
Brasileira e à Autoridade Central do país de vigor internacionalmente em 1º de maio de
origem. 1995. No Brasil, entrou em vigor em 1º de
junho de 1999, tendo sido depositado o
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, instrumento de inteira ratificação da
quando o Brasil for o país de acolhida e a Convenção em 10 de março de 1999.
adoção não tenha sido deferida no país de Cabe ressaltar que também é considerada
origem porque a sua legislação a delega ao como adoção internacional a realizada por
país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, brasileiros domiciliados em território
mesmo com decisão, a criança ou o estrangeiro.
adolescente ser oriundo de país que não A Convenção, inaugurando um sistema de
tenha aderido à Convenção referida, o cooperação entre os Estados contratantes,
processo de adoção seguirá as regras da estabeleceu garantias para que as adoções
adoção nacional. internacionais fossem feitas segundo o
superior interesse da criança e com respeito
Adoção internacional é aquela efetivada por aos direitos fundamentais que lhe reconhece
pessoa residente em território estrangeiro. o Direito Internacional.
Quanto à nacionalidade, existe possibilidade
de casais estrangeiros adotarem. No Dispõe o artigo 2º da Convenção:
entanto, é importante destacar que a adoção A Convenção será aplicada quando uma
por estrangeiros possui caráter subsidiário. criança com residência habitual em um
Estrangeiros ou brasileiros residentes em Estado Contratante ("o Estado de origem")
outro país, que pretendam adotar no Brasil, tiver sido, for, ou deva ser deslocada para
não concorrem em igualdade de condições outro Estado Contratante ("o Estado de
com residentes no Brasil. O artigo 51 do acolhida"), quer após sua adoção no Estado
ECA, substancialmente alterado pela Lei de origem por cônjuges ou por uma pessoa
12.010/2009, dispõe acerca da adoção residente habitualmente no Estado de
internacional, conceituando-a como: acolhida, quer para que essa adoção seja
aquela na qual a pessoa ou casal postulante realizada, no Estado de acolhida ou no
é residente ou domiciliado fora do Brasil,(3) Estado de origem.
conforme previsto no Artigo 2 da Convenção
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à De acordo com a própria Convenção,
Proteção das Crianças e à Cooperação em consoante seu artigo 4º:
a adoção internacional apenas se verificará
3
A adoção por casais brasileiros que quando as autoridades competentes do
Estado de origem tiverem verificado, depois
residam no estrangeiro também é
de haver examinado adequadamente as
considerada adoção internacional, que será
possibilidades de colocação da criança em
automaticamente recepcionada com o seu Estado de origem, que uma adoção
reingresso em território brasileiro. Já se o internacional atende ao interesse superior
país em que ele reside não for ratificante da criança.
da Convenção de Haia, deverá o adotante
postular pela homologação da sentença Logo, a adoção internacional é
estrangeira pelo Superior Tribunal de subsidiária de acordo não somente com
Justiça. o ECA, mas com a própria Convenção em
epígrafe. Em apreço ao disposto na

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Convenção, estabelece esse caráter de dos organismos internacionais de


