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Design gráfico da capa: Maristela Mitsuko Ono


Projeto gráfico interno e diagramação: Ana Claudia França
Revisão das referências bibliográficas: Joyce Luciane Correia Muzi
Tradução português-espanhol da Apresentação: Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra
Impressão: Serzegraf Ind. Editora Gráfica Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

C569 Ciência, tecnologia e gênero : abordagens iberoamericanas /Marilia Gomes


de Carvalho, organizadora.—1. ed. Curitiba : Ed. UTFPR, 2011.
430 p. ; 23 cm

Vários autores
Texto em português e espanhol
Inclui bibliografias
ISBN : 978-85-7014-072-2

1. Mulheres na ciência. 2. Relações de gênero. 3. Tecnologia – Aspectos


sociais. 4. Feminismo. I. Carvalho, Marilia Gomes de, org. II. Título.
CDD (22. ed.) 500.82

Biblioteca Central da Universidade Tecnológica Federal do Paraná,


Campus Curitiba - Bibliotecário: Adriano Lopes CRB 9/1429

Printed in Brazil/ Publicado no Brasil


Junho de 2011
Sumário

SOBRE A CAPA DO LIVRO 09


SOBRE LA PORTADA DEL LIBRO 10
Maristela Mitsuko Ono

APRESENTAÇÃO 11
PRESENTACIÓN 27
Marilia Gomes de Carvalho

1 ¿PRESENTES Y ECLIPSADAS?
Maria Carme Alemany
43

2 CIENCIA Y TECNOLOGÍA: TRABAJO DE


MUJERES, VOCES DE MUJERES
Shirley M. Malcom
63

3 VIAJERAS, EXPLORADORAS Y OTRAS INTRÉPI-


DAS Y SUS CONTRIBUCIONES A LA CIENCIA
Patricia Tovar
81

• GÉNERO EN LA HISTORIA, FILOSOFÍA,


SOCIOLOGÍA Y POLÍTICA CIENTÍFICA
Y TECNOLÓGICA

4 O XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE
MEDICINA DE 1906, LISBOA, PORTUGAL:
99

UMA ABORDAGEM DE GÊNERO


Maria Margaret Lopes, Madalena Esperança Pina e
Maria de Fátima Nunes

5 LEER Y ESCRIBIR EN LENGUA MATERNA:


ANÁLISIS DEL USO DEL ESPAÑOL EN LA COMU-
115

NIDAD CIENTÍFICA INTERNACIONAL


Consuelo Miqueo
• SOBRE LAS PRIONERAS
14 TECNOLOGÍAS, CUERPOS SEXUADOS
Y DIFERENCIAS
307

6
Silvia García Dauder
MUJERES PIONERAS EN LA 149
CIENCIA ARGENTINA

15
Diana Maffía DICTADURA DEL CUERPO, PUBLICIDAD, 325
GÉNERO Y TRASTORNOS ALIMENTARIOS

7
Olga Bustus Romero
PIONERAS DE LA CIENCIA EN MÉXICO. 169
EL CASO DE LA UNIVERSIDAD NACIONAL
AUTÓNOMA DE MÉXICO • POLÍTICAS PÚBLICAS DE GÉNERO
Norma Blazquez y Olga Bustus Romero

16 POLÍTICAS PÚBLICAS DE GÊNERO: DESAFIOS 341

8 LAS PRECURSORAS: TENSIÓN Y SUBVERSIÓN


Lourdes Fernández Rius
197 PARA EFETIVAR A IGUALDADE
Nanci Stancki da Luz

9 MUJERES PIONERAS EN LAS CIENCIAS: UNA


MIRADA A LA REALIDAD EN IBEROAMÉRICA
Eulalia Pérez Sedeño
213
17 LAS MUJERES CUBANAS: EXPERIENCIAS DE 50
AÑOS DE POLÍTICAS DE EQUIDAD, CIENCIA Y
363

TECNOLOGÍA, BARRERAS Y DESAFÍOS


Lilliam Alvarez Díaz y Mayda Alvarez

10 CIENTÍFICAS QUE DEJAN HUELLA: 233


INTERACCIÓN ENTRE EXPERIENCIA VITAL Y
CONTRIBUCIÓN A LA CIENCIA
María José Barral Morán, Isabel Delgado Echeverría, Teresa
18 O PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE
GÊNERO: UMA POLÍTICA PÚBLICA FEMINISTA
Hildete Pereira de Melo
379

Fernández Turrado y Carmen Magallón Portolés

• CONCLUSIÓN
11 ÉLITES PROFESIONALES FEMENINAS.
EL CASO DE LAS ACADÉMICAS Y LAS
251
CONCLUSÃO - ESTUDOS DE GÊNERO, CIÊNCIA 407
CIENTÍFICAS: UN ANÁLISIS SOBRE EL
E TECNOLOGIA: ROMPENDO PARADIGMAS?
BINOMIO GÉNERO & PODER
Marilia Gomes de Carvalho
María Antonia García de Léon Álvarez

• CUERPOS Y DIFERENCIAS
SOBRE AS AUTORAS / SOBRE LAS AUTORAS 417

12 CUERPOS Y DIFERENCIAS
Eulalia Pérez Sedeño
291

13 TECNOLOGÍA Y CONTROL SOCIAL DE


LOS CUERPOS SEXUADOS
Diana Maffía
297
SOBRE A CAPA DO LIVRO

Maristela Mitsuko Ono

A composição gráfica da capa do livro baseia-se na perspectiva da


complexidade e transdimensionalidade da ciência, tecnologia e gê-
nero, no contexto da diversidade cultural. Aberta a múltiplas inter-
pretações, expressa – por meio da imagem de um conjunto de cli-
pes com variadas configurações e cores - a diversidade que coexiste
com padrões dinâmicos e em cujo contexto constroem-se práticas,
teorias e reflexões. Expressa, ainda, a desconstrução de conceitos,
ideias, representações e condutas de caráter reducionista, determi-
nista e discriminatório de gênero, ciência e tecnologia, representan-
do sua tessitura singular, interdependente e profunda, no âmbito
do conhecimento e da sabedoria – mediante a imagem do tecido
de fundo e do pote de pedra com água refletindo e refratando luz,
representando a cultura material e imaterial / espiritual, o tangível
e o intangível, o olhar atento, em busca de descobertas e inovações
- que conjugam a transdisciplinaridade e transdimensionalidade do
9
saber tácito e explícito, o fazer, as adaptações e transformações in-
dividuais e coletivas ao longo da história e da pluralidade das exis-
tências.
SOBRE LA PORTADA DEL LIBRO APRESENTAÇÃO

Maristela Mitsuko Ono Marilia Gomes de Carvalho

La composición gráfica de la portada del libro está basada en la Este livro foi organizado com a finalidade de divulgar as conferên-
perspectiva de la complexidad y transdisciplinariedad de la ciencia, cias e as palestras apresentadas nas mesas redondas do VIII Con-
tecnología y género, en el contexto de la diversidad cultural. Abier- gresso Iberoamericano de Ciência, Tecnologia e Gênero, na cidade
ta a múltiples interpretaciones, expresa – a través de la imagen de de Curitiba – Paraná/Brasil de 5 a 9 de abril de 2010.
un conjunto de clips con variadas configuraciones y colores – la di- Foi um evento importante para nosso país, pois pela primeira
versidad que coexiste con patrones dinámicos y en la cual se cons- vez recebeu um grupo significativo de cientistas das mais diferentes
truyen prácticas, teorías y reflexiones. Aún expresa la desconstruc- áreas do conhecimento e também de diferentes países, interessados
ción de conceptos, ideas, representaciones y conductas de carácter em trazer resultados de seus estudos e pesquisas, com a finalidade
reduccionista, determinista y discriminatorio de género, ciencia y de trocar experiências e conhecimentos relativos ao gênero e suas
tecnología, representando su tejido singular, interdependiente y intersecções com a ciência e a tecnologia.
profundo, en el ámbito del conocimiento y de la sabiduría – por Os temas e trabalhos apresentados e discutidos durante o
intermedio de la imagen del tejido de fondo y del bote de piedra Congresso revelaram os avanços que vêm acontecendo na produ-
con agua que reflete y refracta luz, representando la cultura material ção de conhecimento quando se trata de desvendar realidades que,
e imaterial / espiritual, el tangible y el intangible, la mirada atenta, muitas vezes por questões histórico-culturais, ficaram na invisibili-
en búsqueda de descubrimientos e innovaciones – que conjugan la dade ou não fizeram parte de interesses de pesquisas no decorrer da
10 11
transdisciplinariedad y transdimensionalidad del saber tácito y ex- história da ciência.
plícito, el hacer, las adaptaciones y transformaciones individuales y Temos certeza que o Congresso atingiu os objetivos propos-
colectivas a lo largo de la historia y de la pluralidad de existencias. tos que foram: criar um espaço de discussão entre pesquisadoras e
pesquisadores sobre a participação das mulheres no campo científi-
co-tecnológico das universidades e institutos de pesquisa dos países
iberoamericanos; visibilizar a participação feminina nas pesquisas
científico-tecnológicas em todas as áreas do conhecimento, propor-
cionando novas discussões epistemológicas e críticas, provenientes
tanto da crítica feminista da ciência, como das ciências sociais, bio-
lógicas e físicas; possibilitar o intercâmbio entre pesquisadoras e,
parcerias, estudos comparativos, enriquecendo assim as áreas da
ciência tecnologia e gênero; ampliar a inserção de pesquisadoras das conferências e mesas redondas, além das atividades culturais
e pesquisadores brasileiras/os no grupo de estudos iberoamerica- programadas. O número de participantes inscritos ultrapassou 350,
nos sobre ciência, tecnologia e gênero, ressaltando a importância dos quais a maioria foi de brasileiros, mas contamos também com
de se construir genealogias, redes e comunidades de conhecimento inscrições provenientes de outros países, especialmente dos países
que valorizem os contextos da sua produção, construção e trans- vizinhos.
missão; debater sobre a participação paritária de cientistas homens É importante trazer os títulos dos eixos temáticos que nor-
e mulheres nos postos de decisão de órgãos de fomento à pesquisa tearam as comunicações de pesquisa para que se possa conhecer e
científico-tecnológica, identificando os obstáculos que impedem avaliar a diversidade de assuntos tratados e problemáticas pesqui-
hoje a equidade de gênero nestes postos; e, finalmente, inserir na sadas. São questões relevantes para as mulheres que, muito prova-
discussão da ciência, tecnologia e gênero a temática da educação velmente, se fosse um Congresso organizado nos moldes da ciência
científico-tecnológica, propondo a criação de políticas públicas que clássica e androcêntrica, não seriam objeto de estudo. Foram em
conduzam à participação mais efetiva e igualitária das mulheres na número de 14 que apresentamos a seguir:
ciência e na tecnologia.
A quantidade de comunicações de pesquisa que prestigiaram Gênero da História, Filosofia e Sociologia da Ciência e da
os diferentes eixos temáticos estabelecidos para o Congresso reve- Tecnologia.
la uma participação significativa de pesquisadores de vários países Mulheres Pioneiras em Áreas Científicas e Tecnológicas
iberoamericanos que estiveram no Brasil representados. Dentre
Educação Científico-Tecnológica e Gênero
eles podemos citar, por exemplo, o México, com 43 trabalhos apre-
sentados, a Espanha, com 23 comunicações de pesquisa, pesqui- Gênero e Divulgação Científica e Tecnológica
sadores/as de Cuba enviaram 17 comunicações, Argentina esteve Discursos e Práticas Femininas na Ciência e Tecnologia
representada com 8 pesquisadores que participaram dos grupos de
comunicação, Portugal também se fez presente com a apresentação Gênero e o Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento Cientí-
de 8 resultados de pesquisa, da Venezuela recebemos 5 trabalhos, fico e Tecnológico
do Chile, apesar das dificuldades que o país enfrentava com o re- Divisão Sexual do Trabalho e Profissões Científicas e
cente terremoto ocorrido em 27 de fevereiro (dois meses antes do Tecnológicas
12 13
Congresso), recebemos 3 pesquisadores que apresentaram suas
Saúde, Ciência, Tecnologia e Gênero
pesquisas. Costa Rica, Honduras, Peru, Colômbia e Uruguai todos
com 2 representantes de cada país, também enriqueceram o debate Inovações Tecnológicas (Biotecnologia, Nanotecnologia,
que se estabeleceu naqueles dias do evento. Do Brasil, país sede do etc) e Gênero
evento, foram recebidos 113 comunicações, totalizando o número Design, Tecnologia e Gênero
de 227 trabalhos enviados para debate e discussão.
Além das apresentações destes trabalhos de pesquisa, tive- Mídia, Gênero e Tecnologia
mos ainda a inscrição de pesquisadoras e pesquisadores, dentre Gênero e Apropriações da Ciência e da Tecnologia
eles, professores universitários, estudantes de graduação e pós- Gênero e Tecnologias de Informação e Comunicação
graduação que estiveram presentes, assistindo e participando com
comentários e perguntas nos diferentes grupos dos eixos temáticos, Ciência e Tecnologia: Inclusão / Exclusão das Mulheres
Todos os trabalhos enviados para apresentação estão publi- var a pensar que as mulheres não tenham deles participado. Para
cados na íntegra no site http://www.ppgte.ct.utfpr.edu.br/even- ela “fazer ciência e criar tecnologia fazem parte do que significa ser
tos/cictg/ de modo que podem ser consultados via internet. Da humano”. No entanto, historicamente os homens passaram a ter
mesma forma, foi publicado um CD que foi distribuído a todos os o domínio sobre estes saberes e as mulheres foram excluídas das
inscritos no Congresso para que pudessem levar a seus países e suas escolas e das universidades.
instituições os artigos escritos. Neste capítulo a autora explora como a presença ou ausên-
A riqueza dos conteúdos apresentados nas conferências e as cia das mulheres na ciência e tecnologia afetaram a direção tomada
instigantes questões trazidas para debate pelas participantes das nestas áreas. Para ela investigações sobre a saúde e enfermidades
mesas redondas programadas nos estimularam à organização des- poderiam ser diferentes caso fossem realizadas por mulheres. Shir-
te livro, pois seus textos não estão publicados no site e tão pouco ley Malcom não chega a afirmar categoricamente que caso as pes-
compuseram o CD. O livro está organizado de maneira a trazer nos quisas fossem realizadas por mulheres, seus resultados seriam dife-
primeiros capítulos os textos das conferências, seguidos dos temas rentes, mas chama a atenção para a necessidade de realizar análises
das mesas redondas. Por esta razão, alguns capítulos possuem sub- para sabê-lo. A autora ressalta a importância de que as investigações
títulos que correspondem aos temas das referidas mesas. médicas não se baseiem apenas no corpo masculino, mas que levem
Com o primeiro capítulo, Presentes y Eclipsadas? Carme em consideração as especificidades do corpo feminino, tanto nos
Alemany fez a abertura do Congresso. A autora questiona o fazer diagnósticos como nos tratamentos.
científico baseado em princípios masculinos que deixaram as mu- Ela considera que a diversidade dos gêneros no campo da
lheres excluídas deste processo. Alerta para os perigos que o modelo ciência e da engenharia enriqueceria os trabalhos relacionados à
de desenvolvimento científico e tecnológico que se pauta naqueles tecnologia, contemplando outras questões, ausentes nos interes-
princípios trazem para o futuro do planeta e a continuidade da es- ses de muitos engenheiros homens. O resultado desta diversidade
pécie humana. Critica o modelo patriarcal de ciência e tecnologia, seria, por exemplo, a promoção do desenvolvimento sustentável.
onde há uma separação entre a humanidade e a natureza. Finalmente ela diz que o planeta necessita da visão das mulheres
O trabalho tradicionalmente realizado pelas mulheres de cui- e de suas vozes, unidas às dos homens, para buscar soluções aos
dar da vida, assim como a natureza, segundo Carme Alemany, não problemas existentes.
são considerados como parte do sistema econômico, o que permite O capítulo três, Viajeras, Exploradoras y otras Intrépidas
14 15
aos homens exercer seu domínio sobre ambos. Porém é o trabalho y sus contribuciones a la ciencia de Patricia Tovar, é o texto de
delas que sustenta a vida. A autora encerra este capítulo clamando uma conferência que chama atenção para a participação das mulhe-
as mulheres cientistas para buscarem novos métodos e novas pes- res em expedições científicas que têm sido comumente apresenta-
quisas a fim de que, ao deixarem de estar eclipsadas, possam encon- das como expedições compostas exclusivamente por pesquisadores
trar novos conhecimentos que garantam a sustentabilidade da vida homens. Ela faz uma retrospectiva histórica, desde a Grécia Antiga,
e da natureza. Idade Média, grandes navegações dos descobrimentos, expedições
Com a conferência Ciencia y Tecnología: trabajo de mu- científicas, a expansão marítima, as viagens do século XIX, até as
jeres, voces de mujeres, Shirley Malcom fez o encerramento do pioneiras na aviação e a conquista espacial.
Congresso. No início deste segundo capítulo ela questiona que Por meio desta trajetória a autora traz paulatinamente nomes
apesar de geralmente serem considerados saberes masculinos, tan- de mulheres, seus feitos e contribuições para a ciência e o conheci-
to a ciência como o conhecimento tecnológico, não nos podem le- mento dos novos territórios sob a ótica feminina. Dentre elas cita
antropólogas pioneiras, como por exemplo, a intrépida Margaret portância do uso da língua materna nos escritos científicos. Para a
Mead que com sua pesquisa entre os Samoa da Nova Guiné, trouxe comunidade científica tudo que não é escrito em língua inglesa é
material para a antropologia norte americana com conhecimentos considerado “ciência doméstica” ou de “circulação nacional” e não
sobre crescimento e adolescência e uma abordagem inusitada na- recebe o prestígio da comunidade dos cientistas. Consuelo Miqueo
quela sociedade com respeito à construção cultural dos mundos diz que centenas de homens e mulheres pensam, lêem e escrevem
masculinos e femininos. Outros feitos das mulheres viajantes e suas em espanhol, mas o fazem sentindo sua inferioridade científica, tal-
contribuições à ciência estão ressaltados no capítulo de Patrícia vez até mesmo depreciando sua língua materna.
Tovar. Partindo da história dos idiomas predominantes na constru-
Os capítulos que seguem a partir do número quatro referem- ção da ciência ocidental ele apresenta “os resultados de uma análise
se às falas das participantes das mesas redondas que ocorreram bibliométrica da literatura científica em espanhol, português e ou-
durante o Congresso. A mesa intitulada “Gênero na História, Filo- tros idiomas, em correlação com outros países, as áreas científicas e
sofia, Sociologia e Política Científica e Tecnológica” compõe dois instituições produtoras, o impacto e periodicidade das revistas ou
capítulos. O quarto capítulo O XV Congresso Internacional de o ilo de artigos”.
Medicina de 1906, Lisboa, Portugal: uma abordagem de gêne- Outra mesa redonda tratou sobre as mulheres pioneiras na
ro foi escrito por um grupo de pesquisadoras de Portugal, Maria ciência e tecnologia em diferentes países. O capítulo seis, escrito
Margaret Lopes, Madalena Esperança Pina e Maria de Fátima Nu- por Diana Maffía trata das Mujeres pioneras en la ciencia argen-
nes, onde elas trazem uma descrição deste Congresso e a pequena tina. Os registros sobre matrícula e titulação universitária segundo
participação das mulheres que encontravam diversas dificuldades o sexo surgem na Argentina somente a partir de 1940. A autora traz
para se inserirem no meio das ciências médicas da época. Dentre informações sobre a participação das cientistas argentinas nas ciên-
elas, a maioria eram francesas e norte-americanas, mas muitas eram cias médicas, ressaltando as mais reconhecidas, trata das mulheres
inscritas apenas com os sobrenomes de seus maridos e seus títu- astrônomas, citando seus nomes e feitos científicos, traz as cientistas
los – Dra. ou Professora – não eram mencionados como o eram na área de química e suas descobertas. Há ainda referências às mu-
para os homens. Eram anunciadas apenas como Madame ou Ma- lheres pioneiras na Antártida onde muitas delas (biólogas) fizeram
demoiselle, o que revela uma forma de discriminação. Em que pese pesquisas, contribuindo com descobertas importantes. Apesar das
esta diferença de tratamento e promoção entre cientistas homens e vicissitudes das viagens para esta região do globo, estas mulheres
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cientistas mulheres no congresso de medicina, as autoras revelam mostraram que foram capazes de participar das expedições científi-
que congressos feministas da época, que reuniam mulheres cien- cas, abrindo espaço para outras que as sucederam. Depois de trazer
tíficas profissionais, marcavam a contribuição das mulheres para a à visibilidade muitas outras cientistas argentinas, Diana Maffía con-
ciência. Elas concluem dizendo que o cruzamento dos nomes, so- clui este capítulo referindo-se à Dra. Ana Galimberti, uma médica
brenomes, temáticas de estudo destes diversos congressos repre- que se destacou na obstetrícia, sendo a primeira mulher que obteve
sentam um vasto campo de investigação para conhecer as relações uma cátedra como titular na Faculdade de Medicina da Universida-
entre os congressos científicos e os congressos feministas do início de de Buenos Aires. Ela destaca que estas mulheres pioneiras foram
do século XX. exemplos para outras mulheres que seguiram seu caminho.
No capítulo cinco, de Consuelo Miqueo, Leer y escribir Norma Blazquez e Olga Bustus Romero escreveram o ca-
en lengua materna: análisis del uso del español en la comuni- pítulo sete intitulado Pioneras de la ciencia en México. El caso
dad científica internacional, a autora chama a atenção para a im- de la Universidad Nacional Autónoma de México. O capítulo
está baseado em uma pesquisa cujos resultados são quantitativos apropriadas pelos homens. Segundo ela a ginecologia passou de
e qualitativos. O objetivo da pesquisa foi gerar referenciais para uma atividade exclusivamente feminina para a mão de médicos,
docentes e estudantes que buscam a equidade entre homens e através do uso de instrumentos como o fórceps ou medicalizando
mulheres na ciência e na academia. Foram entrevistadas mulhe- o corpo das mulheres. Ela diz que esta masculinização da gine-
res cientistas de diferentes áreas do conhecimento e os detalhes cologia e obstetrícia existe até os dias de hoje, pois não há uma
sobre suas carreiras e suas vidas particulares apresentados neste única catedrática desta especialidade na Universidade espanhola.
capítulo, segundo as autoras, poderão ajudar outras mulheres que O capítulo segue trazendo à visibilidade nomes de inúmeras cien-
estão iniciando suas atividades científicas. Além disso, com esta tistas espanholas de diferentes épocas e áreas do conhecimento,
pesquisa Norma Blazquez e Olga Bustus Romero deram visibili- ressaltando suas contribuições à ciência, mas que muitas ficaram
dade às mulheres pioneiras da UNAM. até então desconhecidas. Ainda há dificuldades de inserção de
No oitavo capítulo Lourdes Fernández Rius traz um tema mulheres na academia espanhola e os dados trazidos por Eulália
interessante para esta discussão. Com o título Las precursoras: Pérez Sedeño no final do capítulo são reveladores. Contudo, ela
tensión y subversión ela insere a questão da tensão que se cria ressalta a importância de se conhecer suas histórias a fim de enri-
com a participação cada vez maior das mulheres nas ciências e quecer as mulheres em todos os sentidos.
nas universidades. As tensões e contradições quase sempre levam O décimo capítulo foi escrito por María José Barral Morán,
a exclusões e discriminações que ao longo da história têm sido Isabel Delgado Echeverría, Teresa Fernández Turrado y Carmen
reproduzidas pela sociedade patriarcal. Sua pesquisa foi realizada Magallón Portolés, um grupo de pesquisadoras da Universida-
em Cuba e, assim como a do México, foi quantitativa e qualitativa. de de Zaragoza – Espanha. Com o título Científicas que dejan
A autora faz uma série de questionamentos sobre as dificuldades huella: interacción entre experiencia vital y contribución
de inserção das mulheres nas ciências em seu país, a falta de re- a la ciencia as autoras apresentam uma pesquisa realizada com
conhecimento pelo trabalho feminino por parte da comunidade mulheres cientistas daquela Universidade. Depois de explicarem
científica, universitária e da sociedade. Os dados quantitativos detalhes sobre os objetivos e a metodologia adotada nesta pes-
revelam como as mulheres cubanas estão em minoria não só nas quisa, elas apresentam alguns de seus resultados. A pesquisa foi
áreas científicas de maior prestígio, mas também nos níveis mais feita através da historiografia de mulheres cientistas do início do
altos de titulação e reconhecimento acadêmico. De acordo com século XX que já faleceram e através de entrevistas em profundi-
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Lourdes Fernández Rius os homens seguem sendo os protago- dade realizadas com cientistas atuais. Há uma comparação com
nistas da ciência. Por outro lado, a discriminação das mulheres as trajetórias das cientistas espanholas do início do século e as
nas ciências existe, porque o trabalho científico requer tempo e atuais. Para as primeiras, o grande obstáculo para seguirem uma
dedicação, mas elas sentem-se muito atingidas pela discriminação carreira científica eram os afazeres domésticos, a carga familiar,
a nível pessoal, envolvidas na esfera privada e familiar, além dos em particular o casamento. No grupo das cientistas atuais há uma
preconceitos sociais que enfrentam. minimização do assunto doméstico que não surge como um pro-
No capítulo de número nove, Eulália Pérez Sedeño fala blema a resolver. Se elas têm filhos, dividem com seus parceiros os
das Mujeres pioneras en las ciencias: una mirada a la realidad cuidados das crianças ou contam com a ajuda de outros familia-
en Iberoamérica. A autora inicia sua apresentação chamando a res. Muitas são colegas de seus maridos e compartilham com eles
atenção para o fato de que muitas atividades antes exercidas por dos mesmos interesses profissionais. Para as autoras deste capí-
mulheres, como por exemplo, a cura de doenças ou o parto, foram tulo os caminhos abertos que as mulheres cientistas pesquisadas
deixam para as que estão começando suas carreiras científicas não tação dos temas que serão debatidos nesta mesa e que comporão
é somente no âmbito da produção científica direta, mas também os próximos capítulos deste livro. Tomo aqui emprestadas as pa-
na sustentação e no engrandecimento da comunidade científica. lavras de Eulália Pérez Sedeño para apresentá-los.
O capítulo onze é o último que compôs esta mesa redon- Diana Maffía no seu trabalho Tecnología y control social
da. Foi escrito por María Antonia García de Léon Álvarez, que de los cuerpos sexuados, o capítulo treze, centra-se na discus-
lhe deu o título de Élites Profesionales Femeninas. El caso de são de como as diferenças visíveis entre os corpos (a genitalidade,
las académicas y las científicas: un análisis sobre el binomio a cor, as características étnicas, etc) serviram de suporte para a
Género&Poder. O conteúdo do capítulo está composto em pri- desigualdade política. O extraordinário avanço que a ciência e a
meiro lugar por uma comparação que a autora considera relevan- tecnologia proporcionaram para a reprodução, controle e preser-
te entre mulheres políticas e mulheres cientistas. Em seguida ela vação da vida, tem sua contrapartida quando na sua aplicação se
trata do poder acadêmico e científico como poderes androcêntri- produzem alguns estancamentos e retrocessos ideológicos. Por
cos. Traz detalhes biográficos de mulheres cientistas, ressaltando isso, Diana nos leva a refletir sobre a necessária conciliação entre
desafios que elas enfrentam para desenvolver suas carreiras e se igualdade e diferença, especialmente nas diferenças de gênero ba-
afirmarem no mundo científico e político e também as visões dife- seadas nos corpos, em casos complexos como intersexualidade.
rentes de homens e mulheres sobre suas atividades diante do po- Como construir a cidadania em corpos tutelados pela ciência que
der e da careira científica. Maria Antonia García de León Alvarez constrói violentamente a verdade de seu sexo? Os paradoxos que
conclui seu capítulo apresentando nove chaves de um problema se criam em crianças e adultos que não podem decidir sobre seus
que tem uma só origem: a divisão do trabalho e dos papéis de gê- próprios corpos demonstram, como indica Diana Maffía, onde
nero em uma sociedade patriarcal que projeta sua sombra sobre está o problema: não na tecnologia e na ciência, mas na autori-
toda a atividade humana. dade que detêm aqueles que decidem sobre o uso terapêutico de
A mesa redonda sobre cuerpos y diferencias compõe mais determinadas tecnologias.
quatro capítulos do livro. No décimo segundo capítulo, cujo tí- O trabalho de Silvia García Dauder compõe o capítulo qua-
tulo é Cuerpos y diferencias, Eulália Pérez Sedeño faz uma apre- torze e se intitula Tecnologías, cuerpos sexuados y diferencias.
sentação do tema desta mesa, ressaltando que a idéia surgiu a partir Centra-se na análise do “corpo múltiplo”, que não parte de uma
de um projeto de investigação dirigido por ela que se chama “Car- ideia pré-concebida do que é um corpo e quais são suas fronteiras,
20 21
tografías del cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y la tecnología”. mas dos muitos corpos produzidos por diferentes práticas biomédicas
Este projeto está no campo de estudos de Ciência, Tecnologia e as conexões parciais entre eles. Silvia se centra nos corpos se-
e Sociedade (CTS) e possui uma abordagem multidisciplinar. A xuados das tecnologias biomédicas e sua relação com as tecnolo-
autora chama a atenção que dentro deste campo de estudos abre- gias de comunicação, como mediadoras na produção de discursos,
se a possibilidade dos estudos de Ciência, Tecnologia e Gênero corpos e subjetividades em torno a intersexualidade e, portanto, nos
(CTG). Neste âmbito os processos e produtos das biociências e ideais reguladores sexo/gênero. Para isso, escolhe como caso de
biotecnologias estão condicionados por preconceitos de gênero estudo a evolução e a utilização dos testes de verificação de gêne-
e de sexo que contribuem para reforçar ou modelar os corpos e ro no esporte olímpico, como aparecem na imprensa esportiva.
seus significados sociais e de gênero, por isso o objetivo da mesa Olga Bustos Romero, no capítulo quinze, com o título:
foi trazer as contribuições mais recentes em torno dos assuntos Dictadura del cuerpo, publicidad, género y trastornos ali-
de ciência, tecnologia e corpo. Em seguida a autora faz a apresen- mentarios também incide em como os meios de comunicação,
concretamente a propaganda, tratam os corpos sexuados. Histo- mos chegar a uma sociedade mais justa. Ela não deixa de lembrar
ricamente existe uma ditadura dos corpos, especialmente das mu- que o movimento feminista tem um forte papel neste processo de
lheres, traduzida em vários tipos de violência. Estas diferenças se conquista por direitos iguais para as mulheres.
evidenciam na mídia, especialmente na propaganda, onde ainda A divisão sexual do trabalho no mercado e na família, que
se fomenta o culto antidemocrático à magreza extrema, que oca- estabelece o lugar do homem no primeiro plano e o da mulher no
siona o aparecimento de transtornos alimentares como a bulimia segundo, é uma das formas de minimizar as atividades femininas,
e a anorexia. A discussão no trabalho de Olga Bustus Romero se pois o trabalho doméstico realizado para a família pela mulher não
centra na importância de formar uma visão crítica das mídias, na possui o mesmo valor que o trabalho para o mercado, mantendo-
necessidade de formular e levar à prática políticas públicas e ele- a em uma posição desprivilegiada. Finalizando o capítulo a autora
var à categoria de lei a iniciativa já existente no México sobre o diz que é preciso que o Estado adote políticas que incorporem a
tema. perspectiva de gênero para que a sociedade busque um caminho
A última mesa redonda a ser apresentada é a que se refere verdadeiramente democrático.
às políticas públicas de gênero. Depois que todos os capítulos que Liliam Álvarez Díaz e Mayda Álvares tratam no capítulo
compõem este livro nos mostraram a situação de exclusão que dezessete de Las mujeres cubanas: experiencias de 50 años de
historicamente as mulheres sofreram nas ciências e na tecnologia políticas de equidad, ciencia y tecnología, barreras y desafíos.
e também depois de lermos acerca das conquistas já realizadas Parafraseando o resumo do capítulo enviado pelas autoras, afir-
por elas para que esta participação seja mais equitativa à dos ho- mam que neste artigo são apresentadas as políticas e ações con-
mens, resta um debate sobre as políticas de governo para saber- cretas de fundação e desenvolvimento da ciência e tecnologia em
mos quais medidas são ou poderiam ser tomadas a fim de agilizar Cuba, as oportunidade abertas de igualdade para todos e todas
este processo, criando condições para que aumente o número de para alcançar os conhecimentos e as carreiras de ciências e tecno-
mulheres principalmente nas áreas mais androcêntricas da ciên- lógicas. Apresentam-se indicadores de participação das mulheres
cia e da tecnologia, e assim se atinja o equilíbrio de gênero na pro- em diferentes países do mundo, segundo dados da UNESCO de
dução científico-tecnológica. 2009, e se aprofunda no caso de Cuba.
O capítulo dezesseis, escrito por Nanci Stancki da Luz cujo Experiências e avaliações realizadas nos diferentes anos
título é Políticas públicas de gênero: desafios para efetivar de pesquisa demonstram que, apesar de alguns dados estatísticos
22 23
a igualdade, parte de aspectos jurídicos sobre a importância de serem favoráveis, que demonstram o avanço das cubanas e das
concretizar direitos humanos. A autora desenvolve uma discussão ações afirmativas para a promoção da mulher, ainda existem al-
sobre igualdade e diferença, inserindo a questão da justiça para gumas discriminações, às vezes não tão claras, que corroboram os
alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Segundo ela este é processos de consciência herdados de um mundo androcêntrico
um grande desafio, especialmente em sociedades que se pautaram e patriarcal, que não se transforma em poucas décadas.
no modelo patriarcal, apesar dela considerar que este modelo não As autoras consideram que a Federación de Mujeres
é o único princípio estruturador da sociedade (se bem que preva- Cubanas, fundada no início da Revolução, tem uma grande histó-
lente), pois há também homens dominados por mulheres. Nanci ria de luta e conquista a nível político, jurídico e social. Seu Cen-
Stancki da Luz considera que a mudança cultural não acontece tro de Estudios de la Mujer tem importantes estudos realizados
apenas com uma legislação, mas ressalta a importância de fomen- ao longo de toda a ilha e que foram apresentados na mesa redon-
tar uma cultura de proteção aos direitos das mulheres, se quiser- da.
Finalmente, no décimo oitavo capítulo, Hildete Pereira de América Central e parte da América do Sul), há também um país
Melo traz um programa desenvolvido pela Secretaria de Políticas de língua portuguesa.
para Mulheres do Governo Federal brasileiro que promovia um Outra observação a ser feita é que os textos estão publica-
prêmio aos melhores trabalhos escritos sobre gênero de estudan- dos na forma original, tal como as autoras nos enviaram, portanto
tes do ensino médio, graduação, graduados, especialistas, estu- delegamos total responsabilidade a elas sobre a linguagem que
dantes de mestrado, mestres, e estudantes de doutorado. Com o seus capítulos apresentam.
título O prêmio Construindo a Igualdade de Gênero: uma po-
lítica pública feminista, ela desenvolve a descrição deste progra-
AGRADECIMENTOS
ma de governo, nas edições de 2009 e 2010. Os/as ganhadores/
as deste prêmio recebiam valores monetários e bolsas de iniciação Em primeiro lugar queremos agradecer às instituições financiadoras do
científica, mestrado e doutorado, além de computadores e outros VIII Congresso Iberoamericano, especialmente à Secretaria de Políticas
equipamentos importantes para o trabalho acadêmico. para Mulheres do Governo Federal Brasileiro, financiadora também
Após a descrição dos critérios e regras da premiação, a au- deste livro. Agradecemos ainda à Secretaria de Ciência e Tecnologia do
tora apresenta vários dados estatísticos sobre a participação dos Estado do Paraná, à Fundação Araucária, ao Sistema da Federação
estudantes de diferentes níveis de ensino desde o ano de 2005 das Indústrias (FIEP), à Empresa Itaipu Binacional, à Companhia de
até 2010, ou seja, em todas as suas edições. Nos itens finais deste Energia Elétrica do Paraná (COPEL), à Volvo do Brasil, pelo apoio
capítulo Hildete Pereira de Melo explora os conteúdos de alguns financeiro. Ao Magnífico Reitor da Universidade Tecnológica Federal do
trabalhos escritos que concorreram a este prêmio. Houve uma su- Paraná - UTFPR, Professor Carlos Eduardo Cantarelli, ao Diretor do
premacia feminina dentre as/os participantes e, segundo a autora, Campus Curitiba desta Universidade, Professor Dr. Marcos Flávio de
as inscrições foram crescendo ano a ano. Oliveira Schiefler Filho, aos professores e funcionários do Programa de
Na conclusão, Marília Gomes de Carvalho faz um balanço Pós-Graduação em Tecnologia da UTFPR, pelo apoio institucional. Ao
dos conteúdos do livro, propondo a seguinte questão: Estudos Comitê organizador, principalmente à doutoranda em Tecnologia e Se-
de ciência, tecnologia e gênero: rompendo paradigmas? Es- cretária do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia - PPGTE, Lin-
creve sobre os desafios e avanços da participação das mulheres damir Salete Casagrande, pelo competente apoio administrativo e por
na ciência e tecnologia, explora a diversidade de possibilidades “apagar os incêndios” que sempre acontecem na organização de eventos
24 deste porte. À Profa. Dra Maristela Mitsuko Ono, pela qualidade na 25
de estudos neste campo do conhecimento e sugere a necessidade
de explicações específicas para os estudos de CTG na América elaboração do design gráfico e pela supervisão do trabalho de informa-
Latina. Finalmente a autora indaga: a maior participação das mu- tização do Congresso e à bolsista estagiária Camila Hanako Nishihara
lheres na produção científico-tecnológica pode trazer alterações de Albuquerque pela sempre pronta disponibilidade de realização deste
nos paradigmas científicos? trabalho. À Profa. Dra. Nanci Stancki da Luz, pela organização das
Antes de encerrar esta apresentação deve-se explicar que o apresentações dos trabalhos dos eixos temáticos, à mestranda do PPG-
livro traz capítulos em espanhol e português, de acordo com a na- TE, Joyce Luciane Correia Muzi, pelo trabalho de tradução português-
cionalidade de suas autoras. Como o Congresso é Iberoamerica- espanhol-português, à Dra. Cristina Tavares da Costa Rocha, pesqui-
no, estamos assim contemplando a língua dos países da Península sadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e
Ibérica (Espanha e Portugal) e também dos países latino-ameri- Tecnologia - GeTec, pela organização e seleção da mostra de vídeos,
canos que, apesar de serem a maioria de língua hispânica (toda a à doutoranda do PPTGE, Maria Aparecida Fleury Costa Spanger
pela organização das atividades culturais e à também doutoranda do
PPGTE, Giovana Pezarico, pela confecção dos certificados. Agradece-
mos ainda às pesquisadoras e pesquisadores do GeTec que colaboraram
nos trabalhos que envolviam o Congresso desde o início deste processo e PRESENTACIÓN
às empresárias da Lazuli Eventos, pelo esforço e eficiente apoio no tra-
balho de organização do evento. Agradecemos também a todos e todas Marilia Gomes de Carvalho
bolsistas do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia (Mestrado e
Doutorado) pelo trabalho logístico durante todos os dias do Congresso.
Somos gratas ainda à fotógrafa Socorro Araujo, pela mostra fotográfica
“Poética feminina de Francisco”.
La organización de este libro tiene como finalidad divulgar las con-
ferencias y las ponencias presentadas en las mesas redondas del VIII
Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología y Género realiza-
do en la ciudad de Curitiba – Paraná / Brasil del 5 al 9 de abril de
2010.
El Congreso fue un evento importante para el país que, por
primera vez, recibió un grupo representativo de científicos de di-
ferentes áreas de conocimiento y nacionalidades, motivados por
presentar los resultados de sus estudios e investigaciones, con el
objetivo de intercambiar experiencias y conocimientos relativos al
género y sus relaciones con la ciencia y la tecnología.
Los temas y trabajos presentados y discutidos durante el
Congreso revelaron los últimos avances en la producción del cono-
cimiento en lo que se refiere a desvelar realidades que, muchas ve-
ces por cuestiones histórico-culturales, se mantuvieron al margen o
26 27
no formaron parte del interés de las investigaciones a lo largo de la
historia de la ciencia.
Estamos seguros de que el Congreso alcanzó los objetivos
propuestos, que fueron: crear un espacio de discusión entre las
investigadoras y los investigadores sobre la participación de las
mujeres en el campo científico-tecnológico de las universidades
e institutos de investigación de los países iberoamericanos; hacer
visible la participación femenina en las investigaciones científico-
tecnológicas de todas las áreas de conocimiento, motivando nue-
vas discusiones epistemológicas y críticas provenientes, tanto de la
crítica feminista de la ciencia, como de las ciencias sociales, bioló-
gicas y físicas; posibilitar el intercambio y las asociaciones entre Educación Científico-Tecnológica y Género
investigadores, estudios comparativos, enriqueciendo las áreas de Género y Divulgación Científica y Tecnológica
la ciencia, la tecnología y el género; ampliar la inserción de inves-
tigadoras e investigadores brasileñas/os en el grupo de estudios Discursos y Prácticas Femeninas en la Ciencia y la Tecno-
iberoamericanos sobre ciencia, tecnología y género, destacando logía
la importancia de construir genealogías, redes y comunidades de Género y el Sistema de Investigación y Desarrollo Científi-
conocimiento que valoren los contextos de producción, construc- co y Técnico
ción y trasmisión; discutir la participación paritaria de científicos
División Sexual del Trabajo y Profesiones Científicas y
hombres y mujeres en puestos de decisión de órganos de fomento
Tecnológicas
a la investigación científico-tecnológica, identificando los obstá-
culos que impiden la equidad de género en estos puestos en los Salud, Ciencia, Tecnología y Género
días de hoy; y, finalmente, inserir en la discusión de la ciencia, la Innovaciones Tecnológicas (Biotecnología, Nanotecnolo-
tecnología y el género la temática de la educación científico-tecno- gía, etc.) y Género
lógica, proponiendo la creación de políticas públicas que motiven
a la participación efectiva e igualitaria de las mujeres en la ciencia Diseño, Tecnología y Género
y en la tecnología. Media, Género y Tecnología
Además de las presentaciones de los trabajos de investiga-
Género y Apropiaciones de la Ciencia y de la Tecnología
ción, contamos con la participación de investigadoras e investiga-
dores - profesores universitarios, estudiantes de graduación y pos- Género y Tecnologías de la Información y la Comunica-
grado - que estuvieron presentes, escuchando y participando en las ción
conferencias con comentarios y preguntas en los diferentes grupos Ciencia y Tecnología: Inclusión / Exclusión de las Mujeres
de los ejes temáticos, de las conferencias y mesas redondas, ade-
más de participar en las actividades culturales programadas. Fue- Todos los trabajos enviados para presentación aparecen
ron más de 350 inscritos, de los cuales la mayoría eran brasileños y publicados integralmente en la página web http://www.ppgte.
los demás de otros países, especialmente de los países vecinos. ct.utfpr.edu.br/eventos/cictg/ y allí pueden consultarse. Del mis-
28 29
Es importante presentar los títulos de los ejes temáticos que mo modo, se publicó un CD distribuido a todos los inscritos en
guiaron las comunicaciones, para que se pueda conocer y evaluar el Congreso, que pudieron llevar a sus respectivas instituciones y
la diversidad de los temas abordados y las problemáticas investiga- países todos los artículos escritos para el evento.
das. Se trata de cuestiones relevantes para las mujeres y que, muy La diversidad de contenidos presentados en las conferencias
probablemente, si el Congreso hubiera sido organizado en los mo- y las provocativas cuestiones llevadas a debate por los participan-
delos de la ciencia clásica y androcéntrica, no serían objeto de es- tes de las mesas redondas nos estimularon a organizar este libro,
tudio. Fueron 14 los ejes temáticos, presentados a continuación: pues los textos que aquí presentamos no están disponibles en la
página web ni tampoco en el CD. El libro presenta en los primeros
Género de la Historia, Filosofía y Sociología de la Ciencia y capítulos los textos de las conferencias, seguidos por los temas de
de la Tecnología las mesas redondas. Por esta razón, algunos capítulos llevan subtí-
Mujeres Pioneras en Áreas Científicas y Tecnológicas tulos que corresponden a los temas de las referidas mesas.
El primer capítulo, ¿Presentes y Eclipsadas?, es el texto camente en el cuerpo masculino, sino que consideren las especifi-
de Carmen Alemany, leído en la apertura del Congreso. La auto- cidades del cuerpo femenino, tanto en los diagnósticos, como en
ra cuestiona el trabajo científico basado en principios masculinos los tratamientos.
que excluyeron a las mujeres. Llama la atención sobre los peligros Considera que la diversidad de los géneros en el ámbito de
que el modelo de desarrollo científico y tecnológico que se apoya la ciencia y de la ingeniería enriquecería los trabajos relacionados
en aquellos principios acarrea para el futuro del planeta y la con- con la tecnología, contemplando otras cuestiones ausentes en los
tinuidad de la especie humana. Critica el modelo patriarcal de la intereses de los ingenieros hombres. El resultado de esta diversidad
ciencia y de la tecnología, en el cual se separan la humanidad y la sería, por ejemplo, la promoción del desarrollo sostenible. Final-
naturaleza. mente, afirma que el planeta necesita la visión de las mujeres y sus
Según Carmen Alemany, el trabajo de cuidar de la vida, rea- voces, unida a la de los hombres, para buscar soluciones a los pro-
lizado tradicionalmente por las mujeres, y la naturaleza, no son blemas existentes.
considerados parte del sistema económico, lo que permite a los El capítulo tres, Viajeras, Exploradoras y otras Intrépi-
hombres ejercer el dominio sobre ambos. Sin embargo, es el tra- das y sus contribuciones a la ciencia, de Patricia Tovar, es el
bajo de ellas el que mantiene la vida. La autora concluye este capí- texto de una conferencia sobre la participación de las mujeres
tulo clamando a las mujeres científicas que busquen nuevos méto- en expediciones científicas, comúnmente organizadas exclusiva-
dos y nuevas investigaciones a fin de que dejen de estar eclipsadas mente con la participación de investigadores hombres. La autora
por los hombres y puedan encontrar nuevos conocimientos que realiza un estudio retrospectivo histórico, desde la Grecia Anti-
garanticen la sustentabilidad de la vida y de la naturaleza. gua, Edad Media, grandes navegaciones de los descubrimientos,
Shirley Malcon realizó la clausura del Congreso con la con- expediciones científicas, la expansión marítima, los viajes del siglo
ferencia Ciencia y Tecnología: trabajo de mujeres, voces de XIX, hasta las pioneras en la aviación y en la conquista espacial.
mujeres Al iniciar este segundo capítulo, afirma que, pese a que A través de esta trayectoria, Tovar presenta paulatinamente
la ciencia y el conocimiento tecnológico sean considerados sabe- nombres de mujeres, sus hechos y contribuciones para la ciencia
res masculinos, no podemos pensar que las mujeres no participan y el conocimiento de los nuevos territorios bajo la óptica feme-
de ellos. Para Malcon, “hacer ciencia y crear tecnología forma par- nina. Entre las citadas aparecen las antropólogas pioneras como
te de lo que significa ser humano”. Sin embargo, históricamente la intrépida Margaret Mead, que, con su investigación entre los
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los hombres pasaron a tener el dominio sobre estos saberes y las Samoa de Nueva Guinea, contribuyó a la antropología estadouni-
mujeres fueron excluidas de las escuelas y de las universidades. dense con conocimientos sobre crecimiento y adolescencia y un
En este capítulo la autora discute cómo la presencia o la abordaje inusitado sobre la construcción cultural de los mundos
ausencia de las mujeres en la ciencia y en la tecnología afectaron masculinos y femeninos. Otros hechos de las mujeres viajeras y
a la dirección que siguieron estas áreas. Para la autora, las inves- sus contribuciones para la ciencia se destacan en el capítulo de
tigaciones sobre la salud y las enfermedades podrían ser distin- Patricia Tovar.
tas si hubieran sido llevadas a cabo por mujeres. Shirley Malcom Los capítulos siguientes se refieren a las comunicaciones
no afirma categóricamente que los resultados serían diferentes si realizadas por los participantes de las mesas redondas que tuvie-
las investigaciones fueran realizadas por mujeres, pero llama la ron lugar en el Congreso. La mesa titulada “Género en la Histo-
atención sobre la necesidad de considerarlo. La autora destaca la ria, Filosofía, Sociología y Política Científica y Técnica” compone
importancia de que las investigaciones médicas no se basen úni- los dos capítulos siguientes. El cuarto capítulo, O XV Congresso
Internacional de Medicina de 1906, Lisboa, Portugal: uma Otra mesa redonda trató sobre las mujeres pioneras en la
abordagem de gênero, fue escrito por un grupo de investigadoras ciencia y en la tecnología en diferentes países. El capítulo seis, es-
de Portugal – Maria Margaret Lopes, Madalena Esperança Pina y crito por Diana Maffía, trata de las Mujeres pioneras en la ciencia
Maria de Fátima Nunes. Las autoras presentan una descripción argentina. Los registros sobre la matrícula y la titulación universi-
del Congreso de 1906 y señalan la modesta participación de las taria según el sexo surgen en Argentina solamente a partir de 1940.
mujeres, que encontraban muchas dificultades para inserirse en La autora presenta informaciones sobre la participación de las cien-
las ciencias médicas de la época. De las participantes, la mayoría tíficas argentinas en las ciencias médicas (destacando las más reco-
eran francesas y estadounidenses, pero muchas se inscribían con nocidas), trata de las mujeres astrónomas (citando sus nombres y
los apellidos de sus maridos, y sus títulos – Doctora o Profesora hechos científicos), presenta a las científicas en el área de química
– no se mencionaban como en el caso de los hombres. Eran anun- y sus descubrimientos. También referencia a las mujeres pioneras
ciadas como Madame o Mademoiselle, lo que revela una forma de en la Antártida, donde muchas biólogas realizaron investigaciones,
discriminación. Pese a la diferencia de tratamiento y promoción contribuyendo con importantes descubrimientos. A pesar de las
entre científicos hombres y mujeres en el congreso de medicina, vicisitudes de los viajes a esta región del globo, dichas mujeres de-
las autoras revelan que los congresos feministas en la época, que mostraron ser capaces de participar en las expediciones científicas,
reunían a mujeres científicas profesionales, imprimían la contri- abriendo espacio para otras que las sucedieron. Tras presentar mu-
bución de las mujeres para la ciencia. Concluyen afirmando que chas otras científicas argentinas, Diana Maffía concluyó este capí-
el cruce de nombres, apellidos y temáticas de estudio de estos tulo haciendo referencia a la Dra. Ana Galimberti, una médica que
diversos congresos representa un vasto campo de investigación se destacó en la obstetricia, siendo la primera mujer en obtener una
para conocerse las relaciones entre los congresos científicos y los cátedra en la Facultad de Medicina de la Universidad de Buenos Ai-
congresos feministas del inicio del siglo XX. res. Finalmente, destaca que estas mujeres pioneras sirvieron como
En el capítulo cinco, Leer y escribir en lengua materna: ejemplo a otras mujeres que siguieron sus caminos.
análisis del uso del español en la comunidad científica inter- Norma Blázquez y Olga Bustus Romeno escribieron el capí-
nacional, Consuelo Miqueo destaca la importancia del uso de tulo siete titulado Pioneras de la ciencia en México. El caso de
la lengua materna en los escritos científicos. Para la comunidad la Universidad Autónoma de México. El estudio se basa en una
científica todo lo que no está escrito en lengua inglesa es conside- investigación cuyos resultados son cuantitativos y cualitativos. El
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rado “ciencia doméstica” o de “circulación nacional” y no recibe objetivo de la investigación fue generar referenciales para docentes
el prestigio de la comunidad científica. La autora afirma que cen- y estudiantes que buscan la equidad entre hombres y mujeres en la
tenares de hombres y mujeres piensan, leen y escriben en español ciencia y en la universidad. Fueron entrevistadas mujeres científicas
pero lo hacen sintiendo su inferioridad científica, quizá incluso de diferentes áreas de conocimiento. Según las autoras, los detalles
depreciando su lengua materna. sobre sus carreras y sus vidas privadas, presentados en este capítulo,
Tomando como punto de partida la historia de los idiomas podrán ayudar a otras mujeres que están iniciando sus actividades
predominantes en la construcción de la ciencia occidental, pre- científicas. Además de eso, con esta investigación Norma Blázquez
senta “los resultados de un análisis bibliométrico de la literatura y Olga Bustus Romeno dieron visibilidad a las mujeres pioneras de
científica en español, portugués y otros idiomas, en correlación la UNAM.
con otros países, las áreas científicas e instituciones productoras, En el octavo capítulo, Lourdes Fernández Rius discute un
el impacto y periodicidad de las revistas o el tipo de artículos”. tema interesante. Con el título Las precursoras: tensión y sub-
versión introduce la discusión de la tensión que se crea con la par- embargo, destaca la importancia de que se conozca la historia a fin
ticipación cada vez más efectiva de las mujeres en las ciencias y de enriquecer a las mujeres en todos los sentidos.
en las universidades. Las tensiones y contradicciones casi siempre El décimo capítulo fue escrito por María José Barral Morán,
llevan a exclusiones y discriminaciones que a lo largo de la historia Isabel Delgado Echeverría, Teresa Fernández Turrado y Carmen
fueron reproducidas por la sociedad patriarcal. Su investigación Magallón Portolés, un grupo de investigadoras de la Universidad
fue realizada en Cuba y, como el estudio mexicano, fue de carácter de Zaragoza – España. Bajo el título Científicas que dejan huellas:
cuantitativo y cualitativo. La autora cuestiona las dificultades de interacción entre experiencia vital y contribución a la ciencia,
inserción de las mujeres en las ciencias en su país, la falta de reco- las autoras presentan una investigación realizada con mujeres cien-
nocimiento del trabajo femenino por parte de la comunidad cien- tíficas de la Universidad de Zaragoza. Tras explicar detalles sobre
tífica universitaria y de la sociedad. Los datos cuantitativos revelan los objetivos y la metodología adoptada en la investigación, la ilus-
cómo las mujeres cubanas son minoría no sólo en las áreas cientí- tran con algunos de los resultados. La investigación fue realizada a
ficas más prestigiadas, sino también en los niveles más altos de ti- través de la historiografía de mujeres científicas del inicio del siglo
tulación y reconocimiento académico. Según Lourdes Fernández XX, que ya han muerto, y de entrevistas realizadas a científicas de
Ruis, los hombres siguen siendo los protagonistas de la ciencia. la actualidad. Se comparan las trayectorias de las científicas espa-
Por otra parte, la discriminación de las mujeres existe porque el ñolas del inicio del siglo y de las actuales. Para las primeras el gran
trabajo científico exige tiempo y dedicación, y ellas se sienten muy obstáculo para seguir una carrera científica eran los quehaceres do-
afectadas por la discriminación a nivel personal, involucradas en mésticos, la carga familiar, en particular, el matrimonio. En el grupo
la esfera privada y familiar, además de los prejuicios sociales que de las científicas actuales hay una minimización del tema domésti-
enfrentan. co, que no aparece como un problema pendiente. Si tienen hijos,
En el capítulo nueve, Eulalia Pérez Sedeño escribe sobre las comparten con sus parejas los cuidados de los niños o cuentan con
Mujeres pioneras en las ciencias: una mirada a la realidad en la ayuda de familiares. Muchas son compañeras de trabajo de sus
Iberoamérica. La autora inicia su texto llamando la atención so- maridos y comparten los mismos intereses profesionales. Para las
bre el hecho de que muchas actividades que eran realizadas por autoras de este capítulo los ejemplos que las mujeres científicas in-
mujeres, como la cura de enfermedades o el parto, se las apropia- vestigadas dan a las que están empezando sus carreras científicas
ron los hombres. Según la autora la ginecología dejó de ser una ac- no se resumen al ámbito de la producción científica directa, sino
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tividad exclusivamente femenina para caer en manos de médicos también a la manutención y al engrandecimiento de la comunidad
hombres, con el uso de instrumentos como el fórceps y medicinas. científica.
Comenta que la masculinización de la ginecología y de la obste- El capítulo once es el último de esta mesa redonda. Fue es-
tricia existe hasta nuestros días, pues no existe ninguna catedrá- crito por María Antonia García de Léon Álvarez, que le dio el títu-
tica de esta especialidad en la Universidad española. El capítulo lo Élites Profesionales Femeninas. El caso de las académicas y
sigue dando visibilidad a innumerables científicas españolas de las científicas: un análisis sobre el binomio Género&Poder. El
diferentes épocas y áreas de conocimiento, destacando sus contri- contenido del capítulo se compone, en primer lugar, de una com-
buciones para la ciencia, pese a que muchas sigan siendo ilustres paración realizada por la autora entre mujeres políticas y mujeres
desconocidas hasta ahora. Aún existen dificultades en la inserción científicas. En seguida, trata sobre el poder académico y científico
de mujeres en la universidad española y los datos presentados por como poderes androcéntricos. Presenta detalles biográficos de mu-
Eulalia Pérez Sedeño al final de su capítulo son reveladores. Sin jeres científicas, destacando los desafíos con los que se enfrentan
para desarrollar sus carreras y afirmarse en el mundo científico y po- los cuerpos, en casos complejos como la intersexualidad. ¿Cómo
lítico, y también las diferentes visiones de hombres y mujeres sobre construir la ciudadanía en cuerpos tutelados por la ciencia, que
sus actividades ante el poder y la carrera científica. María Antonia construye violentamente la verdad de su sexo? Las paradojas que
García de León Álvarez concluye su capítulo presentando nueve se producen en niños o adultos que no pueden decidir sobre sus
respuestas al problema que tiene un único origen: la división del propios cuerpos señalan, como indica Diana Maffía, dónde está
trabajo y de los roles de género en una social patriarcal que proyec- el problema: no en la tecnología y la ciencia, sino en la autoridad
ta su sombra sobre toda actividad humana. que detentan quienes deciden el uso terapéutico de determinadas
La mesa redonda sobre cuerpos y diferencias es la que da tecnologías.
origen a los cuatro capítulos siguientes de este libro. En el déci- El trabajo de Silvia García Dauder, compone el capítulo ca-
mo segundo capítulo, cuyo título es Cuerpos y diferencias, Eula- torce y se llama Tecnologías, cuerpos sexuados y diferencias.
lia Pérez Sedeño presenta el tema de esta mesa, destacando que la Se centra en el análisis del “cuerpo múltiple”, que no parte de una
idea surgió a partir de un proyecto de investigación dirigido por idea prefijada de lo que un cuerpo es y cuáles son sus fronteras, sino
ella, titulado “Cartografías del cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y de los muchos cuerpos producidos y realizados por diferentes prácticas
la tecnología”. Este proyecto se inscribe en el campo de estudios bio-médicas y las conexiones parciales entre ellos. En especial, Sil-
de Ciencia, Tecnología y Sociedad (CTS) y consiste en un aborda- via se centra en los cuerpos sexuados de las tecnologías biomédi-
je multidisciplinar. La autora destaca que dentro de este campo de cas en intersección con las tecnologías de la comunicación, como
estudios se abre la posibilidad de los estudios de Ciencia, Tecnolo- mediadoras en la producción de discursos, cuerpos y subjetividades en
gía y Género (CTG). En este ámbito, los procesos y productos de torno a la intersexualidad y, por tanto, en los ideales reguladores
las biociencias y biotecnologías se condicionan por prejuicios de sexo/género. Para ello escoge como caso de estudio la evolución
género y sexo que contribuyen a reforzar o a modelar los cuerpos y utilización de los tests de verificación de género en el deporte
y sus significados sociales y de género. El interés de la mesa era pre- olímpico, en concreto tal y como aparece en la prensa deportiva.
sentar las contribuciones más recientes sobre los temas de ciencia, Olga Bustos Romero en el capítulo quince, con el título:
tecnología y cuerpo. A continuación, la autora presenta los temas Dictadura del cuerpo, publicidad, género y trastornos alimen-
que serán discutidos en esta mesa y que componen los capítulos si- tarios, también incide en cómo los medios de comunicación, en
guientes de este libro. Tomo prestadas las palabras de Eulalia Pérez concreto a través de la publicidad, tratan a los cuerpos sexuados.
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Sedeño para presentarlos. Históricamente ha habido una dictadura sobre los cuerpos, en es-
Diana Maffía en su trabajo Tecnología y control social de pecial los de las mujeres, que se traduce también en varios tipos
los cuerpos sexuados, el capítulo trece, se centra en cómo las di- de violencia. Estas diferencias quedan evidenciadas en los media,
ferencias visibles entre los cuerpos (la genitalidad, el color, los ras- específicamente en la publicidad, donde se sigue fomentando el
gos étnicos y otros) han sido el soporte material de la desigualdad culto a la hiper-delgadez, que resulta de lo más antidemocrático,
política. El extraordinario avance que la ciencia y la tecnología han incidiendo asimismo en los trastornos alimentarios como bulimia
aportado a la reproducción, al control y a la preservación de la vida, y anorexia. La discusión en el trabajo de Olga Bustus Romero se
pero tiene su contrapartida cuando en su aplicación se producen centra en la importancia de formar audiencias críticas hacia los
algunos estancamientos y retrocesos ideológicos. Por eso, Diana media, en la necesidad de formular y llevar a la práctica políticas
nos lleva a reflexionar sobre la conciliación necesaria entre igual- públicas y elevar a rango de ley la iniciativa ya existente sobre el
dad y diferencia, en especial en las diferencias de género basadas en tema en México.
La última mesa redonda es la que se refiere a las políticas pú- Lilliam Álvarez Diaz y Mayda Álvarez tratan en el capítulo
blicas de género. Después que todos los capítulos que componen diecisiete sobre Las mujeres cubanas: experiencias de 50 años
este libro nos enseñaron la situación de exclusión que sufrieron his- de políticas de equidad, ciencia y tecnología, barreras y desa-
tóricamente las mujeres en las ciencias y en la tecnología y también fíos. Parafraseando el resumen del capítulo enviado por las auto-
tras leer sobre las conquistas realizadas por ellas en una participación ras, afirman que en este trabajo se presentan las políticas y acciones
más equitativa con los hombres, falta un debate sobre las políticas de concretas de fundación y desarrollo de la ciencia y la tecnología en
gobierno para saber qué medidas son o podrían ser tomadas a fin de Cuba, las oportunidades abiertas por igual para que todas y todos
acelerar este proceso, creando condiciones para que se aumente el accedan a los conocimientos y a las carreras de ciencias y técnicas. Se
número de participación de las mujeres principalmente en las áreas muestran indicadores de participación de las mujeres en diferentes
más androcéntricas de la ciencia y de la tecnología y que así se alcan- países del mundo, según datos de la UNESCO del 2009 y en parti-
ce el equilibrio de género en la producción científico-tecnológica. cular se profundiza en el caso de Cuba.
El capítulo dieciséis, escrito por Nanci Stancko da Luz cuyo Experiencias y valoraciones recogidas en varios años de inves-
título es Políticas públicas de gênero: desafio para tornar efeci- tigación demuestran que, a pesar de tener algunas estadísticas acep-
va a igualdade, parte de aspectos jurídicos sobre la importancia de tables que muestran los avances de las cubanas y de las acciones
concretizar los derechos humanos. La autora lleva a cabo una discu- afirmativas para la promoción de la mujer, subsisten aún rezagos
sión sobre igualdad y diferencia, incluyendo la cuestión de la justicia y discriminaciones a veces no tan obvias, y que corroboran que los
para alcanzar la igualdad entre hombres y mujeres. Según la inves- procesos de la conciencia, heredados de un mundo androcéntrico y
tigadora este es un gran desafío, especialmente en sociedades que patriarcal, no se transforman en pocas décadas.
se basaron en el modelo patriarcal, a pesar de considerar que este Las autoras consideran que la Federación de Mujeres Cu-
modelo no es el único principio estructurador de la sociedad (aun- banas, fundada justo al comienzo de la Revolución, tiene una larga
que sea el prevaleciente), pues también existen hombres dominados historia de luchas y logros en los planos político, jurídico y social.
por mujeres. Nanci Stancki da Luz considera que el cambio cultural Su Centro de Estudios de la Mujer muestra importantes investiga-
no se lleva a cabo solamente con la legislación, sino resalta la impor- ciones y estudios realizados a lo largo y ancho de la Isla, que fueron
tancia de fomentar una cultura de protección a los derechos de las expuestos en la mesa redonda.
mujeres si queremos llegar a ser una sociedad más justa. Resalta que Finalmente, en el décimo octavo capítulo, Hildete Pereira de
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el movimiento feminista tiene un papel de destaque en el proceso de Melo presenta un programa desarrollado por la Secretaría de Políti-
conquista por derechos iguales para las mujeres. cas para Mujeres del Gobierno Federal brasileño, que otorgaba un
La división sexual del trabajo en el mercado laboral y en la premio a los mejores trabajos sobre género escritos por estudiantes
familia, que establece al hombre en primer lugar y a la mujer en se- de enseñanza secundaria, graduación, graduados, especialistas, estu-
gundo, es una de las formas de minimizar las actividades femeninas, diantes de maestrías, másters y estudiantes de doctorado. Con el tí-
pues el trabajo doméstico realizado para la familia por la mujer no tulo O prêmio Construindo a Igualdade de Gênero: uma políti-
recibe el mismo valor que el trabajo para el mercado, manteniéndo- ca pública feminista, desarrolla la descripción de este programa de
la en una posición desfavorecida. Finalizando el capítulo, la autora gobierno, en las ediciones de 2009 y 2010. Los/as ganadores/as de
afirma que es necesario que el Estado adopte políticas que incorpo- este premio recibían valores monetarios y becas de iniciación cien-
ren la perspectiva de género para que la sociedad busque un camino tífica, maestría y doctorado, además de ordenadores y otros equipos
verdaderamente democrático. importantes para el trabajo académico.
Después de la descripción de los criterios y reglas de premia- financia este libro. Nuestros agradecimientos a la Secretaria de Ciência e
ción, la autora presenta varios datos estadísticos sobre la participa- Tecnologia do Estado do Paraná, a la Fundação Araucária, al Sistema
ción de los estudiantes de diferentes niveles de enseñanza desde el da Federação das Indústrias (FIEP), a la empresa Itaipu Binacional, a
año 2005 al 2010, es decir, en todas sus ediciones. En los apartados la Companhia de Energia Elétrica do Paraná (COPEL), a la Volvo de
finales de este capítulo Hildete Pereira de Melo discute los conte- Brasil, por el apoyo financiero. Al Excelentísmo Rector de la Universida-
nidos de algunos de los trabajos presentados para el premio. Hubo de Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Profesor Carlos Eduardo
una supremacía femenina entre los/as participantes y, según la auto- Cantarelli, al Director del Campus Curitiba de esta Universidad, Pro-
ra, las inscripciones fueron creciendo año tras año. fesor Dr. Marcos Flávio de Oliveira Schiefler Filho, a los profesores y
En la conclusión, Marília Gomes de Carvalho realiza un ba- funcionarios del Programa de Posgrado en Tecnología de la UTFPR,
lance de los contenidos del libro proponiendo la cuestión: Estudos por el apoyo institucional. Al Comité organizador, principalmente a
de ciência, tecnologia e gênero: rompendo paradigmas? Escribe la doctoranda en Tecnología y secretaria del Programa de Posgrado en
sobre los desafíos y avances de la participación de las mujeres en la Tecnología - PPGTE, Lindamir Salete Casagrande, por el competente
ciencia y la tecnología, explora la diversidad de posibilidades de es- apoyo administrativo y por “apagar fuegos” que siempre ocurren en la
tudios en este campo de conocimiento y sugiere la necesidad de ex- organización de eventos de este porte. A la Profa. Dra Maristela Mit-
plicaciones específicas para los estudios de CTG en América Latina. suko Ono, por la calidad de la elaboración del diseño gráfico y por la
Finalmente, la autora indaga: ¿la mayor participación de las mujeres supervisión del trabajo de informatización del Congreso y a la becaria
en la producción científico-tecnológica puede acarrear alteraciones Camila Hanako Nishihara de Albuquerque, por su disponibilidad para
en los paradigmas científicos? realizar este trabajo. A la Profa. Dra. Nanci Stancki da Luz, por la or-
Antes de concluir esta presentación me gustaría explicar que ganización de las presentaciones de los trabajos de los ejes temáticos, a la
el libro presenta capítulos en español y en portugués, según la nacio- estudiante de maestría del PPGTE, Joyce Luciane Correia Muzi, por el
nalidad de las autoras. Como el Congreso es Iberoamericano, con- trabajo de traducción portugués-español-portugués, a la Dra. Cristina
templamos las lenguas de los países de la Península Ibérica (España Tavares da Costa Rocha, investigadora del Grupo de Estudos e Pesqui-
y Portugal) y también de los países latinoamericanos que, a pesar sas sobre Relações de Gênero e Tecnologia - GeTec, por la organización
de ser en su mayoría de lengua española (toda América Central y y selección de la muestra de vídeos, a la doctoranda PPTGE, Maria
parte de la América del Sur), cuentan con un país representante de Aparecida Fleury Costa Spanger, por la organizacion de las actividades
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la lengua portuguesa. culturales y también a la doctoranda del PPGTE, Giovana Pezarico,
Otra observación importante es que todos los textos apare- por la confección de los certificados. Agradecemos también a las inves-
cen publicados en su forma original, como fueron enviados por las tigadoras e investigadores del GeTec que colaboraron con los trabajos
autoras, y es de su total responsabilidad el lenguaje y las discusiones desde el principio y a las empresarias de Lazuli Eventos, por el esfuerzo y
realizadas en los capítulos que presentan. eficiente apoyo en la organización del evento. Nuestros agradecimientos
a todos y todas las becarias del Programa de Posgrado en Tecnología
(maestría y doctorado) por el trabajo logístico durante todos los días del
AGRADECIMIENTOS
Congreso. Damos las gracias también a la fotógrafa Socorro Araujo, por
Queremos agradecer en primer lugar a las instituciones financiadoras la muestra fotográfica “Poética feminina de Francisco”.
del VIII Congreso Iberoamericano, especialmente a la Secretaria de
Políticas para Mulheres del Gobierno Federal Brasileño, que también
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¿PRESENTES Y ECLIPSADAS?

Maria Carme Alemany

En primer lugar quiero dar las gracias a las organizadoras del Con-
greso por haberme invitado a impartir esta conferencia de aper-
tura del VIII Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología y
Género. Estoy muy contenta de estar entre todas vosotras y voso-
tros y de poder compartir estos días de intercambio y de reflexión
colectiva.
Cuando acepté dar esta conferencia, me propuse elaborarla
tomando como punto de partida las propuestas que presenté en
la conferencia que impartí en Brasilia en el 2º Encontro Nacional de
Núcleos e Grupos de Pesquisa en junio de 2009 sobre la evaluación
de la ley de Igualdad en España y su aplicación en la Universi-
dad.
En aquel momento dije que la igualdad entre hombres y
mujeres en la Universidad es ante todo una cuestión de justicia. 43
Sin embargo, añadí que la igualdad no debe reducirse a la pers-
pectiva cuantitativa, sino que la igualdad a la cual quise referirme
no corresponde a las correcciones menores o a los gestos de in-
clusión en las políticas contra la discriminación, sino a la reivin-
dicación del derecho de que las mujeres negras, indias, blancas,
mestizas puedan acceder a la Universidad con voz propia.

¿ Por qué la igualdad no puede limitarse al aspecto cuantita-


tivo?
Si nos limitamos a reivindicar la presencia de las mujeres en la uni-
versidad desde el punto de vista cuantitativo, hoy en día, en mu-
chos países, las mujeres blancas han conseguido el acceso a los estu- la producción del conocimiento, ya que dicha universidad, por
dios universitarios, en igual o mayor proporción que los hombres. su carácter patriarcal, representa y fomenta el desarrollo del co-
En España, por ejemplo, las mujeres representan casi el 55% del nocimiento elaborado por los hombres, considerado éste como el
alumnado universitario y el 50,2% de los estudiantes de docto- único válido y posible.
rado (datos de 2008). Sin embargo, las mujeres negras, indias o El movimiento feminista, que es la revolución social más
mestizas no han conseguido todavía esta igualdad, por lo tanto importante del siglo XX y la que ha conseguido, sin violencia,
nos encontramos todavía ante una situación de injusticia cuando más cambios en las relaciones sociales, ha dado voz propia a las
el análisis del acceso de las mujeres a los estudios universitarios se mujeres. Como señala Griselda Pollock “las mujeres ya no nos de-
interrelaciona con la clase social y la etnia. jamos decir lo que hemos de hacer”1.
Además, si se observa la posición de las mujeres en la Uni- En lo que concierne la Universidad, a medida que las mu-
versidad en los puestos de docencia, se encuentran mayores dife- jeres feministas han sido más numerosas en la Academia han po-
rencias comparadas con los hombres. En España, las profesoras dido dedicar sus esfuerzos a la búsqueda de las aportaciones a la
representan el 37%, pero cuando se analizan los puestos de mayor ciencia de las mujeres que les han precedido y que habían sido
categoría la discriminación de las mujeres aumenta. Así las mu- invisibilizadas o capitalizadas por los hombres. Éste ha sido el pri-
jeres catedráticas (categoría superior entre el profesorado) solo mer trabajo que han realizado las mujeres en el espacio académi-
representan un 15% del total de esta categoría; en los tribunales co: dar visibilidad y atribuir su justo valor a las aportaciones
de tesis sólo el 10,6% están presididos por una mujer; y entre el de las mujeres a la ciencia y la tecnología. Este trabajo ha des-
resto de miembros de los tribunales sólo hay un 18% de mujeres velado que la ciencia y la tecnología es parcial e incompleta ya que
(datos de 2008). su desarrollo solo se ha basado en la experiencia masculina y ha
Estos datos de España, no difieren de la situación en otros excluido el saber de las mujeres.
países europeos y muy probablemente que en vuestros países se Ahora bien, no se trata de añadir las aportaciones de las mu-
pueden encontrar diferencias semejantes e incluso que en algu- jeres al conocimiento elaborado por los hombres, como un mero
nos de ellos se constatan aún mayores desequilibrios. suplemento de los estudios e investigaciones de éstos o como una
También si analizamos la participación de las mujeres por aportación marginal, sino que hay que darles su real significado:
áreas de conocimiento nos encontramos con poca presencia fe- el de la aportación de otra mirada a la ciencia y la tecnología, la
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menina, especialmente en las áreas tecnológicas. cual nunca podrá ser un añadido, sino que representa un cuestio-
Sin embargo, en lo que quisiera insistir es que nuestro pun- namiento radical al conjunto del saber actual.
to de mira no debe reducirse a un simple programa de medi- Asimismo, el trabajo que se ha efectuado desde el feminis-
das correctoras. Nuestro objetivo no debe limitarse a aumentar mo ha sido construir pensamiento a través de la elaboración de
la presencia de las mujeres, aun cuando sea una cuestión de justi- nuevas preguntas y nuevos interrogantes, lo que ha requerido sa-
cia, ya que si se reduce la igualdad a términos cuantitativos como lir fuera del cuerpo o de doctrinas o del espacio que se considera
si se tratase de un fin en si mismo, se corre el riesgo de tomar las como la Ciencia reconocida, para plantear nuevos métodos, nue-
trayectorias y el hacer de los hombres como un modelo al que las vos instrumentos y nuevos conceptos. Salir fuera, porque, como
mujeres deben asemejarse, e incorporar su manera de producir la decía Anna Bosch refiriéndose a las instituciones patriarcales
Ciencia y la Tecnología como un referente. Cuando ello sucede, (como es la propia Universidad), “no son el lugar donde se pueda
las mujeres están presentes en la Universidad pero eclipsadas en desarrollar otro discurso”2. Dicho discurso solo se puede desarro-
llar en los espacios donde las mujeres nos reunimos para intercam- hoy frente a los problemas que plantea la Ciencia y la Tecnología
biar experiencias y repensar el mundo bajo una nueva mirada. desarrolladas por los hombres. Esta es la tarea urgente que tene-
Estos espacios propios, hechos a nuestra medida, nos ofrecen mos planteada las mujeres universitarias: encontrar otras maneras,
las condiciones de libertad en los que se pueden expresar opiniones desarrollar otros métodos y elaborar nuevos conceptos para poder
discordantes e intuiciones disonantes que permiten crear los ins- elaborar pensamiento propio que transgreda el orden patriarcal, y
trumentos intelectuales necesarios para pensar desde nosotras. cabe insistir en que sólo se podrá llevar a cabo a partir de los espa-
Este Congreso es un espacio propio, donde las mujeres nos cios de mujeres donde se pueda pensar, innovar e investigar desde
podemos dar autoridad las unas a las otras para revisar uno a uno la libertad.
todos los conceptos que hemos aprendido, seleccionar aquellos El pensamiento feminista no ha alcanzado todavía de-cons-
que de algún modo aún nos sirven y rechazar sin complejos aque- truir todos los ámbitos de la ciencia y la tecnología, de manera que
llos que no están hechos a nuestra medida. Congresos de este tipo es necesario someter a revisión crítica todos los campos del cono-
son la ocasión para aunar esfuerzos, construir redes y consolidar cimiento, “ver con nuevos ojos, entrar en el viejo texto desde una nueva
las relaciones entre mujeres de distintas áreas de conocimiento y dirección crítica” como indica Adrienne Rich3.
de distintas culturas o geografías. Todo ello, para hacer fecundar Como sabemos, la ciencia y la tecnología son dos elementos
nuevos conocimientos y formular nuevos temas y perspectivas de clave del actual sistema económico ya que constituyen la base del
investigación. modelo industrial y tecnológico que lo sostienen. Contrariamente
Es a través de estos encuentros que las mujeres feministas a la manera según la cual se nos presentan la ciencia y la tecno-
hemos logrado construir nuevos instrumentos, nuevos métodos logía, no son elementos neutros sino que están articuladas con el
y nuevos conceptos especialmente en el ámbito de las ciencias capitalismo neoliberal y lo sostienen. Además se nos imponen a
sociales. Hemos podido construir una nueva mirada sobre la rea- través del modelo industrial y tecnológico como si fuera el único
lidad que nos rodea y desvelar el funcionamiento de la sociedad modelo de desarrollo posible. Un modelo de desarrollo iniciado e
patriarcal capitalista. Hemos logrado elaborar con voz propia la implantado en los países del Norte y que se pretende expandir en
interpretación de la sociedad desde el saber y el hacer de las muje- los países del Sur.
res. Este trabajo de reinterpretación lo hemos podido llevar a cabo En este contexto, no hay que olvidar que se trata de un
desde los espacios propios de mujeres como son los Seminarios o modelo de desarrollo industrial y tecnológico que está ponien-
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grupos de estudios de las mujeres (women’s studies), o los Congre- do en peligro la vida en el planeta y por lo tanto, la continuidad
sos que incluyen la perspectiva de género, etc. es decir desde la ha- de la especie humana.
bitación propia de la que hablaba Virginia Wolf, donde es posible Sólo recordaré aquí algunas de sus características, a través de
situarse “desde la otra orilla del abismo”, para sustraernos el pen- ejemplos muy concretos:
samiento patriarcal y recuperar nuestra propia mirada. Este es el
sentido que da Elena Grau cuando se refiere al libro Tres Guineas - Extrae del medio natural los recursos que precisa sin tomar
de Virginia Wolf, en el que la autora responde a un hombre que le en consideración que estos recursos son limitados. Distintas
pide colaboración para evitar la guerra: “La mejor manera de ayu- investigaciones han puesto de relieve que si se sigue el rit-
darlo a evitar la guerra no consiste en repetir sus palabras y en seguir mo actual de extracción, los recursos no renovables como el
sus métodos, sino en encontrar nuevas palabras y nuevos métodos”. La agua, la tierra, los minerales, el petróleo, el gas se llegarán a
misma respuesta de Virginia Wolf, la hemos de dar las mujeres de agotar.
- También los recursos renovables como la pesca, la madera, problemas ecológicos del sistema, no se ha avanzado en nada en
están amenazados cuando el ritmo de renovación natural es cuanto a la toma de medidas correctoras mientras que los proble-
inferior al ritmo de extracción, que es lo que ya está ocurrien- mas continúan agravándose.
do. Vosotras sabéis cuán amenazados están los bosques de En España, el desastre del buque petrolero Prestige en la cos-
vuestros países, la deforestación que se está realizando en la ta norte cubrió de alquitrán y de residuos contaminantes las costas
Amazonia y el riesgo que ello supone para vuestros países y gallegas y cantábricas hasta llegar al Atlántico, lo que puso al des-
el conjunto del planeta. cubierto los problemas que acarrea el modelo energético basado
En cuanto a la pesca no sólo se están expoliando los recursos en el petróleo, modelo que generó la segunda revolución indus-
naturales sino que se recurre además a su reproducción en trial y que ha incidido en el crecimiento de la economía que hasta
piscifactorías a través de métodos de reproducción intensiva la actualidad parece imposible de frenar. Ahora bien, la marea del
que a largo plazo no son inocuos para la salud humana. Prestige obligó a plantearse el coste de este modelo energético. Los
medios de comunicación desvelaron que las rutas del petróleo que
- Los residuos que se producen a lo largo del proceso pro- atraviesan los mares y océanos dejan a su paso toneladas de crudo
ductivo, retornan al medio ambiente en forma sólida, líquida al limpiar los tanques de los buques que lo transportan y que existen
o gaseosa. Este tipo de residuos contaminan el medio, tanto refinerías volantes instaladas en buques transoceánicos que vierten
por la cantidad emitida (p.e. los purines) como por sus com- los residuos en el mar con el fin de evitar pagar los costes de trata-
ponentes (toxicidad de pesticidas, fertilizantes, conservan- miento que acarrea tratarlos en las refinerías terrestres sometidas a
tes, etc.). la legislación vigente. También evidenciaron que los accidentes de
- El acceso a los recursos disponibles sólo está limitado por los buques que transportan crudo son frecuentes, pero que no son
la capacidad económica para obtenerlos, de manera que se noticia cuando no tienen mucha envergadura o no ocurren cerca
establecen a nivel mundial flujos de recursos que circulan de la costa. Además desvelaron que las plataformas petroleras que
desde el Sur al Norte, que el sistema de transporte requeri- extraen el crudo en aguas internacionales actúan sin ninguna clase
do precisa mucha energía y además es contaminante y que a de control, tanto en lo que se refiere a los residuos derivados del tra-
ello hay que añadir que tienen extremadas repercusiones en tamiento del crudo, como lo que respecta a las propias plataformas,
el reparto justo de los recursos naturales entre toda la especie ya que éstas son hundidas cuando son obsoletas. Como consecuen-
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humana. cia de todo ello, la flora y la fauna marinas se contaminan con estos
residuos que pueden llegar hasta dañar nuestro organismo a través
- Este modelo de desarrollo genera, por lo tanto graves pro-
de la cadena trófica.
blemas ecológicos: cambio climático, inundaciones, sequías,
Tampoco se puede silenciar que el control de las reservas
pérdida de la capa del ozono, lluvia ácida, deforestación, con-
petroleras de Oriente Próximo ha provocado y está provocando di-
taminación de las aguas tanto fluviales como marinas, pérdi-
versos conflictos bélicos de una envergadura importante.
da de la biodiversidad, desertización, pérdida de suelo fértil,
El conjunto de factores enumerados permite, hoy, que pue-
residuos nucleares y otras consecuencias del mismo tipo.
dan valorarse los costes directos e indirectos del modelo energético
No obstante, a pesar de haberse cumplido más de quince basado en el petróleo y que sea necesario plantearse si un modelo
años desde la Cumbre de la Tierra y de haberse celebrado poste- tan costoso para la vida en general y la vida humana en particular
riormente diferentes conferencias internacionales para tratar de los puede y debe mantenerse.
No obstante, este cuestionamiento no ha incidido todavía en naturaleza porque se sentía incapaz de controlarla, como máximo
las altas esferas de los países generadores del modelo de desarro- llegó a entender sus procesos y a utilizarlos en beneficio propio
llo que nos incumbe y los partidarios del crecimiento económico (el fuego, la caza, la agricultura, la cerámica …). Dichas relaciones
ilimitado no se muestran interrogados por dichas cuestiones que empezaron a cambiar durante la época moderna con la revolución
consideran totalmente alarmistas a la vez que invocan la inexisten- científica. La historia de la ciencia y la tecnología nos muestra que
cia de alternativas. en el siglo XVII Francis Bacon construyó la teoría de que la huma-
Ahora bien, sabemos que existen alternativas, sabemos que nidad tenía que “torturar la Naturaleza para que libere sus secre-
hay otros modelos energéticos que pueden resolver nuestras nece- tos”. En aquella época se empezó a elaborar una filosofía que se-
sidades de menos contaminante y sin los costes del petróleo, tanto paraba al hombre de su cuerpo, negando su componente orgánica
desde el punto de vista de la oferta como de la demanda. En el ám- y situándole como el rey de la creación. Descartes con su famosa
bito de la oferta sabemos que se puede producir energía con mucha frase “pienso, luego existo” resumió toda una manera de entender
menor contaminación: las energías renovables (eólica, hidráulica, la humanidad y sus relaciones con la naturaleza.
solar …), o el metano, el hidrógeno… En el ámbito de la demanda, Progresivamente, la ciencia se construyó de forma interrela-
se deben buscar las soluciones en el ahorro energético con el fin de cionada con la idea que se deben utilizar todos los medios que sean
disminuir el consumo. A la vez que hay que generar nuevos hábi- necesarios para obtener conocimiento. De este modo, se ha cons-
tos de consumo, apoyados en la responsabilidad de las personas en truido “la ciencia y la tecnología sin tener en cuenta que los seres
base a una conciencia de igualdad planetaria que tenga en cuenta humanos son parte de la naturaleza, que somos mortales, que nues-
no sólo el ahorro a corto plazo, en beneficio de las generaciones tro cuerpo es parte de la naturaleza y que está sujeto a las mismas
presentes, sino también a largo plazo pensando en las generaciones necesidades materiales que los restantes seres vivos. Necesidades
futuras. que se hacen más complejas por el carácter social de la humanidad”
Estas estrategias no sólo son válidas en relación a los recursos (Anna Bosch, 2003)4.
energéticos sino que también son válidas para el conjunto de los Sin embargo, no se trata de un olvido involuntario de las con-
recursos. En este sentido cabe poner de relieve que sólo el desarro- diciones materiales más primarias de los seres humanos ya que si
llo sostenible y el llamado decrecimiento en los países del Norte se tuvieran en cuenta evidenciarían la dependencia humana de la
– son posibles, ya que continuar el crecimiento de este modelo en tierra y de la materialidad de nuestro cuerpo y la trayectoria que
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los países del Norte y expandirlo además en los países del Sur es el la ciencia y la tecnología han desarrollado no hubiera sido posible
camino al desastre planetario. Cuando pensamos en la lucha contra ni la naturaleza hubiera podido convertirse en mera materia prima
la pobreza, ya sea en los países del Norte o en los países del Sur, no para la producción.
podemos dejarnos seducir por el modelo de desarrollo capitalista La filósofa Hannah Arendt lo expresa así: “La Tierra es la
neoliberal que conocemos, ya que no es viable, dado que la lista de misma quintaesencia de la condición humana y la naturaleza terre-
catástrofes acarreadas por el “mal desarrollo” es interminable. nal según lo que sabemos, quizás sea la única en todo el universo
Este modelo corresponde a una determinada manera de que proporciona a los seres humanos un hábitat donde moverse y
entender las relaciones entre la especie humana y la naturale- respirar sin esfuerzo ni artificio”5.
za. El modelo científico y tecnológico actual se fundamenta en
No siempre las relaciones entre la especie humana y la na- la concepción errónea de que la naturaleza, el medio ambiente
turaleza han sido iguales. Durante siglos, la humanidad respetó la son elementos ajenos a nuestra realidad y se pueden manipular de
cualquier manera, hasta el punto que cada vez que se produce un Ynestra King13 dice que “las mujeres habrían sido depositarias
impacto negativo, se dedican más esfuerzos en elaborar un elemen- de un secreto escabroso: que la humanidad emerge de la naturaleza
to corrector - sin ni tan siquiera evaluar las consecuencias de éste no humana. Un secreto que las mujeres no han podido divulgar por-
- que en estudiar las causas que lo han producido. En definitiva, no se que no tenían voz”. Anna Bosch14 señala que “ahora, con la palabra
tiene en cuenta el impacto de las intervenciones humanas en la natu- recuperada, estamos en condiciones de romper el secreto y hacer
raleza y en la vida humana. visible la existencia de un puente entre la naturaleza y la cultura, un
El cáncer, el sida, se cobran diariamente víctimas en todo el puente de doble dirección por el que las mujeres hemos transitado
mundo, pero también en los países del Norte que se creen inmunes durante siglos. Ahora, estamos en condiciones de hacer visibles las
a la contaminación que provocan. Otras enfermedades, menos gra- pruebas que el patriarcado ocultó”.
ves que las citadas, afectan también a la salud de la especie humana Las mujeres tenemos la capacidad de experimentar en nuestro
desde la infancia, tales como: las alergias, las infecciones de garganta, cuerpo la emergencia de la vida y ello nos facilita identificarnos más
el asma, la bronquitis crónica y las enfermedades de la piel, dolencias fácilmente con los procesos de las demás especies vivas. Sin duda, las
todas ellas debidas a la contaminación atmosférica. La arrogancia hu- mujeres estamos más cercanas a la naturaleza porque, ni aunque qui-
mana no tiene límite cuando se plantea que en lugar de estudiar a siéramos, no podemos negar nuestro cuerpo.
fondo las causas de las enfermedades y dolencias y tomar las medidas No obstante, la experiencia femenina del cuerpo, de la vida y
adecuadas para evitarlas decide investigar la manera de modificar los de las relaciones con la naturaleza no son valoradas en la civilización
genes humanos para hacerlos resistentes a las enfermedades. humana. Dar la vida, no todas las mujeres desean o pueden realizarlo,
No tiene freno cuando en vez de estudiar cómo evitar la conta- pero desarrollar las tareas del cuidado, la atención a los enfermos y
minación se plantea crear bacterias capaces de digerir esta contami- los ancianos, limpiar y mantener el orden necesario para vivir digna-
nación, sin evaluar las consecuencias de este invento de laboratorio mente, dar el tiempo y las atenciones necesarias para que los niños
sobre las personas y la naturaleza . Por ejemplo, cuando se produjo crezcan y lleguen a adultos, desarrollar la capacidad de dar el afecto
el derrame de petróleo con el accidente del Prestige, en aguas de mi y la ternura que la humanidad precisa para vivir, buscar el alimento
país, se creó una bacteria capaz de engullir el petróleo que se había in- imprescindible, son tareas que las mujeres han realizado a lo largo de
crustado en las costas gallegas. Los científicos han hecho caso omiso la historia y continúan haciendo en la actualidad en todas las culturas
de lo que podía pasar con esta bacteria o como podía afectar a otros humanas. Y estas tareas son fundamentales para mantener la especie
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seres vivos. El orgullo humano llega a tal extremo que ni tan siquiera humana. Se trata de unas tareas imprescindibles para la supervivencia
se cree en la necesidad de aplicar criterios preventivos. de la especie, pero que son invisibles, explotadas, desvalorizadas y no
recompensadas. Según Ynestra King este trabajo de las mujeres es el
La desconexión entre la humanidad y la naturaleza es la expre- que permite la socialización de lo orgánico y por lo tanto, establece
sión del orden patriarcal una conexión entre la naturaleza y la cultura que el sistema patriarcal
Pensadoras ecofeministas como Vandana Shiva6, Maria Mies7, Ca- ha separado. Sin esta práctica de la cultura de la vida, la humanidad
rolyn Merchant8, Bina Agarwal, Barbara Holland-Cunz9 , Val Pla- habría desaparecido. Sin la afectividad y el soporte cotidiano que los
mmwood10, Ynestra King11 y Karen Warren12 , independientemente hombres reciben de las mujeres, éstos no podrían soportar el mundo
de sus teorizaciones, pueden ser agrupadas por un objetivo común: que ellos mismos han creado. Pero a estos trabajos no se les atribuye
afirmar la existencia de una relación entre el dominio patriarcal de las ningún valor, al contrario, frecuentemente permanecen invisibles, y
mujeres y el dominio de la Naturaleza. cuando aparecen en escena se consideran tareas de tercer orden.
El modelo industrial y tecnológico que está destruyendo el lugar de trabajo, sino su completo ciclo vital y la reproducción
planeta forma parte del sistema económico capitalista neoliberal de las futuras generaciones. Sin este trabajo invisible que hacen
y garantiza perfectamente los objetivos de este sistema: que las mayoritariamente las mujeres no habría ni mano de obra ni
empresas obtengan beneficios ilimitados, ignorando el bienes- existencia humana.
tar de las personas. Como bien indica Cristina Carrasco15: “Entre Es decir, la economía no es un sistema cerrado, sino que sólo
la sostenibilidad de la vida humana y el beneficio económico, nuestras puede existir de forma interrelacionada con la naturaleza y gracias
sociedades patriarcales capitalistas han optado por este último. Esto al trabajo femenino de procurar y cuidar la vida.
significa que las personas no son el objetivo social prioritario, no son Desde la ecología se ha puesto de relieve la aportación y
un fin en si mismas, sino que están al servicio de la producción” y se la incidencia negativa en la naturaleza, sin que ambas aparezcan
ha convertido a las personas en instrumentos de la economía (ser como costes, a lo que se le llama “las externalidades” del sistema,
consumidores siempre deseantes de nuevos productos y produc- evidenciando la dependencia de la economía en relación con el
tores-fuerza de trabajo). medio ambiente que provee recursos y asimila residuos. Desde el
Hace casi una década que desde la economía feminista se feminismo se plantea otra “externalidad”: el trabajo de las muje-
está desarrollando un pensamiento crítico respecto al funcio- res para sostener la vida, al cual no se le otorga valor alguno.
namiento económico de la sociedad patriarcal-capitalista y que El patriarcado al identificar las mujeres con la naturaleza
plantea la necesidad de situar la sostenibilidad de la vida en el las coloca en un ámbito subalterno, a menudo invisible. Vandana
centro de toda la actividad colectiva, de manera que se conside- Shiva16 afirma que “la violencia contra la naturaleza y las mujeres
re como objetivo prioritario el mantenimiento y el cuidado de la forma parte de la percepción que se tiene de ambas y constituye la
población. Esta visión crítica conduce a rechazar la búsqueda del base actual del paradigma de desarrollo”.
beneficio económico como eje regulador y exige que la sociedad En el ejercicio de esta violencia simbólica, el patriarcado ca-
se organice entorno de las necesidades de las personas, en lugar pitalista ha identificado las mujeres y la naturaleza y las ha situado
de dar prioridad a los rendimientos del capital. al exterior, convirtiéndolas en algo que no tiene valor y que están a
La naturaleza y el trabajo de las mujeres no son conside- la disposición de los hombres, concepción que incorporan ya sea
rados como formando parte del sistema económico. a nivel ideológico o en relación con la concepción de la ciencia y la
El patriarcado nos da una visión sesgada del mundo, lo que tecnología o en la esfera económica o política.
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permite explicar que la economía sea considerada como un sistema El trabajo de cuidados que realizan las mujeres diariamente
cerrado y definida como “autónoma” tanto en términos ecológicos no tiene valor y se invisibiliza, como dice Claudia von Werlhof17, el
como humanos. La economía convencional no tiene en cuenta la trabajo de las mujeres se considera que no es trabajo, sino que es
naturaleza como suministradora de recursos y receptora de residu- biología, y entonces, su fuerza de trabajo, su capacidad para traba-
os, como tampoco incorpora como input el trabajo de cuidados que jar, se presenta como un hecho natural y sus productos se asimilan
realizan las mujeres cotidianamente. a un yacimiento natural. De este modo, puede ser desvalorizado e
Como dice Antonella Picchio, el análisis económico del incumbir sólo a las mujeres, ya que queda asimilado como ligado a
mercado laboral no ha incluido la relación que existe entre el pro- la maternidad. Limpiar, poner orden, procurar los alimentos, coci-
ceso de producción de mercaderías y el proceso de reproducción nar, dar afecto y atención son tareas que hacen las mujeres diaria-
social de la fuerza de trabajo. Y este proceso se refiere no solamen- mente, nosotras sabemos cuán difícil es hacer crecer una criatura y
te al tiempo que los trabajadores y las trabajadoras pasan en su acompañarla hasta la edad adulta, sabemos lo arduo que es acom-
pañar a los enfermos y lo dificultoso y duro que es cuidarse de El patriarcado captura el valor de la vida en general y de la vida
las personas ancianas y acompañarlas hasta la muerte! ¡Y este humana en particular
trabajo se atribuye solamente a las mujeres, como si no fuera La filósofa Hannah Arendt19 cuando habla de lo que ella conside-
fatigoso, duro y dificultoso! quedando los hombres excluidos de ra una rebelión (de los hombres) contra la existencia humana tal
dichas tareas. Y ¡sólo se da valor al trabajo que contribuye di- como se nos ha dado, lo interpreta como si se quisiera cambiar del
recta o indirectamente a la producción y venta de mercancías!. don de la vida que la humanidad recibió gratuitamente por algo que
Hasta el punto, que cuando el trabajo de cuidados se realiza de ella misma ha fabricado.
forma asalariada, también son las tareas a las que se les atribuye El orden patriarcal está hecho a imagen y semejanza de los
inferiores condiciones de trabajo y menor remuneración. hombres. Dice Simone de Beauvoir que la superioridad se atribuye
Este es el orden simbólico que se encuentra detrás de la al sexo que mata, no al que procrea19. De ahí que la cultura feme-
economía, la ciencia y la tecnología convencional, y es un orden nina de la vida haya sido substituída por la cultura patriarcal de la
que la ecología, pero muy especialmente el feminismo ponen en muerte. Todo el desarrollo científico y tecnológico ha estado mar-
cuestión. cado por la voluntad de obtener máquinas de matar más eficaces
que las del enemigo. Después esta tecnología se ha aprovechado
Diferencias entre la crítica al capitalismo desde la ecología
para el uso de la sociedad y con esto se justifica su existencia.
y desde el feminismo
Pensemos en la máquina de lavar que primero se usó para
La ecología plantea una crítica al capitalismo, y con esto cues- grandes colectividades, como fue el ejército y posteriormente para
tiona también algunos aspectos del patriarcado tan importantes el uso de los hospitales y pasaron muchos años hasta que se adaptó
como son las relaciones humanidad-naturaleza, pero no acaba este artilugio para el uso doméstico. Lo mismo se puede decir de
de llegar al núcleo del problema. No se llega a plantear la pérdida las TIC que fueron inventadas para la actividad bélica y progresi-
de la centralidad de la vida humana y de su bienestar. Si la vida vamente se fueron adaptando para el uso empresarial hasta llegar
humana deja de ser el valor central en nuestras sociedades, al uso privado. No obstante, no todos los inventos han sido tan
entonces puede volverse objeto de manipulación en función inocuos, pensemos en la bomba atómica y actualmente los aviones
de los intereses del patriarcado y/o el capitalismo. pilotados a distancia, lo que permite atacar y matar personas sin el
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Desde el feminismo se pone en cuestión todo el sistema riesgo de tener víctimas en el campo atacante. También pensemos 57
patriarcal capitalista, su contradicción profunda entre la obten- en otros inventos que nos afectan más directamente como la ener-
ción del beneficio y el nivel y las distintas modalidades de vida gía nuclear, los transgénicos, la biogenética, las clonaciones…
que se atribuyen a toda la población. Desde esta mirada, la vida Cabe tener muy presente que estamos inmersas en una so-
humana adquiere un valor central y por lo tanto los estándares ciedad que prioriza el artilugio fabricado por encima del don de la
de vida en todas sus dimensiones tendrían que ser el objetivo vida, lo que explica que se minimice el impacto destructivo de la
básico de toda la actividad de hombres y mujeres. Por ello, se civilización humana sobre la naturaleza. En este contexto, el femi-
puede afirmar que el feminismo está en la búsqueda de una re- nismo considera que es imprescindible que se rescate el valor de la
lación profunda entre la actividad y la actitud de las mujeres en vida que el patriarcado secuestró y que se le coloque de nuevo en
relación con el cuidado de la vida y el cuidado de la naturaleza el centro de la política, de la economía, de la ciencia y la tecnología,
como base de la vida. a fin de lograr que sean instrumentos que hagan posible una vida
digna para la población actual y las generaciones futuras.
Alternativas desde dentro y fuera de la Universidad de mujeres donde se pueda pensar y hacer investigación desde otras
Es importante señalar que los conocimientos y experiencias de la bases. Tampoco conozco las prácticas universitarias de vuestros paí-
vida que poseemos nos colocan en condiciones óptimas para re- ses en lo que concierne la investigación interdisciplinar, ya que debe-
plantear, sin miedo ni complejos, nuestra relación con la naturaleza, mos plantear los estudios y los análisis desde otras bases, donde sea
con el fin de redefinir y poner en práctica nuevas relaciones de la posible razonar en espiral y no en línea recta, como señala Griselda
humanidad con el medio natural. En esta tarea las mujeres podemos Pollock20, de manera que sea posible abarcar toda la complejidad del
aportar la experiencia adquirida cuidando la vida. conocimiento.
Esta situación privilegiada nos da la oportunidad de incidir Será necesario seguir pensando, desarrollando la imaginación
muy directamente en la creación de una escala de valores diferente y la investigación y aumentar nuestros conocimientos con el fin de
donde la vida humana, con sus necesidades corporales, materiales, buscar el camino que implique el más gran número de mujeres. Pen-
psicológicas, afectivas … esté en el centro de la organización social sar desde nuestra experiencia en todos los ámbitos de la vida. Dar va-
y política. La vida humana es el valor máximo. El reconocimiento de lor a las propias opiniones. Compartir y discutir nuestras ideas con
las necesidades humanas, de su realidad natural, de su relación con la otras mujeres y también con los hombres, sin complejos y sin miedos,
naturaleza, permite redefinir la vida humana con toda su amplitud y especialmente con aquellos que también se sienten incómodos con
complejidad, superando la escisión entre cuerpo y mente, entre cul- el desarrollo actual de la ciencia y de la tecnología y aspiran construir
tura y naturaleza. un renacer del conocimiento más cercano a la vida.
Por ello, estamos en condiciones de re-construir la ciencia y la Hay que hacer sentir nuestra voz de extrañas, de extranjeras,
tecnología desde una perspectiva de vida y no de muerte. sin dejarnos dejar de lado por los que tienen miedo a escucharnos.
Además podemos aportar también la capacidad de pensar des- Hoy los problemas son tan graves que no podemos dejar la solución
de nosotras mismas todos los problemas de la humanidad. Se trata de en manos de los hombres, como decía Anna Bosch21.
un proceso de empoderamiento, reconociéndonos las unas a las otras Tenemos que ser transgresoras, más que nunca, respecto a las
el valor de nuestros pensamientos, a través de lo cual nos podemos políticas del conocimiento para escrutar las relaciones jerárquicas
sustraer el pensamiento patriarcal que nos ha robado la capacidad de vigentes en la producción de ciencia y tecnología que sostienen el
pensar desde otra óptica. Esto nos exige, como decía al principio re- dominio masculino y desenmascarar la neutralidad de la ciencia y la
visar todos los conceptos aprendidos. Seleccionar aquellos que tecnología en todos los campos del conocimiento.
58 59
aún sirven de alguna manera y rechazar sin complejos aquellos A todo ello hay que sumar que, actualmente, las feministas nos
que no están hechos a nuestra medida. Tenemos que encontrar enfrentamos al desafío de la actual reacción política que está tratan-
nuevas palabras y nuevos métodos e ir ampliando nuestra parti- do de silenciar a las mujeres de nuevo, para posicionar al feminismo
cular manera de hacer ciencia a todos los campos de la ciencia y la como algo del pasado, acabado, innecesario, pasado de moda y pro-
tecnología. clamar a gritos que nos encontramos en una era post-feminista. Así
Quizás estéis pensando ¿cómo se hace?. Evidentemente no que cabe recordar en voz alta que el Feminismo nunca ha sido un
existen soluciones milagrosas o mágicas, ni respuestas programáti- pensamiento cerrado ni finalizado, sino que es un pensamiento en
cas. Las soluciones no son fáciles porque se trata, nada más ni nada construcción y por consiguiente un pensamiento de futuro.
menos, que cambiar las bases que la sociedad patriarcal capitalista ha Es desde esta perspectiva que podremos estar presentes y no
situado como centrales para la sociedad humana. No conozco vues- eclipsadas, sino activas y con voz propia dentro y fuera de la Aca-
tras universidades y no conozco las posibilidades para crear espacios demia, para que nuestras aportaciones no sean ni un complemento
ni un apéndice al pensamiento único, sino que apoyadas en nuestra 18 Obra citada.
mirada des-centrada podremos ir construyendo las bases para que 19 de Beauvoir, Simone: El segundo sexo (Le deuxième sexe, ed. Gallimard, 1949).
otro mundo sea posible. 20 Pollock Griselda, Encuentros en el museo feminista virtual, Madrid, 2010, Anaya, Ensa-
yos Arte Cátedra,
NOTAS
21 Bosch, Anna, obra citada.
1 Pollock, Griselda, Conferencia en la Fundación A. Tapies, Barcelona, 14 de Octubre
2010.
2 Anna Bosch, Mas allá del poder, en Encina, Javier y Bárcena Iñaki, Democracia ecológica, BIBLIOGRAFIA
Formas y experiencias de participación en la crisis ambiental, Sevilla, UNILCO, 2006 .
3 Rich, Adrienne, Sobre mentiras, secretos y silencios, Icaria, Barcelona, 1983. ARENDT, Hannah. La condición humana. Barcelona: Paidós, 1998.
4 BOSCH, Anna: Intervención en las «Jornades de crítica a la indústria i la tecnolo- BOSCH, Anna. Una crítica a la indústria i la tecnología des del feminisme.
gía», Asamblea de Económicas de la Universidad Autónoma de Barcelona, 24, 25 y
In: Jornades de crítica a la indústria i la tecnología. Asamblea de Económi-
26 denoviembre de 2003; original en catalán: «Una crítica a la indústria i la tecnología
des del feminisme». cas de la Universidad Autónoma de Barcelona, 24, 25 y 26 de noviembre
de 2003.
5 ARENDT, Hannah: “La condición humana”, Barcelona, Paidós, 1998.
6 SHIVA, Vandana: “Abrazar la vida. Mujeres, ecología y desarrollo”, Madrid, Horas y _____. La terra plora llàgrimes de petroli, Ca la Dona, n. 41. Barcelona,
Horas, 1995. 2003.
7 Mies, Maria, Ecofeminismo, Teoría, crítica y perspectivas, Barcelona, Icaria, 1997. _____. Más allá del poder. In: ENCINA, Javier; BÁRCENA, Iñaki. De-
8 Merchant, Carolyn, The death of Nature: Women, Ecology and the Scientific Revolu- mocracia ecológica. Formas y experiencias de participación en la cri-
tion, 1993. sis ambiental. Sevilla: UNILCO, 2006.
9 Holland-Cunz, Barbara, “Ecofeminismos, Madrid, Cátedra, 1996.
CARRASCO, Cristina. El cuidado: ¿coste o prioridad social? In: SARE,
10 Val Plammwood, “Feminism and the Mastery of Nature”. London and New York, 2003: Cuidar Cuesta: costes y beneficios del cuidado. Emakunde: 2003.
Routledge, 1993.
Disponível em: <http://www.sare-emakunde.com>.
11 King, Inestra, , “Curando las heridas: Feminismo, Ecología y el dualismo Naturaleza/
Cultura, María Xosé Agra: Ecología y Feminismo, Granada, Ecorama, 1997. HOLLAND-CUNZ, Barbara. Ecofeminismos. Granada: Ecorama,
12 Warren, Karen (ed.), Ecological Feminist Philosophies, Bloomington & Indianapolis.
1997.
60 61
Indiana University Press 1996.
KING, Ynestra. Curando las heridas: Feminismo, Ecología y el dualismo
13 King, Inestra, obra citada. Naturaleza/Cultura. In: AGRA, María Xosé. Ecología y Feminismo.
14 BOSCH, Anna: «La terra plora llàgrimes de petroli», Ca la Dona, nº 41. Barcelona, Granada: Ecorama, 1997.
2003.
MERCHANT, Carolyn. The death of Nature: Women, Ecology and the
15 Carrasco, Cristina, “El cuidado: ¿coste o prioridad social?” – SARE 2003 “Cuidar Scientific Revolution. New York: Harper San Francisco, 1993.
Cuesta: costes y beneficios del cuidado” – Emakunde disponible en http://www.sare-
emakunde.com. MIES, Maria. Ecofeminismo, Teoría, crítica y perspectivas. Barcelona:
16 Obra citada. Icaria, 1997.
17 Werlhof, Claudia von, Women`s Work: The Blind Spot in the Critique of Political PLUMWOOD, Val. Feminism and the Mastery of Nature. London/
Economy, in: Mies/Bennholdt-Thomsen/Werlhof: Women, the Last Colony, London,
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2
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Mouvement 1970-1985. Londres: Harper Collins, 1987.
_____. Vision and Difference: Feminism, Femininity and Histories of CIENCIA Y TECNOLOGÍA: TRABAJO DE MUJERES,
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_____. Encuentros en el museo feminista virtual. Madrid: Ensayos Shirley M. Malcom


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Ser Humano. In: AMORÓS, Celia. Filosofía y Feminismo. Madrid: Sín-
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RICH, Adrienne. Sobre mentiras, secretos y silencios. Icaria: Barcelona,
1983. La ciencia, como una manera de saber, es percibida a menudo como
un territorio de dominio masculino y de la élite. Las historias de
SHIVA, Vandana. Abrazar la vida. Mujeres, ecología y desarrollo. Madrid:
Horas y Horas, 1995.
la ciencia, al menos en la historia de la ciencia Occidental, son na-
rradas generalmente a través del lente de “grandes hombres”—Lin-
WARREN, Karen (Ed.). Ecological Feminist Philosophies. Blooming- naeus, Newton, Darwin, Einstein y otros. En base a la experimen-
ton/Indianápolis: Indiana University Press, 1996. tación y observaciones del mundo natural, la ciencia es vista como
WERLHOF, Claudia von. Women`s Work: The Blind Spot in the Critique una manera objetiva de determinar cómo funciona el mundo. La
of Political Economy. In: MIES, Maria; BENNHOLDT-THOMSEN, Ve- tecnología consiste de herramientas, métodos, procesos y organiza-
ronika; WERLHOF, Claudia von. Women, the Last Colony. London: Zed ción que nos permiten hacer trabajos. La ingeniería utiliza la cien-
Books, 1988. p. 13-26. cia, matemáticas, información social y otros insumos para diseñar
y desarrollar productos que satisfacen necesidades humanas. Estas
áreas de esfuerzo humano también son percibidas mayormente
como dominios masculinos. Esto se refleja en el bajo número de
62 63
mujeres ocupadas en la investigación y la ingeniería; bajos números
de estudio y aún más bajos niveles de participación en la mano de
obra de dichos campos. Y aún así, las mujeres siempre han hecho
ciencia y creado tecnología. ¿Cómo reconciliamos estas dos histo-
rias, y cómo reconfiguramos las expectativas de quienes hacen la
ciencia y quienes crean la tecnología, para que ambos campos reci-
ban mejor a las mujeres?
En su libro, El Científico en la Cuna: Mentes, Cerebros, y Cómo
Aprenden los Niños [The Scientist in the Crib: Minds, Brains, and How
Children Learn], los científicos de aprendizaje Alison Gopnik,
Andrew Meltzoff y Patricia Kuhl argumentan que la ciencia es
una actividad humana practicada por cada niño que llega al publicó artículos. A pesar de que nunca tuvo un trabajo formal
mundo. Los niños aprenden mediante un proceso de observa- como ornitóloga, ella siguió su pasión por la investigación, por
ción y experimentación. Juntan datos, y emergen con hipóte- amor a su trabajo.
sis de cómo funcionan sus mundos. Los niños exploran mo- El mundo de la ciencia “profesional” fue una esfera de ac-
delos y explicaciones y buscan predictibilidad en sus mundos. ción masculina durante los siglos 18, 19 y principios del siglo
Los autores describen ejemplos de lo que llaman “biología de 20, y ciertos campos permanecen así aún hoy. Las mujeres han
todos los días,” “física de todos los días” y “psicología de todos hecho las mayores incursiones en las ciencias naturales. Algu-
los días.” En la “biología de todos los días,” por ejemplo, los nas de las mayores barreras quedan en la física y las ciencias
bebés y niños jóvenes pueden llegar a conclusiones sobre lo de la computación. Históricamente, ha faltado acceso a la edu-
que está y no está vivo. Al lanzar objetos desde sus camas que cación formal para niñas y mujeres a un nivel que las prepare
no vuelven hacia ellos y al rodar pelotas contra la pared que si para poder trabajar en la ciencia. En muchas partes del mundo,
vuelven, aprenden “física de todos los días.” Y cuando ciertos sigue siendo el caso que las niñas y mujeres tienen menor ac-
ruidos y expresiones faciales evocan respuestas de otros hu- ceso a la educación en general a todo nivel, y especialmente a
manos a su alrededor, los niños practican “psicología de todos la educación específica que las prepare para estudiar y trabajar
los días.” Gopnik, et.al. notan que alguna gente no pierde esa en ciencia, matemáticas e ingeniería. Aún donde las mujeres
curiosidad, admiración y deseo de explorar y descubrir. Se lla- pueden recibir educación en ciencia, matemáticas e ingeniería
man científicos. en los más altos niveles, han surgido cuestiones con respecto al
Hacer ciencia y crear tecnología es parte de lo que sig- acceso a las oportunidades profesionales y al avance y recono-
nifica ser humano. Las mujeres siempre han hecho ciencia y cimiento en sus campos. Margaret Rossiter delinea dicho pa-
creado tecnología. A menudo, la ciencia se ha hecho de mane- drón de participación de las mujeres en la ciencia e ingeniería
ra “amateurs;” la tecnología frecuentemente se ha creado para en sus libros, Mujeres Científicas en América: Luchas y Estrategias
cubrir necesidades de las mujeres. Tomemos por ejemplo una hasta 1940 [Women Scientists in America: Struggles and Strategies to
de mis científicas aplicadas preferidas, Ruth Rogan Benerito, 1940] y Mujeres Científicas en América: Antes de la Acción Afirmativa,
quien desarrolló un proceso para producir algodón resistente 1940-1972 [Women Scientists in America: Before Affirmative Action,
a las arrugas. Aunque ya se habían desarrollado materiales sin- 1940-1972.] Ella nota la excepción histórica de las mujeres que
64 65
téticos que no necesitaban ser planchados en los años 1930s y han podido seguir estudios y obtener reconocimiento en estos
1940s, el algodón es más cómodo. Con tratamiento químico, campos como esposas, hijas y hermanas de los hombres cien-
se pudo contar con una opción para reducir el tiempo de labor. tíficos.
Haciendo esto, ella no solamente evitó mucho planchado, sino Rossiter describe cómo, aún cuando las mujeres logra-
que probablemente también ayudó a salvar a la industria del ron tener acceso a la educación en ciencia e ingeniería en los
algodón en el sur de los Estados Unidos. niveles más altos, fueron excluidas frecuentemente de las fa-
Aún recibiendo una educación formal mediante el grado cultades de universidades y de las principales posiciones en la
de maestría en los principios de los años 1900’s, Margaret Mor- industria. En las universidades, muchas mujeres sumamente
se Nice no se convirtió en una científica profesional. Como capacitadas no podían ser contratadas por “reglas contra el
esposa de un profesor universitario, durante toda su vida de nepotismo” que prohibían el empleo de parientes. De alguna
casada ella estudió aves, participó en reuniones científicas, y manera, la aplicación de dichas reglas parecía ser especialmen-
te implementada de forma que perjudicaba a las mujeres. Un las cuestiones, temas y preocupaciones de las mujeres. El cuidado de
ejemplo específico citado por Rossiter fue Maria Goeppert- los jóvenes y ancianos es “trabajo de mujeres” en la mayoría de los
Mayer, quien sirvió en posiciones “voluntarias” en las facul- países. Por lo tanto, las decisiones sobre el uso de las vacunas, por
tades donde su esposo Joseph Clark estaba contratado o en ejemplo, y el tratamiento de los pacientes para prevenir el contagio
posiciones en instituciones cercanas, una gran ironía para la de la enfermedad, cae desproporcionadamente en las mujeres. Ellas
ganadora del Premio Nobel de Física de 1963. En 1960 final- necesitan la información que les permitirá tomar dichas decisiones,
mente fue nombrada Profesora de Física (con una “posición presentadas por fuentes de confianza en maneras que sean apropia-
regular”) en la Universidad de California—San Diego. das y respetuosas, bajo condiciones que den poder a las mujeres para
En otros casos, Rossiter describe la persistencia de acti- poder tomar acción. Por ejemplo, en el caso de las epidemias de có-
tudes que favorecieron a los hombres y que, en algunos casos, lera en Bangladesh, una investigadora, la Dra. Rita Colwell, buscan-
específicamente se opusieron a las mujeres eruditas en ciencia. do entender las condiciones ambientales y demás que llevan a dichas
En otras situaciones, las conductas y prácticas de un campo erupciones, también trabajó con mujeres locales en el desarrollo de
severamente perjudicaron a mujeres científicas, tales como estrategias “procesables” de bajo costo para prevenir el contagio de
la negación al acceso de recursos necesarios para su trabajo: la infección. En este caso, surgió la “Filtración sari,” en la cual la tela
dicho fue el caso en astronomía, donde a las mujeres no les usada de sari, doblada muchas veces, puede ser utilizada como un
daban tiempo para usar el telescopio. En las conferencias, los eficaz filtro para el agua, logrando reducir significativamente las tazas
hombres científicos se congregaban socialmente en la sección de infección de cólera.
de “fumadores”, efectivamente negando a las mujeres las co- En el caso del VIH, por ejemplo, donde el contacto hetero-
nexiones para oportunidades y redes sociales y profesionales. sexual lleva a la infección, las mujeres a menudo han carecido del
Una pregunta crítica que debe ser considerada es el im- conocimiento (cómo se transmite el virus), los recursos para pagar
pacto a la ciencia cuando las mujeres faltan o están en desven- por la protección, o el poder (el derecho/capacidad de rechazar el
taja. ¿Qué efecto hay en las prioridades para investigación, en contacto desprotegido) para controlar su propia exposición. Las
las preguntas de investigación, en las metodologías de investi- mujeres necesitan más opciones directas disponibles para ellas. Para
gación y en las conclusiones que emergen de la investigación? proveer esto, se necesita claramente un ambiente político más res-
Este documento explorará varios campos en los cuales la pre- ponsivo, con educación, liderazgo y apreciación por la diversidad de
66 67
sencia o ausencia de las mujeres puede llegar a haber afectado idiomas, cultura, clases sociales y roles comunitarios y sus interac-
la dirección total del trabajo. ciones.
En el caso de la prevención de enfermedades infecciosas, hay
Voces de Mujeres: Perspectivas desde el Campo una responsabilidad compartida entre el gobierno, las familias y los
Prevención de Enfermedades Infecciosas individuos. El rol del gobierno, por ejemplo, puede incluir acciones
tales como regular el uso de la tierra, proveer sistemas de saneamien-
Si consideramos varias áreas disciplinarias de investigación y prácti-
to y pulverizar para la prevención contra los mosquitos, o promul-
ca, podemos empezar a ver el “espacio” que las mujeres y los temas
gar políticas como los requisitos de vacunas necesarias para asistir
femeninos ocupan y donde los insumos de las mujeres son reque-
a la escuela. Las acciones de la familia pueden incluir, por ejemplo,
ridos. Tomando, por ejemplo, la prevención de enfermedades in-
tener cuidado en el manejo y preparación de la comida, enseñar y
fecciosas, es difícil ver cómo se podrían lograr avances sin enfrentar
practicar buena higiene, proveer agua limpia para beber, vacunar a
los niños y educarles acerca de opciones sanas, controlar a los ani- tarle a los investigadores y practicantes la investigación sobre la
males (vacunando a las mascotas y controlando pestes), y evitar salud de la mujer? Primero, tenemos el efecto en el cuidado de la
la resistencia antibiótica. Conducta personal incluiría practicar salud. También está el impacto sobre la educación en medicina—
higiene (por ej. lavarse las manos), sexo seguro y evitar prácti- ¿cómo se debe preparar a los nuevos profesionales del cuidado de
cas relacionadas al uso de las drogas que producen el contagio la salud con el nuevo conocimiento sobre las enfermedades y la
de enfermedades (por ej. compartiendo agujas). Aunque tanto salud relacionadas con las mujeres, tanto como con los hombres?
los hombres como las mujeres comparten responsabilidades en Ciertamente esto debería afectar tanto a la práctica como a nues-
el área de prevención de enfermedades infecciosas, en cuanto a tro conocimiento de las enfermedades y tratamientos.
sus roles en la familia, las mujeres cargan con una mayor parte de La falta de consideración sistemática a las diferencias de
dichos roles. sexo en la investigación llevó al establecimiento, en septiembre
de 1990, de la Oficina de Investigación sobre la Salud de la Mujer
Investigación sobre la Salud (ORWH por su sigla en inglés) dentro de los Institutos Nacio-
Cuando se lleva a cabo investigación biomédica, ¿qué suposicio- nales de la Salud de los Estados Unidos (NIH por su siglas en in-
nes hay sobre las diferencias “relacionadas al sexo? Hay un recono- glés). La oficina fue establecida por medio de una acción política,
cimiento general de las diferencias en la salud reproductiva, pero y no por demanda de fondo de la comunidad de investigadores
no se ha hecho necesariamente un reconocimiento del hecho que reconociendo la necesidad de cambio. La responsabilidad de la
los hombres y las mujeres pueden tener distintas manifestaciones, ORWH es:
diferentes respuestas fisiológicas o de conducta, etc. Un ejemplo
de esto son las diferencias en el efecto de la aspirina en el hombre • Coordinar y servir como punto focal para la investigación
y en la mujer, donde una baja dosis de aspirina reduce el riesgo de sobre la salud de las mujeres financiada por NIH;
un ataque al corazón del hombre pero no el de la apoplejía, al mis- • Promover, estimular y apoyar esfuerzos para mejorar la
mo tiempo que reduce el riesgo de la apoplejía de la mujer pero salud de las mujeres, a través de la investigación biomédica
no el riesgo de un ataque al corazón. También hay diferencias en el y de comportamientos sobre los roles del sexo (característi-
tratamiento para los hombres y las mujeres. Aunque los estudios cas biológicas de ser mujer u hombre) y género (influencias
68
indican que tanto los hombres como las mujeres tienen frecuen- sociales basadas en el sexo) en la salud y las enfermedades; 69
cias similares de reacciones adversas a las drogas utilizadas en el • Trabajar en colaboración con los institutos y centros de
tratamiento contra la enfermedad de las arterias coronarias, por NIH para asegurar que la investigación sobre la salud de las
ejemplo, es menos probable que se trate a las mujeres con estati- mujeres es parte del marco científico de NIH y en toda la
nas, aspirinas y bloqueadores beta, que a los hombres. comunidad científica;
Cuando no se incluye un número adecuado de mujeres en
los ensayos clínicos, ¿es porque el uso de una “mayoría de hom- • Aconsejar al Director y personal de NIH sobre asuntos
bres” se considera “la norma”, la posición natural, “de género neu- relacionados a la salud de las mujeres;
tro,” o es porque los investigadores no son concientes; o es porque • Fortalecer y mejorar la investigación relacionada con las
no les importa? El hecho es que los tratamientos y regímenes de enfermedades, desórdenes y condiciones que afectan a las
drogas se extienden a las mujeres, aún en casos donde no han sido mujeres;
probados adecuadamente en mujeres. ¿Por qué deberían impor-
• Asegurar que la investigación llevada a cabo y financiada • Establecimiento de prioridades entre las enfermeda-
por NIH cubre adecuadamente temas relacionados con la des y condiciones. ¿A qué investigación prestan atención
salud de las mujeres; los legisladores y donantes, en relación al impulso del nivel
• Asegurar que las mujeres están adecuadamente representa- de inversión en la investigación?
das en los estudios de investigación biomédica y de bio-com- • Diferentes manifestaciones de las enfermedades. Aun-
portamiento apoyados por NIH; que las enfermedades del corazón son la causa principal de la
• Desarrollar oportunidades para, y apoyar el reclutamiento, muerte tanto de los hombres como de las mujeres en los Es-
retención, re-entrada y avance de, las mujeres en carreras bio- tados Unidos, por ejemplo, no es claro qué se está haciendo
médicas; y para asistir a los médicos en capacitación así como al público
en general para entender cómo los síntomas se presentan de
• Apoyar la investigación en temas relacionados con la salud forma distinta en los hombres que en las mujeres.
de las mujeres.
Ha habido ganancias significativas en medicina y bio-
Algunos de los principales temas para nosotros a quienes nos ciencias en cuanto a los números de mujeres. En 1975-76, las
incumbe la salud de las mujeres incluyen: mujeres recibieron solamente el 16.2 por ciento de los diplo-
mas de medicina otorgados por facultades de medicina en los
• Las mujeres en la investigación biomédica. ¿Cómo está
Estados Unidos; ya en el 2006-2007 recibieron el 49.1 por
la situación de las mujeres con respecto al número que recibe
ciento de dichos diplomas. De manera similar, las mujeres es-
educación en medicina y en doctorados en campos biomédi-
tán ahora a la par de los hombres en cuanto a la obtención
cos? Cuáles son sus condiciones dentro de dichos campos?
de grados de doctorado en las ciencias biomédicas. La apro-
¿Reciben apoyo financiero para la investigación a niveles
bación de leyes en los principios de los años 1970’s en contra
comparables con sus colegas masculinos?
de la discriminación por sexo forzó una mayor transparencia y
• Enfermedades de mujeres. ¿Se presta atención específica justicia en el proceso de admisión. Las condiciones de igual-
con respecto a las enfermedades que afectan desproporciona- dad precipitaron mayor interés por parte de las mujeres en so-
damente a las mujeres? licitar entrada a las facultades de medicina y otras facultades
70 71
• Investigación que incluye suficientes números de hom- y programas profesionales donde previamente habían sido in-
bres y mujeres (por ej. en ensayos clínicos). ¿Se presta suficientemente representadas. Una combinación de cambios
atención a la composición de los grupos de investigación por culturales y remedios legales condujo a los números que se ven
raza y por sexo, para poder determinar las diferencias que hoy. A pesar de sus números, sin embargo, las mujeres tienen
puedan surgir como consecuencia de dichas características? menos posibilidades de convertirse en decanas de las faculta-
des de medicina o jefas de departamentos. Aunque muchos ar-
• Análisis desagregado por sexo. Aún cuando los grupos de gumentarían que esto se debe a la entrada más reciente de las
investigación incluyen a hombres y mujeres como participan- mujeres, existe un significativo número de mujeres que hubie-
tes, ¿se desagregan los datos durante el análisis, para determi- ra entrado ya en los 1970’s y 1980’s y que siguen activas, y se
nar si existen diferencias, o simplemente se presume que son esperaría que en dichos casos estuvieran ocupando una mayor
equivalentes? proporción de las posiciones más altas.
El apoyo de los grupos de defensa contra las enferme- rociencia, farmacología y fisiología, todos campos de impor-
dades de mujeres y de legisladoras ha sido significativo para tancia en los humanos, distorsionados considerablemente
lograr entender, y obtener mayor financiamiento para la in- hacia los machos. En algunos campos, grandes porcentajes de
vestigación de, condiciones tales como los cánceres de pecho los artículos omitieron reportar el sexo por completo en los
y de ovarios. No es claro si la presencia de las mujeres como animales utilizados para la investigación; en otros, donde se
investigadoras ha afectado la ciencia y la investigación que se utilizaron machos y hembras, los datos no fueron analizados
ha hecho, o la manera en que la ciencia se ha hecho. por sexo.
Sabemos que a veces en la investigación, el sexo y/o gé- Teniendo en cuenta todos estos requisitos y evidencia,
nero importan y a veces no. Pero no está claro si se puede uno debe preguntarse, viendo todos los estudios, “Por qué la
saber con anticipación cúal es el caso, a menos que se realicen parcialidad hacia las ratas y ratones machos?” Las respuestas
los análisis. La presencia de las mujeres y la investigación so- que surgieron en el artículo son reveladoras: los machos eran
bre la salud de las mujeres ciertamente necesita afectar la es- más baratos y más fáciles de usar que las hembras, cuyos ciclos
tructura de la educación médica—necesitamos crear la próxi- de ovarios de 4 días y requisitos de mayor cuidado y monito-
ma generación de profesionales e investigadores en salud para reo aumentan los costos de la investigación; los costos incre-
que tengan mucha más conciencia de las diferencias de sexo y mentados relacionados al uso de animales hembras afectarían
practiquen medicina de manera que asista a las mujeres tanto la percepción de la agencia financiadora sobre la decisión de
como a los hombres. apoyar o no dicho trabajo, dado que sería más costoso; y/o se
Un artículo reciente de la revista SCIENCE (26 Marzo dio por sentado que las respuestas serían equivalentes. Y tam-
2010, Volumen 327, pp.1571-1572), “De Ratones y Mujeres: bién está la posibilidad de que los investigadores no sabían o
La Parcialidad en los Modelos de Animales” [“Of Mice and no les importaba.
Women: The Bias in Animal Models,”] por Chelsea Wald y No importa la razón(es), el hecho fue que los resultados
Corinna Wu, discute otra fuente de parcialidad en la investi- de la investigación fueron aplicados a/ presumidos para tan-
gación—la parcialidad hacia el uso de ratas y ratones machos. to hombres como mujeres. El desafío en este sentido es que
Las autoras notan que a partir de una ley de 1993 -el Acta de tal parcialidad sistemática de sexo en los estudios de anima-
Revitalización de la Salud de los Institutos Nacionales de la les afecta nuestro entendimiento de las enfermedades y tra-
72 73
Salud- se obligó a incluir a mujeres y a minorías en las investi- tamientos, la seguridad y eficacia de las drogas en las muje-
gaciones clínicas, a causa de que las diferencias en tratamientos res, y la evolución hacia una medicina personalizada donde el
llevan a diferentes efectos en diferentes poblaciones. Además, genoma de un individuo debería ayudar a guiar las decisiones
señalaron un estudio del Instituto de Medicina donde se evi- para el mejor tratamiento. Se notó que aunque probablemente
dencia que lo mismo es verdad para la investigación que utiliza sea prohibitivo requerir que se usen machos y hembras en to-
modelos de animales. El sexo de los animales puede llevar a dos los casos, debería haber una cuidadosa consideración a las
resultados diferentes. A pesar de esto, una revisión de artícu- áreas de investigación puntuales donde se sabe que ocurre un
los de 2009 reportando resultados de investigación que utili- impacto diferencial.
zaban mamíferos, hecho por Irving Zucker y Annaliese Beery, Cuando empezamos a cuestionarnos nuestras suposicio-
muestra una asimetría hacia el uso de hembras solamente en nes en referencia a las diferencias de sexo en los estudios de
estudios relacionados con la reproductividad biológica; neu- animales, ¿qué significa esto con respecto a la investigación
que utiliza líneas de células? En una entrevista en SCIENCE la “tropa” giraba alrededor de los machos de más alto rango, quie-
(5 Noviembre 2010, volumen 330, p.737) Arthur Arnold, neu- nes tomaban las decisiones en cuanto a dónde y cuándo viajaría
robiólogo de la Universidad de California, Los Angeles y editor- el grupo; que los machos proporcionaban estabilidad al grupo; y
en-jefe del periódico de libre acceso Biología de las Diferencias de que dichos machos tenían las mayores probabilidades de procrear
Sexo [Biology of Sex Differences] dijo, “la célula recuerda su sexo descendencia.
cuando alguien la pone en una placa.” Arnold indicó que los culti- Cuando las mujeres primatólogas fueron al campo, presta-
vadores de células en efecto encuentran diferencias significativas ron atención a los individuos y a la manera en que se relacionaban
de acuerdo al sexo en cuanto a la expresión genética, o en la sus- entre ellos. Enfocándose de este modo, llegaron a conclusiones
ceptibilidad al estrés, o en la apoptosis (muerte celular progra- totalmente distintas: que los mandriles están organizados en “ma-
mada) y demás. Argumentando a favor de la consideración del trilíneas;” que las hembras son centrales en las maniobras del gru-
sexo en los estudios, Arnold observó, “En algunos casos, cuando po; que el apoyo de las hembras es crucial para el rango de los ma-
hay grandes diferencias en sexo de una enfermedad, si podemos chos; y que el dominio no está necesariamente vinculado al éxito
descubrir cuáles son los factores protectores en un sexo, entonces reproductivo. Utilizando nuevos métodos, nuevas herramientas y
existe la posibilidad de poder desarrollar nuevas terapias basadas perspectivas diferentes, fue posible obtener una visión más clara
en el aumento de dichos factores protectores en ambos sexos.” de la estructura social de nuestros parientes primates sin imponer
Claramente, existe la oportunidad de hacer que las diferencias in- nuestras parcialidades humanas.
formen a la ciencia para el beneficio de todos.
El Valor de la Diversidad en la Ciencia e Ingeniería
Comportamiento de Primates: Un Cuento de Dos Paradigmas La investigación sobre la percepción nos dice que la perspectiva
Cuando penetramos un ambiente social, nuestro enfoque depen- tiene importancia. En un experimento clásico de psicología, cuan-
de a menudo de la manera en que estamos condicionados social- do a los sujetos se les presenta la “Ilusión de Muller-Lyer” (líneas
mente a responder. Tal ha sido el caso en el estudio del compor- paralelas de igual largo con flechas hacia adentro y hacia afuera
tamiento de los primates. Tomemos, por ejemplo, los primeros en cada punta) la mayoría reporta que la línea con las flechas ha-
trabajos que describen la estructura social de los mandriles. Los cia afuera es más larga que la que tiene las flechas hacia adentro.
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antropólogos hombres se enfocaron en la conducta de los machos Segall, Campbell y Herskovits encontraron sujetos que no fueron 75
más grandes y llamativos. Se describió al grupo en términos este- engañados por la ilusión: un grupo cuyos miembros vivían en un
reotípicos: “machos alfa” con “harenes de hembras” definiendo la ambiente sin ángulos. La experiencia afectó la percepción en este
estructura de la “tropa”. Las hembras eran importantes en el relato caso, de la misma manera que cuando las parcialidades construi-
solamente en términos de sus roles reproductivos y en el cuidado das socialmente afectaron lo que los investigadores vieron.
de los infantes y jóvenes. La historia que contaron reflejó la parcia- ¿Qué vemos cuando miramos al mundo a través de los ojos
lidad sutil de la mayoría de las culturas, que los hombres son más de las mujeres? Las mujeres pueden proveer perspectivas basadas
importantes que las mujeres. Esta parcialidad de perspectiva llevó en los distintos roles que ellas tienen, sus diferentes experiencias,
a una parcialidad en la investigación de los hombres antropólogos incluso los distintos ambientes que ocupan o las diferencias en su
que estudiaban a mandriles. Sus conclusiones tuvieron un enfo- biología. Esto argumenta a favor del valor de la diversidad de pen-
que masculino: que el núcleo de la tropa de mandriles estaba for- samiento en la ciencia, donde las mujeres pueden aportar aspec-
mado por machos compitiendo por dominio; que la atención de tos que hasta ahora no han sido notados o han sido considerados
de menor importancia. La ciencia actualmente se beneficia de carreras de educación universitaria, así como aquellos basados en el
muchas diferentes clases de diversidad. valor de la diversidad para la educación y la investigación. Aunque
los hechos sobre la participación de las mujeres pueden ayudar a ar-
• Diversidad en los campos de estudio, con diferentes mane- gumentar a su favor, a menudo los datos no están disponibles en un
ras de ver al mundo natural. formato desagregado. Afirmando el valor de las contribuciones de
• Diversidad en las herramientas, técnicas y métodos desa- diversas perspectivas en todos los tipos de ciencia, el físico y Premio
rrollados, lo que lleva a diferentes formas de trabajo. Nobel Abdus Salam expresó, “Yo definitivamente creo que cada tra-
dición cultural de la familia humana aporta a la ciencia una manera
• Diversidad en los lenguajes de los campos, con diferentes
de pensar distinta.”
formas de comunicación, diferentes analogías.
Pero para que las mujeres puedan contribuir al avance de
• Diversidad entre aquellos que trabajan en los campos, la la ciencia y la ingeniería, deben tener la oportunidad de poder
ciencia como empresa global, reuniendo diferente gente, hacerlo. Se indicó previamente que las mujeres han aumentado
culturas, talentos, intereses y perspectivas del mundo. dramáticamente su presencia entre, por ejemplo, los doctores
en medicina y los diplomados con doctorados en las ciencias
Entonces, no debería ser sorpresa que el potencial para
naturales. A pesar de esto, sus números entre los profesores,
avanzar la ciencia y la tecnología es beneficiado al aumentar la
especialmente en los puestos más altos y los roles de liderazgo,
participación de las mujeres.
se han rezagado, y este es el caso aún cuando las mujeres jó-
El Rol de la Ciencia y la Ingeniería en la Promoción del Desa- venes están aumentando su presencia entre las poblaciones de
rrollo Sustentable estudiantes de dichos campos. Cuando el número de mujeres
entre los profesores no es acorde con su disponibilidad dentro
El apoyo a la investigación nos permite expandir nuestro conoci- del grupo de candidatos capacitados, es necesario considerar
miento del mundo natural, y dicho conocimiento puede ser aplica- la manera en que se toman las decisiones a la hora de seleccio-
do para mejorar la condición humana y permitirnos vivir de manera nar para tales posiciones. ¿Qué procesos se utilizan para bus-
sustentable. Los avances nos permiten diseñar y construir la infraes- car, contratar y promover a candidatos? ¿Cómo funciona esto
tructura física y maximizar la capacidad humana. Estos campos son en cada departamento y a nivel institucional? ¿Los que hacen
76 críticos para lograr el desarrollo social y económico—importantes 77
las selecciones creen en el valor de la diversidad en la ciencia
para resolver problemas tales como la disponibilidad de alimentos, y la ingeniería; o creen que algunas formas de diversidad son
las enfermedades infecciosas, el agua potable, la energía, las comuni- más aceptables que otras (por ej., cultural y geográfica, pero
caciones, el transporte, la protección de ecosistemas, el cambio cli- no de género)?
mático, y demás. La diversidad de insumos y talentos son necesarios Hay un creciente volumen de investigación en las cien-
para alcanzar dichas metas en investigación y desarrollo. ¿Cómo ar- cias sociales que indica cómo las percepciones de mérito y ca-
gumentamos a favor de la diversidad como una ventaja en la ciencia lidad pueden ser parciales por sexo. Por ejemplo, la revisión de
y la ingeniería? A lo largo del tiempo, los defensores de las mujeres curriculum vitaes (CVs) que solamente se diferenciaban por el
en la ciencia y la ingeniería han usado un número de argumentos— nombre indicado en la parte de arriba de la página resultó en
aquellos basados en los “derechos” e igualdad, aquellos basados en evaluaciones más bajas para aquellos que tenían nombres de
datos demográficos, a medida que las mujeres son prominentes en mujeres que para los nombres de hombres, ¡tanto por evalua-
dores hombres como evaluadoras mujeres! Otro ejemplo mía. También vemos gran variabilidad en la participación de
apunta a las diferencias en la posibilidad de selección de mú- las mujeres en dichos campos entre los diferentes países del
sicos hombres y mujeres cuando las audiciones para las posi- mundo. La imagen de la física como un área de dominio mas-
ciones de la orquesta se realizaron detrás de una pantalla. A culino puede abrumar los esfuerzos para aumentar la presencia
las mujeres les fue mucho mejor en las evaluaciones “ciegas”. y las contribuciones de las mujeres en esta disciplina.
Los científicos suecos Wenneras y Wold documentaron cómo Un aspecto que emerge consistentemente en las discu-
las mujeres tuvieron desventaja en la selección de becas pres- siones sobre la presencia de las mujeres en la ciencia y la in-
tigiosas, ya que las mujeres galardonadas tuvieron que tener geniería es el de intentar lograr un balance entre la vida de la
muchas más publicaciones de alto impacto y credenciales más casa y el trabajo. Aún en los casos en que las mujeres alcan-
fuertes que los hombres premiados. zan la cima del éxito y reconocimiento dentro de las ciencias,
La presencia significativa de las mujeres en la medicina este tema es el primero en sus mentes. Elizabeth Blackburn,
y las ciencias naturales no se repite en campos tales como la ganadora del Premio Nobel de 2009 en Fisiología o Medicina,
física y la ingeniería. Se han propuesto varias hipótesis para expresó lo siguiente, “La estructura de la carrera es definitiva-
explicar los padrones de distribución entre los campos de la mente una estructura de carrera que ha funcionado para los
ciencia. Estas incluyen muchas de las siguientes: hombres. Pero muchas mujeres, en la etapa en que terminan su
capacitación, realmente quieren pensar en la familia… y son
• No se incentiva a las mujeres a entrar en estos campos y en intimidadas por la estructura de la carrera. No por la ciencia,
algunos casos se las desalienta activamente. en la cual les va muy bien.”
• Las mujeres no tienen mentores dentro de estos campos. Cuando la sociedad fuerza elecciones a mujeres talen-
tosas, todos pierden. Tenemos que tener más imaginación
• Las mujeres no encuentran que el clima y la cultura de es-
para buscar maneras en que podamos apoyar a las mujeres en
tos departamentos en particular les de la bienvenida.
la ciencia y la ingeniería, sin que ellas deban sacrificar otros
• La instrucción en los cursos introductorios a menudo es aspectos valiosos de sus vidas. Al enfrentar a los problemas del
pobre y no atrae a los estudiantes a entrar en estos campos. planeta, necesitamos la visión de las mujeres y las voces de las
• Las mujeres empiezan en estos campos, pero luego los de- mujeres, unidas a las de los hombres, para buscar soluciones.
78 79
jan.
• Las mujeres entran en estos campos, pero no se les ayuda a
quedarse.

Si observamos, por ejemplo, a la física como un campo


con una participación más baja de mujeres, vemos que hay
altos niveles de toma de cursos en la escuela secundaria, se-
guido por la pérdida de estudiantes mujeres con el transcurso
del tiempo. Ciertamente, la “falta de relevancia” no sirve como
argumento para los bajos números, ya que vemos un aumento
en la participación de las mujeres en campos como la astrono-
3
VIAJERAS, EXPLORADORAS, Y OTRAS INTRÉPIDAS Y
SUS CONTRIBUCIONES A LA CIENCIA

Patricia Tovar

Este artículo trata sobre las mujeres que se atrevieron, solas o acom-
pañadas, a cruzar el umbral de sus casas y de sus vidas y empren-
dieron un camino que contribuyó a expandir la gran aventura del
conocimiento. Viajar y explorar el mundo no ha sido un exclusivo
privilegio de hombres, a ellas las hemos encontrado atravesando
selvas y desiertos, recorriendo el planeta, sumergidas en el fondo de
los océanos, subiendo a las montañas más altas o embarcándose en
naves espaciales. Aunque los libros de historia no las hayan tenido
en cuenta, y aparezcan poco en las enciclopedias o en los cánones
de literatura de viajes, y en la escuela nos enseñen tan poco sobre
sus contribuciones, muchas de ellas han sido destacadas cartógra-
fas, arqueólogas, geólogas, antropólogas, biólogas, aviadoras, cos-
monautas, o de muchas otras profesiones, que las han llevado por
caminos sorprendentes e inesperados. Por eso, a continuación haré 81
un pequeño homenaje a esta legión de osadas y valerosas damas.
Hablaré de sus hazañas, de lo que ha significado llegar a sitios des-
conocidos y ver por primera vez cosas que otros no han visto y ade-
más documentar esa experiencia en relatos autobiográficos, cartas,
diarios y en otros tipos de escritos que han quedado para la posteri-
dad. Se trata de hacer un breve recorrido que mostrará las muchas
excepciones a la asumida ausencia de las mujeres en la ciencia.
Las narrativas de viaje han ocupado un importante lugar en
la imaginación de la humanidad, sirviendo también de inspiración
de grandes hazañas que han permitido traspasar las fronteras del
conocimiento. Dentro de lo que nos han contado en el colegio o que hacerlo constantemente. Por eso cuando veamos más ade-
en la universidad sobre Heródoto en la Grecia Antigua, o Plinio en lante que motivó a estas viajeras famosas, es necesario entender
Roma, o Marco Polo en la Edad Media, o las descripciones de los el contexto histórico en que vivieron, de donde vienen y si tenían
grandes navegantes en la era de los descubrimientos, o apenas unos algunas características personales que les permitieran llegar a los
siglos atrás las expediciones científicas del siglo XVIII y XIX y de lugares hasta donde llegaron.
la importancia que estas tuvieron en sentar las bases de disciplinas El viaje no es solo un desplazarse de un lugar a otro, implica
modernas como la geografía, la biología, la geología o la antropo- también una liberación de las ataduras de lo cotidiano, entrar en
logía, pero raras veces aparecen mujeres como protagonistas. Nos lo desconocido, traspasar los límites del cuerpo y de la cultura. Es
ha quedado apenas la imagen de Penélope hilando sus recuerdos y por tanto una ruptura simbólica que se convierte en una experien-
espantando a sus pretendientes, noche tras noche, durante veinte cia sublime de observaciones y descubrimientos que puede inclu-
años, mientras espera el retorno a casa de su marido, demorado so alcanzar el ámbito místico y religioso. Por eso, también tiene
por cantos de sirenas seductoras y hechiceras. Y así aprendemos un componente penitencial, de sufrimiento, de penuria, de fatiga
sobre grandes argonautas que heroicamente viajan y logran vencer y finalmente de salvación. No siempre el viaje ha sido voluntario,
terribles obstáculos. Pero si miramos más de cerca, encontramos hubo quienes en castigo fueron forzados a andar errantes por el
que no solo los hombres viajaban. En la expedición de Jasón en mundo. Veinte años duró el poeta Camoens condenado a viajar en
busca del Vellocino de oro, iba Atalanta, famosa corredora, y hábil los barcos portugueses, pero como resultado de ese trasegar por
cazadora que se rebeló a las ataduras patriarcales de la Grecia anti- los oceanos escribió la epopeya marítima del Siglo XVI. También
gua. hay noticias de mujeres que viajaron o vivieron vidas nómadas
Por eso a partir de ese olvido surgen varias preguntas que como cautivas, prisioneras, sirvientes, esclavas o en las diferentes
nos servirán de ruta en el rápido recorrido por la historia que sigue modalidades de la trata de personas, antigua o moderna. Conside-
a continuación. La primera, es ¿quiénes eran esas mujeres y cómo remos el caso de la historia de Lady Wenji, que se cree ocurrió en
hicieron para salir del confinamiento de sus casas? Y la segunda, es la época de la dinastía Han en la China del Siglo III1. Ella era hija
¿qué ganó la ciencia con esto? Me propongo entonces dar algunas de un académico y fue robada de su casa durante una incursión
respuestas a estos interrogantes, examinando lo que ha significado tártara, logrando regresar doce años después, dejando atrás a los
ser viajera y ser mujer en diferentes momentos históricos y sobre hijos que tuvo durante su cautiverio. Las detalladas descripciones
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la herencia que nos han dejado estas pioneras. que hizo de la vida de las estepas sirvieron para que este enemigo
Viajar, aun en nuestra época, y más para mujeres solas, ha de la China se conociera mejor, lo que ayudó a que se protegiera
implicado riesgo y peligro y muchas incomodidades. Los recorri- mejor el imperio.
dos en la antigüedad eran costosos, arduos y lentos. Las travesías Hay muchos nombres, leyendas e historias de mujeres a
necesitaban de grandes equipajes, las enfermedades eran frecuen- quienes, gracias a sus viajes a lugares remotos se les atribuyen im-
tes, las aguas eran impuras y la alimentación poco confiable, los portantes intercambios culturales y contribuciones. Ese es el caso
bandidos, los huracanes y otras dificultades, hacían que muchas de Wencheng quién vivió hacia el año 700 de nuestra era y quién
personas perdieran la vida en las variadas contingencias que en- fue enviada como novia para establecer relaciones diplomáticas
contraban en estas empresas. Aunque movilizarse es hoy en día en el Tibet. Además de una considerable dote, llevó el arte de
más rápido y fácil, pensamos que viajar sigue siendo un privilegio la manufactura de la seda, el alfabeto, la escritura y la tecnología
de las clases altas, o de personas que por sus profesiones tienen para hacer papel y tinta. En esta categoría, que podría llamarse de
“emisarias culturales” también encontramos siglos más tarde, a la daron solas durante largas temporadas gobernando o sosteniendo a
portuguesa Catarina de Braganza (1638-1705), casada con Carlos sus familias, esperando a hombres que no siempre regresaban.
II de Inglaterra y quién llevó, además de su extensa dote donde se La literatura de viaje está compuesta por una suma de recuen-
incluía la ciudad de Bombay, la práctica de beber el té a ese país. tos de hazañas individuales y de aventuras colectivas, que en el caso
Muchas mujeres viajaron acompañando a esposos, enviados de la escrita por mujeres ha sido considerado un género literario
como embajadores, militares o funcionarios de gobierno, antes de menor, casi de segunda clase. Entre lo más antiguo que se conoce
hacerlo más tarde solas, como profesionales, misioneras, educado- es el manuscrito parcial, especie de guía de viaje de una monja espa-
ras, o enfermeras. El “gran tour” o la moda de viajar por placer, se ñola llamada Egeria, quien realizó una peregrinación de tres años a
popularizό entre las clases altas de Europa solo a partir de finales del Costantinopla y a la Tierra Santa en los años 381-384.
Siglo XVIII y fue gracias al imperialismo que se abrieron espacios Leonor de Aquitania, otra importante figura de la Edad Me-
seguros para aquellas que querían ir a conocer Tierra Santa, o luga- dia, es también conocida por el viaje que realizó, a los diecinueve
res exóticos como India o el lejano oriente. Hubo también quien años, acompañada de 300 damas a esos mismos lugares santos y
prefiriera asumir un traje y postura masculina para poder salir de por su participación en Las Cruzadas. Otra obra que ha llegado has-
su casa hacia los confines del mundo, como la española Catalina ta nuestros días es “El libro de Margery Kempe,” escrito en 1436,
de Erauso (n.1592), conocida como la “Monja Alferez” pues iba donde la autora nos narra las impresiones de lo que conoció en su
disfrazada de soldado. Un recurso similar fue también escogido por viajes y de las dificultades que tuvo durante treinta años en varios
Enriqueta (Enrique) Faber, (n. 1791) española, y primera mujer en lugares sagrados, a donde llegó motivada por la devoción, como le
ejercer la medicina en Cuba, hasta que fue descubierta y detenida, al era permitido hacerlo a muchas otras mujeres de la época.
igual que Carmen Bravo-Villasante ( 1918 - 1994), filóloga, folclo- Mientras que los cristianos se dirigían en romería a los luga-
rista y traductora española y muchas otras que prefirieron hacer sus res de peregrinación, el mundo musulmán se movilizaba con gran
recorridos vestidas de hombre para proteger su honra y los avances dificultad hacía la Meca. Se le atribuye a la Reina Zubaydah, con-
sexuales indeseados que desafortunadamente continúan existiendo sorte del eminente califa Harun al-Rashid de Bagdad, la expansión
en nuestra época y que son uno de las principales preocupaciones de las rutas y el diseño de un acueducto para llevar agua a la Meca y
cuando las mujeres viajan solas. almacenarla en pozos para calmar la sed de los caminantes.
Los viajes y las exploraciones han sido un ingrediente impor- El legado que nos dejaron aquellas antiguas mujeres nos
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tante en la construcción del mundo y del conocimiento, para descri- muestra su curiosidad por las costumbres de esos pueblos desco-
bir a otros y para entendernos mejor a nosotros mismos. El alcance nocidos para occidente y su preocupación con las condiciones so-
del viaje va paralelo a la invención de herramientas y de tecnologías, ciales y el trato dado a las mujeres en esos lugares. Un caso es el de
que han permitido mejorar la movilidad y sobrepasar obstáculos, la aristócrata Mary Wortley Montagu (1689-1786), quien viajó con
que nos han dejando un universo cada vez más estrecho y al parecer su esposo, nombrado como embajador de Inglaterra en Turquía en
más fácil de alcanzar. Y aunque muchas, por diversas razones, no el año 1716, y quien se impresionó con los mundos separados de
se alejaron más allá del umbral de sus hogares, desde ahí también las mujeres, entrando en ellos y pudiendo de esta manera apreciar
contribuyeron a que sus hombres lograran llegar a los confines de y describir las costumbres femeninas inaccesibles para los hombres
la tierra y más allá. Como lo hizo Isabel la Católica, otras también del mundo occidental. Además trajo de vuelta a Europa una nove-
han empeñado sus dotes y sus joyas, para financiar no solo las tres dosa práctica que encuentra entre las ancianas de ese país, y que ella
carabelas al mando de Colón, sino muchas otras travesías, y se que- misma prueba pinchándose un brazo con la punta de una aguja un-
tada de pus de una persona enferma de viruela2 previniendo así esta llos. La invención del estribo por parte de los hunos, permitió la
mortal enfermedad y expandiendo el conocimiento sobre esta. expansión mongólica hacia Europa occidental y su poderío militar
Alexandra David-Neel escribe sobre cómo logró ser la prime- y económico. En la Edad Media un mercader llegado del oriente
ra mujer occidental en llegar a Lhasa, la ciudad prohibida del Tibet por el Mediterráneo, podía desembarcar en el importante puerto
y sobre las cosas que vio y aprendió por el camino. Esta literatura de de Venecia y viajar por tierra durante dos meses hasta los países ba-
mujeres viajeras, que nos sirve también como fuente de datos histó- jos. O si algún peregrino lo hacia por rutas como la de Santiago de
ricos, se benefició poco a poco con las contribuciones que llegaron Compostela, se permitía con comodidad un recorrido de un mes a
de diferentes partes del mundo documentando las experiencias y las pie desde los Pirineos franceses, por vías habilitadas desde la anti-
impresiones de viaje de ojos femeninos occidentales que lograban güedad por los romanos. Sin ir más lejos, los caminos de herradura
observar de primera mano nuevas especies de plantas y de anima- de los antiguos Incas y muiscas, de los que aun sobreviven vestigios,
les, costumbres exóticas, paisajes, alimentos, tecnologías, sistemas usados hoy en día por caminantes ecológicos, les permitían mover-
políticos y muchas otras cosas más que enriquecieron la ciencia de se desde las altas sierras de los Andes hasta las zonas calientes de la
variadas maneras. Es importante en este punto mencionar dos con- costa en pocos días. Se sabe que los chasquis o correos de los incas
ceptos esenciales para entender las contribuciones de estas mujeres transportaban pescado fresco desde la costa Pacífica hasta donde
desde el género y la cultura, estos son los conceptos sobre “el otro” fuera necesario, en un sistema de carreras de relevos.
y “la mirada”. En este caso hablaré del viaje con “mirada femenina” El desarrollo de la navegación marítima que permitió el
desde diferentes posiciones, ya sea a través de la mirada colonial, descubrimiento de América fue posible gracias a la ayuda de ins-
religiosa, occidental o desde la orilla que haya sido. trumentos como el astrolabio, del cual, sentó las bases la famosa
Quiero además de hacer un inventario de intrépidas, tomar Hypatia de Alejandría en la antigüedad. Cuando era conveniente
varios momentos históricos que nos permitan no sólo ver sus con- a las mujeres las dejaban subir a los barcos y cuando no, se inven-
tribuciones en esos contextos, sino tener en cuenta elementos de taban supersticiones aduciendo que su presencia era de mal agüe-
género y poder en la discusión sobre el avance de la ciencia. Co- ro, a algunas llegaron incluso a tirarlas por la borda, para apaciguar
menzaré por la época de la expansión marítima y la posterior con- tormentas, pero eso no fue un impedimento para las muchas que
quista de nuevos territorios, para seguir con el significado de esos lo hicieron. Tuvieron que pasar muchos siglos hasta que a las
viajes en las épocas coloniales, hasta llegar a la época moderna. Las mujeres finalmente se les permitiera subirse a los barcos y entrar
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nuevas formas de viajar desarrolladas en el siglo XIX, ya sea en tren oficialmente, con uniforme, y con altos rangos, a comandar en la
o en barcos de vapor abren inmensas posibilidades y reducen los marina de sus países.
costos de moverse de un lugar a otro. Pero todo esto se sobrepasa Una rápida mirada a las listas de pasajeros de los barcos que
con los avances en los viajes aéreos y a partir de los años sesenta con llegaron al nuevo mundo, de fácil acceso por Internet3, nos mues-
la carrera espacial. Veremos entonces que oportunidades se les han tra como desde muy tempranas épocas de la conquista, a los hom-
presentado a las mujeres en esos nuevos destinos. bres se les permitió traer a sus mujeres, a sus sobrinas y a otras
parientes e incluso a sus sirvientas, como acompañantes o para
La expansión marítima que desempeñaran diversos oficios domésticos. Las mujeres espa-
Recordemos que antes de la expansión marítima la gente se movi- ñolas contribuyeron al encuentro de los dos continentes a través
lizaba a pié, en compañía de recuas de animales de carga, o como de la preparación de alimentos, de traer y adaptar sus productos
se hacía en las tierras de África o de oriente en caravanas de came- como el pan, el vino, las gallinas y las ovejas a las condiciones de
climas antes desconocidos. En la ciudad de Zaragoza hay un con- caso de Ysabel de Guevara quien narra y reclama en una hermosa
vento que se enorgullece por ser el primer lugar del país y tal vez carta enviada desde Asunción, Paraguay, por las penurias que la
de toda Europa donde se tomó por primera vez chocolate traído aquejaron tras la muerte de su marido Pedro Mendoza y el drama
de las Indias, en 1535. En 1509, se documenta que la primera mu- que vivió en la fundación de Buenos Aires4.
jer Europea en desembarcar en América fue María de Toledo, la A pesar de todas esas noticias que nos llegan de esas viajeras,
esposa del Virrey, Don Diego Colón, el hijo de Cristóbal, quienes fue solo hasta 1766, que se reporta como Jeanne Baret, logró, de
se instalaron en lo que es hoy la República Dominicana y donde nuevo disfrazada de hombre, ser la primera mujer que dio la vuel-
hay una plaza con su nombre en el lugar donde al parecer cons- ta al mundo en la expedición científica liderada por el francés De
truyó su casa. Bougainville. Casi cien años después lady Anna Brassey comanda
Además de ella, otras como Catalina Montejo, ostentaron el primer viaje alrededor del mundo moderno a bordo del yate
cargos como el de “Adelantada de Yucatán” y en Panamá se hizo Sunbeam. Jeanne Baret trabajaba como “naturalista” es decir co-
famosa Isabel de Bobadilla, esposa de Pedrarias Dávila. A pesar de leccionando especímenes de plantas, animales, insectos, conchas
la imagen del conquistador que llegó solo a las costas del Nuevo que serian llevados a Europa para su estudio y exposición en los
Mundo, hay extensos documentos que nos muestran como mu- gabinetes e incipientes museos. En Tahití se descubrió su verdade-
chos llegaron a asentarse con sus familias completas. Y sabemos ra identidad, pero debido a la calidad de su trabajo se quedó en la
que cuando ellos fallecían, cosa que ocurría con frecuencia, ellas Polinesia por varios años más completando sus colecciones. Otra
quedaban al mando de las expediciones. Por ejemplo se conoce el mujer del Siglo XVIII que participó en las grandes expediciones fue
caso donde una mujer estuvo a cargo de una expedición marítima la peruana Isabel Grandmason quien estaba casada con Jean Godin,
con título de adelantada y gobernadora, ella era Isabel de Barreto contratado por Charles-Marie de la Condamine, con el propósito
quien dirigió la infortunada expedición a las islas Salomón y a las de ayudar en la medición de la línea Ecuatorial en el Perú. Isabel
Marquesas en el año 1596. En los siguientes años inmediatamen- se adentró en la selva Amazónica en busca de su esposo, hasta que
te al descubrimiento llegarían 308 mujeres, muchas de ellas de finalmente se reunió con el veinte años más tarde, en las Guayanas,
familias principales, entre ellas la esposa de Hernán Cortés. Hubo después de haber sobrevivido a incontables tragedias.
luego restricciones a las mujeres solteras, como las hay hoy en Las contribuciones que las mujeres viajeras han hecho a la
día para la obtención de visas, y de pasaportes en algunos países. ciencia nos han llegado también desde el arte. Por eso además de
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Como sabemos hubo también mujeres indígenas que guiaron a las cartógrafas y geógrafas que dibujaban mapas, están las que, an-
los conquistadores y a otros europeos por lugares desconocidos tes de la invención de la fotografía, ilustraron los libros de botánica
en expediciones exitosas, como el caso de la Malinche en México, y zoología, y para esto viajaron a retratar de primera mano las espe-
y de Sakajawea en Norte América quién guió la famosa expedi- cies desconocidas para la ciencia. La composición, el colorido y la
ción de Lewis and Clark, cargando a su bebé en la espalda y la no belleza del trabajo de algunas de ellas, nos ha dejado un legado de
menos famosa India Catalina, quien acompañó a Pedro de Here- admiración por su habilidad para capturar con precisión el mundo
dia como traductora por los nuevos territorios sin explorar hacia que encontraron. Mencionaré apenas a las más sobresalientes en
adentro del continente desde el sur de Cartagena. este campo como son Marianne North (1830-1890) una inglesa
Hubo en la época de la conquista otras aguerridas damas adinerada que viajo por todos los confines del imperio británico,
que guiaron expediciones y ejércitos y fundaron ciudades como y que dejo al mundo no solo un legado de más de 1000 obras, sino
Inés de Suarez, la compañera de Valdivia en los mares del sur, o el que además dejo el edificio donde guardar y exhibir este material,
hoy en día al cuidado del Royal Botanic Garden en la localidad de la creación de las naciones del Medio Oriente y en la construcción
Kew, en cercanía a Londres. Otra inglesa destacada en este mismo de Irak. Isabella, de familia de misioneros, por su parte, ya había
campo es Margaret Ursula Brown (1909-1988, hija de un natura- recorrido junto con su padre, la campiña Inglesa y desde pequeña
lista, quien viajó al Amazonas y a otros lugares de Sur América y se ajustaba a las incomodidades de la vida fuera de su casa, lo que le
desde su primera expedición en 1956 se convirtió en activista por permitió a los 70 años, realizar un viaje por el norte de África a lomo
la conservación de la selva Amazónica. Pero la más conocida y pio- de caballo. Sus viajes por diferentes lugares del mundo le permitie-
nera de todas estas damas de la ilustración botánica es la holandesa ron ser la primera mujer en llegar a la Royal Geographical Society
Anna Maria Sibylla Merian (1647-1717) quien viaja con su hija a y hoy en día es considerada una de las pioneras de la geografía y de
Surinam a documentar la vida de los insectos, publicando además la antropología.
varios libros donde no solo dibujaba sino que hacia extensas ano- Mary Kingsley nació en Londres, y pasó a la historia como
taciones. una gran exploradora de África Occidental y Central de finales
del siglo XIX5. La ciencia se benefició con sus investigaciones que
El Siglo XIX iban desde el estudio de insectos y peces hasta el de las prácticas
Las principales mujeres que comandaron la gran aventura expedi- religiosas africanas. La especie de peces conocida científicamente
cionaria en el siglo XIX fueron las inglesas. La época victoriana se como Ctenopoma kingsleyae, fue nombrada en su honor. Se internó
caracteriza por considerar inmoral muchas cosas entre ellas el que por el continente hasta lugares que no habían sido conocidos por
las mujeres viajaran solas. Hasta el vestido era un impedimento hombres Europeos y ascendió el Monte Camerún, el más alto de la
para la movilidad, había que liberarse del corsé, de las faldas largas región, con más de cuatro mil metros de altura. Kingsley dejó una
y abultadas, de los miles de botones y lazos que apretaban prendas extensa bibliografía de populares y amenos libros sobre sus recorri-
y calzado y sobre todo de las ataduras mentales del momento. Las dos6. En sus escritos también aparecen críticas al imperialismo in-
más prominentes de las que se atrevieron a transgredir esa norma glés y a las actitudes etnocéntricas del momento que consideraban
fueron Harriet Martineau, Isabella Bird, Gertrude Bell and Mary a las tribus africanas como horribles salvajes, o en los mejores casos
Henrietta Kingsley. Ninguna realmente lo hizo por el simple gusto como tontos menores de edad.
de la aventura hacia lo desconocido si no más bien por razones de También en el siglo XIX encontramos a la gran Florence
trabajo o en alguna misión especial de tipo religioso, pues en esa Nithingale, quien no solo modernizó la enfermería, salvando así
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época muchas mujeres comienzan a tener la oportunidad de viajar muchas vidas, sino que recogió datos de manera tan rigurosa que
como gobernantas, educadoras, enfermeras o religiosas, dentro de se le considera la madre de la estadística. En esa misma guerra tam-
esta categoría encontramos a Ana Lenowens, inmortalizada en la bién estuvo cuidando soldados ingleses, Mary Seacole quién en
película Ana y el Rey en Siam. Harriet era una escritora inglesa de 1857 escribió su autobiografía titulada, “Las maravillosas aventuras
clase alta quien en sus viajes se dedicó a documentar la condición de la señorita Seacole en muchas tierras”7. Mary era una mulata ori-
de la mujer en los sitios por donde pasaba. Gertrude, permaneció ginaria de Jamaica y sus cuidados con ciertas hierbas medicinales
soltera toda su vida y se enorgullecía de haber completado dos via- le permitieron acrecentar fama en la curación de muchos heridos.
jes alrededor del mundo, pero eso no fue lo que la hizo famosa, si Hacia los finales de este siglo encontramos a Julia Margaret Came-
no su estadía en Mesopotamia, su aprendizaje del árabe, sus cono- ron enviándonos desde varios lugares del mundo exóticas fotogra-
cimientos de arqueología y de las tribus del desierto, de tal manera fías, como las que tomó en el antiguo Ceilán. Una vez inventada la
que sus escritos fueron influyentes en las decisiones de Inglaterra en cámara fotográfica, ya no se iba a separar nunca de las viajeras, pues
esta permitía traer una mayor evidencia y credibilidad sobre los lu- formadoras de las nuevas generaciones por las remotas regiones de
gares recorridos con miradas de mujer. La famosa Freya Stark, nos la geografía de su país. Antes que ellas se destaca a Teresa Cuervo
dejó una colección de fotos del sur de Yemen, que aun hoy sirven Borda, primera mujer colombiana en ser integrante de la Sociedad
como documentos etnográficos. Americana de Mujeres Geógrafas en los años cuarenta y quien se
Estas viajeras también se dirigieron a las tierras del continente pasa a la historia por su labor en la conformación y dirección del
americano dejándonos sus excelentes escritos como en el caso de la Museo Nacional.
inglesa Rosa Carnegie-Williams quien escribió el libro “Un año en Las expedicionarias del siglo XX son mucho más numerosas,
los Andes o las aventuras de una lady en Bogotá8” donde narra las peri- la aviación acortó las distancias y el mundo se hizo más pequeño. Las
pecias de su viaje y residencia en este ciudad entre agosto de 1881 y mujeres por su parte ganaron en reivindicaciones educativas, labora-
julio de 1882. A manera de diario nos cuenta su salida de Londres, su les y políticas y comenzaron a sobresalir en empresas consideradas
travesía por el río Magdalena en el primer barco de vapor en surcar anteriormente como no aptas para ellas. Junko Tabei por ejemplo,
sus aguas, cortos recorridos en tren, donde este ya existía, y nos da se destaca por ser la primera mujer en alcanzar la cima del Everest
noticias de los efectos de la trágica avalancha ocurrida en Armero en en 1975, seguida de cerca por la alpinista española Araceli Segarra,
1845, y fue testigo de una terrible creciente en Bogotá. Con minu- quien con solo 26 años de edad, pasó a la historia con ese mérito. Va-
ciosos detalle nos describe la vegetación y la vida de los posaderos rios años atrás, otra mujer, la científica y reivindicadora del derecho
del camino a lomo de mula de Honda a Bogotá, y hace el recuento de al voto, Fanny Bullock, junto con su marido, realizó un total de siete
una visita al Salto de Tequendama y a Zipaquirá, describiendo todas expediciones por el Himalaya, trazando mapas, registrando alturas
sus impresiones del viaje, especialmente relacionadas a la abundan- y cambios de temperatura, documentando movimientos glaciares y
cia de frutas y animales silvestres que vio en todo su recorrido y su tomando las primeras fotos de esas cumbres.
llegada de vuelta sana y salva a su lugar de origen, después de acom-
pañar a su esposo, dedicado a negocios de minería en Colombia. Las pioneras de la aviación
Ya en el siglo XX encontramos a Daisy Bates viviendo con Durante siglos las mujeres levantaron sus ojos al cielo en una cons-
los aborígenes de Australia y documentando su cultura, de manera tante observación de los fenómenos celestes, actividad compatible
que sirvió como referente para los trabajos que se realizaron poste- con las labores domésticas y con el cuidado de los hijos, que por lo
riormente por el reconocido antropólogo Radcliffe Brown. Pero ya general, no requería de moverse de la casa. La astronomía tiene una
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que estamos hablando de antropología no podemos dejar de lado larga lista de mujeres destacadas, pero lo que quiero resaltar es la par-
los viajes de Margaret Mead a Samoa, donde recogió el material para ticipación de la mujer en la historia de la aviación y en los programas
sus libros sobre crecimiento y adolescencia y los mundos masculi- espaciales. Amelia Earhart es la aviadora que más profundamente
nos y femeninos, que se convertirían en los libros más populares de nos ha marcado, por sus historias románticas, por el lanzamiento de
la antropología en Estados Unidos. Desde sus inicios la antropolo- diseños de moda espeialmente para ella, pero también por su des-
gía tiene una fuerte presencia de mujeres viajeras. La afroamericana aparecimiento mientras volaba sobre el Pacífico, propiciando toda
Zora Neale Hurston se adentró en el sur profundo de los descen- clase de teorías que van desde su trabajo para el gobierno como espía
dientes de los esclavos en Norte América, recogiendo material in- hasta su captura por los japoneses durante la Segunda Guerra Mun-
valuable. La lista de antropólogas es bastante larga, menciono a las dial. Beryl Markham, que lograron records importantes en este cam-
pioneras colombianas Virginia Gutiérrez de Pineda, Alicia Dussan, po. Beryl se especializó en viajes por remotas regiones de África, y
Blanca Ochoa y muchas otras incansables viajeras, investigadoras y en recorridos turísticos.
En un viaje que hice de Brasil a Bogotá me sorprendió que por celulares y otras tecnologías de la comunicación para estar al tanto
primera vez viajaba en un avión comercial donde tenía como Capi- de lo que ocurre ya sea en sus hogares o en los lugares que visitan y
tana a Julieta Mendoza, quien me invitó a pasar a la cabina del avión se valen de guías y de redes que las conectan con otras mujeres que
a conversar sobre su experiencia y los obstáculos que ha tenido en su ya han hecho el camino y que pueden ofrecer algún consejo para el
carrera. Además de explicarme los instrumentos y de dejarme que- recorrido. Hasta los materiales modernos usados para ropas ultrali-
dar para el aterrizaje me contó como en Colombia, muchas mujeres vianas, abrigadas y de fácil lavado y secado se han sumado a facilitar
como ella han tenido que entrar a las Fuerzas Armadas para lograr el viaje con ligeros equipajes que van en pequeñas maletas de ruedas
sus sueños como pilotos de aviones comerciales, el entrenamiento o en morrales a la espalda.
es duro y riguroso y aún se encuentran con obstáculos, a veces de los Para las mujeres a diferencia de los hombres el embarazo y la
mismos pasajeros quienes no se sienten seguros con ellas al mando. crianza de los bebés era una limitante, aunque para algunas eso no
A algunas les cuesta más trabajo ascender en su carrera pues son en- fue obstáculo, pues se llevaron a sus hijos con ellas. En el siglo XIX
viadas a las regiones alejadas a cubrir rutas poco atractivas. era más fácil viajar en el caso de las que eran solteras, pues podían ya
en esa época escoger carreras como gobernantas o enfermeras y to-
La conquista del espacio maban por su cuenta las riendas de sus vidas, aunque aun en muchos
Cuando pensamos en los logros espaciales la primera mujer que nos países se necesitaba el permiso del esposo para obtener pasaportes y
viene a la mente es por supuesto la cosmonauta rusa Valentina Te- visas. Muchas como Mary Kingsley, quien vivió recluida parte de su
reshkova quien en 1963 le dio la vuelta a la tierra 48 veces. Antes juventud pues tuvo al cuidado a sus ancianos progenitores por mu-
de saltar a la fama mundial trabajaba en una fábrica de textiles y era chos años hasta que estos fallecieron y ella pudo finalmente dispo-
aficionada al paracaidismo, razón por la cual fue reclutada en el pro- ner de una pequeña fortuna que le permitió convertirse en ictióloga
grama espacial. Valentina fue la fuente de inspiración de las nuevas en África.
generaciones de mujeres que han participado o estado a cargo de Quiero terminar este inventario de intrepidas navegantes ha-
misiones espaciales, como en el caso de Christa Mcauliffe, la prime- ciendo un breve recorrido por el mundo de la exploración científica
ra educadora en el espacio, quien murió a bordo del transbordador moderna, donde las fronteras hacia lo desconocido se siguen expan-
espacial Challenger, junto con la ingeniera Judy Resnick. También diendo en direcciones antes impensadas. Se trata en este caso de los
recordamos a la astronauta India, Kalpana Chawla quien pereció en viajes y las misiones espaciales y la exploración del fondo del mar,
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el desastre del transbordador Columbia. Pero esas tragedias no han donde encontramos a la valiente bióloga marina Sylvia Alice Ear-
sido impedimentos para que muchas otras mujeres se hayan dedica- le. Hay varios nombres que resuenas en las profundidades marinas
do a la astrofísica y a la navegación espacial. y en las profundidades de las cavernas. En la navegación antartica
Aunque los tapujos y restricciones de épocas pasadas se han encontramos a Elizabeth Ann Arthur, como ella misma se describe,
superado y de que los recorridos de grandes distancias ya no son una persona ordinaria en una situación extraordinaria, en donde se
privilegio de mujeres adineradas, y a pesar de los inconvenientes comjugan las penurias del viaje con el momento místico y trascen-
que ha dejado el terrorismo, se puede decir que hoy se viaja más dente que produce el estar sola rodeada por la inmensidad cubierta
que todo por placer o por asuntos de trabajo. Una mujer que quiera de nieve del Polo sur. Muchas de estas expediciones requieren de un
aventurarse sola puede hacerlo de manera segura y con comodidad. estado físico excelente y de un entrenamiento especial para soportar
La industria hotelera y turística se ha adecuado a las necesidades de los rigores del clima, y las condiciones especiales de las travesías, o
este grupo, donde se usan cada vez más frecuentemente el Internet, del descenso a profundidades inexploradas.
Delia Akeley decidio adentrarse en la selva para recoger es- NOTAS
pecímens de animales, los cuales aun adornan las salas del Museo 1 La historia se inmortalizó en un popular poema y en la ópera de 1950 “Eighteen Re-
de Historia Natural de Nueva York y Ossa Johnson decidió llevar frains to a Barbarian Flute.”
su camara y plasmar su mirada a esos lugares. 2 Leo Hamalian, ed, Ladies on the Loose: Women Travelers of the 18th and 19th
Las primatologas como Birute Galdikas, Diane Fossey y Jane Centuries, 1981. Selections from Lady Mary Wortley Montagu letters, 1716 - 1718.
Goodal has sido absolutamnete instrumentales en la creación de 3 El antiguo Instituto de Cultura Hispánica, fusionado con el Instituto Colombiano de
programas de protección, y en el cambio de manera de ver a es- Antropología e Historia, ICANH, han mantenido esas bases de datos.
tos animales en su estado natural, lo que por lo menos en el caso 4 La carta completa se puede leer en el siguiente enlace: http://www.buenosairesanti-
de Fossey le costó la vida. Marie Reiche, una matematica alemana, guo.com.ar/notasdebuenosaires/mujeresdelaconquista.html.
vivió hasta la interesante edad de 96 años, 50 de los cuales dedicó 5 Cristina Morató nos narra en el libro “Las Reinas de África, Viajeras y exploradoras por
al estudio de las famosas líneas de Nazca, declaradas como Patri- el continente negro” (2003. Barcelona, Plaza y Janés), varias de las apasionantes vidas de
estas exploradoras.
monio de la Humanidad, gracias a sus esfuerzos, trabajó conjunta-
6 Mary Kingsley, Travels in West Africa (London: Thomas Nelson, 1965). Una página
mente con Marilyn bridges, destacada fotógrafa con quien realizó web recomendada es: http://www.loe.org/series/discovery_women/kingsley.php.
el monumental esfuerzo de elaborar mapas aéreos de la zona. Pero Ver también: Patricia Romero (ed.), Women Voices on Africa. A century of travel writings
como siempre, las discrimiaciones u obstáculos no se hacían espe- (Princeton, 1992).
rar. Marie Tharp, american oceanographer cartográfa, fue relagada 7 El título original es “The Wonderful Adventures of Mrs. Seacole in Many Lands.” No co-
a la parte de atrás de los observatorios geologicos y no se le permi- nozco una traducción al castellano.
tió hacer trabajo de campo si no hasta después de trabajar durante 8 Publicado en 1990 por la Academia de Historia de Bogotá/Tercer Mundo editores.
Colección viajantes y viajeros.
más de 15 años en a Universidad de Columbia. ¿e alegra ver a las
nuevas generaciones as interesadas en lo que ocurre a su alrededor.
Además de esto, nuevas carrera se han abierto donde se conjugan
el viaje y la rtecnologia, como en el caso de la biologia acustica Katy
Pyne, donde el estudio de los sonidos es lo más importante en eco-
sistemas que están en vías de extinción.
A pesar de todas las hazañas mencionadas y de las herencias
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que nos dejaron todas las intrépidas que se asomaron a estas pági-
nas, y de que pensamos que hoy en día quedan pocas fronteras por
traspasar y que las mujeres hemos avanzado en una larga marcha,
acabando con los últimos prejuicios y desigualdades que aun que-
dan, todavía pareciera que lo inexplorado sigue siendo una senda
reservada para los hombres. Pero el lugar de una mujer ya no solo
es su casa, si no es en el sitio hasta donde quiera llegar.
4
O XV CONGRESSO INTERNACIONAL DE MEDICINA DE 1906,
LISBOA, PORTUGAL: UMA ABORDAGEM DE GÊNERO