subsidiariedade o artigo 51 do ECA, já com intermediação, mediante ato administrativo
a alteração promovida pela Lei fundamentado da Autoridade Central
12.010/2009). Federal Brasileira. São eles:
O procedimento na adoção internacional  A não renovação do credenciamento
possui certas disposições específicas que, poderá ser concedida mediante
muito embora estejam previstas no artigo 52 requerimento protocolado na Autoridade
do ECA, serão estudadas na análise da Central Federal Brasileira nos 60 dias
parte procedimental prevista nos artigos 165 anteriores ao término do respectivo prazo de
a 170 do ECA, por questões didáticas. validade;
Os pedidos de habilitação para a adoção  A cobrança de valores, por parte dos
internacional4 serão intermediados por organismos credenciados, que sejam
organismos nacionais e estrangeiros, considerados abusivos pela Autoridade
credenciados5 junto à Autoridade Central Central Federal Brasileira;
Federal Brasileira, com posterior  O repasse de recursos provenientes de
comunicação às Autoridades Centrais organismos estrangeiros encarregados de
Estaduais e publicação em órgãos oficiais intermediar pedidos de adoção internacional
de imprensa e em sítio próprio na internet. a organismos nacionais ou a pessoas
Tais organismos de intermediação devem físicas.
ser oriundos dos países que ratificaram a
Convenção de Haia, desde que O adotando brasileiro só poderá sair do
credenciados pela Autoridade Central do país em companhia dos pais adotivos
Estado em que estejam sediados e pelo país quando transitar em julgado a decisão
de acolhida do adotando. Tais organismos que defere a adoção, mediante alvará de
não podem ter finalidade lucrativa e devem autorização de viagem, expedido pelo juiz
enviar relatório pós-adoção às Autoridades com cópia autenticada da decisão e seu
Centrais Estaduais, sempre com cópia à trânsito em julgado. Tal autorização
Autoridade Central Federal, pelo período abrangerá a emissão de passaporte e
mínimo de dois anos. Esse relatório será aposição de todos os dados, todas as
mantido até a juntada da cópia do registro características do adotando.
que confira nacionalidade do adotando no É importante destacar que o ECA dispõe
país de acolhida. O organismo que não sobre a adoção internacional também nos
enviar os relatórios terá suspenso seu casos em que o Brasil é o país de acolhida,
credenciamento. Isso não significa que, consoante o disposto no artigo 52. Nesses
após obtenção da nacionalidade, o Brasil casos, a decisão da autoridade competente
não tomará ciência da situação do adotado. do país de origem será conhecida pela
Pelo contrário, estabelece o parágrafo 10 do Autoridade Central Estadual Brasileira6 que
artigo 51 que a Autoridade Central Brasileira tiver processado o pedido de habilitação dos
poderá, a qualquer momento, solicitar pais adotivos, sendo o fato comunicado à
informações sobre a situação das crianças e Autoridade Central Federal. Cabe a esta
adolescentes adotados. expedir o CNP (Certificado de Naturalização
Provisório).
De acordo com as novas disposições Nos casos em que o país de origem não
trazidas pela Lei 12.010/2009, vários seja ratificante da Convenção de Haia ou
motivos podem levar ao descredenciamento

4
A habilitação de postulantes estrangeiros 6
Ouvido o Ministério Público, a Autoridade
terá duração máxima de um ano. Central Estadual somente deixará de reconhecer
os efeitos daquela decisão se restar
5
O credenciamento tem validade no Brasil demonstrado que a adoção é manifestamente
por dois anos (artigo 51, parágrafo 60, contrária à ordem pública ou não atende ao
ECA). interesse superior da criança ou do adolescente.

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nos casos em que delegue o processo de Rol taxativo – o juiz não pode aplicar
adoção ao país de acolhida, tal processo medidas sócioeducativas fora do rol do
será o observado para a adoção nacional art.112.
(artigo 52-D).
Embora a adoção internacional seja medida Autoridade competente para aplicar
extrema, que nega a nacionalidade brasileira medidas socioeducativas – juiz da infância
ao adotado, além de inseri-lo em uma e juventude.
cultura diferenciada, muitas vezes é a única
hipótese de garantir e assegurar o direito à
convivência familiar para as crianças e As medidas socioeducativas são elencadas
adolescente que são preteridas em taxativamente no artigo 112. São elas:
detrimento da sua etnia, idade, estado de 1. Advertência;
saúde, sexo e aparência, no próprio país de 2. Obrigação de reparar o dano;
origem. 3. Prestação de serviços à comunidade;
4. Liberdade assistida;
Quando a preterição ocorre em razão da 5. Inserção em regime de semiliberdade;
idade, denomina-se a hipótese de adoção 6. Internação em estabelecimento
tardia. Alguns consideram tardias as educacional;
adoções de crianças com idade superior a
de dois anos de idade. Ao determinar qual medida deve ser
Os postulantes à adoção optam pela adoção cumprida pelo adolescente em conflito com
de crianças com idade menor possível, a lei, o juiz deve levar em conta a
buscando a possibilidade de uma adaptação capacidade do adolescente para
tranquila7 na relação de pai e filho, cumprimento da medida, as circunstâncias e
almejando imitar o vínculo biológico- a gravidade da infração (artigo 121,
sanguíneo. Sonham acompanhar parágrafo 1º), sendo a medida de internação
integralmente o desenvolvimento físico e sempre excepcional.
psicossocial, que se manifestam desde as Levar em conta a capacidade não significa
primeiras expressões faciais, como o que o menor portador de doença mental não
sorriso, e movimentos dos olhos possa sofrer medida socioeducativa. O ECA
acompanhando objetos e demonstrando o prevê expressamente no parágrafo 2º do
reconhecimento das figuras parentais, além artigo 112 que os adolescentes portadores
das primeiras falas e passos. Querem de doenças ou deficiência mental receberão
realizar o desejo materno e paterno de tratamento individual e especializado, em
trocar as fraldas, dar colo, amamentar, ninar, local adequado às suas condições. O
dar banho, trocar-lhe as roupas, dentre Superior Tribunal de Justiça já admitiu até
outros; enfim, construir uma história familiar mesmo o cumprimento de medida de
e registrá-la, desde os primeiros dias de vida internação por adolescente em conflito com
do filho. (CAMARGO, 2006). a lei acometido de doença mental.
As regras atinentes às medidas
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS socioeducativas em espécie encontram-se a
partir do artigo 113.
Medidas socioeducativas (art.112 do CP)
Apenas o adolescente poderá receber A mais importante delas, por ser a mais
medida socioeducativa, quando praticar ato objeto dos julgamentos pelos nossos
infracional. Tribunais, é a medida de internação.