Maria Margaret Lopes


Madalena Esperança Pina
Maria de Fátima Nunes

Introdução
O XV Congresso Internacional de Medicina de 1906, realizado em
Lisboa, Portugal, é tomado nesse artigo como ponto de partida
para uma análise mais ampla a ser desenvolvida sobre as relações
de gênero nos congressos científicos da primeira metade do século
XX. Integra o projeto Congressos Internacionais de Ciência, Por-
tugal: 1880-19501, cujo objetivo central é analisar as redes que a
comunidade científica portuguesa foi capaz de sustentar, em dife-
rentes conjunturas políticas, para fazer deslocar para o espaço por-
tuguês europeu a realização de congressos científicos internacio-
nais, como o XV Congresso Internacional de Medicina em 1906
ou o 3º Congresso Internacional de História das Ciencias de 1934,
99
ou o XII Congresso Internacional de Zoologia de 1935, entre di-
versos outros.
No caso português uma ótica historiográfica centrada em
um apregoado isolacionismo nacional do perído do Estado Novo,
tem dificultado esse tipo de análise sobre a internacionalização
das ciências em Portugal (Nunes, 2004). Esse projeto incorpo-
ra também, no quadro geral de avanço do fascismo na Europa e
na Península Ibérica, uma série conjunta de Congressos das As-
sociações Espanhola e Portuguesa para o Avanço das Ciências
(1921-1934), bem como análises sobre uma série de congressos
de caráter nacional marcados pela consagração do colonialismo e
do nacionalismo do Estado Novo, como o Congresso do Mundo capitalizados pelos participantes locais para avançar suas próprias
Português (1940) ou 1º Congresso Nacional de Ciências Naturais agendas, ampliar a visibilidade de suas áreas profissionais, disputar
(1941) que incorporaram de forma simbólica, política e cientifica espaços localmente (Doel et al., 2005).
o Império Colonial. Subjacente a essa pesquisa está uma idéia inspirada em Lud-
Embora em todas as áreas disciplinares haja referências a milla Jordanova (1989), que alertando para a importância da análises
congressos acontecidos, é ainda bastante escassa uma bibliogra- engendradas das imagens sexualizadas em Medicina, lembrava que já
fia mais abrangente que trate os congressos em si, como o foco havia um consenso em torno de que era impossível se tratar a filosofia
de suas análises (Söderqvist, 1994). Mais escassas ainda são abor- natural no século XVII - isto é no início das ciências modernas - sem
dagens que incorporem perspectivas de gênero na análise de tais a mediação da religião e dos conflitos políticos gerados. Alertava que
congressos científicos, como essas que iniciamos. estávamos longe ainda (como consideramos que, em larga medida,
Não se trata aqui, de analisar esse e outros congressos em si 20 anos depois, ainda estamos) de incorporar como um consenso,
ou como um todo, porque para isso, metodologicamente e eviden- a idéia de que é impossível ignorar as mediações dos papeis sexuais,
temente seria necessário toda uma contextualização, local, inter- das relações de gênero em todas as áreas do conhecimento e desca-
nacional, disiciplinar, da situação de tais congressos no conjunto radamente presentes nas construções das ciências bio-médicas desde
das séries em que se inserem, por exemplo. Mas levando isso em então.
conta, alguns aspectos do XV Congresso Internacional de Medici- Também estruturando nossa pesquisa, consideramos fun-
na realizado em Lisboa em 1906, são apresentados, considerando damentais, em termos de políticas e micropolíticas das ciências, os
também vínculos que se pode buscar entre congressos científicos equacionamentos entre nome, status e prestígio, a partir de suas his-
e feministas nas primeiras décadas do século XX. toricidades e articulações com as convenções sobre autoria e autori-
dade. Partilhamos o pressuposto de que a nomeação pessoal é uma
Mediações de Gênero, nomeação pessoal “porta de entrada privilegiada para o estudo da forma como os gran-
Os Congressos Científicos foram e são uma das mais evidentes des fatores de diferenciação social, política, científica se operacionali-
expressões da internacionalização das ciências que contribuiram zam através da ação pessoal” (Pina-Cabral 2005).
para a reorganização da profissionalização da vida científica. Suas Assim essa pesquisa pretende se desenvolver tanto no encon-
organizações foram em muito favorecidas pelas facilidades cada tro das mulheres corporificadas que têm nome, sobrenome e renome
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vez maiores dos meios de transporte e comunicações, desde me- e que estiveram presentes nesses congressos, como particularmen-
ados do século XIX. Nesses eventos internacionais conjuntos de te, nas relações de gênero que moldavam esses eventos e, eviden-
fenômenos pouco conhecidos, dispersos ou locais - transformados temente, no peso e na importância que as metáforas e estereótipos
em comunicações científicas, geraram novas questões teóricas e associados a gênero assumiram nesses congressos. Acompanhemos
empíricas de áreas específicas, mas também das práticas herdadas brevemente alguns dos itens que estão sendo considerados nessa in-
até hoje de nossas políticas científicas. A análise das novas formas vestigação, como por exemplo, as mesas de abertura, os comitês de
de negociações de interesses, circulação de informações, imple- damas e a participação das mulheres nesses eventos.
mentação de políticas, que se constituíram e ou se amplificaram
nesses espaços podem permitir um mapeamento das dinâmicas Mesas de abertura
de funcionamento de comunidades consolidadas e ou em cons- As mesas de abertura dos congressos – como em todos congressos
tituição, bem como o quanto esses eventos internacionais foram ontem e hoje – refletiam o prestígio acadêmico da área disciplinar, o
status dos organizadores do evento, a amplitude de suas capacidades medicamentos, bem como a assistência. Madalena Esperança Pina
de alianças e de articulações politico-científicas, a densidade das re- (2010) discutiu em profundidade esses azulejos, dos pontos de vista
des de apoios que conseguiam mobilizar. artístico, científico e simbólico. Nos azulejos também estão fixados
No XV Congresso Internacional de Medicina de 1906, reali- os estereótipos de gênero mais comumente atribuídos às mulheres: a
zado quatro anos antes da implantação da República em Portugal, representação do milagre de santa Isabel e as bruxas que são afastadas
os reis Dona Amélia e Dom Carlos e a rainha-mãe Dona Maria Pia pela imagem da ciência feminina que inspira um jovem doutor em
compuseram a mesa de abertura, ao lado da comissão organizado- seus estudos.
ra do evento. Dona Maria Pia e Dona Amélia não tiveram voz entre Em seu discurso ainda na mesa de abertura, Miguel Bombarda
os discursos do rei, do presidente (Costa Allemão), do secretario do ressaltará o êxito alcançado pela capacidade dos médicos portugue-
Congresso (Miguel Bombarda) e dos representantes dos delegados ses organizadores do evento em suas articulações político-científicas.
dos países estrangeiros presentes. O rei foi louvado pelo conjunto dos De fato, muitas das principais autoridades do campo médico estavam
atributos emprestados a masculinidade: ser simultaneamente um es- presentes, como entre outros, Santiago Ramon y Cajal que ganharia
portista, um artista e um savant. Foi enaltecido pela precisão de seus prêmio Nobel com Camilo Golgi por suas pesquisas sobre a estrutura
tiros nas caçadas, pela maestria do seu pincel e por seus reconhecidos do sistema nervoso naquele mesmo o ano de1906; Charles Laveran,
trabalhos em suas explorações oceanográficas. prêmio Nobel de 1907, pelos estudos da malária como doença cau-
Como esposa bem amada Dona Amélia (1865-1951) foi no- sada por protozoários e por seus trabalhos sobre trypanosomas; Ilya
meada pelo rei, e como ativista da causa contra a tuberculose, tam- Metchnikoff que ganharia prêmio Nobel em 1908 por seus estudos
bém por todos os oradores da mesa. Uma áurea de santidade, lhe foi sobre fagocitose e Karl Landsteiner – que ganharia prêmio Nobel em
atribuída por Costa Allemão que comparou a ação da rainha, em uma 1930, por seu trabalho sobre a classificação de grupos sanguíneos e a
metáfora de multiplos sentidos, a rainha Santa Isabel - Isabel de Ara- presença de aglutininas no sangue.
gão (c.1270-1336), casada com D. Dinis. Segundo a lenda, a rainha O êxito das articulações se expressava nos números de 1.818
santa Isabel distribuia pães ou moedas aos pobres, que se transforma- savants e praticantes inscritos, no 134 temas de estudo, nas 500 co-
vam em rosas por milagre, quando era surpreendida pelo marido. O municações livres e na enumeração das delegações dos países pre-
presidente do Congresso, associando a rainha a santa, fazia alusão as sentes, em que não faltarão embora com menor ênfase que aos países
imagens que ficariam fixadas até hoje nos azulejos que ornamentam alemães, a França e Inglatera e a América, a nomeação dos “países do
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a Sala dos Passos Perdidos do edifício que recebeu as sessões científi- outro hemisfério Brasil, México, Argentina, Chile, etc.”
cas do congresso, actual Faculdade de Ciências Médicas. As vertentes de análises desse único congresso são múltiplas,
A realização do Congresso serviu de pretexto para uma inau- e em termos das redes de relações que estes congressos nos permi-
guração simbólica do novo edifício, construído para a Escola Médi- tem identificar, por exemplo, as delegações latino-americanas não in-
co-Cirúrgica de Lisboa, que tardava em se instalar, e as sessões ocor- cluiam mulheres médicas, ou que teriam apresentado comunicações,
riam aí. O cenário dos painéis de azulejos remete-nos para este papel embora essa já começassem a participar dos congressos latino-ame-
fundamental da rainha no apoio a cura da tuberculose em Portugal. ricanos. Evidentemente esses foruns internacionais eram altamente
Trata-se da varanda do Dispensário de Alcântara (que foi visitado seletivos e não é novidade que nesses congressos, particularmente
pelos congressistas), criado no âmbito das actividades da Assistência do inicio do século são poucas as mulheres que participam. E, entre
Nacional aos Tuberculosos, fundada em 1899. O dispensário aten- outros, os médicos latino-americanos presentes são justamente: o
dia crianças até aos 12 anos, que alí tinham acesso a alimentação e brasileiro Antônio Augusto de Azevedo Sodré, diretor da Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro, especialista em sífilis e Emilio Coni, estruturas atuantes já bem adentrado o século XX, não só nos con-
higienista argentino, ambos organizadores dos Congressos Médico gressos internacionais de Medicina, como também de Zoologia, de
Latino-Americanos do período. Geologia e mesmo de Geografia. Estudos sobre as relações de gê-
Em função dos interesses desse fórum, cabe aqui uma rápida nero e a organização das mulheres geógrafas, mencionam que nos
observação sobre esses congressos médicos latino-americanos que congressos internacionais de Geografia, muitasvezes as chamadas
já foram mais estudados, embora nem sempre incorporando suas atividades ‘for ladies’, ficavam sobre a responsabilidade mesmo de
marcas de gênero, mas que tinham suas agendas próprias de afirma- profissionais geógrafas (Robic and Rössler, 1996).
ção no enfrentamento internacional de temáticas e de comunidades Na cobertura pela imprensa desse Congresso de Medicina
latino-americanas, rapidamente transformadas, não sem questiona- que foi um verdadeiro acontecimento social na Lisboa do início do
mentos, em panamericanas (Almeida, 2006). Mesmo apregoando século, há todo um conjunto de festas em que se pode constatar a
a exclusiva cientificidade desses eventos, a mesa de abertura do 1º presença de mulheres e por vezes algumas são identificadas como
Congresso Latino Americano de Medicina, realizado em Santiago congressistas. Além das festas, foram comuns a visitas a locais espe-
do Chile, que também reunia a elite local, revestida da mesma im- cíficos (como hospitais) que faziam parte das políticas de estreitar
portância política e simbólica dos Congressos internacionais, teria relações, criar sentimentos de pertencer a uma comunidade, reco-
como participação de destaque o discurso pela paz de quem a lite- nhecer espaços geradores de identidades comuns, com os quais tais
ratura se refere como a escritora e esposa do médico argentino Emi- comunidades podiam se identificar.
lio Coni. Gabriela de Laperrière de Coni tinha nome, sobrenome e
renome. Socialista, ativista da causa operária, inserida no contexto Redes certas: participação científica
da época, como a rainha Dona Amélia, também dedicava-se a causa A grande maioria das mulheres inscritas no XV Congresso Inter-
da tuberculose. nacional de Medicina de Lisboa de 19 a 26 de abril de 1906, tinha
apenas o sobrenome de seus maridos e pagava apenas metade da
Comité des dames taxa de inscrição. Entre essas, na sua maioria esposas dos congres-
O periódico português O Ocidente iniciou com a foto do comitê das sistas, havia também aquelas identificadas como mães, tias, havia
damas sua cobertura do o XV Congresso de Medicina de 1906. E uma viúva e filhas de médicos participantes.
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informava que era a primeira vez que se fazia essa gentileza no país. É certo que as mulheres não presidiram sessões, mas apresen- 105
As informações são de mais dificil acesso nos documentos oficiais, taram trabalhos entre as comunicações livres de algumas sessões.
mas esses comitês reuniam as esposas dos médicos de prestígio, dos Se é indiscutível o peso das redes científicas que se articulavam nes-
organizadores do evento, cujo os papéis em garantir forúns de so- ses congressos, as mulheres que apresentaram comunicações nesse
ciabilidade, em criar e estreitar a cada novo congresso os laços de congresso de 1906, sem dúvida integravam as redes “certas”. Como
amizade não são nada desprezíveis, na organização das culturas das aliás, era de se esperar, por terem chegado lá. E nesse caso, não se
ciências. Um informe do congresso seguinte de Medicina, que se constitui um problema metodológico identificar as pesquisadoras
realizou em Budapest, em 1909, dá conta, de que havia pelo menos nos documentos do congresso. Enquanto para anunciar os nomes
900 mulheres que não estavam interessadas nas atividades científi- de homens há os títulos de Dr. ou Professor monsieur, as mulheres
cas do Congresso. Estes comitês de damas são uma instituição fun- são anunciadas por Madame ou Mademoiselle, sem seus títulos.
damental a ser necessariamene considerada nesses congressos de Entre as inscritas com seus nomes próprios, as congressistas
diferentes áreas disciplinares nesse período. Permaneceram como norte-americanas e francesas que apresentaram comunicações, eram
quase todas pesquisadoras ou médicas com carreiras já bem conso- zações femininas ou feministas que parecem ter mantido – o que
lidadas. Foi possível identificar algumas delas rapidamente, por suas foi uma característica marcante da época, já bastante assinalada na
produções expressivas, sendo algumas inclusive citadas até recente- literatura dessas primeiras profissionais.
mente. Lucy Waite, por exemplo, tinha 46 anos no Congresso de A única médica portuguesa que integra, na categoria de
Lisboa. Já era uma médica reconhecida, que estudara em Chicago, membro, uma sessão a de pediatria foi Sophia Rosa da Silva. For-
Viena e Paris e era Head Physician and Surgeon no Mary Thompson mada em 1891, dela se sabe que era pediatra, clinicava em seu con-
Hospital, (Women and Children’s Hospital). Foi também co-fun- sultório particular na Rua Garrett, no Chiado, em Lisboa e era sócia
dadora do Woman’s Club of Chicago. Harriet Alexander, também da Sociedade de Geografia de Lisboa.
de Chicago, especialista em epilepsia, tornou-se uma autoridade em A participação de pesquisadores e pesquisadoras de áreas
doenças do sistema nervoso, apresentou trabalho sobre Medicina científicas afins era permitida nesse Congresso e esse foi o caso de
legal; Agnes C. Victor, com trabalhos na área de Cirurgia foi uma das Marie Loyez, dra. em Ciências, pesquisadora do College de Fran-
diretoras do Brooklyns Woman’s Homeopathic Hospital e Louise ce que demonstrou uma série de “belas” preparações de ovários de
G. Robinovitch que apresentou sua comunicação na sessão de Neu- répteis. E também de Elizabeth Hopkins Dunn, pesquisadora asssi-
rologia, Psiquiatria foi a conhecida editora do The Journal of Mental tente em neurologia na Universidade de Chicago, que apresentou
Pathology, da American Psychiatric Association. no quadro negro um tabalho sobre o diâmetro e a distribuição das
A conhecida dra. Joséphine-Inèz Gaches-Sarraute, médica fibras nervosas na patas da rã – Rana virescens.
da ópera de Paris criadora de um tipo de espartilhos amplamente re- Mas, a participação de outros e outras profissionais foi mo-
comendado pelos médicos, porque aliviava a pressão no abdomem, tivo de controvérsias e acirradas discussões, em que não faltaram
também estava inscrita no Congresso. Desde a década de 1890, as marcas de gênero. Na assembléia final do Congresso de 1906,
Joséphine-Inèz Gaches-Sarraute publicava artigos particularmente em que Budapest foi escolhida como a sede do próximo - não sem
no Tribune Médicale, alertando sobre os perigos de deformação e disputa com a pretensão de Nova York -, os dentistas não diploma-
comprometimento para os ossos e órgãos internos dos espartilhos dos em Medicina solicitaram sua aceitação como participantes nos
apertados. O questionamento a moda de uso de espartilhos já vinha próximos congressos. Miguel Bombarda, com sua autoridade de se-
desde há alguns ocupando os mais diversos foruns, que se estendiam cretário do Congresso defendeu contra a proposta. Afirmando qua-
da ópera de Paris ao museu Britânico. E apenas para mencionar ou- se como uma ameaça, que caso essa proposta de participação dos
106 107
tro exemplo, “Fashion in Derfomity” - um artigo publicado em 1881 dentistas fosse aceita, ele próprio faria uma outra proposta. Propo-
por William H Flower o influente diretor do Museu Britanico entre ria que representantes de outras profissões que tivessem quaisquer
1884 e 1898, que era médico e anatomista – fazia parte de uma ver- vínculos com a medicina, como as parteiras, massagistas, pedicures
dadeira campanha contra a deformação do corpo das mulheres, para também fossem aceitos. Essas profissões evidentemente agregavam
adequá-los a ‘modas estúpidas’. Suas ilustrações demonstravam cla- mais mulheres e tinham status inferiores. E esse foi um argumento
ramente os efeitos deformadores dos corpos pelo uso de espartilhos decisivo e de peso para determinar o resultado da votação contra a
super apertados, bem como de saltos altos (Stearn, 1981). inclusão dos dentistas não diplomados em Medicina.
A medicina foi uma das portas de entrada para mulheres nas Esta não era uma discussão particular desse fórum. Os con-
ciências e na profissionalização desde o XIX. Essas mulheres eram gresso latino-americanos de Medicina, por exemplo, talvez ainda
conhecidas em suas áreas de atuação, com diversos artigos publica- refletindo um menor grau de institucionalização, incluiam além de
dos e em suas trajetórias também surgem os vínculos com organi- médicos, químicos, farmacêuticos, naturalistas, engenheiros, ar-
quitetos sanitários, demógrafos, veterinários e mesmo os dentistas. sobre o tema, tais legislações foram criadas em função dos núme-
Inclusive do 2o Congreso Médico Latino-Americano de 1904, rea- ros alarmantes de abortos, para o final do século XIX. Médicos es-
lizado em Buenos Aires, participaram 8 mulheres, das quais 5 eram timavam em dois milhões, o número de abortos por ano, por volta
dentistas e 3 médicas. Uma das médicas, Cecília Grierson, estava de 1890. E só em Chicago em 1904, alguns médicos estimavam
inscrita também como representante da Escola de Enfermeiras e em torno de seis a dez mil abortos provocados por ano (Reagan,
Massagistas e Sabina Drocchi de Romanille representava a Socie- 1997). Na Inglaterra, por exemplo até 1837, a legislação distinguia
dade Obstétrica Nacional de Parteiras (Almeida, 2003). e penalizava de formas diferenciadas - até com a morte -, o aborto
O XV Congresso Internacional de Medicina discutiu inúme- provocado, dependendo ou não do reconhecimento da existência
ros temas em suas diversas sessões, tais como: tuberculose, sífilis, de movimento do feto (quick with child). Leis regulamentando as
lepra, higiene, homogeneização das linguagens unificação das no- práticas de aborto foram criadas na Austria em 1852, na Dinamarca
menclaturas (tema de discussão dos congressos das mais diferentes em 1866, na Bélgica em 1867, na Espanha em 1870, na Holanda
áreas disciplinares). Também foram objetos de discussões a pro- em1881, na Noruega em 1885 e na Itália em 1889. Tais legislações
posta de adoção, pelos diferentes países, do modelo dos serviços inseriam-se em todo um contexto de políticas de controle popula-
antropométricos de Portugal para identificação de criminosos; e a cionais, reforço as práticas médicas de controle da saúde e do corpo
proposta de constituição de uma comissão para estudos de câncer, das mulheres, descrédito das práticas das parteiras e poderes das
que impulsionaria os estudos em Portugal. Um dos temas de desta- ervas abortivas, organização dos movimentos feministas (Schiebin-
que foi também a significativa mudança da denominação da área de ger, 2004) e, evidentemente foram temas de destaque nos congres-
estudos de ‘medicina colonial’ para medicina tropical. so médicos.
E também não deixaram de acontecer as discussões em torno
das questões tornadas científicas e medicalizadas, relacionadas as Certas redes: a continuidade da pesquisa
mulheres: não faltaram as menções a importância das mães e enfer- Muitos desses temas foram comuns aos Congressos Feministas que
merias em processo educativos preventivos, discussões sobre pueri- também se realizavam à época. Em Portugal, como em diversos ou-
cultura, higiene, bem como sobre sinais de virgindade e defloração tros países, muitas das primeiras feministas do início do século XX,
nos relatórios de medicina legal ou sobre aborto legal e criminoso. que integraram organizações mais ou menos oficiais2, de classes mé-
Mesmo nessas sessões específicas, como obsetricia e ginecologia, dias, de mulheres que se profissionalizavam, era médicas. As médi-
108 109
por exemplo, as mulheres não participaram como relatoras oficiais cas feministas dras. Adelaide Cabete (1867-1935), Carolina Beatriz
dos temas tratados. E nessa sessão, somente Lucy Wayte apresen- Ângelo (1888-1932) (Castro e Esteves, 2005), Maria do Carmo Lo-
tou seu trabalho “The clinical significance of uterine deviations” na ses- pes, que matriculada na Escola Politécnica de Lisboa, cursou depois
são de comunicações livres. a Escola Médica Cirúgica, Emilia Patacho, Sofia Quintino estavam
No debate em torno do aborto legal e criminoso na sessão de todas inscritas com seus nomes próprios, embora não tenham apre-
Medicina legal, uma das comunicações, justamente tinha por título sentado trabalhos, no XV Congresso Internacional de Medicina de
“Avortement provoqué; quand est-il permis?”. A segunda metade do 1906. Essas mulheres portuguesas - que se profissionalizam na car-
século XIX fora marcada em diversos países europeus pelas legisla- reira de Medicina - e seus movimentos guardam inúmeros paralelis-
ções que passaram a regulamentar o aborto, tornando na maioria mos, com inúmeras mulheres e movimentos de outros países. Essas
dos casos sua prática ilegal, a não ser quando se tratasse de salvar mulheres são consideradas como pertencentes a certos setores de
a vida da mulher. Como é amplamente tratado na vasta literatura elites, justamente em função da profissionalização e dos estudos su-
periores, particularmente em sociedades em que o analfabetismo ses eventos. As fontes historiográficas que estão sendo consultadas
entre as mulheres ainda era expressivo. Republicanas, socialistas ou têm evidenciado um acompanhamento desses eventos julgados de
moderadas e oficialistas a literatura é pródiga em rotulá-las, talvez interesse – até porque, nessas comunidades relativamente reduzi-
porque se distanciavam daquilo que gostaríamos que tivessem sido das essas redes se intercruzavam. O JUS SUFFRAGII, jornal men-
(Lopes, 2006). sal da International Woman Suffrage Alliance de setembro de 1913
E como os médicos ou demais comunidades científicas o entre outros materiais, por exemplo, acompanha de perto temas
faziam (e fazem), as feministas também buscariam capitalizar na- discutidos nos congressos médicos como prostituição e sífilis. O
cionalmente suas inserções internacionais, como estratégias de va- artigo de Hilda Clark M.B, B.S. (late Tuberculosis Medical Officer,
lidação e reforço de suas próprias práticas em seus próprios países. Portamouth) por exemplo, destacava além das discussões sobre
Os congressos feministas foram também fóruns significativos para prostituição, ‘o perigo da sífilis para a comunidade’ como um tema
a organização e consolidação das redes internacionais que sustenta- que merecia a atenção das sufragistas e deveria ser objeto de legis-
ram práticas feministas na primeira metade do século XX. As redes lação e de políticas de saúde pública como fora proposto no XVII
de solidariedade, especialmente as internacionais foram e são uma Congresso Médico Internacional de 1913, realizado em Londres.
das principais características dos feminismos da época. Tais redes O tema foi discutido nas sessões conjuntas de Sifilografia e Medici-
expressariam manifestações conscientes da fragilidade da situação na forense, e uma vez que a sessão de Higiene e Medicina Preven-
dessas mulheres profissionais feministas, que também buscaram tina não estava oficialmente representada nessas sessões conjuntas,
apoio internacional para validar localmente suas causas. se destacou a importância de que a sífilis deveria ser tratada como
No âmbito das dificuldades metodológicas presentes para as uma questão de saúde pública.
análises do campo de gênero em ciências, Mariza Corrêa alerta para Também no Congresso de Lisboa de 1906 a sífilis havia sido
um cuidado na busca de padrões de feminilidade ou masculinida- objeto de trabalhos da sessão VIII - Demartogie et syphiligraphie.
de da época, frente as ciências, nesse tempo tão próximo do nosso. Nos debates dessa sessão, tendo se considerado a grande ocorrên-
Do que se tratava – e continua se tratando, com variações de deta- cia de doenças relacionadas a afecções cutâneas e sifilíticas em Por-
lhes importantes, nuances significativas de conteúdos, é claro – é tugal foi proposto um voto para o maior incremento dos serviços já
de luta, no campo científico, cultural e político, de gênero que se existentes de dermatologia e sifiligrafia para que pudessem garantir
alargava possibilitando a entrada de novas atoras e atores. Mais pro- o ensino clínico, o tratamento e o combate a sua propagação. Esse
110 111
missoras são as tentativas de recolocar essas personagens em seus foram os anos cruciais para a delimitação do ‘fato científico’ da sífi-
próprios cenários e interações, “tentando compreender a leitura que lis. A reação de Wassermann, justamente de 1906, alcançaria ampla
seus interlocutores faziam de sua presença ali e situando-as no contex- repercussão sobre o conceito etiológico da idéia de sífilis, base so-
to de atuação de suas contemporâneas em outros lugares do mundo” bre a qual se definiria a entidade nosológica em seu estado primá-
(Corrêa, 2003: 31). rio. E desta forma se delimitariam as fronteiras do novo conceito
A busca de relações entre Congressos científicos e congres- de sífilis e as novas práticas de tratamento. Estes foram os anos da
sos feministas, nas primeiras décadas do século XX, é um dos recor- ‘gênese e desenvolvimento do fato científico’ da sífilis, magistral-
tes de uma possível investigação que o projeto sobre os congressos mente referidos por Ludwik Fleck, em 1935 (1986). ‘Fato’ que se
científicos realizados em Portugal vem sugerindo. Esses congressos evidentemente pautava os temas dos congressos científicos do perí-
feministas reuniam mulheres que se profissionalizavam nas ciências odo, afetava diretamente as mulheres.As dimensões e repercussões
e aquelas que emprestavam sua autoridade político-científica a es- integradas nacionais e internacionais desses congressos, eviden-
ciam para o caso do Congresso Internacional de Medicina de 1906, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
que capitalização local do evento foi imensa. Entre as resoluções
do Congresso diversas delas se voltavam para o implento das ativi- Almeida, Marta de Perspectivas sanitárias e representações médicas
nos congressos médicos latino-americanos (1901-1913). Horizon-
dades e instituições de pesquisa em Portugal, como por exemplo:
tes, Bragança Paulista, v. 21, 2003: 37-47.
o incentivo aos estudos sobre câncer, as propostas de criação de
uma estação de estudos biológicos, de organização da Sociedade Almeida, Marta de Circuito aberto: idéias e intercâmbios médico-
Portuguesa de Ciências Naturais, entre outras. Após a realização do científicos na América Latina nos primórdios do século XX. História.
Congresso, por todo seu empenho na realização do evento e pelo Ciência Saúde. Manguinhos, v.13 (3), 2006: 733-757.
sucesso alcançado, a comunidade médica portuguesa, organizou Corrêa, Mariza Antropólogas & antropologia. Belo Horizonte: Ed.
uma homenagem a Miguel Bombarda. E as assinaturas de mulheres UFMG.2003.
que constam de tal homenagem são as das doutoras feministas.
Doel, Ronald. E.; Hofoffmann, Dieter and Krementsov, Nikolai. Na-
Estas considerações rapidamente apresentadas nesse texto tional States and International Science: A Comparative History of
mais do que conclusões, sugerem pistas para a continuidade da pes- International Science Congresses in Hitler’s Germany, Stalin’s Russia
quisa. Esses cruzamentos não só de nomes, sobrenomes, mas tam- and Cold War United States. Osiris, v. 20, 2005: 49-76.
bém de temáticas, de metáforas, de práticas efetivas reunidas nesses
diversos congressos podem ser um um vasto campo para investigar Fleck, Ludwik (1935) La génesis y el desarrollo de un hecho científi-
co. Alianza Editorial. Madrid, 1986.
as relações e em que medida é possível estabelecê-las, entre os con-
gressos científicos e os congressos feministas das primeiras décadas Jordanova, Ludmilla, Sexual Visions: Images of Gender in Science and
do século, que reuniam mulheres que se profissionalizavam nas ci- Medicine between the Eighteenth and Twentieth Centuries. The Uni-
ências e emprestavam sua autoridade científica aos congressos fe- versity of Wisconsin Press. Madison. 1989.
ministas, nos quais sua autoridade política se firmava. Lopes, Maria Margaret Sobre convenções em torno de argumentos de
autoridade. Cadernos Pagu, Campinas, v.27, 2006: 35-61.
Nunes, Maria de Fátima The History of Science in Portugal (1930-
NOTAS 1940): The sphere of action of a scientific community. e-JPH, vol. 2,
112 1 International Congress of Science Portugal 1880-1950. ICSc.Pt:1880-1950. CEHF- n. 2, Winter 2004. 113
Ci. Coordenação profa.dra. Maria de Fatima Nunes.
Castro, Zília Osório de e Esteves, João. Dicionário no Feminino (sé-
2 A literatura sobre essas feministas e suas participações especialmente nos movimentos culos XIX-XX). Lisboa: Livros Horizonte, 2005.
republicanos é bastante vasta, e pode ser acompanhada, entre diversos outrostraba-
lhos, nas pesquisas e publicações como Faces de Eva, da Universidade Nova de Lisboa, Pina, Madalena Esperança Traços da Medicina na Azulejaria de Lis-
nos livros de João Esteves Mulheres e republicanismo: 1908-1928 - Comissão para a boa. Casa de Cambra, 2010.
Cidadania e Igualdade de Género/ Fio de Ariana Lisboa 2008; nos diversos trabalhos
de Isabel Lousada e Teresa Joaquim O género da memória : a questão da visibilidade. Pina Cabral, João de “O limiar dos afetos: algumas considerações so-
Lisboa. 2008. Em teses recentes como a de Célia Rosa Batista Costa. O Conselho Na-
bre nomeação e a constituição social de pessoas”. Texto apresentado
cional das Mulheres Portuguesas (1914-1947) Dissertação de mestrado em Estudo
sobre as Mulheres. Universidade Nova de Lisboa, 2007. como Aula Inaugural do Programa de Pós-Graduação em Antropolo-
gia Social da UNICAMP (Universidade de Campinas), Abril de 2005
(draft).
5
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Söderqvist, Thomas, Silverstein, Arthur M. Participation in Scientific Me- Introducción
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Science – The Case of Immunology, 1951-1972. Social Studies of Scien- Hace 30 años que tengo costumbre de consultar cotidianamente bases
ce, v.24 (3), 1994: 513-548. de datos bibliográficas y dirigir trabajos bibliométricos de médicos y
estudiantes, en tanto que profesora de historia, metodología y docu-
Stearn, William T. The Natural History Museum at South Kensington. mentación científica. Así es que conozco del uso del español en la cien-
Heinemann Ltd. British Museum (Natrual History), London. 1981.
cia, mejor dicho, del abandono del uso del español de la ciencia: de la
sustitución gradual del maravilloso español de Marañón o los herma-
nos Cajal -qué hermosura de lengua la de estos hijos de Antonia Cajal
y el cirujano Justo Ramón- por el inglés. Pues nunca he dejado que los
estudiantes dejaran de observar el idioma en que se escribe la ciencia.
Esta ponencia no presenta los resultados de un proyecto de investiga-
ción al uso, de análisis sistemático y acabado del tema, como ha sido
mi costumbre en estos congresos, sino resultados de las observaciones
114 115
y análisis parciales que he realizado para responder a ciertas preguntas
concretas en el curso de mis interrogaciones, todavía no bien formali-
zadas, sobre el estilo científico y la diferencia sexual.
Agradezco de corazón a Maria Jesús Santesmases, científica ti-
tular del CSIC de Madrid, que me invitara en octubre de 2007 a un
Simposio sobre el tema -Pensar la ciencia en Español-, porque me per-
mitió hacer públicas algunas reflexiones y deseos, además de ciertos
datos de situación pertinentes en aquel evento1. Entonces defendí,
creo que por primera vez en mi vida, el valor del uso del español en la
ciencia (atreverse fue posible, incluso loable). Lo hice mientras daba
a conocer, no las penurias del español, sino las iniciativas institucio-
nales diversas y no siempre coincidentes de promoción del espa- que me ha obligado a releer muchas de las lecturas claves de mis
ñol2; y lo hice justificándolo por la experiencia vital de mi persona últimos 15 años de las clásicas del feminismo de la diferencia sexual,
y mi posición política, ética, lugar de nacimiento (el país vasco de buscando mi razón. ¿Es solo un problema cultural, económico, de
Navarra) y dedicación profesional, como he hecho ahora. Lo que justicia, nacional? ¿Solo es un problema de política científica? Es
no sabía entonces es que esa colocación del sujeto de conocimiento por esto que añadí sin miramientos la etiqueta de “lengua mater-
–o sea, yo- no era real, verdadera del todo. Ha sido después, en el na” al español en el título del resumen que decidí hace casi un año.
contexto de otra investigación sobre el desequilibrio de hombres y Ahora, sin embargo, debo avisarles de que ofrezco balbuceos: pen-
mujeres en la dirección de las revistas biomédicas españolas3 y la samientos todavía crudos, sin cocer, pero creo que al menos son
sospecha de que el estilo de escritura científica está tan alejado del no descarnados sino incardinados. Se trata, pues, de un ejercicio de
estilo de escritura femenino, que he vuelto a revisar con esa otra búsqueda de sentido (y de palabras para decir) de lo que significa
mirada –femenina libre- este problema y aquel simposio del CSIC. para las mujeres científicas –a diferencia de los hombres- usar el in-
Aquel simposio, de hace más de dos años, en el que una ponen- glés renunciando a leer y escribir en español, su lengua materna (y,
te, una mujer célebre y excelente que todas estimamos, como es la especialmente, a quienes trabajamos en el campo de los estudios de
bióloga Margarita Salas, no encontró más valor que el sentimental género en ciencia y tecnología).
y pedagógico para el uso del español en la ciencia, porque siendo
la ciencia universal no podemos sustraernos a la obligación de leer Apostar por el despliegue del español, también en la ciencia
y escribir en su lengua franca, el inglés, diría ella. Pese a las revuel- En el contexto actual de las sociedades de la información, una opi-
tas del pensamiento, voluntad política y erudición, tampoco Javier nión muy extendida sobre el español, que viene a renovar y quizá
Echeverría -una autoridad en estudios sociales de la ciencia- encon- sustituir a la clásica del “patrimonio cultural” es la que afirma que
tró poderosas razones para promover sin riesgos el uso del español, el español es un “activo económico”, una materia prima sobre la
demasiado conmovido -me parecía a mí- por el poder del poder que podemos crear valor, construir riqueza, aumentar la influencia
tecnocientífico. Otros ponentes mostraron otras caras del proble- de nuestros países y mejorar el bienestar de sus habitantes. Porque
ma, más vinculadas casi siempre a prácticas concretas mostrando la nuestro idioma, que es el cuarto del mundo en cuanto al número de
dificultad de tomar decisiones desde la instituciones, fueran revis- hablantes y el segundo en el de negocios, dispone de unas buenas
tas u organismos gubernamentales de diversos países iberoameri- condiciones de expansión en este momento histórico: incremen-
116 117
canos. El discurso menos torturado de todo aquel día de 2007 creo to constante del peso de la lengua española en muchos países y al-
que fue el de un colega mexicano filósofo y escritor, Carlos López gunos importantes; crecimiento económico de iberoamérica por
Beltrán, que usa en sus relatos escenarios de producción científica, encima de la media internacional; aumento del desarrollo social y
contribuyendo con su español a la divulgación y educación científi- extensión de la tecnología a los hogares; expansión de los mercados
ca. Y si cuento todo esto es para decir que sobre el tema hay mucho de la información. Sin embargo, la imagen global de la situación
escrito, y que la mejor síntesis que conozco hoy es la recientísima actual, resultado de numerosos estudios e informes, es negativa.
monografía de 2009 que recomiendo vivamente: El español. Lengua Como se afirma en la citada monografía, los países que hablamos
para la ciencia y la tecnología, editado por el Instituto Cervantes y la español compartimos, más que otra cosa, carencias: 1) poco peso
editorial Santillana4. en el concierto mundial de la informática y comunicaciones, con
Pero quizá no hallé entonces -ni hallo todavía- satisfacción fuerte dependencia del exterior; 2) escaso nivel de acceso a los ser-
intelectual y moral a este problema central de todo sistema I+D+i, vicios e infraestructuras de telecomunicaciones; 3) desigual nivel
educativo, y con las humanidades en retroceso; 4) ausencia de cul- ción (la norteamericana base de datos de citas ISI-WOS tiene tres
tura técnica de la población (vg. el 58% de los españoles no navega tipos de sesgos (idiomáticos, políticos y científicos) que limitan se-
por internet); 5) desequilibrios territoriales, desempleo; 6) escaso riamente su eficacia y produce efectos perversos. En la comunidad
o desigual desarrollo de materiales lingüísticos básicos (dicciona- científica, escribir en español (o cualquier otra lengua que no sea el
rios, gramáticas, corpus lexicográficos, etc. ); 7) gran dependencia inglés) y pertenecer a las ciencias humanas y sociales es un factor
tecnológica y una crónica insuficiencia de recursos para la investi- de riesgo de la promoción profesional, institucional, además de un
gación y el desarrollo; 8) escasa conciencia de la relevancia econó- atentado grave a la identidad nacional. Entre las medidas propues-
mica del idioma. tas por Vise hallan las siguientes: 1) valorar la calidad de las revis-
Casi todos los países han emprendido más o menos ambicio- tas independientemente de los índices ISI: 2) promover y valorar
sos o modestos planes de relanzamiento del uso del español, que las revistas publicadas en español, independientemente del país
comprenden muy distintos ámbitos de actuación, incluso en el es- productor; 3) creación y valoración de indicadores de actividades
pecífico campo de la ciencia y tecnología5, bien sea en docencia, científicas de hispanohablantes; 4) creación de un índice interna-
investigación, divulgación, difusión y creación de redes. Como afir- cional de publicaciones de prestigio en español; 5) fomentar la pu-
ma Verónica Vivanco, “hace cincuenta año nadie hubiera augurado blicación original en español de los resultados de la investigación.
una evolución tan positiva y acelerada de nuestro idioma en el con- Pero, en coherencia y sumisión a la realidad debo decir que
texto internacional. El español era, por entonces, una lengua que la ciencia –ese conocimiento de lo real que tiene el mayor poder
no se exportaba y, en consecuencia, no se estudiaba como segundo social y económico- tiene un lenguaje universal caracterizado por
idioma. La creación del Instituto Cervantes, en 1991, ha significado las palabras técnicas que nombran esa realidad oculta al común de
una política firme y coordinada de expansión lingüística de nuestra los mortales: terminología propia o tecnicismos (lengua específica,
lengua”6. En Europa somos la quinta lengua, por detrás de alema- dirán los lingüistas) que se cuentan por millones en cada rama del
nes, ingleses, franceses e italianos, pero el español es la de mayor saber o especialidad profesional, y una sintaxis que es propia de la
crecimiento a corto plazo porque sus hablantes nativos crecen por lengua en que se habla o escribe de ciencia, lo que facilita el arraigo
encima de los del francés, inglés y ruso. Como es sabido, el índice de una lengua franca para la ciencia. También debo decir que a lo
de impacto de un idioma, que mide su relevancia internacional, no largo de la historia de la humanidad, la ciencia ha sido pensada y
es el número de hablantes nativos, sino la demografía exterior que escrita originariamente en una sola lengua: en la lengua dominante.
118 119
depende del índice de hablantes, del estado de la economía y de la Y que esta lengua dominante en la ciencia, lo era del país cultural o
ciencia. políticamente dominante (en muchas ocasiones “la lengua del im-
La ultima de las 20 acciones programadas de promoción del perio” y creada artificialmente, aunque también tenemos ejemplos
uso del español en ciencia y tecnología se refiere a los índices de ca- del desdoblamiento lingüístico del imperio: uso predominante de
lidad de la investigación. Coincide plenamente en su espíritu, y casi una u otra lengua según la actividad, por ejemplo: negocios, política
en su formulación, con mis opiniones personales sostenidas en mis o administración en latín; ciencia, filosofía o medicina en griego), y
clases desde hace casi 30 años o en foros críticos más bien margina- que siempre ha habido una intensa actividad traductora con diccio-
les. Por ello siento personalmente satisfacción y confianza, aún en narios mono y multilingües y controversias científicas acerca del va-
plena crisis económica, de escucharlo o leerlo en las instituciones lor del internacionalismo y el nacionalismo, prevaleciendo siempre
o medios con poder, con “poder de hacer”. Sostiene esta tesis que -que sepamos- el internacionalismo nada purista7. Como decimos
el principal instrumento de evaluación de la calidad de la investiga- los historiadores, nada hay tan mestizo como el saber científico. La
lengua franca de la ciencia ha ido cambiado. Sucesivamente se ha tuvo éxito el alemán, el de la Alemania humboltiana y los institutos
pensado y escrito originariamente de ciencia en griego (siglos VI a universitarios de investigación. En resumen, del mismo modo que
C-s.VIII d C), árabe (VIII-XIII), latín (XIII-XIX), parcialmente en ahora el inglés, nuestros médicos antiguos debían presentar un cer-
las lenguas vernáculas o nacionales europeas: español (XVI-XVII), tificado de estudios universitarios en latín hasta mediados del siglo
italiano (XVII_XVIII), francés (XIX1, alemán (XX2-XX1) y, ahora, XIX, de sus estudios de francés o alemán durante buena parte de la
desde la segunda guerra mundial, en inglés. Desde esta perspectiva segunda mitad del siglo XIX y primera mitad del siglo XX.
histórica, es predecible que la siguiente lengua franca de la ciencia ¿Qué sentido tiene, pues, reivindicar la lengua nacional hoy?
sea la lengua del país o cultura dominante a nivel global y, en este Desde esta perspectiva política y cultural, el Instituto Cervantes, las
sentido, demasiados indicadores desde hace tiempo apuntan a Chi- Reales Academias de la lengua española (creada en el siglo XVIII),
na más que a iberoamérica. No obstante, muchas personas creen la FECYT en España y organismos similares en otros países de
que merece la pena apostar por el despliegue del español. Un sim- América Latina dedican una energía y unos presupuestos econó-
ple punto de vista ecologista, de mero desarrollo cultural sostenible micos a este menester. Tras un silencio de décadas, creo que hay
lo avalaría. No está en extinción, sino que es la lengua o “especie un resurgimiento de la defensa del español de uso también en la
idiomática” de más de 46 millones de personas de Estados Unidos ciencia, y no sólo en el comercio o los negocios, no sólo en la lite-
de Norteamérica (USA), de otros 42 millones de Europeos y unos ratura y el cine o el mundo de las letras. Los datos cuantitativos del
360 millones en el centro y sur de América. Y sus expectativas de uso del español en Estados Unidos (42 millones), el incremento de
multiplicación biológica son altas. la población hispano parlante en el mundo en total unos 440 millo-
Para otros muchos y muchas, reclamar el uso del español sig- nes) hasta ser la tercera o segunda lengua más hablada del mundo,
nifica reducir la ciencia al espacio doméstico, al nacional, significa lo justifican.
minusvalorarla apartándola del ámbito internacional, al que de na- Pero para mi hay otra cuestión; la cuestión ahora es ya otra:
tural pertenece. Significa aislar la ciencia del circuito mundial que ¿qué aporta el hecho de que esta lengua nacional sea la lengua ma-
es su lugar natural, se dice. terna? ¿Reivindicar el español desde el Instituto Cervantes o desde
En todas las épocas ha habido movimientos de reclamo de el FECYT, es lo mismo que hacerlo desde la red o comunidad de
uso de los idiomas nacionales en la ciencia. En nuestra tradición, la investigadoras y estudiosas de género, desde la perspectiva femi-
edición en catalán o castellano de tantas ediciones renacentistas fue nista?
120 121
toda una aportación a la cultura hispana, cuando el imperio español
era el mayor del orbe, cuando la ciencia se pensó y escribió en espa- El estilo científico desde la diferencia sexual: ¿lengua materna o
ñol. Pero el mismo impulso en pleno siglo XVIII de defensa del cas- lengua nacional?
tellano -una época especialmente comprometida con la expansión Muchas teóricas del feminismo han defendido y practicado una
geográfica de la ciencia a toda Europa y América y en lo social, más doble misión intelectual (que algunas consideran incompatibles)
allá de las élites y hasta llegar a los burgueses comerciantes, artesa- como es criticar la construcción de la feminidad según el modelo
nos, militares, etc.- suele considerarse patético. En plena ilustración opresivo y devaluador característico del patriarcado y, al mismo
se hizo un auténtico esfuerzo por verter al castellano/español la nova tiempo, convertir las tradiciones culturales y las modalidades cog-
scienza. Pero el casticismo no tuvo éxito. Poco después se olvidaría nitivas de las mujeres en una fuente de afirmación positiva de otros
tal pretensión, mientras el francés tuvo éxito al asumir su condición valores. Al plantearlo así, el pensamiento feminista de la diferencia
de idioma franco vinculado al enorme poder napoleónico, y luego sexual ha establecido una conexión entre la política y la epistemolo-
gía, como términos de un proceso que construye también al sujeto los conocimientos teóricos. Para la teoría feminista –como para
en cuanto agente material y simbólico.8 la historia crítica de la ciencia que practico profesionalmente- la
En esta posición late la propuesta de un empoderamiento única manera coherente de hacer aportaciones teóricas generales
de la subjetividad femenina. La noción central que sustenta este consiste en tomar conciencia de que uno está realmente localiza-
proyecto es la experiencia de las mujeres en la vida real. Adriane do en algún lugar específico(aquí uno equivale a uno y una).
Rich, por ejemplo, lo teorizó con la idea de “política de localiza- En el marco conceptual feminista el sitio primario de lo-
ción” y otras filósofas e historiadoras académicas con la del “co- calización del sujeto es el cuerpo. El sujeto ya no es una entidad
nocimiento situado”; una alternativa teórica exitosa -en el campo abstracta sino material, una entidad encarnada o corporeizada.
de los estudios sociales de la ciencia- al mito de la universalidad, Pero el cuerpo no es una entidad natural sino una entidad cultu-
objetividad y neutralidad del conocimiento científico que se teo- ral, codificada socialmente. El “cuerpo”, como afirma Rosi Brai-
rizaba desde el neopositivismo del empirismo lógico. La subje- dotti, lejos de ser una noción esencialista constituye el lugar de
tividad femenina y la subjetividad masculina se han constituido intersección de lo biológico, lo social y lo lingüístico, esto es, del
en un problema científico, también en la ciencia. La política de la lenguaje entendido como el sistema simbólico fundamental de
localización, la práctica del “desde sí”, la exigencia del encuadre una cultura. Las teorías feministas de la diferencia sexual obligan
espacio-temporal del sujeto cognoscente (o, incluso, la exigencia a reconsiderar las propias estructuras conceptuales de las ciencias
de la experiencia y necesidad como condiciones del saber) signi- biológicas, a discutir los elementos del determinismo físico o psí-
fica haber aceptado que el pensamiento, el proceso teórico no es quico del discurso científico, pero también a refutar la idea de la
abstracto, universalizado, objetivo o indiferente, sino que está si- neutralidad de la ciencia señalando el papel importante desem-
tuado en la contingencia de la propia experiencia y que, como tal, peñado por el lenguaje en la elaboración de los sistemas de co-
es un ejercicio necesariamente parcial. La propia visión intelec- nocimiento. La cuestión feminista femenina es, entonces, de qué
tual –llámese paradigma, marco conceptual o estilo científico- no manera afirmar la diferencia sexual no como el otro, el otro polo
es una actividad mental des-incardinada sino estrechamente vin- de una oposición binaria convenientemente dispuesta para sos-
culada con el lugar de la propia enunciación, con el “desde donde tener una sistema de poder, sino, en todo caso, el proceso activo
uno realmente está hablando”, de modo que su universalización de potenciar la diferencia que la mujer establece en la cultura y la
es posible y éticamente aceptable cuando se produce un consenso sociedad. La mujer ya no es “diferente de” sino “diferente para”
122 123
real (“simpatía”). Como es obvio, no estoy hablando de relativis- poner en práctica nuevos valores.
mo sino de la máxima objetividad concebible en nuestra época En ese proyecto no está solo el feminismo. Frente al univer-
postmoderna, la que deriva de asumir la determinación de la sub- salismo, que alude al hábito que consiste en tomar lo masculino
jetividad y el valor de la intersubjetividad en la génesis del conoci- (blanco occidental) como representante de lo humano, el pensa-
miento científico, y no sólo en las ciencias humanas o sociales sino miento crítico actual ha refutado esta representación inadecuada
también en las de la naturaleza y la salud. La defensa feminista de del sujeto, y presta su voz y autoriza a hablar a los sujetos pertene-
“los saberes situados”, por citar a Dona Haraway o Sandra Har- cientes a las minorías simbólicas, los que fueron definidos como
ding, choca con la generalidad abstracta del sujeto patriarcal de la diferentes.
ciencia normal. Lo que está en juego no es la oposición entre lo Por ello, hoy podemos hablar de crisis del sujeto, de crisis
singular o específico y lo universal. Se trata más bien de dos mane- de la racionalidad del sujeto masculino. Se trata de una crisis no
ras radicalmente diferentes de concebir la posibilidad de legitimar en el sentido nihilista de pérdida de valores, sino de apertura a
nuevas posibilidades, a nuevas potencialidades. Las mujeres pien- res al viejo sistema? ¿qué teorías y representaciones de sí mismas
san y pensaron desde tiempos inmemoriales, pero desde el femi- yuxtapondrán a las teorías y representaciones clásicas?
nismo no solo piensan más sino que piensan acerca de lo piensan: Si la emancipación significa adaptarse a las normas, criterios
han adquirido un nivel metateórico (reflexivo) que les permite y valores de una sociedad que durante centurias estuvo domina-
clasificar y canonizar sus propias ideas. Lo que está en juego en el da por los hombres, aceptando sin cuestionar los mismos valores
feminismo es redefinir qué significa ser parte de la civilización, de materiales y simbólicos que los del grupo dominante, entonces la
todo cuanto significa pensar. Las feministas han propuesto que la emancipación no basta. Debemos librarnos de la idea simplista
racionalidad no constituye la totalidad de la razón y que la razón de que podemos compensar siglos de exclusión y descalificación
no abarca la totalidad –y ni siquiera lo mejor- de la capacidad padecidos por las mujeres con una rápida integración laboral en
humana de pensar. La teoría feminista constituye la crítica al po- el sistema científico-tecnológico, auspiciado por el Estado, en
der en el discurso y como discurso, y el esfuerzo activo por crear las instituciones y sistemas de representación simbólicos. Incor-
otras formas de pensamiento, es decir, el compromiso con el pro- porar a las mujeres, permitiéndoles ocupar unos pocos asientos
ceso de aprender a pensar de modo diferente. Como dice Brai- sobrantes en los clubs previamente segregacionistas no basta. Es
dotti “la feminista es una pensadora crítica que desvela y somete preciso que las recién llegadas puedan redefinir, y estén habilita-
a juicio las modalidades del poder y la dominación implícita en das para ello, las reglas del juego a fin de establecer la diferencia y
todo discurso teórico, incluso el suyo. Empero, es también una lograr que dicha diferencia se perciba concretamente.”
pensadora creativa en la medida en que produce nuevas formas Por eso se dice que el proyecto feminista, que es un pro-
de representación y definición del sujeto femenino” (Braidotti: yecto de redefinir la subjetividad femenina en términos de dife-
39). Podríamos decir que la cuestión de la diferencia sexual re- rencia sexual, tiene una dimensión epistemológica pero también
sulta históricamente apremiante, y que si las mujeres dejan de ética, al centrarse en los valores alternativos que las mujeres pue-
estar confinadas en el eterno “otro” y ganan el derecho a hablar, den aportar. Lo que se busca respecto a las mujeres es su integra-
teorizar, a votar, a ir a la universidad y el sistema científico y tec- ción en la comunidad científica pero conservando la diferencia:
nológico, entonces solo es cuestión de tiempo el desterrar la vie- que sean miembros de primera clase de esta comunidad política,
ja imagen de la Mujer que se creó sin consultar la experiencia de social e intelectual y que aún mantengan viva la memoria his-
las mujeres de la vida real y reemplazarla por una más adecuada tórica de donde vienen y lo que les costó. Estar situadas en la
124 125
(Braidotti:19). comunidad científica conscientes de su linaje, de su genealogía
y la tradición de civilización para la vida es imprescindible. Por-
La integración de las mujeres al sistema científico-tecnológico que lo que sustenta el proceso de devenir “sujeto” es la voluntad
(y el pensamiento femenino sobre el sistema científico) de saber, el deseo de decir, el deseo de hablar, de pensar, de re-
Después de siglos de actividad masculina segregada, el sistema presentar. Como idearon Clarece Lispector o Christa Wolf, y se
científico se ha vuelto heterosexual o mixto y hoy se proclama ha teorizado desde el psicoanálisis y el feminismo, y han escrito
aceptar de buen grado a las mujeres entre los agentes activos y muchas científicas de laboratorio como Rita Levy o Barbara Mac
cualificados de la vida científica. Las mujeres se han ganado el Klintock), pensar es la manera de sensibilizar la materia, la forma
derecho a un “cuarto propio” (esto es, a un salario) en el mascu- específica de inteligencia de las entidades encarnadas. Pensar es
lino mundo de la ciencia. La cuestión desde hace dos décadas es: un proceso carnal, no mental. El pensar precede al pensamiento
¿qué hacemos con todo esto? ¿qué valores opondrán las muje- racional.9
El lenguaje como instrumento de pensamiento “juntos”, las respuestas de los hombres mostraban un estar juntos
“Es en el lenguaje y no en la anatomía donde mi subjetividad en- más vago, más colectivo e indeterminado. Para ellos, en este juntos,
cuentra una voz, deviene un corpus, es engendrada”. “El lenguaje podría haber a juicio de Irigaray, un defecto de individuación. “Si
cruje bajo el peso de una generalización excesiva; los pronombres la mujer, las mujeres, pierden su identidad femenina en el mixto
personales no pueden sostener la carga interpersonal requerida de ellos o en el genérico de él, los hombres parecen abdicar de su
por el proyecto feminista”. “El sujeto feminista femenino es el sitio personalidad en el colectivo de un social poco indeterminado (uno
donde se interseccionan el deseo subjetivo y la transformación so- + uno +uno reunidos apropósito de y juntándose sin relación entre
cial deliberada: ética, política y epistemología, afirmará Braidotti las personas” (p. 138). La utilización del tiempo pasado es más fre-
(p. 47) relacionando comunidad femenina y poder, con el objetivo cuente en los enunciados de los hombres, por lo menos en lengua
de encontrar la vía de acceso a una forma no logocéntrica de repre- francesa. Su discurso se desarrolla a menudo entre el presente y el
sentar la subjetividad femenina; pensando el poder no sólo como pasado, casi en marcha atrás. Sus certidumbres o sus anclajes se si-
el sitio de las fuerzas visibles, en el que es más identificable por- túan generalmente en el pasado. Esta referencia al tiempo pasado
que es allí donde se despliega (parlamento, iglesias, universidades, puede expresarse por el hecho de recurrir a las definiciones ya exis-
etc.), sino también como una “red invisible de efectos interrelacio- tentes de una verdad, un concepto, una realidad (sic). Las mujeres
nados, una persistente y omnipresente circulación de afectos” (p. producían enunciados más ligados al contexto actual o abiertos al
48) Coincido con ella en que el pensamiento feminista no debe ser futuro. Este uso del futuro manifiesta con frecuencia el deseo de
únicamente estratégico, esto es, la expresión de una voluntad polí- una comunicación, desplazamientos en el espacio y alusión al tiem-
tica, sino ser adecuado en cuanto representación de la experiencia”. po que hará. Este componente cósmico interviene mucho más en el
Este el sentido de la justeza (y no solo justicia) que forma parte de discurso de las mujeres que en el de los hombres. También observó
la agenda feminista.(p.49). Lo que Luisa Muraro, Lia Cigarini, Mi- diferencias en el uso del adverbio tal vez. La mayoría de las muje-
lagros Rivera, Clara Jourdan, Chiara Zamboni y otras muchas han res (64%) usaron el Peut-être para matizar una eventualidad futura,
promovido en el círculo Duoda de Barcelona con sus reflexiones mientras que solo lo usaron así una minoría de hombres (25&).
colectivas y textos escritos sobre las palabras que nombran lo que En ellos el uso del “tal vez” expresaba la incertidumbre relativa a
hacen y viven las mujeres en el mundo del trabajo, por ejemplo10. la índole del objeto, a la intención del otro frente a uno o la duda
En el pionero estudio de Luce Irigaray sobre los usos linguís- respecto de los que ha sido realizado por uno. Un tipo de respuestas
126 127
ticos de hombres y mujeres observó muchas pautas comunes y al- que no encontraron en las mujeres. (¿los dos afuera mañana?). Pos-
gunas diferencias significativas11. Por ejemplo: en las respuestas de teriormente algunas autoras han querido ver patrones diferenciales
las mujeres el acento se ponía más bien en los sujetos, mientras que en los escritos científicos de hombres y mujeres, sin que en mi opi-
en los hombres el acento se ponía más en el predicado, en el objeto nión podamos establecer teorías concluyentes12.
o en el objetivo; la superioridad del masculino se afirmaba clara-
Repensar la lengua materna desde el orden simbólico de la madre
mente en ocasiones, inclusive a través de la intención o las eleccio-
nes, supuestamente femeninas, de las acciones del hombre; la indi- Comparto el descubrimiento de Milagros Rivera y Luisa Muraro
ferencia del hombre frente a la mujer se expresaba explícitamente; de que el orden simbólico de la madre tiene en su base una estruc-
las mujeres seguían utilizando mucho el sujeto personal, aunque en tura que es la relación de la hija con su madre concreta y personal;
un tercio de las respuestas manifestaban dificultades, dudas, mati- una estructura elemental que falta en el patriarcado”, que ha sido
ces peyorativos o transformaciones negativas; ante la consigna del hurtada a la ciencia, al conocimiento de lo real. (ella solía decir
que envidiaba a los hombres porque ellos sí han podido significar Si repaso los títulos de las obras que más amo, las realiza-
su relación con la madre, hacer cultura de ello). Represento este das por las feministas italianas de la diferencia sexual -o sea, ese
problema con una cita tomada de Luce Irigaray: -“ Mamá, ¿puedo compendio de ideas trabajadas durante años que expresa el título
peinarte?”13) Pero la verdad es que la realidad o los fragmentos de un libro- encuentro algo distinto de los títulos normales, algo
de realidad que el orden simbólico de la madre reconoce y nombra, que me atrae irresistiblemente y que me ha llevado a coleccionar
existen en el presente y han existido en el pasado; es decir, que los libros, a releerlos e, incluso, a traducir al español uno de ellos:
no hace falta ni olvidar lo aprendido ni partir de cero para ocupar “Dos para saber dos para curar, el orden simbólico de la madre, auto-
su lugar en la vida”14 (p. IX). Y yo me pregunto si renunciar a esa ridad femenina/autoridad científica, saber que se sabe, lo que quiere
herencia cultural, a ese tejido lingüístico, a esa estructura simbó- una mujer, nombrar el mundo en femenino, traer el mundo al mundo,
lica al entrar en la ciencia, en el santuario de la ciencia (¿cómo de dos en dos, el perfume de la maestra, escupamos sobre Hegel, el
decirlo fielmente en el inglés de la ciencia?) no es una pérdida de final del patriarcado, no crear tener derechos, palabras que usan las
identidad nacional solamente, sino una clave del orden patriarcal, mujeres, el perfume de la maestra”.
consustancial al orden socioeconómico que hoy conocemos (ca- Desde el punto de vista lingüístico, literario, o de estilo
pitalismo globalizado). Cuando pienso en el sistema de microcré- científico, podemos hablar y analizar la escritura, el habla de las
ditos de la India, en la casa de las viudas de Vrindavan, o los cantos mujeres; yo lo hecho en pequeñas dosis y lo aconsejo para apren-
con que acogen y alimentan y sanan a las mujeres africanas más der a hablar desde otro orden de cosas, de otra manera, para decir
jóvenes víctimas de violencia machista y de la miseria sexual (con lo que no se nombra. Desde el punto de punta de su significado,
disfunción endocrina de testosterona), me pregunto qué ciencia retomo la reflexión y las palabras de la filósofa. “Las reglas de la
tendría lugar –qué ciencia se originaría- si trabajáramos nosotras primera lengua que hablamos nacen de la necesidad, a la vez lógica
y ellos desde el reconocimiento de la vida y de la lengua gratuita- y fáctica, de la mediación. Son de hecho, las condiciones que impone
mente recibidas. la madre para que podamos volver a comunicarnos con ella compar-
Pero no es sólo cuestión de reconocimiento del legado ma- tiendo su experiencia del mundo” (el subrayado es mío).
terno, en el mismo sentido que otros como el alimento material o La reglas luego se complican con la intervención de nuevos
el vestido o el afecto. Como científicas nos compromete de otra interlocutores, de nuevas autoridades, de nuevas autoridades, de
manera. (intercalo un relato y una confesión). nuevas experiencias. En particular, la enseñanza escolar de la len-
128 129
Cuenta Luisa Muraro sus reflexiones al escuchar los comen- gua, en la cual las normas estrictamente linguísticas se entrelazan
tarios de un amigo filósofo británico –un auténtico feminista- al con las de la convivencia civil y con imposiciones arbitrarias de
libro Speculum de Luce Irigaray. poder construido (como la prohibición de hablar en dialecto).
- Comentaba él: “novedoso, tal vez válido, pero el lenguaje Otro tanto puede decirse de las reglas del intercambio en el seno
es insoportable, dictatorial, carece de ética de la comunicación”. de las clases profesionales, de las tradiciones de pensamiento y de
- Reflexiona y relata ella: “Comencé a reflexionar entonces la sociedad en general: también estas reglas son una amalgama de
sobre la proxa filosófica de los anglosajones, que ya encontraba instancias deformes, de reglas necesarias con otras supuestamen-
extrañamente opaca y rebuscada, comparada con su literatura y su te tales que, en cambio, son convencionales e imposiciones más o
poesía: ¿lengua materna todavía viva en el arte, y en cambio muer- menos arbitrarias”.
ta y embalsamada cuando se trataba de demostrar la verdad? ¿qui- El intercambio lingüístico no es reductible al intercambio
zá por la sustitución por otra autoridad, otro orden simbólico?” entre hablantes; siempre es también intercambio entre palabra
y experiencia. Y este es su origen permanente y la fuente de su Porque yo concibo la escritura, y la escritura científica también,
originalidad: “La palabra separada de su matriz, se seca. Mengua como una obra terapéutica. Creo que el orden simbólico que la
el intercambio entre palabra y contexto, el recurso a las definiciones lengua materna sabe hacer tiene el poder o capacidad de man-
aplana el significado de las palabras, los criterios de juicio se hacen tener unidos el cuerpo y la palabra, la experiencia y el lenguaje.
uniformes, desaparece la gestualidad, al igual que toda expresión no Y digo terapéutico en el sentido expresado por muchas colegas
verbal del pensamiento” De este modo, el mundo decible en virtud profesionales sanitarias con quienes lo he aprendido (en la red
de la lengua materna es sustiuido por el mundo de la experiencia de mujeres profesionales de la salud), gracias a filósofas y psicoa-
convenida, decible según las reglas convencionales. No sostengo que nalistas e historiadoras de que “cuando el cuerpo de las mujeres
el primero sea más bello y rico que el segundo; a veces ocurre lo con- enferma, con frecuencia es porque sus necesidades simbólicas,
trario. Pero aquel está en correspondencia con la lengua viva y puede que son distintas de las de los hombres, no son escuchadas, ni en-
desarrollarse por ´si mismo, mientras que éste es fijo y solo cambia tendidas ni atendidas”. Pues, como suele decir Milagros Rivera
cuando se tiene el poder de manipular sus reglas” (p. 78-79). “cuando las palabras no coinciden con las cosas, con aquello que
También comparto con esta corriente filosófica el rechazo deseas, se produce un gran malestar en el cuerpo”, como dice la
y el temor por la artificioso de la filosofía postmodernista que gente: ”tantas veces enferma el cuerpo porque sufre el alma”.
relaciono con “el pensar de ciencia y tecnología en su inglés” (de Debiendo escribir en otra lengua, debiendo leer en otra
ellas y ellos) Reconozco que no comprendo a Judith Butler en el lengua, acabamos pensando en otra lengua, en colisión o distan-
sentido neto de la palabra: no comprender intelectualmente; no cia infinita con nuestra lengua materna y cotidiana. Poder pensar
me dice nada, me paraliza. Y reconocerlo me granjea antipatías, y crear el mundo en la lengua materna y no dejar de ser científicas
pero eso es lo real en mí y ahora. Creo que la sustitución de la es un sueño (mío y de muchas). Para que se realice es necesario
lengua materna –esa mediación necesaria de la palabra que co- aumentar el prestigio de la lengua materna, para dejar de sentir
munica experiencia- por una lengua convencional lleva a olvidar vergüenza por no ser angloparlantes. Habría que traer al mundo
que la mediación –los signos linguísticos- está en relación nece- de la ciencia el orden simbólico de la madre. Y otra anécdota. La
saria con un inmediato”. Comparto las palabras de Luisa Mura- médica de cabecera de mi hija adolescente a quien acompañé la
ro: “La conciencia de la mediación necesaria, que caracteriza a semana pasada en su visita (que es una profesional muy buena),
nuestra cultura, ha desembocado en un régimen de mediación al resumir un diagnóstico certero (en mi opinión) se me discul-
130 131
tal que en virtud del cual se pretende que aquello de lo cual ha- pó por no haber leído la bibliografía inglesa sobre el problema,
blamos supuestamente ya no es el mundo de la experiencia, sino pues -me dijo, con su sonrisa de justificación- “-es que yo no leo
del mundo de palabras, es decir, de mediaciones ya establecidas, inglés” (!justificarse ella que solo tiene oficialmente 10 minutos
y este régimen es la máscara más reciente del poder constituido, de consulta para cada paciente! aun me duele) Yo le dije, “-¿sa-
su máscara postmoderna”. Creo, como Milagros Rivera, que la bes que al próximo congreso llevo una ponencia para defender el
felicidad consiste en eso, en tocar la realidad. uso del español?” Se le iluminaron sus vivos y perspicaces ojos. Y
Porque el mundo en que puede despuntar, desarrollarse y ante su sorpresa me ví justificándome con los DATOS:... pues es
tener sentido la vida, es un círculo de cuerpo y alma. Porque en el que hay 440 millones, está aumentando las revistas de impacto
mundo desprovisto de simbólico solo existe ciega repetición; en en español... En fin, todo un spot publicitario con los datos de
el mundo de lo simbólico convencional solamente tiene lugar lo situación de la ciencia en lengua materna (que tenía preparados
previsible. Porque el convencionalismo no hace orden simbólico. para uds. y que presento a continuación). Como un homenaje a
la práctica profesional sanitaria cotidiana de tantas médicas de Venezuela 3 - 3 0.60 5 1 4
familia de habla hispana. Colombia 1 1 2 - - - -
Cuba 1 - 1 1 1 - 1
Uso del español en el ámbito de la ciencia de impacto interna-
Ecuador 1 - 1 1 1 - 1
cional: ISI-WOS
Costa Rica 1 - 1 1 1 - 1
¿Está aumentando el uso y el prestigio del español como lengua Uruguay 1 - 1 + - - -
científica en la comunidad científica internacional? Para contestar a
Portugal - 1 1 + - - -
esta pregunta he analizado el idioma de las revistas más prestigiosas
101 32 132 1.80 73 11 62
o de alto factor de impacto que son -aunque pueda discutirse este
criterio- las registradas en la base de datos JCR (Journal Citation Re- Elaboración propia. Fuente: ISI - JCR (Science edition, Social Science edi-
tion): 2008, 1998.
ports) del Institute for Scientific Information- y lo he hecho compara-
do los datos del momento actual con los de una década antes, años
2008 y 1998. En el entorno europeo y mundial más relevante, el crecimien-
La comparación de los datos revela que el número de revistas to ha sido menos intenso, salvo en el caso de China y España, que
de los países hispano parlantes ha aumentado globalmente, pasan- han vivido un crecimiento extraordinario, no observándose más
do de 73 revistas en 1998 a las 132 indexadas diez años después. cambios significativos en la dirección o ritmo de países o grupos de
Ese incremento ha sido mayor en el campo de las ciencias huma- ellos que denoten una política científica determinada. Encontramos
nas y sociales (donde casi se ha han triplicado las revistas, 11 y 32) una tasa de crecimiento medio muy inferior a la hispana (1.80, es
que en las de la naturaleza y tecnología, donde no se ha llegado ni decir, un 80%), pero las distancias entre países siguen aumentando,
a duplicar el número de revistas de países iberoamericanos (62 en como sabemos, porque el crecimiento es proporcional al tamaño
1998 y 101 en 2008), como puede verse en la gráfica adjunta. La adquirido previamente. En la siguiente tabla se ofrecen los datos
distribución de países productores del mayor número de revistas de cada país y tipo de ciencia, así el valor numérico del crecimiento
son, por este orden; los siguientes: España, Brasil, México, Chile y (expresado en forma de razón o ratio del cambio en el que 1= se
Argentina, como se refleja en la siguiente tabla. mantiene el tamaño; 2= se duplica su tamaño):

132 Tabla 2. Evolución del Nº de revistas de impacto de varios países según el 133
Tabla 1. Distribución por países productores de las revistas de alto factor de
tipo de ciencia.
impacto.
2008 2008 Total Creci- Total 1998 1998
2008 2008 Total Creci- Total 1998 1998
SCI SSCI 2008 miento 1998 SSCI SCI
SCI SyAH 2008 miento 1998 SSyAH SCI
2008:1998
2008:1998
España 37 16 5215 2.08 25 3 22 Francia 150 22 172 0.91 188 23 165

Brasil 28 3 31 1,63 19 2 17 Alemania 463 73 536 1.16 460 52 408

México 12 6 18 2.00 9 4 5 Inglaterra 1.423 486 1809 1,32 1361 325 1036

Chile 8 3 11 1.83 6 - 6 Italia 75 7 82 1.24 70 1 69

Argentina 8 2 10 1.66 6 1 5 España 37 16 52 2.08 25 3 22


USA 2.506 1060 2666 0.85 3123 1013 2110
Rusia/URSS 108 6 114 0.94 121 9 112 tion (ISI) - de la universidad de Philadelphia, creada por Eugene
China 81 6 87 2.55 34 3 31 Garfield y ahora comercializada por Thompson-, indica algo que
India 45 4 49 0.89 55 4 51
ya sabíamos o intuimos: que el español se usa más en las ciencias
Japón 175 7 182 1.21 150 9 141
sociales que en las experimentales o tecnología, y, algo que quizá
no sabíamos: que el número de revistas que publican en español o
Brasil 28 3 31 1.63 19 2 17
portugués (o registran ese idioma para su revista) está aumentando
Elaboración propia. Fuente: ISI - JCR (Science edition, Social Sciences edition): 2008,
1998.
considerablemente. Pero su representación es muy baja; pueden
avergonzarnos las cifras absolutas, pero también las relativas, como
Como puede observarse las mayores tasas de crecimiento de se reflejan en la siguiente tabla.
nuestro entorno iberoamericano han correspondido en esta última Tabla 3. Idioma de publicación en 2008 de las revistas de impacto de países
década a España, México, Argentina y Brasil. Tres países se han iberoamericanos.
mantenido en sus niveles ínfimos, con una sola revista de “excelen-
Revistas de Ciencias Sociales Revistas de Ciencias
cia”: Cuba, Costa Rica y Ecuador. Mientras que la peor tasa corres-
LENGUA Inglés Español Multilin- Inglés Español Multilin-
ponde a Venezuela que ha reducido el nº de sus revistas (de 5 pasa güe güe
a 3). Por contra, otros tres países han entrado en esta década en el España 4 11 1 13 12 12
concierto mundial de los índices de citas del ISI: Colombia (con
Brasil 0 1 2 12 4 12
dos revistas), Uruguay y Portugal.
México 1 3 2 2 3 7
Pero la lengua materna de los científicos y científicas de estos
Chile 0 3 0 4 2 2
países, el español o portugués, no es la lengua de publicación de la
Argentina 1 1 - 2 3 3
mayoría de las revistas, aunque su uso (y su registro internacional)
Venezuela - - - - - 3
ha aumentado considerablemente en esta década. La catalogación
idiomática más frecuente en la actualidad- que sugiere ser la de ma- Colombia - 1 - 1 -
yor aceptabilidad internacional- es la de una revista de lengua no Cuba 1 - - 1 - -
española ni inglesa, sino multilingüe, a diferencia de hace diez años Ecuador - - - - - 1

134 en que parecía preferirse la etiqueta de revista de lengua inglesa, Costa Rica - - - - - 1 135
inclusive para las que seguían siendo predominantemente o casi ex- Uruguay - 1 - 1
clusivamente de lengua española (como fue el caso de Medicina Clí- Portugal 1 - - - -
nica de Barcelona). Por ejemplo, estaban así catalogadas 18 de las Total 7 20 5 34 26 41
22 españolas revistas (incluidas las que nunca pasaron a publicarse Elaboración propia. Fuente: ISI-JCR : 2008.
en inglés, aunque integraron artículos en ese idioma), y 13 de las 17
brasileñas, pero lo más destacado es que hace diez años ninguna de En números absolutos vemos que el español iguala al inglés
las revistas españolas figuraba como de lengua española, y ninguna entre las revistas españolas, pero no hay evidencias –en esta ven-
de las brasileñas como de lengua portuguesa. tana de la excelencia y de predominio de las ciencias experimenta-
El análisis del idioma de publicación de cada una de las 100 les- de una política de promoción de su lengua materna, ni en este
revistas de países iberoamericanos seleccionados por la famosa país europeo ni en ningún otro de los americanos16. La compara-
base de datos norteamericana del Institutte for Scientific Informa-
ción con otros países europeos, especialmente Francia e Italia, que comparativamente los hechos, hemos establecido como valor de
representan dos tradiciones de política cultural y nacional casi to- cambio el del español en 2008, lo cual nos permite decir que: 1)
talmente opuestas, indica que la política de promoción del “patri- hay doble de artículos circulantes en francés y alemán que en es-
monio cultural” que es la lengua (o habría de decir “matrimonio” pañol; 2) que el español y portugués se usa mucho más (el triple)
cultural) es un factor relevante de la visibilidad de la lengua mater- que el italiano, ruso o japonés (llama la atención el italiano, pues el
na. La siguiente gráfica retrata el distinto lugar que ocupa la lengua numero de revistas es alto y su peso científico parece considerable)
materna en los países del contorno europeo y misma tradición de En tercer lugar, la comparación con los datos de 1998, explica este y
promoción de sus lenguas vernáculas en sustitución del latín, la an- otros hechos: que el italiano cedió su lugar al inglés en esta década,
tigua lengua franca17 y de las lenguas de países emergentes del siglo que el portugués es el idioma emergente de la última década, segui-
XX. El número de artículos registrados por ISI en sus tres bases Arts do del español y el chino; y que otros idiomas mantiene su fuerte
and Humanities, Sociales Sciences Citation Index y Sciencie Citation presencia, sin cambios en su producción o sus hábitos de lectura/
index se ofrece en la tabla siguiente. escritura científica (fr, ger). La mejora de la difusión científica en
otros idiomas distintos del inglés se halla relacionado con una polí-
Tabla 4. Análisis comparado de la evolución del uso del español y otras
lenguas maternas distintas del inglés en la producción científica de alto
tica comercial en un mundo globalizado de aumento de las publica-
factor de impacto. ciones y la diversidad de lenguas de la base de ISI-Thompson, con
la capacidad y necesidad de difusión que tienen las grandes distri-
LENGUA Nº artículos Ratio Nº artículos Tasa de creci-
buidoras como Elsevier o Science Direct, con las ediciones electró-
publicados X / español publicados miento
2008 1998 2008:1998 nicas que proporcionan casi todas las revistas, y con la costumbre
establecida universalmente de acompañar toda publicación con un
Alemán 25.346 2.00 24.363 1.04
resumen en inglés; un resumen que cada vez es mejor, más extenso
Francés 22.470 1.77 25.441 0.88
y protocolizado permitiendo realizar una excelente selección de la
Español 12.682 1.00 5.942 2.13
información requerida, de modo que muchas veces se sustituye sin
Portugués 7.233 0.57 877 8.24
problemas la lectura atenta del texto completo por su resumen en
Chino 7.131 0.56 1.979 3.60
inglés. Hoy puede defenderse, desde el punto de vista de su ren-
Italiano 4.530 0.35 4.471 1.03 tabilidad científica y económica, el uso de lenguas nacionales en
136 Ruso 3.922 0.30 10.074 0.38 137
producción científica destinada al consumo extradoméstico o de
Japonés 1.867 0.14 2.894 0.64 circulación internacional.
Elaboración propia. Fuente: ISI-WOS (SCI, SSCI, AHCI), 2008, 1998. El estudio de la lengua en la que se “escribe” la nueva cien-
cia (investigación) debe completarse con el estudio de la lengua en
De los datos presentados podemos subrayar tres aspectos. que se “lee” la nueva ciencia. Eso quiere decir que la lengua debiera
En primer lugar, que después del inglés, el idioma más utilizado en estar incluida entre los parámetros de variables de análisis de los
la producción científica es el alemán, seguido del francés; y que en patrones de uso o consumo de la ciencia en la comunidad científica
tercer y cuarto lugar por el número de artículos relevantes se hallan internacional. Pero no es así. No lo es porque la principal fuente
nuestras lenguas maternas: el español y portugués. A cierta distan- de información de las citas, la norteamericana ISI-WOS no incluye
cia según su tamaño se halla la producción científica relevante en este ítem entre los campos de selección accesibles al gran público,
ruso, chino y japonés. En segundo lugar, y para resumir y medir como puede observarse en la siguiente figura. Ello explica proba-
blemente por qué el excelente trabajo de la “Red Iberoamericana de números absolutos del nºde artículos en italiano, alemán, y fran-
Indicadores de Ciencia y Tecnología” (RICYT), creado en 1994, cés. En el conjunto destaca la emergencia del español, como pude
no lo ha incluido entre sus 47 indicadores, como puede apreciarse apreciarse en la tabla.
en la siguiente tabla18.
Tabla 5. Evolución del nº de artículos de medicina según idiomas registra-
La edición durante algunos años del índice nacional de ci- dos en PubMed: 1970-2010.
tas de las publicaciones españolas (IMECITAS) evidenció el uso
habitual de las revistas no incluidas en el índice de ISI justifican- Lengua Total artí- 2000-09 1990-99 1980-89 1970-79 Habi-
culos tantes
do su continuidad y la moderación de una política de excelencia
Inglés 15.371.221 5.785.256 3.761.236 2.512.921 1.627.312
y dependencia internacional, pero no aportó resultados concretos
sobre la tasa de trabajos publicados en español citados en ellos. Las Francés 643.348 89.754 93.922 111.859 127.279
observaciones escolares que desde 1987-88 vienen realizando mis Italiano 287.405 19.662 31.389 48.280 45.814
estudiantes de Medicina en Zaragoza ponen de manifiesto que el Alemán 775.943 80.866 103.394 140.149 194.855
porcentaje de cita en español en revistas españolas es muy bajo, Es- 265.665 66.590 54.928 43.895 32.669
pañol
tanto en las de alto factor de impacto como en las no indexadas o
Portu- 69.729 20.143 10.563 8.840 9.768
rechazadas por ISI o PubMed (es decir de bajo nivel de interna- gués
cionalización o consumo doméstico, como suele decirse utilizando
terminología mercantil). En términos generales, se sitúa entre el La producción científica de medicina por países nos mues-
5% y el 10%, según las especialidades. Lo cual viene a indicarnos tra los principales productores, que son España, Brasil, México,
que los autores y autoras estamos realizando una selección de los Portugal, Argentina, con más de 20.000 artículos (promedio de
trabajos consultados o leídos que merecen ser citados que implica 2000/año), seguidos a distancia de 8000 o menos por Chile, Co-
una promoción y reconocimiento de los artículos escritos en len- lombia, Venezuela y Cuba.
gua inglesa que gozan de mayor prestigio, reproduciendo y magni- El análisis del porcentaje de trabajos publicados en len-
ficando, así, el circuito del desvalimiento de la lengua materna que, gua materna (español o portugués) no muestra correspondencia
si se usa, no deja huella. positiva con el tamaño de la ciencia de estos países, como puede
138 Lengua materna y ciencia en profesiones populares: el caso de observarse en la siguiente tabla que revela que sólo el 4,3% de la 139
la medicina producción firmada por instituciones brasileñas se escribe en por-
tugués; o que el 90% de la producción médica argentina se escribe
En el conjunto de las ramas del saber, el mayor uso de la lenguas ma- (y se lee) en inglés u otros idiomas, mientras que la producción
terna corresponde a las ciencias de la vida y del entorno y tradición española editada en español solo representa el 15% de su produc-
cultural, especialmente la medicina (por ejemplo, lo son 20 de las ción. Como sabemos, un alto porcentaje de esa producción no se
37 revistas ISI españolas y 6 de las 28 brasileñas). En esta segunda publica en revistas de sus respectivos países sino en las revistas
parte, he centrado centrado el análisis en el campo de la medicina anglosajonas (británicas, canadienses, suecas y estadounidenses).
revisando la base de datos bibliográfica más popular en el mundo, Estos datos no dejan lugar a dudas acerca del proceso histórico en
que es de acceso libre y gratuito a través de internet: PubMed. el que estamos inmersos: a mayor tamaño o dedicación científica,
Se observa un incremento sostenido de los artículos pro- mayor grado de internacionalización y mayor pérdida de uso de
ducidos inglés, español y portugués y una reducción también en la lengua materna. Asimismo lo indica el estudio del nº de revis-
tas (14) que muestra un porcentaje bajo de revistas catalogadas como se muestra en la gráfica: descontadas las inglesas (4.500), ve-
como multilingües. mos que las españolas, portuguesas e italianas conforman un tercio
del conjunto, mientras los otros dos tercios los conforman las revis-
Tabla 6. Distribución de los artículos en español por países y porcentaje de
uso de lengua materna.
tas médicas francesas y las alemanas.

PAÍS Artíc./país Artíc./lengua Nº revistas Artíc./lengua Tabla 7. Distribución del nº de revistas y artículos por paises e idioma de
2000-2009 materna Registro materna publicación.
1970-2010 total 2000-2009
PAÍS Artículos por Artículos en len- % de uso de
1960-2010
país 2000-2009 gua materna lengua materna
España 133.559 25.798 345 21.363 2000-2009 por país
Brasil 88.118 4.181 309 3.848 Colombia 3.608 1.054 29,21
México 31.103 8.159 157 4.495 Cuba 2.637 724 27,45
Portugal 21.198 812 70 754 Venezuela 3.199 788 26,63
Argentina 19.559 3.710 156 1.932 Costa Rica 811 215 26,51
Chile 8.808 4.713 66 2.230 Chile 8.808 2.230 25,31
Colombia 3.608 1.184 60 1.054 Perú 1.171 240 20,49
Venezuela 3.199 1.343 36 788 El Salvador 66 12 18,18
Cuba 2.637 1.246 48 724 España 133.559 21.363 15,99
Uruguay 1.641 197 29 121 México 31.103 4.495 14,45
Perú 1.171 387 47 240 Bolivia 153 19 12,41
Costa Rica 811 374 13 215 Argentina 19.559 1.932 9,87
Ecuador 613 92 11 54 Ecuador 613 54 8,80
Panamá 511 193 9 26 Nicaragua 103 9 8,73
Paraguay 406 28 3 23 Uruguay 1.641 121 7,37
Bolivia 153 36 7 19 República 35 2 5,71
140 141
Nicaragua 103 14 2 9 Dominicana
El Salvador 66 14 6 12 Paraguay 406 23 5,66
República 35 14 16 2 Panamá 511 26 4,89
Dominicana Brasil 88.118 3.848 4,36
Portugal 21.198 754 3,55
El estudio de las revistas muestra un crecimiento progresi-
vo del nº de revistas indexadas hasta conformar las 1.117 revistas En este panorama, ciertamente desesperanzador de la pro-
editadas en español registradas desde 1960 en Medline/Pubmed, ducción científico médica relativa en la lenguas maternas de nues-
de las que la mayoría corresponden a los principales productores: tro entorno latinoamericano en el campo de las ciencias de la sa-
de de Chile (66), Colombia (60), Cuca (48) y Perú (47). La pro- lud, además de otras importantes iniciativas de cambio de la pauta
porción de revistas en español es, sin embargo, “relativamente baja” cultural de las décadas anteriores que he resumido al principio, se
ha producido un hecho que significa una verdadera apuesta por está la información completa o no, ni siquiera si se ha incluido o no
el arraigo del español científico. Se trata del macroproyecto de la tal o cual término, faltando enlaces o definiciones que solo pueden
versión española del vocabulario de indexación o codificación de la detectar quienes tenemos costumbre arraigada de usar la versión
información científica de PubMed/Medline que conforma un the- original inglesa y/o la necesidad de analizarlo y enseñarlo.
saurus o red semántica de sus más de 35.000 términos. El famoso, Como era de esperar, este proyecto internacional (vinculado
autorizado y refernte mundial en terminología científico médica a otro similar europeo de edición multilingüe y nivel e Atención
MeSH (Medical Subject Headings) ya tiene su versión hispana: el Primaria que no ha tenido el éxito debido), delata en su estilo de es-
DeCS (Descriptores de Ciencias de la Salud), que sigue crecien- critura su dependencia del “english”. Al leer muchas de sus entradas
do y mejorando su calidad desde 2004, liderado por IBECS como y definiciones una tiene la impresión de que se les haya olvidado
puede verse en la imagen. Es un ejemplo de otro frente de acción a su lengua cuando traducen del inglés; lo mismo me sucede al leer
favor de la lengua materna. artículos científicos en español, que parece que sus autores hayan
aprendido de la materia biomédica directamente desde el inglés,
Tabla 8: Distribución por grandes idiomas de las revistas registradas en
PubMed (2010).
como si hubieran borrado de su memoria personal cómo se decía
-se dice- eso en su idioma, en su lengua materna. Como si no tuvié-
ramos linaje, genealogía, y fuéramos huérfanos recién nacidos a la
ciencia o la medicina.
Creo que tienen razón las sabias feministas de la diferencia
sexual que tanto advierten sobre los límites de lo legal y formal o
institucional y nos invitan a poner la mirada en la creación de sim-
bólico, de significado. Me parece que cuando entramos a “la iglesia
de la ciencia”, hombres y mujeres, perdemos la cabeza, nos des-
pojamos de nuestras voces con las que pensamos y conformamos
la conciencia, con las voces que hablamos cotidianamente (y con
nuestros pacientes, alumnos o colegas) y, de ese modo, constreñi-
dos o, mejor dicho, “vendidos” o enajenados nos expresamos tra-
142 143
duciendo, no desde el orden simbólico de la madre y de la cultura
El DeCS es un instrumento científico que facilita el trabajo del lugar (popular en el sentido gramsciano), sino desde el orden
en nuestro orden simbólico. Permite acceder desde la lengua ma- simbólico (masculino) de la ciencia, que es un engranaje del orden
terna a esa imprescindible fuente de información que es PubMed, social imperial (global) y mercantilizado, que no está regido por las
y es utilizada no sólo para la creación de nueva ciencia (investiga- relaciones personales y las necesidades humanas sino por el desa-
ción) sino para la resolución de problemas profesionales cotidia- rrollo del consumo, incluido el consumo de la industria farmacéuti-
nos: diagnósticos, pronósticos y tratamientos). El thesaurus DeCS ca o biotecnológica. Cuando los científicos y las científicas trabajan,
es un instrumento muy utilizado según las especialidades (más en piensan, leen y escriben de ciencia tan alejados de sí, de la vida y sus
salud pública o medicina legal que en microbiología) y que yo re- necesidades resultan menos perceptibles esos intereses espurios de
comiendo con precaución, porque está en pleno desarrollo y no se la ciencia. Con la lengua franca de la ciencia perdemos libertad (y
advierte bien de ello: no se indica en cada término de los 35.000, si temple) y quizá no ganamos conocimiento, pues sin las palabras
que aprendimos de la madre (o la que en su lugar) perdemos la mez, Verónica Vivanco Cervero. El español. lengua para la ciencia y la tecnología. pre-
sente y perspectivas de futuro. Madrid, Santillana -Instituto Cervantes, 2009.
sonrisa y la malicia que necesitamos para que las palabras nombren
las cosas que conocemos. 5 Las acciones propuestas para la difusión internacional de la investigación en lengua
española son: 1) Intensificación de la docencia del español en C y T; 2) Intensifi-
Como conclusión práctica, en el sentido más institucional, cación y obligatoriedad de los cursos de español aplicado a la ciencia y tecnología
propongo que se adopte una medida política científica muy fácil para los alumnos Erasmus en España; 3) Formación de estudiantes extranjeros en
como es incluir el idioma de la publicación entre los parámetros las universidades españolas; 4) Organización de talleres periódicos de escritura téc-
nica en países hispanoparlantes y no hispanoparlantes; 5) Organización de talleres
analizados en informes bibliométricos periódicos que suele gene- audiovisuales con soporte en Red; 6) Creación de cursos de español científico y
rar cada país de nuestro entrono iberoamericano. Creo que es fá- técnico con soporte audiovisual; 7) creación de escenarios de trabajo informales en
cil añadirlo cuando observo el enorme esfuerzo desarrollado por entornos virtuales; 8) Intensificación de las jornadas sobre divulgación de la ciencia
española e hispana en el extranjero; 9) Intensificación de los congresos científicos
nuestros colegas de la red iberoamericano de ciencia y tecnología, y técnicos que tengan al español como lengua vehicular; 10) Creación de convoca-
responsables de estos indicadores y cuento que han consensuado torias para científicos e ingenieros de titulación reciente pertenecientes a países no
nada menos que 47 indicadores. Añadir un indicador más, el por- hispanohablantes; 11) creación de convocatorias de proyectos científicos y técni-
cos que tengan el español como lengua vehicular para redes de trabajo entre países
centaje de la producción científica en la lengua materna (español hispanohablantes y no hispanohablantes; 12) Fomento de la industria de la lengua;
o portugués) y lengua de la ciencia (inglés) en cada país y campo 13) Explotación de bases de datos científicas regionales, nacionales y extranjeras;
científico19. 14) Intensificación de las publicaciones científicas y técnicas en lengua española
por parte de editores, asociaciones y fundaciones; 15) Fomento de la presencia
de libros científicos y técnicos publicados en español en bibliotecas de pasases no
hispanohablantes; 16) Fomento del español de negocios aplicado a la ciencia; 17)
NOTAS Creación de una agencia de prensa científica hispánica; 18) Creación de una revista
Erasmus de ciencias y tecnología para europeos en España; 19) Creación de una re-
1 Organizado por el Instituto de Filosofía del CSIC de Madrid y desarrollado el día 9 de
vista Erasmus de ciencia y tecnología para estudiantes españoles y extranjeros fuera
octubre de 2007, puede verse el programa y su contexto en: http://www.pensarenes-
de España; 20) Creación de nuevos índices de calidad de la investigación. Véase El
pan-ol.es/martes9_act02.htm.
español. lengua para la ciencia y la tecnología, Madrid, Santillana, 2009, pp. 110-134.
2 En mi ponencia que titulé “¡pensar la ciencia en español!. Español vs. english: batallas
7 Vivanco Cervero, Verónica. Vías de actuación para el fomento y la difusión del es-
sensatas e insensatas”, el conjunto de las actividades que personalmente había obser-
pañol científico y técnico. En: El español. lengua para la ciencia y la tecnología, Madrid,
vado en el campo de la biomedicina fueron presentadas en orden temporal como las
Santillana, 2009, pp. 110-134.
horas de un reloj de saetas: 1) evaluación de revistas según idioma, 2) ediciones en
inglés y español de algunas revistas, 3) fomentar que las bases de datos bibliográ- 7 Miqueo, Consuelo. Evolución histórica de los diccionarios. Archivos de la Facultad de
144 ficas indexen más revisar en español; 4) traducir más textos científicos al español; Medicina de Zaragoza 41 (1):81-85, 2001. 145
5) mejorar la distribución de revistas electrónicas en español (Scielo, Rebiun, Latin-
8 Braidoti, Rosi, “El sujeto en el feminismo”, En: Feminismo, diferencia sexual y subjetivi-
dex); 6) versión al español de lenguajes de codificación, thesaurus o buscadores de
dad nómade. Barcelona, Gedisa, 2004. pp. 9-31. La literatura específica que ha desarro-
información; 7) becas; 8) enseñar en español; 9) promover congresos internacionales
llado esta idea es muy extensa. En mi caso concreto, desde la lectura del No creas tener
en español; 10) promover la coordinación española de proyectos internacionales; 11
derechos, de varias autoras del círculo de la Librería de Mujeres de Milán (Madrid, horas
otros.
y horas, 1991) y Nombrar el mundo en femenino de Milagros Rivera (Barcelona, Ica-
3 Miqueo Consuelo, Concha Germán Bes, Teresa Fernández Turrado y Mª José Barral ria, 1995), he practicado el “partir de sí” en todos mis escritos científicos desde aquel
Morán. Disparidad de género en los órganos de dirección de las revistas biomédicas es- inicial y comprometido en que ponderaba esta corriente filosófica y política. Véase:
pañolas (2007). Madrid, Instituto de la Mujer (edición PDF) accesible en: http:// Miqueo, Consuelo. Contrastar experiencias: diversidad de modelos para las científicas.
www.inmujer.migualdad.es/mujer/mujeres/estud_inves/Miqueo.pdf. Véase sobre el Una mesa redonda. En: Barral MJ et al. (eds.) Interacciones ciencia y género. Discursos y
mismo tema y autoras la monografía Ellas también cuentan. Científicas de los comités de prácticas científicas de mujeres. Barcelona, Icaria, 1999, pp. 291-298.
revistas del area de salud. Zaragoza, Prensas Universitarias.de Zaragoza (en prensa).
9 Braidotti, Rosi. Sobre el sujeto feminista femenino o desde el “si mismo.mujer” hasta el
4 Arias-Salgado Rosby, María José, Montaña Cámara Hurtado, Begoña Granadino “otro “ mujer. En: Feminismo, diferencia sexual y subjetividad nómade. Barcelona, Gedisa,
Goenechea, Jose Antonio López Cerezo, Daniel Martín Mayorga, Luis Plaza Gó- 2004. pp. 33-54.
10 Véase el capítulo “Lengua materna, lengua de empresa”. Barbieri, Punuchia, Lia A, Miguel-Dasit A, González de Dios J, De Granda Orive JJ. Español frente a inglés
Cigarini, Vanna Chiarabini, Serena Fuart, Silvia Motta, Oriella Savoldi, Chirstiane como idioma de publicación y factor de impacto de neurología. Neurología 2007;
Vaugeois. En: Palabras que usan las mujeres. Madrid, Horas y horas, 2008, pp. 17- 22(1): 19-26.
21.
18 Los informes periódicos de la entidad son de obligada consulta para conocer los
11 Luce Irigaray. Sexes et genres à travers les langues. Paris, Grasset, 1990. Pueden verse indicadores de cada país y conocer el proceso de consenso llevado a cabo en el que
algunos de estos ejemplos en la versión española de Luce Irigaray. Amo a ti. Bosque- destaca el Acuerdo de Lisboa.
jo de una felicidad en la historia. Barcelona, Icaria, 1994, pp. 119-140.
19 La Red de Indicadores de Ciencia y Tecnología -Iberoamericana e Interamericana-
12 Ha sido muy citado el pionero y relevante artículo, publicado en la prestigiosa (RICYT), nació en 1994 y desde entonces ha organizado seis congresos internacio-
Science hace casi veinte años, por Marcia Barinaga: Is there a “female style” in scien- nales y numerosos jornadas ypaneles de expertos para lograr los consensos y datos
ce? Science 1993; 260:384-391. En nuestro ultimo estudio comprobamos que la necesarios. Su base de datos es ineludible. Véase la sección de indicadores biblimé-
mayoría de las mujeres no estaba de acuerdo con la caracterización dicotómica del tricos accesible en su página web institucional, donde puede observarse el valor que
estilo de escritura científico que sometimos a valoración mediante encuesta dirigida la entidad otorga al idioma español o portugues de estos países. http://www.ricyt.
a la Red española de mujeres profesionales de la salud. La idea de que “el estilo de org/index.php?option=com_content&view=article&id=149&Itemid=3.
los artículos científicos se adapta mejor al estilo de comunicación masculina que a
la femenina” es una opinión con la que manifestaron máximo acuerdo el 42,62%.
La idea de que “el estilo de comunicación científica masculina se caracteriza por ser
escrito, informativo, objetivo, cuantitativo y analítico” produjo máximo o bastante
acuerdo (63%), mientras que algo menos de la mitad compartía la idea de que “el
estilo de comunicación científica femenina se caracteriza por ser oral, comprensivo,
explicativo, empático y holista”. Véase: http://www.inmujer.migualdad.es/mujer/
mujeres/estud_inves/Miqueo.pdf.
13 Luce Irigaray: Amo a tí. Bosquejo de una felicidad en la historia. Barcelona, Icaria, 1994,
p. 114.
14 Luisa Muraro. El orden simbólico de la madre. Madrid, Horas y Horas, 1994, p. IX.
15 Una de las revistas españolas (Dynamis) se halla incluida en las dos ediciones (cien-
cias y ciencias sociales), lo que es un caso excepcional que debe interpretarse como
un defecto de clasificación de una reciente incorporación a la base, que como cri-
terio de adscripción de las revistas de áreas interdisciplinares como es la historia y
filosofía de la ciencia.
16 Entre las iniciativas más relevantes de promoción del español y de promoción del
146 internacionalismo de la ciencia española debemos citar las siguientes: centralización 147
desde la FECYT del contrato de acceso a la propia bases de datos con presupuesto
millonario, creación de SCIELO, un portal de difusión electrónica gratuita de revis-
tas biomédicas, financiación de la edición bilingüe de revistas, determinación de los
criterios de calidad de las revistas y correlación con los criterios de evaluación de
los investigadores, organización de reuniones de expertos y simposios sobre el tema
del español, promoción de la divulgación científica en español y acceso a internet.
Para una visión de la estrategia global remitimos a Vivanco Cerbero, 2009, pp. 110-
134).
17 Los estudios históricos sobre el uso del latín y emergencia de las lenguas vernácu-
las son muy nuerosos. Podemos citar la síntesis mas reciente y de amplia difusión,
como es el Bertha Gutiérrez, así como los resultados de algunos tipo sobre el facror
de riesgo que significa el uso del español para alcanzar el deseado imacto científico.
Véase el erespecto: Aleixandre-Benavent R, Valderrama-Zurián JC, Alonso-Arroyo
6
MUJERES PIONERAS EN LA CIENCIA ARGENTINA

Diana Maffía

Introducción
La ciencia moderna llega a la Argentina a través de los jesuitas, produ-
ciendo una relación extraña entre la educación formal religiosa y los
centros laicos que comienzan a florecer fuera de las universidades y
escuelas1. De cualquier modo, las ideas revolucionarias políticas que
acompañaban la difusión de nuevas ideas científicas no alcanzan a in-
corporar a las mujeres al saber y a la ciudadanía. Pero rastrear estos
datos es enormemente difícil.
Como señala Alicia Palermo2, los pocos datos disponibles en
nuestro país sobre la participación universitaria según sexo se inicia
en las primeras décadas del siglo XX con datos no comparables entre
universidades (CUADRO 1).
Sólo a partir de 1941 se cuenta con registros acerca de matrícu-
la y titulación universitaria según sexo y carrera.
A partir del análisis de los datos disponibles, Palermo distingue
149
cuatro períodos diferenciados en cuanto a la participación de las mu-
jeres en los estudios universitarios. El primero va desde que se crea la
primera universidad - en 1613, el Colegio Jesuítico, que en 1622 se
transformó en la Universidad de Córdoba- hasta principios del siglo
XX y se caracteriza por la ausencia de mujeres en los estudios univer-
sitarios, salvo unas pocas pioneras que obtuvieron su título fines del
siglo XIX (como veremos, a partir de1889).
El segundo período se extiende desde principios del siglo XX
hasta la primera mitad de la década del sesenta y se caracteriza por
un incremento paulatino pero constante de la participación femeni-
na en los estudios universitarios, de modo tal que si en el quinquenio
1900-1905 sólo el 0,79% de los títulos universitarios de todas las uni- una leve tendencia a aumentar. Según el último Censo de estudian-
versidades nacionales fueron otorgados a mujeres, en el quinquenio tes de Universidades Nacionales (1994), las mujeres constituyen
1961-1965, los valores porcentuales habían aumentado al 28,20%. el 52,2 % de los esudiantes a nivel nacional, quedando un grupo
Una característica importante de la participación femenina de esta reducido de carreras no feminizadas. 3
etapa fue la concentración de las mujeres en carreras consideradas
“típicamente femeninas” (ciencias de la educación, letras, ramas me- Médicas: Cecilia Grierson
nores de las ciencias médicas, etc.). Sin duda, la obtención de su doctorado en medicina en 1889 con-
CUADRO 1 – Cuadro Títulos otorgados a varones y mujeres en todas las vierte a Cecilia Grierson en el paradigma de las mujeres pioneras en
carreras de las universidades nacionales. Posición relativa por quinquenio. la ciencia argentina (FIGURA 1).
Valores absolutos; Valores relativos.
FIGURA 1 – Cecilia Grierson en 1894.
Período Varones Mujeres Total Varones Mujeres
1900/05 1367 11 1378 99,21 0,79
1906/10 1783 25 1808 98,62 1,38
1911/15 2860 122 2982 95,91 4,09
1916/20 4401 418 4819 91,33 8,67
1921/25 6948 825 7773 89,39 10,61
1926/30 7505 807 8312 90,30 9,70
1931/35 8680 999 9679 89,68 10,32
1936/40 11055 1771 12926 86,20 13,80
1941/45 15196 2824 18020 84,33 15,67
1946/50 18720 3747 22467 83,33 16,67
1951/55 21421 5763 27184 75,85 24,15
1956/60 27475 8752 36227 75,85 24,15
La doctora Grierson nació en Buenos Aires en 1859. Fue pio-
1961/65 27796 11705 41501 71,80 28,20 nera en la Argentina de su época, no sólo por su dedicación a la cien-
150 151
Fuente: Evolución de la mujer en las profesiones liberales en Argentina. cia sino también como activista feminista por su abnegado trabajo
Ofi cina Nacional de la Mujer,. Ministerio de Trabajo. 1970. Citado por Ma- en la lucha por los derechos de la mujer. Cuando la ciencia era por
glie y Frinchaboy, 1988.
más de 100 años solo un universo masculino, soportó un ambiente
El tercer período abarca desde mediados de los sesenta hasta angustiante y de burlas por parte de sus compañeros en la Facultad
mediados de los ochenta y en él se produce un incremento más mar- de Medicina de la Universidad de Buenos Aires.
cado, ya que sólo en dos décadas la participación de las mujeres en Había tenido una precursora de trágico fin: Elida Pazos, pri-
la universidad aumenta del 30% al 50%, es decir, llega a igualar a la mera mujer farmacéutica universitaria, que luego de recibir ese titu-
masculina. Este incremento está acompañado de una diversificación lo quiso seguir Medicina y no se lo permitieron. Debió presentar un
de las opciones de carreras por parte de las mujeres. recurso de amparo en la justicia y así consiguió cursar hasta quinto
Finalmente el cuarto período se caracteriza por una relativa año de medicina en la Universidad. Casi al final de su carrera, la tu-
estabilización de la participación femenina universitaria, aunque con berculosis termina prematuramente con su vida.4
A Cecilia Grierson no le prohiben el ingreso, pero para disua- Grierson viajó 3 veces a Europa. Al regreso del primer via-
dirla le agregan como condición pedagógica, junto a su título acadé- je funda el Consejo Nacional de Mujeres (1900) y la Asociación
mico (que pocas mujeres poseían) cinco niveles de lengua latina. De- Obstétrica Nacional (en 1901). Trajo también conocimientos
bió preparar y dar libres esos exámenes en un colegio que prohibía la con los que introdujo la kinesiología en las aulas de la Facultad
incorporación de mujeres, y así en 1883 logró entrar a la Facultad. de Medicina.
Mucho antes, cuando era poco más que una adolescente, Ce- Su obra médica más ambiciosa, Cuidado de los Enfermos
cilia Grierson fundó, en la Escuela Normal de Maestras (en la que yo (1912) estaba en proceso de revisión cuando cayó enferma de
misma me recibí en 1970, siendo todavía una “escuela de señoritas”) cáncer de útero, un mal que había atendido por años en los que
una biblioteca de más de 300 volúmenes a la que llamó “El estímulo trabajó en el servicio de ginecología. Murió el 10 de abril de 1934,
argentino”. Y antes aún, de niña y junto a su madre, en la Provincia a los 74 años (FIGURA 3).5
de Entre Ríos donde pasó su infancia, daba clases de lectura y mate-
máticas a chicos analfabetos en una escuela rural. Cecilia Grierson fi- FIGURA 3 – Cecilia Grierson.
naliza su doctorado y, en 1889, presta el juramento hipocrático como
doctora y cirujana. En 1892 funda la Sociedad Argentina de Primeros
Auxilios. Mientras desarrolla su carrera, funda también la Cruz Roja
Argentina y la Escuela de Enfermeras (FIGURA 2).
FIGURA 2 – C. Grierson tomando exámen de Escuela de Enfermería.

Mujeres astrónomas
152 153
Argentina fue pionera en el desarrollo de la astronomía. Fue el pri-
mer país de Latinoamérica con telescopios y observatorios propios.
Como es previsible, las primeras mujeres pueden encontrarse en la
institución pionera, el Observatorio Nacional Argentino, fundado
en 1871. En un comienzo los empleados del Observatorio Nacional
fueron todos hombres: el director, el Dr. Benjamin Gould, y cuatro
ayudantes. Mary A. Quincy Adams, esposa del director, era la úni-
Participó del Primer Congreso Feminista Internacional, que ca mujer que junto a sus hijos vivía en los predios del observatorio
tuvo lugar en Buenos Aires para el centenario de la independencia en (FIGURA 4).
1910. Precisamente en mayo próximo tendremos el Segundo Con- Había nacido el 27 de agosto de 1834 en EE.UU. Mujer muy
greso Feminista Internacional, y evocaremos su figura. instruida, simpatizó e influyó mucho en el trabajo del Dr. Gould.
FIGURA 4 – Mary A. Quincy Adams de Gould. Cuando en 1885 el Dr. Gould renuncia a la dirección del
Observatorio Nacional, asume la misma su discípulo el Dr. John
Thome.Pocos meses más tarde Thome desposa a Frances Angeline
Wall (FIGURA 6).
FIGURA 6 – Frances Angelina Wall. A la izquierda junto a su esposo J.
Thome en 1885 en oportunidad de su casamiento.

Estando en EE.UU. obsequio a su esposo un pequeño observatorio


dotado con un círculo meridiano.Mary ayudo a Gould en diversas
tareas del observatorio, especialmente las relacionadas con la Ura-
nometría Argentina (FIGURA 5). Frances fue una de las famosas “maestras de Sarmiento”. Ejercía
como vicedirectora en la recién formada Escuela Normal de Maestros.
FIGURA 5 – Mary A. Quincy Adams. Al casarse, debe renunciar a su puesto pues el contrato firmado por es-
tas maestras estipulaba que debían ser solteras.6
Wall se involucra mucho en los trabajos de la institución, en par-
ticular con el célebre catálogo y atlas Córdoba Durchmusterung. De
hecho, cuando en 1908 fallece Thome, gestiona la continuación del tra-
bajo, contactándose incluso con el director del Observatorio Nacional
154 155
de Chile, Dr. Friedrich Ristenpart, para analizar la posibilidad de termi-
narlo en Santiago. Esta iniciativa se truncó con la llegada en 1909 del
nuevo director de la institución Charles D. Perrine (FIGURA 7).
La esposa de Perrine, Bell Smith – que había sido bibliotecaria
en el Lick Observatory –, al igual que sus predecesoras también ayuda
al director en sus tareas, por ejemplo con las anotaciones de las obser-
Fuente: Archivo OAC – Museo Astronómico.
vaciones del cometa Halley realizadas entre 1910 y 1911.
El director resume la participación de su esposa del si- En 1913, en Estados Unidos, se doctoran en astronomía las pri-
guiente modo:“No puedo hablar de otro ayudante, cuyo nombre meras mujeres. Entre ellas se encontraba Anna Estelle Glancy, quien
no figura en los libros del Observatorio, y sin cuya incansable e ince- había ingresado al Berkeley Astronomical Department de la Universi-
sante ayuda, mi trabajo apenas habría podido ser ejecutado”. dad de California (FIGURA 8).
FIGURA 7 – Bell Smith y D. Perrine en el Observatorio Nacional. Es la única mujer empleada como astrónoma en el Obser-
vatorio Nacional Argentino, desde su fundación y hasta al menos
1941 (FIGURA 9).

FIGURA 9 – La Dra. Niemela muestra quiénes la precedieron en el estu-


dio de estrellas masivas.

FIGURA 8 – Anna Estelle Glancy.

Dadas las escasas posibilidades de ser contratadas en su país


por su condición de mujer, ofrece sus servicios al Observatorio Na- La astronomía argentina dio luego grandes investigadoras
cional Argentino. Prontamente recibe la aceptación , y Anna Glan- mujeres, como Virpi Niemela, que publicó más de 130 trabajos
cy se establece en Córdoba y trabaja en el observatorio entre 1913 científicos a lo largo de su carrera. Como ocurre con quienes se
y 1918. destacan en la Astronomía, la Dra. Niemela tiene un asteroide (el
La nueva astrónoma recibe una paga menor que la de sus 5289) que lleva su nombre (FIGURA 10).
156 157
colegas hombres. Su sueldo inicial fue de 237,5 pesos mensuales, Hoy más de un tercio de los profesionales de esta rama en
idéntico al recibido por un computador varón. A modo de com- Argentina son mujeres, contra el 13% a nivel mundial.
paración, los astrónomos de tercera cobraban 256,5 pesos y los de Hasta el momento ningún director de los grandes observa-
primera, 475 pesos – varios de los cuales también tenían incluido el torios fue mujer. Pero los tiempos están cambiando, solo como
alojamiento –. Cabe destacar que más allá de ser recién recibida, su ejemplos pueden mencionarse a la Dra. Marta Rovira (FIGURA
formación era superior a la de todos sus compañeros de trabajo, ex- 11).
cepción del director. Esta situación se mantuvo hasta su renuncia. Astrónoma y estudiosa del sol, en 2008 fue designada al
Cuando deja el observatorio, regresa a su patria donde se em- frente del CONICET, convirtiéndose en la primera mujer que lo
plea en la American Optical Company, en la que se especializa en el hace en sus más de 50 años de vida. Rovira había dirigido durante
diseño de lentes, principalmente oftálmicos y para telescopios. Por siete años el Instituto de Astronomía y Física del Espacio.
sus trabajos obtuvo 13 patentes.
FIGURA 10 – Imagen superior: Órbita del asteroide Niemela y su posi- FIGURA 12 – Delfi na Molina y Vedia en sus
ción en el día de hoy, fecha del fallecimiento de la Dra. Virpi Niemela. tiempos de estudiante.
(Image Credit and Courtesy programa órbitas: Jet Propulsion Laboratory
(JPL) Pasadena, California).

FIGURA 11 – Dra. Marta Rovira, primera mujer Presidenta del CONICET.


FIGURA 13 – Delfi na Molina y Vedia.

158 159

Mujeres químicas:
En 1896 se creó en Argentina la carrera para acceder al título de
Doctor en Química. En 1901 egresa el primer graduado. La pri-
mera mujer en obtener el título de Doctora en Química en la Fa-
cultad de Ciencias Exactas fue Delfina Molina y Vedia, en1906.
En un libro escrito en su madurez, A redrotiempo, rememora: “Re-
cuerdo mi estreno como alumna universitaria como si fuese ayer.
Me destinaron una pequeña pieza que daba al Museo de Historia Delfina era sobrina del primer ingeniero egresado en 1870,
Natural, donde pasaba los recreos librándome del contacto con la Luis Huergo, que fue decano de la Facultad de Ciencias Exactas,
muchachada”(FIGURA 13). Físicas y Naturales.
Delfina ingresó en la carrera de química aunque estaba inte- mayor número de bases permanentes y temporarias y refugios, en
resada en el arte, y buscaba vincularlos en el pensamiento abstrac- el mundo.
to. Ella había elegido filosofía, pero en una reunión social un pro- Un ámbito inusual para el trabajo femenino es el de las biólogas
fesor de química la convenció de estudiar ciencias. Hizo la carrera que participaron de una campaña a la Antártida (FIGURA 15).
en tres años, y adelantando materias se fue a Francia a estudiar
FIGURA 15
pintura durante un año y medio. Luego de graduarse se dedicó a
la enseñanza, la filosofía y el arte (FIGURA 14).
FIGURA 14 – Olga Hanelo, Syma
Hosen y Ana Baidembaum (1937).

La siguieron María Jiménez de Abeledo, egresada a fines de En 1968 por primera vez pudieron incorporarse a la expedición
la década del 1920 y fallecida a los 103 años, y Ana Baidembaum mujeres, y las pioneras fueron Elena Martínez Fuentes, especialista en
y María Olga Hanelo que egresaron en 1937. A las tres se les hizo molúsculos y autoridad consagrada internacionalmente en biología;
un homenaje en el Programa de Historia de la Ciencia de la Uni- Irene María Bernasconi, la más destacada especialista de equinoder-
160 161
versidad de Buenos Aires.7 mos del país en esas fechas, ganadora del premio Eduardo L. Holmberg
en 1940, Carmen Pujal, profesora de ciencias naturales y especialista
Pioneras en la Antártida en algas rojas y María Adela Caría, experta en bacteriología marina.
En 1904 se fundó la primera base antártica permanente en el mun- El 7 de noviembre de 1968 zarparon a bordo del Transporte
do. Es argentina y continúa hasta el presente.Además, en 1951 se ARA “Bahía Aguirre”, formando parte de la Campaña Antártica 1968-
creó el Instituto Antártico Argentino. Fue la primera institución 1969. Su destino fue la Base Naval Melchior, habilitada periódicamen-
científica especializada del mundo; desarrolló un sistema de ba- te para estudios de biología marina ordenados por el Servicio de Hi-
ses, refugios y apoyo logístico. Las Campañas Antárticas cuentan drografía Naval (FIGURA 16).8
con el acompañamiento del Ministerio de Defensa, por tratarse de Allí realizaron investigaciones durante todo el verano en una
un lugar estratégico geopoliticamente. En lo que hace a la infraes- memorable aventura científica, en un lugar, prácticamente de dominio
tructura en la Antártida, hoy la Argentina es el país que posee el masculino y donde actualmente resulta difícil vivir.
FIGURA 16 – Las investigadoras en La Antártida en 1968. torio de Investigaciones Sensoriales (LIS), en la Universidad de
Buenos Aires (UBA) (FIGURA 17).
FIGURA 17 – Miguelina Guirao.

Estudió originalmente Filosofía, donde se interesó por la


Teoría del Conocimiento con particular énfasis en las relaciones
Se dedicaron tenaz y minuciosamente a tareas de recolec- entre el sujeto y el objeto. Su tema de tesis referido al problema
ción y clasificación de algas, erizos, y estrellas de mar, moluscos y del origen del conocimiento la llevó al estudio de los procesos
peces. Por ello, los resultados científicos de la expedición fueron cognitivos, para lo cual realizó su perfeccionamiento en el Institu-
de tal magnitud, que se capturaron tres ejemplares de peces raros to de Psicología de la Universidad Católica de Milán, donde se le
llamados Parachaenichtys charcoti, especie que se había extraído despertó el interés por la ciencia y por el enfoque interdisciplinario
solamente cuatro ejemplares en el mundo entero. Lo más revela- de la investigación científica.
dor fue demostrar que las mujeres podían adaptarse a la vida en De regreso en Buenos Aires, una obra despertó su curiosi-
la Antártida al igual que los hombres, esto significo la inclusión dad por el estudio de los sentidos: Handbook of Experimental Ps-
frecuente de personal femenino de investigación en las futuras ychology editado por S. S. Stevens, Profesor de la Universidad de
162 campañas argentinas. 163
Harvard. En una entrevista con el Dr. Bernardo Houssay, que era
Estas cuatro investigadoras fueron de las primeras mujeres entonces presidente del CONICET, le manifestó que en su plan
en el país que sentaron precedente para el papel que en el futuro de investigación faltaba incluir los procesos sensoriales, igualmen-
tendrían otras científicas en campos como la glaciología, biología, te le comentó sobre el libro de Stevens y Houssay le sugirió que se
oceanografía e impacto ambiental, contribuyendo ampliamente presentara al concurso para Becas Externas del CONICET. La
al desarrollo de la ciencia en la zona. consiguió y el Dr. Stevens aceptó dirigir su beca.
En una deliciosa entrevista, Ana María Peppino Barale la lle-
El misterio de los sentidos
va a relatar sus experiencias como mujer en la ciencia. Miguelina
Una pionera en la investigación interdisciplinaria es la Dra. Mi- Guirao le relata que no había notado ninguna actitud discrimina-
guelina Guirao, que investiga los mecanismos neurobiológicos y toria hacia su persona pero algo sospechó en la primera entrevista
psicofísicos de los sentidos humanos. Para ello fundó el Labora- que tuvo con Stevens en Harvard, pues éste no bien entró a su ofi-
cina le dijo: ¨¡Oh! Creí que era un hombre¨. A lo que Miguelina, Si bien el tema central de los Proyectos de Investigación esta-
le contestó que no había nada que pudiera hacer al respecto. Si ba referido a los Procesos Sensoriales, los temas específicos fueron
bien le causó gracia la respuesta de la joven becaria, trató de di- cambiando de acuerdo con la demanda de los nuevos tesistas y be-
suadirla del proyecto enfrentándola a tareas que presuponía que carios que llegaban de diferentes carreras universitarias con lo que
no iba a poder llevar a cabo. La envió a construir un Potencióme- el LIS funcionó como un centro interdisciplinario de investigación
tro de Sonido en el taller de Mecánica y Electrónica, indicándole básica y aplicada en las áreas de: Ciencias Cognitivas, Procesos
que en el Laboratorio encontraría los manuales de los circuitos y Sensoriales, Psicofísica, Percepción, Sentidos Químicos, Evalua-
todos los elementos que necesitaría para construir el equipo. ción Sensorial de alimentos, Percepción de habla, Análisis de la voz,
La asombrada argentina le recordó que venía de las Huma- Reconocimiento Automático de Habla y Patologías Neurosenso-
nidades y que “nunca había pelado un cable”, a lo que Stevens con riales.
gesto no muy amigable le contestó “que ahora iba a aprender, que Producto de las investigaciones MG publicó “Los sentidos,
él también venía de las Humanidades y que los primeros frecuen- bases de la percepción”, (Madrid, Alhambra, 1980); fue la prime-
címetros, voltímetros y demás equipos de audio que había en el ra publicación sobre el tema de los procesos sensoriales en lengua
Laboratorio habían sido primero diseñados y luego construidos castellana.
por él con la ayuda de los técnicos”. Como sucede en nuestros países latinoamericanos, esta la-
Afortunadamente el técnico encargado del taller la apo- bor pionera del LIS lejos de favorecerles dio lugar a muchos incon-
yó y así logró su cometido, si bien no en el primer intento. De venientes, particularmente por la falta de tradición de los temas
esos experimentos resultó el primero de varios trabajos que pu- de investigación; además, al no pertenecer al sistema curricular de
blicó con el propio Stevens en Journal of the Acoustical Society ninguna Facultad los colocó en una situación de desventaja inclu-
of America. Así fue como se inició en la Investigación y rompió el sive con respecto al lugar de trabajo, ya que tuvieron que mudarse
esquema que el propio Stevens tenía –según le comentó poste- cuatro veces con las consiguientes dificultades que acarrea el hecho
riormente- “que en general las mujeres no estaban interesadas en de tener que desmontar y reinstalar laboratorios. Actualmente han
la investigación”. regresado al lugar de origen, pero esta vez acogidos por el Depar-
Nuevamente en Buenos Aires, Miguelina Guirao ingresó tamento de Neurociencias del Hospital de Clínicas. Con pesadum-
a la Carrera de Investigador del CONICET y a la Facultad de bre, MG dice:
164 165
Ingeniería de la UBA donde dictaba Psicoacústica como Adjunta “Durante muchos años el CONICET no tuvo Comisiones
de la Cátedra de Electroacústica. En una segunda etapa, retornó Asesoras Interdisciplinarias. En el orden local nuestros trabajos
a Harvard como investigadora contratada y posteriormente, en tenían que peregrinar de una Comisión Asesora a otra con las con-
Argentina, comenzó a desarrollar proyectos de investigación con siguientes demoras. Se obtenían juicios parciales y a menudo tam-
un grupo de becarios, de diferente formación universitaria, en pri- bién contradictorios. Con muy pocas excepciones nuestros interlo-
mer lugar con sede en la Cátedra de Biofísica de la Facultad de cutores válidos estaban en el exterior”.
Medicina (UBA) y luego en el Departamento de Investigación y Guirao no parece haber tenido dificultades para desarrollar
Docencia del Hospital de Clínicas (UBA). De ese modo se fue un trabajo consistente y de gran proyección. Sin embargo, ella mis-
formando el Laboratorio de Investigaciones Sensoriales (LIS). ma reconoce que el modo de segregar a la mujer a menudo reviste
En 1972, el LIS fue reconocido oficialmente como Centro de- características tan sutiles que es difícil percibirlo como tal. Igual-
pendiente del CONICET. mente, señala que durante su permanencia en centros de investiga-
ción de países avanzados pudo apreciar que la situación de la mujer Mucho tiempo había pasado desde el primer diploma obtenido por
no es más aventajada que la de su país. Al respecto relató que en Cecilia Grierson. Para entonces las mujeres lograban el derecho al
una oportunidad en la que dictaba un seminario de postgrado en voto, y una joven enamorada se casaba y comenzaba a formar una
una universidad japonesa uno de los organizadores le pidió que en familia. Ana Galimberti fue su obstetra. Del segundo de sus cuatro
los primeros diez minutos no entrara directamente al tema porque partos nací yo. Fue también mi primera ginecóloga, en la adoles-
los estudiantes, que eran todos varones, iban a distraerse ante la cencia.
sorpresa de encontrarse con una mujer… y argentina, es decir, de Hace unos meses, como diputada, le entregué una distinción
ninguno de los países de liderazgo científico. legislativa como “Personalidad Destacada de la Ciencia”. Hemos
Tiene razón Miguelina Guirao, las mujeres latinoamericanas recorrido un largo camino.
dedicadas a la ciencia sufren una doble segregación: por género y
por condiciones geopolíticas de poder.
NOTAS
Conclusión: 1 Miguel de Asúa, La Ciencia de Mayo. La cultura científica en el Río de la Plata, 1800-
1820, Buenos Aires, Ed. Fondo de Cultura Económica, 2010.
FIGURA 18 – Diana Maffía y Ana Galimberti
2 Alicia Itatí Palermo, “La participación de las mujeres en la Universidad”, http://www.
cps.org.ar/_archivos_descargas/articulos_academicos/La_participaci%C3%B3n_
de_las_Mujeres_en_la_Universidad.doc.
3 Mónica García Frinchaboy, “Mujer y Educación” en Maffía D. y Kuschnir C. Capacita-
ción Política para Mujeres. Género y Cambio Social en la Argentina Actual, Buenos Aires,
Feminaria Editora, 1994.
4 Rolando Riviere,”Pioneras del feminismo argentino” http://www.magicasruinas.
com.ar/revistero/argentina/pioneras-feminismo-argentino.htm.
5 Guillermo F. Marín, “Cecilia Grierson: mujer profana” http://www.socargcancer.org.
ar/rcs/nmr/Cancerologiarevista2000427.pdf.
6 Santiago Paolantonio “Mujeres en los observatorios astronómicos argentinos” http://
historiadelaastronomia.wordpress.com/2010/03/08/mujeres-en-los-observatorios-
166 astronomicos-argentinos/. 167
7 Susana Gallardo, “El techo de cristal” http://www.fcen.uba.ar/prensa/cable/2009/
pdf/Cable_722.pdf.
8 María Cristina Morandi, Anahí Cabezas y Carolina Brizuela, “Mujeres Pioneras en el
Continente Helado”, http://www.hidro.gov.ar/Noticias/Mpioneras.asp.
9 Ana María Peppino Barale, “Miguelina Guirao, una científica argentina pionera en su
Me gustaría concluir esta ponencia con un llamado de aten- campo”, http://veneno.com/2009/3/pepp-126.html.
ción sobre esas complejidades y a la vez un puente entre las pio-
neras y quienes hemos seguido un camino marcado por su huella.
La Dra. Ana Galimberti, especialista en obstetricia, fue la primera
mujer que obtuvo una cátedra como titular en la Facultad de Medi-
cina de la Universidad de Buenos Aires. Promediaban los años ’50.
7
PIONERAS DE LA CIENCIA EN MÉXICO. EL CASO DE LA
UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE MÉXICO

Norma Blazquez Graf


Olga Bustos Romero

Introducción
La recuperación de los nombres, trayectorias y contribuciones
de las mujeres como académicas en la universidad, en la cien-
cia y la tecnología, ha sido trabajo de investigación en diversas
partes del mundo, y en particular ha sido parte del proyecto más
amplio de los estudios feministas que buscan transformar a la
ciencia y eliminar el androcentismo aún presente en estas activi-
dades. Lograr el reconocimiento de los aportes de las mujeres a
las distintas áreas del conocimiento, muchas veces atribuidos a
los hombres o registrados como anónimos, ha sido fundamental
mediante el desarrollo de estas iniciativas.
El análisis de la literatura en el tema1, muestra varios enfo-
ques o aproximaciones para abordar la historia de las mujeres en 169
la ciencia como campo de estudios, y se observa una diversidad
de trabajos que abordan desde los primeros hallazgos e inventos
de mujeres como Hypathia y sus aportaciones a la astronomía
y las matemáticas en el siglo IV o María la Profetisa en el siglo
XII2, hasta los descubrimientos más recientes de investigadoras
como Bárbara McClintock sobre los mecanismos de la transpo-
sición genética3, o las investigaciones de Rosalind Franklin so-
bre la estructura del DNA4.
La primera aproximación dentro de la historia de las mu-
jeres en la ciencia, analiza la incorporación y participación fe-
menina en las instituciones donde se ha practicado esta activi- Antecedentes
dad, abordando la historia del acceso limitado y los obstáculos En Iberoamérica, se realizan cada vez más trabajos con estas pers-
que han tenido las mujeres a la producción científica oficial y el pectivas, como puede verse en las publicaciones que se han elabo-
lugar que ocupan en instituciones como las universidades, las rado a partir de los congresos de Género, Ciencia y Tecnología7.
sociedades y las organizaciones científicas. Una segunda aproxi- Con la idea de contribuir a estos estudios y conocer más acerca
mación se refiere a la recuperación de los logros de aquellas mu- del trabajo de las académicas mediante la combinación de datos
jeres cuyas contribuciones científicas han sido eliminadas de las cuantitativos con resultados cualitativos, recientemente se han
corrientes principales de la historia de la ciencia, mediante tra- desarrollado estudios en México, que desde distintas perspectivas
bajos biográficos que incluyen a mujeres dedicadas a la ciencia y visiones, han trabajado las biografías y los logros de las mujeres
y ponen el énfasis en su interés por el conocimiento científico y pioneras que se han dedicado a la docencia y a las ciencias en dis-
en las barreras por las que tienen que pasar para participar en la tintas universidades del país8.
ciencia. La tercera aproximación, muy relacionada con la ante- En la Universidad Nacional Autónoma de México
rior, aborda la enseñanza de la ciencia a partir del conocimiento (UNAM), se han realizado tesis y proyectos de investigación que
biográfico de mujeres científicas, destacando la importancia de abordan tanto la historia de la incorporación de las mujeres a la
enseñar ciencia vinculando los procesos de construcción del co- educación superior y las ciencias9, como las trayectorias y contri-
nocimiento con las personas que hicieron esas aportaciones5. La buciones de las académicas, a través de entrevistas e historias de
cuarta aproximación se refiere a las tareas que han realizado las vida10. Los resultados obtenidos en estos estudios han permitido
mujeres desde el nivel de ayudantes de laboratorio, hasta el de entender la condición de género de las académicas y proponer
investigadoras principales y sus aportaciones. Se describe y sis- modelos de referencia que incluyan a las académicas pioneras y
tematiza su producción académica, la organización de espacios sus contribuciones, que reconozcan su autoridad, que las integren
académicos propios, los proyectos surgidos por iniciativas de en una tradición que se transmita a las alumnas y alumnos y que
las mujeres, las nuevas publicaciones, y los números especiales permita nuevas actitudes del personal docente ante estos hechos.
dedicados a sus investigaciones, así como la participación de las El trabajo que aquí presentamos, es parte de esos estudios,
mujeres en seminarios, grupos de estudio, asociaciones, congre- y se enmarca dentro de las aproximaciones mencionadas ante-
sos, revistas y editoriales. riormente, ya que describe la historia del acceso limitado y poco
170 171
El eje de todas estas aproximaciones, es la incorporación reconocido que han tenido las mujeres y el lugar que ocupan en la
de la perspectiva de género dentro de la historia de la ciencia, UNAM; recupera los logros y contribuciones científicas median-
considerándola como un campo del conocimiento, ya que cuan- te trabajos biográficos; aborda la enseñanza de la ciencia a partir
do surgió la historia de la ciencia como disciplina que estudiaba del conocimiento de figuras científicas femeninas vinculando los
las relaciones entre la ciencia y la sociedad en las décadas de procesos de construcción del conocimiento; así como las tareas
1920 y 1930, no se consideró el papel de las mujeres, pues sólo que han realizado, sistematizando su producción. Presentamos
se incluían aspectos como la religión, la clase social y la edad6. las trayectorias y proyecto de vida de 10 destacadas académicas,
La importancia que tiene el análisis de género, es que recupera pioneras en sus respectivas disciplinas, que se han distinguido por
para la historia el trabajo de mujeres olvidadas, y al mismo tiem- hacer aportaciones notables en diferentes áreas del conocimien-
po muestra los factores culturales que incluso en la actualidad to, recuperando así la memoria histórica de estas mujeres en la
dificultan su acceso a la investigación científica y tecnológica. UNAM.
Objetivos tura y posgrado, las expectativas y percepciones de estas fases de
Con el propósito de generar referentes a seguir por docentes y estu- la educación, así como las relaciones afectivas establecidas en esos
diantes, encaminados a lograr la equidad entre hombres y mujeres periodos; y la trayectoria académica profesional, que incluía la eta-
en la universidad, se hacen visibles las trayectorias y contribuciones pa como académica, las relaciones sentimentales de esas etapas y el
de las académicas de distintas áreas del conocimiento en la UNAM. proyecto de vida personal elegido. Asimismo, se incluyó la percep-
Se analizan y discuten los mecanismos institucionales e individua- ción de una conciencia de género o de discriminación a lo largo de
les que favorecen o dificultan su presencia, representación y recono- sus trayectorias.
cimiento; y se difunden las aportaciones de estas académicas en los A partir de los criterios de selección establecidos, se hizo el
distintos campos del conocimiento, contribuyendo así a eliminar contacto con cada académica para programar las entrevistas, y se
los estereotipos de género prevalecientes aún en la comunidad uni- les solicitó el curriculum vitae extenso, en el que se consideraron
versitaria y en la sociedad. los principales rubros de las actividades de investigación, docencia
y difusión, así como los nombramientos y cargos académicos; las
Procedimiento becas, reconocimientos y premios. Con el guión de entrevista pre-
Con la finalidad de analizar los mecanismos y políticas instituciona- viamente elaborado y probado, se realizaron las citas y las visitas
les de ingreso, permanencia, promoción, reconocimiento y posicio- a las entrevistadas, que se grabaron en audio y video en distintos
namiento actual de las académicas en la UNAM, se realizó el acopio escenarios (cubículos, laboratorios, estudios y casas particulares).
de materiales bibliográficos y de estadísticas, así como la búsqueda Asimismo, se solicitó a las académicas fotos, videos, y documentos,
y recopilación de material en archivos fotográficos, institucionales como material necesario para la inclusión y óptima edición de los
y personales. materiales. La videograbación de las entrevistas permitió estructu-
La recuperación de los nombres, trayectorias y contribucio- rar posteriormente un video de cada académica, dejando así una
nes de las mujeres académicas pioneras en la Universidad, se abor- memoria histórica de estas destacadas mujeres.
dó mediante la utilización de entrevistas no-estructuradas como Características de las académicas entrevistadas
herramienta metodológica, poniendo el énfasis en el cruce de tra-
yectorias académicas con vidas cotidianas. En cada entrevista se ex- En la investigación participaron diez académicas de la UNAM, cu-
172 ploraron las distintas etapas de la carrera académica vinculándola yas edades fluctuaban, al momento de hacer las entrevistas, entre 56 173
con la historia personal y esta información se relacionó con el aná- y 80 años de edad (dos nacieron a finales de los veintes, cuatro na-
lisis del Currículo vitae completo y actualizado de cada académica cieron en la década de los treinta, cuatro en la década de los cuaren-
entrevistada, elaborando cuadros de información que se combina- ta y una en la década de los cincuenta). Todas tienen los más altos
ron con las categorías de análisis de cada entrevista. nombramientos en la UNAM en distintos campos del conocimien-
La elaboración del guión de la entrevista, se desarrolló con to, y actualmente están activas: tres pertenecen a las ciencias natura-
base en estudios anteriores11, considerando los objetivos de la in- les (química), una es de ciencias exactas (física), una de ingeniería,
vestigación y el marco teórico en el que se sustenta, así como en tres de ciencias sociales (sociología, antropología y psicología), y
los rubros o categorías previamente identificadas, es decir, los da- dos de humanidades (letras y geografía).
tos socioeconómicos y la familia de origen; la formación escolar Estas académicas son mexicanas, destacadas profesoras e in-
que comprendía primaria, secundaria y preparatoria; la formación vestigadoras, con amplia y productiva trayectoria desde hace dé-
universitaria, en la que se contemplaban los estudios de licencia- cadas y se han distinguido por haber hecho importantes contribu-
ciones e innovaciones que han incidido en el enriquecimiento de menor a mayor A, B, y C. Para determinar estas categorías y niveles,
las ciencias de donde proceden. Han dejado huella a través de las se considera la formación académica y los grados obtenidos; la labor
múltiples publicaciones que han producido, y también de manera docente y de investigación; los antecedentes académicos y profesio-
importante y consistente han formado a estudiantes de diferentes nales; labor de difusión cultural; labor académico-administrativa;
generaciones que se han incorporado a grupos de investigación a antigüedad en la UNAM; y la intervención en la formación de per-
cargo de ellas, o han creado nuevos grupos con excelentes resulta- sonal académico.
dos. Tienen el nombramiento más alto que otorga la UNAM y la El total del personal académico en la UNAM en 2008 fue
categoría más alta en estímulos al personal académico (PRIDE); de 34,835. De ese total, 11,731 son de carrera (es decir el 33.7%),
así como reconocimientos dentro y fuera de la universidad, y los y abarca las siguientes figuras de plazas: Investigador/a titular o
niveles más altos en el sistema nacional de investigadores (SNI). asociada/o, con categorías A, B y C; Profesor/a titular o asociada/o
Las características y criterios de selección de las académicas con categorías A, B y C; Técnicas/os auxiliar, asociada/o o titular,
de esta investigación, fueron las siguientes: con categorías A, B y C.
Resulta pertinente aclarar que el nombramiento, figura y
• Nacionalidad mexicana categoría más alta que se puede asignar al personal académico en
• Mayores de 55 años de edad
• Doctorado la UNAM, es la de Investigador/a o Profesor/a Titular C tiempo
• Plaza de tiempo completo como profesoras o investigadoras titulares completo, con igual salario.
• Definitividad (implica antigüedad) El porcentaje de las mujeres dentro del personal académico
• Participación en el Programa de Estímulos a la Productividad de la
de la UNAM durante el periodo 1999 a 2008 no ha variado mucho,
UNAM (PRIDE)
• Integrante del Sistema Nacional de Investigadores (SNI) observándose un incremento únicamente de 39 a 42%.
• Contribución al campo de conocimiento en el que trabajan
• Reconocimientos y premios internacionales, nacionales y de la UNAM Personal académico en la UNAM por sexo, 1999-2008.
• Desempeño de cargos de responsabilidad y dirección, y en órganos
colegiados (comisiones evaluadoras y dictaminadoras) Año Hombres % Mujeres % Total
• Proyectos dirigidos y financiados 1999 18,706 69% 12,062 39% 30,768
• Proyectos colectivos y/o internacionales 2000 17,941 61% 11,589 39% 29,530
174 Pertenecer a las siguientes áreas del conocimiento: 2001 18,369 60% 12,004 40% 30,373 175
I. Ciencias de la vida, ciencias químicas y de la salud 2002 19,051 60% 12,510 40% 31,561
II. Ciencias físico-matemáticas 2003 19,183 60% 12,687 40% 31,870
III. Ciencias sociales y ciencias de la conducta
IV. Humanidades 2004 19,409 60% 13,089 40% 32,498
V. Ingenierías y tecnologías 2005 19,489 59% 13,326 41% 32,815
2006 19,601 59% 13,655 41% 33,256
Nombramientos del personal académico y ubicación de las 2007 20,075 59% 14,144 41% 34,219
académicas 2008 20,251 58% 14,584 42% 34,835

En la UNAM, el nombramiento de profesora o investigadora de ca- Fuente: Dirección General de Planeación, UNAM. Base de datos, 2008. http://www.es-

rrera de tiempo completo, se adquiere por concurso abierto y tiene tadistica.unam.mx/sideu/html/anual.php.

dos categorías: asociada y titular, que a su vez tienen tres nivelesde


Gráfica elaborada a partir de la tabla anterior. 1. Familia y procedencia sociocultural
En términos generales, las académicas entrevistadas tuvieron
padres profesionistas (ingeniero agrónomo, metalúrgico, médi-
co, abogado, fotógrafo, antropólogo, político) y madres con es-
tudios a nivel medio (comercio, contabilidad, costura, piano) la
mayoría dedicadas al hogar y a la familia.
Sus familias eran unidas, con fuerte influencia de tías y
abuelas sobre ellas; dos de las entrevistadas fueron hijas únicas
y las demás tenían 3 o más hermanos y hermanas; 6 tuvieron
padre y madre nacidos en México, una tuvo padre mexicano y
Fuente: Dirección General de Planeación, UNAM. Base de datos, 2008. http://www.esta- madre extranjera y 3 son hijas de padre y madre extranjeros (Es-
distica.unam.mx/sideu/html/anual.php. paña, Venezuela, Ucrania y Rumania); todas menos una nacie-
ron en el país, la mayoría en el Distrito Federal. En 4 casos sus
Respecto a la diversidad de nombramientos, lo que se ob- madres quedaron viudas, o por problemas económicos tuvieron
serva es una relación inversa en detrimento de las académicas, es que trabajar. Todas fueron educadas para el matrimonio y la
decir, a mayor categoría menos mujeres. Como puede verse, en el maternidad, pero al mismo tiempo, sus familias (padre, madre
nombramiento de personal técnico académico, ellas representan u otro familiar) tuvieron actitudes favorables hacia los estudios
54%, en el nombramiento de profesoras de carrera, las mujeres al- superiores, aunque no en todos los casos en las carreras que ellas
canzan 41%, y en el nombramiento de personal de investigación, decidieron, sobre todo, aquellas que seleccionaron física e inge-
sólo alcanzan 35%. La brecha todavía es más grande cuando se niería.
desagrega el tipo de nombramiento por categoría, es decir, A, B o Según los resultados de las entrevistas, en cuatro casos
C, observándose que en la categoría de profesoras titulares C, las se favoreció su entrada a la universidad porque nacieron y cre-
académicas representan 39% y en la de investigadoras titulares C, cieron en ambientes familiares en los que por el nivel cultural,
constituyen únicamente 27%. económico o ambos, se consideró apropiado y normal que las
176 mujeres estudiaran en la universidad. 177
41% del total del personal académico
54% técnicas académicas “… mis padres vivían en un mundo muy intelectual, muy político y no ha-
40% profesoras de asignatura bía ni que preguntar, era muy natural y muy lógico que yo iba a estudiar”.
42% profesoras (Titulares C = 39%) “Mis papás nunca dudaron, lo vieron como un hecho, como algo natural,
35% investigadoras (Titulares C = 27%) siempre me apoyaron a seguir adelante con mis estudios universitarios”.

Historias de vida y trayectorias académicas En otros 4 casos, la familia no contaba con recursos eco-
nómicos pero apreciaba la educación como vía de movilidad so-
A partir de las entrevistas realizadas, a continuación se muestran cial, así como las capacidades intelectuales de sus hijas.
las trayectorias familiares y profesionales de las académicas, com-
binándolas con sus currículo vitae, y se ilustran con algunos testi- “haber decidido estudiar una carrera universitaria fue algo que siempre se
nos inculcó por mis padres”.
monios.
“Cuando dije: quiero ser secretaria, mi madre montó en cólera y dijo de nin- “tuve que ir a una preparatoria de hombres, pues no había para mujeres en esa
guna manera, de ninguna manera, te vas a la universidad porque tu tienes una ciudad”.
gran inteligencia”.
“no me iban a dejar entrar a la Universidad pues tenia 16 años y anduve pre-
“En esa época tú sabías que teniendo una carrera, podías mejorar económica- guntando cómo le hacía para poder entrar acá a la Universidad; decía háganme
mente, socialmente, todo. Entonces tú tenías un aliciente…”. un examen a ver si puedo entrar. En aquel tiempo no había exámenes, había las
contradicciones de la edad… …entonces dije: están mis calificaciones, traigo
buenas calificaciones, bueno por fin yo creo que por cansancio me dejaron en-
En dos casos, hubo cierta resistencia para que ingresaran a la trar”.
universidad porque se pensaba que era mejor que estudiaran alguna
carrera u oficio corto como modista o decoración, pero su insisten- La inclinación por la carrera de investigación puede originarse
cia, inteligencia y aplicación en el estudio, convenció a sus familias. o fortalecerse por la influencia favorable de maestros y maestras:
“…mi papá me decía, si te vas a casar, para qué quieres estudiar, como estaba “… la figura que más me marcó, era una mujer, nunca supe si inglesa o mexica-
en la universidad femenina, había varias carreras cortas, entonces me decía, na, con un inglés perfectamente británico y ella fue una maestra que despertó
estudia decoración de interiores, estudia para laboratorista y yo le decía, por en mi la pasión por el idioma, pero una pasión verdaderamente desmedida que
qué voy a ser laboratorista, si puedo ser química…”. fue lo que luego me salvó porque, como no pude estudiar medicina, no quedé
frustrada porque pude estudiar letras inglesas”.
“…un médico que era amigo de él, muy amigo le dijo: no es posible que sigas
teniendo a esta chica en la casa, ella tiene deseos de estudiar, entonces entré “ya habiendo salido de la facultad tenía que hacer mi tesis, ahí también me en-
como al año y medio como estudiante oyente, y presenté todas las asignaturas contré con un profesor magnifico…, me dio una beca que me permitió hacer
a título de suficiencia, y bueno ya después me seguí con mucho gusto toda la una tesis interesante”.
carrera”.

La vinculación temprana con los grupos de investigación pro-


Puede decirse que la procedencia social de la mayoría de las
fesionales, también aparece como un elemento importante para su
académicas entrevistadas, era de clase media y media alta, con acce-
desarrollo científico:
so a la cultura y con intereses en la educación y la formación profe-
sional de sus descendientes. En todos los casos ellas reconocen las “… me topé con gente que hacía investigación desde muy temprano, de hecho
ventajas de su procedencia familiar o herencia intelectual en la que la mayoría de mi generación seguimos hacia un posgrado porque fuimos muy
motivados por nuestros maestros”.
se cultiva el conocimiento y la creatividad.
178 179
Una vez que llegaron a la universidad, las exigencias académi-
2. Ambiente escolar
cas y el ambiente intelectual, así como el interés personal, las impul-
El acceso a la universidad y después a los estudios de doctorado, saron para seguir y ser exitosas dentro de la carrera académica. De
se vieron influidos por distintas circunstancias. El aprovechamiento las diez entrevistadas, 8 realizaron los estudios universitarios en la
escolar tuvo una influencia notable en la decisión para proseguir la UNAM y dos en otras instituciones nacionales (una privada). Obtu-
carrera académica. Además del gusto por el conocimiento, la mayo- vieron su licenciatura a una edad entre los 21 y 23 años (entre 1947 y
ría de las entrevistadas tuvieron alto rendimiento y mayores opcio- 1974), menos una, que inició sus estudios universitarios después del
nes para continuar su formación, rompiendo con los estereotipos matrimonio y la maternidad:
de género acordes con la época:
“cuando entré a estudiar la carrera yo era la más vieja, mi hijo mayor tenía 13
“desde pequeña tuve especial dedicación al estudio, siempre me gustó y no años, yo tenía 3 hijos y en medio tenía una hija, a la niña, entonces tenía que
me costaba trabajo”. arreglármelas”.
En todos los casos, ellas decidieron estudiar su carrera Más de la mitad hicieron maestría, y todas menos una se doc-
aunque no fuera lo esperado y apropiado para las mujeres, ya que toraron. Dos obtuvieron este grado a los 27 años, tres entre los 32 y
la presencia femenina en la universidad no era lo común en la 37 años, y las demás entre los 42 y 45 años; todas menos una reali-
época en la que ellas estudiaron, esto se observa de manera más zaron los estudios de posgrado con beca en el extranjero, la mayoría
evidente en el caso de las dos académicas que se incorporaron hizo el doctorado ya con pareja e hijos/as.
a física e ingeniería, por ser campos muy masculinos, donde era Sobre el desarrollo de las especialidades en las que se forma-
mucho menos esperado su ingreso: ron para doctorarse las académicas entrevistadas, se observa que
como se gradúan a partir de los sesentas, algunas se especializaron
“...tuve que romper el esquema porque había un edificio de puros salones y
sólo había baños para hombres. Entonces tuvimos que ir a ver al director y en áreas nuevas en México (principalmente las de ciencias natura-
decirle: “oiga, no se ha dado cuenta que también hay mujeres”. les), abriendo la posibilidad de que se incorporaran a la universidad
“…en el Politécnico hubo muchísimos profesores sobre todo en el área
cuando había apertura de plazas nuevas para ellas.
de electrónica que eran militares, entonces para ellos una mujer ¿qué está “en aquel entonces el grupo de orgánica de la Facultad de Química era un gru-
haciendo ahí?. Cuando entré a cálculo hubo un profesor que me dijo: no, po muy fuerte y de hecho había nada más dos maestros que hacían inorgánica,
yo no acepto mujeres …cuando salí de esa materia con diez, él llegó y me era una deficiencia muy grande, entonces al platicar con alguno de los maes-
dijo: la felicito, de aquí en adelante la restricción de no mujeres, la elimi- tros, me incentivaron a mí y a otros compañeros que ahora somos investigado-
no”. res aquí, de por qué no estudiábamos inorgánica…”.

Durante la carrera académica, la mitad de las académicas “yo tenía el compromiso de que nos habían invitado a formarnos fuera del país
para ser profesores de calidad… en esa época la gente entraba con una gran
entrevistadas se dedicaban exclusivamente a sus estudios univer- facilidad a dar clases, no había tanta gente preparada, ni tantas restricciones y
sitarios, sólo un caso tenía además trabajo familiar y doméstico competencia como ahora”.
porque como mencionamos anteriormente, primero se casó y
tuvo descendientes y luego entró a la universidad; las otras cua- 3. Trayectoria académica
tro académicas sí desempeñaban trabajos adicionales comple- Como hemos visto anteriormente, en la UNAM el nombramiento
mentarios como docencia o trabajo en laboratorio para mejorar de profesora o investigadora de carrera de tiempo completo, que es
la situación económica de la familia, sobre todo en el caso de el que tienen las académicas entrevistadas, es un nombramiento que
180 aquellas cuyos padres fallecieron muy jóvenes o no vivieron con se adquiere por concurso y tiene dos categorías, asociada y titular, 181
ellas: que a su vez tienen tres niveles: A, B, y C, siendo este último el máxi-
“Yo estrené las prepas. Había ésta posibilidad de que le dieran a una clases
mo nivel que se puede alcanzar. La mayoría de las entrevistadas se
a pesar de que no tenía el título. No sólo no tenía el título, estaba empe- incorporó a la universidad con horas de asignatura o con una plaza
zando la carrera”. “… y en la facultad, lo mismo. Era el momento en que de ayudante o asociada y fueron obteniendo promoción cada tres o
empezaba a crecer letras inglesas, pues me dieron clases luego luego”.
cuatro años de acuerdo con la reglamentación universitaria:
“… empecé a dar clases desde antes de terminar la carrera, … un profesor
“…empecé a dar clases en la Facultad como profesora de asignatura por horas,
me dijo: necesito una ayudante en el laboratorio de química inorgánica y
porque en aquel entonces yo ya tenía un bebé y tuve mi segundo hijo en esa
le dije yo no se nada de eso y me dijo pues así aprendes…”.
etapa”.
“era el primero o el segundo año de la carrera y se presentó la posibilidad
“cuando yo entro casi en el primer año, no recuerdo si era el primero o el se-
de concursar siendo yo estudiante, por una plaza de ayudante de maes-
gundo...se presenta la posibilidad de concursar, siendo yo estudiante de la ca-
tro… y le entré”.
rrera, por una plaza de ayudante de maestro…”.
“entré a trabajar al instituto como ayudanate de investigador y tengo plaza desde “Fui nombrada de la Junta de Gobierno, no sé por qué, la verdad fue una cosa
que estaba en la facultad… y de ahí fui promoviéndome poco a poco. Pero pri- que yo nunca me esperé…” “… la Junta de Gobierno es una cosa muy espe-
mero estuve medio tiempo, cuando mis hijas estuvieron chiquitas”. cial, realmente es uno de los grandes honores que he tenido yo en toda mi
vida”.

El acceso al primer puesto estable como profesora o investiga- “En mi entrevista ante la Junta de Gobierno, me preguntaron si yo creía que
dora de carrera se produce muy rápido una vez obtenido el doctora- siendo mujer la iba a poder hacer como Directora de Facultad… yo les dije
do; en los 10 casos estudiados, se consiguió entre los 30 y 40 años, y que sí podía ser directora…”.

el puesto de mayor nivel académico, se logra a partir de esa edad en


adelante. El análisis sobre la producción científica en cantidad de artí- Como se vio anteriormente, los reconocimientos que se
culos publicados, libros y capítulos de libros, relacionada con los años otorgan por la labor científica son importantes ya que traducen la
en los que accedieron a los distintos puestos de trabajo o categoría, distinción y estímulo que hace la comunidad académica a sus in-
muestra que hay un incremento a partir del nombramiento de mayor tegrantes. De acuerdo con la normatividad universitaria, es perso-
nivel, coincidiendo también con que los hijos ya no eran pequeños. nal docente o de investigación emérito, quien es designado por la
La mayoría de ellas articula la investigación con la docencia, UNAM por haberle prestado cuando menos 30 años de servicios,
varias de ellas señalan que les gusta formar a estudiantes y participar con gran dedicación y haber realizado una obra de valía excepcio-
en la elaboración de programas de estudio. nal. De las diez académicas entrevistadas, seis son eméritas:

“dar clases me encanta, me gusta mucho la interacción con los jóvenes, trans- “la satisfacción máxima fue cuando me dieron el emeritazgo, me sentí muy
mitirles lo que hago, el gusto por la materia, interactuar con ellos es mantenerse apreciada, muy querida en la universidad”.
joven”.
“el día que se hizo la celebración de mi emeritazgo, para mi fue muy signifi-
“además de mis actividades de investigación, yo diría que la docencia es proba- cativo no sólo que se le diera a una mujer, con lo que se sigue manteniendo
blemente mi mayor fortaleza, si me preguntan qué es lo que mejor hago, digo la cuota del diez por ciento de los eméritos que hay en toda la universidad,
que es dar clase, a pesar de que los alumnos cuando están bajo mi tutela, se pero más importante me pareció que jamás se le había dado a nadie de letras
quejan, porque soy exigente”. modernas”.

“me gusta, disfruto dar clases y mejorar y cambiar nuevos libros, mi disciplina Todas consideran que han logrado el reconocimiento de la
me lo exige, no me puedo quedar atrás”.
comunidad a la que pertenecen. Se sienten muy satisfechas y rea-
182 lizadas con su trabajo y son conscientes de que ser académicas les 183
Son integrantes de comisiones evaluadoras, dictaminadoras y
da una posición de independencia, autonomía y libertad que no
de arbitraje de proyectos y publicaciones, y han recibido reconoci-
tendrían si no se hubieran dedicado a la academia, además de a su
miento y premios a su labor. Cuando han tenido cargos de responsa-
familia:
bilidad, varias de ellas piensan que son distinciones y triunfos que las
han enriquecido, otras piensan que es un “servicio” que ellas hacen “fue un logro muy importante, es un reconocimiento del gremio, ese premio
para retribuir lo que la universidad les ha brindado: fue muy importante”.

“estar en la administración es mi contribución a la universidad por todo lo que “… mis ingresos son muy razonable, me siento muy independiente y muy
me ha dado”. bien”.

“participar en comisiones se vuelve como una obligación, parte de nuestra res- “he recibido mucho más de lo que yo esperaba de mi formación, creo que he
ponsabilidad es hacer todas esas actividades”. recibido muchísimo porque trabajo en lo que me gusta, cosa que no todo mun-
do puede tener esa suerte”.
“Soy una persona muy afortunada de estar en esta Universidad, a la cual le debo “en la decisión de tener a éste hijo mío, supe desde siempre que tener un hijo
todo lo que soy y a esta Facultad de la que he tenido los mayores retos y la que significaba ya nunca poder volver a trabajar ni a la profundidad, ni con el rit-
me ha dado posibilidad de estar en otros lugares y tener ánimo para hacerlo, mo que había trabajado antes y no me importó”.
porque tiene sus grandes potencialidades…”.

En cuanto a la participación de sus parejas en el cuidado de


4. Estado civil y descendencia
los descendientes, relatan haber tenido apoyo de su parte, pero las
De las 10 entrevistadas, 8 se casaron o vivieron en pareja y 2 decidie- cargas eran desiguales:
ron vivir solas; la edad de matrimonio fue alrededor de los 20 años;
“él sí me ayudaba a estar con los hijos… pero yo me las tenía que arreglar…
sus parejas en todos los casos fueron profesionistas y la mitad de estas en una ocasión, de tan cansada me quedé dormida en la alfombra del baño de
parejas también se dedicó a la academia. De las 8 casadas o que vivie- quienes nos invitaron a cenar”.
ron en pareja, 5 se divorciaron, 4 de ellas después de más de 20 años
“cuando mis hijos nacieron, preferí dedicarme a traducir libros, pues así no
de matrimonio, 2 enviudaron y una sigue viviendo con su pareja: los descuidaba. Fue muy importante, pues traduje libros novedosos ”.
“Yo me casé estando todavía en la licenciatura, me casé con un compañero de “siempre me apoyó con los niños más chiquitos y cuando ya estaban más
generación”. grandes pues con sus tareas, entonces siempre hubo un apoyo muy fuerte por
su parte, ha sido un excelente padre”.
“tuve muchos amigos, pero realmente gente con la que viví ninguna, yo diría
que soy muy exigente… entonces buena parte de mi tiempo lo dedico a otras
cosas, tengo amigos, pero realmente pareja no la he tenido”. Aunque las entrevistadas son académicas que cuentan con la
“Era tal mi apasionamiento por el estudio, que me distraje y por eso no me casé,
categoría y nivel más alto que se puede obtener en la UNAM, los re-
me dediqué mucho a mis estudios y el novio era algo así como secundario, creo sultados muestran que estar casadas con académicos puede abrirles
que los novios se decepcionaban de mí porque no ocupaban el primer lugar…” las puertas o afectar el reconocimiento y logros dentro de la comu-
“…he tenido muchas satisfacciones, mis alumnos llenan mucho mi vida…”.
nidad, ya que en algunos casos ellas han obtenido esos puestos más
altos de la trayectoria docente o de investigación, después de que
De las 10 entrevistadas, 7 tuvieron descendientes, 6 de ellas los
los obtuvieron sus esposos. En algunos casos también existe cierta
tuvieron antes o durante la realización del doctorado y una después
competencia que llega a interferir, o a provocar separación:
de haberlo obtenido; actualmente casi todas son abuelas. Existe una
influencia importante en la formación de sus descendientes, ya que se
184 185
han dedicado también a las ciencias o a las artes. Cabe destacar que “Los dos concursamos por una beca porque todo lo hacíamos juntos, eso sí,
nunca nos separábamos...no imaginábamos la vida separados. Yo no sé si eso
ninguna de ellas se planteó el escenario de dejar su carrera laboral y favoreció la relación pero yo creo que sí, porque estábamos más unidos, muy
dedicarse únicamente a la crianza de los hijos e hijas: unidos y todo lo queríamos hacer juntos”.

“mi carrera ha sido ya de casada… en el momento que inicié el doctorado “como mi esposo se dedicó a la administración en la universidad, conocía mi
dije, sí esto es lo que yo quiero hacer, entonces asumo la responsabilidad”. trabajo y no había conflicto ni competencia, al contrario, siempre me apoyó y
me apoya hasta la fecha”.
“para mí era muy claro que sí quería tener familia y no sentía que eso me iba
a impedir hacer una carrera de investigación; sí por supuesto implicó mu- “Pues mira, yo creo que la verdad a la larga siempre sucede, sobre todo si traba-
cho de mí, o sea, organización, ingeniármelas, los famosos cursos de verano, jas en áreas muy afines, tan parecidas, pues sí hay competencia”.
cómo te las vas arreglando, pero la verdad es que era parte del asunto, por
supuesto que nunca hubiera dejado mi familia, ahora te puedo decir que al “Mi esposo era un hombre muy activo, muy dinámico estaba en la iniciativa
mirar hacia atrás, fue lo mejor que pude haber hecho, tener mi familia y tener privada... teníamos visiones diferentes de la vida, y el cambio más significativo
mi carrera”. se dio cuando me nombraron como Directora…”.
Como mencionamos, una de las académicas que tuvo des- Sin embargo, en sus estudios profesionales algunas de ellas
cendencia, tuvo a su hijo después de su doctorado al cumplir 40 no estuvieron exentas de comentarios desalentadores por estar en
años, y otras tres no tuvieron descendencia. En estos últimos 4 ca- la universidad:
sos, es interesante notar la decisión consciente de las académicas,
“Él me decía: para qué estudias? ya sabes mucho….. yo estudiaba con senti-
que actuaron como las mujeres de las siguientes generaciones en mientos de culpa, porque sentía que descuidaba a mis hijos…
cuanto a la opción por la descendencia y la edad de maternidad,
lo que hace suponer que la trayectoria académica puede modificar En las primeras sesiones de las entrevistas, expresan que la
las pautas familiares y maternales tradicionales en comparación con buena formación y el éxito se da independientemente del sexo. Se
sus contemporáneas: sienten libres de discriminación, pero tienen conciencia de que en
otros ámbitos puede existir:
“Cuando me embaracé ya tenía los cuarenta cumplidos. De hecho nació mi
hijo y a los tres meses cumplí los cuarenta y uno… dije: no quiero el paquete “Yo pienso que si la gente hace el esfuerzo, es igual que sea hombre o que sea
completo, marido y esas cosas no, yo quería un bebé”. mujer. El chiste es que se prepare, que estudie y que trate de hacer las cosas
bien. No hay diferencia”.
“con respecto a si me hubiera gustado tener hijos, hubo momentos, pero muy
breves yo diría, realmente nunca sentí que los necesitaba… nunca tuve en “Yo llegué a una universidad recién fundada como universidad técnica en Ale-
mente: es que yo quiero tener un hijo”. mania, y resulta que yo fui la primera mujer en graduarme, así que salí en el
periódico, porque era la primera mujer que salía del doctorado en ingeniería.
“sobre tener hijos, pensé que ya habría tiempo para eso, y se fue el tiempo;
Y había pocas mujeres estudiando en ese momento. Parece que las sociedades
creo que he llenado esos huecos con muchas otras actividades, además del
muy desarrolladas también son sexistas en esos campos”.
aspecto académico, también me gusta mucho el arte, pinto acuarela, óleo y
he tenido muchas exposiciones de pintura, me gusta escribir cuentos, en fin,
tengo otras actividades que me agradan”. Sin embargo, es interesante destacar que en varios casos la
conciencia de discriminación por ser mujeres se fue construyendo
5. Sensibilidad de género a través de la retrospectiva que realizaban al repasar su vida durante
El grupo entrevistado, pertenece a una generación de mujeres que las entrevistas. Es decir, la entrevista per se contribuyó a la toma de
en el curso de su formación científica, así como en sus trayectorias, conciencia sobre su condición de género, y específicamente sobre su
no han tenido la oportunidad de reflexionar o identificar tratos des- situación en relación al sexismo en la institución académica, lo que
186 iguales hacia ellas: al inicio de las entrevistas no identificaban, como ocurre al señalar 187
algunos obstáculos que han vivido para ocupar puestos de dirección
“mi experiencia es que siempre hemos sido parejas las mujeres y los hom-
bres, yo nunca he sentido que los hombres nos hayan tratado menos a las y aprecian ventajas de los hombres para obtenerlos:
mujeres…”.
“Me dieron la jefatura de división… me consta que no me la iban a dar a mí; se
“yo nunca sentí una discriminación de ninguna manera ni en mis estudios la iban a dar a un profesor, que no pudo tomarla porque era jubilado”.
aquí, ni en mis estudios en Inglaterra”.
“Participé dos años en la evaluación de los premios de la Academia de Inves-
“ser mujer no implicó trabas, al contrario, yo me siento muy afortunada de tigación Científica. Entonces, como que parece ridículo, porque nunca he te-
haber tenido las posibilidades que he tenido aquí y en ningún momento he nido el premio de la Academia de la Investigación Científica, sin embargo me
sentido que el hecho de ser mujer me haya detenido, las circunstancias pro- nombran para que yo evalúe, para que yo juzgue…”.
pias de una familia sí, en un momento dado no avanzaba yo a la velocidad que
a mí me hubiera gustado”. “Las mujeres llegamos a puestos de responsabilidad, pero no a puestos de po-
der, esa es la realidad”.
Además, en relación con lo anterior, aprecian diferencias en- cerlas, sino también para que la comunidad académica y estudiantil
tre hombres y mujeres en el trabajo científico, señalando que ellos tenga un referente o modelo que pueda ser retomado en su queha-
dedican más tiempo a las tareas de investigación, mientras que ellas cer universitario diario. Cuando hablamos de generar modelos, nos
tienen que compartir su tiempo entre el trabajo y la familia. Un referimos a que tradicionalmente las figuras a seguir han sido los
aspecto de gran importancia es la incompatibilidad de la vida y cos- hombres, porque históricamente es lo que se difunde, se publica, se
tumbres familiares con las exigencias del trabajo de investigación: enseña y por lo tanto es de quienes se habla, producto de un siste-
ma androcéntrico que todavía está presente en las sociedades, por
“las mujeres hacen más de lo que se puede porque siguen haciendo su labor
como profesionales pero también otras labores familiares que los hombres lo que se conocen pocas figuras de mujeres. Estas académicas han
no tienen”. sido capaces de romper o superar los estereotipos y roles de géne-
“Sentía que iba muy despacito porque la carrera de investigación siempre me
ro que históricamente se han asignado a las mujeres y son ejemplo
ha gustado y además con la familia a veces sentía que estaba en una banda sin a seguir, ya que han tenido una participación activa y han hecho
fin, que corre, corre y corre y no llegaba muy lejos…”. aportaciones en alguna de las áreas del conocimiento, incluyendo
“…regresaba a trabajar como a las 7 de la noche, ya que les había dado de
las matemáticas, que tradicionalmente se h considerado un campo
cenar a mis hijos, los había bañado y los dejaba dormidos”. masculino; es decir, son mujeres académicas que ya forman parte
importante de la historia de la UNAM.
Sobre el tema de los obstáculos y estrategias para llegar a las Los resultados obtenidos permiten conocer mejor la histo-
posiciones que actualmente tienen, las entrevistadas se centraron ria de las académicas universitarias, sus hábitos e intereses, su vida
en las cualidades o habilidades personales, la capacidad y el gusto social, profesional y familiar, y la dedicación e interés que mantie-
por el trabajo, por crear e innovar, perseverancia y redes familiares, nen a lo largo de su trayectoria que es muy distinta a los de la vida
de amistades y colegas, una buena parte de ellas siempre tuvieron doméstica, que las normas sociales y los estereotipos han asignado
la posibilidad de tener a alguien a cargo del cuidado de sus descen- tradicionalmente, ya que algunas experiencias de las entrevistadas,
dientes y del trabajo doméstico: revelan que se trasladan consignas y prejuicios sociales de género a
la institución científica. Su trabajo académico y docente, el conoci-
“Aprendí muy bien a decir en todos los comités: pues fíjense que tal vez tenga
un compromiso a las diez de la mañana y no pueda ir a la junta, y no tenía que miento científico y experimental o teórico que han difundido a tra-
decir que era la fiesta de fin de curso de mi hijo”. vés de su labor cotidiana, son su principal aportación social como
188 189
mujeres productoras de cambios por su comportamiento cotidiano
“algunas personas piensan que es un vicio el trabajar, pues yo creo que es un
placer, cuando te gusta es un verdadero placer hacerlo”. tanto en el hogar, como en sus puestos de trabajo.
Nos interesó entrevistar a las pioneras en la UNAM, con la
“he tenido gente que me ha ayudado con el cuidado de mis hijos, tuve a una
señora que trabajaba con nosotros desde soltera, era como una tía, quería mu-
idea de explorar el medio en el que se produjeron las carreras de
cho a mis hijos”. investigación y docencia de ese grupo de académicas universitarias,
para obtener claves sobre los factores que intervinieron en el proce-
“tuvimos la enorme ventaja de que mi mamá y mi suegra siempre nos ayuda-
ron con los niños cuando nosotros teníamos que irnos a trabajar”.
so social de profesionalización de mujeres en la academia universi-
taria en México.
Reflexión Final El grupo seleccionado pertenece a una comunidad académi-
Con esta investigación, dejamos memoria de las académicas de dis- ca que se formó y desarrolló en México principalmente dentro de
tintas áreas del conocimiento para no sólo visibilizarlas y recono- la UNAM, en un periodo que va desde fines de los años cuarenta, a
principios de los setenta, que accedió a la formación en el extran- con beca en el extranjero, y la mayoría hizo el doctorado ya con
jero a partir de los años sesenta, y que obtuvo un cierto reconoci- pareja y descendientes.
miento académico, nacional e internacional, a partir de los años En lo que se refiere al estado civil y la descendencia, es im-
setenta. En relación a las condiciones que hacen posible el acceso portante destacar que ninguna de las entrevistadas se planteó el
a la promoción profesional y a puestos superiores en el escalafón escenario de dejar su carrera laboral y dedicarse únicamente a la
académicos, en México las académicas estudiadas consiguieron el crianza de sus descendientes. Lo que se relaciona con la condición
primer puesto estable antes de cumplir los 30 años y el nombra- socioeconómica de estas académicas y las facilidades de apoyo do-
miento máximo de Titular C lo lograron todas después de los 40 méstico, que les permitieron la conciliación profesón-maternidad,
años. Las académicas entrevistadas de mayor edad, son del grupo ya que existía un apoyo variable y relativo de sus parejas.
académico que cuenta con el mayor respeto y que han logrado Aunque las entrevistadas son académicas que cuentan con
reconocimientos adicionales socio-académicos. Hay consenso en la categoría y nivel más alto que se puede obtener en la UNAM, los
la comunidad universitaria y académica del país hacia ellas, entre resultados muestran que existe una tensión continua en el bino-
hombres y mujeres, sobre su trabajo, sus aportes a la ciencia, y mio familia-trabajo, ya que el estar casadas con académicos, puede
sobre su capacidad de difusión activa de conocimiento experto en abrirles las puertas del sistema, o generar competencia y afectar
cada una de las áreas del conocimiento en las que se especializa- el reconocimiento y logros dentro de la comunidad. El papel de
ron, en las que se formaron y han formado a sus estudiantes. la pareja en el avance profesional de las académicas, se vive como
La procedencia social de la mayoría de las académicas en- importante a la vez que como barrera ante el avance académico,
trevistadas, era de clase media y media alta, con acceso a la cultura por lo que este aspecto es un tema que requiere mayor estudio y
y con intereses en la educación y la formación profesional de sus análisis.
descendientes. Son mujeres con incentivos intelectuales y afecti- Todas consideran que han logrado el reconocimiento de la
vos desde la infancia, cuyo acceso a la educación superior y a la in- comunidad a la que pertenecen. Se sienten muy satisfechas y rea-
vestigación fue posible por pertenecer a familias que compartían lizadas con su trabajo y son conscientes de que ser académicas les
intereses culturales e intelectuales que fomentaron en sus hijas, da una posición de independencia, autonomía y libertad que no
en una época en que esto no era habitual. tendrían si no se hubieran dedicado a la academia, además de a su
Además del gusto por el conocimiento, la mayoría de las familia.
190 191
entrevistadas tuvieron influencia favorable de maestros y maes- Las entrevistadas pertenece a una generación de mujeres
tros, así como un alto rendimiento y mayores opciones para con- que en el curso de su formación científica no han tenido la opor-
tinuar su formación, rompiendo con los estereotipos de género tunidad de reflexionar o identificar tratos desiguales hacia ellas. La
acordes con la época, que les imponían una serie de restriccio- conciencia de discriminación por ser mujeres se fue construyendo
nes. Decidieron estudiar su carrera aunque no fuera lo esperado a través de la retrospectiva que realizaban al repasar su vida duran-
y apropiado para las mujeres, ya que la presencia femenina en la te las entrevistas. Es decir, la entrevista per se contribuyó a la toma
universidad no era lo común en la época en la que ellas estudia- de conciencia sobre su condición de género y específicamente so-
ron, esto se observa de manera más evidente en el caso de las bre su situación en relación al sexismo en la institución académica,
dos académicas que se incorporaron a física e ingeniería, por ser lo que al inicio de las entrevistas no identificaban, como ocurre al
campos muy masculinos, donde era mucho menos esperado su señalar algunos obstáculos que han vivido para ocupar puestos de
ingreso. Todas menos una realizaron los estudios de posgrado dirección y aprecian ventajas de los hombres para obtenerlos.
Consideramos que esta investigación contribuye a llenar un riales Curriculares”. En: Ortiz Gómez Teresa y Becerra Conde Gloria (eds.). Mujeres
de Ciencias. Universidad de Granada, España, 1996: 107-124; Solsona Nuria y Ale-
vacío en la UNAM, al dar cuenta y dejar una memoria histórica au- many M. Carme. “Estudiantes Hoy, Científicas del Futuro”. En: Ortiz Gómez Teresa
diovisual de estas académicas pioneras, para que las generaciones y Becerra Conde Gloria (Eds.). Mujeres de Ciencias. Universidad de Granada, España.
actuales y las que vienen, tengan la oportunidad de conocer de una 1996: 97-106; Rubio Herráez Esther. “Nuevos Horizontes en la Educación Científi-
ca”. En: Barral Ma. José, Magallón Carmen, Miqueo Consuelo, y Sánchez Ma. Dolores.
forma más cercana y lúdica, a través de la voz, las exclamaciones, los (Eds.). Interacciones Ciencia y Género. Discursos y Prácticas Científicas de Mujeres. Icaria
ademanes, sus deseos, fantasías, expectativas y su presencia física, el Antrazyt. Barcelona, España.1999:209-232.
legado que dejan con sus testimonios, entusiasmo y compromiso, 6 Scott Wallach Joan. “El Género: una categoría útil para el análisis histórico”. En: Ame-
que al ser difundidos entre estudiantes y docentes son fuente de lany James y Nash Mary. Historia y Género: las mujeres en la Europa moderna y contem-
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La identificación de los obstáculos que se oponen a una Tecnología y Género en Iberoamérica. CEIICH, UNAM, UNIFEM y Plaza y Valdés,
plena participación de las mujeres en las universidades es una tarea México, 2005; Miqueo Consuelo, Barral Ma. José y Magallón Carmen (Eds). Estudios
de la mayor importancia. Lo mismo puede decirse de los cambios Iberoamericanos de Género en Ciencia, Tecnología y Salud. Prensas Universitarias de
Zaragoza, España. 2008.
de mentalidad que se están produciendo desde las mujeres y las
consecuencias que esto tiene. Se requiere la mirada crítica hacia 8 Mujeres Científicas de Nuevo León. Colección Mujeres y Poder. Instituto Estatal de las
Mujeres. Nuevo León, 2005; García Guevara Patricia. Mujeres Académicas. El Caso de
las instituciones y hacia las propias comunidades académicas, para una Universidad Estatal Mexicana. Plaza y Valdés, México, D.F., 2006; Martínez Sara
elaborar iniciativas, políticas educativas y de acción afirmativa, así G. (Coord). En busca de la equidad de género en la Universidad. Un estudio de caso. Uni-
como acciones tendientes a modificar aún más a estas instituciones versidad de Colima, 2008.
con el fin de favorecer la equidad de género en la universidad y en 9 Galván Luz Elena. Las Mujeres en el sistema nacional de educación y su formación para
la ciencia y la tecnología. Cuadernos de la Casa Chata, Número 109, CIESAS. MÉXI-
las actividades científicas y docentes que ahí se realizan.
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las mujeres en las universidades. Anteriormente los grupos
TOVAR, Aurora. Mujeres Mexicanas. Compilación Biográfica de 1500
de ciencia eran integrados tradicionalmente por hombres
mexicanas (s. XVI a inicios del XX). México: DEMAC, 1996.
tal como anhelaba Titchener, psicólogo estadounidense en
1904, el cual decía que: “Durante muchos años quería un club
experimental, sin oficialismos, los hombres moviéndose de un
lado a otro, portando aparatos, el laboratorio anfitrión para
trabajar, sin mujeres, que se pudiera fumar, lleno de críticas y
196 197
discusiones totalmente francas (…)”1.
Transgrediendo estos anhelos presenciamos hoy en cien-
cias grupos de hombres y mujeres e incluso con predominio de
estas últimas. Sin embargo, esto no es un hecho consumado
de modo lineal y pacífico.
sin que ignoremos las agudas transformaciones pro-
ducidas desde las últimas décadas del siglo XX, tanto en las
concepciones como en las prácticas en las sociedades contem-
poráneas, incluida Cuba, podemos afirmar que las relaciones
de poder de género están aquí, ahora, a veces explícitas, otras
solapadas, pero aquí.
La irrupción masiva de las mujeres en ciencias ha sido y ¿Qué reconocimientos han tenido por parte de la comunidad
es un proceso con tensiones y contradicciones en medio de lo científica, universitaria y/o de la sociedad?
cual emergen, en no pocas ocasiones, con afán de reciclarse, las Todas han tenido o tienen actualmente responsabilidades
exclusiones y discriminaciones que a lo largo de toda la histo- significativas en el campo académico. Una de ellas es fundadora y
ria ha promovido en nuestras sociedades la cultura patriarcal. directora desde hace 20 años de un Centro de Estudios de la UH.
¿Donde evidenciamos estos puntos de tensión y contra- Otras poseen responsabilidades tales como: presidentas de Tribu-
dicción en el contexto de este avance presencial de las mujeres nales Nacionales de Grados Científicos, de categorías docentes,
en ciencias? coordinan maestrías, presiden Comité Académico de Doctorado,
Esta interrogante nos conduce a otras que podrían abor- sociedades científicas nacionales o integran Comités de Sociedades
darse a través de los resultados de investigaciones realizadas Científicas Internacionales, Miembro de la academia de ciencias y
en este sentido incluidos los propios testimonios de mujeres han sido decanas, directoras de institutos de investigaciones y Rec-
que han sido precursoras en sus disciplinas en Cuba. tora una de ellas.
En cuanto a estas últimas hemos entrevistado a 5 de “Ser mujer es lo que yo he sido, feliz, he podido construir de-
ellas, 3 Filosofía entre 70 – 80 años, 1 Físico-Química 84 años terminados mundos, familiar, personal, ser una persona querida, yo
y una de Lengua y Literatura Hispanoamericana, 58 años. To- he trabajado por los demás, aunque esto me diera satisfacciones e
das laborando activamente en la Universidad de La Habana, ingratitudes, pero siento que trabajo para los demás, prefiero dar
doctoras en ciencias particulares y dos de ellas con el 2do Doc- antes que me den, entregar antes que recibir, entregar lo que tengo”
torado en Ciencias. Todas han recibido reconocimientos especiales tanto nacio-
nales como internacionales, premios que otorga la Universidad de
¿Qué hizo a las mujeres interesarse en la academia?
La Habana, la Academia de Ciencias, premio por la obra de toda
Un aspecto interesante a destacar y que se reitera en otras in- la vida, profesoras de mérito o han sido electas figuras destacadas
vestigaciones es que todas estas mujeres constituyen las pri- en las disciplinas en las cuales se desempeñan a nivel nacional e in-
meras universitarias en sus familias que a su vez poseían una ternacional.
situación económica favorable sin restricciones económicas. Sin embargo, esta no es la realidad que predomina pues si
198
Estudiaron en escuelas privadas. Sin embargo, sus padres no apreciamos como se comportan estos reconocimientos por el que- 199
poseían elevados niveles de instrucción aunque sí una determi- hacer científico en el país a lo largo de 26 años observamos que el
nada cultura y noción de la significación de los estudios en el progreso en la presencia de mujeres es ínfimo si lo comparamos
desarrollo personal y para la inserción social. A partir de aquí con el reconocimiento recibido por sus colegas hombres.
se convirtieron en factores propulsores para que ellas se moti- Uno de los reconocimientos de mayor prestigio que otorga
varan y se orientaran hacia estudios superiores. A veces ambos el MES es la Orden Carlos J. Finlay al mérito científico. Al analizar
padres y en ocasiones de modo especial la figura paterna. las condecoraciones concedidas desde 1981 hasta el 2007 se obser-
“El amor por el estudio y la necesidad de estudiar, como va un marcado predominio masculino ya que de las 155 Órdenes
un déficit que ellos tenían. Tengo grandes ejemplos de historias entregadas, sólo 52 han sido otorgadas a mujeres.3
de mi vida con lo que me inculcaron del sentido de la honesti- Asimismo, los reconocimientos otorgados por la Academia
dad y un profesional tiene que ser preparado y honesto. Ellos de Ciencias a varones y mujeres. 2007 se comportan de la siguiente
han sido definitorios en mi manera de ver el mundo, de vivir”2 forma.
Orden Carlos J. Finlay, al Mérito Científico, MES, por sexo. Carl Jung (1928) afirmaba que: “Nadie puede soslayar el
Años Seleccionados. hecho de que al seguir una vocación masculina, estudiar y trabajar
como un hombre, la mujer esta haciendo algo que no corresponde
del todo con su naturaleza femenina, sino que le es directamente
perjudicial. La psicología femenina se funda en el principio de Eros,
el gran ligador, entregador, mientras que una antiquísima sabidu-
ría, ha adscrito el Logos al hombre como su principal rector” 5.
Hoy comprendemos que la dicotomía jerárquica de género
y el androcentrismo derivado se convierte en obstáculo para que
mujeres sigan carreras “científicas” ya que esto sale del marco de
Fuente: Elaborado a partir de datos ofrecidos por la Dirección de
las expectativas sociales y de ellas mismas, pues las cualidades ne-
Ciencia y Técnica del MES, 2008
cesarias para las “ciencias” desde una determinada noción de lo
que es ciencia son las masculinas lo cual genera en ellas una ten-
sión identitaria género – profesión a partir de que subsiste en el
imaginario social nociones sexistas y androcéntricas con respecto
a las ciencias.
Algunas académicas de Ciencias Sociales que han sido suje-
tos en nuestras investigaciones refieren6 :
(…) las mujeres nos movemos mejor en un tipo de discurso
y de mensaje más emotivo-simbólico y los hombres como en un tipo
de lenguaje más demostrable (…) He visto más preponderancia
en los hombres de la tendencia a la metodología cuantitativa más
de corte positivista, conozco muchos profesionales hombres en el
mundo que su estilo de investigación tiene más que ver con acer-
Fuente: Elaborado a partir de información ofrecida por la Dirección de Ciencias de car las ciencias sociales a las “ciencias duras”, investigaciones muy
200 201
la Academia de Ciencias de Cuba, febrero 2008.4 de tablas, muy de gráficos, cuantificable, medible, observable, de
buscar siempre el tema de los métodos que te lleven a la máxima
No existe una correspondencia entre la paridad presencial de racionalidad, a la máxima demostración.
mujeres y hombres en las ciencias y el insuficiente reconocimiento (…) para llegar a ser una mujer académica de Ciencias So-
que reciben las mismas. Las que hemos entrevistado constituyen ex- ciales en la Academia de Ciencias cuesta más trabajo porque la
cepciones que justamente están integrando los ínfimos porcientos de mayoría de ese conjunto son hombres y más vinculados a lo que se
representación femenina. ha denominado las “ciencias duras”, no se visualiza una académica
¿Por qué hay ciencias más representadas por mujeres y otras de las mal llamadas “ciencias blandas” (…) como una académica,
por hombres? ¿La insuficiente presencia aún de hombres en cien- intelectual, creo que hay como una especie de mirada no como a
cias y profesiones tradicionalmente femeninas indica perpetuidad las “grandes científicas”, salvo estas que están vinculadas con las
de la cultura patriarcal? ¿Es la ciencia hasta hoy androcéntrica? vacunas, con estas cosas que sí tienen un producto concreto.
Se produce una doble discriminación, por desempeñarse en “La historia, la cultura, la música, todo esto puede considerar-
ciencias sociales y por la condición de género. se como resultado científico o aportes y pienso que estas cosas a veces
Veamos algunos datos: se subvaloran y se constriñe la ciencia exclusivamente a las cuestiones
tecnológicas, a los aportes inmediatos, a lo que se aplica enseguida que
Mujeres y Educación
da resultados económicos. En esto he tratado de mantener una bata-
INDICADORES 1976/77 2000/01 2008/09 lla para darle el lugar que merecen otros tipos de conocimientos… la
Graduadas - Educación Superior por ramas de la ciencia (%)
historia, la literatura, la lingüística, la demografía, la psicología son
conocimientos tan valiosos como cualquier otro. En eventos interna-
Ciencias Técnicas 17,6 20,7 36,8 cionales los científicos exactos y naturales claman por un vínculo más
Pedagogía 50,0 79,2 70,4 estrecho con las ciencias sociales porque reconocen que sin esta otra
Ciencias Sociales 32,6 59,2 71,8 parte de las ciencias es muy difícil dar soluciones reales a los proble-
y Humanísticas
mas de una disciplina concreta”.
Ciencias Económicas 60,3 57,0 73,1
Para muchas mujeres que poseen lugares destacados en las
Ciencias Médicas 47,3 74,8 81,4 ciencias esto ha sido al costo de asumir valores androcéntricos y
Fuente: Publicación digital ONE: La población cubana 2009. de ser centro de prejuicios homofóbicos de las propias congéne-
res. Dice una académica de Ciencias Sociales al comentar acerca
Se aprecia así una segregación horizontal: mujeres y hombres de la visión en la sociedad de las mujeres científicas: (…) es una
concentrados respectivamente en profesiones diferentes. Como mujer virilizada que ha tenido que asumir muchas posturas y actitu-
tendencia, hombres en ciencias exactas e ingenierías y mujeres en des competitivas y rivalidades con los hombres, y por lo general esas
ciencias sociales y humanísticas. mujeres se han hecho más toscas, más viriles, he oído opiniones así
A su vez, las ciencias y sus resultados poseen un sesgo sexis- como que más viradas del “otro bando” desde el punto de vista de su
ta: orientación sexual.
“Los productos de las ciencias sociales no son tan visibles, pal- El paradigma de lo que es “ciencia” sigue siendo el mismo,
pables, a veces cuesta trabajo que se visualicen. Esto es un problema se sigue privilegiando una noción positivista de la ciencia o el este-
que atraviesa mucho la situación de género porque la mayoría de las reotipo de ciencias “duras”. Solo se trata de que las mujeres habiten
202 203
personas de las ciencias sociales o las ciencias mal llamadas “blan- este espacio que se conserva tal cual y no una transformación per-
das” son eminentemente mujeres. Para alcanzar un premio en la sonal y social. Lo social se conserva, en lo personal nos adaptamos
Academia de Ciencias que tenga que ver con las Ciencias Sociales a a lo social ya existente e “inmutable”. Anida aquí la perpetuidad de
veces cuesta más que un premio en Ciencias Experimentales donde tú la cultura patriarcal más aún si no se redimensionan las nociones
traes un producto o un resultado o ahorras grandes sumas de dinero de género y lo que se legitima como ciencia. La causa está pues en
al país, por ahí hay un sesgo de género en esta situación de ser mujer el androcentrismo de la ciencia, en los sistemas educativos y en la
académica.” propia sociedad.
“Los resultados no se consideran igual por la inmediatez de las Aunque las polémicas desde las dicotomías suenen estériles
ciencias naturales y exactas, por eso se les apoya más, sin embargo y vacías, aunque lo diferente (y no por ello desigual o inferior) se
tengo ejemplos en que los avances y resultados de las ciencias sociales imponga cada vez más como una necesidad de la construcción de
visualizan consecuencias que develan lo erróneo de ciertas políticas”. saberes contemporáneos, lo cierto es que en el imaginario social y
académico, subsiste aún el fantasma de la ciencia asociada a lo me-
dible, observable, constatable, es decir, a “lo masculino” como va-
lor. Prevalece la ideología patriarcal allí donde la noción de ciencia,
su concepción, diseño y dirección se sigue articulando desde una
interpretación androcéntrica de la sociedad y de la ciencia como lo
racional y objetivo.
Otras interrogantes: ¿Por qué las mujeres no avanzan con
la misma celeridad que los hombres en el perfeccionamiento de su
saber? ¿Por qué son menos cuando aumentan las exigencias que
acreditan el saber? ¿Por qué están en minoría cuando observamos
los espacios de poder en el ámbito académico? ¿Cómo explicar estos
hechos cuando existe paridad presencial de mujeres y hombres en
las universidades y en el quehacer científico en Cuba?
El Ministerio de Educación Superior (SES) dentro del Siste-
ma de Ciencia, Tecnología e Innovación tiene un peso decisivo en Fuente: Publicación digital ONE: La población cubana 2009.
la producción de conocimientos. Por solo citar un ejemplo, el MES
produce el 50,4% de los artículos cubanos publicados en la Web of
Science (García, Arencibia, Sánchez, 2007).
Al analizar la distribución jerárquica y ocupacional al interior
del Sistema, continúan presentándose brechas significativas de gé-
nero. Por ejemplo, de los 17 Centros de Educación Superior sólo
cinco son dirigidos por mujeres Rectoras. Además, de los 15 Cen-
tro de investigación del MES, solo uno es dirigido por una mujer7.
Veamos otros datos:
Concepto 2008
Universitaria 63
204 205
Mujeres graduadas - educación superior 68
Mujeres profesionales y técnicos 66 ¿Existe hoy una brecha de género en la educación y en el acceso a
Mujeres dirigentes 39
las tecnologías?
A pesar de los avances en paridad presencial entre mujeres y
Diputadas-XI legislatura de la Asamblea Nacional del 43
Poder Popular (2007-2012)
hombres en las ciencias y tecnologías, existe una segregación ho-
rizontal (ciencias con más presencia de mujeres y otras con más
Fuente: Publicación digital ONE: La población cubana 2009.
A