Internação e a Lei 12594/12


A internação é a medida socioeducativa que
consome mais disposições do ECA, sendo
7
Grafia alterada para adaptar-se à reforma tratada pelos artigos 121 a 125. Tal medida
ortográfica que suprimiu o uso do trema. é privativa de liberdade e não comporta
prazo determinado, mas comporta prazo

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máximo, ficando o adolescente internado Atingido o prazo máximo de três anos, o


em estabelecimento próprio para esse fim, adolescente será liberado ou passará a
não podendo permanecer internado em cumprir medida de semiliberdade ou de
sede policial ou em estabelecimento liberdade assistida, caso a medida
prisional. socioeducativa não tenha atingido sua
A medida de internação é regida, consoante finalidade.
artigo 121, pelos princípios da brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição O prazo máximo de três anos deve ser
peculiar de pessoa em desenvolvimento. analisado conjuntamente com a idade
Passemos a analisar as disposições do ECA máxima permitida para o cumprimento da
que buscam garantir a eficácia de tais internação, que é de 21 anos, consoante
princípios. disposto no parágrafo 5º do artigo 121.
Em apreço ao princípio da brevidade, a Tal limite máximo de idade foi estabelecido
medida de internação, embora não tenha pelo legislador justamente levando em conta
prazo determinado na sentença pelo juiz, o prazo máximo de três anos. Se não
deverá ser cumprida, em regra, por um houvesse a possibilidade de aplicação da
prazo máximo de três anos. Dizemos em internação até os 21 anos, o adolescente
regra porque o ECA prevê alguns outros que praticasse o ato próximo à data de
prazos de grande importância. Dessa forma, completar a maioridade provavelmente não
existe a previsão no ECA dos seguintes receberia a medida. O legislador pensou em
prazos máximos: atingir até mesmo o adolescente que
deixasse para praticar o ato infracional no
a) Três anos: prazo estabelecido pelo art. último momento antes de completar a
121, par. 3º; maioridade.
b) 45 dias: prazo estabelecido no art. 108 Seja qual for o motivo da desinternação,
para a internação provisória; essa somente será realizada mediante
c) Três meses: prazo estabelecido no par. decisão judicial fundamentada, não
1º do art. 122, relativo à medida de sendo automática em nenhuma hipótese.
internação sanção, pelo descumprimento de Caso o adolescente não seja liberado ao
medida anteriormente imposta de forma completar três anos de internação ou
injustificada e reiterada; quando atingir 21 anos, passará a existir
d) Seis meses: prazo máximo estabelecido ilegal privação de liberdade, sendo cabível
para a reavaliação da medida de internação. habeas corpus. Também será cabível o writ
no caso de inadequação da medida de
Com isso, podemos afirmar que a internação, caso em que se admite a
internação é medida privativa de progressão para semiliberdade ou até
liberdade que não comporta prazo mesmo para liberdade assistida.
determinado na sentença, mas que Rafael, na véspera de seu aniversário de 18
comporta prazo máximo de três anos anos, deu um tiro em Carlos, que morreu em
para que o adolescente permaneça virtude do ferimento 10 dias depois. Como
internado, desde que tenha sido Rafael responderá pelo ato praticado?
reavaliada mediante decisão Resposta: Levando-se em conta que tanto o
fundamentada no máximo a cada seis Código Penal quanto o ECA adotam a teoria
meses. A reavaliação é direito subjetivo do da atividade, considera-se a idade de Rafael
adolescente, sendo cabível a impetração de no momento da conduta (artigo 104 do
mandado de segurança para que ela seja ECA). Dessa forma, Rafael praticou ato
realizada, pois possibilitará que o infracional e não crime, sendo cabível
adolescente seja desinternado assim que a medida socioeducativa. Considerando o ato
medida não se mostre mais necessária. ter sido praticado mediante violência, é
Também tem sido aceita a impetração de possível a medida de internação, que
habeas corpus e deferida a ordem para poderá perdurar por até três anos, desde
realização da reavaliação. que não ultrapasse o limite de 21 anos de
idade de Rafael.