presencia de hombres) y vertical de las ciencias (más presencia


de hombres en escalones acreditados como de mayor saber y en
¿Por qué se producen estas segregaciones? ¿Se perpetúa el an- puestos de toma de decisiones en las ciencias). Esto constituye un
drocentrismo y el sexismo en las ciencias y en la educación? ¿Subsis- indicador de las limitaciones actuales para dar continuidad a estos
ten aún limitaciones en el acceso a la educación de mujeres y niñas? avances.
Personal docente a tiempo completo por categoría “Los estudios de género son valiosos porque ayudan a visi-
ocupacional y sexo del MES. bilizar a las mujeres y las discriminaciones pero la vida nunca me
la he planteado así porque he tenido la comprensión de mi esposo
e hija, yo he hecho todo lo que podido, no hay nada en la vida que
haya querido hacer y que no haya podido hacer porque algo o al-
guien me lo haya impedido”.
“… habrá discriminación, mujeres con vida personal o fa-
miliar complicada, la responsabilidad que históricamente hemos
tenido con la vida familiar y hoy con las personas mayores, habría
que ver con la naturaleza del objeto de estudio, disciplinas expe-
rimentales requieren estar en el laboratorio, yo me leo un libro en
cualquier lugar, una química no puede, hay que ver la composición
social del claustro. Estoy segura, o tengo una apreciación de dis-
criminación de género en las ciencias, aunque nunca lo sentí ni lo
Fuente: Elaborado a partir de Prontuario Estadístico MES, 2008. hubiera permitido”.
“Nosotras somos superiores no te quepa la menor duda… la
Comprender la interrelación género – ciencia nos permite exa-
pregunta me la hago al revés, ¿los hombres pudieran llegar a estos
minar y comprender la existencia de androcentrismo y de sexismo en
niveles que llagamos nosotras? Aunque no tengo nada que ver con
las ciencias, entender la incidencia de las condicionantes de género en
los estudios de género”.
el saber científico, en la exclusión, discriminación e inequidad de géne-
ro en la educación, la ciencia y la tecnología. ¿Cómo conciliar el desempeño académico y la propia vida?
¿Por qué existen mujeres que abandonan su preparación en dis- Estas mujeres pioneras una de ellas es viuda y estuvo casada 50
tintas etapas del camino? años, tiene dos hijos y 6 nietos, otra está casa por 2da ocasión hace
34 años, posee tres hijos y 5 nietos. Otra está casada hace 30 años,
Según refiere Cristina Santamarina:”las investigadoras reconocen en
206
con una hija. Dos de ellas son divorciadas y poseen hijos y nietos 207
los condicionantes de género (heteronomía femenina, doble jornada,
respectivamente.
trabajo invisible, responsabilidades familiares y domésticas) el verda-
Mi esposo es un poeta con altas responsabilidades en el país,
dero muro para un mayor reconocimiento de las mujeres en el quehacer
los dos hemos podido desempeñar adecuadamente las funciones
científico y tecnológico”8.
en la familia, hemos tenido el principio de ayudar al que más lo
Sin embargo, este hecho es asociado en una de las entrevistadas
necesite de la familia. Cuando yo estaba terminando el doctorado
con el insuficiente desarrollo de las fuerzas productivas como un fac-
todo el apoyo era para mí, vivía con mis padres, no teníamos casa,
tor que impide la incursión más plena e intensa de las mujeres en las
condiciones difíciles.
ciencias. Para otra de ellas no existe una explicación clara del por qué
Como familia tenemos encuentros y desencuentros, no so-
existen datos que evidencian la segregación vertical de las ciencias, “no
mos un modelo pero hemos funcionado así.
sé, nunca había pensado en esto o será que hay mujeres que no se esfuer-
Antes tenía la ayuda de mis padres en la vida del hogar,
zan, que no se empeñan” para una insuficiente conciencia de género.
me gustan las cosas de la casa, a veces he sentido la presión Esto
no es conflicto, llevo el control de todo, la organización de la casa, micos y los contextuales o “extra-científicos” (entre otros, los de
pero esto no es un conflicto, ahora mi esposo me ayuda más, no he- género).
mos concientemente elaborado roles, pero en la práctica sí. Existen ejemplos en las ciencias que evidencian el impacto
Me dieron evaluación de bien cuando tuve a mi hija, fue lo que se produce en los problemas de investigación y en los diseños
que prioricé, no pude profesionalmente hacer mucho, no quise irme metodológicos cuando son mujeres u hombres quienes dirigen el
de Cuba a hacer el doctorado lo fundamental en ese momento era proceso del conocimiento.
la educación de mi hija, detrás de la educación de un hijo hay mu- La Psicología en Cuba y en la Universidad, por ejemplo,
cho tiempo y dedicación, hemos descuidado eso, como si fuera de la ha recibido la llegada del enfoque de género desde el impulso de
escuela la educación, ahí hay que preguntar a esto de la emanci- mujeres. Desde aquí se produce una inclusión, aún modesta, en el
pación de la mujer, al papel del hombre, antes no dejaban que los currículum, aparecen nuevos problemas de investigación en for-
hombres se quedaran con los hijos en los hospitales, eso lo tenemos ma de trabajos de curso, tesis, maestrías.
un poco abandonado y vamos a pagar las consecuencias. Una mirada a la Historia de la Psicología con perspectiva
En un camino difícil, lleno de obstáculos las mujeres pode- de género es algo insipiente y actual que ha llegado de la mano de
mos llegar a donde deseemos y esto es siendo parte de una familia, mujeres psicólogas. Lo mismo podría decirse en otras disciplinas
entrenarse para afrontar esos obstáculos y ese entrenamiento es como la Sociología, la Pedagogía, el Derecho, la Comunicación
desde sentirse parte de una familia y con la fuerza profesional para Social.
hacerlo y ojala que mejoren las condiciones objetivas para que po- Otra cuestión curiosa y paradojal es como en estas discipli-
damos hacerlo del mejor modo. nas, esencialmente integradas por mujeres, la llegada del enfoque
Prepararse científicamente, yo no podría vivir sin mi fami- de género es relativamente tardía y lenta. Con ello deseo subrayar
lia, no se sin mi profesión, Balanza: hacia la vida familiar. que no se trata solamente de que sean mujeres las que arriben a las
¿El hecho de ser relativamente reciente la presencia signifi- ciencias sino de que las mismas posean determinada sensibilidad
cativa de las mujeres en la “ciencia” habrá traído consecuencias y conciencia de género que les permita abordajes innovadores
en los problemas, diseños, métodos y concepciones en este sentido? con respecto a un paradigma hegemónico de hacer ciencia y la
¿En qué grado pueden jugar un papel importante en la definición producción de un saber científico desmarcado de miradas sexistas
y dirección del contenido de la docencia y la investigación cuando y androcéntricas.
208 209
logran llegar, permanecer y sobresalir? En reciente trabajo acerca de la historia de la llegada del
Haciendo un análisis desde una concepción de ciencia situa- enfoque de género a Cuba, hemos entrevistado a 6 mujeres pio-
da, contextualizada, podemos afirmar que determinados valores neras que incentivaron este camino, todas de ciencias sociales y a
culturales, sociales, morales, políticos así como de quienes produ- un hombre. En todos los casos refieren el uso de perspectivas an-
cen el saber científico condicionan dicho saber. Luego, si tenemos tropológicas, cualitativas y de la consideración de la experiencia
en cuenta que la subjetividad humana surge y se desarrolla de vivida como una aproximación en sus investigaciones.
acuerdo a factores socio-históricos y culturales y que estos difieren Estamos entonces ante los supuestos cambios en la noción
según la condición sexuada, entonces la respuesta es sí. de ciencia, sus contenidos, métodos y prácticas desde una mayor
Ya no es posible hablar de ciencia descontextuada de quiénes presencia de las mujeres y del pensamiento feminista.
la hacen, ni de la realidad sociocultural, histórica, política y profe- Las transformaciones ocurridas en Cuba, a partir de 1959
sional de realización, ni de la desconexión entre los valores episté- condujeron a un grupo de medidas básicas como fue la naciona-
lización de la enseñanza y la alfabetización lo que permitió elevar 4 Echevarria, Dayma y cols (2008) “Las mujeres cubanas en la Educación Superior:
apuntes para su estudio desde la Universidad de La Habana” Formato Digital. Univer-
el nivel de vida de la población y consolidar el desarrollo social sidad de La Habana.
del país.
5 Guil, Ana. Mujeres en las ciencias. Conferencia ofrecida en la Facultad de Psicología -
Desde el punto de vista de la formación del profesional de UH. Enero 2010.
la educación superior se ha seguido una política educacional no 6 Fernández Rius, L. Género y Ciencia o la apoteosis del egoísmo. Versión digital. Fa-
discriminatoria e inclusiva que ha posibilitado una participación cultad de Psicología. UH. 2010.
masiva de las mujeres en los estudios universitarios. 7 Datos ofrecidos por la Dirección de Ciencia y Técnica del MES.
Por lo tanto, la presencia de las mujeres en las ciencias no es
8 Santamarina Cristina. (2001) Mujeres españolas ante el conocimiento científico y
ya el problema de la realidad cubana en lo cual se han logrado alcan- tecnológico en Madrid. Cuadernos de Iberoamérica. OEI. Pág. 60.
ces comparables a los países más desarrollados, sino determinadas
características que adopta esta presencia.
“La equidad no se ha logrado todavía y demora en lograrse, REFERENCIAS
hay un avance en la integración social, pero en las ciencias estamos
ECHEVARRIA, Dayma et al. Las mujeres cubanas en la Educación
muy atrás, (...) en la Academia somos minoría, prevalece la hegemo- Superior: apuntes para su estudio desde la Universidad de La Habana.
nía masculina, somos al menos una parte pequeña de los dirigentes y Universidad de La Habana, 2008. [Versión Digital.]
es una mejoría, pero siguen siendo los hombres los protagonistas. (...)
hay una discriminación porque este trabajo requiere tiempo, dedica- GUIL, Ana. Mujeres en las ciencias. [Conferencia ofrecida en la Facul-
ción y esto para la mujer está muy engarzado con la discriminación tad de Psicología – UH, 2010.]
a nivel personal y en la esfera privada, familiar acompañado de los HERRÁEZ, Esther Rubio. Nuevos Horizontes de la Educación Sexista.
prejuicios sociales”. In: BARRAL, María José; MAGALLÓN, Carmen (Eds.). Interacciones
Esto es lo que sintetiza una de las académicas y es lo que mar- ciencia y género. Barcelona, España: Icaria Editorial, 2000.
ca, en buena medida, el derrotero en este tema de los próximos RIUZ, Luis Fernández. Género y Ciencia o la apoteosis del egoísmo.
años en el camino de desmontajes y resignificaciones. Trabajemos [S.l.]: Facultad de Psicología. UH, 2010. [Versión Digital.]
para ello.
SANTAMARINA, Cristina. Mujeres españolas ante el conocimiento
210 científico y tecnológico en Madrid. Cuadernos de Iberoamérica, OEI, 211
2001.

NOTAS

1 Rubio Herráez Esther (2000) Nuevos Horizontes de la Educación Sexista en Barral


María José y Carmen Magallón editoras Interacciones ciencia y género. Icaria Edito-
rial. Barcelona, España. Pág. 69.
2 Aparecerán subrayados y en cursiva fragmentos de entrevistas a académicas en inves-
tigaciones realizadas por la autora o bajo su asesoría.
3 Echevarria, Dayma y cols (2008) “Las mujeres cubanas en la Educación Superior:
apuntes para su estudio desde la Universidad de La Habana” Formato Digital. Univer-
sidad de La Habana.
9
MUJERES PIONERAS EN LAS CIENCIAS:
UNA MIRADA A LA REALIDAD EN IBEROAMÉRICA1

Eulalia Pérez Sedeño

Es de sobras conocido que son pocas las mujeres que aparecen


en las historias de la ciencia y de la tecnología, lo cual no significa
que, de hecho, no haya habido mujeres a lo largo de la historia.
Muchos pueden ser los factores que han influido o influyen en la
invisibilidad de las mujeres. No hay que olvidar los sesgos habi-
tuales que padecen los historiadores: sus explicaciones o interpre-
taciones han de pasar por el tamiz de lo que el paso del tiempo
ha permitido que les llegara y por el de quién decidió escribir o
anotar qué cosas, con la subjetividad que eso conlleva. A todo
ello hay que añadirle el hecho de que los historiadores han sido
por abrumadora mayoría hombres, es decir, como seguramente
alguien habrá dicho, la historia es masculina. Así pues, es hora de
“devolver las mujeres a la historia y devolver nuestra historia a las
mujeres”2.
213
El papel desempeñado por las mujeres en la ciencia, a lo lar-
go de la historia, ha sido objeto de estudio desde casi los inicios de
la irrupción del feminismo en el ámbito académico. A la pregunta
acerca de por qué había tan pocas mujeres haciendo ciencia en
los años sesenta (cuando comienza esta preocupación), se con-
testaba siguiendo varias estrategias. Y una de ellas fue averiguar
si efectivamente había habido pocas científicas a lo largo de la
historia o, simplemente, es que no aparecían en las historias de la
ciencia. Desde entonces, se ha estudiado el papel de las mujeres
en el nacimiento y desarrollo de determinadas disciplinas o par-
celas (como la botánica, la medicina o la programación) y se han
examinado fenómenos valiosos para el desarrollo de la ciencia y duda, una de las historias más influyentes fue la del jesuita H.
la tecnología (salones científico-literarios, mecenazgo, divulga- J. Mozans, seudónimo de John Augustine Zahn, que se publicó
ción científica, etc.). por vez primera en 1913. Es una exposición de las mujeres en
Desde luego, la mirada feminista o de género ha contri- diversas ramas de la ciencia y a lo largo de la historia. En efec-
buido a cambiar enormemente muchas disciplinas3 y la historia to, abarca la antigua Grecia, Roma, se ocupa de los conventos
de la ciencia es una de ellas. Al volcar la mirada en las mujeres se medievales, de la sociedad renacentista y de los laboratorios de
ha prestado atención a fenómenos previamente no estudiados, la era victoriana. Pero no sólo trata de los logros de las mujeres
De hecho, historias de las aportaciones de las mujeres al conoci- como filósofas, científicas e inventoras en física química, mate-
miento ha habido desde hace tiempo, aunque pocas. Estas obras máticas, astronomía, ciencias naturales, arqueología, medicina
tomaban la forma de enciclopedias cuya pretensión primordial y cirugía, etc. Ocasionalmente efectúa afirmaciones que mues-
era la de mostrar que las mujeres eran capaces de grandes co- tran una serie de valores tradicionales: por ejemplo menciona
sas y que, por tanto, debían ser admitidas en las instituciones que uno de los fines más deseables para la sociedad es que las
culturales. Las primeras tenían un carácter general, es decir, mujeres estuvieran liberadas intelectualmente porque eso les
estaban dedicadas a los logros en todos los campos. Giovanni permitiría simpatizar con los “más nobles propósitos” de sus es-
Boccaccio escribió entre 1355 y 1359 De claris mulieribus, en la posos. Pero también se ocupa de la emancipación de las mujeres
que presentaba la biografía de 104 mujeres notables, aunque la y muestra las restricciones de la propia cultura a sus logros. Aun-
mayoría eran reinas (reales o míticas). Agustín de la Chiesa pu- que esta obra es algo imprecisa y las notas y la bibliografía no
blicó en 1620 Theatrum literatar feminarum, Johan Frauenlob en son demasiado fiables, es una fuente importante porque ofrece
1631 Die Lobwürdige Gesellschaft der gelehrten Weiber y Margerite muchísimos nombres de mujeres olvidadas y, desde luego, ha
Buffet, Eloge des illustres sçavants anciennes et modernes (1668). En sido un libro de referencia hasta que pensadoras feministas se
la Historia mulierum philosopharum4, publicada en 1690, Gilles han ocupado de la historia de la ciencia.
Menage daba cuenta de los logros de filósofas antiguas:”Yo, por La mirada diferente, sin prejuicios ni preconcepciones
mi parte he encontrado sesenta y cinco filósofas en los libros de caducas de lo que es la ciencia y la tecnología, ha sacado a la luz
los antiguos”5. la participación de las mujeres en tradiciones olvidadas o me-
A mitad del siglo XVIII aparecen las primeras enciclope- nospreciadas que, en muchos casos por ser ‘femeninas’ han que-
214 215
dias específicas sobre la mujer en las ciencias naturales y medici- dado en la oscuridad o no se les ha dado importancia. Así por
na. Así por ejemplo, Jérome Lalande, en su Astronomie des dames ejemplo, la medicina siempre fue un ámbito practicado por las
(1786) - que entra de lleno en el género de la literatura científica mujeres desde la antigüedad, aunque con la institucionalización
‘para damas’ - incluía una brevísima historia de las astrónomas. y profesionalización de la misma (esto es, con la creación de los
En la década de 1830 Christian Friedrich Harless escribió Die colegios profesionales de médicos y la enseñanza de la disciplina
verdienste der Frauen um naturwissenschaft, Gesundsheits und Hei- en escuelas especializadas), a partir del s. XIII se legisla para que
lkunde (La contribución de las mujeres a la ciencia natural, la salud y no puedan practicarla. No obstante, las mujeres siguieron ejer-
la curación). En dicha obra pretendía “llenar un vacío existente” ciendo como curanderas, herboristas o matronas. El caso de la
en las historias de su época y proponía una historia evaluadora ginecología es revelador, ya que pasó de ser una actividad exclu-
de las aportaciones de las mujeres en todos los campos de las siva de las mujeres a una práctica médica y, por tanto, propia de
ciencias naturales, geología, antropología y medicina. Pero sin hombres que buscaron ocupar su espacio, por ejemplo, median-
te el uso de instrumentos como la silla de partos o el fórceps, o nombres de grandes personajes y teorías o prácticas exitosas y
medicalizando los cuerpos de las mujeres. La masculinización que dejan de lado actividades que, en modo alguno, son colate-
de la ginecología y la obstetricia llega hasta nuestros días, en que rales al desarrollo de la ciencia.
no hay ni una sola catedrática de esta especialidad en la Univer- Así, ahora conocemos mejor a mujeres como Hipatia,
sidad española. Maria Agnesi, Madame de Chatelet, Sophie Germain, Caroli-
Esta perspectiva diferente también ha servido para hacer ne Hershel, Christine Ladd- Franklin, Maria Mitchel, Jane Hal-
hincapié en trabajos invisibles y no reconocidos, pero funda- deman Marcet, Marie Ane Pierrete Paulze de Lavoisier, Helen
mentales para el desarrollo de la ciencia, y que, por lo general, Beatrix Potter, Mary Anning, o las astrónomas de Harvard com
realizan las mujeres: computar datos astronómicos, clasificar y Williamina Paton Stevens Fleming, Antonia Maury, Annie Jump
catalogar en historia natural, labores de técnicas de laboratorio, Cannon o Henrietta Swan Leavitt a la cabeza. Todas ellas han
ilustradoras, divulgadoras, editoras, maestras... El papel de las comenzado a ocupar el lugar que merecen en la historia de la
mujeres ha sido sumamente valioso en el nacimiento y desarro- ciencia7.
llo de determinadas parcelas como la botánica o la paleontolo- Ahora bien, este tipo de estudios en Iberoamérica es más
gía, en las que realizaron el trabajo de recolección de especime- reciente. Sin duda alguna, las celebraciones de los Congresos
nes y datos, así como su clasificación y catalogación. Iberoamericanos de Ciencia, Tecnología y Género, iniciadas en
Por otra parte, las historias de la tecnología han pasado 1996 y bianuales, están contribuyendo enormemente a la recu-
por alto el ámbito de lo privado, es decir de lo femenino, en el peración de nuestras tradiciones y de nuestra historia, a la vez
que se utilizaban y utilizan tecnologías propias de las tareas tra- que a consolidar una comunidad iberoamericana con voz pro-
dicionalmente determinadas por la división sexual del trabajo, pia, esto es, en nuestras propias lenguas y con problemas pro-
teniendo como consecuencia que inventos relacionados con pios. Así podremos darles el lugar que merecen a Fátima de Ma-
la esfera de lo doméstico y la crianza, y realizados por mujeres, drid, Oliva de Sabuco, Elena Céspedes, Teresa de Cartagena,
no han contado como desarrollos “tecnológicos”. Así pues, la Francisca de Lebrija, Beatriz Galindo, María Isidra Guzmán de
perspectiva feminista o de género ha tenido como consecuencia la Cerda8, Mª Andrea Casamayor y de la Coma o Blanca Cata-
en la historia de la ciencia y la tecnología la de reconsiderar el lán de Ocón. Aún sin acceder a los estudios superiores formales
propio objeto de estudio: qué se considera ciencia y tecnología estas mujeres fueron sobresalientes en sus campos. Pero todas
216 217
y qué actividades y fenómenos hay que tener en cuenta a la hora estas mujeres fueron excepciones en un mundo y una época en
de estudiar su desarrollo. que les estaba vedado el acceso a la educación formal o reglada,
Uno de los aspectos que más se ha desarrollado es la recu- ya fuera elemental o superior.
peración de figuras históricas6. Por ejemplo se han escrito his- La educación, para las mujeres, ha sido siempre un ins-
torias de las mujeres matemáticas, astrónomas o biólogas y el trumento para la libertad e igualdad en todo el mundo y a lo
género biográfico dedicado a científicas amplía sus ejemplares largo de la Historia siendo demandada durante siglos. A finales
continuamente. Los primeros trabajos consistieron en rescatar del siglo XIX, fruto de esas demandas de las mujeres se logra el
del olvido, figuras que habían pasado inadvertidas o delibera- acceso a la Educación Superior. Como señala Consuelo Flecha
damente ocultas en la historia de la ciencia, bien por los sesgos (2006:115) “El diseño de un nuevo modelo de instrucción pú-
inherentes a la disciplina, bien por concepciones estrechas de blica por parte de los Gobiernos de muchos países en el siglo
la historia de la ciencia que reconstruyen la disciplina sobre los XIX, fue una consecuencia de la necesidad de justificarse con
unas relaciones sociales de mayor justicia; y, por lo tanto, de opor- analfabetismo, aunque a mediados del siglo XIX todavía el 86 % de
tunidades para utilizar los recursos disponibles en igualdad referido las mujeres eran analfabetas. Sin embargo, en 1900 el porcentaje de
a todas las personas y grupos de la sociedad, si bien en el caso de chicas que iban a la escuela era todavía ínfimo y el 71,4 % de mu-
las mujeres la voluntad de incorporarlas necesitó una segunda re- jeres eran analfabetas, frente al 50 % de analfabetismo que se daba
flexión”. entre los varones (Flecha, 1989, Del Amo, 2009).
Por lo que se refiere a la educación formal, las mujeres tarda- El acceso de las mujeres a los estudios universitarios se pro-
ron mucho en acceder libremente a una educación igual a la de los dujo casi de forma generalizada en la segunda mitad del siglo XIX
varones. En España, la educación estuvo en manos de la Iglesia Ca- y principios del XX. El primer país en el que se consiguió fue los
tólica, quien, fiel a su ideología, las educaba para ser mujeres piado- EEUU, en la Universidad de Oberlin en 1834 (pero en departa-
sas y ‘expertas’ en las labores propias de su sexo, labores domésticas mentos o colleges segregados). En Suiza fueron admitidas en la dé-
como costura, bordado, cocina, etc. Los primeros textos legales que cada de 1860, en Francia en la de 1880, en Alemania en la de 1900 y
intentan sentar las bases de un sistema educativo universal, unifor- en Gran Bretaña en 1870 (aunque algunas universidades británicas
me, público, gratuito y libre (el denominado “Informe Quintana”) no autorizarían el libre acceso hasta la mitad del s. XX).
excluyen a la mujer: “Al contrario de la instrucción de los hombres, En España, se permitió el acceso a las universidades en 1868,
que conviene sea pública, la de las mujeres debe ser privada y do- lo que posibilita que la primera mujer se matricule en la Universi-
méstica, [pues] su enseñanza tiene más que ver con la educación dad española: María Elena Maseras Ribera lo hace en la Facultad de
que con la instrucción propiamente dicha”9. El Plan General de Ins- Medicina de la Universidad de Barcelona en el curso 1872-73. La
trucción Pública del Duque de Rivas, de 1836, se limita a recomen- siguen María Dolores Aleu Riera y Martina Castells Ballespí que se
dar el establecimiento de escuelas separadas para las niñas “donde doctoran en medicina en 1882, el mismo año en el que se dicta un
quiera que los recursos lo permitan” y “acomodando la enseñanza decreto mediante el cual se limitaba el acceso de las ‘señoras’ a la
[…] en la forma conveniente al sexo”10. A las niñas se les enseñaría Enseñanza Superior, excepto con permiso de la ‘autoridad compe-
a leer el Catecismo y a escribir medianamente. tente’. Hasta el 8 de marzo de 1910 no se eliminó esa restricción en
Con la Ley Moyano, la primera ley general de instrucción España12. Poco después, en 1914, María Sordé Xipell se licencia en
pública en España que dura prácticamente hasta la denominada Ciencias y en 1917 Catalina de Sena Vives Pieras se convierte en la
“Ley Villar Palasí” de 1970, la obligatoriedad de la escolarización primera española en conseguir el doctorado en Ciencias.
218 219
alcanza a las niñas, aunque en escuelas separadas y con currículos El acceso a la educación formal posibilitó la entrada de mu-
diferenciados: “En las enseñanzas elemental y superior de las niñas jeres en áreas hasta entonces vedadas. Las primeras han sido con
se omitirán los estudios de que tratan el párrafo sexto del artº 2º frecuencia olvidadas desproveyéndosenos de modelos de referen-
[“Breves nociones de Agricultura, Industria y Comercio”] y los pá- cia tan necesarios como útiles. Por ese motivo me voy a permitir es-
rrafos primero y tercero del artº 4º [“Principios de Geometría, de bozar las biografías de 5 mujeres que contribuyeron a la renovación
Dibujo lineal y de Agrimensura” y “Nociones generales de Física y científica y educativa que se produjo en España en el primer tercio
de Historia Natural”], reemplazándose con: Primero. Labores pro- del siglo XX, etapa denominada como la Edad de Plata13.
pias del sexo. Segundo. Elementos de Dibujo aplicado a las mismas Comenzaré por la menorquina Margarita Comas i
labores. Tercero. Ligeras nociones de Higiene doméstica”11. No Camps, muy reconocida en el campo de la pedagogía española,
obstante, gracias a estas reformas y a la constitución de esas escue- pues, entre otras cosas, contribuyó a introducir la didáctica de
las gratuitas para chicas comienza a disminuir la tasa femenina de las ciencias en nuestro país, pero cuyos trabajos científicos son
más desconocidos14. Nacida en Alaior (Menorca) el 25 de no- de Magisterio, y entre 1933 y 1936 fue profesora de Biología
viembre de 1892, su formación académica, tanto en el ámbito Infantil en la facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de
pedagógico como en el de las Ciencias Naturales, fue amplia, Barcelona.
rigurosa y brillante, participando en numerosas actividades de Margarita era una firme partidaria de la coeducación. En
las instituciones protagonistas del movimiento de renovación su obra La coeducación de los sexos adopta un enfoque socio-peda-
educativa (Museo Pedagógico, Junta para la Ampliación de Es- gógico que abogaba por una sociedad igualitaria, en una época
tudios…).Después de obtener sucesivamente, y con la máxima en la que la idea de escolarizar niños y niñas juntos despertaba
calificación, los títulos de Bachiller en Ciencias y de Maestra de vivas polémicas, Para ella, la coeducación no consistía en una
primera enseñanza Superior, ingresó en la Escuela Superior del simple integración de la mujer en el modelo escolar masculino,
Magisterio, estudios que terminó en 1915, con el número uno sino en crear un sistema nuevo, que reuniera lo mejor del mo-
de la Sección de Ciencias. delo femenino y del masculino, para suprimir las tradicionales
Entre 1918 y 1924 fue cursando las distintas asignaturas diferencias que había en los currículos de niños y niñas.
de la licenciatura en Ciencias (Sección de Naturales), licencián- Al inicio de la guerra de 1936, Margarita Comas se encon-
dose en Barcelona, con premio extraordinario, en 1925. Tres traba en Madrid, y tras pasar fuera de España un tiempo encar-
años más tarde se doctoró en Ciencias (Sección de Naturales), gándose de la educación de los niños y niñas refugiados, regresa
también por la Universidad de Barcelona, con la tesis titulada a Barcelona. Allí publica su obra, Contribución a la Metodología
la «Contribución al conocimiento de la biología de Chironomus de las Ciencias Naturales, un volumen en cuarto de 611 páginas y
humani y de su parásito Paramecius contorta». Se basaba en las in- 385 figuras, que refleja el magnífico nivel con el que se pretendía
vestigaciones científicas que Margarita Comas realizó en la Sor- desarrollar los trabajos experimentales en los centros de ense-
bona de París entre 1926 y 1928, becada por la JAE. Allí se ocu- ñanza españoles de la época. Antes de terminar la guerra deja
pa de las cuestiones más debatidas en la biología del momento: España definitivamente y se exilia en Inglaterra, acompañada
la determinación biológica del sexo y la intersexualidad. Realizó por su marido Guillem Bestard, pintor y fotógrafo mallorquín
un estudio experimental de la relación entre el sexo y la tempe- con el que se había casado en 1931. Finalizada su tarea huma-
ratura en Rana temporaria, analizando la influencia de este factor nitaria con los refugiados, fue profesora de Biología en la Dar-
sobre la proporción de hembras y machos en la población. Gra- tington Hall School (Devon). Conoció la vacante en esta escuela
220 221
cias a la cría en cautividad de mosquitos de los géneros Chirono- por un anuncio de periódico. Como no querían aceptarla por
mus y Prodiamesa pudo describir sus ciclos biológicos y realizar ser mujer, le pidió al director que la dejase una semana a prueba.
un estudio citológico de los cromosomas durante la ovogénesis. El primer día de clase, los alumnos mostraron claramente que
Al mismo tiempo, utilizó los gusanos parásitos que encontró en no querían una profesora, pero fueron esos mismos alumnos
el intestino de los mosquitos para estudiar las condiciones de los que pidieron al director que la profesora Comas se quedara.
producción de las formas intersexuadas. Después de estas pri- Murió en Exeter el 28 de agosto de 1973.
meras investigaciones, y a pesar de sus repetidos intentos y de También destacó en el campo de la biología, pero más es-
las recomendaciones de los científicos con los que había traba- trictamente en la genética, Jimena Fernández de la Vega (1895-
jado, no consiguió acceder a un centro donde pudiera continuar 1984) una de las primeras españolas en obtener el doctorado
su trabajo científico. Así pues, se dedicó a la enseñanza, funda- en medicina. Dedicada fundamentalmente a la investigación
mentalmente como profesora de ciencias en diversas Escuelas sobre la herencia, introdujo en España las ideas y técnicas de
la genética aprendidas durante sus estancias en Alemania y otros genéticas en los medios académicos de la medicina española. Pos-
países europeos. Jimena Fernández de la Vega nació, junto a su teriormente, Jimena recibió de la JAE una beca de un año para Italia
hermana gemela Elisa, el 3 de junio de 1895, en Vega de Ribadeo. y Alemania. En opinión del director del Istituto di Clinica Medica de
Ambas cursaron el bachillerato en el Instituto de Lugo entre 1909 Génova, Jimena tenía “una perfecta preparación para la investiga-
y 1913. obteniendo Jimena Sobresaliente en la Sección de Letras y ción científica y gran cultura clínica”. En el Keiser Wilhelm Institut
en la de Ciencias. Durante el último curso del bachillerato (1912- de Berlín, donde terminó su estancia ampliada en unos meses, rea-
13) las dos hermanas cursaron simultáneamente en el Instituto de lizó un trabajo de investigación sobre la herencia de las formas y de
Santiago la asignatura de alemán en enseñanza libre, y comenzaron las diferencias de forma de los glóbulos rojos de la sangre humana,
la de “fisiología humana teórica y experimental” en la facultad de utilizando el método de los gemelos. Según el director de esta ins-
medicina. Entre 1913-19 completaron los estudios de medicina en titución, el trabajo de Jimena era de gran utilidad para la medicina
la universidad de Santiago, realizando el examen de grado de licen- práctica (enfermedades de la sangre, etc.). En 1935 publica su obra
ciatura, que aprobaron con Sobresaliente, en junio de 1919, consi- La herencia fisiopatológica en la especie humana y en el prólogo del
guiendo Jimena, por oposición, uno de los dos Premios Extraordi- libro Gregorio Marañón escribe: “Es gallega, y con esto quiere de-
narios concedidos. cirse que es aguda, inteligente y poco dada a llevarse de arrebatos
Entre 1923 y 1927, Jimena Fernández de la Vega estuvo imaginativos. Cualidades todas excepcionales para el cultivo de la
pensionada por la JAE en Alemania y Austria para realizar estu- ciencia”. Y tras mencionar a sus maestros y logros concluye:”Con
dios de “herencia mendeliana con aplicación a la clínica”. Estudió ese bagaje ha vuelto a España y de ella esperamos una colaboración
biometría y realizó prácticas clínicas en Berlín y trabajó sobre bio- importante en la obra en que todos andamos empeñados”.
logía y patología general en el Instituto Anatómico y Genético de Tras la Guerra Civil española, Jimena Fernández de la Vega
la Universidad de Hamburgo. Gracias al favorable informe del Dr. continuó un poco tiempo en la universidad desempeñando tareas
Pittaluga sobre los trabajos presentados, Jimena amplió su estancia menores y en 1945 oposita al Cuerpo de Baños y se incorpora al
hasta 1927 en Viena, fecha en la que presentó a la JAE la memoria Balneario de Guitiriz (Lugo), que había sido fundado por su padre,
de su estancia como pensionada, con dos trabajos: “Estado actual para estar cerca de su madre enferma y de edad avanzada. Después
de la Biología y Patología Gemelar en su relación con los problemas de la muerte de su madre, dirigió varios balnearios en Montema-
hereditarios” (Hamburgo, 1926) y “Drosophila y Mendelismus” yor (Salamanca), Cestona (Guipúzcoa) y Lanjarón (Granada) en
222 223
(Hamburgo, 1927). Al regresar a España, Jimena encontró que donde se jubiló. En 1946 publica Hidrología y materia biológica: lec-
la genética despertaba todavía un escaso interés entre los médicos. ciones adaptadas al programa de las oposiciones a Médicos Hidrólogo.
Trabajó en el Servicio (Instituto) de Patología Médica del Hospital Pero debió seguir con sus trabajos sobre genética porque en 1963
General de Madrid y en el Laboratorio Central de Investigaciones publicó otro libro: Teoría de la herencia y herencia molecular. Jimena
Clínicas de la Facultad de Medicina de Madrid, publicando diver- Fernández de la Vega murió Santiago de Compostela en 1984.
sos artículos en los Anales del Servicio de Patología Médica, en los Ar- Médica también, pero de un carácter diferente y activista, fue
chivos de Cardiología y Hematología y en Archivos de Neurobiología. Amparo Poch y Gascón, que nació en Zaragoza, en 1902 y murió
En 1933, al crearse el Servicio de Genética y Constitución en Toulouse, Francia, en1968. Muy conocida por sus ideas y luchas
en la Facultad de Medicina de Madrid, fue nombrada directora (di- políticas, quizás lo es menos por su trabajo científico. En efecto,
rector-jefe). Dicho servicio, aunque no llegó a desarrollarse como Amparo Poch perteneció al grupo de mujeres que impulsó política
centro de investigación, sirvió de puerta de entrada de las teorías e intelectualmente las ideas feministas en Madrid. En efecto, con la
escritora Lucía Sánchez Saornil (1895-1970) y la abogada y edu- misión era difundir este método anticonceptivo, en una época, re-
cadora Mercedes Comaposada Guillén (1901-1994) impulsaron y cuérdese, en que no se disponía de los modernos que ahora tene-
crearon la revista Mujeres libres, cuyo primer número salió a la calle mos. La maternidad implica, por un lado, el reconocimiento de los
el 2 de mayo de 1936. La idea de publicar esa revista surge porque derechos reproductivos de las mujeres, separando actividad sexual
estas mujeres se dan cuenta de que en el movimiento anarcosin- y procreación, pero presupone el reconocimiento de la auténtica
dicalista español, los problemas de las mujeres siempre quedaban función social de la maternidad, fundamentada en una base biológi-
en segundo plano. Mujeres Libres nació con el objetivo de educar ca de carácter esencial. Para Amparo Poch, la maternidad conscien-
y subir el nivel cultural de las mujeres, condición esencial para su te no sólo significa la liberación de las mujeres gracias a la limita-
emancipación social, vital y política. La importancia de esta revista ción de nacimientos, sino que conlleva una importante labor social
reside no sólo en que se recogían las ideas de este colectivos, sino en pues una madre consciente educa revolucionaria y racionalmente
ser el primer intento en lengua española de hacer una publicación a sus hijos. Exiliada en Francia, siguió trabajando en los campos de
netamente femenina, pues tanto os textos, como las ilustraciones, concentración franceses y, después en Toulouse, donde dirigió el
etc. eran básicamente realizados por mujeres. Hospital de Varsovia y murió en 1968 cuando iba a trasladarse para
Amparo Poch y Gascón, de familia muy humilde, estudió en atender a los heridos de la guerra de Argelia.
Zaragoza, primero magisterio y luego medicina carrera que cur- También quiero destacar a una mujer de otra área diferen-
só con gran brillantez y en la que obtuvo el premio extraordinario. te. María Moliner nació el 30 de marzo de 1900 y murió en 1981.
Tras licenciarse, se dedicó a la sanidad y formación de las mujeres Bibliotecónoma y lexicógrafa española, ocupa un lugar importantí-
obreras en temas de Higiene, Educación Sexual y Puericultura a tra- simo en la historia por su prestigioso Diccionario de uso del español,
vés de conferencias, colaboraciones periodísticas y publicaciones una de las principales obras de la lexicografía española, publicado
como Revista Blanca, Tiempos Nuevos, Tierra y Libertad, Generación hace cuarenta años. Hija de un médico rural, estudió en la Insti-
Consciente, Estudios, y la propia Mujeres libres. Publicó una novela tución Libre de Enseñanza, donde fue, al parecer, Américo Castro
corta, Amor, y otros libros tales como La cartilla de consejos a las quien suscitó en ella el interés por la expresión lingüística y por la
madres (1931), La vida sexual de la mujer (1932) y Elogio del amor gramática. Tras licenciarse en Historia con Premio Extraordinario
libre (1936). De avanzadas ideas libertarias, fue elegida en 1937 por la Universidad de Zaragoza, al año siguiente ingresó, por opo-
directora del “Casal de la Dona Treballadora” de Barcelona lugar sición, en el Cuerpo Facultativo de Archiveros, Bibliotecarios y Ar-
224 225
de encuentro, participación y educación de las mujeres. Durante queólogos, en el que permanecería hasta su jubilación en 1970. A
la guerra fue directora de Asistencia Social dependiente del Minis- principios de los años treinta, se trasladó con la familia (marido y
terio de Sanidad de Federica Montseny y organizó en Barcelona la dos hijos, luego nacerían otros dos) a Valencia, donde María vivió
acogida de niños refugiados en Granjas-Escuela de las que elaboró un período de plenitud vital e intelectual, participando de forma
el plan pedagógico. activa en las empresas culturales que nacieron con el espíritu de la
Especializada en salud sexual y puericultura impartió clases II República.
sobre salud sexual y maternidad consciente. La revista Mujeres li- Además de su colaboración en la Escuela Cossío, inspirada
bres no se manifestó de modo explícito con respecto a estas cues- en la Institución Libre de Enseñanza, donde enseñó Literatura y
tiones, pero para Amparo Poch la maternidad consciente estaba Gramática, colaboró con las Misiones Pedagógicas de la República
estrechamente unida al control de la natalidad. De hecho, Ampa- y se ocupó especialmente de la organización de las bibliotecas ru-
ro Poch fue una de las fundadoras del grupo Ogino, cuya principal rales. De hecho, escribió unas Instrucciones para el servicio de peque-
ñas bibliotecas, cuya presentación preliminar constituye una pieza ponente gramatical, cuando en nuestro país, aún se desconocían
conmovedora y un testimonio incuestionable de la fe de la autora algunas de las actuales líneas de investigación en lingüística. En ese
en la cultura como vehículo para la regeneración de la sociedad: contexto, el Diccionario de María Moliner nos informa de cómo,
“En vuestro pueblo – dice María en el Prólogo - …ellos presien- cuándo y en qué circunstancias se usan determinados vocablos y
ten, en efecto, que es cultura lo que necesitan, que sin ella no hay para expresar qué, a la vez que nos encamina hacia otros que po-
posibilidad de liberación efectiva, que sólo ella ha de dotarles de dríamos tener olvidados.
impulso suficiente para incorporarse a la marcha fatal del progreso El Diccionario de María Moliner recogió, en su momento,
humano sin riesgo de ser revolcados: sienten también que la cul- numerosas acepciones de muchos términos que no se incluían en
tura que a ellos les está negada es un privilegio más que confiere el D.R.A.E.. Además, revisó a fondo las definiciones, circulares y
a ciertas gentes sin ninguna superioridad intrínseca sobre ellos, a escritas en estilo dieciochesco, de éste último. Para evitar la defi-
veces con un valor moral nulo, una superioridad efectiva en esti- nición circular, inventó una minuciosa jerarquización lógica de los
mación de la sociedad, en posición económica, etcétera”… Y, algo conceptos, a la par que redactó las definiciones de la Academia en
más adelante, dice: “el bibliotecario [debe creer] en la eficacia de español del siglo XX, dándoles, en muchos casos, una precisión
su propia misión. Para valorarla, pensad tan sólo en lo que sería que les faltaba y desdoblándolas a menudo en nuevas acepciones
nuestra España si en todas las ciudades, en todos los pueblos, en que recogen matices relevantes. Algo que debió molestar a algunos
las aldeas más humildes, hombres y mujeres dedicasen los ratos no académicos, pues, propuesto su ingreso en la Real Academia de la
ocupados por sus tareas vitales a leer, a asomarse al mundo material Lengua Española por Rafael Lapesa y Dámaso Alonso, nunca fue
y al mundo inmenso del espíritu por esas ventanas maravillosas que elegida. De haberlo sido, habría sido la primera mujer en ingresar
son los libros. ¡Tantas son las consecuencias que se adivinan si una en dicha institución.
tal situación llegase a ser realidad, que no es posible ni empezar a Mucha más suerte tuvo la historiadora Mercedes Gaibrois y
enunciarlas...!” (Prólogo de Instrucciones para el servicio de peque- Riaño, que se convirtió en la primera mujer en entrar en una Real
ñas bibliotecas, publicadas en Valencia en 1937, y que redactó María Academia española, como miembro de pleno derecho. Nació en
Moliner). Al terminar la guerra civil, María Moliner es depurada y París el 18 de septiembre de 1891, aunque de padres colombia-
sufre la pérdida de 18 puestos en el escalafón del Cuerpo Facultati- nos. Tras dejar París realizó sus primeros estudios en Bogotá y ya
vo de Archiveros y Bibliotecarios. En 1946 pasará a dirigir la biblio- en esos años Mercedes Gaibrois desarrolló un interés muy especial
226 227
teca de la Escuela Técnica Superior de Ingenieros Industriales de por la historia, aunque también le interesaba la pintura, y algunos
Madrid hasta su jubilación, en 1970. de sus trabajos fueron premiados en la Escuela Colombiana de Be-
Hacia 1950 comienza el Diccionario de uso del español, que llas Artes. Años más tarde, Mercedes Gaibrois ilustraría algunos de
publicó en el 1966-67. El Diccionario no sólo es una obra titáni- sus trabajos, como algunos de los publicados en la revista Voluntad.
ca, realizada por una sola persona. La importancia de este diccio- Mercedes no recibió educación formal alguna, sino que se educó en
nario reside en la claridad de sus definiciones, su meticulosidad y su casa con profesoras particulares y nunca obtuvo ninguna titula-
su sensibilidad apoyada en una sólida formación lingüística. Es una ción académica. Cuando Mercedes tenía 17 años, murió su padre
herramienta, un instrumento de guía en el uso del español. Y es im- y comenzó a viajar con su madre por España e Italia. En Sevilla co-
portante señalar que María lleva a cabo su Diccionario cuando aún noció al célebre historiador sevillano Antonio Ballesteros Beretta,
no se había desarrollado en España la lexicografía didáctica, cuando catedrático de la Universidad de Sevilla, con quien contrajo matri-
el estudio del léxico parecía irremediablemente desligado del com- monio en 1910. Mercedes se dedicó definitivamente a la Historia y
sola o en colaboración profesional con su marido inició una carrera En el curso 2007-200815, en España las mujeres constituían el
investigadora sumamente fructífera, especializándose en Historia 54,3 % de las personas matriculadas en las universidades españolas.
española de los siglos XIII y XIV. Por áreas se distribuyen de la siguiente manera: el 56,4 % en Cien-
Mercedes Gaibrois fue muy reconocida en su tiempo. Fue cias Experimentales, el 69,7% en Ciencias de la Salud, el 57,04 %
académica correspondiente de la Academia de Buenas Letras de en Ciencias Jurídicas y Sociales y el 60,7 % en Humanidades. Sólo
Barcelona y de la Sociedad de Americanistas de París. Y como ya en las carreras técnicas constituyen el 31,9 %. También suponían el
he mencionado fue la primera mujer en acceder a la Real Academia 60,9% de las personas licenciadas y el 52,2 % de quienes iniciaban
de la Historia, que había sido fundada en 1738, a propuesta, entre sus estudios de doctorado en ese mismo año. Las tesis leídas por
otros de Marcelino Menéndez Pidal. Fue elegida el 23 de diciembre mujeres en ese mismo curso alcanzaron el 49,9 %. Es precisamente,
de 1932 y tomó posesión el 24 de febrero de 1935 con un brillante en este punto de inflexión, en el inicio de la carrera científica, donde
discurso titulado “Un episodio de la vida de María de Molina” sobre se inicia el descenso: sólo constituyen el 35,7 % de los profesores
uno de sus personajes históricos favorito, Dña. María de Molina, permanentes de la universidad y apenas ostentan el 14,3 % de las
esposa del rey Sancho IV de Castilla. Desde 1949 fue bibliotecaria cátedras. Las cifras siguen descendiendo si miramos decanatos, vi-
perpetua de la Real Academia de la Historia, donde Mercedes Gai- cerrectorados, rectorados, comisiones de evaluación o academias.
brois publicó parte de su ingente producción investigadora, entre En efecto, algunas cosas siguen sin cambios. Ya hace casi 30
las que destacan María la Grande, tres veces reina, Guzmán el Bueno años que, por primera vez una mujer dirigiera una universidad es-
y Juan Mathé de Luna en la defensa de Tarifa y, sobre todo Historia pañola y también europea, Elisa Pérez Vera, que fuera rectora de
del reinado de Sancho IV de Castilla, en dos volúmenes, y que fue un la UNED de 1982 a 1987; y muchos más desde la primera mujer
punto de inflexión en la investigación histórica, pues contribuyó a que dirigió una Facultad española, Gloria Begué, que fue decana de
aclarar una serie de oscuridades y malentendidos existentes sobre la Facultad de Derecho de la Universidad de Salamanca de 1969 a
la Edad Media española. Para realizar esa obra, visitó 134 archivos 1972; lo mismo sucede con las mujeres en las Reales Academias:
de 90 ciudades españolas. Su prestigio era tan enorme que en 1933 en la Real Academia de la Historia, sólo hay 3 mujeres entre los 36
recibió la valiosa condecoración colombiana de la Orden de Bogo- miembros; en la de Ciencias Exactas, Física, Química y Naturales
tá, aunque tuvieron que reformarse los estatutos de dicha orden y (la primera en entrar, Margarita Salas, lo hizo en 1989) , tan solo
un acuerdo especial del parlamento, pues era la primera vez que se 2 entre 55, al igual que en la de Ingeniería aunque ésta cuenta con
228 229
concedía a una mujer. Mercedes Gaibrois falleció en Madrid el 25 menos miembros (44 en total); y en la Real Academia de Medi-
de enero de 1960, pero su huella ha permanecido en sus estudios cina, a la que pertenecen 46 personas, sólo una es mujer. La Real
históricos, algunos de ellos aún no superados, y por su modo de Academia Nacional que más académicas de número tiene es la de
hacer investigación histórica. Farmacia, con 6, habiendo entrado la primera, Maria Cascales, el 29
Estas son algunas españolas que abrieron el camino para de enero de 1987. En total, de los 654 miembros que componen las
nuestras congéneres y que deben ser un referente para nosotras y 10 Reales Academias, las mujeres sólo constituyen el 5,5%, a pesar
las generaciones venideras. Todas ellas tuvieron que compaginar del tiempo transcurrido desde la entrada de la primera en una de
vida profesional y personal, en algunos casos encarando múltiples ellas.
adversidades, como una guerra civil. Es cierto que la sociedad espa- Ningún sistema, económico, social o cultural, se puede per-
ñola ha cambiado muchísimo desde la época en que estas mujeres mitir el despilfarro que supone la pérdida de mujeres a lo largo de
comenzaron sus estudios e investigaciones. la carrera académica e investigadora. Muchas de las mujeres que
se pierden en ella tiran la toalla ante las dificultades, pero también 14 Véase Magallón ( 1998) y http://mujeresdeciencias.blogia.com/temas/biografias.
php.
ante una historia que ha invisibilizado a nuestras predecesoras. Su
reconocimiento es un paso que debemos dar para proveernos de REFERENCIAS
una genealogía que nos haga más ricas en todos los sentidos.
ALCALÁ, Paloma; CORRALES, Capi; LÓPEZ, Julia (Coords.). Ni ton-
tas ni locas. Las intelectuales en el Madrid del primer tercio del siglo XX.
NOTAS FECYT, 2009. Disponível em: <http://www.fecyt.com/fecyt/docs/
1 Este trabajo ha sido realizado en parte dentro del proyecto Cartografías del Cuerpo: tmp/1256490884.pdf>; <http://mujeresdeciencias.blogia.com/temas/
Biopolíticas de la ciencia y la tecnología, financiado por el Plan nacional de I+D, FFI biografias.php>.
2009-07138-FISO.
ECHEVERRÍA, Isabel Delgado. El descubrimiento de los cromosomas
2 Joan Kelly (1984: 1).
sexuales. Un hito en la historia de la biología. Madrid: CSIC, 2007.
3 Véase, por ejemplo Schiebingen (1999), Pérez Sedeño (2008 y 2009).
FLECHA, Consuelo. Ser niña o niño en la educación: una cuestión de
4 El término ‘ciencia’ y ‘científico’ son relativamente recientes. Fue propuesto por
Whewell en 1834 y fue aceptado tras gran oposición. En realidad, hasta mediados del
valores. In: VVAA, 2006.
siglo XIX no había necesidad en Inglaterra, que es donde surge, de un nombre espe- GONZÁLEZ, Wenceslao Segura. Breve biografía de Mercedes Gaibrois y
cífico para el profesional de la ciencia, pues hasta entonces, este fenómeno social, el
individuo que hace ciencia y vive de ella, no existía. Anteriormente, los términos utili- Riaño de Ballesteros. Revista de Estudios Tarifeños, Año XII, n. 4, Dic.
zados eran variados: filósofo natural, virtuoso. Con respecto a las diversas ciencias, la 2002.
mayoría, entre ellas la física, se denominaban ‘filosofía natural’, así por ejemplo, la gran
obra de Newton se titula Principia Mathematica Philosophia Naturalis. KELLY, Joan: Women, history and theory. [Chicago]: University of
Chicago Press, 1984.
5 Op. Cit., pág. 45 de la edición en español.
6 Una ayuda fundamental para ello es, sin duda, Ogilvie y Harvey (eds.) (2000). MAGALLÓN, Carmen. Pioneras españolas en las ciencias. Las muje-
res del instituto nacional de física y química. Madrid: CSIC, 1998.
7 Hay diversas biografías o diccionarios biográficos, entre los que cabe destacar Ogilvie
y Harvey (eds.) (2000). Por otro lado, de las astrónomas me he ocupado más extensa- MARTÍN, Ignacio Peiró; ALZURIA, Gonzalo Pasamar. Diccionario
mente en Pérez Sedeño (2007) y Pérez Sedeño y Kizckowski (2010). Para biografías
de otras científicas, véase. Akal de historiadores españoles contemporáneos, Madrid: Akal,
2002.
8 En1785 María Isidra Guzmán de la Cerda (Madrid, 1768-Córdoba, 1803) recibió el
230 Grado de Doctora en Filosofía y Letras Humanas en la Universidad de Alcalá de He- MENAGE, Giles. Historia mulierum philosopharum. Traducción de: 231
nares, gracias a una autorización especial de Carlos III, cuando tan sólo contaba 17 Mercè Otero Vidal. In: Historia de las mujeres filósofas. Barcelona:
años.
Herder, 2009.
9 Informe de la Junta creada por la Regencia para proponer los medios de proceder al
arreglo de los diversos ramos de instrucción pública, redactado por M.J. Quintana OGILVIE, Mary B.; HARVEY, Joy (Eds.). The Biographical Dictionary
y presentado en Cádiz el 9 septiembre de 1813. En http://www.filosofia.org/mfa/ of Women in Science. Pioneering Lives from Ancient Times to the
fae836a.htm. Consultado el 8 de Junio de 2010. Mid-20th Century. Nueva York/Londres: Routledge, 2000.
10 En http://www.filosofia.org/mfa/fae836a.htm. Consultado el 8 de Junio de 2010.
PÉREZ SEDEÑO, Eulalia. Buscadoras de Estrellas… y con la cabeza bien
11 Artículo 5 de la Ley de Instrucción Pública de 9 de Septiembre de 1857.
alta. VVAA, La historia no contada, Albacete, 2007.
12 Mediante decreto publicado en la sección del Ministerio de Instrucción Pública y Be-
llas Artes de la Gaceta de Madrid. _____. Mitos, creencias, valores: cómo hacer más “científica” la ciencia;
13 Sobre las mujeres en la Edad de Plata, veáse Alcalá, Corrales y López (coord.), 2008.
cómo hacer la realidad más “real”. Isegoría, 38, ene./jun. 2008.
10
_____. Un conocimiento innovador. Pensamiento Iberoamericano,
[S.l.]: v. 5, 2009.
_____; KICZKOWSKI, Adriana. Un universo por descubrir. Género y
astronomía en España. Madrid: Plaza y Valdés, 2010. CIENTÍFICAS QUE DEJAN HUELLA: INTERACCIÓN ENTRE
EXPERIENCIA VITAL Y CONTRIBUCIÓN A LA CIENCIA
SCHIEBINGER, Londa. Has Feminism Changed Science? Cambrid-
ge: Harvard University Press, 1999. María José Barral Morán
Isabel Delgado Echeverría
VVAA, Educación de mujeres y niñas en Iberoamérica. I Jornadas de Teresa Fernández Turrado
Cooperación Educativa sobre Género y Educación. Madrid: Ministerio Carmen Magallón Portolés1
de Educación, 2006. Disponível em: <http://www.oei.es/genero/docu-
mentos/Educacion_de_mujeres.pdf>.

Introducción
En este artículo queremos dar a conocer un proyecto de investi-
gación cuyo nombre coincide con el título: “Mujeres que dejan
huella: interacción entre experiencia vital y contribución a la cien-
cia”2, describiendo el diseño, planteamiento y método utilizado
(planteamiento y método que consideramos pueden resultar de
interés para la realización de estudios similares por parte de cole-
gas de otros lugares), y aportando un resumen de los resultados
obtenidos.
En el proyecto se analizan las interacciones entre la expe-
riencia vital y la carrera profesional en el ámbito científico. Se tra-
232 ta de un estudio cualitativo, que se ha basado en la recogida de 233
datos acerca de la trayectoria vital y profesional de científicas de
principios del siglo XX y actuales en el marco geográfico de Es-
paña. En él hemos utilizado una muestra reducida, estudiada en
profundidad en relación con una serie de aspectos predefinidos
para permitir la comparación.
Partiendo de que la experiencia académica, profesional
y vital de un hombre y una mujer tienen rasgos diferenciales, la
pregunta que planteamos es en qué sentido y en qué aspectos
afecta a la producción científica la creciente presencia de mujeres
constatada en el último siglo. Enlazando los dos supuestos, que
la pertenencia a un sexo influye en la trayectoria profesional, y que 2) Completar nuestras bases de datos, incorporando aque-
ésta influye en la producción científica, nuestra hipótesis de parti- llas científicas que conocemos por nuestra actividad docente
da es la siguiente: “La experiencia marcada por la pertenencia a un o investigadora.
sexo (supuestos, estereotipos, expectativas y roles sociales asigna- 3) Analizar el trabajo científico y la trayectoria vital de las
dos) influye en la propia carrera científica y en las contribuciones científicas de la muestra (del ámbito español y en las áreas de
que se hacen a la ciencia”. Entendiendo la ciencia como un proceso fisicoquímica, biología, neurociencias y psicología).
colectivo en el que se entrelazan las diferentes contribuciones indi-
viduales, podemos deducir que el devenir de una disciplina cientí- 4) Estrechar lazos y colaborar en la construcción de la red de
fica en la que trabajan mujeres y hombres se verá afectado por las investigadoras españolas que trabajan sobre científicas.
diferencias sexuales. La validación de esta hipótesis tendría como
Junto a ellos, planteamos los siguientes objetivos, más espe-
consecuencia el cuestionamiento de los principios positivistas de
cíficos, aplicados al análisis de los datos obtenidos de las científicas
objetividad y neutralidad de la ciencia, según los cuales las personas
de la muestra:
que hacen ciencia, sus características y recorrido vital, no afectarían
a los resultados de la misma. a) qué factores influyen en su elección de campo de estudios,
La amplia formulación de la hipótesis, que incluye términos en el tipo de preguntas que guían sus investigaciones.
poco definidos, como “influye” y “contribuciones”, hacía necesa-
b) qué cambios introduce la participación de las mujeres en
ria una mayor acotación, que pasamos a explicitar. Interpretamos
la ciencia institucionalizada.
que “influye” quiere decir que pueden encontrarse rasgos en las tra-
yectorias científicas que se explican por la pertenencia a uno u otro c) qué aporta el trabajo científico a las mujeres que lo reali-
sexo. En cuanto a “contribuciones”, puede entenderse de manera zan y al resto de las mujeres.
fuerte, como sería el hecho de que las aportaciones de las científicas d) qué aporta la participación de las mujeres y la incorpora-
incluyeran nuevos temas o enfoques a una disciplina dada –como ción de la experiencia femenina al desarrollo de la ciencia.
ha sucedido a menudo en la historia de la ciencia-, o de manera
débil, como aportaciones a su campo dentro de los paradigmas y e) qué cambios están pendientes todavía, es decir, qué aspec-
líneas de investigación existentes. tos de la organización de la actividad científica responden ex-
234 clusivamente a las necesidades o la experiencia que ha venido 235
Objetivos del estudio siendo categorizada como general pero que es masculina.
Nuestra estrategia ha sido dejar abierta la interpretación amplia para
dar cabida a los hallazgos que pudieran venir del estudio detallado Selección de la muestra
de los diferentes casos individuales, si bien concretamos una serie
En el estudio se incluyeron dos tipos de científicas muy diferentes:
de objetivos. Los cuatro primeros tienen un carácter general:
aquéllas que estudiaron y comenzaron sus trayectorias profesio-
1) Dar continuidad a los trabajos de recuperación de la vida nales en el primer tercio del siglo XX, y otro grupo que comenzó
y contribuciones de científicas españolas en los dos últimos después de los años 50 y han seguido ejerciendo hasta principios
siglos que algunas de nosotras hemos llevado a cabo (Maga- del XXI. Concretamente, hemos profundizado en cinco casos de
llón, 1998; Delgado, 2006). mujeres de la primera categoría y nueve de científicas actuales.
Las científicas de principios de siglo se eligieron entre las Lda. Fa- Lda. Fa- 1ª Doctora Investigado- Publicacio-
que destacaron en su momento en los campos disciplinares de cultad de cultad de española en ra en el INFQ nes como
física, química y ciencias naturales. Los cinco casos seleccionados Ciencias Ciencias Física estudiante y
de Madrid, de Madrid, como cura-
para este proyecto se añaden a los que habían sido estudiados con pensionada pensionada tor de Arte
anterioridad por algunas de nosotras (estudios prosopográficos y JAE JAE
de trayectorias individuales incluidos en publicaciones anteriores
de Magallón y Delgado). La reconstrucción de sus trayectorias vita- b) Científicas actuales
les (muchas veces incompleta) se ha realizado fundamentalmente Nombre Especialidad Centro de trabajo
a partir de documentos históricos y científicos, si bien en algunos
TERESA RODRIGO Física de partículas CERN, Ginebra
casos la información ha podido ser complementada gracias a los ANORO Instituto de Física
contactos con sus familiares y amigos. de Cantabria
Las científicas actuales fueron seleccionadas a partir de nues- ROCIO FERNANDEZ Psicología, evaluación UAM Facultad de
tra propia experiencia en diferentes campos científicos (fisicoquí- BALLESTEROS y envejecimiento Psicología, Madrid
mica, biología, neurociencias, psicología): elegimos a las autoras PAOLA BOVOLENTA Neurobiología CSIC Centro Ramón y
de trabajos que habíamos utilizado en nuestras investigaciones y NICOLAU Cajal , Madrid
docencia, nombres que habíamos citado en nuestros trabajos de MAXIMINA MONZON Neurobiología Facultad de Medicina,
investigación, científicas que habíamos conocido por su especial MAYOR U. de Las Palmas de
relevancia en su campo; es decir, que fueron seleccionadas por ser Gran Canaria
una referencia profesional para nosotras. Todas ellas son científicas Mª JOSEFA YZUEL Óptica, Fotoelectró- Facultad de Físicas de
de éxito. El estudio de sus trayectorias profesionales se ha realizado GIMÉNEZ nica la UAB, Barcelona
con su colaboración, que desde aquí agradecemos, ya que se ha ba- BERTA GONZALEZ Neurobiología Facultad de Medicina
sado fundamentalmente en los datos que nos han proporcionado a DE MINGO de la UAB, Barcelona
través de entrevistas y cuestionarios, que iluminaron los que pue- VICTORIA SAU Psicología diferencial. Universidad de
den extraerse de sus currículos y de su producción científica. Teoría feminista Barcelona
El cuadro siguiente resume los datos principales de las cien- CARMEN BASIL Psicología evolutiva. Facultad Psicología de
236 237
tíficas estudiadas. ALMIRALL Comunicación la UB, Barcelona
aumentativa
a) Científicas del primer tercio del siglo XX ESPERANZA Neuroanatomía Facultad de Medicina
BENGOECHEA de Oviedo
Genoveva Dina Felisa Mar- Josefa Carmen
Gail Gallo Scheinkin tín Bravo González Gómez-
Madrid, Odessa, San Sebasti- Aguado Moreno
Metodología
1896-¿? 1898 – Egip- án, 1998 Albuñuelas Madrid, Con las científicas ya desaparecidas, las de principios del siglo XX, se
to 1933 (Granada), 1914 – NY
utilizaron las técnicas historiográficas al uso: consulta de archivos, ex-
1907-1955 2008
pedientes académicos, rastreo de revistas de su disciplina, memorias
Ciencias Ciencias Física Química Ciencias de las sociedades científicas a las que pertenecieron, acercamiento y
Naturales Naturales Naturales y
Arte
conversaciones con sus familiares, y fuentes secundarias de la época.
A las científicas vivas estudiadas les realizamos “entrevistas en bien porque han sido mencionados por la mayoría, convirtiéndose
profundidad” semi-estructuradas, enviándoles previamente un guión en rasgos comunes de las distintas historias de vida. A continuación
de los temas a tratar. Con ellas obtuvimos información acerca de su se aporta un resumen para cada uno de los objetivos:
vida personal (familiar, social, otras actividades) y de su vida profesio-
nal: campo de trabajo, estancias de formación en laboratorios y otros - Factores que han influido en su elección de campo de estudios y
centros, dirección de equipos de investigación, reconocimientos ob- en el tipo de preguntas que guían sus investigaciones.
tenidos, calidad de sus publicaciones y participación en comités de Encontramos que estos factores fueron: a) influencias fami-
revistas especializadas, sociedades científicas y profesionales, organi- liares, b) la novedad y actualidad del campo, y c) algunos mento-
zación y comités científicos de congresos, comisiones de expertos, y ras/es que les ofrecieron opciones para seguir.
difusión y transmisión del conocimiento científico (participación en
manuales académicos, artículos de revista, capítulos de libros y libros - Cambios que introduce la participación de las mujeres en la
de divulgación científica), así como de la presencia de mujeres en su ciencia institucionalizada.
medio. En cuanto a la organización del trabajo científico, ellas se
Además de las entrevistas, cada una de ellas nos aportó su CV incorporaron a las estructuras y usos existentes sin cuestionarlas.
actualizado, con el que hemos podido completar los datos de su vida Existe más o menos actitud crítica hacia las estructuras de trabajo
profesional. Con todo ello, se elaboró un documento de registro de científico, en función del campo de investigación, y también en fun-
cada una de las entrevistadas, recogiendo los campos considerados ción de tener o no pareja masculina en el mismo campo.
significativos y viables para los objetivos propuestos, así como infor-
mación de sus opiniones y valoraciones sobre la ciencia, la promoción - Qué aporta el trabajo científico a las mujeres que lo realizan y
profesional o el desarrollo de su actividad personal y profesional. al resto de las mujeres.
Las entrevistas fueron grabadas en audio y en vídeo, teniendo Les aporta una gran satisfacción personal, son mujeres que
las grabaciones una duración promedio de hora y media por entrevis- se sienten orgullosas de su vida profesional. Esta satisfacción puede
tada. Estas grabaciones, junto con las fotografías recopiladas, nos han servir de motivación para otras mujeres y crear genealogía. Han he-
permitido iniciar la constitución de un archivo digital sobre el tema. cho aumentar la presencia de mujeres en su campo, incorporándo-
En este archivo se han incluido asimismo imágenes de las científicas las en sus equipos en una proporción mayor de la habitual.
238 239
de la primera mitad del siglo XX, obtenidas a través de intensa bús-
queda en archivos públicos y privados. Se ha constatado la escasez de - Qué aporta la participación de las mujeres y la incorporación
fuentes disponibles y la falta de archivos que recopilen las memorias de la experiencia femenina al desarrollo de la ciencia.
de las científicas pioneras, habiendo logrado las imágenes especial- Todas están de acuerdo en que la participación de las mu-
mente a través de las familias y amistades. jeres mejora la ciencia de una forma general. Paradójicamente, la
mayoría cree en la neutralidad de la ciencia.
Algunos rasgos compartidos
En las entrevistas realizadas a las científicas actuales se analizaron - Cambios pendientes todavía, en particular aspectos de la orga-
los aspectos previstos en relación con los objetivos específicos. En nización de la actividad científica que responden exclusivamente
el conjunto de las entrevistas resaltan ciertos rasgos, bien porque a las necesidades o la experiencia masculina pretendidamente
ellas mismas los han subrayado como importantes en su carrera, o universal.
Las solteras tuvieron obstáculos para desarrollar su carrera. Las Las pioneras incluidas en este estudio dejaron inconclusas sus carre-
casadas han recibido apoyo de sus maridos, generalmente científicos, ras científicas, muchas veces directamente por la guerra, pero otras a
que siempre avanzaron en sus carreras antes que ellas. Han compati- causa del matrimonio o de la falta de oportunidades debida a sus roles
bilizado, en doble jornada, la crianza con la profesión, pero han teni- sociales.
do importante ayuda familiar (del marido y/o madres, padres u otros El estudio realizado evidencia, pues, lo que puede ser consi-
parientes). Todas han sido reconocidas más tarde que los hombres. derado una primera conclusión: el contraste entre las científicas de
Otros rasgos que pueden extraerse de las entrevistas son los principios del siglo XX y aquellas que comenzaron en los años 50 y
siguientes: posteriores, en las que ya se constata que han podido llevar a cabo un
desarrollo completo de sus carreras profesionales.
- Las solteras afirman que la dedicación a la ciencia absorbe su Comparando las trayectorias de científicas españolas del pri-
vida. Las casadas han integrado la vida familiar en su actividad mer tercio del siglo XX con las de científicas actuales, podemos cons-
científica. tatar que las condiciones de igualdad legal en el acceso a la educación,
- Todas han sido reconocidas más tarde que los hombres, sus así como el cambio en las expectativas sociales y en la socialización
compañeros. de ambos sexos, han favorecido la participación de las mujeres en la
ciencia. Los obstáculos que para las primeras llegaron a ser, en mu-
- Todas recibieron apoyo e impulso familiar para hacer estu-
chos casos, insuperables, han sido menores para las que iniciaron sus
dios superiores.
estudios universitarios cincuenta años después. La principal diferen-
- Todas comparten el empeño, gusto y dedicación completa a cia la encontramos en el peso de las cargas familiares, y en particular
la ciencia y la investigación. del matrimonio, que en las primeras determinó su alejamiento de la
- Todas las entrevistadas consideran que han alcanzado el ciencia, mientras que se ha minimizado en las segundas, sin que esto
máximo nivel profesional. signifique que las científicas actuales no se resientan con este proble-
ma.
En la muestra de científicas actuales se observa una cierta mini-
Cambios en el tiempo mización del asunto doméstico (mantenimiento de la casa, cuidado
En relación con las científicas de principios del siglo XX, un primer de los hijos, ...), de forma que no aparece como problema diario a
240 241
resultado evidente es que la Guerra Civil significó para ellas, como resolver. La vida diaria se organiza girando en torno a la profesional,
para el resto de la sociedad, un punto de inflexión que para la mayoría las tareas domésticas apenas aparecen, y en el caso de las que tienen
supondría la ruptura de su carrera profesional. No obstante, esto no hijos e hijas a su cargo, la responsabilidad se comparte con la pare-
les sucedió a todas sus coetáneas: otros trabajos (Alcalá y Magallón, ja, y se reciben ayudas de otros familiares y externas. A ello ayuda el
2009) han mostrado algunos casos de mujeres que continuaron su hecho de que los maridos compartan en muchos casos los mismos
trayectoria investigadora tras la guerra, en particular las que tenían intereses profesionales, e incluso formen parte del mismo equipo de
una ideología similar a la del nuevo régimen dictatorial o colabora- investigación.
ron con él. Si bien los efectos de la guerra y de la dictadura tuvieron
repercusiones en todas las trayectorias científicas, en el caso de las Valoración general
mujeres las directrices políticas de la época franquista tuvieron unas Siendo este un proyecto limitado a una serie de casos, no era nues-
consecuencias añadidas a las que soportaron sus coetáneos varones. tra pretensión obtener unos resultados generalizables a todas las
científicas o a todas las ciencias. Sin embargo, consideramos que mucho, pues aunque realizan largas jornadas de trabajo no parecen
los casos estudiados proporcionan pruebas suficientes para afir- nunca cansadas. Les contraría, sin embargo, tener que dedicar una
mar que el sexo de las personas que se dedican a la ciencia no es parte de su tiempo a otras actividades (a veces tareas de gestión,
indiferente, ni en relación con las trayectorias profesionales, ni en otras de docencia o divulgación) que les aparten de la investigación
cuanto a las contribuciones científicas. que están realizando. Tras escuchar a estas científicas, es fácil com-
En relación con nuestra pregunta inicial, nuestra conclusión prender la frustración de aquellas que por diversas causas tuvieron
es contundente en cuanto a que la pertenencia al sexo femenino que dejar inacabadas sus investigaciones y dedicar su tiempo a otras
influye en la trayectoria profesional dentro de la investigación tareas, como ocurrió en los casos de las pioneras estudiadas.
científica, y podemos afirmar que existen interacciones entre la En cuanto al hecho de haber decantado su vida hacia la prácti-
vida de una mujer y su producción científica. En cuanto al tipo de ca de la ciencia, constatamos que la familia ha jugado un papel deci-
interacciones, la respuesta obtenida ha sido plural y heterogénea: sivo: han tenido el apoyo y la comprensión de su padre/madre para
la vida y características de cada una de las mujeres científicas es estudiar y para elegir su carrera. La sensación de excepcionalidad
única e irrepetible, y existen múltiples formas de solucionar los se transmite solamente en las más antiguas, a pesar de que las más
problemas comunes. Sin embargo, del estudio se desprende que jóvenes estudiaron en clases en las que las chicas no representaban
existen unas condiciones de partida que favorecen el desarrollo más de un tercio del alumnado. También ha sido determinante la
de la carrera científica. Estos resultados nos reafirman en el inte- posibilidad de ampliar estudios en otros países, ya fuera con apoyo
rés por estudiar las biografías y trayectorias vitales como fuente familiar o gracias a las políticas de becas y subvenciones.
de conocimiento, y en particular como base para la elaboración En los relatos de las científicas entrevistadas destaca la impor-
de políticas encaminadas a impulsar la producción científica. tancia que han tenido las relaciones personales en el inicio y afianza-
Puesto que las científicas actuales investigadas son todas miento de sus trayectorias profesionales. Destaca el reconocimien-
ellas profesionales de éxito, puede decirse que sus circunstancias to explícito de las redes de relaciones que les han dado apoyo, tanto
vitales, los factores que nos han explicado acerca de sus vidas, si en los aspectos más vitales (lugar de residencia, idioma) como en
no son causa del éxito (nuestro estudio no es de causa-efecto) sí los estrictamente profesionales, que contrasta con la impresión de
que correlacionan con él: son factores que acompañan al éxito. self made man que transmiten otros relatos autobiográficos al uso.
De ahí su interés. Estos factores son: la legalidad y expectativas En concordancia, se manifiesta un esfuerzo por la prolongación de
242 243
sociales (mentalidad debida al contexto), la actitud de la familia estas redes hacia quienes empiezan actualmente sus carreras cientí-
(padre-madre), la salida al extranjero, la elección de una pareja ficas. La huella que estas científicas dejan no es pues solamente en
científica, el apoyo constante familiar en la vida cotidiana, y el ha- el ámbito de la producción científica directa, sino también en el del
berse dedicado a una ciencia o una rama de la ciencia novedosa. sostenimiento y engrandecimiento de la comunidad científica.
En relación con muchos de estos aspectos, las regularidades ex- También hemos constatado que se cumple lo que indican
traídas de las entrevistas realizadas configuran unos rasgos que, otros estudios históricos: que hay mayor probabilidad de que una
de acuerdo con los datos de que disponemos, muy posiblemente mujer científica destaque en un campo nuevo, donde se da una
compartirían las científicas de principios del siglo XX. menor competencia. En los casos estudiados: la rama de la óp-
En todas las científicas entrevistadas destaca su pasión por tica de Yzuel, el enfoque de la física de partículas de Rodrigo, el
la investigación, el enorme deseo de dedicar su tiempo a algo que estudio del envejecimiento de Fernández, o el estudio dentro de
les gusta y les satisface enormemente. Un tiempo que les cunde la neurociencia del papel de las células de la glía de Monzón, Gon-
zález de Mingo y Bovolenta, son avances en áreas de novedad, no BIBLIOGRAFÍA
son estudios clásicos. Lo mismo puede decirse de los estudios de
biología en los que participaron Genoveva Gail, Dina Scheinkin y ALCALÁ, Paloma. A ras de suelo. Situación de las mujeres en las institu-
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las científicas entrevistadas se han sentido reconocidas por haber _____; MAGALLÓN, Carmen. Avances, rupturas y retrocesos: mujeres
sido seleccionadas para este estudio. En algunos casos, el hecho en las ciencias experimentales en España (1907-2005). In: PABLOS, Ana
de haber sido entrevistadas ha transcendido a la prensa y ha teni- Romero de; SANTESMASES, María Jesús (Eds.). Cien años de política
do repercusiones positivas en su medio laboral. científica en España. Bilbao: Fundación BBVA, 2008. p. 141-169.
Finalmente, queremos reiterar que los rasgos comunes en- _____; BORDONS, María; CORTÁZAR, Maria Luisa García de; et al.
contrados constituyen solamente pinceladas de vidas todas ellas Mujer y ciencia: La situación de las mujeres investigadoras en el siste-
más complejas, ya que la riqueza de cada trayectoria de vida es ma español de ciencia y tecnología. Madrid: Fundación Española para la
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11
ÉLITES PROFESIONALES FEMENINAS
EL CASO DE LAS ACADÉMICAS Y LAS CIENTÍFICAS:
UN ANÁLISIS SOBRE EL BINOMIO GÉNERO&PODER

María Antonia García de León Álvarez

1. Preliminares
El género es uno de los pilares más vertebradores de todos los siste-
mas sociales. A escala individual, el género determina también todo
un modo de vivir la existencia humana, de tal manera que dentro de
un mismo sistema social podríamos decir que existe una cultura de
la masculinidad y una cultura de lo femenino.
En la actualidad, una vez quebradas las pautas tan marcadas
sobre el ciclo vital de hombres y mujeres en la sociedad tradicional,
uno de los problemas centrales que afectan a la configuración de la
estructura de la personalidad en las sociedades industriales y urba-
nas es el de la identidad.
Si ha habido un ámbito en el cual el gran cambio social ex-
perimentado en el mundo occidental en tantos aspectos, tras la Se- 251
gunda Guerra Mundial, que pueda calificarse de enorme, éste es el
relativo a la vida de las mujeres.
El proceso no está, ni muchos menos, agotado. Estamos ante
una identidad femenina fragmentada. De tal modo que en la socie-
dad actual se pueden contemplar a mujeres pioneras en distintos
moldes de vida social (vr.gr.: las primeras políticas, senadoras, etc.)
junto a las profesionales establecidas, las profesionales «juniors»
y, asimismo, mujeres con existencias bajo moldes precapitalistas y
«quasi» feudales.
Por conveniencias de espacio, no expondremos aquí en ex-
tenso el modelo teórico interpretativo en el cual hemos efectuado
el siguiente diagnóstico: se está produciendo un proceso de acultura- Criticamos a esa respuesta sencilla del sentido común en lo
ción de las mujeres desde el viejo modelo cultural femenino («el ama que etiquetamos como “el efecto temporal”. El factor tiempo “per
de casa») hasta el nuevo modelo cultural femenino («las profesio- se” no cambiará las cosas. Debe ser ayudado y corregido por con-
nales»). Por ello, todo cuanto se analice en este campo debería llevar troles y medidas “ad hoc”. Ello por las siguientes evidencias: 1ª) el
el rótulo «atención arenas movedizas». Tal es la sensación y realidad grado de desarrollo de un país y su trayectoria sociohistórica, no
de estar nosotras mismas inmersas y siendo protagonistas de este in- correlacionan con el grado de poder de sus mujeres, no guardan
tenso cambio social. una proporción lógica. En este sentido, el “ranking” al respecto, en-
Si la situación social de las mujeres en la actualidad es frag- tre países con sociedades avanzadas no refleja grandes diferencias
mentada, asimismo lo son los móviles por los que se ha llegado a ella: como cabría esperar. 2ª) El flujo de nuevo capital humano femenino
la resistencia de las mujeres a la femineidad convencional ha sido un que aporta efectivos formados iguales a los masculinos, refleja, pa-
arma de cambio (Evans: 1998) pero también el Mercado, la mera radójicamente, no llegar a logros profesionales proporcionalmente
modernización sin más autoconsciencia, ha sido otra vía de producir igualados o equilibrados con el éxito que alcancen los hombres. 3ª)
mujeres alejadas de la dinámica social tradicional impuesta al género La carrera profesional que deben seguir hombres y mujeres está di-
femenino. señada en principio en abstracto, pero, de hecho, desde la lógica
Este acelerado cambio social por género ha tenido y tiene su y necesidades masculinas, las cuales perjudican a las mujeres y, en
traducción en el plano del pensamiento y de la producción del co- conjunto, a la sociedad. No tiene en cuenta el hecho de la materni-
nocimiento que se ha visto forzado a afrontar todo ello súbitamente. dad que es un asunto personal pero también social (vr.gr.: como ha
Así, desde unas Ciencias Sociales, en general, ciegas a todo análisis demostrado la imponente bajada de la natalidad española). 4ª) El
por género, que tenían entronizada la clase social como explicación mero “efecto temporal” no evitará la clara división del trabajo por
«quasi» total de unos sistemas sociales pensados (por puro andro- género que se advierte en la realidad: los efectivos femeninos se in-
centrismo) como asexuados bajo la égida del universal Hombre / corporarían bajo moldes de género al mercado profesional.
Humanidad, se ha pasado a unas Ciencias Sociales en las cuales se Todo lo anterior demuestra la necesidad de una especie de
considera imprescindible o ineludible el análisis de género. “intervenciones quirúrgicas de género” que sobrepasen y potencien
Todo ello ha originado una nueva literatura especializada, su- el que llamamos crítica e irónicamente el efecto temporal.
mamente vital y brillante, pero, asimismo, un magma de tópicos que
252 1.2. El halo de la domesticidad 253
se arrastran cual bola de nieve, engrosando los escritos sociológicos,
una vez tras otra sin ser revisados. Destacaremos sólo los siguientes Las responsabilidades familiares, «cargas» u obligaciones, como
«ad exemplum». se las quiera llamar, se comportan como puntos ciegos, sumideros,
que indefectiblemente se adjudican a todas las mujeres, reificándo-
1.1. El llamado efecto temporal las en una arquetípica y ya inexistente condición femenina. Y no
La respuesta espontánea y común en nuestras sociedades avanzadas, digamos, cuán distante queda dicha «condición» si estamos obser-
al problema de la escasez de mujeres en las esferas del poder, es: el vando a elites femeninas (García de León: 1982). Hay una especie
tiempo lo remediará. Los datos demuestran que no es así. Hay un de perspectiva victimista que esencializa la condición femenina (vr.
cierto estancamiento en muchas áreas científicas y el ritmo temporal gr.: cuestionarios a mujeres profesionales que casi exclusivamente
de incorporación de las mujeres a puestos de responsabilidad profe- les preguntan por hijos, servicio doméstico, etc., y no tanto sobre
sional es lento y está lejos de alcanzar la deseable paridad de género. el trabajo). Funcionan dichos análisis según moldes mentales de la
ideología dominante: mujer igual a cargas familiares. Contra ello, tual) y romper las falsas imágenes provocadas por la gran afluencia
el análisis sociológico deberá cribar lo que denominamos el efecto de universitarias: pensar que la Universidad es ya un universo con-
halo de la domesticidad, un obstáculo al conocimiento en el análisis quistado para la igualdad. Por el contrario, esa gran clientela feme-
por género. Mejor, pensar en cargas familiares según clases socia- nina de la institución (a diferencia de la menor clientela femenina
les. Al límite, tener cargas familiares es no tener profesión, ser ama de sindicatos y partidos) subraya la injusta e injustificada razón de
de casa (hay quienes quieren considerarla una profesión) y, mucho la existencia de un poder académico-androcéntrico. Así pues, viven-
menos, tener una profesión de elite, como las mujeres profesionales ciamos una Universidad contradictoria y paradójica por razón del
que nos ocupan. Éstas se liberan de las llamadas «cargas» en el no género, es decir, feminizada pero no feminista.
inspirado lenguaje estadístico, por un doble flanco de condiciones Trazar la homología entre el campo político y el campo aca-
especiales: o bien son solteras sin hijos y/o bien son mujeres con un démico podría ser de un gran valor heurístico por múltiples razo-
alto nivel social que desplaza las llamadas cargas a agentes especiali- nes, entre las que se encuentran las siguientes: 1ª) El denominador
zados: empleadas del hogar, colegios, etc. Todo evidencia que para común que reflejan las elites femeninas en sus datos biográficos,
profundizar en el conocimiento habría que construir tipologías fe- en sus ventajas y obstáculos para su acceso a los puestos de poder,
meninas, incluso dentro de un mismo campo profesional. más allá de las singularidades del campo: Vid. Bourdieu y su teoría
de los campos. 2ª) La ya mencionada acumulación de conocimien-
2. Una comparación relevante: políticas y científicas to en el campo político, sobre el tema de Género y Poder, dada la
La revisión de todas las esferas de la vida social y de cada una de impuesta primacía temporal de los problemas de las mujeres pro-
sus instituciones es un objetivo socialmente compartido tanto por fesionales en él.
mujeres como por hombres progresistas. Es el campo de la política Todo parece indicar que la institución universitaria no hu-
en el que primeramente se abrió el fuego. Primacía que responde a biera sido impelida a compartir su poder con las mujeres que en
razones inherentes a la lógica de dicho campo, o lo que es igual, a la ella trabajan, ni mucho menos haberse propuesto este reto delibe-
necesidad de representación y legitimidad ante un electorado com- radamente y “per se”, cosa que hubiera podido hacer acorde con su
puesto en su mitad por mujeres y, en general, respondiendo a nece- pretendido talante liberal.
sidades de funcionamiento del “establishment”. Dada esta dinámica Parece como si la institución (el poder académico) hubiera
temprana en el campo político, ya tenemos construida una pequeña vivido agazapado y en silencio, sin plantearse ninguna existencia
254 255
historia y, subsecuentemente, ya contamos con un “corpus” teóri- a este respecto, y asimismo sin serle planteado ningún cuestiona-
co de calidad, pujante y en continua actividad creativa, al igual que miento. Por decirlo expresivamente: letargo por arriba y letargo
continuo y acelerado es el cambio de la realidad social. De ahí que por abajo, es decir, desde las bases o usuarios/as de la Institución.
a nuevos actores sociales, nuevos temas de investigación social, es Ninguna exigencia, ninguna petición de cuota (qué gran hetero-
decir, la estrecha relación y revitalización entre la construcción de la doxia hubiera sido plantear la cuota académica, al igual que en su
realidad social y la construcción de la producción intelectual. día se elaboró la política compensatoria que supone la cuota po-
Es en este sentido que proponemos la revisión de la institu- lítica). Calma chicha en la mar académica, dicho sea en el argot
ción universitaria, ya que es una de las instituciones con un poder marino. Se había conseguido tanto: sólo se hablaba del irresistible
androcéntrico más persistente, en sorprendente paradoja con su ascenso de las mujeres universitarias. Mientras el poder académico
llamado talante liberal. De ahí que la crítica sea obligada. Se trataría, permanecía, y permanece, casi incólume a cualquier reparto por
una vez más, de investigar a la contra (el “quid” del oficio intelec- género, aunque fuera guardando una cierta desproporción en los
porcentajes entre hombres y mujeres con cargos académicos, dada Es en este sentido que proponemos la revisión de la institu-
la trayectoria histórica de la universidad al respecto. ción universitaria, ya que es una de las instituciones con un poder
androcéntrico de lo más persistente, en sorprendente paradoja con
2.1. Una comparación interesante: datos internacionales su llamado talante liberal. De ahí que la crítica sea obligada. Se tra-
Sólo un breve apunte: las élites profesionales femeninas reúnen taría de romper las falsas imágenes provocadas por la gran afluencia
un elenco de características que forman un denominador común, de universitarias: pensar que la Universidad es ya un universo con-
dicho en términos generales; de este hecho hemos realizado múl- quistado para la igualdad. Por el contrario, esa gran clientela feme-
tiples comprobaciones, tanto a nivel internacional, como a nivel nina de la institución (a diferencia de la menor clientela femenina
de los distintos sectores de actividad en que pueden destacar1. No de sindicatos y partidos) subraya la injusta e injustificada razón de
nos detenemos ha analizarlos aquí (por falta de espacio) y remi- la existencia de un poder académico-androcéntrico. Así pues, viven-
timos a la bibliografía especializada, incluida al final. Sólo indicar ciamos una Universidad contradictoria y paradójica por razón del
lo siguiente: a través de dos flancos le vienen estas características género, es decir, feminizada pero no feminista. Igualmente esta re-
comunes (que llaman la atención observar similares en las más visión y crítica es aplicable a las instituciones científicas.
diversas latitudes geográficas y socio-históricas)primero, son ca-
racterísticas “per se”, por su condición de élites y apoyadas en el 4. Profundizando el conocimiento. Las aportaciones del enfo-
poder y su férrea reproducción social; segundo, son características que biográfico
ligadas al sistema patriarcal que es un universal y por tanto, iguala
a estas élites femeninas, hace similares sus peculiares estructuras 4.1. ¿Quiénes son? Una visión al pasado
familiares, como destacaremos en este texto al hablar de sus datos Toda anomalía debe ser explicada. De este modo se procede en el
biográficos. terreno científico, ya sea en el campo de la medicina, de la bioquími-
ca, de la física o en cualquier otro que se vea concernido. En nuestro
3. El poder académico y científico como poderes androcén- caso, tratamos de explicar, desde las Ciencias Sociales, la anomalía
tricos histórica y social que significa el caso de las primeras élites profesio-
Dejando a un lado matices, se puede afirmar que respecto a un nales femeninas. Sin embargo, estas mujeres, aun siendo pioneras y
256 equilibrado reparto del poder entre hombres y mujeres académi- minorías, se han producido en tal número, y sobre todo apuntalan- 257
cos y/o científicos (es decir la Universidad o el campo de la In- do tal tendencia social a un incremento de futuro que no pueden ser
vestigación) ambos ámbitos el universitario y el científico, se com- catalogadas como “excepciones”.
portan de igual manera. De tal modo que igualmente podríamos Estudiamos a mujeres profesionales, cuyas edades están
decir poder académico = poder androcéntrico que poder científico comprendidas entre los cincuenta y setenta años y cuya actividad
= poder androcéntrico, y en suma, en ambas instituciones destaca profesional se ha desarrollado plenamente desde los años ochen-
la existencia de un poder ejercido y controlado casi en solitario por ta, siendo significativo desde el punto de vista histórico que sean
los hombres y, lo que no es menos importante, desde su particular la primera rectora, las primeras catedráticas de su especialidad, las
perspectiva masculina de la realidad. Veamos la evidencia de los primeras académicas de su área de conocimiento, etc.
datos: tanto catedráticas como profesoras de universidad, la más En suma, hemos hablado de anomalía, la pregunta obligada
alta jerarquía que las mujeres pueden alcanzar en sus respectivas sería: ¿qué era lo normal? ¿la norma? Pues bien, las élites profesio-
instituciones, están prácticamente igualadas en su escasez. nales femeninas son anomalías porque lo normal en la sociedad pa-
triarcal en que nacieron, se socializaron y han forjado sus carreras Nuestro diagnóstico es el siguiente: para que una mujer pu-
profesionales, era la mujer no profesional, o dicho de otro modo, la diera abrirse camino hacia una profesión superior en cualquier
mujer profesionalizada en las tareas familiares: el ama de casa. Y en sociedad tradicional patriarcal se tuvo que producir un significati-
otro plano de lo real, la norma eran las mujeres sin poder (profe- vo proceso de sobreselección social, más intenso que la selección
sional). Esta dialéctica entre norma-anomalía, o si se prefiere en- social que muestra toda biografía de élite (y, en concreto, las de
tre lo general y la excepción, tal vez explique, como telón de fondo nuestro elenco de hombres periodistas y catedráticos de universi-
histórico, aspectos de su condición de élite, su mérito y su demérito, dad que veremos en sus respectivos capítulos). Ello en el terreno
en términos de estructura, no aludimos aquí a personas ni a psico- de lo social. Pero la fortaleza de la negación de un mundo profe-
logías individuales. sional a las mujeres fue tal, que provocó, además de la mencionada
El enfoque biográfico es una aproximación emergente para el sobreselección para que dichas mujeres pudieran alcanzar el éxito
estudio de la realidad social, pese a su dificultad, debida, entre otros en sus profesiones, el siguiente hecho: que fuese una sobreselección
factores, a este nuevo fenómeno: “el cambio radical de los procesos muy cualificada, es decir, familias no sólo con riqueza, sino fami-
de individualización de las biografías. Las historias personales son lias ricas y cultas. Por si todo ello no bastase (y no bastaba dada la
cada vez más difíciles de tipificar. Los individuos siguen hoy cami- fortaleza del patriarcado) debieron contar con padres muy especia-
nos que no se dejan captar en ninguna de las categorías tradiciona- les: padres no solo singulares por su riqueza (económica y social)
les”. Esta puede ser una de las dificultades actuales del tratamiento y por su riqueza cultural, sino padres sobre todo singulares por su
de los materiales biográficos, pero que encierra, a su vez, una de las sensibilidad hacia las mujeres, padres liberales y hasta “feministas”
razones de su uso creciente: la ruptura del curso biográfico tradicio- (“avant la lettre”). Unos lo fueron por principios, otros inicialmente
nal, molde vital férreamente trazado para todos los estratos sociales forzados por un significativo destino familiar: ser patriarcas de so-
y, dentro de ellos, para sus hombres y mujeres, con el consiguiente roridades, es decir, familias que no tuvieron primogénito, familias
rechazo social y punición a la desviación de dicho molde. con una especial composición femenina, de tal manera que el padre
Los materiales biográficos de las élites profesionales fe- se vio obligado por las circunstancias a pensar en los destinos de
meninas que aquí trabajamos, tienen, además del interés de todo sus hijas, o a trasladar de buen o mal grado el diseño profesional del
material de estudio, la importancia añadida de ser vidas en transi- “heredero” que no tuvo, a sus hijas.
ción, es decir, cursos vitales con un componente tradicional fuerte Se ha teorizado largamente sobre los capitales social, econó-
258 259
(componente de pasado) presto a ser alterado, cambiado, por un mico, simbólico, cultural y escolar de las personas, pero no se suele
componente nuevo y de cara al futuro. Nuestras mujeres, objeto de hablar de un hecho esencial para su funcionamiento como persona
estudio, son mujeres en transición. Ellas mismas manifiestan tener adulta: el suelo psíquico sobre el que ha crecido, o lo que podría-
consciencia de su propia coyuntura histórica. Veámoslo en estas mos llamar su capital afectivo. Sin embargo, este “input” es funda-
declaraciones: mental en cualquier biografía, y se pone claramente de manifiesto
en las de nuestras entrevistadas como una importante socialización
“Somos una generación puente. Estamos en el momento de hacer cua-
tro cosas a la vez. No podemos ser débiles” (Catedrática, 55 años). en patrones profesionales para las hijas primogénitas y/o únicas en
las familias sin descendencia masculina.
“Somos un modelo. Cuando yo estudié en EE.UU. ya existían tres generaciones de Es asimismo destacable que, en muchos casos, sus familias
mujeres académicas. Ahora nosotras somos las donadoras del saber” (Catedráti-
ca, 53 años). componen una especie de matriarcado, o lo que es igual, padres que
no tienen hijos varones, o bien, que ellas son las primogénitas, po-
sición muy significativa en la constelación de hermanos/as como nospreciando toda consideración de género y lejos de toda cons-
ha sido puesto de manifiesto por diversas investigaciones. De este ciencia histórica. Asimismo, tendencia de esas mujeres a no ahorrar
modo, son fácticamente, muchas de ellas, las herederas, con un des- a las otras mujeres los esfuerzos que ellas mismas han tenido que
tino socioprofesional que se ha cargado de la energía de un padre desplegar para llegar al puesto de responsabilidad donde están, in-
que no ha tenido hijo varón en quien depositarla. cluyendo también la tendencia a sacar gloria y beneficio del hecho
de ser tan pocas las de su sexo, en su ámbito. Por último, tendencia
4.2. ¿Qué hacen? Una visión de presente de estas mujeres a disociarse de su sexo y a no ser solidarias con los
“Tenemos una identidad provisoria”. Parte sustancial del poder es problemas de la mayoría de las mujeres.
poder (en esta deliberada redundancia) controlar cómo los demás Las mujeres solidarias, por oposición a la anterior categoría,
nos ven, y esto se nos escapa a las mujeres, no lo dominamos. Aún tendrían consciencia histórica de su identidad de género y conver-
pesa mucho el género: tal vez ser estimada como una posible “presa tirían su privilegio (v. gr.: ser una mujer profesional de élite) no en
sexual”, o simplemente, ser vista como una hembra2. crear y aumentar la distancia social, sino justamente en lo opuesto:
Más allá de toda “moralina”, en la arena pública actual hay el gozo de poder tener y por tanto poder repartir, estar en condicio-
mujeres con una clara reluctancia hacia el poder y otras decididas nes de ayudar. Un privilegio es para dar, sitúa en el deber social de
a entrar en él. En ambos casos, las razones y los discursos han sido dar, podrían pensar desde esta postura.
ampliamente sopesados y sometidos a reflexión y análisis. Preguntas relevantes podrían ser las siguientes: ¿Hay un lide-
Las primeras, las que se muestran distantes hacia el poder, o razgo femenino en la actualidad? ¿Cuáles son las condiciones de ese
más exactamente, a un poder con reglas “tramposas” en tanto que liderazgo para existir? ¿Cómo se pueden ayudar las mujeres?
desequilibradas para las mujeres (como hemos visto con las redes De cara a medidas y, en general, de cara a promover cambios
informales y la irresponsabilidad masculina hacia la familia) pue- sociales, sería de interés evaluar qué papel social están jugando las
den tener dos posturas: la denuncia explícita, o bien lo que es más élites y, concretamente, las élites femeninas respecto a la elimina-
común, la no participación, denuncia tácita, que tiene visos de pasi- ción de la discriminación de género. ¿Están deliberadamente ayu-
vidad pero sobre todo es fruto de un sabio realismo ante unas reglas dando a acelerar un cambio social? ¿Obstaculizan dicho cambio
del juego en las que ellas no han participado. Un motivo más para para mantener la distinción y/o el elitismo? ¿Están en sus posicio-
tildar al juego del poder tramposo por motivos de género, aparte de nes como un peso muerto, inerme, simplemente haciendo núme-
260 261
otros motivos sobradamente conocidos y más allá del género. ro? ¿Ejercen un liderazgo social o se comportan con el más craso
En el otro extremo, las mujeres que se introducen en el juego individualismo? ¿Las otras mujeres apoyan su liderazgo, lo recono-
del poder (aun a riesgo de esquematizar) pueden tener dos pos- cen en caso de tenerlo, o bien, obstaculizan, si pueden, su posición
turas: o bien estar bajo el llamado “síndrome de la abeja reina”, y preeminente? Estas cuestiones relevantes tendrían tal entidad pro-
vivir su condición de élite desde el elitismo y la distancia, o bien una pia para ser el punto de partida de una nueva investigación.
postura solidaria, consciente de la opresión femenina y del esfuerzo En síntesis, como indicábamos al inicio, hay que tratar de
colectivo por erradicarla. Veámoslas. estar más allá de todo maniqueísmo o simplificación. El grado de
Las abejas reinas, o una forma de etiquetar a algunas muje- complejidad del cambio social por género hace que rápidamente
res que han alcanzado ciertas posiciones en áreas tradicionalmente las categorías de trabajo (v. gr.: mujeres profesionales) queden
dominadas por los hombres, que muestran las tendencias a sentir como categorías muy generales. La creciente especialización de la
que lo han hecho individualmente y por sus propios méritos, me- realidad de las mujeres, fragmenta la condición femenina y especia-
liza asimismo los Estudios de Género que sobre ella versan, requi- servicios de bienestar. En contraste, los hombres parlamentarios
riendo la construcción de tipologías femeninas, incluso dentro de pasaban más tiempo en actividades de partido, especialmente en
un mismo campo (vr.gr.: las mujeres políticas). Todo ello adobado reuniones informales con otros miembros y en las reuniones del
con la celeridad de un cambio social imponente. grupo parlamentario. Además, los hombres pasaban más tiempo
en debates mientras que las mujeres preferían el trabajo en co-
4.2.1. Obstáculos externos misiones especiales. Así pues, reuniones informales, debates, o
(a) El ceremonial masculino o el juego de lo serio. similares, es decir, el estilo y lugares clásicos de la masculinidad.
Tantos siglos de ágora, foro o casino son difíciles de olvidar por el
Numerosas investigaciones están recogiendo la queja de las mu-
inconsciente histórico varonil.
jeres profesionales sobre el dispendio de tiempo de sus colegas
Sumamente aclaratoria de estos aspectos que estamos ana-
varones en reuniones interminables en las que subyace velada-
lizando es la didáctica obra de V. Camps (1998) que resume los
mente, no la eficacia, sino la lucha simbólica, de ver quién dice la
siguientes tres rasgos arquetípicos del comportamiento masculi-
última palabra o pone la última coma, por poner un ejemplo, ya
no en el campo de los partidos políticos, pero, a nuestro juicio,
que el juego del «hacha de silex» ha periclitado. Igual dispendio
extrapolables a toda organización con hegemonía masculina, y
de tiempo (o ganancia de tiempo en su carrera al poder) hacen los
qué duda cabe, a las empresas en general, como indican una y otra
hombres en la «política de pasillos», «restaurantes», etc. desde
vez nuestras entrevistadas. Los mencionados tres rasgos son: “or-
la óptica femenina. Tal vez, autoexculpados en su mayor parte de
ganizacionismo” (perderse en la organización que es una forma
las responsabilidades de la vida familiar y doméstica.
de perderse en el mundo) “formalismo” (el discurso hueco, las
Glosemos estos extremos importantes y, cada vez, más
reuniones interminables) y “la media verdad”.
puestos en evidencia con algunos ejemplos de otros campos,
En dichos extremos, abundan las críticas de las participan-
concretamente el de la política. M. Aubry (ex-ministra francesa)
tes de un grupo de discusión de alta cualificación (incluye medios
señalaba: «En la política como en el resto de esferas las muje-
de comunicación) al igual que parte de los sujetos de nuestra in-
res molestan porque dicen lo que piensan más fácilmente y más
vestigación. De ahí que sea de interés incluir esta cita. Sus opinio-
directamente. En un medio en que la gente pasa mucho tiempo
nes trascienden las características de su empleo para cuestionar la
divagando, eludiendo las cosas, mejorando las relaciones entre
organización del trabajo, provista de una racionalidad del tiempo
262 unos y otros, es verdad que las mujeres molestan porque no du- 263
despilfarradora: “Como no hay otros tiempos en los que pensar, las
dan en plantear los debates mientras que los hombres dudan ha-
reuniones se extienden a lo largo del día, ellos no saben en qué emplear
cerlo para no crear oposición». Asimismo, P. Norris analizó las
su ocio”. Su crítica, como expone Murillo: “proviene de las formas
actividades parlamentarias de hombres y mujeres de la Cámara de
y condiciones que adopta el mercado de trabajo. La sujeción a
Comunes británica, encontrando grandes diferencias de género
una jornada intensiva ofrece el asidero a dos juicios de valor com-
respecto a las tareas que consideraban principales en su calidad de
plementarios. Por una parte, el miedo a travestirse en una cade-
miembro del Parlamento: las parlamentarias británicas dedicaban
na de semejanzas con el prototipo de varón trabajador, cuando
bastantes más horas al trabajo relacionado directamente con los
disponer de otros modelos de gratificación (la vida familiar o las
electores o con su circunscripción y, además, se daba un contras-
aficiones personales) implica desprenderse de una identificación
te muy grande en las horas dedicadas a casos concretos, ayudan-
con la cultura de la competitividad y el ejercicio de la profesión.
do en problemas individuales como vivienda, servicios sociales y
Horizonte predominante en la actividad viril. Y, por otro lado, en
ningún momento el grupo dejar de reconocer las contrapartidas: política y social a través de la cuota tácita que practican los partidos
el ejercicio de la autonomía que conlleva un empleo muy bien re- políticos que introducen a mujeres en los más altos puestos sin re-
munerado”. currir a la denominada discriminación positiva, a la que son refrac-
Abundando en lo anterior, podríamos decir que el ceremo- tarios, aunque de hecho la practiquen.
nial masculino, implícito en el juego del poder cuyos actores por Hay normas sociales no escritas pero tan poderosas como si
excelencia son los hombres, es visto desde la visión de género de lo estuvieran. En la sociedad rural, por ejemplo, la hora de “la parti-
las “outsiders” y dominadas, las mujeres, no tanto ya como el rey en da” (de cartas, de dominó, etc.) eran, y aún hoy son, horas mascu-
camisa, sino como “el poder en camisa” y cualquiera de sus rituales linas con sus respectivos espacio y tiempo circunscritos, no trans-
y boatos como juegos de artificio en los cuales de lo que se trata au- gredidos por las mujeres. Ese no compartir y no transgredir parece
ténticamente, más allá de la apariencia, es de afianzar exclusivamen- seguir existiendo aún en los ámbitos más racionalistas e igualitarios
te la identidad masculina, la cual básicamente se confirma y tiene como pudiera ser a primera vista el mundo de la Universidad.
sus asideros más firmes en la lucha y la competencia. Pasamos a dar Por último, nos parece casi deliciosa la candidez con la que
cuenta de algunas muestras de estas luchas. expresa esta alta profesional del periodismo, la persistencia de uni-
(b) El efecto de “el viejo club de los muchachos” versos masculinos aparte, que desde luego están más acá y más allá
del carácter amistoso, lo traspasan (lo “trufan” casi podríamos de-
El sistema de poder informal es el poder que se mueve en la sombra y cir) con intereses profesionales, políticos, académicos, o de cual-
se complementa con unos poderosos mecanismos, los cuales obtie- quier índole, pero a fin de cuentas intereses, no mero altruismo o
nen su fortaleza de ser la mayor de las veces inconscientes, propios simple amistad:
del androcentrismo y de sus prácticas anexas en nuestra cultura. “Hombre, yo creo que de todas formas sí que influye que los hom-
“The Old Boys Club” es una expresiva etiqueta del feminis- bres se reúnen entre hombres y están más confiados”.
mo anglosajón, para denunciar la sistemática recurrencia masculina Es en esa zona-atmósfera del “estar más a gusto”, “estar más
a recurrir (valga la redundancia) a hombres, antiguos conocidos, confiados”, en la que se introducen las discriminaciones ocultas más
para repartir entre ellos nombramientos, cargos, en suma, poder. sofisticadas, en muchos casos inconscientes. Se producen contra la
De esa forma han sido evidenciados, criticados y sacados a la luz mujer “quasi” sistemáticamente y contra los hombres no poderosos
dichos mecanismos en los que la antigua amistad masculina acude por otros motivos. Ese “estar más a gusto”, es muy humano, pero
264 por norma al viejo amigo, en nuestro caso, al amigo del bachillera- 265
para la amistad, no para ponerse en el desfiladero de transgredir las
to, al compañero del Colegio Mayor, Residencia u otros espacios normas de igualdad entre hombres y mujeres que nuestras socieda-
sociales para cooptarlo y repartir con él parcelas de poder. Son me- des se han otorgado a sí mismas.
canismos “humanos demasiado humanos”, basados en una realidad
de un mundo segregado de hombres y mujeres que no obedece ya (c) La situación de tribunal: una situación desigualitaria y desfavo-
a las pautas de la sociedad actual, por lo cual ha sido necesario esa rable para las candidatas femeninas en general
especie de intervención quirúrgica que ha sido la “cuota” y en la ac- Situándonos en un nivel crítico hacia la institución universitaria, es
tualidad lo es “la paridad”, medidas de discriminación positiva, para obligado citar el excelente ensayo titulado significativamente «La
que realmente tome cuerpo también en los aspectos de género esta tribu universitaria»3. En él, A. Nieto analiza (y con gran conoci-
nueva sociedad creada. “Sexismo igual a democracia imperfecta”, miento de causa, puesto que es un personaje que ha vivido de lleno
se ha escrito. O bien ha sido necesario ganar mucho en sensibilidad el poder académico) la universidad (en este caso la española, pero
creemos que generalizable a otros ámbitos), su carácter «quasi» nos están igualados, no obstante, los hombres siguen obteniendo
feudal, reinos de taifas en permanente guerra de banderías. Es muy las mayores y mejores ventajas profesionales, los mejores pues-
difícil, obviamente, a alguien que viva como un sujeto autónomo, tos de dichos círculos, y las mujeres sean en ellos élites discrimi-
libre de grupos, prosperar en ella. En suma, habría que criticar po- nadas. Por ejemplo, ante unas pruebas profesionales (oposición
líticamente y también desde el feminismo (por intereses de polí- a cátedra) un hombre llevará sus conocimientos + el excedente
tica feminista) el estado, podríamos decir, de no modernidad, de de valoración masculina que lo dota de autoridad, y una mujer,
irracionalidad que preside la institución en sus más altos niveles de por contra, llevará un déficit de valoración + una ilegitimidad his-
cara al reparto y ejercicio del poder. Este estado de irracionalidad tórica en esa práctica. El excedente de valoración masculina que
de la universidad es doblemente perjudicial para las mujeres. Como ha acumulado el candidato hipotético (por el mero hecho de ser
regla general, podemos decir que a las mujeres les favorece la trans- un hombre) y, sin embargo, le falta a la candidata, funciona en
parencia, por lo siguiente: la falta de transparencia es doblemente varias vertientes: 1ª) la diferencial socialización masculina, ya le
perjudicial como mujeres (género) y como dominadas (sujetos sin ha ido proporcionando desde la infancia esa valoración superior
poder). Es decir, en un campo con grandes dosis de poder, las mu- y subsecuente autoridad; 2ª) cualquier tribunal profesional está
jeres, al no tener poder por lo general, por tanto no van a tener la compuesto casi en su totalidad por hombres, produciéndose así
posibilidad de influenciar o intervenir en el comercio de favores que una afinidad de pautas culturales entre examinado y examinado-
obtener una cátedra conlleva o puede conllevar. res; y 3ª) el hecho de ser varón el candidato, le dota «per se» de
Los hombres, como tales hombres, no pagan tanto precio autoridad, lo acrisola en su rol, mientras que la situación novedo-
como la mujer en el escenario universitario. En primer lugar, por- sa que constituye una mujer en situación de examen profesional,
que están socializados en la brega de la dureza de la lucha por el en el mejor de los casos, produce curiosidad, sorpresa, duda, que
poder; en segundo lugar, porque tienen el apoyo de una sociedad incluso a veces puede jugar a su favor por el valor que se le puede
patriarcal, y, en tercer lugar, porque por definición los hombres acordar a lo exótico, pero, sin embargo no produce una situación
suelen reunir más poder que las mujeres, las cuales suelen tener un neutra o el automatismo de autoridad que crea por sí misma la
poder o influencia indirecta (ser la mujer de ..., la cuñada de ... etc.). violencia simbólica que acompaña a la masculinidad.
Por tanto, la negociación femenina para obtener poder es mediada La ruptura del criterio meritocrático (igualdad, objetividad,
y, en suma, más débil. En nuestra opinión, aquí radica el “quid” de etc.) parece producirse en el ámbito universitario, y muy espe-
266 267
una de las más importantes desventajas femeninas: la falta de poder cialmente en las pruebas que suponen las oposiciones a cátedra, a
o su posesión en menor grado. Es decir, enfatizamos que se trata de juzgar por los bajísimos porcentajes de: 1º) mujeres que llegan a
un problema de poder, y no tanto de un problema de socialización, tal tipo de oposición, y 2º) por los bajísimos porcentajes de logro
argumento sumamente empleado y que, aún siendo cierto, es débil en ellas.
y remite la causa a la infancia, dando la sensación de un cierto fata- La meritocracia implica un discurso y juego social desde
lismo. Socializarse en la competitividad, y hasta en la agresividad, es la perspectiva de la dominación, ampliamente criticado por una
factible. Tener o poder es difícil, choca frontalmente con las cons- literatura sociológica ya clásica. Ahora bien, aun admitiéndola,
tricciones del mundo social, o de lo real en general. es un juego social que quiebra significativamente en el ámbito
Pongamos un ejemplo relativo a las reglas del juego académi- universitario, por su “clanismo”, o lo que es igual un poder con
co mencionado. Habría que explicar cómo en círculos de alta cua- rasgos “quasi” feudales (vasallaje incluido). Prueba de ello es que
lificación profesional, donde los «curricula» masculinos y femeni- en ámbitos donde las oposiciones guardan unas reglas y contro-
les racionales y asépticos a grupos de presión, las mujeres triunfan. (b) Virtudes femeninas / irresponsabilidad masculina
En las oposiciones en que sólo se trata de ser “buenas y brillantes Hay más factores que influyen en ese ejercicio desigualitario del po-
estudiantes” (esfuerzo, trabajo, mérito) las mujeres se presentan y der por género: la desventaja femenina se convierte abusivamente en
triunfa, mientras que en oposiciones donde priman las relaciones de correlativa ventaja masculina. De esa injusta asimetría da cuenta ese
poder (por excelencia, las oposiciones a cátedra de universidad) las reconocer, por parte de hombres profesionales (sin embargo no ha-
mujeres ni se presentan, o se presenta el reducido número de las éli- ciéndose más problema) las carreras truncadas de sus mujeres. Más
tes femeninas, es decir, una forma más de desigualdad (frente a hom- allá de psicologías personales y sin “moralina”, es fácilmente aquila-
bres y mujeres) y una discriminación para ellas mismas y, por último, table los “inputs” que el sistema patriarcal ha otorgado a las carreras
claro exponente de una discriminación general por género, ya que la profesionales de nuestras élites profesionales masculinas, y específi-
inmensa mayoría de mujeres no reúnen esa condición de élite y sus camente los “inputs” que sus mujeres “voluntariamente”, es decir, si-
minoritarios “inputs” biográficos. guiendo las reglas socializadoras del sistema, les han proporcionado.
4.2.2. Obstáculos internos En síntesis, la sociedad patriarcal ofrece a los hombres por
propia definición de lo que es tal sociedad, unas coordenadas exce-
(a) La lucidez de las excluidas lentemente ventajosas para desenvolverse en el ejercicio del poder,
Volvamos de nuevo al anterior testimonio citado y su descripción- las cuales son diametralmente desfavorables para las mujeres. Las
vivencia del ejercicio del poder por parte de los hombres de su profe- condiciones de género en relación al poder son el cóncavo y convexo
sión. Sobre este eje del poder, la mirada femenina se comporta como de una superficie: donde hay un rasgo se produce indisolublemente
la mirada de «el Otro», como si perteneciera a otra cultura, de ahí otro igual pero de signo distinto. Así, en los últimos testimonios de
que todo parece indicar, dicho con la archiconocida frase: “las muje- los profesionales que hemos dado, hombres favorecidos por sus es-
res han visto al rey en camisa”. Y lo que es más: se han decepcionado. posas, la ocupación a la familia por parte de la mujer, supone una gran
Es la mirada limpia e inteligente, que da la distancia de quienes no ventaja para el hombre y asimismo una gran desventaja para la mujer
están en el juego. Y, al tiempo, es la mirada torpe de las no iniciadas. que lo hace, desde la perspectiva de la trayectoria profesional.
La lucidez de las excluidas, al menos entre las mujeres profesio- Virtudes femeninas versus irresponsabilidad masculina, e in-
nales que tienen constantemente el elemento masculino comparativo cluso desfachatez masculina, podría decirse, sin faltar a la realidad de
268 en su práctica laboral cotidiana, ha puesto de manifiesto recurrente- los hechos, pero no es nuestro deseo o estilo caer en una especie de 269
mente cómo la masculinidad “per se”, en un mínimo contexto pro- “fundamentalismo feminista”, sabemos que la realidad social y hu-
fesional donde ello sea posible, goza de unos privilegios meramente mana es muy compleja. Un pensamiento en blanco y negro (como
simbólicos (injustamente diferenciales y en detrimento de los de las cualquier fundamentalismo lo es) poco matizado, se mueve entre
mujeres, aunque sólo sea porque afecta a un mundo de recursos y ambos polos, cuando lo que más abunda en la realidad es el inmen-
puestos escasos) como simbólico es también el ceremonial con los so continuum de la banda de los grises. Tras esta metáfora cromática
que la masculinidad los hace valer. Veámoslo de una forma palmaria podríamos interrogarnos: ¿virtudes femeninas? A veces incapacidad,
en el testimonio de esta mujer profesional: frustración, etc. En cualquier caso, conductas las de las esposas-espo-
sas, por así llamarlas, que no han puesto en práctica sus estudios ni
“Sí, sí, yo creo que un hombre mediocre tiene bastantes más posibilidades de éxito
que una mujer dedicada a lo que hace, con igual o doble de competencia profesional”
ejercido profesionalmente, coherentes con el viejo molde patriarcal
(Catedrática, 41 años). de relación matrimonial. De otro modo, estaríamos simplificando un
complejo modelo cultural.
(c) Las tentaciones de las élites femeninas discurre el fenómeno del poder, en una sociedad que vive bajo la
Más allá de psicologías personales, la difícil posición estructural de hegemonía del Homo Oeconomicus.
las élites profesionales femeninas viene dada por los siguientes he- Comencemos a responder a la pregunta que nos hemos he-
chos: Primero, por ser unas pioneras, lo cual las sitúa en el plano de cho sobre cómo articulan los hombres el poder. En primer lugar, los
ser mujeres en un mundo de hombres (estamos visualizando el tema hombres articulan el poder por un hecho rotundo, por una cuestión
en sentido horizontal). En segundo lugar (visualizándolo en sentido “de facto”: porque lo tienen. En efecto, y por expresarlo al modo
vertical) las sitúa en la cúspide, en una posición de privilegio con res- “shakesperiano”: tener poder o no tener poder, ésta es la cuestión.
pecto al resto de mujeres, la base. Y respecto a este extremo, por definición de lo que es una sociedad
Por dicha estructura, las tentaciones psicológicas a las que las patriarcal, las mujeres no tienen poder o lo tienen en menor medi-
élites profesionales femeninas están abocadas, son a sentirse-pen- da, casi siempre de modo indirecto.
sarse como mejores y distintas. Por otra parte, sus tentaciones fác- Podríamos matizar, no han tenido poder ni lo tienen aún en
ticas (en el plano de actitudes y hechos) son las siguientes: 1ª) un la esfera de la vida pública (por expresa prohibición las mujeres no
cierto travestismo: mimetizarse física y mentalmente con los moldes estaban en lo público en la sociedad franquista, por ejemplo). Aho-
dominantes y/o al uso de ejercer la profesión y el poder, los cuales ra bien, este circunscribirnos a decir la vida pública es una conce-
son masculinos por excelencia. 2ª) Falta de sensibilidad histórica a sión un tanto vidriosa al tópico esgrimido “ad nauseam” en el dis-
la trayectoria de un movimiento de mujeres que ha creado unas con- curso social común: “pero en casa, mandan las mujeres”, que es una
quistas y una situación social favorable para que ellas mismas hayan forma de salirse por la tangente y que nada resuelve sobre el tema
podido acceder al poder4. En síntesis, el no feminismo, es una tenta- del poder.
ción y, de hecho, una característica que se advierte en bastantes élites En segundo lugar, los hombres una vez que tienen el poder,
femeninas, algunas de sus claves pueden encontrarse en el tratamien- deben mantenerlo y reproducirlo, ambas operaciones por defini-
to biográfico que hemos realizado sobre ellas. 3ª) El individualismo ción de lo que es la naturaleza del poder. En suma, esas son sus
que podría expresarse en estos términos: a mí me ha costado mucho características ineludibles para que no pase a convertirse en un no
llegar, la que valga que lo demuestre. poder. En efecto, el poder tiene una naturaleza ensimismada, po-
Dicho individualismo meritocrático, junto con las otras ten- dríamos decir, ya que su naturaleza es mantenerse. De este modo,
taciones, les dificultaría la comprensión del problema de la discrimi- el poder se aliena en sí mismo. No se trata de tener poder para algo
270 271
nación de género, obstaculizaría el aunar fuerzas y plantear medidas sino tener poder por el propio hecho de tener poder. Asimismo,
contra ella y, por último, dichas tentaciones (tendencias) no propi- otra condición intrínseca del poder es su carácter abrasivo, todo lo
ciarían el ser solidarias con el resto de las mujeres. quiere, necesita todo recurso para mantenerse frente a los muchos
que no tienen poder y desearían apropiárselo, en el obligado marco
5. El poder: una asignatura pendiente de las mujeres de la escasez que es toda sociedad humana. Pero, además, el poder
también es abrasivo (engullidor/destructor) de manera acorde con
Cómo articulan los hombres el poder (el taylorismo masculino) el signo de los tiempos actuales: el narcisismo como carácter so-
Trabajo, productividad, especialización, etc., son las características cial dominante. De este modo, contemplamos en la escena social,
del hombre occidental contemporáneo que hemos querido resumir grandes egos. Hoy, las figuras públicas no se conforman con ser una
bajo el enunciado del “taylorismo” masculino. Ellas están entro- cosa, están ahítas de dualidades, de fama, v. gr.: presentadora y li-
nizadas en su mentalidad y son cauces por los que generalmente terata, señora de y novelista, político y novelista. En el tiempo anti-
guo, se era notario o médico de por vida. Hoy en la era de Narciso men” y de las vanguardias más actuales, todo ello batiéndose en la
se quiere ser bidimensional o tridimensional si se puede. Dobletes marmita de un cambio social acelerado.
maravillosos, dualidades omnipotentes, divinas, pero casi imposi-
bles del ser humano y que cuando se dan producen maravilla, son la Cómo no articulan las mujeres el poder (el mestizaje femenino)
excepción insólita no la regla social (o al menos, dicho de un modo En las mujeres profesionales se produce una significativa dualidad,
más suave, estilo social) a la que se tiende hoy en día, lo cual no es entroncada directamente con graves problemas de la identidad de
incompatible con la consabida hiperespecialización del sistema. género hoy, y que refleja la tensión que sufre dicha identidad entre
En suma, volviendo al comienzo, los hombres pueden articu- ser mujer-mujer y ser profesional-profesional, por decirlo humorís-
lar el poder teniéndolo (e implicándose en los condicionantes más ticamente. Tensión que el hombre profesional, más que nada ente
alienantes de su naturaleza que acabamos de nombrar). Es esta una profesional a secas, se ha ahorrado históricamente en una única elec-
cuestión meridiana, para cualquier clase de poder. Los hombres, ción: me pongo el terno gris o el mono azul, según el caso, y presto
una vez que lo tienen, se saben desenvolver en él a través de un uso a trabajar. Parte del estrés (y de la sobreselección social que también
ilimitado de tiempo en la vida profesional: ingentes cantidades de a estos efectos se le exige a la mujer profesional) viene de mano de
trabajo, más el conocido cultivo de redes profesionales amistosas, esta especie de esquizofrenia femenina socialmente impuesta que
más la consuetudinaria irresponsabilidad masculina respecto a lo por nombrarla en forma coloquial podría exponerse bajo la forma
doméstico-familiar. El paradigma masculino se encarna en horizon- de este singular imperativo categórico: “tener que ser la más mona y
tes vitales cerrados, homogéneos e inmóviles sobre el eje profesio- tener que dar la mejor conferencia”, por ejemplo. No hay que buscar
nal. Sin entrar en valoraciones éticas, dicho paradigma es absoluta- mucho, la arena pública está llena de “profesionales-cortesanas”, o
mente ventajoso, adecuado y coherente con la vida profesional y el de la mujer “cortesana-profesional”, como también pudiera llamar-
logro de poder. Supone un ahorro total de tiempo, recursos y ener- se. No estamos hablando en términos morales, sino imparcialmente
gía, alejándose sistemáticamente de todo lo que se aparte de dicho tratando de analizar ese plus, esa alienación de género que la socie-
eje profesional. Contrariamente, el poder es la asignatura pendien- dad patriarcal inflinge a las mujeres profesionales, o lo que es igual,
te para las mujeres, en primer lugar, lograrlo pero también saber ellas mismas se autoinflingen por haber interiorizado la dominación
desenvolverse en él. A ello, se opone una cultura femenina situada patriarcal. ¿Qué hombre profesional podría hacer tal “dispendio-in-
en las antípodas del paradigma masculino que acabamos de trazar. versión necesaria” (por ende, no dispendio) en peluquería, gimna-
272 273
Muestra esa cultura femenina horizontes vitales abiertos, identida- sio, salón de estética, conseguir un guardarropa adecuado y variado,
des cambiantes y fragmentadas (como veremos) que no tienen un además de llevar las relaciones sociales de la familia (hablar por te-
eje unidireccional en el trabajo, por tanto y aquí también sin entrar léfono, como es sabido es cosa de mujeres) tratar con el servicio do-
en valoraciones, las fugas de tiempo, recursos y energía son moneda méstico, ídem con los colegios de los hijos, etc. etc., es decir, todo lo
corriente. En síntesis, la vida del hombre profesional y de poder es que compone el universo arquetípico de una mujer profesional hoy.
taylorista, está regida por códigos radicalmente productivistas. La Todo ello, por si fuera poco, lo hacen algunas profesionales subidas
vida de las mujeres profesionales actuales es una vida mestiza, es a unos zapatos puntiagudos de tacón.
decir, con aportes culturales diversos y curiosamente amalgamados De este problema, en absoluto irrelevante, se han hecho
y, para más complejidad aún, articulados en un ensamblaje hiper- eco muchos analistas de la vida social. Veamos el problema en la
cambiante. El mestizaje profesional femenino aúna hoy elementos siguiente cita, extensa pero creemos que oportuna: “El efecto más
de la cultura masculina, del mundo femenino, del “Antiguo Régi- contraproducente de la obsesión femenina por su imagen es el re-
ducir sus oportunidades de emancipación laboral o profesional, tión de grado y no de cualidad: de Armani a la modesta peluquería
que exigirían una más completa dedicación al trabajo intelectual o de barrio. La necesidad de imagen es una de las más fuertes etique-
productivo. Se trata de uno de los dilemas más acuciantes que se le tas del Yin, por así llamarlo (y esto más allá de todo esencialismo
presentan a la mujer moderna, dada la contradicción que le obliga sobre “la Mujer”). Porque el asunto número uno de las mujeres
a tener que elegir entre emanciparse por medio del amor (y de la hoy por hoy, sigue siendo el amor. Y para conseguirlo una de las
imagen ficticia que se pone al servicio ritual de éste) o emanciparse armas más eficaces es una buena imagen como reza la publicidad
a través del trabajo. (…) Pero esta duplicidad vital tiene un coste más clásica. Bien que esta imagen pueda adoptar la practicidad del
muy elevado, que impone un doble precio a pagar. Por un lado, en confort deportivo, o racionalizarse “ajournándose” a otros modos
el ámbito de la esfera pública, surge una fuerte contradicción entre y espacios sociales. Ello no cambia el código. Por ello, renunciar a
la imagen femenina, fundada en la representación ritual de la in- ella es como pedir a una gacela que no salte o a un leopardo que no
madurez y la minoría de edad, y la competencia profesional que se cace. Juzgar este asunto como un juego pueril es posiblemente una
espera de las mujeres modernas. El racionalismo eficiente y la pro- percepción androcéntrica del problema. Pero lo dicho sobre la ima-
ductividad técnica que se exigen en todas las profesiones resulta en gen femenina es un tema importante de molde cultural pero no el
buena medida incompatible con el ocioso ritualismo de la imagen factor primordial por el que las mujeres tienen un “techo de cristal”
femenina, que descalifica a sus portadoras con el estigma de inútiles (obstáculo invisible para ocupar puestos, poder, etc.). Son los me-
muñecas pintadas, a las que no se puede confiar ninguna responsa- canismos androcéntricos de poder descritos, no la imagen, los que
bilidad. De ahí el techo de cristal, que cierra el paso de las mujeres desposeen a las mujeres. Así pues, efectivamente hay que acercarse
hacia los cargos responsables y dirigentes. ¿Por qué se empeñan las a la imagen femenina con la distancia aséptica del antropólogo que
mujeres en compaginar su forzada imagen femenina con el trabajo va a descubrir pautas culturales nunca vistas, de una “racionalidad
profesional, cuando resultan tan claramente contradictorios e in- arbitraria”, pero a fin de cuentas racionales e inteligibles para el ob-
compatibles? Se trata probablemente de un efecto derivado de la jetivo vital femenino por excelencia: obtener amor.
inercia histórica”. ¿Y por qué el amor no es el problema número uno masculino,
Siendo el debate uno de los rasgos más definitorios de los y por tanto el tema de la imagen no le compete de un modo radical?
temas de género en la actualidad, hagamos un breve disenso res- Porque la acción es el “leit-motiv” hecho naturaleza histórica en los
pecto a ese diagnóstico sobre la condición femenina actual, de ese hombres. La rigidez masculina (su super-ego) es la espoleta fun-
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agudo y brillante ensayo. Sintetizadamente, y en primer lugar, no damental para la acción y casi siempre dirigida a dominar y obte-
se trata de un dilema -como se indica- que hipotéticamente podría ner poder. En contraposición, esa especie de posibilismo femenino
resolver el problema hacia uno u otro extremo. Se trata (por de- es el caldo esencial para el cultivo y mantenimiento de la vida, casi
cirlo en un juego de palabras) de un único lema: ser todo, es de- siempre dirigido a dar y obtener amor.
cir, ser mujer profesional, por la reluctancia femenina a la lógica del En síntesis, podríamos trazar el siguiente esquema de opues-
productivismo de mercado, unidireccional, que exigiría ser a secas tos con todos los matices que acabamos de tratar sobre las históri-
una profesional. En segundo término, la imagen femenina, el adorno cas masculinidad y femineidad de nuestras sociedades: 1º) “Taylo-
por decirlo en un término más amplio, es, hoy por hoy, uno de los rismo” o “workaholismo”, es decir, adicción al trabajo, por parte de
códigos culturales que más impregnan la femineidad. Es ineludible, los hombres, de una forma monolítica u homogénea (compartida
no es algo externo a la femineidad, es un factor constitutivo que generalmente por todos los hombres) y unidireccional, sin fisuras,
incluso ni queda obstaculizado por las diferencias de clase. Es cues- fragmentaciones o vacilaciones, sino el trabajo como valor por an-
tonomasia. Mestizaje, dualidad, fragmentación vital femeninas, en rabia, les chirría: “pero esta tía ¿a qué viene?, encima presume de que tiene hijos
estupendos y de que, bueno, si no gana, pues bueno, tiene otras cosas que hacer”
clara contraposición a todo lo anterior, bien que ésta sea de hecho y para ellos es, entonces eso de que: “bueno, mataos vosotros si queréis”, tenemos
o bien que funcione sólo como cuestión de mentalidad, ideológi- mucho las mujeres ¿no?, tenemos como otras muchas alternativas, entonces seguro
ca. 2ª) Especialización masculina (profesionalización a ultranza). que eso no, no les gusta, no ...” (Catedrática, 52 años, Área de Ciencias Sociales).
Diversidad femenina. Se puede ser profesional, pero también mu-
chas otras cosas, ya sean en el plano real, en el plano mental o en el Tal vez habría que promediar e hibridar esas tendencias que
plano del deseo y del imaginario. 3º) Rigidez masculina (esa vida actúan como tensiones estructurales de la masculinidad y la femi-
de trabajo unidireccionalmente especializada que acabamos de es- neidad, es decir, la tendencia a que el amor sea la tensión femenina
quematizar, además apoyada por un rotundo super-ego masculino. por excelencia y la acción-trabajo la auténtica tensión masculina.
Posibilismo femenino, en las antípodas de todo lo anterior y abaste- Asimismo, promediar las siguientes dicotomías: el poder, un asun-
ciendo la necesidad de diversidad y flexibilidad que por definición to y un gueto de la masculinidad; la domesticidad, un asunto y gue-
necesita la vida como tal vida para sobrevivir. Todo ello lejos del to de la femineidad.
espíritu tanático al que pueden abocar las características opuestas Respondiendo a nuestra cuestión inicial sobre cómo las mu-
de la masculinidad. jeres no articulan el poder, podríamos decir “mutatis mutandi” e
Hasta tal punto esas diferencias de género son importantes inversamente al caso masculino: no lo articulan porque no tienen
que podríamos decir, en un cierto nivel que las mujeres carecen poder que articular. Y ello es una cuestión meridiana, “de facto”.
de super-ego, o tienen otro sistema normativo, siendo este aspec- Pero hay más. Ya hemos apuntado los obstáculos que esa naturale-
to una de las divergencias más notables entre hombres y mujeres. za femenina construida históricamente opone al poder, dificultan-
Divergencia que se pone de manifiesto claramente y traspasa sus do su obtención y ejercicio, y en cualquier caso no mostrando el
relaciones sociales. Observemos cómo nuestras élites profesiona- alto grado de especialización masculina en obtenerlo y ejercitarlo.
les traducen en palabras expresivas su relación con el trabajo y el Es como si en una misma competición corrieran atletas de élite (los
poder: hombres) y atletas en fase de entrenamiento (las mujeres). Nun-
ca mejor dicho: entrenamiento histórico. El público sabría que la
“Por supuesto el trabajo a los hombres nos da identidad, pero además te da estatus, carrera no está igualada, que no debe tener las mismas normas.
además da estatus familiar, es decir, el estatus de la familia es el estatus del hombre, De ahí, la necesidad de esa especie de intervenciones quirúrgicas
en general, luego esto está cambiando, eh ..., eh, y luego además el trabajo te da
276 estatus personal interfamiliar: un hombre sin trabajo es una mierda (...) porque que son las medidas de discriminación positiva para las mujeres. 277
hay componentes en el trabajo masculino que no los tiene el trabajo femenino y yo Siguiendo con el símil, para que haya más atletas femeninas (can-
creo que la mujer tiene en gran parte interiorizada, yo creo, vamos a ver: sensacio- tidad) y para allanarles la meta (cualidad: lograr poder) en una ca-
nes que tengo yo de la vida, tengo sensaciones muy distintas, por ejemplo, tengo la
sensación de que la mujer es menos agresiva, menos trepa ¿eh? en su carrera eh ... rrera “tramposa”, en la que correrían en desventaja, ¿qué habría que
profesional” (Catedrático, 57 años, Área de Ciencias Sociales). hacer? ¿Participar en este juego trucado a favor de los hombres que
es el poder actual, teñido de todos los impedimentos ventajistas de
Oigamos la versión femenina de la relación de género con el la cultura masculina que lo ha forjado, rechazarlo frontalmente y
trabajo y el poder: seguir con la consuetudinaria división sexual de la vida, o bien en-
“Para los hombres el ganar en unas elecciones a un cargo académico es cuestión trar en el juego del poder para cambiarlo, transformándolo aún a
de vida o muerte y para una mujer no, para mí no es vida o muerte, yo si pierdo costa de alienarse en él, pero explicitando, al menos, otras reglas del
me llevo un disgusto, pero tengo una vida llena, completa y ellos lo detectan, ellos juego? Podríamos responder que es demasiado grave lo que arries-
detectan que para ti no es cuestión de vida o muerte, entonces les da muchísima
gamos con los modos del poder actual para dejarlo sólo en manos hombres como por mujeres. De ahí que tanto ellos, pero también
de los hombres. ellas, mantengan conductas contradictorias, sin embargo, inteligibles
desde este plano general.
6. Medidas Algo parece indicar que en esta fase inicial de ajuste-desajuste, se
6.1. Científicas, no heroínas (normalizar la anomalía) detectara entre los resquicios del proceso de cambio social de las mu-
Son muchos los problemas de género que hemos examinado en torno jeres, un rumor soterrado que murmurase de este modo: “mi mente
a las relaciones de las mujeres y los hombres con el poder y son ade- está con la Razón, mi corazón pertenece al Patriarcado”. De ahí, la nos-
más muy matizados y complejos. Ante el entramado que componen, talgia del viejo modelo que tan sabiamente explota la moda y la publi-
una pregunta clásica sería la siguiente: ¿qué es lo que permanece y cidad. Nostalgia, tal vez insalvable en una generación, la cual provoca
qué es lo que cambia? ¿Qué hay de enquistamiento y qué de avance? una especie de esquizofrenia, cierta escisión entre lo viejo y lo nuevo,
Lo que cambia es de tal importancia y extensión que lógica- en las mujeres. Hay tantos matices que no se tienen en cuenta, tantas
mente la resistencia y la tentación a permanecer de los viejos moldes cosas que no se dicen. Los problemas de género son, hoy por hoy,
de relación con la realidad, es enorme. Se trata nada más ni nada me- cualquier cosa menos sencillos.
nos del cambio del modelo de la relación más genuina y primigenia 6.2 Feminizar el poder: el efecto masa crítica
con la realidad: la relación entre hombres y mujeres, tradicionalmen-
te como relación de dominación que se pretende cambiar por una re- En el campo científico, se habla del efecto de una masa crítica para
lación de igualdad, sin perder además la diferencia, la singularidad de indicar que tiene que haber suficiente número de individuos para que
sus actores. Arduo problema. Vivimos y protagonizamos, hombres y un colectivo pueda reproducirse y mantenerse en unas condiciones
mujeres, este imponente cambio social de normalizar lo que es una en las que pueden darse elementos adversos. En efecto, dicho con-
anomalía histórica: la presencia de mujeres y su igualdad social de cepto de la masa crítica es aplicable al colectivo élites femeninas. En
rango y cometidos en la arena pública. Estamos inmersos en el hecho tanto que anomalía sociohistórica, este colectivo debe alcanzar la
de normalizar históricamente, en el aquí y ahora de nuestro estadio suficiente masa crítica (número de efectivos) para defenderse, repro-
civilizatorio, dicho proceso de género. Y la “máquina social” chirría, ducirse y crecer. Sus dos obstáculos serían los siguientes (además de
sus engranajes acusan el golpe de lo nuevo. Avance y retroceso, co- producirse en el marco general de una sociedad androcéntrica): en
278 herencia y contradicción componen el paisaje cotidiano de quienes primer lugar, los que hemos expuesto bajo el “efecto temporal”, de tal 279
observamos tal fenómeno social y, al tiempo, estamos igualmente manera que aquí, en este apartado (“mutatis mutandi”) también po-
transformándonos y en cambio con él. dríamos hablar de los efectos de la masa crítica y de algo más; y, en se-
Pues bien, hay mucho de cierto en la denuncia de la domina- gundo lugar, los obstáculos derivados de las “tentaciones” de las élites
ción masculina y su monopolio sobre el poder, hay mucho de cierto femeninas. Tentaciones, y más que tentaciones a veces, actuaciones,
en los gravámenes y juego desigualitario que ésta impone a las mu- que se sitúan en las antípodas de lograr poder formar una masa crítica
jeres. Pero, ya situados en el plano general e histórico que acabamos (es decir, el suficiente número de mujeres para dejar de ser minoría y
de enunciar y desde una amplia visión de conjunto, vemos que es un crecer). Tentaciones que chocan frontalmente con la promoción de
modelo social de relaciones de género el que se resquebraja, el que dicha masa, o la zancadillean a veces.
tiene que adaptarse a nuevas situaciones, es un modelo tradicional, Hablar de masa crítica de mujeres también podría ser utiliza-
tremendamente consolidado, en el que estaban muy hechas pau- do en otra vertiente: la visión nueva de las mujeres que en calidad
tas de conducta y modos diferenciales de vida, sostenidas tanto por de recién llegadas, incontaminadas aún, se comporten como una
auténtica “masa crítica” hacia las viejas mañas del poder, le den dicadores expresando si la maquinaria patriarcal, el núcleo duro
nueva sabia y nuevos temas y un nuevo saber hacer. de la masculinidad que es el poder, permanece intacta y qué es lo
que cambia y a qué precio diferencial para las mujeres.
6.3 Construir conciencia social y autoconsciencia (las élites En segundo lugar (no por ello menos importante) apa-
profesionales femeninas como test social) rece el nivel de la imagen. Las élites femeninas constituyen un
En el plano de lo social, las élites profesionales femeninas pre- tema pertinaz de la imaginería popular y, antes que nada, del tra-
sentan una vertiente de estudio importante: son objetos pri- tamiento que los “massmedia” gustan dar a las relaciones entre
vilegiados donde van a parar toda clase de juicios, prejuicios y hombres y mujeres. A veces, faltando a la objetividad, éstos so-
estereotipos sociales. Son en gran parte una creación del pensa- bredimensionan los datos, sobreexcitan la información, podría
miento ajeno, mucho más allá del grado de poder sustantivo que decirse, para aguijonear la curiosidad del lector, y frecuentemen-
alcancen o no. En este sentido, las élites profesionales femeninas te, ofrecen una información sesgada y sexista de cuanta noticia
funcionan como excelentes tests sociales, y ello en distintos nive- concierne a las mujeres. Probablemente la causa de ello radique
les de la realidad que pasamos a explicitar. en el vigor que aún tienen los estereotipos sobre la identidad de
En primer lugar, en el plano de lo real, las élites femeninas género. En este caso, la mujer sigue siendo “lo esencialmente
están funcionando como tests a los Gobiernos y partidos políti- otro” que escribiera Antonio Machado. Pensamos que bastante
cos (o como tests a cualquier área del quehacer social, incluida de lo que acabamos de apuntar subyace en los patrones domi-
la ciencia): qué composición tiene el ejecutivo, por ejemplo, qué nantes del tratamiento informativo sobre los hechos que pro-
número de candidatas y en qué puestos las presentan en las listas tagonizan las mujeres. Al ser dichos patrones informativos una
electorales, qué liderazgo femenino promueve y en qué sectores, parcela más del poder masculino, ese Otro que la mujer pasa a
qué políticas sociales lleva a cabo de cara a las mujeres, qué pre- ser, en suma, una construcción de la mirada masculina.
supuestos destina a ello, etc. etc. Más allá de “testar” actuaciones En tercer lugar, y por último, las élites profesionales feme-
políticas concretas, las élites femeninas profesionales se pueden ninas, mujeres en minoría, como tal minoría podrían autoadmi-
comportar como una especie de sociotest general en relación al nistrarse (por decirlo en lenguaje psicológico) con cierta perio-
grado de transformación de la maquinaria del poder de cara al dicidad este singular test en que las constituye la sociedad. La
tema de género (ya sea este poder político, empresarial, acadé- tarea no es difícil, dado su escaso número. Deberían preguntarse
280 281
mico, etc.). Tal sociotest podría funcionar hipotéticamente de la cómo las ve la sociedad, someter su imagen pública a control, por
manera siguiente: a) qué cantidad de requisitos y de qué natura- bien propio y bien colectivo de las mujeres, depurando cuánto es
leza se les exige para ocupar la parcela de poder a las mujeres que sesgo de los Medios (denunciando) y cuánto no. Todo ello en el
componen las élites profesionales femeninas. b) Qué se les da a plano de la imagen pública. En el plano de los hechos, ¿por qué
cambio. Ver si se produce un intercambio igual o desigualitario no preguntarse cómo está funcionando esta minoría que con-
entre requisitos y desempeño o cargo, o lo que es igual si guar- forman? ¿Qué tipo de liderazgo está ejerciendo? ¿Qué proximi-
dan ambos una correcta proporcionalidad. c) Cómo y con qué dad o lejanía, qué entendimiento tienen respecto al resto de las
rigor se las examina y (probablemente por ello) en qué situacio- mujeres? Preguntas reflexivas sobre su propio protagonismo, en
nes conflictivas y de riesgo se las sitúa. Todo ello, además, en el suma, un test social autoadministrado por y en el colectivo de las
marco comparativo de lo masculino/lo femenino. Las respuestas propias élites femeninas.
a cada una de esas preguntas pueden convertirse en buenos in-
6.4. Otras medidas: objetivamente las que existen y la excelencia del trabajo que
realizan.
• dar visibilidad a las mujeres científicas (publicaciones)
4. Publicaciones canónicas (que constituyen un canon o mo-
• crear redes y lobbies de mujeres delo del tratamiento del problema) como son el caso del nú-
• intervenciones institucionales (los observatorios de la desigual- mero monográfico de la revista Arbor (julio-agosto 2002) y
dad) el libro Nosotras, las biocientíficas (editado por L’Oréal) junto
con la gran labor de agitación del problema de discrimina-
• la cuota académica/la cuota científica)
ción de género por los “mass-media” (incluida la red de in-
7. A modo de conclusión: nueve claves de un problema ternet5) son medidas enormemente eficaces y de gran reper-
cusión social para enfrentar los problemas señalados en los
Son muchos los datos y matices que hemos ido recogiendo y seña-
dos apartados anteriores. Hasta tal punto creemos que dichas
lando, pero sobre ellos se impone esta especie de corolario: la dis-
publicaciones son positivas para visibilizar a las científicas y
criminación de las mujeres académicas y científicas tiene muchas y
a los problemas de género que a modo de recomendación
diversas causas concretas pero un solo origen: la división del trabajo
creemos sería muy conveniente instituir una especie de serie
y de los roles de género en una sociedad patriarcal, la cual proyecta
bajo el mismo esquema de “Nosotras, las físicas”, “Nosotras,
su sombra sobre toda actividad humana.
las químicas”, etc.
Efectivamente, el problema central (o el problema tomado
desde su raíz) es la pervivencia de una sociedad patriarcal en una 5. Pese al movimiento emergente (y especie de clamor social)
sociedad en transición hacia otro modelo social. Desde las Ciencias que hay respecto al problema de las escasas mujeres en cien-
Sociales ya se comienza a hablar de la sociedad postpatriarcal. Vea- cia, se percibe un cierto retraso en la consciencia del proble-
mos estas nueve claves de un problema: ma de discriminación de género en este campo, incluso por
parte de las propias mujeres. De este modo, podemos afirmar
1. Estamos en presencia de un campo social restrictivo para que la denuncia del problema está mucho más avanzada en el
las mujeres en sus jerarquías altas. De ahí que hablemos de área de las Ciencias Sociales y Humanidades, y en el ámbito
mujeres en minoría. universitario más que en las llamadas ciencias “duras”.
282 283
2. Una vez evidenciado lo anterior, hay que salir al paso de
Tal vez el trabajo en un ámbito tan enormemente masculino,
los tópicos sociales al uso y los efectos perversos que generan.
lleva a un tal proceso de adaptación de las mujeres a una concepción
Básicamente se producen de este modo: pasar de pensar
androcéntrica de la vida y de la ciencia (adaptación obligada para
en una minoría de mujeres (las académicas y científicas) a
sobrevivir en él) que dificulta el nacimiento de una autoconsciencia
ignorarla y/o negarla, con lo cual aún se agrava más el pro-
del problema de discriminación de género. Asimismo el carácter
blema. O bien el “opuesto complementario (dicho al modo
puro, neutro, ensimismado que tradicionalmente se le ha otorgado
de Bachelard): crear el efecto de hiperrepresentación, tan ca-
a la Ciencia, provoca (o puede provocar) una especie de “ceguera
racterístico de áreas inéditas para las mujeres, exagerando su
social”, y frecuentemente un alejamiento de las cuestiones de ac-
presencia y/o poder.
tualidad o de moda en el medio en que viven, y, especialmente, de
3. Dar la justa visibilidad social a las mujeres científicas, se- las cuestiones de género.
ría el modo de reconocer equilibradamente (sin tópicos) y
6. Por lo que se acaba de exponer, trabajar con el enfoque plus extra a la masculinidad “per se”, bien que sean mecanis-
biográfico (y las historias de vida) es especialmente recomen- mos no deliberados, inconscientes, los que hagan surgir esta
dable para este colectivo. La negación frecuente que hacen discriminación (vr.gr.: como los descritos bajo el efecto de
muchas mujeres (y hombres) de no haber sido discrimina- “Old Boys Club”). Analizar el binomio Género y Producción
das, o de no conocer ningún tipo de discriminación por ra- de Conocimiento puede ser en un área sofisticada de inves-
zón del sexo en el campo científico, se ve de otro modo a la tigación a proponer a seguir.
luz del análisis biográfico. Frecuentemente se advierte otra 9. El fenómeno de sobreselección que sufren las mujeres científi-
interpretación de los curricula masculinos y femeninos, y se cas (sobreselección social, hiperesfuerzo, carreras doblemen-
ven las estructuras discriminantes . Este es uno de los efectos te difíciles que las de sus homólogos masculinos, en muchos
muy positivos de lo que llamamos reflexividad en Ciencias casos, por no hablar de las desigualitarias cargas familiares,
Sociales: la virtud transformadora del propio proceso de in- etc.) producen el efecto social que hemos denominado “élites
vestigación. discriminadas” (García de León: 1994) es decir, una sofisti-
7. La comparación entre las élites profesionales femeninas en cada forma de discriminación por arriba que además, “sensu
el campo político y dichas élites en el campo académico-cien- contrario”, es un excelente indicador para observar que im-
tífico, arroja un balance mucho más favorable para las muje- portante número de mujeres van a quedar de antemano ex-
res políticas. La sensibilización del problema entre ellas es cluidas del campo científico o relegadas a las categorías más
mucho mayor, así como el respaldo de un electorado sensibi- bajas, por no estar en condiciones de pasar la frontera de esa
lizado socialmente hacia uno de los temas etiquetados como injusta sobreselección social por el mero hecho de ser una
“políticamente correctos”: la no discriminación por razón mujer.
del sexo. De tal manera, que podríamos decir (según nuestra
opinión) que está más madura la situación en términos so- NOTAS
ciales para que se produzca una presidenta del gobierno, que
1 Deseo dar noticia aquí del excelente trabajo que han realizado las Dras. Norma Bláz-
para lograr una rectora de una antigua y gran universidad. quez y Olga Bustos a través de unas entrevistas especializadas en vídeo a mujeres
pioneras de la investigación científica mexicana, buscando su visibilidad social y no
8. El enfoque de “Género y Poder” es esencial para estudiar
284 olvido .Cuando esos vídeos tienen además consciencia feminista se constituyen en 285
la situación de las mujeres en el campo científico. La desagre- vídeos doblemente armados, pues contienen reflexividad y ciencia al tiempo, los cua-
gación de las estadísticas por género (curiosamente hecho les como legado a las generaciones de relevo, portan una doble arma: la ciencia “per
se”, más la conciencia de género de toda una generación de mujeres, sus obstáculos
relativamente reciente) es fundamental para denunciar las
sociales, problemas de discriminación, etc. Toda una arqueología del saber y del poder
jerarquías masculinas de poder, y observar la exclusión de las feminista para el futuro (por decirlo con un cierto sabor foucaultiano).La profesora
mujeres de casi toda instancia de poder y/o decisión. Espe- Yolanda Agudo (UNED) ha realizado el visionado y análisis exhaustivo de ellos.
cialmente discriminadora es la composición de los tribuna- 2 Carmen Iglesias (conferencia, Madrid, 15-XI-01). Iglesias es una pionera de la pre-
les, compuestos mayoritariamente por hombres que sesgan sencia femenina en esferas tradicionalmente masculinas, como Académica, amén de
otros relevantes cargos públicos.
androcéntricamente los resultados de los concursos y dan
prevalencia a la promoción de candidatos masculinos. La de- 3 A. Nieto: La tribu universitaria, Ed. Tecnos.

nuncia del tema tribunales es casi un denominador común y 4 Vid. lo tratado sobre el “síndrome de la abeja reina”.
unánime por parte de las científicas. En ellos se concede un 5 Simplemente en una búsqueda rápida en Internet aparecen concernientes con nues-
tro tema de estudio, algunas de estas noticias: “We need more female evaluators!”. 2/ COCKBURN, C. In the way of woman: Men’s resistance to sex equality
Message to the Women in Science Unit. in organizations. London: Macmillan Education LTD, 1991.
CORTÁZAR, Maria García de; LEÓN, Maria A. García de; ULLATE, M.
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que dirijo, Cartografías del cuerpo: Biopolíticas de la ciencia y la tecno-
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logía” y que está financiado por el PN I+D+I, ref. FFI 2009-07138-
WITZ, A. Professions and Patriarchy. New York: Routledge, 1992. FISO. En él pretendemos analizar desde una perspectiva de Ciencia,
Tecnología y Sociedad (CTS) las ciencias y tecnologías del cuerpo,
interrogándonos sobre el estatuto que los cuerpos ocupan y desem-
peñan en las prácticas científicas. A través del estudio de determina-
das tecnologías (tecnologías terapéutico-reproductivas, tecnologías
de asignación y reasignación de sexo y tecnologías de mejora y re-
forzamiento de los cuerpos) pretendemos plantear cómo se repre-
sentan los cuerpos sexuados, y en particular los de las mujeres, qué
papel desempeñan en la tarea científica, y cómo sus cuerpos se con-
vierten en receptores y proveedores privilegiados de biomateriales
290 para esas tecnologías, al tiempo que resultados, de los procesos y 291
relaciones promovidos por éstas.La perspectiva adoptada es la del
campo inter- y multidisciplinar de los estudios de ciencia, tecnología
y sociedad (CTS) y de ciencia, tecnología y género (CTG), desde los
que se abordan los supuestos y valores socioculturales presentes en
la elaboración, aplicación y justificación de estas biotecnologías.
Los estudios de Ciencia, Tecnología y Sociedad (CTS)
adoptan un abordaje, por un lado, multidisciplinar, porque en él
intervienen disciplinas tan diversas como la historia, la filosofía, la
economía, la sociología o la política de la ciencia, así como la teoría
feminista; pero, por otro lado, es un campo transdisciplinar, porque
no se trata tan sólo de estudiar la ciencia -o la tecnología- desde
cada una de esas disciplinas: el uso de todas ellas, produce una visión Las biociencias y las biotecnologías se han convertido en las
más ajustada y completa de la ciencia. Este tipo de enfoques tiene, tecnociencias por excelencia de los últimos años. Es por ello que
al menos, seis características: es antiesencialista acerca de la ciencia, han recibido una especial atención, tanto en los estudios generales
mantiene un compromiso no explicativo con las prácticas científicas, sobre ciencia y tecnología como en los estudios específicos de géne-
postula el carácter material, local y discursivo del conocimiento cien- ro. Su papel es fundamental en nuestras sociedades, especialmente
tífico, hace gran hincapié en la apertura cultural de la ciencia, aboga si tenemos en cuenta que éstas toman el cuerpo como objetivo con-
por la subversión de las concepciones de la ciencia que afirman su creto de estas prácticas tecnológicas. Su capacidad creciente para
neutralidad valorativa y mantiene su compromiso con la crítica epis- comprender y manipular, su relevancia económica y su influencia
témica y política desde dentro de la cultura de la ciencia. Igualmen- sobre la forma en la que entendemos y aplicamos los conceptos de
te nuestra perspectiva coincide con el esfuerzo de varias propuestas género, de salud y enfermedad, o de identidad hacen de ellas obje-
que relacionan la objetividad con prácticas científicas democráticas tos preferentes del estudio de las relaciones entre las tecnociencias
(Irwin, 1995; Reid y Traweek, eds., 2000; Romero Bachiller y García y la sociedad. En particular, las investigaciones, interpretaciones e
Dauder, 2002; Pérez Sedeño, 2008), en el sentido de que la demo- intervenciones tecnocientíficas sobre los cuerpos son ahora centra-
cratización del conocimiento y de las prácticas científicas es necesaria les para el estudio social y el análisis de la ciencia y la tecnología.
para un incremento de la objetividad: ya sea generando espacios de El objetivo de esta mesa es el de reflexionar sobre estos temas
“democracia cognitiva” que atiendan a la inclusión de todos los acto- y el de ofrecer las aportaciones más recientes entorno a los asuntos
res y perspectivas socialmente relevantes, mediante el uso de la crítica de ciencia, tecnología y cuerpo. Por todo ello se abordan:
intersubjetiva (Longino, 1990, 2002), ya sea privilegiando epistemo- Los cuerpos como objetos de la investigación biomédica: los ses-
lógicamente el punto de vista de los grupos marginados (Harding, gos racistas y sexistas en la investigación primaria en ciencia y tec-
1991), o buscando las articulaciones precarias, contingentes y parcia- nología, especialmente en las disciplinas biomédicas.
les entre las múltiples posiciones subyugadas (Haraway, 1995). El cuerpo que se hace: performatividad del cuerpo dentro de la
En el contexto de los estudios CTS se han desarrollado con actividad médica y tecnológica. Los cuerpos que se reclaman como
fuerza líneas de investigación que exploran las intersecciones de la sujetos activos y no como objetos de conocimiento dentro de la
ciencia y la tecnología con el género. Los estudios de “ciencia, tecno- lógica de la biomedicina. Apuesta por la ruptura de las dos lógicas
logía y género” (CTG) se ocupan de examinar desde diversas disci- activa/pasiva a través de una crítica de la lógica de la elección frente
292 293
plinas y perspectivas las relaciones existentes entre el sistema sexo/ a una investigación en la lógica del cuidado.
género y las ciencias y las tecnologías. Los enfoques más actuales en Tecnologías del género y medios de comunicación. La represen-
CTG subrayan la coproducción frente a la proyección de valores de tación de los cuerpos femeninos y masculinos en los medios de co-
género sobre los productos de la ciencia. Esto es, el orden social y el municación. La maternidad como summun de la feminidad a la vez
orden tecnocientífico se coproducen mutuamente (Anderson, 2003; que espacio liminal por excelencia.
Longino, 2002; Mol, 2002) en complejos entramados de influencias Diana Maffía en su trabajo “Tecnología y control social de los
mutuas. Las ideas preconcebidas acerca de sexos y géneros, sus pro- cuerpos sexuados” se centra en cómo las diferencias visibles entre
piedades y relaciones condicionan de formas diversas los productos los cuerpos (la genitalidad, el color, los rasgos étnicos y otros) han
y procesos de las biociencias y biotecnologías y éstas, a su vez, con- sido el soporte material de la desigualdad política. El extraordinario
tribuyen a reforzar o modelar los cuerpos y sus significados sociales avance que la ciencia y la tecnología han aportado a la reproduc-
y de género. ción control y preservación de la vida, pero tiene su contrapartida
cuando en su aplicación se producen algunos estancamientos y re- públicas y elevar a rango de ley la iniciativa ya existente sobre el
trocesos ideológicos. Por eso, Diana nos lleva a reflexionar sobre la tema en México.
conciliación necesaria entre igualdad y diferencia, en especial en las Como se puede ver, todos los trabajos abordan los cuerpos
diferencias de género con base en los cuerpos, en casos complejos diferentes, de diferentes maneras y perspectivas, aunque con el de-
como la intersexualidad. ¿Cómo construir ciudadanía en cuerpos nominador común de moverse en el terreno de los estudios CTG y
tutelados por la ciencia, que construye violentamente la verdad de usar la teoría feminista como teoría crítica. Manifiestan la necesidad
su sexo? Las paradojas que se producen en niñxs o adultxs que no de no abordar la diferencia como un problema en sí mismo que debe
pueden decidir sobre sus propios cuerpos señala, como indica Dia- ser eliminado o corregido a través de procesos normativos de estan-
na Maffía, dónde está el problema: no en la tecnología y la ciencia, darización y homogeneización, bien sea en las prácticas médicas en
sino en la autoridad que detentan quienes deciden el uso terapéuti- forma de protocolos o en los propios cuerpos en forma de patolo-
co de determinadas tecnologías. gías, anormalidades, desviaciones, etc. También señalan la exigen-
El trabajo de Silvia García Dauder, “Tecnologías, cuerpos cia de gestionar las diferencias y las tensiones entre los diferentes
sexuados y diferencias” se centra en el análisis del “cuerpo múlti- elementos y actores implicados, dentro y fuera de la medicina, los
ple”, que no parte de una idea prefijada de lo que un cuerpo es y conflictos y contradicciones, y su coordinación. Y, también insisten
cuáles son sus fronteras, sino de los muchos cuerpos producidos y per- en atender a las diferencias corporales y encarnadas, constituidas
formados por diferentes prácticas bio-médicas y las conexiones parcia- como marcas socialmente relevantes y jerarquizadas, producto de
les entre ellos. En especial, Silvia se centra en los cuerpos sexuados desigualdades estructurales y de procesos de normalización y ex-
de las tecnologías biomédicas en intersección con las tecnologías clusión. Los procesos médicos y tecnológicos son reconstituidos y
de la comunicación, como mediadoras en la producción de discursos, reconstruidos a través de prácticas sociales concretas, a la vez que
cuerpos y subjetivivades en torno a la intersexualidad y, por tanto, en afectan a estas mismas, dándose un proceso de co-producción. Di-
los ideales reguladores sexo/género. Para ello escoge como caso de chos procesos extienden la jurisdicción médica y de la salud a áreas
estudio la evolución y utilización de los tests de verificación de gé- anteriormente no medicalizadas – tales como las ideas estéticas de
nero en el deporte olímpico, en concreto tal y como aparece en la los cuerpos, la alimentación como vehículo de cura o prevención
prensa deportiva. de enfermedades y promotor del bienestar, etc. En este contexto,
Finalmente, Olga Bustos en “Dictadura del cuerpo, publici- la comercialización de la salud aparece como fundamentalmente
294 295
dad, género y trastornos alimentarios” también incide en cómo los constitutiva de estas nuevas prácticas biomédicas que convierte a
medios de comunicación, en concreto a través de la publicidad, tra- los ciudadanos y ciudadanas en pre-pacientes perpetuos.
tan los cuerpos sexuados. Históricamente ha habido una dictadu- Todo ello sin olvidar que la gestión bio-médica está relacio-
ra sobre los cuerpos, en especial los de las mujeres, que se traduce nada también con relaciones de poder y dominación y con proce-
también en varios tipos de violencia. Estas diferencias quedan evi- sos de identidad, subjetivación y resistencia. Por todo ello es nece-
denciadas en los media, específicamente en la publicidad, donde se sario resistirse a la autoridad de ‘los expertos’, generando autoridad
sigue fomentando el culto a la hiper-delgadez, que resulta de lo más sobre las propias percepciones e identidades y apropiándonos de-
antidemocrático, incidiendo asimismo en los trastornos alimenta- mocráticamente de la ciencia y la tecnología, de sus aplicaciones y
rios como bulimia y anorexia. La discusión en el trabajo de Olga efectos. Sólo con una auténtica democratización podremos crear
se centra en la importancia de formar audiencias críticas hacia los políticas públicas científico-tecnológicas que favorezcan la igual-
media, en la necesidad de formular y llevar a la práctica políticas dad y la equidad, respetando las diferencias.
13
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LONGINO, H. E. Science as Social Knowledge. Values and Objectivity lógicos contemporáneos, la historia de estos recursos es deslum-
in Scientific Inquiry. Princeton: Princeton Univ. Press, 1990. brante, pero también hay una persistencia desoladora: ¿para quién
son esos avances tecnológicos, quién decide su aplicación, en qué
_____. The Fate of Knowledge. Princeton: Princeton University Press,
cuerpos y con qué fines? Nos proponemos hacer una breve rese-
2002.
ña1 para reflexionar luego sobre la apropiación de la tecnología
MOL, A. The Body Multiple. Ontology in Medical Practice. Durham/ desde los cuerpos de las mujeres y otros cuerpos subalternos y
Londres: Duke University Press, 2002. disidentes.
PÉREZ SEDEÑO, Eulalia. Mitos, creencias, valores: cómo hacer más Comenzando a indagar ejemplos de métodos rituales an-
“científica” la ciencia; cómo hacer la realidad más “real”. Isegoría, 38, ticonceptivos, encontramos que Aspacio de Mileto (S II) reco-
ene./jun. 2008. mendaba “rociar con sangre menstrual los amuletos que lleva la
296 297
mujer”. Más simple, el método de Alberto el Grande era “escupir
REID, Roddey; TRAWEED, Sharon (Eds.). Doing Science + Culture.
Londres: Routledge, 2000. tres veces en la boca de un sapo”, claro que para eso había que
tener un sapo en el dormitorio, o dos. Otro método antiguo, no
sabemos si de igual eficacia, era hacer girar al menos en cuatro
ocasiones la rueda de un molino durante la noche para que la con-
cepción no se produjera.
El celibato, e incluso la castración ritual, fueron en muchas
culturas métodos religiosos que aseguraban la no reproducción.
En este caso, aplicado en varones. En el caso de las mujeres, la ma-
yoría de las religiones aconsejaban abstenerse durante la mens-
truación, tanto por tabu e higiene como por control. Ya en el siglo
XX, los conocidos Ogino y Knauss establecieron la regularidad de En el siglo XIX la medicina avanza con los supositorios de quini-
un lapso fijo entre ovulación y menstruación, lo que dio origen al na, y el siglo XX encuentra diversas sustancias con el objetivo de
método que lleva su nombre y consiste en abstenerse en fechas obstruir la viabilidad del espermatozoide. Las modernas esponjas
determinadas. Como no conlleva sexualidad sin fines reproducti- tienen su antecedente en bolas de papel que usaban las prostitutas
vos, este método es aceptado por la religión católica. El onanismo, japonesas.
vinculado usualmente a la masturbación, es en realidad el méto- Los métodos de barrera también tienen larga historia, desde
do del coitus interruptus, asociado a Onan (600 AC), que “echaba la caña de bambú en Egipto (1400 AC), el cuero de víbora (800
su simiente en la tierra” incumpliendo el precepto Levítico de dar AC), la vegiga o intestino de animales (Roma). Gabriel Fallopio,
descendencia a la viuda de su hermano. Otro modo del coitus inte- en 1564, sugiere usar una pieza de lino para evitar la sífilis. Lord
rruptus, sugerido en el 500 AC, era el estornudo de la mujer al eya- Condom (1720) pasó a la historia con su cobertura de intestino
cular, lo cual exige una sincronía notable. Según Sorano de Éfeso grueso de oveja; pero es el descubrimiento del caucho en 1872 y
(siglo II DC) “en el momento crítico del coito, cuando el hombre del latex en 1950 lo que produce la verdadera masificación de los
esté próximo a descargar la simiente, la mujer debería contener la preservativos.
respiración y retirarse un poco, de manera que la simiente no sea Como antecedente del diafragma creado por Hasse en
depositada demasiado profundamente en la cavidad uterina. En- 1880, sin llegar al extremo del cinturón de castidad de la edad me-
tonces, la mujer debería levantarse inmediatamente y acuclillarse, dia (que como método de barrera era un poco drástico) Casanova
inducir el estornudo y limpiar la vagina en su alrededor y, quizás, recomendaba colocar una cáscara de limón como capuchón sobre
tomar algo frío”. el cuello uterino para evitar la concepción.
También se practicaba el coitus obstructus, un método sáns- Como métodos quirúrgicos, la salpingoclasia o ligadura de
crito consistente en presionar fuertemente en la base del testículo trompas se debe a Lungren en 1880, mientras en 1930 Sharp prac-
la uretra perineal llevando a la eyaculación retrógrada (vesical). tica la vasectomía o ligadura de conductos deferentes. No sólo me-
Otro método sánscrito era el coitus reservatus, orientado a que el dian 50 años entre uno y otro método, sino que a pesar de la mayor
varón no eyacule en ningún momento del acto sexual. Con estos simplicidad de la vasectomía, su número sigue siendo mucho me-
métodos, y el dominio del poder, no es raro que los varones hayan nor que el de las ligaduras.
centrado los métodos de anticoncepción en los cuerpos de las mu- Los actuales dispositivos intrauterinos, como se sabe, tienen
298 299
jeres. un origen no pensado para mujeres sino para que los camellos que
Antes de que se descubrieran los modernos espermaticidas, hacían largas travesías en el desierto no se preñaran. En el 600 AC
ya los primeros documentos médicos, los papiros de Ebers y de se descubrió la eficacia de poner piedras de río en el útero de las ca-
Kahoun (del 1600 AC y el 1900 AC) recomendaban tapones anti- mellas. Sólo en el siglo XX la técnica se extiende a las mujeres usan-
conceptivos de miel y fermento de acacia, o en su defecto heces de do desde aleación de plata y cobre, plástico, T con progesterona y
cocodrilo o irrigaciones con miel y carbonato de sodio. El ya citado aplicaciones cada vez más evolucionadas y seguras del mismo prin-
experto en temas ginecológicos Sorano de Éfeso (S II DC) sugiere cipio. Se discute si el dispositivo intrauterino es anticonceptivo o
varios productos para aplicar en la entrada misma del útero, como abortivo, lo que lejos de ser una cuestión empírica es una cuestión
aceite de oliva añejo, o una bola hecha de lana bien empañada en puramente definicional. De cómo definamos embarazo depende-
vino. Tanto el físico islámico Rhazes en el S IX como Avicena en rá cómo definamos interrupción del embarazo, y el mismo hecho
el XI mencionan la caca de elefante como método anticonceptivo2 será leido entonces como abortivo o anticonceptivo.
El aborto también fue preocupación desde la antigüedad los protegen de enfermedades de transmisión sexual. La razón por
por muchos motivos, y así se encontraron eficaces abortifacientes la que esto es así puede extenderse incluso a la proporción entre
como el baño de asiento en agua hirviendo con ajos, la masa de ligaduras de trompas y vasectomías, donde los mitos que envuel-
hormigas, la espuma de la boca de camellos o el cabello de cola de ven la anticoncepción quirúrgica tienen que ver con las pérdidas
ciervo disuelto en grasa de oso. para la sexualidad masculina, ya sea en la función eréctil o en la
La fertilidad de las mujeres, lejos de ser una cuestión per- falta de deseo, y en la masculinización de las mujeres considera-
sonal, siempre fue una cuestión económica y política de gran das como objeto sexuales de los varones.
magnitud. Mientras la reproducción humana requiera de noso- Las nuevas tecnologías reproductivas invirtieron el enfo-
tras, los Estados procurarán no dejar librado al azar o la voluntad que, liberando la reproducción de la necesidad del vinculo sexual.
individual el control de población. Las medidas orientadas a au- La inseminación artificial, pensada en sus orígenes para ampliar
mentar o disminuir el número de habitantes de un país han hecho las ganancias en la selección del ganado transladando el semen en
progresar la ciencia y la técnica mucho más que las necesidades lugar de los machos, y facilitando la inseminación de gran cantidad
humanas. de hembras en los tiempos y lugares decididos por los ganaderos,
Desde la eugenesia en Esparta (500 AC), pasando por la mostró pronto su utilidad para solucionar problemas de fertilidad
tribu americana Akimel O´odham o Pima que mataban al recién humana. Rápidamente, y a la luz de este nuevo destino medico, el
nacido huérfano de padre para librar a la madre de la crianza, propio concepto de infertilidad se modifica reduciendo los tiem-
hasta el moderno infanticidio en la India, China, Tahití y norte pos requeridos para el diagnóstico, ampliando entonces por defi-
de África, los países han procurado controlar la fertilidad de las nición el campo de parejas infértiles que podían ser tratadas.
mujeres y adecuarla a las necesidades y proyectos de los grupos La fecundación in vitro acompaña en el último tramo del
hegemónicos. siglo XX la emancipación femenina y la crítica a la institución ma-
Ya en el inicio de la anticoncepción en la antigüedad la ternal, y no expresa sino que produce una demanda terapéutica
sexualidad fue separada de la reproducción; tanto con el sentido por fuera de los límites biológicos. Se amplían los modelos de ma-
de protección de enfermedades de transmisión sexual en los mé- dres que pueden no tener compañeros varones y estar fuera de la
todos de barrera, como de obstáculo para la concepción o la ani- edad reproductiva. De deconstruye la función de los progenitores
dación del embrión, muchos y diversos son los métodos probados creando una fragmentación entre quien aporta el material gené-
300 301
de diversa eficacia. Aunque sin duda en el siglo XX se produce el tico, quien aporta el útero gestante, quien amamanta y quien se
impacto social más importante para las mujeres, que tuvo que ver responsabiliza finalmente por el cuidado y la crianza. Parece un
con el acceso masivo a la píldora anticonceptiva en la década del escenario disruptivo con respecto al papel tradicional, pero para-
60. dójicamente a la vez se entroniza la maternidad/paternidad bio-
Una primera observación que debemos realizar es que la lógica como objetivo. Personas que habrían descartado ese pro-
experimentación sistemática que permite el avance de la anticon- yecto lo ven como algo posible, alcanzable siempre que se cuente
cepción reconoce barreras de género, cuando se aplica especial- con el capital económico suficiente, y así se refuerza la asociación
mente en el cuerpo de las mujeres. Su condición de portadoras natural entre progenitura y maternaje.
del embarazo las hace las principales interesadas y por esto res- El extraordinario avance que la ciencia y la tecnología han
ponsables de evitarlo. Los varones son renuentes al uso de anti- aportado a la reproducción, control y preservación de la vida, tie-
conceptivos, incluso cuando se trata de métodos de barrera que ne su contracara en algunos estancamientos y retrocesos ideoló-
gicos que su aplicación acarrea. La selección genética que permiten de familia nuclear fundado en los orígenes del capitalismo como
hacer las nuevas tecnologías reproductivas, bajo la pretensión del modelo de convivencia que garantiza la legitimidad de la progenie
éxito terapéutico esconden formas de eugenesia notables, no sólo y con ello de la herencia. La aspiración de personas sexualmente
en los conceptos de viabilidad de los “mejores embriones” cuando disidentes de ser reconocidas como matrimonio y como familias, es
debe hacerse una selección, sino en la propia caracterización de los a la vez una ampliación del acceso a los derechos y una restauración
rasgos con los que se califican el esperma y los óvulos donados. del orden del Estado en la legitimación de las muchas formas de
El avance de la tecnología neonatológica, produce una in- convivencia.
dependencia cada vez mayor del útero materno como condición En el debate sobre el aborto, la utopía tecnológica ha sumado
para la reproducción, y del pecho materno para la alimentación, una nueva paradoja: la propuesta de incubadoras que permitan des-
permitiendo la sobrevida de fetos cada vez menos evolucionados hacerse de los embriones sin destruirlos, y llevarlos a término para
en la gestación. El embrión puede concebirse fuera del útero hasta su posterior adopción. Esta increíble sugerencia fue el aporte “cien-
etapas cada vez más tardías, y el feto puede mantenerse fuera de él tífico” al debate legislativo sobre reglamentación del aborto no pu-
desde etapas cada vez más tempranas. En una sincronía difícilmen- nible en los hospitales públicos de la Ciudad de Buenos Aires.
te inocente, a medida que avanza la demanda política de derechos Poner el acento en la reproducción biológica empuja a los
vinculados a los cuerpos de las mujeres, avanza también la capaci- márgenes otras expresiones de la sexualidad, incluso en su voluntad
dad tecnológica de prescindir de ellos. de maternar/paternar. Y presupone un alineamiento de las condi-
Si bien este desarrollo asegura el acceso a la vida y la salud de ciones complejas del sexo con expresiones dicotómicas de género.
los neonatos, y a veces con ello de las gestantes, esta independencia El debate feminista y luego los estudios queer pusieron en crisis la
no necesariamente significa mayor libertad para las mujeres, ni para dicotomía sexual y de género, permitiendo hacer visibles sexualida-
el género humano, sino que puede asociarse con una concentración des diversas y construyendo demandas concretas de ciudadanía.
incontrolable de poder y determinación del dominio tecnológico En el caso de las personas transexuales, los avances tecno-
sobre los destinos sociales. Los hijos e hijas ya no dependen para su lógicos que permiten perfeccionar la readecuación genital presen-
supervivencia (y quizás en poco tiempo, para su existencia) de una tan la paradoja de que por una parte amplían las posibilidades de
voluntad humana –y sobre todo femenina- cada vez más esquiva a adaptar los cuerpos a las subjetividades de género, y por otra parte
los mandatos sociales, culturales y religiosos. vuelven a consolidar la exigencia de alienamiento entre los cuerpos
302 303
Todavía estos recuersos no son totalmente alcanzables para y las identidades. Actualmente, proyectos de ley que contemplan el
parejas sexualmente disidentes. Algunas clínicas de fertilización reconocimiento de la identidad de género, patologizan la disiden-
asistida exigen a las mujeres un compañero varón para considerar- cia sexual y la “reparan” con cirugías de cambio de sexo. Por otra
las como pacientes, ni mujeres solas ni mujeres lesbianas son inse- parte, la judicialización de las decisiones de cambio de sexo para
minadas en estas instituciones que parecen resguardar más el orden posibilitar el reconocimiento de la identidad, enajenan la determi-
patriarcal que el derecho a la maternidad. No obstante, muchos son nación del género poniendo los saberes en manos de profesionales
los recursos usados por parejas gays o lesbianas para lograr el acce- médicos y psicólogos, quienes evaluarán según estrictas condicio-
so a la maternidad o la paternidad deseadas. nes vinculadas a estereotipos sociales.
También aquí podemos señalar una paradoja. La aplicación Si a una persona adulta se le interpone el conocimiento
de nuevas tecnologías reproductivas a parejas no heterosexuales científico como mediación con el reconocimiento de su género
fortalece a la vez la capacidad de tener hijos propios, y el modelo sexual, un porcentaje alarmante de recién nacidos con condicio-
nes de ambigüedad sexual recibirán un imperativo tratamiento NOTAS
quirúrgico de corrección de sus genitales para “normalizarlos”. El 1 Para esta reseña histórica tomé como base datos de Ernesto Gil Deza, “Aspectos éti-
avance tecnológico ha modificado el lugar físico en que reside la cos relacionados con el comienzo de la vida humana”, http://hmoore.org/presen-
“verdad” sobre los sexos, que ha pasado de la lectura de los geni- taciones/Clases%20modulo%20bioetica/Regulacion%20de%20la%20natalidad.
pdf.
tales al análisis de los cromosomas. Así, según el resultado de los
análisis de adn, se determinará el cuerpo de un bebé intersex con 2 Vern L. Bullough. “Encyclopedia of birth control”. Ed. ABC-CLIO, 2001 ISBN
9781576071816 Pág 101.
argumentos retrógrados que no consideran su subjetividad y se
imponen como normalización ideológica.
La paradoja de niñxs que no pueden decidir (intersex), y
adultxs que tampoco pueden hacerlo (transexuales), muestran
que el problema no es la modificación de los genitales, el proble-
ma es quién lo decide y quién tiene la autoridad sobre la aplicación
terapéutica de un avance tecnológico que abre posibilidades que
expanden las capacidades de incidencia sobre los cuerpos, pero
no erradica la enajenación de la decisión sobre la oportunidad y
conveniencia de esas intervenciones. Para reapropiarnos de esas
decisiones no alcanza con la existencia de tecnologías adecuadas y
disponibles, es necesario generar una autoridad sobre las propias
percepciones y las propias identidades, un reconocimiento políti-
co de la autoridad de los sujetos y el alcance de sus derechos.
Proponemos revisar críticamente las condiciones de aplica-
ción de la ciencia y la tecnología al servicio del control social, pero
también valorar la apropiación que democratiza sus aplicaciones
y sus efectos. En todos los casos, es relevante la afirmación epis-
témica de lxs usuarixs de la tecnología, la demanda y apropiación
304 305
no regidas exclusivamente por el mercado, y la participación del
Estado en la generación de políticas científicas y tecnológicas que
sin renunciar a la innovación permitan orientarla hacia necesi-
dades sociales definidas con participación ciudadana plena. No
se trata de rechazar los avances tecnológicos, sino de favorecer
avances políticos que permitan la apropiación democrática de sus
resultados.
14
TECNOLOGÍAS, CUERPOS SEXUADOS Y DIFERENCIAS