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Poderia Rafael ser internado após os 18 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em


anos? igual prazo.
Resposta: É controvertida tal possibilidade.
Entendimento favorável à defesa seria pela § 1º É vedado à autoridade judiciária
impossibilidade da internação,8 sendo ela determinar reinício de cumprimento de
considerada anacrônica e sem medida socioeducativa, ou deixar de
potencialidade para surtir os efeitos considerar os prazos máximos, e de
preconizados se determinada após os 18 liberação compulsória previstos na Lei nº
anos. Só poderia perdurar após os 18 anos, 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
mas não poderia ser iniciada após esta Criança e do Adolescente), excetuada a
idade. Não entendemos dessa forma. hipótese de medida aplicada por ato
Considerando o espírito da lei e o objetivo infracional praticado durante a
da medida de internação, que é, sobretudo, execução.
o de educar e reintegrar à sociedade,
pensamos ser possível a internação após os § 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar
18 anos, desde que o ato infracional tenha nova medida de internação, por atos
sido praticado antes dos 18, pois, caso o infracionais praticados anteriormente, a
agente já tenha atingido tal idade, ele será adolescente que já tenha concluído
considerado imputável, praticará crime e cumprimento de medida socioeducativa
poderá ser-lhe aplicada pena. Caso já tenha dessa natureza, ou que tenha sido
completado 18 anos, poderá incidir a seu transferido para cumprimento de medida
favor circunstância atenuante prevista no menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos
artigo 65, I, do Código Penal. por aqueles aos quais se impôs a medida
socioeducativa extrema.
O que se entende por prescrição educativa e Com base no disposto no artigo 45,
executiva no ECA? parágrafo 1º da Lei 12594/12, poderá a
Resposta: Trata-se da impossibilidade de medida de internação ultrapassar 03 anos,
continuidade da medida de internação após desde que por mais de um ato infracional
os 21 anos daquele que praticou ato praticado.
infracional antes dos 18 anos, ficando
obstada a execução da medida Passemos à análise do princípio da
socioeducativa. excepcionalidade. De acordo com esse
princípio, por ser considerada a mais grave,
Muito embora o ECA disponha que o prazo a mais drástica das medidas, a medida de
máximo da medida de internação seja de internação somente pode ser aplicada nos
três anos, com o advento da Lei 12.594/12, casos expressos de forma taxativa,
a prática de ato infracional posteriormente exaustiva no artigo 122 do ECA. Eventual
ao início da execução de medida sentença que estabeleça a medida de
anteriormente imposta pode desafiar nova internação fora dos casos previstos no artigo
medida, caso em que o prazo máximo de 122 será nula, por violação literal de
três anos se dará em razão de cada medida, disposição de lei. Sendo assim, não basta a
desde que a idade limite de 21 anos não gravidade em abstrato ou em concreto do
deixe de ser observada: ato infracional para fundamentar a referida
medida, pois o juiz só poderá determinar a
Art. 45. Se, no transcurso da execução, internação quando:
sobrevier sentença de aplicação de nova
medida, a autoridade judiciária procederá à a) O ato infracional for praticado com
unificação, ouvidos, previamente, o violência ou grave ameaça à pessoa;
Ministério Público e o defensor, no prazo de b) Houver reiteração em atos infracionais
dotados de gravidade;
8
Neste sentido, Yussef Cahali, JTJ-LEX c) A medida anteriormente imposta ao
169/107. adolescente for descumprida de forma
injustificável e reiterada, caso em que vimos

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que a internação substitutiva terá o prazo reiteração no cometimento de atos


máximo de três meses. infracionais graves.

Nesta última hipótese, com alteração Vejamos o enunciado 492:


promovida pela Lei 12.594/12, passa a O ato infracional análogo ao tráfico de
dispor o parágrafo 1º do artigo 122 que: drogas, por si só, não conduz
O prazo de internação na hipótese do inciso obrigatoriamente à imposição de medida
III deste artigo não poderá ser superior a 3 socioeducativa de internação do
(três) meses, devendo ser decretada adolescente
judicialmente após o devido processo legal. Caso o adolescente fuja do estabelecimento
de internação, assim que apreendido, ele
Ou seja, muito embora antes fosse aplicada dará prosseguimento ao cumprimento da
a súmula 265 do STJ para se exigir a prévia medida, exceto se praticar novo ato
oitiva do adolescente, de forma que lhe infracional que desafie a internação. Nesse
fosse dada a possibilidade de se justificar, caso, é iniciada nova medida pelo ato
agora a lei, ao alterar o ECA vai adiante, praticado, não podendo haver soma que
exigindo o devido processo legal para possibilite ao adolescente permanecer
aplicar a medida na hipótese do inciso III, internado por mais de três anos ou além dos
pelo prazo máximo de três meses. 21 anos de idade.
Dispõe ainda o artigo 43 da Lei 12.594/12: Determina o artigo 123 que a medida de
§ 4o A substituição por medida mais internação deverá ser cumprida em entidade
gravosa somente ocorrerá em situações exclusiva para adolescentes, em local
excepcionais, após o devido processo legal, distinto do destinado ao, obedecida rigorosa
inclusive na hipótese do inciso III do art. 122 separação por critérios de idade, compleição
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 física e gravidade da infração. Durante todo
(Estatuto da Criança e do Adolescente), e o período de internação, inclusive provisória,
deve ser: serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Com base na disposição desse artigo,
I - fundamentada em parecer técnico; questiona-se o que ocorre com o
II - precedida de prévia audiência, e nos adolescente que pratica ato infracional que
termos do § 1o do art. 42 desta Lei. desafie a internação, não havendo
estabelecimento próprio para o cumprimento
Exigência do parágrafo 1º do artigo 42: da medida.

§ 1o A audiência será instruída com o Internação e acolhimento não se


relatório da equipe técnica do programa de confundem. O acolhimento, atualmente
atendimento sobre a evolução do plano de previsto no artigo 101 com a nomenclatura
que trata o art. 52 desta Lei e com qualquer alterada para “acolhimento institucional”,
outro parecer técnico requerido pelas partes possui natureza de lar coletivo, medida
e deferido pela autoridade judiciária. protetiva que não consiste em privação da
O plano a que se refere o artigo 52 é o plano liberdade, funcionando tão-somente de
de atendimento individual (PIA), que forma provisória e como transição para a
também estudaremos no procedimento de colocação em família substituta.
apuração e execução das medidas
socioeducativas. A medida de internação é regulamentada
O Superior Tribunal de Justiça vem pela Resolução nº 46 do CONANDA, que
decidindo que o tráfico de drogas praticado determina que a instituição de acolhimento
por adolescente não possibilita, por si só, a não deve atender mais de 40 internos.
incidência de medida de internação, exceto O artigo 124 elenca os direitos do
se a análise do caso concreto levar a uma adolescente privado da liberdade. O rol é, no
das situações acima previstas. Vem entanto, meramente exemplificativo. A Lei
decidindo o Tribunal, portanto, pela 12.594/12 elenca ainda, também em rol
possibilidade de internação se houver exemplificativo, direitos para todos os