Silvia García Dauder

Cuerpos múltiples y diferencias


El presente trabajo forma parte de un proyecto de investigación
más amplio denominado “Cartografías del cuerpo: Biopolíticas de
la ciencia y la tecnología”. En dicho proyecto colectivo y hetero-
géneo no partimos de una idea prefijada de lo que un cuerpo es y
cuáles son sus fronteras, es decir, de un cuerpo único, unitario y
coherente que precede al conocimiento y a su regulación. Nues-
tro propósito es analizar, en cambio, el “cuerpo múltiple” (Mol,
2002), los muchos cuerpos producidos y performados por diferentes
prácticas y tecnologías bio-médicas y las conexiones parciales entre
ellos: los cuerpos de las tecnologías reproductivas, los cuerpos de
las tecnologías terapéuticas, los cuerpos de las tecnologías de re/
asignación de sexo o los cuerpos de las tecnologías reparadoras. En
este caso concreto, nos centraremos en los cuerpos sexuados de las
307
tecnologías biomédicas en intersección con las tecnologías de la
comunicación. Coincidimos con Mol y Law (2004) en atender no
sólo al cuerpo que se “tiene” (observado por la mirada científica o
experta “desde fuera”), o que se “es” (auto-reflexivo y experimen-
tado subjetivamente “desde dentro” por las propias personas), sino
también al cuerpo que va “haciéndose” en el proceso de articula-
ción de los diferentes elementos que lo van conformando. Nuestra
idea es analizar cómo cada “cuerpo” está específicamente conec-
tado a un conjunto de prácticas, tecnologías y discursos y cómo
se relaciona con otros (Berg y Akrich, 2004). Esta consideración
del cuerpo afecta también a la propia idea de lo “humano”, nos pa-
rece especialmente relevante indagar cómo se hace el cuerpo hu- les” (García-Dauder, Romero Bachiller y Ortega, 2007), aquí nos
mano por medio de las diferentes tecnologías: por ejemplo cómo centraremos en la producción del dualismo sexual a través de las
se hacen hormonal y quirúrgicamente los cuerpos humanamente intersecciones tecnológicas en el espacio deportivo.
vivibles dentro de un modelo social y de ciudadanía de dicotomía En tercer lugar, en el análisis de las tecnologías bio-médicas
sexual (García-Dauder, Romero Bachiller y Ortega, 2007). que forman parte de nuestro proyecto, también atendemos a las
Esta idea de “cuerpo múltiple” nos introduce necesariamen- diferencias corporales y encarnadas, constituidas como marcas so-
te en las políticas de la diferencia: diferentes problemas, de diferen- cialmente relevantes y jerarquizadas, producto de desigualdades
tes cuerpos, con diferentes actores implicados, y diferentes formas estructurales y de procesos de normalización y exclusión. No ol-
de gestionarlos. Tampoco queremos considerar la diferencia como vidamos las relaciones de poder y dominación en la gestión bio-
un a priori, sino como el resultado de variados procesos que van médica y, junto a ello, los procesos de identidad, subjetivación y
conformando las diferencias. Nos interesa estudiar, por ejemplo, resistencia. En concreto, un eje transversal en nuestra investiga-
cómo la diferencia es presentada como un problema en sí mismo ción es la atención a los cuerpos de las mujeres, a veces invisibi-
que debe ser eliminado o corregido a través de procesos normati- lizados y a veces marcados y estereotipados, todo ello en un con-
vos de estandarización y homogeneización: tanto en las prácticas texto general de análisis sobre cómo se construye la normalidad
médicas en forma de protocolos; como en los propios cuerpos en –desencarnada- y la diferencia corporal y qué diferencias deben
forma de patologías, anormalidades, desviaciones, etc. Por ejem- ser consideradas relevantes para constituir una “categoría” distin-
plo, cuando se habla de “variaciones anormales de la apariencia” tiva de cuerpos.
que convierten en “necesaria” una cirugía que responde a motivos Por último, nos interesa analizar la diferencia como mercan-
sociales de no aceptación de la diferencia (Davis, 2007). cía, presentada como objeto de consumo “neutro” para la auto-
Para las diferentes tecnologías bio-médicas que hemos se- gestión personal de la salud y de la vida. La imparcialidad como
leccionado en nuestro proyecto de investigación, queremos ana- negación de la diferencia da paso a la imparcialidad como proli-
lizar también la gestión de las diferencias y de las tensiones entre los feración de diferencias igualmente consumibles, de la normaliza-
diferentes elementos y actores implicados, dentro y fuera de la ción se pasa a la customización (Davis, 2007). Se trata del discurso
medicina, los conflictos y contradicciones, y su coordinación (Berg de la diferencia como individualidad elegida libremente como pro-
y Mol, 1998). Nos interesa estudiar cómo se moviliza y articula la yecto de identidad personal. Relacionado con ello, pretendemos
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diversidad de diferentes formas y para diferentes propósitos: cómo analizar las retóricas sobre lo que se considera un lujo o una nece-
los diferentes actores definen sus objetos de trabajo y organizan sidad médica respecto a los cuerpos en un sistema capitalista y de
sus diferentes prácticas y cómo se generan conexiones y alianzas bienestar, o conceptos como la auto-determinación corporal, las
parciales entre ellos. Aquí en concreto nos interesa analizar cómo “decisiones libres” o los consentimientos informados en los con-
diferentes sexos son incorporados en diferentes prácticas médicas textos bio-médicos actuales.
(psiquiátricas, endocrinológicas, quirúrgicas o genéticas) confor- Es en este contexto global de análisis que venimos “carto-
mando un logro interactivo con apariencia de unidad, el sexo, pero grafiando” cómo se producen los cuerpos y sus diferencias por
que no deja de ser un “sexo múltiple” producto de conexiones par- medios de diferentes prácticas y tecnologías. En concreto, en este
ciales. Si en estudios anteriores hemos abordado cómo se produ- texto, pretendemos analizar la intersección entre lo orgánico, lo
cen los cuerpos sexuados en los discursos y prácticas médicas en técnico y lo textual en la regulación normativa de cuerpos sexua-
el diagnóstico e intervención de los llamados “estados intersexua- dos y sus diferencias.
Cuerpos, diferencias y tecnologías de la comunicación Como ha señalado Fausto-Sterling (2006), el olvido del
Como ha señalado Donna Haraway (1995), los cuerpos como obje- cuerpo sexuado por parte de la teorización feminista ha supuesto
tos de conocimiento son nudos generativos materiales y simbólicos, el no cuestionamiento de la base material desde la que se asentaba
sus fronteras se hacen en interacción social a través de la intersección el concepto de género, el dualismo sexual, y con ello desatender las
entre la investigación biológica, la escritura, las prácticas médicas y implicaciones epistemológicas y políticas de la reproducción de los
las visualizaciones tecnológicas. Aquí pondremos en articulación a dualismos sexo/género, cuerpo/mente, naturaleza/cultura, real/
las tecnologías de la comunicación con las tecnologías médicas como construido. Como afirma esta autora, la materialidad corpórea ya
mediadoras en la producción de discursos, cuerpos y subjetividades viene interpretada por la ideología de género del dualismo sexual
en torno a la intersexualidad y, por ende, en torno a los ideales regula- que traduce “lo normal” en “natural”. La “lección de la intersexua-
dores de sexo/género1. lidad” (Kessler, 1998) consiste en evidenciar las arenas movedizas
A través de ello, podremos observar cómo los medios de co- en las que se asienta la experiencia encarnada de “ser mujeres o va-
municación funcionan como dispositivos de poder/saber sobre la rones”, nos obliga a entender la complejidad y variabilidad del sexo,
verdad de los cuerpos sexuados (Foucault, 1976) regulando formas nos cuestiona su seguridad y nos hace cómplices de las violencias
corporales y subjetividades dentro de los límites del dualismo sexual. generadas por la construcción social del binarismo sexual. Más allá
Entendemos aquí a los medios como parte de las diferentes “tecno- de una cuestión “meramente cultural”, nos habla de cómo la ciuda-
logías de género” (de Lauretis, 2000): aparatos semiótico-materiales danía y la propia categoría de “lo humano” están atravesadas por el
que conforman las fronteras entre los sexos mediante representa- dualismo sexual, nos habla de la inteligibilidad de los cuerpos y de
ciones que naturalizan y “cajanegrizan”2 el dualismo sexual (Latour, sus efectos materiales y subjetivos.
1999) -la “obviedad” de que sólo existen dos sexos por naturaleza, va- A través de sus discursos y representaciones, los medios de
rones y mujeres-, y que ejercen violencia simbólica sobre los cuerpos comunicación regulan y conforman cuerpos y subjetividades pen-
ilegibles bajo este orden binario y jerárquico. No obstante, más allá sables y deseables, y por lo tanto vivibles. Su poder performativo
del efecto de una representación, los cuerpos sexuados son también (de hacer aquello que dicen) quizá se haga más evidente ante su
su excedente, aquello que queda fuera del discurso y puede producir presencia-ausente. Los medios se convierten entonces en tecnolo-
una ruptura (de Lauretis, 2000). gías del silencio: lo que no se habla o no se representa no existe.
Pero, ¿por qué centrarnos en la representación de la intersexua- Los límites del discurso enunciable se convierten así en los límites
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lidad? Consideramos que la regulación mediática de la intersexuali- que hacen viable al sujeto (Butler, 1997). Existir en el repertorio
dad es un dispositivo más de la regulación y vigilancia del dualismo mediático supone ser reconocido como existencia posible, la legi-
sexual y nos permite reflexionar, no sólo sobre las violencias de géne- timación identitaria a través de la mirada pública (Hendel, 2010).
ro producto de la dominación masculina, también sobre aquéllas que Hasta recientemente, la intersexualidad había estado prácticamente
provienen del “privilegio de la normalidad” de sexo/género (Engel, ausente de los espacios de discurso y representación de los medios,
1997; Hinkle, 2006). Si las mujeres, junto con otros colectivos, se apenas existían noticias. La propia palabra era o es desconocida por
han construido como lo Otro del sujeto occidental moderno, aquellas una opinión pública ajena a los temas relacionados con el género
personas cuyos cuerpos no encajan dentro del dualismo sexual, den- y la diversidad sexual. Pero a veces el silencio puede ser también
tro de lo considerado típico como propio de un varón o de una mujer, una estrategia de resistencia, sobre todo, cuando el discurso o las
han quedado relegadas como “otras inapropiadas/bles” fuera incluso representaciones que heterodesignan de forma hegemónica son
de los límites de lo pensable o teorizable (Trinh Minh-ha, 1986). negativas y estigmatizan o victimizan subjetividades. Este ha sido
el caso de la intersexualidad. En los medios sigue presente el imagi- França, 2009). En general, si la práctica y el progreso deportivo
nario del hermafrodita como monstruo moral del siglo XIX, una figu- confieren hombría y virilidad a un hombre, confirman su identidad
ración que genera atracción y rechazo por lo desconocido, morbo de género, en una mujer ponen bajo sospecha su feminidad y he-
y perversión, o queda bajo la sospecha del engaño sexual y moral. terosexualidad (Cahn, 1993). Los cuerpos de muchas mujeres de-
La otra principal representación es la de la anomalía clínica, el refe- portistas rompen con las expectativas de género y representan una
rente médico que reduce la persona al cuerpo fragmentado “sexual- doble amenaza: el acercamiento a los varones en marcas y, lo que es
mente ambiguo, indefinido” que debe ser corregido hormonal y peor, el acercamiento físico (Broad, 2001; Bohoun, 2008). De ahí
quirúrgicamente para ser “normal”; por otro lado, objeto de interés la irritación que provoca en los medios deportivos la mujer con apa-
científico y recurso para dirimir controversias herencia-ambiente, riencia y fuerza física “masculina”, con grandes marcas, y que no se
naturaleza-cultura, etc. La estigmatización y la cosificación, vienen pliega al juego de deseos hacia los hombres. Ello ha llevado a utilizar
acompañadas en los medios de la victimización, cuando se narran el término anglosajón “the female apologetic athlete” para referirse a
experiencias vividas, las personas intersexuales aparecen como víc- las expresiones de feminidad y heterosexualidad obligatoria de mu-
timas pasivas bajo el sufrimiento inescapable de ser diferente. Así, jeres atletas para compensar una imagen “masculina” de logros en
en la mayoría de los casos, las representaciones sobre la intersexua- el deporte (Messner, 1988). Y su complemento: la preeminencia
lidad en los medios interpelan a la persona intersexual por medio en los medios de comunicación del juicio estético de las atletas, en
de palabras e imágenes que estigmatizan, cosifican o victimizan. De un contexto de mirada heterosexual, frente a la información sobre
nuevo hay que preguntarnos por las marcas y heridas subjetivas de su rendimiento, regulando un “necesario” equilibrio entre logros y
estas representaciones negativas y homogéneas de la intersexuali- feminidad (Bohoun, 2008).
dad, o incluso, como se han preguntado otros colectivos estigmati- Pero sobre las mujeres deportistas no sólo recae este peso
zados, si a veces es mejor el silencio a la palabra o imagen que hie- de la dualidad de género y del sexismo, también la vigilancia de la
ren (Missé, 2009). dualidad sexual. Aquí es necesario recordar la ausencia de mujeres
A continuación vamos a analizar cómo se producen y se re- en los orígenes de la profesionalización del deporte y las competi-
gulan los cuerpos sexuados en el ámbito deportivo a través de la ciones internacionales (por ejemplo en los Juegos Olímpicos). De
articulación de tecnologías biomédicas y tecnologías de la comuni- ahí la resistencia histórica y cultural a su incorporación y que las
cación. Nos centramos en el espacio deportivo por ser un escenario autoridades no supieran qué hacer con las mujeres que demanda-
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aduanero de las fronteras del sexo que asume como principios bási- ban competir. La respuesta fue instaurar el principio de segregación
cos la segregación y la desigualdad sexual. La existencia de cuerpos sexual basado en el concepto de “competición justa”. En la década
intersexuados desbarata el orden dual y provoca la activación de de los 60, el Comité Olímpico Internacional y algunas federaciones
diversas medidas para hacer encajar la variablidad de los cuerpos internacionales como la de atletismo, decidieron hacer controles
sexuados en dos categorías. de sexo a mujeres deportistas, también llamados tests de verifica-
ción de género o certificados de feminidad. Estas pruebas se crea-
Cuerpos, dualismo sexual y “tests de verificación de género” ron en el contexto de la Guerra Fría para detectar posibles fraudes
Por tradición, el mundo del deporte siempre ha sido un espacio de competidores varones que se hicieran pasar por mujeres y así su-
masculino y machista que ha partido de dos supuestos: que las di- mar triunfos en el medallero de sus respectivos países. El chequeo
ferencias físicas de las mujeres las hacen estar por naturaleza siem- sexual consistía en una inspección anatómica realizada por un co-
pre en desventaja y que el deporte las masculiniza (Festle, 1996; mité de expertos que examinaba a las deportistas desnudas, con la
humillación que ello implicaba. Más tarde, en 1968, se pasó a prue- con Síndrome de Turner). Para este autor no deberían competir
bas menos invasivas como el análisis de la cromatina sexual a partir varones que se hacen pasar por mujeres o “mujeres normales que
de la mucosa bucal o, en 1992, el test de la reacción al gen SRY. Se han tomado hormonas que pueden incrementar su fuerza muscu-
asume, así, que el caleidoscopio sexual formado por cromosomas, lar”. Pero además incluía otra categoría de mujeres que no debería
hormonas, gónadas, genitales externos, caracteres sexuales secun- competir, la “mujer hipermuscular congénita”: “mujeres anorma-
darios, etc. es único y que todos sus componentes se alinean según les con condiciones congénitas que pueden llevar a un incremento
un dualismo que responde a los estándares o prototipos del cuerpo de la masa muscular”, con “marcada virilización y cuerpo y fuerza
sexuado de varón o de mujer. Nada mejor que el espacio deportivo, muscular de tipo masculino” (de la Chapelle, 1986). Se refería, fun-
donde el cuerpo y la segregación sexual son protagonistas, como damentalmente, a mujeres con hiperplasia suprarrenal congénita
laboratorio donde poder analizar cómo estas complejidades son cuyo sexo cromosómico, gonadal y psicosocial es femenino, pero
disciplinadas y forzadas a encajar en dos casillas. no las características sexuales secundarias (especialmente la fuer-
A través de los cambios producidos en las pruebas de “verifi- za muscular). Debido a ello, según este autor, poseían una ventaja
cación de género” se pasa de una concepción de la “mujer” basada competitiva dados sus altos niveles de testosterona.
en su anatomía externa (fundamentalmente genital), a una concep- Como se puede ver, los criterios de verificación de género
ción cromosómica y genética. En todo caso, las pruebas se basaban ya no buscan tanto descubrir a la “verdadera mujer” cuanto decidir
en la creencia de que el progreso tecnológico posibilitaría el crite- quién debe o no competir en función de su “ventaja competitiva”. Y,
rio determinante para descubrir a la “verdadera mujer”. A partir para de la Chapelle, “lo que determina si un individuo debería com-
de la década de los 80 comienzan a publicarse artículos en revistas petir en pruebas de mujeres es principalmente el sexo psicosocial
de medicina deportiva cuestionando la validez científica de estas (apariencia y conducta) y las características sexuales secundarias
pruebas. El argumento es que los controles se basaban en cuerpos (músculos y cuerpo)” (1986: 1922). Así, el criterio que determina
de varones y mujeres que respondían a los estándares típicos, pero a la mujer ya no es el anatómico genital o el cromosómico, sino la
no consideraban los casos de mujeres con cuerpos intersexuados “ventaja competitiva” medida por la fuerza muscular.
que además carecían de ventaja competitiva (de la Chapelle, 1986; Pero más allá de una cuestión puramente científica, la aplica-
Simpson et al., 1993). En un artículo ya clásico, de la Chapelle afir- ción de los tests de verificación de género plantea cuestiones éticas.
maba respecto a los objetivos de los controles de sexo: “el objetivo Por un lado, se trata de pruebas sexistas, en tanto sólo se aplican a
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del test de ‘verificación de género’ no ha sido explícitamente esta- mujeres. Pero además, más allá de errores de detección, las prue-
blecido. Sin embargo, de forma general se asume que es excluir a bas atentan contra la autonomía sexual de las mujeres, poniendo en
varones y a otras competidoras cuya estructura corpórea o fuerza cuestión su sexo a una edad adulta (con los traumas psicológicos
muscular son de tipo masculino o anormalmente fuertes como para que ello pueda conllevar); y contra su intimidad, ya que con ayuda
conferirles una ventaja injusta sobre otras mujeres competidoras” de los medios se pone bajo sospecha de forma pública su sexo, aca-
(de la Chapelle, 1986: 1920). Según este autor, sí deberían compe- bando en la mayoría de los casos con su carrera profesional.
tir mujeres “con condiciones congénitas de cromatina sexual anor- Ante todas estas críticas, la Federación Internacional de At-
mal” que no producen una “fuerza muscular anormal”, ya que tienen letismo abandonó los tests de verificación de género en 1992, y un
“proporciones del cuerpo femenino, genitales externos femeninos, grupo de consenso estableció como criterio el sexo psicológico y de
fuerza muscular femenina y constitución psicosocial femenina” crianza de la deportista (y estudios particulares en casos de mujeres
(por ejemplo, mujeres XY con insensibilidad a los andrógenos o X0 transexuales para comprobar que se había anulado su ventaja com-
petitiva mediante tratamientos hormonales y quirúrgicos). En At- sexual como pruebas de su “ser mujer”, como si no fuera suficiente
lanta-1996, el COI siguió aplicando la prueba de la reacción al gen su “sentirse mujer”3.
SRY, pero la novedad ahora es la introducción de recomendaciones Las cosas no han cambiado mucho en el nuevo milenio.
de intervención con estrógenos y cirugía en casos de intersexuali- Las noticias sobre las corredoras Santhi Soundarajan o Caster Se-
dad para anular posibles ventajas. De esta forma, las autoridades menya o las de la yudoka Edinanci Silva nos muestran que, ante
deportivas no sólo se arrojan el poder de “diagnosticar” quién es o la imposibilidad de encontrar un criterio para determinar el sexo
no una mujer, sino de regular qué tipo de intervenciones tiene que verdadero y encerrar la fluidez del sexo en una dicotomía rígida, se
seguir una deportista para convertirse en tal cosa. En los Juegos ha pasado a controlar la “verdadera feminidad” a través de la vigi-
Olímpicos de Sydney-2000 el COI abandona estos controles pero lancia aduanera de la coherencia sexo/género/deseo. Pero con la
vuelven a ser retomados en Pekín-2008. Como veremos el debate agravante, en estos casos, de la imposición racista de los estándares
vuelve a reabrirse tras la participación de Caster Semenya en los blancos y occidentales sobre la apariencia de una mujer. La fuerza
mundiales de atletismo de 2009. física de las atletas negras símbolo de orgullo, se pone en entredi-
cho al suponer un cuestionamiento de su feminidad.
Regulación y vigilancia del dualismo de sexo/género en la El ensañamiento mediático contra las personas que no res-
prensa deportiva ponden a los moldes dualistas de sexo/género se plasma en la falta
La regulación del sexo en las deportistas no sólo se produce en el de respeto a la identidad de género subjetiva de las atletas y a su in-
momento en que se les aplica el “test de verificación de género”. timidad. En los Juegos Asiáticos de 2006, con Santhi Soundarajan,
Una segunda regulación tiene lugar a través de la divulgación en los titulares hablaban de “estafa por cromosoma Y”, “De triunfado-
los medios deportivos de los casos donde “saltan las alarmas” y el ra a impostor. De mujer a hombre. La medallista es él”4. Parecería
sexo es puesto bajo sospecha. Vamos a analizar a continuación el que, independientemente de la historia personal y del derecho in-
papel de los medios de comunicación, en concreto la prensa, en las alienable de cada persona a elegir su propia identidad subjetiva de
vigilancia del dualismo de sexo/género en el deporte. género, el periodista, al igual que el experto en medicina deportiva,
En la década de los 80, la corredora de vallas María José Mar- se arrojan el derecho a decidir sobre el sexo, y por ende sobre el
tínez Patiño tuvo que enfrentarse a las sospechas sobre su sexo y la género, de la mujer deportista. El ensañamiento mediático viene,
divulgación de las mismas en la prensa. Esta atleta luchó para que en ocasiones, acompañado de un sensacionalismo “comprensivo
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las autoridades deportivas dejaran de asentar el sexo de las atletas y victimista”. Noticias donde se busca en la infancia pobre y mar-
en los cromosomas, un criterio que injustamente discriminaba a ginal de la atleta el sufrimiento inescapable de ser diferente por su
mujeres con insensibilidad a los andrógenos que, como nos ocurre “ambigüedad sexual”. Como si ese dolor fuera el precio social a
a la mayoría, desconocían las letras que conformaban su cariotipo. pagar para compensar sospechas de moralidad sexual5.
No obstante, al leer la prensa de aquella época, nos damos cuenta Durante los juegos olímpicos de Pekín-2008, el noticiero
de hasta qué punto los medios pusieron en duda no sólo su sexo, español volvió a lanzar su artillería mediática al servicio de la regu-
sino también su género, su deseo y su moralidad. En las noticias se lación del dualismo sexual en el deporte. Se habla de una “yudoka
hablaba de su apariencia “complaciente y coqueta”, de su “deseo brasileña hermafrodita”, “con fuerza de un hombre”, “de poten-
de casarse y tener hijos”, de sus creencias “católicas y monárqui- cia masculina en el yudo femenino”. De Edinanci Silva, se decía:
cas” y de sus “coqueteos” con los atletas varones. La vigilancia de “Tuvo que demostrar que es realmente una mujer ya que su cuer-
sexo se confundía con una vigilancia de género y de deseo hetero- po genera muchas dudas”6. ¿Es el cuerpo el que genera dudas o
una percepción social basada en esquemas rígidos y dualistas de jeres en una permanente inferioridad en lo deportivo. Se parte de
género? Los medios asumen sin más que, gracias a la cirugía y al que, en el plano deportivo, las mujeres son inferiores por su natu-
tratamiento hormonal a los que fue sometida, “pudo cumplir su raleza física a los varones, ergo, si existe una mujer cuyas marcas se
doble sueño: ser mujer y poder competir”7, ya que dichas interven- acercan a las de los varones, “corre como un hombre”, y además
ciones anulaban su “ventaja competitiva”. Para demostrar que “es posee un cuerpo musculado, fuerte y no es “apologetic”, está bajo
realmente una mujer” su cuerpo tuvo que ser intervenido quirúr- sospecha de no ser realmente una mujer, insisto, independiente-
gica y hormonalmente. Desde el 2004 el COI permite a mujeres mente de su propia historia personal y de su identidad de género
transexuales competir como mujeres, siempre y cuando se hayan como mujer.
sometido a una intervención quirúrgica de genitales y a un trata- El sexismo provoca que no se planteen los mismos debates
miento hormonal durante dos años, suficiente como para anular su en el ámbito masculino, que no se vigilen las ventajas competitivas
“ventaja”. Lo que constituye un avance para mujeres transexuales, en los deportistas varones. La tiranía del dualismo sexual provoca
resulta problemático si se establece como norma para mujeres con que no se vigilen otras dimensiones físicas de ventaja competitiva
cuerpos intersexuados. Se plantea como “derecho al tratamiento” más allá de las relacionadas con el sexo, como nacer con una estatu-
lo que no es sino una obligación quirúrgica y hormonal, que puede ra que dote de superioridad para un determinado deporte. Obligar
ser no deseada, para obtener un certificado de feminidad y poder a una mujer deportista a hormonarse para compensar la “ventaja”
competir. que pueden tener niveles “elevados” de testosterona que genera su
Como hemos señalado, tras abandonarse por problemas propio cuerpo, es como obligar a un jugador de baloncesto de altu-
de validez científica en 1999, los controles de sexo se retomaron ra “elevada” por efecto de sus hormonas a intervenciones médicas
en los Juegos Olímpicos de Pekín-2008 y con la participación de que compensen su ventaja respecto al resto. ¿Cuál es la amenaza?
Caster Semenya en los mundiales de Atletismo de Berlín-2009 se ¿La ventaja competitiva? ¿O la confusión de sexos, géneros y de-
reaviva el debate. Confundiéndolo todo, las noticias mezclan cro- seos que desestabiliza el principio del dualismo sexual en el que
mosomas, con cirugías y hormonas, con un pasado “marimacho”, se asienta toda la institucionalización del deporte y, más aún, una
con la elección de pantalones grises sobre faldas a cuadros, con el estructura social basada en la diferencia sexual? Hacer que alguien
deseo hacia las chicas en lugar de hacia los chicos, etc8. O, en un se someta a una intervención quirúrgica u hormonal como precio a
ejercicio de disciplinamiento de género, se presiona a la deportista pagar por el reconocimiento de una autoridad deportiva o de otro
318 319
a posar en una revista de moda, maquillada y con joyas, para así tipo va en contra de los derechos humanos básicos. Claramente,
compensar con una feminidad que la pueda redimir de sus peca- el temor que despierta Caster Semenya no es su ventaja competi-
dos de fuerza física y logros deportivos9. Ya se asume “que el sexo tiva, sino el miedo a un cuerpo de mujer hipermusculado, que no
no es sólo una Y”10, pero la sospecha viene ahora por dos motivos pide disculpas, gracias a las hormonas que naturalmente genera su
según las noticias: “la imagen masculina que dio en la pista” y la organismo, pero sobre todo gracias al esfuerzo y al entrenamien-
“increíble mejora en su marca”11. Lo curioso es que ya no se dis- to duro. Hasta que no se celebren conjuntamente las marcas y la
cute sobre las tecnologías necesarias para detectar a la “verdadera “masculinidad” de las mujeres deportistas, en el sentido de fuerza,
mujer”. Se reconoce que hoy en día no tiene sentido hacer pruebas musculatura, ambición e indiferencia hacia la estética en beneficio
para detectar fraudes de varones que se hacen pasar por mujeres. del logro deportivo, de la misma forma en que se celebran las carre-
El debate está ahora en torno al constructo “ventaja competitiva” ras de Usain Bolt, seguirán existiendo barreras para las mujeres en
que se ha convertido en un argumento circular que ancla a las mu- el mundo deportivo y se seguirán vigilando las fronteras del sexo.
Conclusiones su sexo bajo sospecha. Ante la definición imposible de la “verdadera
El objetivo de este trabajo era analizar cómo se producen los cuer- mujer”, los medios de comunicación pasan a regular la “verdadera
pos sexuados y la regulación de sus diferencias en la intersección feminidad” en ejercicios de confusión y vigilancia del sexo, el géne-
de las tecnologías biomédicas, aplicadas en este caso al ámbito de- ro y el deseo. Pero lo que quizá llame más la atención es el escaso
portivo, y las tecnologías de la comunicación. Hemos podido ver respeto a la identidad subjetiva de género y a la autonomía sexual
cómo surgen los llamados “tests de verificación de género” para de la deportista.
controlar la segregación sexual en el deporte y para vigilar posibles Con todo ello hemos querido mostrar cómo se hacen los
fraudes de varones haciéndose pasar por mujeres. Pero también he- cuerpos sexuados y se regulan sus diferencias bajo los moldes dua-
mos visto cómo se pasa de la vigilancia del fraude a la regulación de listas en la intersección de las tecnologías biomédicas y de la comu-
los cuerpos intersexuados bajo el dualismo sexual deportivo. Este nicación.
cambio ha supuesto el paso de la búsqueda del criterio definitivo
para descubrir a “la verdadera mujer” a la regulación de la ventaja NOTAS
competitiva. Con ello hemos identificado diferentes componentes
1 Las reflexiones de este artículo parten de un análisis de las noticias sobre “intersexuali-
que definirían qué es esa cosa llamada sexo o qué es lo que defi- dad” (y términos relacionados) publicadas en la prensa española en general y de forma
ne a una mujer: desde la anatomía externa genital de comienzos de sistemática en el diario público El País desde el año 1985 hasta el 2008.
los 60, al sexo cromosómico y genético (hasta los 90), hasta el sexo 2 En términos de Bruno Latour (1999), su trabajo de naturalización se vuelve invisible,
psicológico o de crianza. Finalmente, los problemas existentes para opaco, a causa de su éxito.
fijar qué define a la “verdadera mujer” han provocado que se regule, 3 “La batalla por aclarar un error”. El País, 01-02-1986; “Martínez Patiño: “Pienso casar-
en su lugar, qué mujeres deben competir en función de su ventaja me y tener hijos“. La atleta aún no comprende que pueda tener cromosomas mascu-
linos”. El País, 01-02-1986; ENTREVISTA.”Nunca he dejado de sentirme mujer”. El
competitiva. Con ello, el énfasis del sexo/género se pone ahora en País, 09-10-1988.
la fuerza muscular. El argumento circular de la ventaja competitiva
4 “La subcampeona de 800 metros es él. La atleta india Santhi Soundarajan no supera
implica que no tener una ventaja competitiva es lo que te convierte un test de género y pierde la medalla de plata”. El Mundo, 19-12-2006; “La medallista
en “mujer” para el mundo deportivo y a la inversa. es él. Un control desvela que la atleta y subcampeona de los Juegos Asiáticos Santhi
Por otro lado, hemos analizado cómo las instituciones de- Soundarajan es un hombre”. ADN, 19-/12-2006.

320 portivas no sólo regulaban el diagnóstico del sexo en el deporte, 5 “La ganadora de una plata en los Juegos Asiáticos es descalificada por dudas sobre su 321
sexo e intenta suicidarse”. El Mundo, 13-09-2007.
sino también qué tipo de intervenciones médicas debe pasar una
mujer con un cuerpo intersexuado para poder competir. Con ello, 6 “Edinanci Silva, la judoca con la fuerza de un hombre”. Cadenaser.com, 14-08-2008.
la cirugía y el tratamiento hormonal se imponen como rituales que 7 “Esther San Miguel se queda a las puertas del bronce”. Subtítulo: “Una campeona her-
devuelven legitimidad al sexo/género de la deportista al anular mafrodita”. El País 14-08-2008.

la “ventaja”. El precio a pagar para poder competir es someter el 8 Por ejemplo, “El sexo no es sólo una Y”. El País, 25-08-2009; o “Polémica por el sexo
de Semenya. La atleta que no podía entrar al baño de chicas”. El Mundo 23-08-2009.
cuerpo a tratamientos quirúrgicos y hormonales de normalización
sexual para que el dualismo sexual en el deporte no se desestabili- 9 “La reivindicación de Caster Semenya. La atleta surafricana posa para una revista para
desmentir las críticas sobre su feminidad.” El País, 09-09-2009.
ce.
10 “El sexo no es sólo una Y”. El País, 25-08-2009.
Por último, hemos analizado cómo se produce la vigilancia
del dualismo de sexo/género en la prensa deportiva a partir de no- 11 “La reivindicación de Caster Semenya. La atleta surafricana posa para una revista para
desmentir las críticas sobre su feminidad.” El País, 09-09-2009.
ticias que cubrían los casos de mujeres deportistas a las que se ponía
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DICTADURA DEL CUERPO, PUBLICIDAD, GÉNERO Y
TRASTORNOS ALIMENTARIOS1

Olga Bustos-Romero

Algo de historia y la dictadura del cuerpo hacia las mujeres


La importancia y concepción que se le ha dado al cuerpo, el lugar
que ocupa en la sociedad, su presencia en el imaginario y en la
realidad, en la vida cotidiana y en momentos específicos han teni-
do cambios a lo largo de la historia. Esto es importante señalarlo
ya que por mucho tiempo imperó la idea de que el cuerpo perte-
necía a la naturaleza y no a la cultura. Más bien, el cuerpo ha sido
construido, reconstruido, reconocido u ocultado, dependiendo
del momento histórico.
El énfasis que se ha dado al cuerpo de las mujeres, en la
gran mayoría de las culturas es superior al asignado al cuerpo de
los hombres. La belleza física de la mujer recibe una considera-
ción más relevante que la del hombre. El atractivo de ellos se aso-
324 325
cia más con sus habilidades y poderes, que con su complexión o
aspecto físico. En tanto que para las mujeres sus funciones pro-
creadoras y alimentadoras, así como las sociosexuales, represen-
tan los cimientos de tal relevancia corporal. El mismo cuerpo des-
tinado a engendrar, parir y amamantar debe contar con suficiente
atractivo sexual e interpersonal para conseguir su integración en
el medio sociocultural en el que se desenvuelve su vida.2
El estudio reportado en 1951, por Ford y Beach, que reali-
zaron en 190 sociedades tribales demuestra que en la casi totali-
dad de estas tribus, el atractivo y las características físicas de las
mujeres reciben mucha más importancia social que los manifes-
tados por los hombres. En ellos contaban más sus demostracio- del hambre, la enfermedad y la pobreza. Al hablar de sexualidad
nes de valor.3 en la Edad Media, se establece que la copulación solo se permite
Sin embargo, la excepción a la regla anterior la constituyó la dentro del matrimonio y debe darse con el único fin de procrear.
Grecia clásica, donde el cuerpo varonil fue objeto de admiración Esta sexualidad reprimida llega a situaciones de violencia contra
pública y considerado más atractivo que el femenino, tal vez porque las mujeres al considerarlas como objetos o propiedad: “El marido
el concepto de belleza, referida al cuerpo, se refería a lo saludable, es dueño del cuerpo de su mujer, tiene su usufructo”.8 Todo intento
al estar en forma, e incluso las cualidades internas, lo que se atri- contraceptivo es una falta mortal para los teólogos.
buía más al varón. Eso era una consecuencia de la concepción de Con respecto a las imposiciones sobre los cuerpos, Michel
la unidad cuerpo-mente vigente en la Grecia clásica, que fue muy Foucault argumenta que en el siglo XVIII se establece en Europa
diferente a la que posteriormente fue defendida por el cristianis- una tecnología política del cuerpo; y más específicamente este au-
mo.4 En Grecia, la belleza del cuerpo era un concreción del culto al tor, en su obra Vigilar y Castigar (1975)9 interroga la manera en
equilibrio, y lo extremoso, lo extraño no podía ser perfecto. que el cuerpo se sumerge directamente en un terreno político. In-
Por su parte, la Roma antigua discrepó de la Grecia clásica tegra el cuerpo en una “microfísica de los poderes” mencionando
en una parte de sus criterios estéticos corporales. Aquí había más que: lo cercan, lo marcan, lo enderezan, lo torturan, lo obligan a
interés por las peculiaridades y rarezas de rostros y personas.5 Se trabajos, ceremonias, exigen de él signos.
valoraba la delgadez o, al menos, evitaban el sobrepeso. Como bien Como puede verse, en la mayoría de las sociedades ha habi-
se sabe, aunque en los banquetes la ingesta de comida era exagene- do más exigencias en cuanto a la belleza de las mujeres que en los
rada, utilizaban el vómito como medio para regular su peso. Había hombres. Esta belleza puede estar asociada con gordura o delga-
una aceptación por los atracones y el vómito, que estaban plena- dez, pero siempre como un deber ser. Algunos casos de culturas
mente integrados a la cultura, por lo que como señala Josep Toro6, que asocian belleza con gordura en las mujeres pueden encontrar-
eso “…..impide -¿o no?- que nos refiramos a esas prácticas como si de se en10 :
trastornos bulímicos se tratara”. En Roma se apreciaba a la mujer so-
bre todo por su condición de madre, puesto que debía dar muchos Mauritania: Entre más gruesas más bellas.
hijos al Estado; y esto entraba en contradicción con el culto a la Egipto: Estar rellenitas es un bendición.
delgadez. Nigeria: Debe engordarse antes de llegar a las nupcias.
326 Samoa: Después de tener muchos hijos/as y llegar a estar gordas, 327
En la Edad Media, el cuerpo de las mujeres debía mostrar
corpulencia; la mujer reproductora y su respectiva figura consti- es cuando realmente son admiradas por la comunidad.
tuyeron el patrón dominante. El vientre de la mujer debía ser os- No obstante, también existe una pequeña minoría de pue-
tensiblemente redondeado como símbolo de fertilidad. Hay que blos en África, que muestran preferencias por las mujeres delga-
recordar aquí que las deidades femeninas, sobre todo las asociadas das, por ejemplo, las massais, dobuanas, tonganas y gurages. En
con la fertilidad, en la mayoría de las culturas estás representadas general considerar la corpulencia como algo repugnante, y las
como mujeres regordetas. Engordar no solo era un signo de rique- mujeres tonganas guardan dieta para mantener una línea esbelta,
za, sino también de salud. Resulta muy significativo que a la aris- ya que se cree que si tienen abdomen voluminoso pierden enton-
trocracia dirigente se le denominara popolo grasso, mientras que a ces gran parte de su atractivo.
la clase popular se le llamaba popolo magro7 En otras palabras, al En su obra sobre El Cuerpo como Delito, Josep Toro11 re-
apreciar la gordura se rechazaba la delgadez, lo que implicaba huir fiere que las mujeres, mucho más que la mayoría de los hombres,
tienden a construir su autoestima en lo que ellas piensan de su “….podemos ver que la cultura establece la norma (un cuer-
propio cuerpo y en lo que creen que piensan las demás personas po delgado); la biología individual suministra razones para la inade-
acerca del mismo. Por otra parte, el autoconcepto femenino suele cuación a la limitación (por ejemplo, un cuerpo grueso); la cultura
fundarse significativamente en su atractivo corporal. proporciona el procedimiento aceptable para modificarla (comer
Aquí vale la pena detenerse un momento para señalar que menos), y el estatus como miembro del grupo cultural (esto es, ser
la autoestima es la valoración, positiva o negativa, que hacemos mujer y poseer una autoestima dependiente de los atributos físicos)
acerca de lo que consideramos que somos y hacemos. La antropó- influye en el vigor con que el individuo persigue los procedimientos
loga feminista Marcela Lagarde12 refiere que la autoestima signifi- de modificación”.13
ca la estima del yo ¿en qué grado y de qué manera se experimenta En las sociedades “occidentales”, principalmente, la belleza fe-
esta estima? ¿pevalecen en nosotras afanes de autocuidado, ganas menina se ha convertido en un deber ser: una mujer deber ser bella y
de hacer cosas para nosotras mismas, pensamientos apegados a si no lo es debe hacer todo para lograrlo. Al respecto, Vigarello14 des-
una visión profunda y concienzuda sobre nuestra vida, actitudes y taca que en este momento histórico donde se atraviesa por una crisis
comportamiento afines? ¿son nuestras las explicaciones comple- de las instituciones, y los meta-relatos regresan la responsabilidad a
jas y basadas en nuestro saber y en nuestra autoridad? ¿qué es- las personas acerca de su propia vida, el cuerpo, su apariencia y su
peramos cada una de sí misma y qué de las otras y los otros en belleza, estos aspectos se constituyen como los principales objetos a
cuanto a nuestra propia realización? ¿somos justas con nosotras dominar, es decir, ellas y ellos son responsables de sus maneras de ser,
mismas? de sus imágenes. Lo anterior se vuelve un imperativo en el caso de las
mujeres, ya que “no ser bella” se traduce en un estigma social.
Publicidad, género y trastornos alimentarios El cuerpo de las mujeres se ha concebido a través del recono-
La construcción subjetiva del cuerpo de las mujeres, en tan- cimiento y la palabra de los otros. Lourdes Ventura15, recupera John
to sexuado, establece una serie de imposiciones, restricciones y Berger quien señala: “Los hombres miran a las mujeres. Las mujeres
atributos que están sobre todo determinados por la cultura y el se contemplan a sí mismas siendo miradas. Este hecho determina no
momento histórico por el que se atraviesa. Del prototipo de una solo la relación entre hombres y mujeres, sino también las relación de
Marilyn Monroe, con curvas, en la década de los cincuenta, hubo la mujer con ella misma. Como bien destaca la filósofa Susan Bordo16,
un gran cambio en la década de los sesenta con la Twiggy, porta- la persistencia de esta suposición representa un esquema de género.
328 329
dora de un cuerpo delgado acercándose más a la anorexia, para La mujer se vive atrapada en su cuerpo, en su deseo de entregarse y
instaurarse desde los años setenta la cultura de la delgadez, con en el temor del escrutinio ajeno, mientras que el hombre, de acuerdo
exceso de ejercicio, adicción por los gimasios, fármacos, cirugías, a Simone de Beauvoir17 “puede renegar de la carne”, separarse brus-
productos “milagrosos”, a partir de estrategias de mercadotecnia camente de un fusión amorosa, “volver a ser un cuerpo íntegro”, neu-
que inducen al consumo excesivo, como fórmula mágica para al- tralizar lo fisiológico, transformarse en idea.
canzar el “ideal” de belleza, establecido culturalmente, y que es Las sociedades marcan diferencias en cuanto a la concepción
ampliamente promovido por los medios de comunicación. de mujeres y hombres, lo cual incide por supuesto en la construcción
El problema se presenta cuando la cultura impone ciertos de los cuerpos, de las identidades y las subjetividades, dando como
valores y normas en relación al cuerpo, y quienes forman parte de resultado la construcción de los géneros.
esa cultura no se ajustan a ese modelo impuesto. Lo que sucede Por género entendemos la dimensión construida sociocultural-
actualmente y en nuestro mundo occidental es lo siguiente: mente que, tomando como referente las diferencias de sexo biológi-
co (y más específicamente los genitales) de la persona recién nacida, deseos de las personas, con grandes repercusiones en la imagen
asigna arbitrariamente a cuerpos de mujeres y de hombres una serie corporal que las personas tienen de sí mismas. Los estereotipos
de características, atributos o rasgos con una fuerte carga simbólica de género en la publicidad presentan a mujeres bellas, seductoras
que van a incidir en la psique, derivando todo ello en la conformación y muy delgadas, como formas de ser valoradas, especialmente por
de la llamada feminidad como propia de las mujeres, y la masculini- los hombres. Aunque ellos no escapan a esto, fundamentalmente
dad como “propia” de los hombres. Esta división conlleva relaciones son valorados por éxitos en: trabajos, deportes, mujeres. Algunos
sociales de poder diferentes entre mujeres y hombres, otorgándose “pseudocambios” en publicidad proyectan a mujeres autónomas,
en la mayoría de las sociedades un mayor prestigio, estatus y recono- respetadas, con poder y estatus, pero lográndolo sólo a través de la
cimiento a lo realizado por los varones, en comparación con lo que belleza, consumiendo cada vez más productos.
realizan las mujeres, que en general es desvalorizado e inferioriza- Recientemente, estudiar la imagen corporal y los factores re-
do.18 lacionados a ella tiene especial importancia, debido a su papel en la
Esta división en géneros promueve prácticas diferenciadas en- incidencia y desarrollo de trastornos alimentarios. Entre los factores,
tre mujeres y hombres, incidiendo en la formación de la identidad y que pueden influir en la imagen corporal y en el grado de satisfac-
subjetividad de género, que conlleva y remite al sexismo y otras for- ción con ésta, están el bombardeo de publicidad en los medios que
mas de discriminación y exclusión que marcadamente van en detri- muestra cuerpos idealizados y estilizados, así como la valorización
mento de las mujeres. Los agentes de socialización, donde uno de diferencial de los cuerpos de mujeres y hombres, basada en la es-
ellos son los medios de comunicación se encargan de difundir estas tructura de géneros de la sociedad que notablemente valora a las
prácticas sexistas y discriminatorias, así como una serie de caracte- mujeres a través del cuerpo y la belleza.
rísticas y atributos asignados a lo femenino y lo masculino, como un Resulta pertinente mencionar que la imagen corporal es la re-
deber ser, dando como resultado los estereotipos de género. presentación que cada persona se forma de su propio cuerpo, de la
Dentro de los múltiples estereotipos de género que difunden cara, de los ojos, del cabello, de la estructura somática global. Es el
los medios de comunicación, y específicamente la publicidad, consis- conjunto de representaciones, percepciones, sentimientos y actitu-
tentemente se encuentra el relacionado una imagen de mujer seduc- des que la persona ha elaborado con respecto a su cuerpo durante
tora, objeto de decoración u objeto sexual, donde es valorada sobre su existencia y a través de diversas experiencias. La imagen corporal
todo por características como belleza, “buen cuerpo”, juventud; y es casi siempre una representación subjetiva, ya que se evalúa res-
330 331
donde el mensaje es que su función es agradar a los demás, o bien, pecto a ciertas normas de belleza y los roles que son impuestos por
que puede obtener y lograr cosas a través de estos atributos (para lo la sociedad (Bruchon-Schweitzar, 1992).22
cual debe consumir una cantidad desmesurada de productos de “be- De acuerdo a Gómez Pérez-Mitre (1995)23, investigadora
lleza”, convirtiéndose en “blanco” perfecto de la publicidad). De este pionera en México, sobre los trastornos de la conducta alimenta-
modo, pasan a segundo término otras características como inteligen- ria, la imagen corporal se refiere a una representación psicosocial,
cia, iniciativa, autonomía, libertad, asertividad, toma de decisiones, es como una fotografía dinámica, en movimiento, producto de una
etc.19,20,21 elaboración que finalmente puede tener muy poco qué ver con el
La publicidad, como instrumento de comunicación social, in- objeto de la realidad que le dio origen. Pérez-Mitré ha realizado in-
fluye en la formación de modelos colectivos de valores y comporta- vestigación desde hace más de una década en México, en relación
mientos, ofreciendo además de productos, ciertas actitudes, formas con la imagen corporal y su relación con trastornos alimentarios
de vida e imágenes paradigmáticas que dirigen las “necesidades” y como la bulimia y la anorexia. Al igual que en otros países donde se
viene realizando investigación alrededor de esta temática, los estu- muy superiores a lo que generalmente ingiere en circunstancias simi-
dios realizados en México señalan que hay una insatisfacción con la lares. Esta ingestión alimentaria desmedida produce la sensación de
imagen corporal, observándose diferencias entre la imagen real y la pérdida de control sobre la misma. En principio, la persona bulímica
imagen ideal. En buena parte de los casos, se observa una distorsión no desea incurrir en el atracón. Pero una vez que ocurre éste, se experi-
en la imagen corporal, ya que sobre todo las mujeres (desde la etapa mentan prácticas destinadas a compensar sus efectos sobre el peso. En
infantil hasta la adulta) se perciben con mayor peso del que tienen ese sentido, los vómitos autoinducidos son el recurso más frecuente,
(aun en mujeres muy delgadas), eligiendo como imagen ideal a fi- así como el uso desordenado de laxantes, diuréticos, etc. También
guras mucho más delgadas. Por lo que respecta a los hombres, se ocurren ayunos compensatorios o ciertas restricciones alimentrias.
observa específicamente en la etapa preadolescente o de la adoles- Estos TCA se presentan generalmente en mujeres y en una
cencia, que ellos reportan querer una imagen ideal más robusta que proporción de 9 mujeres por 1 hombres. Y en ocasiones puede ser
la que tienen. un 95% de casos de mujeres vs. un 5% de hombres. Sin embargo, en
México al igual que en otros países se ha observado un incremento de
Algo acerca de los trastornos de la conducta alimentaria (TCA) estos TCA en mujeres principalmente, pero también en hombres.
Aunque los TCA se clasifican en: anorexia, bulimia y obesidad, aquí Adicionalmente a los anteriores, existen otros dos TCA:
sólo haremos referencia a los dos primeros. La anorexia y la buli- Ortorexia: Se le conoce también como la “enfermedad de las
mia nerviosas se refieren a desórdenes en la percepción de la ima- estrellas de Hollywood”. Se caracteriza por una obsesión hacia los
gen corporal. Tales desórdenes son producto de una construcción alimentos sanos. Estas peólo productos ecológicos, bajos en grasas y
sociocultural del cuerpo que se impone como ideal a alcanzar. Am- azúcares. Puede suceder que tengan prejuicios sobre las propiedades
bos trastornos son multifactoriales, interviniendo factores de orden de algunos productos; es común que sientan fobia a los alimentos nor-
psicológico, personal, familiar, biológico, social y cultural.24 males y las personas que los comen, así como angustia, irritabilidad,
Es vasta la literatura que existe en cuanto a las definiciones etc.
de estos TCA. Aquí retomaremos lo que señala Josef Toro25 al res- Vigorexia: A diferencia de los anteriores TCA, éste afecta
pecto: mayoritariamente a hombres. Aquí hay un obsesión por conse-
Anorexia nerviosa: Es un TCA donde hay una pérdida signi- guir un cuerpo musculoso, por lo que invierten entre 4 y 8 horas
ficativa del peso corporal (superior al 15%), habitualmente fruto de en el gimnasio, ingieren anabolizantes, etc. Por lo general está re-
332 333
la decisión voluntaria de adelgazar. El adelgazamiento se consigue lacionado con problemas de timidez, baja autoestima y tenden-
reduciendo o suprimiendo el consumo de alimentos, especialmen- cias obsesivas.
te “los que engordan”, pudiendo recurrir a vómitos autoinducidos,
uso indebido de laxantes, ejercicio físico desmesurado, consumo de Análisis de algunos resultados de la investigación realizada
anorexígenos y diuréticos, etc. Las personas anoréxicas presentan en México sobre: “Género, Publicidad e Imagen Corporal:
un intenso miedo al aumento de peso, sin importar si están bajando Prevención de Trastornos Alimentarios a través de la Forma-
drásticamente de peso. La distorsión de la imagen corporal es una ción de Audiencias Críticas”.
constante, sobrevalorándose las dimensiones de la silueta corporal, En lo que sigue se hace referencia, brevemente a algunos
lo que “obliga” a mantener la restricción alimentaria. resultados de esta investigación, que fue producto del análisis y
Bulimia nerviosa: En este TCA se presentan episodios críti- reflexión de la literatura producida en México y en otros países, en
cos en los que la persona afectada ingiere cantidades de alimento torno a la influencia que pueden tener los medios de comunica-
ción en el grado de satisfacción con la imagen corporal, así como Por lo que respecta a los alumnos de bachillerato, sola-
su incidencia en los trastornos alimentarios. mente el 11% resultó insatisfecho con su cuerpo, y deseaban ser
La primera etapa se orientó a indagar la relación que existe únicamente una figura más delgados.
entre la identificación o aprobación de los estereotipos de género Cuando se les preguntó qué características o rasgos les gus-
proyectados en la publicidad y el grado de satisfacción o insatis- taría tener, de las modelos de los anuncios publicitarios, el 45%
facción con la imagen corporal de las y los participantes, a fin de de las mujeres dijeron que ciertas características físicas como:
identificar grupos con vulnerabilidad a caer en TCA como ano- delgadez, piernas largas, abdomen plano, cara; en cambio solo
rexia y bulimia. el 30% de los hombres expresó que le gustaría tener el abdomen,
En la segunda etapa, los grupos detectados como de alto brazos y cara del modelo, pero no hicieron alusión a la delgadez.
riesgo para caer en trastornos de la conducta alimentaria como El 42% de las mujeres mencionó haber hecho dieta y ejer-
anorexia y bulimia, se incorporarán a un programa de formación cicio para parecerse a la modelo de los anuncios observados. Y
de audiencias críticas hacia los medios de comunicación con enfoque únicamente el 35% de los hombres dijo haber hecho ejercicio,
de género. El éxito de este programa reflejaría una imagen corpo- pero no dieta.
ral más satisfactoria y menor identificación con estereotipos de En términos generales, el 64% las y los estudiantes dijeron
género en la publicidad, disminuyéndose el riesgo hacia la pro- que en su familia han hecho dietas para controlar el peso. Y el
blemática señalada. 40% señaló que hay o ha habido sobrepeso en su familia; y un
Participaron estudiantes de bachillerato de ambos sexos, de 15% que hay o ha habido obesidad.
la Ciudad de México. La información se recolectó por medio de El 75% de mujeres y el 58% de hombres considera que la
tres instrumentos de medición: 1) para indagar hábitos de con- apariencia física es importante para tener éxito con los hombres
sumo de revistas; 2) para detectar qué tanto se identificaban o y con las mujeres, respectivamente.
aprobaban las características de las y los modelos, muy delgadas/
os que aparecían en los anuncios de publicidad, ajustados a los Reflexiones finales
estereotipos de género, y que tenían a la vista durante el tiempo El análisis realizado en este trabajo muestra que sigue persistien-
que elaboraban sus respuestas; 3) para identificar el grado de sa- do una tiranía o dictadura sobre los cuerpos de las mujeres, en
tisfacción/insatisfacción con la imagen corporal. comparación con el de los hombres. Las formas de someter o
334 335
castigar al cuerpo en épocas antiguas, ahora se han sofisticado o
Algunos resultados derivados de la primera etapa de esta han tomado nuevas formas, si bien ya no con la misma crueldad,
investigación: pero sí con serios daños. Ya no existe el corset o el cinturón de
El 70% de las alumnas de bachillerato manifestaron estar insatis- castidad, pero ahora la cultura, y específicamente los medios de
fechas con su cuerpo y les gustaría ser más delgadas dos figuras y comunicación tanto impresos como electrónicos y la publicidad
media (esto se explica así: en dos de las preguntas del tercer ins- en particular, al promover el culto a la delgadez, impone otro
trumento de medición, se les presentaba un conjunto de 9 silue- tipo de castigos como las las cirugías, los vendajes, los alimentos
tas; en una de las preguntas tenían que elegir la que correspondía “milagrosos”, o las dietas restrictivas, lo que ha derivado en tras-
a su imagen real; y en la otra elegían aquella figura que idealmente tornos de la conducto alimentaria como la anorexia y la bulimia,
les gustaría tener. La diferencia entre una y otra nos daba el grado que tienen serias repercusiones en la salud. Hay estudios que
de insatisfacción con su imagen corporal). muestran que 1 de cada 5 anoréxica fallece y 30 por ciento corre
el riesgo de quedar con problemas serios de riñones, hígado, es- el Apartado J, que está relacionado con la incidencia en los medios
tómago o del tracto digestivo.26 de comunicación, con objeto de erradicar el sexismo, los estereoti-
Algunos de los resultados que aquí se presentaron, relacio- pos y la violencia de género que en ellos se difunde.
nados con la investigación que estamos realizando sobre “Género, Asimismo, se hace necesario diseñar y poner en práctica
Publicidad e Imagen Corporal: Prevención de Trastornos Alimenta- programas para formar audiencias activas/críticas hacia los medios
rios a través de la Formación de Audiencias Críticas”, realizada con de comunicación, con perspectiva de género, pero que puedan in-
mujeres y hombres cursando el bachillerato en la ciudad de Méxi- sertarse como parte de las políticas públicas o gubernamentales,
co, muestran que la publicidad que promueve el culto a la delga- donde permee la equidad de género y el respeto a la diversidad, en
dez y los estereotipos de género, incide más en las mujeres que en este caso, la diversidad de los cuerpos, como elementos centrales
los hombres, como puede verse en las cifras del apartado anterior. dentro del marco de los derechos humanos, que sin lugar a du-
Asimismo, se observó que sí hay una relación entre el grado de das redundarán en un mayor justicia y relaciones democráticas en
insatisfacción con la imagen corporal y la identificación o aproba- nuestro país. Los observatorios ciudadanos de medios de comuni-
ción de modelos de anuncios publicitarios que promueven el culto cación resultan ser una estrategia efectiva.
a la delgadez y reproducen los estereotipos de género, colocando Por otra parte, hay que señalar que así como en otros países
en situación de vulnerabilidad para caer en TCA como anorexia y se están proponiendo reglamentos y leyes para regular lo que atañe
bulimia, a los grupos donde se observó esta correlación. al tema de los TCA y su relación con los medios de comunicación,
Algunos datos sobre imagen corporal, así como la forma en también en México esta preocupación ya ha sido retomada por el
que aparecen las modelos en la publicidad de los medios, señalan lo Senado de la República y la Cámara de Diputados, por lo que exis-
siguiente: a) Las mujeres en revistas están 23% debajo de su peso; ten ya comisiones especiales para abordar esta problemática y hay
b) algunos factores relevantes asociados con la insatisfacción de la ya también una propuesta de iniciativa de ley, a fin de que se pueda
imagen corporal son: los estereotipos de género y la baja autoesti- incidir también en los medios de comunicación; pero por parte de
ma; c) estar a dieta aumenta hasta 18 veces la posibilidad de caer la sociedad civil y las instituciones de educación superior queda el
en trastornos como bulimia y anorexia; d) erróneamente se asocia compromiso de impulsar acciones y capacitación orientadas a la
el bajar de peso con: buena apariencia, triunfo, aceptación social, participación y acción ciudadana, con el objeto de asumir una acti-
belleza; e) quienes están muy delgada se perciben como: guapas, tud activa/crítica en relación a los medios y más concretamente lo
336 337
exitosas, felices, con prestigio y poder; f) más del 68% de las muje- que transmite la publicidad.
res en secundaria y prepa hacen dietas restrictivas; g) generalmen-
te no se baja de peso para mejorar la salud, sino por presiones de la
NOTAS
imagen corporal; h) algunos factores asociados con comer de más
o poco o no comer son: ansiedad, miedo, enojo, tristeza. 1 Este trabajo forma parte de una investigación más grande que se titula: Género, publi-
cidad e imagen corporal. La formación de audiencias críticas en la prevención de trastor-
Con base en lo anterior, resulta importante incidir tanto en nos alimentarios”, que la autora de este trabajo realizó cmo académica de la Facultad
los medios de comunicación y específicamente en la publicidad, de Psicología, de la UNAM.
para lo cual habría que rescatar los tratados y convenciones inter- 2 Toro, Josep (1999). El cuerpo como delito. Anorexia, bulimia, cultura y sociedad. Barce-
nacionales que México ha suscrito, entre los que destacan la Plata- lona: Edit. Ariel Ciencia.
forma de Beijing, China, producto de la Conferencia Mundial de 3 Ford, C. y Beach, R. (1951). Patterns of sexual behavior. New Heaven: Harper and
las Mujeres, organizada por la ONU, en 1995, concretamente en Brothers.
4 Fallon, A. (1990). Culture in the mirror: sociocultural determinants of body 25 Toro, Josep (1999). Op. Cit.
image. En T. F. Cash y T. Pruzinsky (eds.): Body images: development, deviance
26 Una de cada cinco anoréxica fallece a causa de los efectos de la desnutrición. El País,
and change, Nueva York: Guilford, pp. 80-109.
España, julio 2006.
5 Fallon, A. (Op. Cit.).
6 Toro, Josep (Op. Cit.), p. 58.
7 Contreras, J. (1993). Antropología de la alimentación. Madrid: Eudema.
8 Le Goff, Jacques y Truong, Nicolás (2005). Una historia del cuerpo en la Edad
Media. Barcelona: Ed. Paidós, p. 39.
9 Foucault, Michel (2008). Vigilar y castigar. México: Siglo XXI Editores.
10 Shack, W. (1971). Hunger, anxiety and ritual: deprivation and spirit possesion
among the Gurage of Ethiopia, Man, 6, pp. 30-43.
11 Toro Josep (1999). Op. Cit.
12 Lagaede Marcela (2000). Claves feministas para la autoestima de las mujeres.
Madrid: horas y HORAS.
13 Fallon, A. (1990). Op. Cit., p.81.
14 Vigarello, C. (2005). Historia de la belleza del cuerpo y el arte de embellecer desde
el renacimiento hasta nuestros días. Buenos Aires: Nueva Visión.
15 Ventura, Lourdes (2000). La tiranía de la belleza. Barcelona: Plaza y Janés.
16 Bordo, Susan (1993). Unbearable Weight. Feminist, western culture and the body.
Berkeley, Ca.: University of California.
17 De Beauvoir, Simone (2008). El segundo sexo. Madrid: Ediciones Cátedra.
18 Bustos Romero Olga (2003). Imagen corporal, mujeres y medios de comunica-
ción, Revista Equidad, Instituto Colimense de las Mujeres, Año 2, No. 3.
19 Bustos R., Olga (2004). Políticas Públicas, medios de comunicación y la forma-
ción de audiencias críticas con enfoque de género. En Ma. Ángeles Rebollo e
338 Inmaculada Mercado (Coords.), Mujer y Desarrollo en el Siglo XXI: Voces para 339
la Igualdad. Madrid: Mc Graw Hill.
20 Bustos Romero, Olga (2003). Op. Cit.
21 Bustos R., Olga (2001). “Género y socialización: Familia, escuela y medios de
comunicación. En M.A. González Pérez y J. Mendoza García, Significados Colec-
tivos: Proceso y Reflexiones Teóricas. México: ITESM/CIIACSO.
22 Bruchon-Schweitzar, M. (1992). Psicología del cuerpo. Madrid: Herder.
23 Gómez Pérez-Mitré, G. (1995). Peso real, peso imaginario y distorsión de la ima-
gen corporal. Revista Mexicana de Psicología, 12 (2) 185-198.
24 Gómez Pérezmitré, Gilda (2001). Factores de riesgo en trastornos de la conducta
alimentaria. Teoría práctica y prevalencia en muestras mexicanas. México: Facul-
tad de Psicología. UNAM.
16
POLÍTICAS PÚBLICAS DE GÊNERO: DESAFIOS
PARA EFETIVAR A IGUALDADE

Nanci Stancki da Luz

Introdução
A concretização de direitos continua sendo um grande desafio
para a sociedade brasileira. As políticas públicas se revelam im-
portantes na busca de efetivação dos direitos fundamentais do ser
humano na medida em que estes exigem ação de um Estado que
deve assumir a sua função social.
A busca pela garantia dos direitos sociais – educação, saú-
de, moradia trabalho, lazer, segurança, previdência social, dentre
outros – exemplifica claramente a necessidade dessa intervenção
estatal para garantir obrigações inerentes a um Estado Democrá-
tico de Direito, no sentido de distribuir as riquezas socialmente e
coletivamente construídas e contribuir para a justiça social.
As políticas públicas, enquanto forma de concretizar direi-
tos, também se mostram essenciais para a redução das desigual-
dades sociais, de todas as formas de preconceito e discriminação 341
e tantas outras manifestações de injustiça social que obstaculizam
a realização da cidadania plena.
Para se atingir esse ideal, tais políticas exigem mecanismos
democráticos de participação nos processos de elaboração, im-
plementação e avaliação e o reconhecimento da necessidade de
se eliminar as desigualdades sociais, dentre as quais destacam-se
as desigualdades de gênero que inviabilizam um projeto de socie-
dade igualitária e justa.
Sejam políticas de Estado ou políticas de um governo, a
inserção da categoria gênero contribuirá para que se construa a
igualdade entre homens e mulheres, essencial para a democracia Reconhece esse direito no âmbito privado quando prevê
e a justiça social. que homens e mulheres têm os mesmos direitos e deveres no âm-
A efetivação da igualdade exige a compreensão de que so- bito familiar: ”os direitos e deveres referentes à sociedade conju-
mos iguais, mas diferentes. Embora pareça paradoxal, o princípio gal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.” (art.
da igualdade exige o reconhecimento da diferença. Destacamos, 226, §5º, da CF de 1988).
nesta perspectiva, que o direito à igualdade nos garante o direito Mas afinal, o que é igualdade? Como interpretar a igualda-
à diferença. de prevista na Constituição Federal?
Mas que igualdade é essa que se define justamente por uma A idéia de igualdade é bastante antiga, como lembra Silva
palavra que parece ser exatamente o seu oposto? Essa é a igualda- (2006), pois Aristóteles já vinculava a idéia de igualdade à de jus-
de de fato e não a meramente formal. Este artigo reflete justamen- tiça, ou seja, igualdade de justiça relativa – princípio que dá para
te como o reconhecimento da diferença faz parte da construção cada um, o que é seu. Perspectiva na qual não seria injusto o tra-
da igualdade social e contribui para que as políticas públicas pos- tamento diferenciado entre escravos e senhores, o que permitia a
sam realizar projetos de justiça social. coexistência da igualdade com situações de injustiça social. Não
é essa igualdade a que assumimos neste trabalho, mas sim a igual-
A igualdade dade que possibilita a justiça social.
A igualdade é formalmente assumida como um dos princípios do Para Norberto Bobbio (1996) o valor da igualdade reside
ordenamento jurídico nacional. Para Moraes (2006), a Constitui- na sua extensão para todos. A idéia é que todos devem ser consi-
ção Federal de 1988 adotou o princípio da igualdade de direitos, derados iguais e tratados como iguais com relação àquelas qua-
prevendo o direito de tratamento idêntico perante a lei. Vedam-se lidades que constituem a essência do ser humano, tais como o
diferenciações arbitrárias e discriminações absurdas, entretanto, livre uso da razão, a capacidade jurídica, a capacidade de possuir,
o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que se a dignidade social. Há uma distinção entre a igualdade perante
desigualam é exigência do conceito da justiça. a lei e a igualdade de direitos. A primeira refere-se à exclusão de
De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal (CF) qualquer discriminação não justificada, significa o igual gozo, por
de 1988, a igualdade é reconhecida como direito individual: parte dos cidadãos, de direitos fundamentais assegurados. A de
direitos compreende além do direito de ser tratado igual perante
342 Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 343
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a invio-
a lei, também compreende o acesso a todos os direitos fundamen-
labilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro- tais (civis, políticos, etc).
priedade [...]. Um dos pilares do Estado de democracia social é o princí-
pio da igualdade de oportunidades ou de chances ou de ponto de
Afirma ainda que “homens e mulheres são iguais em direi- partida. Assim, deve-se ter como objetivo colocar todos os mem-
tos e obrigações [...]” (art. 5º, inciso I, da CF de 1988) e considera bros de uma determinada sociedade em condições de participar
a igualdade entre homens e mulheres como direito social quando da competição pela vida ou pela conquista do que é mais significa-
proíbe diferenças motivadas por sexo na esfera produtiva: “proi- tivo, a partir de posições iguais. Para colocar indivíduos desiguais
bição de diferença de salário, de exercício de funções e de critério por nascimento nas mesmas condições de partida, pode ser ne-
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou idade civil” (art. 7º, cessário favorecer alguns(mas), transformando a diferença como
inciso XXX, CF de 1988). instrumento de igualdade pelo simples motivo de que corrige uma
desigualdade anterior. A nova igualdade é resultado da equiparação Deve-se considerar o que permite estabelecer, no caso con-
de duas desigualdades(Bobbio, 1996). creto, em que duas coisas ou duas pessoas devem ser iguais, a fim de
A igualdade entendida como equalização dos diferentes de- que a igualdade entre elas possa ser justa. A igualdade se relaciona
veria ser um ideal permanente da sociedade. Bobbio (1996) desta- com a justiça na chamada regra de justiça: regra segundo a qual se
ca três fontes principais de desigualdades entre os seres humanos: trata os iguais de modo igual e os desiguais de modo desigual. Tal
a raça/etnia, o sexo e a classe social. A equiparação das mulheres regra pressupõe, no entanto, que já tenham sido escolhidos os cri-
aos homens – sociedade familiar, civil, relações econômicas e po- térios de justiça para estabelecer quando duas coisas são considera-
líticas – é um dos sinais seguros da marcha para a equalização dos das equivalentes e duas pessoas consideradas equiparáveis. Como
desiguais. A igualdade é desejável porque a sociedade a considera a regra de justiça não diz qual é o melhor tratamento, mas se limita
justa. A justiça, por sua vez, é considerada como um bem social por a exigir aplicação igual de um determinado tratamento, qualquer
excelência no qual a igualdade é uma condição necessária para a que seja ele, configurando a chamada justiça formal. Ela não leva
harmonia de um sistema que almeja ser considerado como justo. em consideração o conteúdo, podendo uma norma injusta ter sua
Assim, se a justiça é um ideal, a igualdade é um fato cuja esfera de aplicação de forma justa (Bobbio, 1996).
aplicação é a das relações sociais ou dos indivíduos com o grupo A justiça formal, via de regra, não é suficiente para se atingir a
(Bobbio, 1996). justiça social. Todavia, consoante Perelman (1996), ela possibilita
Perelman (1996) destaca que a noção de justiça sempre foi avaliar se um ato é justo no sentido de igualdade de tratamento que
aproximada da noção de igualdade e que a injustiça resultaria do ele reserva a todos os membros de uma mesma categoria essencial.
tratamento desigual de seres diferentes, cujas diferenças seriam ir- A justiça formal é o princípio de ação segundo o qual os seres de
relevantes no caso concreto. uma mesma categoria essencial devem ser tratados da mesma for-
Entretanto, Bobbio (1996) avalia que o termo igualdade é ma. Assim, a igualdade de tratamento na justiça formal nada mais
indeterminado, o que dificulta o estabelecimento do seu significa- é que a aplicação correta de uma regra de justiça concreta que de-
do. Assim, faz-se necessário que se responda a duas perguntas: termina a forma como devem ser tratados todos os membros de
1. Igualdade entre quem? cada categoria essencial. A fórmula da justiça concreta fornecerá o
2. Igualdade em quê? critério que permitirá dizer quando dois seres fazem parte de uma
Neste debate, deve-se considerar também que não há um categoria essencial e indicará a maneira pela qual cada membro des-
344 345
único tipo de justiça. Segundo uma distinção tradicional, de acordo sa categoria, em princípio deve ser tratado.
com Bobbio (1996), ela pode ser comutativa – tem lugar na relação No surgimento das antinomias da justiça e quando a sua apli-
entre as partes (relação bilateral e recíproca). A igualdade pode se cação força a transgressão da justiça formal, prossegue Perelman
apresentar como problema de equivalência de coisas em relações (1996), recorre-se à equidade – considerada a “muleta” da justiça.
de troca, podendo-se falar em justiça retributiva – igualdade entre É o complemento indispensável da justiça formal, sempre que há
o que se dá (ou se faz) e o que recebe (relação entre pagamento e dificuldade para a sua aplicação. A equidade consiste numa tendên-
trabalho, por exemplo). Pode-se falar ainda de justiça distributiva cia oposta a todo formalismo e permite escapar às antinomias da
– tem lugar nas relações entre o todo e as parte, ou vice-versa (re- justiça acarretadas pelo desejo de aplicar simultaneamente várias
lação multilateral e unidirecional). A igualdade se apresenta como regras de justiça incompatíveis.
problema de equiparação de pessoas nas relações de convivência A busca da concretização do ideal e dos princípios da igualda-
(entre cônjuges, entre trabalhador e empregador, por exemplo). de para além da “igualdade perante a lei” traz a necessidade de se in-
cluir o ideal da igualdade real, substancial ou de fato. Igualdade que, objetiva, conforme advertia Platão: “não pode haver justiça
segundo Bobbio (1996), deve ser entendida em relação aos bens sem homens justos”.
materiais ou igualdade econômica, assim diferenciada da igualdade
formal ou jurídica e da igualdade de oportunidades ou social. Para Piovesan (2002), a implementação do direito à igual-
Para Reale (1983), a noção de equidade, segundo a idéia dade faz parte de qualquer projeto democrático, pois democracia
aristotélica, implica uma compreensão melhor da idéia de igualda- significa igualdade (no exercício dos direitos civis, políticos, eco-
de. Ser justo consiste em julgar as coisas segundo o princípio da nômicos, sociais e culturais) e a busca democrática requer o exer-
igualdade. Em certos casos a aplicação rigorosa do Direito pode cício dos direitos humanos elementares. A autora reitera ainda que
significar ato profundamente injusto, o que evidencia que o Direito o direito à igualdade pressupõe o direito à diferença, inspirado na
não é apenas sistema lógico-formal, mas, sobretudo, a apreciação crença de que somos iguais, mas diferentes.
estimativa ou axiológica da conduta. Assim, é necessário que a jus- Essa discussão inicial sobre justiça e igualdade permite ava-
tiça se ajuste à vida. Este ajuste é o que se chama de equidade: liar que a igualdade entre homens e mulheres na lei é algo neces-
sário, entretanto a igualdade real é a que se busca enquanto ideal
É o princípio da igualdade ajustada à especificidade do caso que legitima as de justiça. A igualdade entre os gêneros deve ser considerada não
normas da equidade. Na sua essência, a equidade é a justiça bem aplicada, ou
seja, prudentemente aplicada ao caso. A equidade, no fundo, é, repetimos, o
apenas na justiça formal, mas sobretudo na busca da justiça social.
momento dinâmico da concreção da justiça em suas múltiplas formas. Daí,
inspirando-se nessa definição romana do que jus est ars aequi et boni, ter um (Des)Igualdade de gênero
jurista italiano proposto a expressão “equobuono” para mostrar a indissocia-
bilidade dos dois aspectos essenciais à plena compreensão do Direito (Reale, A concretização da justiça social e do direito à igualdade entre ho-
1983, p. 125). mens e mulheres, em um país – como o Brasil – em que ainda se
fazem presentes profundas desigualdades de gênero, consiste em
Cada época histórica tem sua idéia de justiça, dependente um grande desafio.
dos valores dominantes na sociedade. Na história da teoria da justi- As desigualdades entre homens e mulheres resultam de uma
ça, destacam-se, segundo Reale (1983) três tendências: construção sociocultural secular, não sendo respaldado nas dife-
renças biológicas da natureza, mas sendo consideradas naturais
1. Subjetiva: uma virtude ou hábito tal com expresso nos
num sistema de sujeição, dominação e poder.
346 enunciados dos jurisconsultos romanos, inspirados na tra- 347
Para Campos (2009), gênero é um conceito que contribui
dição voluntarista e nas lições da Filosofia estóica: vontade
para a desconstrução dessa naturalização e difere do conceito de
constante e perpétua de dar a cada um o que é seu.
sexo. Este último é definido, por Lima (2007), como as diferenças
2. Objetiva: com o predomínio das concepções naturalistas, biológicas entre os corpos de homens e mulheres e gênero refere-
a justiça passou a ser vista como realização da ordem social se às construções históricas, culturais, sociais feitas sobre esses cor-
justa, resultante das exigências transpessoais imanentes ao pos.
processo do viver coletivo. Os estudos de gênero buscaram estabelecer a distinção entre
3. Subjetiva e objetiva: a justiça é complementarmente sub- sexo biológico e a construção social do masculino e do feminino.
jetiva e objetiva, envolvendo em sua dialeticidade o ser hu- As perspectivas de gênero não negaram as diferenças biológicas, no
mano e a ordem justa que ele instaura. Compreende, dessa entanto consideraram que a partir delas são construídas outras di-
forma, que não há como separar a compreensão subjetiva do ferenças que fazem parte das relações de poder entre homens e mu-
lheres. Neste sentido, Scott (1995) define gênero como elemento Estruturas de dominação, conforme lembra a autora, não
constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas se transformam meramente por legislações. Embora elas sejam
entre os sexos e uma forma primária de dar significado às relações de de extrema relevância, permitindo que se possa recorrer à justi-
poder, implicando em quatro elementos que se inter-relacionam: ça quando da ocorrência de práticas discriminatórias ou mesmo
inibi-las pela prevenção ou possibilidade punitiva. Além disso,
1) Os símbolos culturalmente disponíveis que evocam re- Saffioti (1987) ainda defende que a mulher deve ter, em relação à
presentações frequentemente contraditórias. justiça um tratamento diferenciado, haja vista, as particularidades
2) Os conceitos normativos que expressam interpretações que sem esse tratamento impediriam a efetivação da igualdade de
dos significados dos símbolos que tentam limitar e conter direitos:
suas possibilidades metafóricas.
Parece clara a necessidade de um Direito desigual no tratamento de seres
3) A noção de fixidez e a natureza do debate ou da represen- humanos socialmente desiguais, com o objetivo de eliminar, ou pelo menos
reduzir, as desigualdades. [...] Tome-se, por exemplo, a questão da violência
tação que leva à aparência de uma permanência atemporal na masculina contra a mulher. Dada sua formação de macho, o homem julga-
representação binária de gênero. se no direito de espancar sua mulher. Esta educada que foi para submeter-se
aos desejos masculinos, toma este ‘destino’ como natural. A criação das De-
4) A identidade subjetiva que coloca a necessidade de exa- legacias de Polícia de Defesa da Mulher resultou desta idéia de que pessoas
minar as formas pelas quais as identidades de gênero são consideradas desiguais pela sociedade não devem ser tratadas pelas mes-
mas leis. As delegacias especializadas no atendimento das mulheres vítimas
construídas e relacionar seus achados com toda uma série
de violência criaram condições para que estas vítimas denunciassem seus
de atividades, de organizações e representações sociais his- algozes. [...] Numa delegacia especializada, onde só trabalham mulheres,
toricamente específicas. o ambiente é de solidariedade para com as vítimas, ao contrário do que
ocorre nas delegacias comuns. Nestas, as vítimas, já grandemente fragili-
Os conceitos normativos aparecem expressos em doutrinas zadas pela violência sofrida, são objeto de chacotas com base na crença de
que ‘mulher gosta de apanhar’ ou ‘mulher que apanha agiu incorretamente’.
religiosas, educativas, científicas, políticas e jurídicas e tomam a (Saffioti, 1987, P. 79-80).
forma típica de oposição binária fixa que afirma de maneira ca-
tegórica e inequívoca o significado do homem e da mulher, do Piovesan (2002) apresenta alguns desafios para a integra-
masculino e do feminino (Scott, 1995). ção das perspectivas de gênero na doutrina brasileira. O Brasil tem
348 Saffioti (1987) alerta que a sociedade não está dividida en- nas leis e códigos normativos as principais fontes jurídicas (siste- 349
tre homens dominadores de um lado e mulheres subordinadas de ma civil law). A ordem jurídica brasileira revela tensões e conflitos
outro, pois há homens que dominam outros homens, mulheres valorativos, coexistindo instrumentos jurídicos contemporâneos
que dominam outras mulheres e mulheres que dominam homens. (Constituição Federal de 1988 e instrumentos internacionais de
Ou seja, o patriarcado – sistema que garantiria a subordinação da direitos humanos) e diplomas legais de um remoto passado (Có-
mulher ao homem – não é o único princípio estruturador da so- digo Penal de 1940). Essa tensão atinge um elevado grau no que
ciedade. No entanto, a supremacia masculina perpassa todas as se refere à condição jurídica da mulher. A partir da Constituição
classes sociais. Uma mulher que, em decorrência de sua posição Federal de 1988 e com base nos tratados e declarações interna-
social e riqueza, pode dominar muitos homens e muitas mulhe- cionais de proteção aos direitos das mulheres faz-se necessário a
res, ainda assim é possível que se sujeite ao jugo de um homem, construção de um novo paradigma que incorpore a perspectiva de
seja pai, companheiro, esposo ou namorado. gênero, contribuindo para fomentar uma cultura de proteção aos
direitos das mulheres e para implementar os avanços constitucio- separação das mulheres em relação aos homens, considera-
nais e internacionais que consagram a democracia e a igualdade dos como fonte de sua opressão.
em relação aos gêneros. 5) Feminismo a partir da multiplicidade de identidades
A reflexão sobre direitos das mulheres e a construção da femininas (etnia, nacionalidade, orientação sexual, etc):
igualdade entre homens e mulheres não pode ser dissociada de constituído a partir das numerosas identidades pelas quais
um importante movimento social: o Movimento Feminista. as mulheres se identificam no movimento, como por exem-
O movimento feminista, considerado a partir de suas prá- plo: feminismo negro, feminismo brasileiro, etc.
ticas, discursos e teorias é bastante diverso. Consoante Manuel
Castells (1999), a força desse movimento reside na sua diversi- 6) Feminismo Pragmático: constituem uma ampla corren-
dade e no seu poder de adaptação às demandas sociais. O autor te de lutas feministas, incluindo inclusive movimentos de
propõe uma tipologia, que embora reducionista, ajuda a perceber mulheres que não se consideram feministas, mas que em,
diferenças e semelhanças: ação coletiva, lutam pela sobrevivência e dignidade.