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adolescentes que cumpram medidas É dever do Estado zelar pela integridade


socioeducativas, como poderemos verificar física e mental dos internos, cabendo-lhe
no capítulo referente ao procedimento adotar as medidas adequadas de contenção
relacionado à apuração e execução das e segurança.
medidas socioeducativas. Durante a internação, assim como na
medida de semiliberdade, é possível a
Art. 124. São direitos do adolescente privado realização de atividades externas, a critério
de liberdade, entre outros, os seguintes: da equipe técnica, salvo disposição
I - entrevistar-se pessoalmente com o expressa judicial em sentido contrário. Ou
representante do Ministério Público; seja, o juiz não precisa permitir, mas pode
II - peticionar diretamente a qualquer proibir. A Lei 12.594/12 incluiu o parágrafo
autoridade; 7º no artigo 121, determinado que:
III - avistar-se reservadamente com seu § 7o A determinação judicial mencionada no
defensor; § 1o poderá ser revista a qualquer tempo
IV - ser informado de sua situação pela autoridade judiciária.”
processual, sempre que solicitada; Outra hipótese trazida pela referida lei, em
V - ser tratado com respeito e dignidade; seu artigo 50, é de que além da
VI - permanecer internado na mesma possibilidade de realização de atividades
localidade ou naquela mais próxima ao externas, a critério da equipe técnica, a
domicílio de seus pais ou responsável; direção do programa de execução de
VII - receber visitas, ao menos, medida de privação da liberdade poderá
semanalmente; autorizar a saída, monitorada, do
VIII - corresponder-se com seus familiares e adolescente nos casos de tratamento
amigos; médico, doença grave ou falecimento,
IX - ter acesso aos objetos necessários à devidamente comprovados, de pai, mãe,
higiene e asseio pessoal; filho, cônjuge, companheiro ou irmão, com
X - habitar alojamento em condições imediata comunicação ao juízo competente.
adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e MEDIDAS SÓCIOEDUCATIVAS (art.112 do
profissionalização; ECA)
XII - realizar atividades culturais, esportivas São elas:
e de lazer:  Advertência
XIII - ter acesso aos meios de comunicação  Obrigação de reparar o dano
social;  Prestação de serviços à comunidade
XIV - receber assistência religiosa, segundo  liberdade assistida
a sua crença, e desde que assim o deseje;  Inserção em regime de semiliberdade
XV - manter a posse de seus objetos  internação
pessoais e dispor de local seguro para
guardá-los, recebendo comprovante Advertência – pode ser aplicada se houver
daqueles porventura depositados em poder prova da materialidade e indício de autoria.
da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, Internação e as demais medidas –
os documentos pessoais indispensáveis à somente podem ser aplicadas se houver
vida em sociedade prova de autoria e de materialidade.
Estabelece ainda o artigo 124, em seus Essa distinção costuma ser cobrada na
parágrafos, que em nenhum caso haverá a prova da OAB.
incomunicabilidade do adolescente. É Como vimos, a medida socioeducativa
possível, no entanto, à autoridade judiciária somente pode ser aplicada ao adolescente
suspender temporariamente a visita, que pratica ato infracional, chamado de
inclusive de pais ou responsável, se adolescente em conflito com a lei. Não é
existirem motivos sérios e fundados de sua mais usual a adoção da nomenclatura
prejudicialidade aos interesses do
adolescente.

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adolescente infrator, muito embora às vezes


ainda seja cobrada em prova da CESPE. Prazo da internação provisória – deferida
antes da sentença. É possível que o menor
Adolescente em conflito com a lei (art.27 seja tão perigoso que ele tenha que
do CP, art.228 da CF/88 e art.104 do ECA) permanecer internado antes da sentença.
– inimputabilidade do menor de 18 anos. Essa internação provisória, que é
Esse menor não pratica crime, o fato é excepcional, e que só pode ser deferida na
típico, ilícito e não culpável. Esse menor hipótese prevista no art. 108 do ECA, só
pratica ato infracional de maneira que a este pode durar 45 dias.
correspondem as medidas socioeducativas.
Prazo de três meses (art.122 e seu
Medida de internação (art.121 do ECA) – parágrafo 1º.) – também chamada de
É mais gravosa das medidas, tendo internação sanção, pode se estender pelo
natureza de medida privativa de prazo máximo de três meses.
liberdade, conforme determina o caput do
art. 121. Não é pena porque o menor não - Principio da excepcionalidade (art.122
pratica crime, mas priva o adolescente de do ECA) – três situações que irão
sua liberdade. possibilitar a aplicação de uma medida de
internação, ou seja, a internação só será
De acordo com o parágrafo §2º do art.121 possível em uma das situações elencadas
do ECA – a medida de internação não no artigo 122:
comporta prazo determinado. Internação
constitui medida privativa de liberdade, que 1ª ato com violência ou grave ameaça –
não comporta prazo determinado, mas sim ex.: ato análogo a um homicídio, roubo,
prazo máximo. A medida de internação é extorsão.
regida por três princípios:
2ª reiteração no cometimento de ato
- Princípio da brevidade – para garantir o infracional grave – Neste caso, o
principio da brevidade, o ECA traz prazos adolescente tem que reiterar em atos
que devem ser respeitados sob pena graves. O STJ entende que esta reiteração
daquele que não respeitou o prazo estar caracteriza a prática de , pelo menos, três
praticando crime. O prazo máximo de atos infracionais dotados de gravidade.
internação é, em regra, de 3 anos,
consoante o disposto no art. 121, parágrafo 3ª situação – substituição de medida
3º do ECA. A desinternação será anteriormente imposta – quando for
compulsória aos 21 anos, ou seja, se tiver descumprida de forma reiterada e
internado e completar 18 anos poderá ficar injustificada.
internado até 21 anos, desde que a medida - Principio do respeito a condição
não ultrapasse o prazo de três anos. O limite peculiar de pessoa em desenvolvimento:
etário está previsto no parágrafo 5º do art. lazer, educação, profissionalização e todos
121 e em nada se relaciona com a antiga os demais direitos que garantam ao menor o
maioridade do Código Civil de 1916, mas seu correto desenvolvimento. Estes direitos
sim ao fato de o adolescente praticar o ato estão especificamente traçados no artigo
infracional bem próximo de completar 124 do ECA.
dezoito anos, podendo a medida se
estender pelo prazo máximo de 03 anos. Para se chegar a aplicação de uma
medida sócioeducativa existem na
Prazo máximo para reavaliação – 6 verdade três procedimentos, ou três
meses, conforme §2º do art.121 do ECA. É fases procedimentais:
a reavaliação que vai determinar se o
adolescente pode ou não ser desinternado, 1º) em sede policial – o adolescente
já que o Juiz não determina o prazo de apreendido em flagrante é levado,
internação na sentença. conduzido, com as limitações previstas no

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artigo 178, à delegacia especializada onde 3º) em sede judicial para que ao final o
houver e se não houver vai para a Delegacia juiz possa proferir sentença aplicando ou
comum. Adolescente é apreendido em não uma medida sócioeducativa. Essa
flagrante e não preso. O Art.171 determina fase se inicia com o oferecimento da
que nos casos em que a prisão do representação pelo MP e deverá ter
adolescente se dá por ordem judicial, ele é presença obrigatória do advogado, conforme
levado para a justiça da infância e art.207 do ECA. Teremos a realização de
juventude. Se for o adolescente apreendido duas audiências, uma de apresentação e
em flagrante vai para a delegacia outra audiência em continuação (que
especializada, conforme art. 172 do ECA. equivale a uma AIJ) , é nessa audiência que
Estas são as duas únicas formas de se serão produzidas as provas, ou seja, na
privar o adolescente de sua liberdade. Não audiência em continuação irão ocorrer a
há, a título de exemplo, a apreensão para garantia da ampla defesa, do contraditório e
averiguação. Sua ocorrência caracteriza do devido processo legal. O juiz profere
crime previsto no ECA. Chegando na sentença que pode ser: absolutória ou
delegacia especializada deve ser sancionatória (medida sócioeducativa e/ou
apresentado a autoridade policial para que medida protetiva). Dessa sentença cabe
lavre o auto de apreensão pela pratica de apelação sendo possível o juízo de
ato infracional (esse auto só será lavrado retratação, no prazo de 10 dias.
numa situação que ocorra ato com violência
ou grave ameaça), ou pode lavrar boletim do Criança pratica ato infracional?
ocorrência circunstanciado, nos demais Art.105 do ECA – criança pratica ato
casos. Depois de todo este procedimento, infracional e a diferença será em relação as
será liberado e devem os pais se encarregar medidas aplicáveis. Criança não passa pelo
de levar o menor para ser ouvido pelo o MP procedimento estudado acima, deve ser
no mesmo dia ou no dia útil seguinte. Logo, encaminhada ao Conselho Tutelar, e só
os pais devem prestar termo de recebe medidas de proteção.
compromisso.
INFRAÇÕES PREVISTAS NO ECA
2º) em sede ministerial – O Promotor vai Infrações praticadas contra a criança e
realizar a oitiva informal. Essa oitiva informal adolescente - se dividem em infrações
é do adolescente, dos pais, da vítima, das penais e infrações administrativas. Todos os
testemunhas. Depois da oitiva informal o MP crimes previstos no ECA são de ação penal
poderá: pública incondicionada.

 Promover o arquivamento ou Infrações penais (art.228 até at.244-B);


 Conceder remissão (perdão mesmo Infrações administrativas (art.245 em
quando o ato tiver sido praticado) – diante);
conforme art.126 e art.127 do ECA. Tal Crimes (alterados pela lei 11829/08) –
remissão importa em exclusão do processo, art.240, 241–A/B/C/D/E. Quase todas as
diferente da remissão concedida pelo Juiz, condutas descritas no art.240 e art.241
que importará em suspensão ou extinção do utilizam a expressão “cena de sexo explicito
processo e que poderá ser cumulada com ou pornográfica”. Para ter crime tem que ter
medida socioeducativa, exceto a de a elementar cena de sexo explicito ou
internação e de semiliberdade. pornográfica. Essa elementar é descrita pelo
art. 241 E do ECA.
 Oferecer representação – quando
institui peça processual e passa para a fase Art.241-E – conceito restritivo e se não se
judicial. A representação é peça processual encaixa no conceito não pode ter nenhum
que inicia a ação socioeducativa. A dos outros crimes acima. Foto de uma
representação independe de prova pré- criança de lingerie em pose sensual não é
constituída de autoria e materialidade. crime, pois não se encaixa no conceito do
art. 241E. Os crimes dos arts. 240 até 241D

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são tipos penais em branco, a serem Vender, fornecer, servir, ministrar ou


necessariamente complementados pelo art. entregar, ainda que gratuitamente, de
241E. qualquer forma, a criança ou a adolescente,
O legislador trouxe no art.241-E o conceito bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
de cena de sexo explicito e de cena produtos cujos componentes possam causar
pornográfica definindo esta última como dependência física ou psíquica:
aquela em que aparecem os órgãos genitais Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro)
da criança ou adolescente. Com isso, o anos, e multa, se o fato não constitui crime
legislador restringiu a aplicação de todos os mais grave
tipos penais que mencionam tais A referida lei também incluiu no ECA o artigo
expressões. 258 C:
Vender, expor a venda, oferecer, divulgar, Descumprir a proibição estabelecida no
publicar, adquirir, armazenar – qualquer inciso II do art. 81:
conduta dessas está descrita no art.241, Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais)
A/B/C/D do ECA, mas deverá ser a R$ 10.000,00 (dez mil reais);
complementada pelo artigo 241E. Medida Administrativa - interdição do
estabelecimento comercial até o
Atenção: O Art.241-D – só prevê criança e recolhimento da multa aplicada.
não adolescente. Aliciar é só criança. Se
aliciar e praticar o ato é estupro de
vulnerável (art. 217A do Código Penal)

Art.244-B do ECA – modalidade de


corrupção de menores. Prática de ato
infracional. Este artigo possui conduta que
antes era prevista na Lei 2252/54, que foi
revogada pela Lei 12015/09, tendo o crime
passado a ter previsão no ECA.

Crime de tortura contra criança e


adolescente – está previsto na lei de
tortura. A lei 9455/97 revogou o art.233 que
falava em tortura no ECA.

Art.243 do ECA – causar dependência ≠


art.33 da lei 11343/06. Se esse produto que
causa dependência for droga, o crime não
está no ECA e sim na lei de drogas. O STJ
entendia que a venda de bebida alcoolica
caracterizava a contravenção penal do artigo
63 da LCP (Lei de Contravenções Penais),
isso porque nos casos em que quis
mencionar a bebida alcoolica, o legislador o
fez expressamente, a exemplo do artigo 81
do ECA, tendo separado a bebida alcoolica
dos demais produtos que causam
dependência, não tendo mencionado
expressamente a bebida alcoolica no artigo
243.
No entanto, a lei 13106/15 entrou em vigor
no dia 18 de março de 2015, revogando a
contravenção penal do artigo 63, I da LCP e
dando nova redação ao artigo 243 do ECA:

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