1) Feminismo como extensão do movimento pelos direitos A extensão, a diversidade e a flexibilidade desse movimento
humanos e que tem como ponto central a defesa dos direi- apontam que os problemas que envolvem as mulheres são igual-
tos da mulher, tendo como premissa a igualdade de direitos mente amplos e diversos. Entretanto, essa característica propor-
entre homens e mulheres. Pode se apresentar como liberal ciona que reivindicações as mais diversas sejam assumidas pelo
ou socialista. Embora divirjam em suas táticas, linguagem, movimento, contribuindo para ampliar a luta, particularmente
análise das raízes do patriarcalismo e possibilidade de refor- no sentido de conquistar direitos para as mulheres e construir a
mar o capitalismo, ambas incluem os direitos econômicos igualdade real. Tal movimento apresenta questões e críticas ne-
e o de ter ou não filhos entre os direitos da mulher e têm cessárias e que deveriam fazer parte das preocupações da socieda-
como meta final a igualdade. de e não apenas das mulheres.
Kymlicka (2006) analisa algumas das críticas feministas so-
2) Feminismo cultural (feminismo da diferença): afirmam bre a maneira como as políticas dominantes atendem (ou não)
a diferença entre homens e mulheres e que somente pode- os interesses e preocupações das mulheres. A primeira refere-se
350
rão construir sua identidade e encontrar seus próprios ca- à descrição da discriminação sexual “neutra quanto ao gênero”. 351
minhos a partir da construção de sua própria comunidade As democracias liberais, a partir da aceitação de que as mulheres
para permitir a conscientização e reconstruir a personali- devem ser vistas como seres “livres e iguais”, adotaram progressi-
dade. vamente estatutos antidiscriminação com objetivo de assegurar
3) Feminismo essencialista: proclama as diferenças es- igual acesso à educação, ao emprego, ao cargo público, etc. Tais
senciais em relação ao homem, enraizada na biologia e na estatutos por si só não têm o poder de propiciar igualdade, pois
história, assim como na superioridade moral e cultural da o trabalho, por exemplo, foi definido sob o pressuposto de que
feminilidade como modo de vida. seria preenchido por homens que tivessem mulheres em casa as-
4) Movimento lesbiano: tem como principal “adversário” sumindo as responsabilidades do âmbito doméstico. Estar livre
a heterossexualidade e encontra no movimento gay um po- dessas responsabilidades é relevante para grande parte das pro-
tencial aliado. O lesbianismo é considerado como forma de fissões, pois suas definições já levaram em consideração o sexo de
quem desempenharia a função. Para o autor, a subordinação das dentro da família, supondo ser um domínio essencialmente natu-
mulheres não é uma questão de diferenciação irracional com base ral e que a unidade familiar natural é a encabeçada por um homem
no sexo, mas de supremacia masculina, sob a qual as diferenças com mulheres executando o serviço doméstico e reprodutor não
de gênero são relevantes para a distribuição desigual de benefí- remunerado. A negligência da família esteve presente até mesmo
cios. Como o problema é a dominação, a solução é a presença de em parte do feminismo liberal que aceitou a divisão entre esferas
poder. pública e privada e escolheu buscar a igualdade primariamente
A dominação masculina e a desigualdade de gênero, segun- no domínio público. Deve-se levar em consideração que mesmo
do Kymlicka (2006), tornam desnecessária a discriminação arbi- que homens e mulheres compartilhem o trabalho doméstico não
trária contra a mulher porque poucas serão as que terão condições remunerado ainda assim o sexismo poderia estar presente na ava-
de competir por um emprego, seja pela divisão sexual do trabalho liação dos trabalhos se ainda permanecesse a desvalorização do
que a manteve no âmbito privado, dependência econômica ou di- trabalho feminino. Como a desvalorização do trabalho domésti-
ficuldades para qualificar-se. A subordinação das mulheres, pros- co está ligada à desvalorização mais ampla do trabalho feminino,
segue o autor, é uma questão de supremacia masculina a partir da parte da luta por maior respeito às mulheres envolverá maior res-
qual as diferenças de gênero são tornadas relevantes para a distri- peito à sua contribuição à família (Kymlicka, 2006).
buição de benefícios para desvantagem sistemática das mulheres. A família, para Kymlicka (2006) é um lócus importante
Como o problema é de dominação, a igualdade requer poder. A para a luta por igualdade sexual, sendo consenso entre as femi-
partir de um poder igual não se criaria sistemas que definam tra- nistas que a luta pela igualdade deve ir além da esfera pública,
balhos “masculinos” como superiores aos “femininos. atingindo os padrões do trabalho doméstico e a desvalorização
Kymlicka (2006) questiona ainda se a aceitação da abor- das mulheres na esfera privada. A nítida divisão entre a esfera do-
dagem da dominação exigiria mudanças nas teorias da justiça? méstica e o domínio público acarreta a invisibilidade pública das
Muitas feministas argumentam que os teóricos da “corrente mas- mulheres. Uma corrente importante na desvalorização do traba-
culina” interpretam a igualdade de maneira que são incapazes de lho das mulheres, particularmente no parto e criação dos filhos é
reconhecer a subordinação das mulheres. Argumentam ainda que a idéia de que é meramente natural, uma questão antes de instin-
a luta contra a subordinação de gênero exige abandonar a própria to biológico do que de conhecimento cultural. A eliminação da
idéia de interpretar a justiça em termos de igualdade e que melhor desigualdade de gênero requer além da distribuição do trabalho
352 353
seria uma política de autonomia do que de igualdade, pois a luta doméstico, também a ruptura na nítida distinção entre público e
pela igualdade pressupõe na aceitação de padrões dados, já a luta doméstico. Faz-se necessário encontrar formas de integrar vida
por autonomia implica o direito de rejeitar tais padrões e criar no- pública e maternidade/paternidade, em vez de segregar a criação
vos. Nesse sentido, se incorporarmos a autonomia como parte da dos filhos a uma esfera separada.
igualdade, esta passa a significar que os indivíduos têm igual valor Pode-se verificar que as diferenças de gênero são constru-
e que não significa ser como os homens tal como são hoje. ídas de inúmeras formas e nas várias esferas sociais. Neste sen-
Para o autor, a abordagem da dominação aplicada à igual- tido, cabe destaque à divisão sexual do trabalho como elemento
dade sexual traz como questão central a distribuição desigual do relevante nesta construção. Tal divisão tradicionalmente atribuiu
trabalho doméstico e a relação entre responsabilidade de família e às mulheres, responsabilidade do âmbito familiar e aos homens,
responsabilidade do local de trabalho, questão que constitui a se- atividades da esfera produtiva, sendo esperado deles o papel de
gunda crítica. Os teóricos da justiça costumam a ignorar relações provedor familiar. Essa divisão – forma básica de divisão sexual
do trabalho – tem reflexos sobre a vida de homens e mulheres, sua sexualidade quanto sobre as decisões amplas das comunidades
pois esses papéis sociais também se associam a relações de poder (Teles, 2006).
desiguais entre os gêneros. Os princípios da divisão sexual do trabalho afetam as condi-
Para Hirata e Kergoat (2007), com o impulso do movimen- ções objetivas de vida das mulheres, contribuindo para a reprodu-
to feminista na década de 1970, surgiu uma onda de trabalhos que ção das desigualdades de gênero. Sobre essa questão, o Relatório
assentaram a base teórica do conceito de divisão sexual do tra- do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 12 de novembro
balho. Com a tomada de consciência de opressão ficou evidente de 2008, compara as condições entre os dois sexos em 130 paí-
que uma enorme massa de trabalho é feita gratuitamente pelas ses (92% da população mundial) e revela que o Brasil detém um
mulheres – atividades invisíveis, desvalorizadas e sem reconheci- péssimo resultado – 73ª posição. Os critérios para análise foram a
mento, realizadas para outros em nome da natureza, do amor e do participação econômica e oportunidades, acesso à educação, saú-
dever materno. Para as autoras, as análises que abordam trabalho de e poder político. Embora haja destaque no fato de que o país
doméstico como atividade de trabalho tanto quanto o trabalho apareça como uma das 24 nações que conseguiram acabar com a
profissional, permitiram considerar “simultaneamente” as ativi- diferença entre homens e mulheres na área de educação (resultado
dades desenvolvidas na esfera doméstica e na esfera profissional, do aumento do número de matrículas femininas na educação pri-
abrindo caminho para se pensar em termos de “divisão sexual do mária), o Brasil tem o seu pior desempenho – 110º posição – no
trabalho”, definido por: que se refere à participação das mulheres na política (Gazeta do
Povo, 2008).
forma de divisão do trabalho social decorrente de relações sociais entre se-
xos; mais do que isso, é um fator prioritário para a sobrevivência da relação O que se refere ao trabalho considerado produtivo, o merca-
social entre os sexos. Essa forma é modulada histórica e socialmente. Tem do de trabalho permanece apresentando preconceitos de gênero,
como característica a designação prioritária dos homens à esfera produtiva tratando homens e mulheres de forma diferenciada, exigindo que
e das mulheres à esfera reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação pelos
homens de funções com maior valor social adicionado (políticos, religio- as políticas públicas nessa área considerem tais diferenças e gerem
sos, militares, etc) (Hirata e Kergoat, 2007, p.599). ações que possibilitassem a construção da igualdade de fato.
Embora muito se tenha alterado nas relações sociais de gê-
Para Hirata e Kergoat (2007), essa maneira particular de nero, particularmente a partir da luta do movimento feminista, não
divisão social do trabalho se organiza a partir de dois princípios: é incomum que a força física, a racionalidade e a liderança sejam
354 355
ainda consideradas como atributos masculinos e, a sensibilidade, a
1) Princípio da separação – existem trabalhos para homens
paciência e a delicadeza como características femininas.
e trabalho para mulheres;
A atual divisão sexual do trabalho traz inúmeras consequên-
2) Princípio hierárquico – o trabalho dos homens tem cias, dentre as quais destacamos:
maior valor do que o trabalho das mulheres.
• a segregação do trabalho feminino, alocando as mulheres
A divisão sexual do trabalho se encontra no centro do poder em atividades e setores associados ao feminino, particular-
que os homens exercem sobre as mulheres, pois essa divisão criou mente em profissões associadas ao cuidado;
condições objetivas para desenvolver desigualdades, pois excluiu
• a desvalorização das atividades consideradas “femininas”
as mulheres de espaços de poder, isolando-as das esferas de deci-
com salários menores e menor prestígio social dessas pro-
sões fundamentais e tirando-lhes o poder político tanto sobre a
fissões;
• a dupla ou tripla jornada de trabalho das mulheres, pois Políticas públicas: um caminho para construir a igualdade de
mesmo assumindo atividades da esfera “produtiva”, perma- gênero
necem sendo vistas como as responsáveis pelas atividades Segundo SILVEIRA (2003), o combate das desigualdades de gênero
do âmbito doméstico (cuidado); pressupõe práticas de cidadania para que a justiça de gênero se con-
• a continuidade da precarização de grande parte do traba- cretize, sobretudo pela responsabilidade do Estado de redistribuir
lho feminino - trabalho sem vínculo formal, pouca mobili- riqueza, poder, entre regiões, classes, raças e etnias, entre mulheres e
dade na carreira, trabalho temporário, etc.; homens etc.
Esta responsabilidade estatal inclui a implementação de políti-
• o trabalho feminino ainda percebido como complemen-
cas públicas que necessariamente devem incluir a categoria gênero.
tação de renda familiar;
Para Bandeira (2005), as políticas públicas podem ser consi-
• as doenças ocupacionais permanecem afetando grande deradas de gênero, quando consideram a diversidade dos processos
número de mulheres; de socialização de homens e de mulheres, cujas conseqüências se fa-
zem presentes, ao longo da vida, nas relações individual e coletiva;
Todas estas questões contribuem para que perdure um pro-
considerem ainda a natureza dos conflitos e das negociações que são
cesso de feminização da pobreza que, no entanto, afeta homens e
produzidos nas relações interpessoais, que se estabelecem entre ho-
mulheres. Reverter esse processo exige que o Estado adote polí-
mens e mulheres e internamente entre homens ou entre mulheres.
ticas que incorporem a perspectiva de gênero e busquem a cons-
A igualdade de gênero, segundo Bandeira (2005), rompe com
truir a igualdade.
um universo restrito do não reconhecimento, da diferença, para ca-
Para que essa construção seja possível, deve-se considerar
minhar em direção à eqüidade, da emancipação e do pertencimento.
as diferenças socialmente construídas entre homens e mulheres e
As mulheres emergem e passam a estar presentes na vida cotidiana,
as desigualdades de gênero delas decorrentes, o que contribuirá
nas relações de trabalho e nas formas de inserção no mundo político,
para reduzir a distância entre a igualdade formalmente assegurada
portanto, em um novo campo de possibilidades capazes de vencer a
e a igualdade real a ser construída. Neste sentido, Amini Haddad
desigualdade.
Campos e Lindinalva Rodrigues Corrêa apontam que:
Para que uma política pública possa “vencer a desigualdade”,
356 para que ocorra a efetivação da equidade social e de gênero, torna-se ne- faz-se necessário que ela também contribua para a promoção da auto- 357
cessário conciliar o princípio universalista da igualdade com o reconheci- nomia e do empoderamento das mulheres. Se historicamente as mu-
mento das necessidades específicas de grupos historicamente excluídos e
culturalmente discriminados (Campos e Corrêa, 2009, p. 115).
lheres participaram de uma estrutura social patriarcal que corrobora-
va que elas permanecessem sob domínio (mesmo que parcialmente)
Pois, conforme apresentam as autoras, como resultado da do poder masculino (do pai, do marido, do filho, de instituições com
incorporação da categoria gênero, verifica-se que nenhuma socie- valores patriarcais, do chefe, etc.), a busca da igualdade deve superar
dade trata igualmente homens e mulheres e que dados referentes esse domínio e assegurar que as mulheres possam decidir sobre suas
às desigualdades de gênero colaboram, por exemplo, para a con- vidas e sejam sujeitos de sua própria história. Isto contribuirá para
textualização da violência contra as mulheres na esfera nacional o pleno desenvolvimento feminino e possibilitará que as mulheres
(Campos e Corrêa, 2009). possam participar e usufruir do desenvolvimento social, econômico
e político do país – desenvolvimento que, sem dúvida, tiveram con-
tribuição significativa.
O processo de empoderamento das mulheres deve conside- nesse plano será um passo importante para a cidadania das mulhe-
rar que o poder não é algo centrado apenas no Estado, mas também res e uma demonstração evidente de que caminhamos para uma
envolve e se opera nas relações pessoais, familiares e institucionais. sociedade com justiça social.
Envolve a compreensão da construção social e histórica que possi- Uma sociedade que pretende ser igualitária deve privilegiar
bilitou a aceitação social da “subordinação” feminina, bem como a a partilha do poder. Embora as mulheres sejam mais da metade do
análise das formas de exercício e partilha de poder, buscando me- eleitorado do país, quando se considera a representação feminina
canismos que possibilitem que as mulheres participem e decidam no Congresso Nacional verificamos que a democracia brasileira
sobre as mudanças sociais que contribuam para a justiça social. ainda é frágil: em 2010, o Congresso Nacional tinha 44 deputadas
Dentre tais mecanismos destacamos a implementação de po- federais de um total de 513 (aproximadamente 10%) e 12 senado-
líticas públicas que visem a construção da igualdade de gênero e a ras de um total de 81 (aproximadamente 15%).
efetivação dos direitos humanos das mulheres: vida sem violência, No campo político, uma grande conquista no campo da de-
exercício dos direitos sexuais e reprodutivos, autonomia financeira mocracia foi a eleição da primeira presidenta do Brasil. A eleição de
, direito ao trabalho digno e com remuneração justa e a efetiva par- Dilma Rousseff é um fato de grande relevância, contribuindo para
ticipação política. derrubar barreiras e preconceitos em relação à participação femini-
Considerando que a vida é um direito fundamental para na no poder. Um país que elege uma mulher para o mais alto cargo
todo ser humano, o Estado deve por meio de suas políticas garantir executivo, no mínimo venceu parte das discriminações arbitrárias
a efetividade desse direito, o que pressupõe que outras garantias e de gênero.
direitos individuais e sociais devem ser concretizados. Políticas que Uma maior participação feminina nas esferas de poder esta-
visem assegurar o direito à educação, saúde, segurança, alimenta- tal acarretaria alterações nas formas de governar? Pode ser que sim,
ção, seguridade social, meio ambiente saudável, condições dignas pois se existe uma construção social diferenciada para o feminino e
de vida, dentre outros, consistem em condição sine qua non para para o masculino, esta diferença estará expressa na forma de fazer
a garantia de uma vida plena. A Lei Maria da Penha exemplifica a política, no processo legislativo e nas maneiras de pensar e elaborar
busca pelo direito à vida das mulheres, pressupondo que essa vivên- as políticas públicas. Se homens e mulheres participam no espaço
cia deve ser sem qualquer tipo de violência, seja física, emocional, político de forma igualitária é mais provável que a “agenda” políti-
psicológica, patrimonial, etc. ca insira diferentes percepções, colaborando para que as políticas
358 359
Consideramos importante destacar o Plano Nacional de públicas incorporem distintas demandas e possibilitem ações mais
Políticas para as Mulheres (PNPM) como um importante instru- eficazes para solucionar os inúmeros problemas sociais que ainda
mento para a construção e consolidação da igualdade de gênero. afetam o nosso país.
Com objetivo de reverter o padrão de desigualdade entre homens A partir dessa percepção, não queremos assumir o essencia-
e mulheres, suas ações são orientadas a partir de princípios como lismo, acreditando que mulheres possam fazer política melhor do
a igualdade e respeito à diversidade, a equidade, a autonomia das que os homens, pois pensamos que sem consciência de gênero, par-
mulheres, a laicidade do Estado, a universalidade das políticas, a ticipação e organização das mulheres, a presença feminina nos es-
justiça social, a transparência dos atos públicos e a participação e paços políticos poderá não gerar força suficiente para modificar as
controle social. O II Plano é organizado em onze capítulos que tra- relações de poder vigentes neste espaço, havendo inclusive a pos-
zem temas prioritários levantados pelas mulheres que participaram sibilidade de que as mulheres façam política de uma forma muito
de seu processo de construção. A consolidação das ações propostas próxima da masculina.
No entanto, não há dúvida que todos(as) perdem com uma realidade social. Assim, tais ações devem estar comprometidas com
baixa participação feminina no âmbito político. A democracia exige projetos de construção da igualdade e da justiça social, exigindo
que haja representação política de todos os setores da sociedade e que elas sejam direcionadas para prevenir e coibir qualquer tipo de
se mais da metade da população não está suficientemente repre- violência, preconceito e discriminação, seja de gênero, etnia, diver-
sentada no parlamento, por exemplo, não há como se falar em de- sidade sexual e classe social ou qualquer outra forma de lesão aos
mocracia. Se metade da população não fica de fora dos processos direitos fundamentais do ser humano.
decisórios, quem perde é a sociedade. Políticas afirmativas que vi-
sam ampliar a participação política das mulheres, além de ser uma
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
forma de construir a igualdade de gênero, é sobretudo uma forma
de democratizar o país. BANDEIRA, Lourdes. Fortalecimento da Secretaria Especial de Po-
No âmbito reprodutivo, a efetivação de políticas públicas que líticas para as Mulheres – avançar na transversalidade da perspectiva de
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da jornada de trabalho deve ser também objetivo das políticas pú- sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 132, p.
blicas, pois permitiria que homens e mulheres pudessem partilhar 595-609, set./dez. 2007.
atividades do âmbito familiar sem sobrecarga de trabalho, tendo
como conseqüência a melhoria da qualidade de vida de todos(as). KYMLICKA, Will. Filosofia política contemporânea: uma introdução.
São Paulo: Martins Fontes, 2006.
A partir dessas reflexões podemos perceber que o âmbito de
discussão das políticas públicas é bastante amplo e que gênero é LIMA, Daniel et al. Homens pelo fim da violência contra a mulher:
uma categoria que deveria fazer parte dessa reflexão. As políticas educação para a ação. Recife: Instituto Papai, Promundo e White Ribbon
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17
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no en todos los países por igual. Ejemplo de ello son el acceso sin
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compartido por mujeres y hombres, de los hijos y de los enfermos.
TELES, Maria Amélia de Almeida. O que são direitos humanos das
Pero, no debemos cantar victoria, en algunos aspectos hemos
mulheres. São Paulo: Brasiliense, 2006.
avanzado, en otros, lamentablemente, retrocedido o se ha producido
362 un recrudecimiento de estas manifestaciones, como se puede consta- 363
tar en el aumento de la violencia intra-doméstica o en la persistencia
de discriminaciones sutiles y subjetivas que encontramos producto
de una conciencia y cultura de género que aún se manifiesta en las
instituciones y en la sociedad en general.
Es conocido que las investigaciones de género son aún muy
jóvenes, aunque podemos decir que en apenas 30 años, se han al-
canzado avances teóricos, importantes resultados cuantitativos con
estadísticas y análisis reveladores, y que también se ha incidido e
influenciado con un impacto directo favorable en muchas esferas.
Podemos citar varios ejemplos: las mujeres españolas han avanzado
notablemente, con los resultados del proyecto sobre la cuenta satélite academias de ciencia en el mundo. Discutimos brevemente sobre
del trabajo no remunerado de las mujeres en la comunidad de Madrid; algunos indicadores de desarrollo humano relativos a las mujeres,
¿Qué sucedería si las mujeres paramos - digamos, una semana- y no ha- tratando de responder el punto: ¿si un país educa e incorpora a
cemos la doble o triple jornada no-remunerada a las que estamos obli- las mujeres, implica que crecerá su índice de desarrollo humano?.
gadas?, si ese día no compramos los mandados o el pan, no cocinamos, En fin que nos gusten o no los indicadores, ni cómo se definen y
fregamos, no atendemos al esposo, o no cuidamos a los niños y a los sobre todos quién los define, por ahí nos miden y aunque no lo
abuelos, a la familia. Se sabe la respuesta, sería un caos, [Ref. 1]. dicen todo, sí revelan un status.
El lograr que los indicadores y estadísticas se consideren des- En mas de 10 años de celebraciones de los Congresos Ibe-
agregadas por sexo, también ha sido una conquista importante, que roamericanos de Ciencia, Tecnología y Género, reuniendo a to-
ha permitido descubrir discriminaciones y sesgo de género en mu- das las científicas y tecnólogas de las mas diversas disciplinas, se
chos espacios y actividades y corregirlos con determinadas acciones o constata cuánto hemos avanzado, tanto en el plano teórico, en el
fórmulas, algunas exitosas, otras cuestionadas. Solo para ejemplificar análisis, en el levantamiento de estadísticas, de historias de vida,
una solución posible ha sido la de establecer “cuotas” o por cientos de como en hacernos visibles y hacer visibles a nuestras maestras y
mujeres en propuestas para cargos, en matriculas de algunas carreras, antecesoras. Pero aún falta mucho por definir, por demostrar y
en composición de claustros, jurados, tribunales, asignación de becas, sobre todo por transformar. Porque como expresó Marx: “No se
proyectos, etc. Otras han sido las acciones llamadas de “discrimina- trata solo de conocer el mundo, sino de transformarlo”.
ción positiva” – a igual currículo o capacitación, favorecer a la mujer -.
Como toda obra y propuesta humana, estas ideas y su implementación 2. ¿Qué dicen las cifras? ¿Hemos avanzado?
han tenido sus pros y sus contras y están sobre la mesa de los debates • Mujeres en los sistemas ciencia e innovación
de género contemporáneos. En un artículo publicado en el 2009, con cifras de la UNESCO,
En varios países de Iberoamérica se han realizado estudios de [Ref. 2], con el título “Las mujeres en las ciencias ¡Cuidado!, hom-
las leyes y normativas jurídicas para detectar y enmendar los sesgos de bres trabajando”, se reportan las cifras sobre la presencia de las
género donde aparezcan; en el caso de las mexicanas y las argentinas mujeres en los Sistemas de Ciencia e Innovación de varios países
incidiendo directamente en el Congreso, con un grupo de diputadas del mundo, como se muestra a continuación:
hasta lograr una Ley de equidad para las mujeres; en el caso de las brasi-
364 El promedio mundial es 27 % 365
leñas han logrado importantes conquistas desde) un Ministerio creado En la India solo el 10 %
para los asuntos de la mujer. El promedio en toda Asia es: 15 %
Pero, ¿persiste la discriminación de las mujeres estando ya en Asia Central: Kyrgystan, Kazakhastan, Mongolia: ~ 50 %
avance la segunda década del Siglo XXI? Solo basta recordar, o infor- Y eso se cumple solo en 5 países europeos: Lituania, Letonia, Macedonia,
Bulgaria y Estonia – todos de Europa del Este !
mar a los que no lo saben que las tres quintas partes de los pobres más En Europa Occidental: el promedio es 27 %
pobres del mundo son mujeres y niñas; de los 130 millones de menores En Europa del Este es : 42 %
que no estudian, 70% son niñas; de los 960 millones de analfabetos en Sudeste asiático: 40 %
el mundo, dos terceras partes son mujeres. Bastan solo estas cifras para Filipinas: 55 %
Myanmar: 85 % - la cifra mas alta del mundo
responder la pregunta. Japón: 12 %
En esta ponencia volvemos al tema de los porcentajes sobre la CUBA: 49 %
presencia de las mujeres en los sistemas de ciencia y tecnología y en las
Nuestra región de Iberoamérica no es de las mas críticas, Egipto 11,2
pero si miramos mas a fondo en América Latina hay grandes dife- Finlandia 8,6
rencias entre unos países y otros, no solo en cuanto a la presencia Alemania, 5,4
de las mujeres en la ciencia, si no en la definición de políticas estra- (Academia Leopoldina)
tegas y el propio sistema de ciencia e innovación, y dentro de ellos, Ghana 13,5
acciones específicas para privilegiar el ingreso de las mujeres. Grecia 5,0
En la mesa redonda, las participantes establecieron un diá- Irlanda 13,0
logo sobre si el socialismo, en su utopía de la inclusión social abre Academia regional islámica 6,0
igualdad de oportunidades, y por eso los países ex-socialistas aun Israel 5,4
mantienen cifras paritarias, y por otro lado el concepto de que no
Italia 2,8
se trata de socialismo o capitalismo sino de una cultura y una orga-
Japón 20,0
nización de la sociedad estrictamente patriarcal que lleva implícita
Lituania 35,0
no incluir a las mujeres. Ambas afirmaciones válidas.
México 25,4
• Mujeres en las Academias de Ciencias del mundo Perú 12,5
Portugal 7,6
Si estudiamos los grupos de élite en la ciencia en el mundo, las Aca-
Sudáfrica 24,1
demias de ciencias, donde es de suponer se elijan a los investiga-
dores de mayor excelencia científica en correspondencia con sus Suecia 10,0
curriculums, en un estudio sobre la composición de su membresía Turquía 14,3
realizado por el Panel Mundial de Academias, IAP, en el año 2009, Estados Unidos 10,0
[2], refleja la siguiente tabla: TWAS-Academia de Ciencias 10,0 %
del mundo en desarrollo
Academias Porcentaje de mujeres
en su membresía Estos porcentajes dan mucho para analizar y sobre todo,
Argentina 10 % para proponer y ejecutar acciones urgentes. Resultan realmente
366 Bangladesh 2,3 % bien impresionantes y revelan todo un mundo de invisibilidad 367
Bolivia 9,0 que está ahí frente a nuestros ojos.
Brasil 11,4 En nuestros congresos iberoamericanos siempre nos plan-
Canadá 13,0 teamos el problema si estas estadísticas simples reflejan fenóme-
China 5,7 nos complejos o si necesitamos emplear otras técnicas de mas
Colombia 16,6 avanzada, o si “basta ya de números, que ya nos los sabemos”, que
Croacia 7,5 lo que necesitamos es concluir, recomendar y ¡actuar para trans-
Cuba 30.8 formar!. Pero esta tabla de las academias nos sirve una vez mas
República Checa 11,8 para demostrar, sensibilizar y contribuir a cambiar la situación. A
República Dominicana 13,1
veces, unos buenos números dicen mas que mil palabras, y este es
un caso.
De hecho, esta tabla ya la hemos presentado en la Academia Índice de potenciación de género
de ciencias del mundo en desarrollo y en el Panel de interacade-
mias americanas, y en ambas ya se han creado grupos de asesoría
y recomendación de acciones concretas que ayuden a cambiar el
rumbo.

• Mujeres y Desarrollo Humano en Iberoamérica


En el último Informe de Desarrollo Humano publicado por el
PNUD en el 2009 se reportan varios indicadores e índices que
sirven para comparar a los países en términos de desarrollo. El
mismo término “desarrollo” es objeto de debate, de evolución en
el tiempo, considerándose actualmente otros conceptos como
“desarrollo sostenible” o “calidad de vida” o el “una vida digna o el
buen vivir”. Mas allá del debate de definiciones y números, obser-
vemos qué revelan las dos tablas siguientes:
3. Los conceptos de género. Las metáforas
Índice de desarollo relativo al género Aunque muchas de las expertas iberomericanas en los temas de gé-
nero, conocen, incluso son autoras de algunos de estos conceptos
que a continuación presentamos, las autoras quisimos compilarlos
todos (lo que conocemos, por supuesto, porque con toda seguri-
dad hay otros), porque a veces se habla de ellos como un lenguaje
conocido y posiblemente no los hayamos compartido y sobre todo
difundidos los suficiente. Sin ánimo de ser rigurosas en las defini-
ciones, damos nuestra versión y visión simplificada de cada uno de
ellos. Confiamos sea interesante a las y los que se inician en estos
368 369
temas.

Son las españolas, las chilenas, las costarricenses y las cuba- • Guetto del collar rosado
nas, las de mayor esperanza de vida. En tasa de alfabetización las Este término se utiliza para expresar el fenómeno de las carreras y
cubanas tenemos casi 100%. profesiones a donde acuden más las mujeres. Así por ejemplo: las
Son las argentinas, las costarricenses y las cubanas las de mujeres son la gran mayoría de las enfermeras, de las maestras, li-
mayor presencia en los Parlamentos. Sólo 8 países iberoamerica- cenciadas en ciencias sociales. Profesiones que requieren una vo-
nos, contando a Portugal, tiene Índice de Desarrollo Humano, cación de servicio y entrega a los demás. Estas carreras se van con-
IDH alto, de 21 que somos. Los 13 restantes clasifican con IDH virtiendo en un guetto, en una especie de refugio donde las mujeres
medio o bajo. se sienten seguras, altamente valoradas y felicitadas, todas luciendo
con orgullo “el collar rosado”, tipo Barbie.
• Efecto tijera base, en sus departamentos e instituciones, ellas saben que existen
Este concepto toma su nombre por la forma del gráfico clásico y esa los niveles de decisión, los pueden observar cuando miran hacia
“tijera” ha persistido por décadas. Siempre se observa que al entrar arriba, a través de un techo de cristal que las deja ver pero al inten-
en las universidades los por cientos de muchachas y muchachos re- tar subir, chocan con esa barrera transparente, pero infranqueable.
sultan mas o menos iguales, en unas carreras entran más mujeres, Y no acceden a puestos de poder por diferentes razones: porque no
en otras más hombres, pero no es perceptible como promedio la son propuestas, porque ellas mismas no lo desean, o porque obser-
diferencia. Sin embargo, al avanzar en la carrera universitaria ya en van a otras mujeres que sí han llegado al poder, pero éstas no re-
el por ciento de graduados se comienzan a separar las cifras, y lo presentan para ellas modelos a seguir, etc. Últimamente se maneja
mismo ocurre en los estudios de posgrado: entran cifras similares también el termino “paredes de cristal” para significar que tampoco
y luego se gradúan mas hombres que mujeres, y en el avance de nos atrevemos a cruzar hacia otros espacios de igual nivel, pero con
las carreras profesionales, sean en el acceso a categorías docentes, otros horizontes o posibles ventajas de desarrollo, muy relacionado
como a categorías y grados científicos, dominan los hombres y los con el siguiente.
porcentajes se diferencian mas mientras mas alto es el nivel profe-
• El piso pegajoso
sional. Este comportamiento es muy similar ¡en todos los países del
mundo!, incluida la Unión Europea. Evidentemente la “tijera”, es Continuando con el fenómeno de las barreras para acceder a pues-
producto de la maternidad y del abandono de la carrera o del pos- tos de dirección o de poder, las mujeres en general, se ven “pegadas
grado por la obligación de cuidar a los hijos o a los abuelos u otras al piso”, se sienten atadas a la familia, a los hijos, los abuelos, a la
múltiples razones. cotidianeidad. La sociedad misma las obliga a desempeñarse como
buena esposa, buena madre, buena con sus hermanos, en el cuidado
• Efecto pipeta de los ancianos, buena ama de casa y además buena profesional, casi
Se trata también del avance limitado de las mujeres una vez gradua- ¡la supermujer!. Siente entonces que el tiempo no le alcanza para
das, hacia la obtención de grados científicos como maestrías, doc- también ser líder y ocupar puestos de alta responsabilidad y direc-
torados, posdoctorados, o a su crecimiento con categorías docentes ción por lo tanto se queda “pegada” a su lugar, en la base.
en sus universidades o como científicas en los diferentes sistemas
• Las escaleras resbaladizas
370 nacionales de investigadores de nuestros países. Así se compara con 371
una pipeta, llena de mujeres graduadas, de licenciadas, ingenieras, En este concepto se define a las mujeres que si están interesadas en
médicas, y pero donde sólo algunas, por cuenta gotas, siguen avan- ocupar puestos de poder, pero que se encuentran, al tratar de as-
zando en sus profesiones, como docentes o como científicas. cender, disímiles escalones resbaladizos, desde el primero, cuando
ningún jefe inmediato la valora para un puesto de mayor jerarquía,
• El techo de cristal hasta los resbalones producto de sus errores y su falta de experien-
Este concepto de utiliza para ilustrar el acceso de las mujeres a car- cia de dirección, (los que son más tomados en cuenta que los co-
gos de poder o lo que se denomina también empoderamiento, el metidos por los hombres ), hasta las zancadillas, a veces objetivas,
cual se aplica a las mujeres para llegar a todos los ámbitos y esferas otras veces muy sutiles y subjetivas, que sumadas, van impidien-
de poder: político, gubernamental, ministerial, territorial, organiza- do su ascenso a posiciones de liderazgo. Se trata de un proceso de
cional, institucional y empresarial. Describe que las mujeres en la aprendizaje donde las barreras y obstáculos las hacen resbalar. Tam-
bién se describen como escaleras movedizas.
• El círculo de terciopelo • De la cúspide a las planicies
Es muy nuevo y bastante ilustrativo del fenómeno que se da a partir ¡Esta metáfora la aprendimos en Curitiba! Se refiere precisamente,
de considerar para los diferentes espacios del organigrama o plantilla a lo que estamos intentando abordar en esta ponencia. Una vez que
de las instituciones a las mujeres sólo como jefes de los departamen- alcanzamos el conocimiento, estudiamos los fenómenos aconteci-
tos o direcciones aparentemente más cómodos, más confortables. dos en torno a la vida y el desarrollo de las mujeres en las ciencias,
Los hombres que toman estas decisiones valoran el asunto de la for- se nos revelan y los ponemos en palabras, conceptos, cifras, quedan
ma siguiente : -vamos a colocarla a ella aquí así se sentirá más cómoda, demostradas las barreras y obstáculos existentes, es nuestro deber “
estará presionada, es que queremos cuidarla porque es una persona valio- volver a las planicies “, a la sociedad, compartir y transmitir lo apren-
sa para la organización. dido, lo vivido, para así volver a nutrir a la población, plasmar cono-
-No queremos darle un cargo o posición duros, donde tenga que cimientos, para volver a transformar teorías, conceptos, aplicando,
enfrentarse a gente o tareas difíciles-. Nos colocan en esos espacios mu- como ya sabemos, el ciclo del método científico dialéctico.
llidos, suaves, de terciopelo y en el fondo se trata de la existencia de Y aquí se encuentran algunas mujeres, que llegaron a cargos
una duda sobre las reales capacidades y fortalezas de las mujeres. de decisión y luego, ni reconocen, ni se acuerdan, (o no quieren acor-
darse) de los problemas y obstáculos de género que tuvieron que
• La niña buena vencer o las circunstancias que las llevaron a “las cúspides” o puestos
Este fenómeno esta siendo objeto de estudio y es bien importante. Se de poder.
refiere a la educación, con un terrible y subliminal sesgo de género, de
las niñas para que sean buenas, saquen notas excelentes, hagan una 4. El caso muy particular de Cuba
carrera, inclusive como científicas, ¡inclusive las mal llamadas cien- Desde los primeros años fue el objetivo principal de la dirección de
cias duras!, doctoras destacadas, para que sean respetadas y queridas, la naciente Revolución lograr la incorporación de las mujeres a todas
pero nunca transgresoras. Nunca tan valientes que defiendan sus po- las actividades de la vida socio-económica del país y darle las mismas
siciones y espacios con firmeza, y lleguen a enfrentarse fuertemente oportunidades de superación y empleo, y junto a ello la creación de
a situaciones injustas. Por eso se escucha a menudo decir: Yo no creo múltiples facilidades para la educación de los hijos. En 1960 se funda
en eso del género, pero lo que importa es ser competitiva y tener un la Federación de Mujeres Cubanas por iniciativa de las propias mu-
372 buen currículo académico. jeres para participar activamente en todos los procesos de cambio. 373
El liderazgo, el prestigio y la visión clara de la compañera Vilma Es-
• La “supermujer” pín Guillois está ligada indisolublemente a los logros de las mujeres
El término quiere representar el proceso que hemos experimentado cubanas en todos los ámbitos del desarrollo económico de este país.
las mujeres, con nuestras luchas y nuestro activismo, para alcanzar la Antes del triunfo de la Revolución, en Cuba sólo un pequeño
liberación, las conquistas personales y sociales, aprender a compartir por ciento de personas podía estudiar carreras universitarias de per-
tareas y obligaciones con los hombres, pero a costa de sentir una sen- fil científico-técnico. A su vez, quienes lo hacían pertenecían, por lo
sación de sobreexigencia, carga con el consabido riesgo psicológico general, a las altas capas de la burguesía cubana, dado lo costoso que
y físico con riesgo de padecer enfermedades. Somos liberadas, pero resultaba para las familias cubanas mantener un hijo o hija estudian-
estamos sobrecargadas, esclavizadas con dos o tres jornadas laborales do en la Universidad.
diarias. En el campo tecnológico estaban ausentes también las facili-
dades necesarias para la experimentación y la investigación. La de-
pendencia tecnológica implicaba, no sólo la importación de tecnolo- En los llamados Polos Científicos productivos, segmento del
gía, sino también la importación de expertos, consejeros, profesores sistema de ciencia cubano, que ha demostrado su capacidad para el
o el adiestramiento en el extranjero de determinados profesionales trabajo cooperado entre los centros de investigación, de educación,
cubanos claves, rara vez estos eran mujeres. de producción y de servicios en función de resolver los problemas
El futuro de la mayoría de los graduados, especialmente de las más cruciales vinculados con el desarrollo económico y social del
mujeres y sobre todo de aquellas que estudiaban ciencias naturales y país y los territorios: 48,16% del total de trabajadores que los inte-
exactas , así como las ciencias sociales solo podían aspirar a docentes gran son mujeres.
en los Institutos de Segunda Enseñanza o en las Universidades. En En las últimas elecciones para Miembros Plenos de la Acade-
cambio, la mayor parte de los hombres estudiaban medicina, leyes mia de Ciencia de Cuba, hemos constituido 30,8% de su membre-
o las distintas áreas de las carreras de Ingeniería y Arquitectura, lo sía, cuestión con la que aún no estamos satisfechas, pero que toma
que les proporcionaba empleo asegurándoles retribuciones salaria- distancia, en positivo, de la situación de otras academias como ya
les más estimulantes. vimos.
La Federación de Mujeres Cubanas jugó un papel decisivo en
la recuperación de la dignidad de la mujer cubana, en su incorpora- 5. Conclusiones y recomendaciones
ción a las aulas, a la capacitación, así se propició su acceso pleno a la En el mundo de hoy, son aún frecuentes las manifestaciones de dis-
vida laboral a la par del hombre; creó los Círculos Infantiles y las Es- criminación contra las mujeres, además de la pobreza y el hambre
cuelas con régimen de Semi-internado promovió la aprobación de que afectan principalmente a las mujeres, la violencia se hace cada
la Ley de Maternidad y el Código de la familia, que sin duda alguna vez más visible en todo el mundo. A ello se añaden las enfermedades
fueron pasos que coadyuvaron a lograr este empeño. y la “feminización del SIDA”. Este es el panorama, en pleno siglo
Imposible hablar de la incorporación de las mujeres a la Cien- XXI y todavía hay más. Una distinguida intelectual de Jamaica, hace
cia sin esas medidas: primero alfabetizarlas, después abrir amplias poco decía: “las mujeres aún somos consideradas ciudadanas de se-
oportunidades de empleo y educación, sin discriminación de nin- gunda o de tercera clase, pero sí se nos reconoce que podemos edu-
gún tipo, mediante la creación de infraestructuras y con el corres- car y formar hijos de primera clase para ser ministros, catedráticos,
pondiente amparo jurídico. científicos, hombres de negocio, útiles a sus pueblos”.
Hoy día, en muchos sectores y en particular en el sector de las Otras investigaciones reportan que si además de ser mujer
374 375
ciencias, hemos alcanzado importantes logros. científica eres latina, indígena, mulata, mestiza o tu piel es de color
En el año 2010, esa tenacidad, esa constancia y ese esfuerzo oscuro, entonces, para aspirar a ocupar una misma posición, tienes
ya es una realidad con impresionantes cifras e indicadores que ha- que demostrar 3 ó 4 veces mas de las condiciones estándares que se
blan por si mismos. Hoy somos 51,2% del total de trabajadores en el le exigen a un hombre. En muchos países el salario es menor aun-
Sistema de Ciencia e Innovación y 48,5% de los investigadores con que sea igual el puesto de trabajo e incluso se llega a adjudicarle otro
categoría científica. nombre al cargo de igual contenido del que ocupa un hombre, solo
Las mujeres somos 65,5% de toda la fuerza científica y téc- para que sea ocupado por una mujer y pagarle menos.
nica que tiene el país. La Reserva Científica está constituida en La presencia y participación de las mujeres en la Ciencia se
60,4% por mujeres jóvenes recién egresadas de nuestras universi- considera necesaria condición para elaborar nuevas propuestas no
dades, lo cual augura el incremento y sostenibilidad del papel de sólo de la Ciencia, sino del mundo en su conjunto. Una mayor par-
la mujer en este importante sector. ticipación de mujeres en el quehacer científico fortalece la comple-
titud de la Ciencia, en la medida en que implica la aceptación de DURAN, Maria Ángeles et al. La cuenta satélite del trabajo no remune-
nuevos enfoques y el surgimiento de nuevas interrogantes. rado en la comunidad de Madrid. Encuesta CSIC. [S.l.]: Editora la suma
Si fallamos en motivar y animar a las mujeres, al igual que de todos, 2006.
los hombres a desarrollar carreras científicas y tecnológicas, nuestra GRAF, Norma Blázquez. Prólogo a la edición mexicana de Antropólogas,
región perderá una parte sustancial de su potencial. politólogos y sociólogas. 2009.
La participación de la mujer en todas las esferas de la sociedad
LEÓN, Maria Antonia García de; FIGARES, Maria Dolores F. Antropó-
es muy importante y contribuirá a diseñar el futuro.
logas, politólogos y sociólogas. Género, Biografía y Ciencias sociales.
La influencia de los “modelos de rol” es crucial y nuestro acti- [S.l.]: Plaza y Valdés, 2009.
vismo será la única manera de “corregir” el futuro.
PASTRANA, Sergio. Estudio sobre composición de las membresías de
las Academias de Ciencias del mundo. La Habana: Comunicación pri-
vada, 2008.
Agradecimientos: A Eulalia, Mari Lires, Diana, Sylvia, Marilia, Maris- PÉREZ SEDEÑO, Eulalia. Las mujeres en el Sistema de Ciencia y Tec-
tela, Nanci, Lourdes, Norma, Olga, en fin todas, por los gratificantes y nología. Estudios de casos. España: OEI, 2001.
fructíferos debates y esfuerzos y resultados en promover el avance de las RIUS, Lourdes Fernández. Género y mujeres académicas: ¿Hasta dón-
mujeres de ciencia en Iberoamérica. de la equidad? La Habana: Facultad de Psicología, Universidad de La Ha-
bana, 2007.
BIBLIOGRAFÍA CONSULTADA: TABAK, Fanny. El Laboratorio de Pandora. Estudios sobre ciencia y fe-
minismo. [S.l.]: Garamon Ltda, 2002.
ALVAREZ, Lilliam. Ser Mujer científica ¿O morir en el intento? La Ha-
bana: Editora Academia, La Habana, 2010. TWAS News Letter, v. 21, n. 2, 2009.

_____. Women doing hard sciences in the Caribbean. Proceedings of


the IUPAP Conference on Women in Physics. Paris: UNESCO, October
2002. [HARTLINE, Beverly K.; LI, Dongqi. (Eds.). AEP Conference Pro-
376 ceedings, v. 628, p. 151-152.] 377
_____. Sembrando Ciencias para el Desarrollo. Revista Ciencia, Inno-
vación y Desarrollo, v. 7, n. 3, 2003.
_____. (Coord.). Informe del Proyecto Investigación sobre Ciencia,
Tecnología y Desarrollo Humano en Cuba CIEM-PNUD. La Habana:
PNUD, 2004.
ALVAREZ, Mayda. La revolución de las cubanas: 50 anos de conquistas y
luchas. Revista Temas, La Habana, n. 56, 2008
BONDER, Gloria. Publicaciones y comunicaciones privadas. Buenos
Aires: Cátedra UNESCO, Mujer, Ciencia y Tecnología, s.d.
18
O PRÊMIO CONSTRUINDO A IGUALDADE DE GÊNERO:
UMA POLÍTICA PÚBLICA FEMINISTA

Hildete Pereira de Melo

Nas últimas décadas as mulheres aumentaram sua participação na


atividade científica, mas as conquistas da ciência ainda continuam
sendo creditadas ao gênio masculino. Não resta dúvida que a ciência
é um campo de poder e do poder masculino e embora as mulheres
tenham avançado muito no sistema educacional, o mundo científico
ainda permanece um reduto intocável para o sexo feminino no Brasil
como no mundo.
No caso brasileiro essa constatação coloca imediatamente
uma questão: já que não há mais nenhuma discriminação legal, por
que as mulheres cientistas ainda são poucas em alguns campos disci-
plinares, e ocuparem posições menos relevantes no sistema científico
e tecnológico?
Certamente que não é fácil vencer as barreiras impostas pelo
papel feminino tradicional que dificultam a conciliação entre a vida
familiar e a grande dedicação exigida pela prática da ciência! Lenta- 379
mente a ciência avança e a participação feminina também, espera-se
que num futuro próximo haverá cientistas de ambos os sexos e a ci-
ência perderá a imagem misógina e androcêntrica atualmente domi-
nante. É preciso vencer as barreiras impostas pelo sistema patriarcal
que ainda continuam a sujeitar as mulheres a padrões diferenciados
por gênero na escolha de carreiras profissionais próximas do estere-
ótipo do ser mulher.
A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República consciente desta problemática e respaldada pelo II Plano
Nacional de Políticas para as Mulheres (II PNPM) tem desenvolvi-
do diversas ações para mudar esta situação. Foi escolhido como fio o Programa Mulher e Ciência têm ações extremamente significativas
analítico deste texto apenas uma ação de um programa mais amplo do ponto de vista do desenvolvimento científico das mulheres pes-
da SPM/PR – Programa Mulher e Ciência. Sua ação foi um compro- quisadoras, tais como os editais de fomento a pesquisa nas relações
misso assumido pela SPM/PR com as mulheres inseridas no sistema de gênero, feminismos e mulheres que está em sua terceira edição,
educacional e científico nacional e com toda a plataforma de luta das a realização de encontros dos núcleos de estudos e pesquisas sobre
mulheres brasileiras que propugnam por uma sociedade mais iguali- gênero, publicações e outras ações pontuais relativas à edição de li-
tária entre mulheres e homens. Escolheu-se dentre as linhas de ação vros e linha de financiamento para os núcleos de pesquisa. Mas, o
deste programa o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero para presente texto limita-se analisar o Prêmio Construindo a Igualdade
estas considerações preliminares, interpretando-o como uma políti- de Gênero.
ca pública feminista, já que seus objetivos são ambiciosos no sentido
que este concurso ao se dirigir a milhares e milhares de estudantes do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero1
País, espera-se que tenha um impacto transformador no processo de Este prêmio resulta da proposta feita pela SPM/PR, aos Ministérios
transformação da sociedade em relação as questões de gênero. Este da Ciência e Tecnologia e Ministérios da Educação, através do Conse-
artigo, assim, tem como objetivo fazer um balanço do Prêmio Cons- lho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/
truindo a Igualdade de Gênero com foco nas edições de 2009 e 2010 MCT), da Secretaria de Educação Básica (SEB) e da Secretaria de
e da repercussão dele no ambiente educacional, através de uma análi- Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) do
se sucinta do conteúdo de suas redações e artigos científicos. Ministério da Educação (MEC) e o Fundo de Desenvolvimento das
Nações Unidas para a Mulher - UNIFEM2. Sua história começa em
O que é o Programa Mulher e Ciência? 2004, com a formação de um grupo ministerial que agregou a SPM/
Este programa tem como objetivo estimular a produção científica so- PR e os ministérios da Ciência e da Tecnologia e da Educação, como
bre relações de gênero no país e promover a participação das mulhe- resultante das deliberações deste grupo foi instituído o Programa
res no campo das ciências e carreiras acadêmicas, nas quais ainda há Mulher e Ciência na Secretaria de Políticas para as Mulheres.
forte hegemonia masculina. Criado em 2005, o Programa Mulher e No interior das ações deste programa foi desenhado este
Ciência se constitui em três tipos de incentivo: um edital de fomento concurso que propunha premiar redações e artigos científicos dos
380
à pesquisa, o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero e o Encon- estudantes de ensino médio, estudantes de graduação, graduados, 381
tro Nacional de Núcleos e Grupos de Pesquisa – Pensando Gênero e especialistas, estudantes de Mestrado, Mestres e estudantes de Dou-
Ciências. O Programa é umas das prioridades do Eixo 4 do II Plano torado. No início seus objetivos foram mais modestos havia menos
Nacional de Políticas para as Mulheres, que trata da Educação Inclu- categorias de prêmios, mas na edição de 2009 todas estas categorias
siva, Não-sexista, Não-racista, Não-homofóbica e Não-lesbofóbica. foram implantadas.
Todas as ações se orientam segundo a ótica da transversalidade e da Seu objetivo é estimular a produção científica e a reflexão cri-
intersetorialidade, com fim de ampliar seu impacto na promoção da tica acerca das desigualdades existentes na sociedade entre mulheres
igualdade entre mulheres e homens em geral e no campo científico e e homens, contemplando suas intercessões de classe social, geração,
tecnológico em particular. Como foi explicitado acima este programa raça, etnia e sexualidade. Sua ambição é desta forma fomentar melhor
é resultado de uma parceria da SPM com o MCT, CNPq e MEC. a perspectiva de gênero e feminista no meio educacional nacional,
Das ações que compõem este programa o carro chefe, nestes tanto para as novas gerações que cursam o Ensino Médio, quanto na
anos, foi o Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, é obvio que comunidade universitária.
Este prêmio já foi organizado em seis edições 2005, 2006, dos jovens de ensino médio que nestes cinco anos geraram quase
2007, 2008, 2009 e 2010. Em 2009 os artigos científicos inscritos treze mil redações sobre o tema. A tabela 2 mostra as taxas de cresci-
pela foram desagregados em várias categorias e este formato será mento destas inscrições ao longo destas edições. Notem que as três
analisado neste texto. E também foi criada uma nova modalidade, a primeiras edições foram tempos críticos para a consolidação des-
Escola Promotora da Igualdade, prêmio especial para os melhores ta ação em relação aos alunos/as do Ensino Médio. Só a partir da
projetos educacionais de promoção de práticas igualitárias nas es- quarta edição foi que esta linha de trabalho foi assumida definitiva-
colas de nível médio do País. mente por todos os parceiros e a taxa de crescimento entre a quar-
ta e a quinta edição espetacular, até porque é na categoria Ensino
Qual é a Premiação? Médio que a capacidade de crescimento é mais acentuada, o corpo
O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero concede prêmios discente é mais numeroso. Esta capacidade depende substancial-
monetários para os artigos científicos, publica os textos e oferece mente do esquema montado para sua divulgação. O que aconteceu
bolsas de doutorado, mestrado e iniciação científica para os/as au- nas primeiras edições foi exatamente isto. A divulgação não feita de
tores/as dos trabalhos agraciados. A categoria Estudante de Ensino forma adequada. Isto é a mala direta com cartazes e panfletos expli-
Médio ganha laptop e impressora multifuncional para cada um/a cativos do Prêmio não foram devidamente distribuídos pelo MEC.
das/os três candidatos selecionados na Etapa Nacional e Bolsa de Diante da queda nas inscrições em 2007 foi elaborado um esque-
Iniciação Científica Júnior. A etapa Unidade da Federação um com- ma de distribuição entre a SPM e MEC que redundou num grande
putador com monitor LCD para cada um/a das/os candidatos se- crescimento no número de inscrições de estudantes de ensino mé-
lecionados por estado. A categoria Estudante de Graduação recebe dio e esta forma de distribuição foi mantida nas edições seguintes.
cinco mil reais para cada um/a dos dois candidatos/as selecionados Observem que a participação do MEC na distribuição do material
e Bolsa de Iniciação Científica. A categoria Graduado, Especialista e de propaganda é fundamental para o sucesso do Prêmio. Atualmen-
Estudante de Mestrado recebe oito mil reais para cada um/a das/os te este prêmio representa uma das maiores premiações das que o
dois candidatas/os selecionadas e Bolsa de Mestrado no país. A ca- CNPq realiza no seu setor de Prêmios.
tegoria Mestre e Estudante de Doutorado recebe dez mil reais para Em relação aos alunos/as universitários nas suas diversas
cada um/a das/os dois candidatas/os selecionadas/os e Bolsa de categorias nota-se um comportamento diferenciado, nada de cres-
Doutorado no país.A Escola Promotora da Igualdade de Gênero re- cimento elevado, mas também na quarta edição suas inscrições au-
382 383
cebe dez mil para cada uma das escolas por Unidade da Federação. mentaram entre a terceira e quarta edições. Na comunidade univer-
Além disso as/os professores orientadoras/es dos trabalhos pre- sitária houve mudanças no decorrer destas edições o que dificulta
miados e as escolas premiadas de todas as categorias recebem uma a comparação, mas pode-se afirmar que entre 2005 e 2010 foram
assinatura anula das revistas feministas: Cadernos PAGU e Revista inscritos neste Prêmio 3.329 artigos científicos sobre o tema rela-
de Estudos Feministas. ções de gênero e feminismos pela comunidade universitária dos
estudantes de graduação aos de doutorado (Tabelas 1 e 2 e gráfico
O Prêmio em Dados 1) .
Os números revelados pela Tabela 1 e ilustrados pelo gráfico 1 são É evidente que o maior dinamismo do processo de inscrição
expressivos da participação da comunidade educacional e univer- reside na categoria do Ensino Médio que contam com poucas pre-
sitária na produção de gênero no País e de como este Prêmio foi miações para seus estudantes, enquanto que para o Ensino Supe-
aceito por esta comunidade. O destaque fica por conta do interesse rior há maiores possibilidades de reconhecimento de talentos devi-
do aos diversos prêmios que as categorias profissionais e a própria Tabela 2 - Percentual de crescimento das Inscrições no Prêmio Construin-
academia oferecem para seus/suas pesquisadores/as. do a Igualdade de Gênero, todas as Edições.
Como síntese das duas últimas edições temos a tabela 3 dis- Categoria Trabalhos Inscritos, 2005-2010.
criminando as inscrições segundo as diversas categorias que com- 2005- 2006- 2007- 2008- 2009-
põe o Prêmio nos dois anos. Há um predomínio absoluto da cate- 2006 2007 2008 2009 2010
goria “estudantes de ensino médio” no certame. Seja por que estes Ensino Médio 1,1% -51,7% 270,8% 29,4% 32,8%
estudantes representam a maioria deste processo educacional, seja Ensino Superior/ 9,2% 11,0% 27,5% 24,3% -27,3%
pelo menor comprometimento intelectual que este trabalho signifi- Pós
ca na sua elaboração para estes estudantes. Para as instituições pro- Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres, Brasília/DF, Outubro de 2010.
motoras deste Prêmio a presença dos estudantes de ensino médio
Gráfico 1
tem grande importância, porque estes/as são jovens que serão as
mulheres e homens do futuro.
Tabela 1 - SPM/CNPq/MEC: Inscrições no Prêmio Construindo a Igualda-
de de Gênero, todas as Edições.

CATEGORIA Redações e Trabalhos Inscritos


2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Estudante de Ensino 1270 1284 620 2299 2976 3951 12400
Médio
Estudante de 141 154 171 218 271 197 1152
Graduação
Graduado 0 0 429 485 - - 914
Estudante de 176 207 - - - - 383
Pós-Graduação
Graduado, Especia- - - - - 283 267 550
384 lista e Estudante de 385
Mestrado
Mestre, Estudante de - - - - 156 145 301
Doutorado A etapa de seleção
Escola Promotora da - - - - 17 10 27 A escolha dos melhores trabalhos, em todas as edições, foi feita por
Igualdade de Gênero
dois comitês diferentes, um para a categoria “Estudante de Ensino
TOTAL 1587 1645 1220 3002 3703 4572 15726
Médio” e o outro para os estudantes universitários e graduados.
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres, Brasília/DF, Outubro de 2010. Antes de serem examinados por estes comitês os trabalhos passam
por uma seleção prévia feita para a categoria “Estudantes de Ensi-
no Médio”, esta seleção é feita pela SPM, SECAD/MEC, CNPq e
UNIFEM e as categorias universitárias o comitê é formado pelos/
as pesquisadoras/es de produtividade (PQ) do próprio CNPq.
Tabela 3 – Total de Inscrições, da 5° e 6° Edição do Prêmio Construindo a Tabela 4 – 5° e 6° Edições do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero,
Igualdade de Gênero, referentes as categorias selecionadas. pré-seleção, categoria estudante de ensino médio, inscrições segundo a
região.
CATEGORIA Quantidade
2009 2010 REGIÃO ENVIADAS SELECIONADAS ELIMINADAS
Mestre e Estudante de Doutorado 156 145 2009 2010 2009 2010 2009 2010
Graduado, Especialista e Estudante 283 267 Norte 97 137 13 22 84 115
de Mestrado Nordeste 545 823 81 112 464 711
Estudante de Graduação 271 197 Sul 466 397 51 37 415 360
Estudante do Ensino Médio 2976 3951 Sudeste 1596 2080 120 305 1476 1775
Total 3686 4560 Centro 208 514 25 38 183 476
Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Oeste
TOTAL 2912 3951 290 514 2622 3437
As tabelas 3 e 4 mostram para a categoria “Estudante do Ensi- Fonte: CNPq/SPM, 2010.
no Médio” o processo de inscrição e pré-seleção por microrregiões
e unidades da federação. A primeira constatação é da concentração Tabela 5 – 5° e 6° Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gêne-
ro, categoria estudante de ensino médio, inscrições segundo Região e
das inscrições nos estudantes da região Sudeste nas duas edições, Unidade da Federação.
embora esta tenha caído um pouco em 2010. Todavia, esta região
em 2010 teve 59% das redações selecionadas, uma proporção supe- REGIÃO ENVIADAS SELECIONADAS ELIMINADAS
rior ao número de redações inscritas pela região. O Nordeste fica 2009 2010 2009 2010 2009 2010
em segundo lugar tanto pelo envio como pelas redações seleciona- Norte
das, ambas as regiões num percentual de redações selecionadas su- AC 2 7 0 3 2 4
perior ao das inscrições. Como mostra a tabela 4 o estado de Minas AM 10 4 3 1 7 3
Gerais é o que inscreve o maior número de redações nos dois anos, AP 4 3 1 0 3 3
seguido de São Paulo. De forma interessante Minas Gerais elevou
PA 40 68 4 10 36 58
386 suas inscrições, enquanto São Paulo apresentou uma diminuição 387
RO 23 15 4 0 19 15
em 2010. Por que isto acontece? Provavelmente as redes públicas
RR 2 6 0 1 2 5
mineira e paulista estão melhores estruturadas e com professoras/es
TO 16 34 1 7 15 27
sensíveis a temática. No Nordeste destacam-se os estados da Bahia
Sub-Total 97 137 13 22 84 115
e do Ceará com o maior número de inscrições, sendo que merece
destaque os desempenhos na região Centro-Oeste dos estados de Nordeste
Goiás e Mato Grosso do Sul que aumentaram significativamente o AL 19 30 4 4 15 26
número de redações inscritas em 2010. BA 217 214 33 24 184 190
CE 100 190 11 37 89 153
MA 60 104 10 9 50 95
PB 11 64 3 9 8 55
PE 74 159 12 19 62 140 enviou projetos inscreveu menos, mas ainda continua agora junto
PI 21 34 1 4 20 30 com Nordeste com o maior número de projetos apresentados.
RN 31 16 5 2 26 14 Tabela 6 – Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, Categoria Escola
SE 12 12 2 4 10 8 Promotora da Igualdade de Gênero, número de projetos inscritos, se-
Sub-Total 545 823 81 112 464 711 gundo região, 2009 e 2010.

Sul Região 2009 % 2010 %


PR 95 110 21 10 74 100 Norte 2 12 nd nd
SC 99 110 13 12 86 98 Nordeste 2 12 3 3
RS 272 177 17 15 255 162 Sul 6 35 3 3
Sub-Total 466 397 51 37 415 360 Sudeste 4 24 2 2
Sudeste Centro-Oeste 3 18 2 2
MG 824 1224 32 160 792 1064 Total 17 100 10 100
ES 41 99 59 98 -18 1 Fonte: CNPq/SMP, 2010.
RJ 126 216 23 32 103 184
SP 605 541 6 15 599 526 Inscrições segundo o sexo
Sub-Total 1596 2080 120 305 1476 1775 A tabela 7 e o gráfico 2 mostram as inscrições sob o ângulo do sexo,
Centro – Oeste as mulheres permanecem no comando do espetáculo, isto é parece
DF 36 21 2 3 34 18 que escrever sobre este tema é, sobretudo um tema que interessa
GO 99 208 17 21 82 187 mais de perto as mulheres. Em todas as edições houve um predomí-
MS 35 219 2 14 33 205 nio de autoras na competição do Prêmio.
MT 38 66 4 0 34 66
Tabela 7 – 5° e 6° Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero,
Sub-Total 208 514 25 38 183 476 todas as categorias, inscrições segundo o sexo.
TOTAL 2912 3951 290 514 2622 3437
Sexo Quantidade de redações e trabalhos enviados
388 Fonte: CNPq/SPM, 2010. 389
2009 % 2010 % 2009-
Uma das novidades das duas últimas edições foi à introdução 2010
da categoria escola promotora da igualdade de gênero. Nesta cate- Masculino 1222 33,2% 1520 33,3% 24,4%
goria as escolas de ensino médio deviam apresentar projetos para a Feminino 2464 66,8% 3040 66,7% 23,4%
promoção da igualdade de gênero desenvolvidos por elas entre os Total 3686 100,0% 4560 100,0% 23,7%
anos 2008/2009 e em 2010 ou que estivessem em face de desen- Fonte: CNPq/SPM, 2010.
volvimento destes projetos. Na edição de 2009 dezessete escolas
inscreveram-se no concurso de todas as regiões brasileiras. No ano As tabelas seguintes mostram as inscrições por sexo para as
de 2010 houve uma diminuição no número de projetos apresen- diferentes categorias do Prêmio Construindo a Igualdade de Gê-
tados apenas dez escolas enviaram projetos e a Região Norte não nero: em todas as categorias há um predomínio do sexo feminino.
inscreveu nenhum. A região Sul que em 2009 foi a região que mais Aparentemente o assunto diz respeito apenas às mulheres, esta
predominância das mulheres aponta também para o patriarcalismo
presente na sociedade que faz com os homens não se interessem
por estas temáticas. O mais interessante é que considerando o grau Gráfico 4
mais elevado de escolaridade dos concorrentes, ou seja, a categoria
mestres e doutorandos ainda diminui mais a presença masculina
nas inscrições como mostra a tabela 7. Nas tabelas seguintes abriu-
se as categorias do Prêmio por sexo e acentua-se esta distinção e
onde temos uma participação dos jovens/meninos é na categoria
Ensino Médio, o que mostra talvez, certo avanço destas idéias igua-
litárias no meio educacional (gráficos 3, 4, 5 e 6).

Fonte: CNPq/SPM, 2010.


Gráfico 2

Gráfico 5

Fonte: CNPq/SPM, 2010.


Fonte: CNPq/SPM, 2010.
Gráfico 3
Gráfico 6
390 391

Fonte: CNPq/SPM, 2010. Fonte: CNPq/SPM, 2010.


Um Estudo de Caso: a 5º Edição do Prêmio Construindo Para a realização da etapa final desta Categoria foi também
a Igualdade de Gênero, breve análise sobre o conteúdo das agregada a categoria Escola Promotora da Igualdade de Gênero. As
redações e artigos3 instituições parceiras decidiram de comum acordo com relação aos
Categoria Estudantes de Ensino Médio nomes sete nomes que deveriam compor a Comissão e o critério foi
Para a pré-seleção a comissão da Categoria Estudantes do Ensino que esta seria composta com especialistas e representantes da área
Médio leu todas as redações que cumpriam todos os requisitos do de educação de ensino médio. Foram escolhidos três professoras/
edital e adotou o critério sim ou não para selecionar as redações es universitários, dois representantes da sociedade civil, uma pelo
que fariam parte da etapa final. Nesta leitura observou-se que as Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres (CNDM) e o outro
redações se dividiam em narrativas ou textos que abordavam a his- de uma organização não governamental que trabalha com jovens, e
tória das mulheres, feminismos, mercado de trabalho, violência e dois representantes do setor público um/a indicado/a pela Supe-
sexualidade. Estes foram os temas mais tratados pelo conjunto das rintendência de Ensino Médio do estado de Goiás e outro/a pelo
redações, no entanto, raça/etnia e questões da lesbofobia foram Conselho Nacional de Secretários de Educação.
tratados marginalmente nestes trabalhos. A premiação prevista pelo regulamento tem duas etapas: na-
O primeiro destaque desta avaliação refere-se ao aspecto de cional e unidades da federação. Na etapa nacional são escolhidas
que estas redações apresentavam na sua maioria uma visão este- as três melhores redações que concorreram ao certame e depois foi
reotipada dos papéis masculinos e femininos, tais como “elas são selecionada, havendo mérito, uma redação por cada unidade fede-
frágeis e eles fortes e rudes”. A questão da homossexualidade foi rativa. As redações pré-selecionadas haviam sido encaminhadas
um tema recorrentemente abordado, mas os desfechos dessas re- para os membros da Comissão, cada um/a recebeu cerca de 41/42
dações eram sempre trágicos. A prostituição foi justificada como redações para selecionar as sete melhores e a reunião foi aberta com
uma solução para as situações de pobreza e para as dificuldades cada membro da Comissão declinando as redações escolhidas que
que meninas/moças encontravam para vencer situações de misé- foram lidas por todos/as. Os critérios que nortearam a Comissão
ria e violência. No entanto, de forma recorrente as redações apre- Julgadora são a qualidade do texto quanto ao conteúdo, originali-
sentavam um final dourado para estes sofrimentos. A homossexu- dade da abordagem e contribuição ao conhecimento do tema tra-
alidade é punida com sofrimento e a prostituição resolvida pela tado.
mudança de vida das mulheres. Nesta reunião final cada um/a escolhia três redações que
392 393
As narrativas na grande maioria tratavam das questões da considerava como as melhores e foi feita uma discussão geral para a
violência, mas estas histórias têm sempre um final feliz. A infeli- escolha definitiva das primeiras colocadas na etapa nacional. Ao fi-
cidade é retratada pela falta de mãe ou de pai. Os/as filhos/as re- nal destas deliberações foram escolhidas as três melhores redações
latam sofrimentos maternos com a violência doméstica praticada e duas receberam menção honrosa, estes também mostram que
pelos pais. Mas, invariavelmente estas situações têm um final feliz. treze jovens foram premiados e destes 54% são do sexo masculino
Seguramente os sites de busca na internet foram muito utili- e 46% do feminino. As mulheres foram à maioria nas inscrições do
zados pelos participantes e inúmeras redações faziam cópias claras prêmio, mas, nesta edição, repartiram os louros com os homens.
do site da SPM/PR ou de autores/as da temática de gênero dos Veja estas informações explicitadas nos quadros abaixo.
sites da internet. Neste corte e cola havia erros grosseiros nos tex- Na Etapa Nacional a comissão julgadora premiou como as
tos enviados. As associações entre religiões e o islamismo apareceu três melhores redações, as/os seguintes candidatas/os, nomina-
numa visão redutora nos clichês consagrados pela mídia. das/os em ordem alfabética:
5º Edição do Prêmio - As Melhores Redações na Etapa Nacional. PE José Anchieta de Mulher, virtudes e Escola de Refe-
Siqueira preconceitos rência Joaquim
Unidade da Candidatas (os) Título da Redação Nome da Escola
Mendes da Silva
Federação
RN Lucas Marcelino O dia M Centro Federal de
RS Felipe dos Santos Seguindo Fundação Escola
dos Santos Educação Tecnoló-
Machado a menina da Técnica Liberato
gica do RN
manutenção Salzano Vieira da
Cunha PB Maria Thama- Procura-se mulher! Centro Federal de
ra de Lacerda Favor retornar Educação Tecnoló-
GO Nathália Gomes O diário de um Colégio Souza este aviso com gica da Paraíba
Mialichi transexual Dinâmico urgência
SC Tamiris Grossl Imortalidade Escola de BA Mauro Marcelo Escrevendo um Colégio Nóbrega
Bade desmedida Educação Básica Queiroz de Arru- diário
Almirante da Sobrinho
Barroso MA Rodrigo Hum- Maria da Mulher Associação Educa-
berto Otávio dos cional Professora
A comissão julgadora concedeu ainda as seguintes Menções Santos Noronha
Honrosas: SP Stephanie Mulher: de Inspira- Colégio Cristóvão
Gaspar ção a Inspirada Colombo
Unidade da Candidatas (os) Título da Redação Escola
Federação RJ Thamires Trianon Choram Marias e Sociedade Edu-
Rodrigues dos Clarisses cacional Renato
GO Luiza Thomaz Eu tenho um Colégio Dinâmico
Santos Cozzolino
Araújo sonho

SC Pedro Guilherme Do martelo das Escola de Ensino Ensino Médio: o Conteúdo das Redações Premiadas
Ramos feiticeiras aos Médio Professor
corredores da UNI- Henrique da Silva Vencedores e Vencedoras Nacionais
BAN: A hipocrisia Fontes O conteúdo das redações escolhidas pode significar um bom fio
midiática
analítico para a compreensão da questão de gênero no meio edu-
cacional. Os estudantes do Ensino Médio são jovens entre 15 e 18
394 A Comissão Julgadora selecionou apenas oito redações na 395
anos que estão fechando um ciclo de suas vidas e ingressando na
Etapa Unidade da Federação. O quadro abaixo discrimina por
vida adulta com uma carga de valores estabelecidos, o que elas e eles
ordem alfabética os estudantes agraciadas/os por estado, nome da
pensam de ser mulher ou homem, qual o entendimento das discri-
escola e título da redação.
minações que permanecem marcando os dois papéis: o masculino e
5º Edição do Prêmio – Melhores redações, segundo a unidade da feminino. As três redações premiadas na etapa nacional foram uma
federação. escrita por rapaz e as outras duas por duas moças. A redação escri-
Unidade da Candidatas (os) Título da Redação Escola ta pelo rapaz discutia a discriminação que acompanha uma esco-
Federação lha profissional feita por uma menina fora do estereótipo feminino.
MG Adnilson Brás da Memórias de uma Universidade Fe- Afinal as tecnologias e máquinas são “coisas” dos homens e passar
Silva Santana mulher na condu- deral de Viçosa nas provas de admissão num Curso Técnico de Mecânica e cursá-lo
ção da vida com brilho, isto não é tarefa esperada de uma menina/moça. Os ar-
gumentos utilizados foram a história da Segunda Guerra Mundial era que houvesse mérito nos trabalhos. Das oito redações sele-
e a forma como o conflito botou o estereótipo dos papéis de cabe- cionadas são cinco foram escritas por rapazes e três por meninas/
ça para baixo ao convocar as mulheres para o mercado de trabalho moças.
em lugares tipicamente masculinos. Inocentemente usa o exce- As redações masculinas abordaram o tema da liberdade de
lente desempenho escolar da menina/moça para desmistificar os escolha da profissão e do jeito de viver livre de preconceitos e dis-
preconceitos de há carreiras masculinas e femininas. criminação retorna na redação mineira que discute o problema,
As escritas femininas fizeram trajetórias diferentes, uma ex- mas a liberdade de escolha da personagem só se concretiza quando
plorou a técnica de diário para relatar as agruras de um homem ela entra na maturidade aos 28 anos. É o sonho tardio de viver sem
que se sente como mulher. A história deste personagem é narrada discriminações. Do sertão pernambucano o jovem faz uma sínte-
através de um álbum de fotografias que sua mãe lhe presenteia no se da história das mulheres e dos diversos papéis vividos por elas
dia de sua cirurgia de mudança de sexo. A outra redação através do período colonial a atualidade para concluir pelo fio condutor da
da personagem Capitu do romance Som Casmurro de Machado exclusão e submissão. Mas, elas estão presentes no folclore, na li-
de Assis discute a condição feminina. Utiliza como veiculo desta teratura, na cultura popular, na fabricação de utensílios domésticos
reflexão as mulheres retratadas em algumas obras literárias na- e artesanais, apesar da violência doméstica, da exploração em redes
cionais para denunciar o patriarcado. Por que estas mulheres re- de prostituição e de terem levado anos para que seus agressores pa-
tratadas por estes escritores são ou submissas ou manipuladoras. gassem por seus crimes.
Para finalmente nesta mistura entre ficção e realidade indagar a A redação potiguar faz uma metáfora com o dia em que as
respeito da liberdade que as “mulheres de carne e osso” têm de mulheres sumiram do planeta. Muitas teorias foram elaboradas
não serem restritas “a tudo o que se escreve sobre elas” e pede que para explicar tal fenômeno: teriam sido abduzidas? Será a revolta
estas aproveitem a liberdade para se valorizarem como pessoas. das amazonas? Com o desaparecimento delas os homens passaram
As vencedoras com uma menção honrosa foi de uma moça a admirar os trabalhos que elas faziam e ditos femininos, e a valo-
e um rapaz, ela sonha com uma vida igualitária em que homens e rizá-los, entretanto, falsamente, pois o único interesse que tinham
mulheres vivam seus sonhos sem rotulações e discriminações. Ele era que elas voltassem. Termina com a negação do amor e pelo não
a partir do caso Geyse Arruda da Unibam/SP discute a hipocrisia retorno das mulheres ao planeta.
da mídia no tratamento da atitude persecutória do corpo discente Escrevendo um diário é uma redação que tem como perso-
396 397
explicada pela formação patriarcal da sociedade e faz um paralelo nagem uma das mulheres trabalhadoras que morreram queimadas
entre este episódio e a perseguição as bruxas nos séculos XVI e dentro de uma fábrica, em Nova York. A narradora é a mulher que
XVII. Conclui afirmando a necessidade que a sociedade tem de conta sua história através de um diário e no final ela pede às mulhe-
repensar seus valores e a forma como eles são reproduzidos so- res que ainda estão vivas que continuem preenchendo as páginas
cialmente. em branco do seu diário. Como se este diário fosse um relato da
vida de todas elas.
Vencedores e Vencedoras Estaduais Este redação denuncia a violência doméstica contra a mu-
Nesta etapa foram escolhidas pela Comissão Julgadora oito reda- lheres, Maria era apenas uma criança quando foi violentada pelo
ções uma por cada unidade da federação: Bahia, Maranhão, Minas pai, sua mãe a enviou para a casa de sua tia para que ela pudesse
Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Nor- ter uma vida melhor. Ao chegar à casa da tia Maria presenciou a
te e São Paulo. O critério para a seleção na unidade da federação violência com que o marido de sua tia a tratava. Maria ao refletir so-
bre a forma com que as mulheres eram tratadas concluiu que para da Lei Maria da Penha – “O que queres tu mulher? Manifestações de
que isso houvesse um fim ela teria que estudar para poder mudar Gênero no Debate de Constitucionalidade da Lei Maria da Penha”
essa realidade. Trabalhou como empregada doméstica durante o de autoria de Luciana Santos Silva4 e o outro artigo premiado faz
dia e no período da noite estudava e ao se diplomar no curso de uma abordagem original na discussão sobre as representações so-
Direito voltou a sua cidade e lá conseguiu que fosse construída ciais sobre a mulher na sociedade chinesa “Mirem-se no exemplo
uma delegacia da mulher e depois ela veio a ser tornar a delegada daquelas mulheres...chinesas! (representações sociais, alteridade e gê-
na sua cidade natal. nero” de autoria de João Gilberto da Silva Carvalho.5
As redações femininas abordam o tema da discriminação Estes temas são atuais e significativos na perspectiva femi-
e desigualdade. Seja pela procura de uma nova sociedade onde nista e de gênero a luta contra a violência doméstica organizou
as mulheres não precisem ser bonitas, inteligentes, educadas, as mulheres no mundo inteiro e também no Brasil teve grande
além de saberem fazer todos os afazeres domésticos, mas, usan- impacto desde os anos 1970 com os assassinatos de mulheres pe-
do as metáforas musicais e as compositoras e cantoras de Chiqui- los seus maridos e companheiros, chegando a própria temática à
nha Gonzaga, Carmem Miranda, Maysa, Rita Lee e Cássia Eller mídia com o seriado de estrondoso sucesso Quem Ama Não Mata
anunciarem as mudanças da música e da vida. A terceira redação na TV Globo. A promulgação da Lei 11.340/2006, também cha-
baseia-se nas frases: “apesar de tudo que fizemos, ainda somos os mada de Lei Maria da Penha,6 tem como objetivo prevenir e com-
mesmos e vivemos como nossos pais”, a autora discute a apatia da bater a violência contra a mulher no âmbito doméstico e intrafa-
geração atual diante das conquistas realizadas pelas mulheres que miliar, provoca desde então um intenso debate no meio jurídico
antecederam esta geração e finaliza afirmando que para que não no que diz respeito a sua adequação aos preceitos da Constituição
chorem Marias e Clarisses é necessário que se continuem a luta Federal. A partir de fontes documentais formadas por peças pro-
pela igualdade. cessuais e artigos analisa a constitucionalidade da “Lei Maria da
Penha”, conclui de o campo jurídico reflete por um lado à preser-
Ensino Superior: Artigos Premiados e seu Conteúdo vação de valores patriarcais, como por outro o reconhecimento de
Para a comunidade universitária o Prêmio Construindo a Igualda- as mulheres são sujeitos de direitos em igualdade com os homens.
de de Gênero foi criando ao longo de suas sucessivas edições várias Portanto, a polarização ancora-se na tradição e na modernidade
modalidades, assim o desenho atual foi implantado em 2009, infe- engendrada pela luta das mulheres.
398 399
lizmente não foi possível fazer um estudo completo do Prêmio e O outro artigo analisa a partir das generalizações estig-
fez-se um recorte apenas para a edição de 2009 que está concluída. matizantes sobre a mulher chinesa – mulher exótica, submissa,
misteriosa – feitas pelo Ocidente até o lugar que ela ocupa nas
Categoria Mestre e Estudante de Doutorado etnias e tradições distintas que marcam a sociedade chinesa. O
Nesta categoria depois da pré-seleção restaram 123 artigos que enorme sucesso da expansão da economia da China nos últimos
correspondiam a 79% do total de artigos inscritos. A Comissão vinte anos coloca esta sociedade no topo das nações mais impor-
selecionou dois artigos como os melhores e estes foram de uma tantes do mundo e um olhar de gênero para o imaginário criado
mulher e de um homem. Assim, as mulheres respondiam por 79% pelo Ocidente para entender a China. O artigo faz uma grande
dos artigos inscritos, mas repartiram pela metade o Prêmio. Estes contribuição aos estudos de gênero pela utilização de elementos
artigos foram produzidos em universidades paulistas e cariocas, da teoria das representações sociais articulada aos conceitos de
um analisa o enfoque de gênero no debate da constitucionalidade imaginário para refletir sobre esta civilização.
Categoria Graduado, Especialista e Estudante de Mestrado ções estereotipadas sobre gênero e sexualidade que há permane-
Nesta categoria, teve-se 283 inscrições, sendo que 75% foram femi- cem simbolicamente nas relações sociais atuais.
ninas e 25% masculinas. No processo de pré-seleção restaram 147 Vencedor de uma menção honrosa teve-se o artigo “Por que o
artigos que corresponderam a 52% dos trabalhos enviados. A Co- trabalho doméstico não é considerado trabalho? Questionamentos Fe-
missão Julgadora selecionou dois artigos e concedeu uma menção ministas no Brasil e na Argentina” de autoria de Soraia Carolina de
honrosa. Novamente foram uma mulher e um homem premiados e Mello, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).9
a menção honrosa foi concedida a um artigo de autoria feminina.
Categoria Estudantes de Graduação
A temática dos artigos premiados foram da ciência política,
da análise literária a economia feminista. O artigo “Discursos Femi- Esta categoria recebeu 217 artigos e estes tinham 69% de autoria
ninos: Um estudo Sobre a Relação entre mulheres e corrupção”, de Ana feminina para 31% de autores masculinos; na comunidade acadê-
Luiza Melo Aranha7 da Universidade Federal de Minas Gerais. O mica foi a maior participação masculina, como estes são estudantes
artigo discute a sub-representação feminina das mulheres brasilei- mais jovens talvez isto sinalize um avanço no meio masculino dos
ras na política. Na mais atual do que esta discussão, visto que apesar estudos de gênero. Na pré-seleção ficaram 176 artigos o que corres-
da mudança na legislação eleitoral feita em 2009 para as eleições de ponde a 65% do total de trabalhos inscritos. Foram premiados dois
2010 nada mudou com relação a participação feminina no cená- artigos e a Comissão concedeu uma menção honrosa. Os artigos
rio político parlamentar nacional e estadual. A grande vitória foi à premiados foram ambos de autoria masculina e trataram de temas
eleição da primeira mulher para a Presidência da República que se relacionados à sexualidade e a menção honrosa foi para uma mulher
espera contribuirá para um avanço das mulheres no espaço políti- com um artigo sobre a imagem feminina na mídia.
co. A pesquisa busca pistas que explique esta ausência e através de O artigo “As Aparências e os Gêneros: Uma Analise da Indu-
entrevistas com mulheres candidatas a deputada estadual e fede- mentária das Drag Queens”, de Emerson Roberto de Araújo Pessoa,
ral em Minas Gerais e como resultados destas conversas e a ênfase da Universidade Estadual de Maringá (UEM),10 analisa o papel da
dada pelas mulheres candidatas de que o sexo era menos corrupto a indumentária na transformação e caracterização dos corpos mas-
pesquisa incorporou este tema nas suas análises. O artigo premiado culinos e femininos, busca entender a articulação entre corpo e gê-
tem como fio condutor esta relação entre gênero, política e corrup- nero por meio das narrativas orais e visuais dos “sujeitos que viven-
400 ção. ciam a transformação do corpo ...conformando aparências de drag 401
O outro artigo premiado intitulou-se “As Personagens Femi- queens”. Conclui afirmando que as narrativas das drag mostra que
ninas em Macunaíma: Sexualidade e Gênero no Modernismo Pós – se pode ser masculino e feminino e que por isso as drag intrigam,
1922” de autoria de André Luiz Ferreira Cozze do Instituto Federal inquietam e incomodam a sociedade.
de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará (IFPA)8 graduado em O outro artigo premiado “Gênero e Sexualidade na Escola de
História o autor a partir do contexto histórico da primeira Repú- Surdos” de autoria de Pedro Henrique Witchs, da Universidade do
blica discute a obra de Mário de Andrade para demonstrar que o Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).11 O autor discute a partir de
folclore é um tema chave explicar a diversidade das relações sociais sua experiência num grupo de pesquisa sobre educação de surdos
brasileiras. Escolheu como fio condutor de sua análise o livro Ma- o ensino de biologia na Escola de Surdos a normalização de gêne-
cunaíma para analisar a questão de gênero na sociedade. Nesta obra ro e sexualidade que o Currículo Escolar imprime ao ensino de jo-
Mario de Andrade faz uma “vasta alegorização do feminino amea- vens. Este artigo faz uma análise particular a respeito da sexualidade
çador”. A obra é um libelo antifeminista, moldado por representa- numa escola de surdos e conclui que esta não difere de qualquer
outra instituição social na tentativa de normalizar as identidades de Gráfico 7
gênero e sexualidade. Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, Escola
Promotora da Igualdade de Gênero, projetos
A menção honrosa foi concedida ao artigo “Ser Mulher nas concorrentes, 5º Edição, 2009.
Revistas: “Um Estudo Sobre Cultura Jovem, Gênero, Mídia e Educa-
ção” de Pâmela Caroline Stocker, do Centro Universitário Feevale
(FEEVALE).12

Categoria Escola Promotora da Igualdade de Gênero


Esta categoria foi a grande novidade da edição do prêmio de 2009
foi à introdução desta categoria. O envio de propostas de projetos
ou projetos em desenvolvimento nos estabelecimentos de ensino
médio nacionais tem um grande significado do ponto de vista da
disseminação de uma cultura igualitária com respeito aos direitos
humanos e a cidadania feminina. Para participar do concurso as
escolas de ensino médio devem apresentar projetos para a promo-
ção da igualdade de gênero desenvolvidos por elas entre os anos
2008/2009 ou que estivessem em face de desenvolvimento. A in-
trodução desta categoria neste concurso é muito importante para Categoria Escola Promotora da Igualdade, Projetos Selecionados, 5º
Edição, 2009.
a SPM/PR por que a existência destes projetos no interior dos es-
tabelecimentos de ensino simboliza que um processo de mudança Região/UF Nome da Escola Denominação do
está em curso, mesmo que este seja ainda incipiente como mostra o Projeto
exíguo número de inscrição neste certame. Nordeste Escola de Referência Discutindo Gênero
O gráfico abaixo detalha estas inscrições por região brasileira Pernambuco em Ensino Médio na Escola: Por uma
São José do Egito Oliveira Lima abordagem científica e
e todas as regiões tiveram pelo menos duas escolas candidatas. A interdisciplinar
402
região Sul foi a que mais enviou projetos, seguida da região Sudeste, 403
Centro- Oeste Goiás Colégio Estadual Dom Saúde e Prevenção:
conforme mostra o gráfico 7. Aparecida de Goiânia Pedro I Pensando as relações
A Comissão depois analisar as propostas apresentadas esco- de gênero e sexualida-
lheu como as melhores obedecendo ao critério regional os projetos de no espaço escolar
no quadro abaixo discriminados. Nota-se que o projeto escolhido Sudeste Escola Estadual Profes- Discutindo a igual-
no Nordeste é de um município rural no interior do estado de Per- São Paulo sor Armando Gaban dade: mulher, mãe e
Osasco cidadã
nambuco na cidade de São José do Egito, na região Sul foi também
de um município interiorano o projeto selecionado (Apucarana/ Sul Colégio Estadual Os- Projeto Raízes: diver-
PR). Os projetos selecionados das regiões Sudeste e Centro-Oeste, Paraná mar Guaracy Freire sidades ético-raciais e
um da região metropolitana de São Paulo e o outro na proximidade Apucarana de gênero
da capital Goiânia (GO).
Á guisa de conclusões análise é feita por sexo. A supremacia feminina nas inscrições do
Este prêmio representa um esforço bem sucedido de articulação Prêmio não se reflete nas redações e artigos científicos premiados
entre o Estado Brasileiro e o sistema de gênero da Organização das de 2009. Na quarta edição (2008) houve uma ligeira supremacia
Nações Unidas (ONU), através do Fundo das Nações Unidas para feminina no resultado final, mas distante do percentual de partici-
a Mulher (UNIFEM) para promover a igualdade de gênero na so- pação das mulheres no total das inscrições do Prêmio.
ciedade brasileira. Deve-se ressaltar também o significativo o esfor-
ço de coordenação para gerenciar uma ação transversal deste porte NOTAS
que envolve três ministérios nacionais: Secretaria de Políticas para
1 Este prêmio foi desenhado por Sonia Miguel Malheiros, subsecretaria da Secretaria
as Mulheres da Presidência da República, Ministério de Ciência e de Articulação Institucionais e Ações Temáticas da Secretaria de Políticas para as Mu-
Tecnologia e o Ministério de Educação, todos eles extremamente lheres da Presidência da República.
relevantes para a execução de tal ação. Ousa-se afirmar que sem esta 2 Durante a realização do 1º Encontro Nacional de Núcleos de Pesquisa – Pensando
parceria seria muito difícil executar esta ação. Gênero e Ciências a Ministra Nilcéa Freire contou que levou a proposta da criação do
O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero apresenta-se Prêmio ao Ministro da Ciência e Tecnologia para o então Ministro Eduardo Campos
que aprovou a proposta e o Programa e o Prêmio foram implementados pelas institui-
como um exercício permanente de repensar a perspectiva feminista ções parceiras A autora estava presente no citado encontro.
e as relações de gênero na sociedade. Uma iniciativa simples, mas 3 No momento de redação deste texto ainda não havia sido concluída a etapa final da 6º
cujo impacto transformador é gigantesco. Em seus seis anos de Edição do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero de 2010.
existência, o Prêmio se constituiu como relevante indicador sobre o 4 Este trabalho teve como orientadora a professora Eliane Hojai Gouveia da Pontifícia
crescimento da cultura de direitos humanos nas escolas e universi- Univerisdade Católica de São (PUC/SP), ver texto completo SPM/PR, 5º Prêmio
dades nacionais. Claro, que esta constatação não impede de afirmar Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Peda-
gógicos Premiados (2010).
que esta ação deve ganhar mais fôlego para que seu impacto nas
5 Esta pesquisa teve como orientadora a professora Ângela Arruda da Universidade Fe-
mudanças requeridas pelos novos tempos que se anunciam, deve,
deral do Rio de Janeiro, ver texto completo SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igual-
sobretudo passar pela ampliação do seu processo de divulgação, no dade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados
que diz respeito aos estudantes de Ensino Médio. Esta categoria (2010).
aliada a Escola Promotora da Igualdade de Gênero representa o 6 Assim conhecida devido ao caso da farmacêutica cearense Maria da Penha que ficou
ponto nevrálgico para a difusão de uma política pública de gênero tetraplégica depois de duas tentativas de assassinato, impetradas pelo seu companhei-
404 405
ro, comoveu o Brasil e este nome é uma homenagem a sua resistência e luta contra a
no âmbito do sistema educacional com enorme potencial transfor- violência doméstica.
mador.
7 Esta pesquisa foi orientada pela Professora Marlise Matos do Departamento de Ciên-
As informações deste trabalho permitem concluir que esta cia Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o texto completo está
política pública consolida-se no espaço institucional federal, mas publicado em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações,
ainda é um planta tenra que depende da vigilância da sociedade Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).

para permanecer como uma tradição no sistema educacional e de 8 Esta pesquisa foi orientada pela Professora Ana Paula Palheta Santana do Instituto
Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Pará, o texto completo está publicado
pesquisa do Brasil. em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos
O Prêmio a cada ano elevou a participação da comunidade Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).
educacional e acadêmica, com uma massiva participação feminina 9 O trabalho foi orientado pela Professora Cristina Scheibe Wolff, da Universidade Fe-
em todas as suas categorias. No entanto, a avaliação dos/as estu- deral de Santa Catarina, os artigos premiados com menção honrosa não são publica-
dantes agraciados/as apresenta um recorte nuançado quando esta dos no livro do Prêmio.
10 Orientado pela professora Ivana Guilherme Simili da mesma Universidade, texto
completo está publicado em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gêne-
ro – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados (2010).
11 Este artigo foi orientado pela professora Maura Corcini Lopes da mesma universi-
dade, texto completo está publicado em SPM/PR, 5º Prêmio Construindo a Igual- CONCLUSÃO
dade de Gênero – Redações, Artigos Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados ESTUDOS DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E GÊNERO:
(2010). ROMPENDO PARADIGMAS?
12 A pesquisa foi orientada pela professora Sarai Patrícia Schmidt da mesma instituição.
Marília Gomes de Carvalho

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Ciência e da Tecnologia, Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Banco de dados Neste livro pode-se constatar a diversidade de temas que foram
do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero, 2009/2010 [5ª e 6ª edi-
estudados, assim como a multidisciplinaridade que caracteriza os
ções].
estudos de ciência, tecnologia e gênero. Chama a atenção também
BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da Repú- que a totalidade dos capítulos foi escrita por mulheres cientistas
blica. 5º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações, Artigos que quiseram mostrar dentre outras coisas, em primeiro lugar, que
Científicos e Projetos Pedagógicos Premiados. Brasília, 2010. as mulheres sempre produziram conhecimento e, em segundo, que
BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da Repú- a ciência produzida pelos homens através de séculos, nem sempre
blica, 4º Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero – Redações e Arti- contemplou as necessidades femininas.
gos Científicos Premiados. Brasília, 2009. A presença das mulheres na Academia, nas Universidades
BRASIL. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da Re-
e nas carreiras científicas não se fez sem obstáculos nem desafios.
pública, Avaliações, e documentação da Coordenação de Programas de Vários capítulos deste livro revelam as dificuldades que elas en-
Educação e Ciência. Brasília, 2009 e 2010. frentaram assim como as discriminações e preconceitos que viven-
ciaram. Mas nem por isso elas deixaram de pesquisar, conhecer e
406 trazer para a humanidade soluções inusitadas. A curiosidade é ine- 407
rente a qualquer ser humano, seja homem ou mulher assim, tanto
um quanto outro têm a mesma capacidade de realizar pesquisas
científicas e produzir conhecimento.
Aconteceu que historicamente o campo científico foi apro-
priado pelos homens que aí passaram a exercer a prática científica
com exclusividade masculina. O mundo científico foi então cons-
truído sob regras e códigos androcêntricos e patriarcais cujas ca-
racterísticas são principalmente a objetividade e a racionalidade,
características estas, que não se encaixavam nas características
consideradas femininas pela sociedade da época (séculos XVI-
XVII).
Após a Revolução Industrial, já consolidada na Europa no corresponde necessariamente à realidade, (apesar das pressões que
século XIX, ocorre um desenvolvimento tecnológico essencial para tanto elas quanto eles sofrem para reproduzi-las). Homens podem
o aumento da produtividade e o consequente aumento da acumu- reproduzir características “femininas” no decorrer de suas vidas ou
lação de riqueza, fundamental para o capitalismo. As mulheres tam- em situações específicas que estão vivenciando, da mesma forma
bém foram excluídas das invenções e inovações tecnológicas, pois em que mulheres podem assumir características “masculinas”, de
suas atividades estavam limitadas à esfera privada da domesticidade acordo com as situações ou necessidades sociais que estão viven-
e maternidade. Mesmo as mulheres operárias que trabalhavam nas do.
fábricas, apenas movimentavam as máquinas, mas não as conce- Daí vem a pergunta: para as mulheres fazerem ciência e tec-
biam. Por outro lado, o conhecimento tecnológico produzido pelas nologia elas devem se “masculinizar’? O fato das mulheres serem
mulheres no ambiente doméstico não era considerado útil para o capazes de produzir conhecimentos científicos leva necessariamen-
mercado capitalista e representava, digamos assim, um conheci- te à perda de suas características socialmente reconhecidas como
mento de “segunda classe”, desvalorizado e não-científico. Assim, femininas? É claro que não. A história da ciência e os exemplos
ciência e tecnologia vêm sendo produzidas majoritariamente por apresentados neste livro estão repletos de nomes de mulheres cien-
homens dentro de uma lógica masculina. tistas que produziram ou vêm produzindo ciência, sem contudo
A construção social do gênero, ou seja, como os homens deixarem de ser mulheres1.
aprendem o que devem ser na sociedade e como as mulheres, da Mas os fatos trazidos pelas pesquisadoras sobre a produção
mesma forma, aprendem os padrões femininos, ocorreu na socie- científica das mulheres mostraram que elas não a produzem sob as
dade ocidental de uma maneira binária e dicotômica. Se formos mesmas condições que os homens. A consequência dos papéis fe-
analisar as características associadas ao feminino, por exemplo, a mininos na esfera privada (cuidados domésticos e dos filhos), nem
delicadeza, a afetividade, a fraqueza física, o conhecimento tácito- sempre permitem uma dedicação integral à pesquisa científica que,
intuitivo, são características que não podem estar presentes na dependendo de sua especificidade, assim o exige. Os resultados das
construção científico-tecnológica, elas atendem as necessidades da pesquisas qualitativas realizadas com estas mulheres mostraram em
esfera privada. Estas são características opostas e contraditórias às seus depoimentos os desafios que elas encontram para realizarem o
masculinas como a agressividade, competitividade, a força física, o trabalho científico. Isto acontece porque se, por um lado, as mulhe-
agir racional e objetivo que estão presentes no mundo científico- res estão assumindo responsabilidades na esfera pública como, por
408 409
tecnológico, e se realizam na esfera pública. Não se pode negar exemplo, nas universidades ou institutos de pesquisa, para a pro-
que há uma hierarquização social das características historicamen- dução de conhecimento científico e tecnológico, por outro, os ho-
te consideradas femininas assim como dos homens que as repro- mens não adentraram na esfera privada, a fim de compartilhar com
duzem (elas possuem menor valor econômico). Por serem cons- suas mulheres as atividades do cuidado, características do trabalho
truções sociais, elas não são exclusivas das mulheres e há homens feminino no âmbito do lar.
que também as apresentam. O mesmo se dá com as características É possível analisar esta questão sob uma perspectiva feminis-
masculinas. Por serem socialmente construídas, há mulheres que as ta. O fato dos homens estarem envolvidos nas atividades da esfera
assumem e se comportam como homens, de acordo com a constru- pública, social e economicamente reconhecidas e mais valorizadas,
ção social das pessoas do sexo masculino, apesar de nem por isso associadas à lógica da sociedade patriarcal, herança da sociedade
deixarem de ser mulheres. Aqui cabe uma relativização: esta divisão européia que teve sua origem nos gregos, leva à formação de uma
binária e dicotômica do que representa ser mulher ou homem não sociedade onde os homens exercem o poder sobre as mulheres,
sendo eles os dominadores e elas as subordinadas. Este fato se A partir do momento em que foram criados os Laboratórios
apresenta a eles como “natural” e foi preciso muita luta para que as de pesquisa e as Universidades, as mulheres foram excluídas da pos-
feministas mostrassem aos homens e à sociedade de uma maneira sibilidade de fazerem pesquisas científicas, uma vez que o acesso a
geral, que esta construção histórico-cultural deveria ser modificada, estes ambientes lhes era proibido, pelo menos até o final do século
ao mesmo tempo em que elas criavam espaços em várias dimen- XIX e início do século XX3. Consequentemente ciência e tecnologia
sões sociais onde historicamente eram excluídas. Este processo não foram construídas sob bases masculinas, com interesses masculinos
aconteceu sem grande esforço das feministas, nem sem lutas e per- e resultados que atendessem às necessidades masculinas. Os para-
seguições às mulheres que ousavam transgredir os padrões vigen- digmas científicos desta época estavam pautados na objetividade
tes. Vem sendo um processo de mudança cultural de muitos con- absoluta e na crença de uma neutralidade indiscutível. Acreditava-
flitos e resistências, mas que por certo está trazendo alterações na se que os homens, com sua racionalidade exuberante, eram capazes
sociedade que está deixando de ser exclusivamente dominada pelos de produzir um conhecimento revelador de verdades universais e
homens e passando a ser uma sociedade onde as mulheres estão definitivas.
encontrando seu espaço em diferentes atividades que não apenas As referências para o estudo do corpo humano, por exemplo,
na esfera doméstica. eram acerca do corpo masculino. Naquela época não se cogitava a
A crítica feminista à sociedade de tradição patriarcal incide especificidade de um corpo feminino, com características diferen-
sobre a exclusão das mulheres de várias dimensões da vida que re- ciadas. Da mesma forma, o olhar sobre os primatas, no caso da pri-
sultou em diversos movimentos sociais. Como exemplos pode-se matologia, era tendencialmente masculino, sendo o comportamen-
citar a luta pelo voto, ainda no século XIX, que reverteu em um dos to destes animais explicado através de observações dos machos. As
primeiros movimentos de mulheres pelos seus direitos civis, hoje fêmeas e suas crias eram vistas como animais passivos que depen-
já alcançado, a participação da mulher no mercado de trabalho em diam dos machos para a sua sobrevivência. Quando as mulheres
condições de igualdade de salário e de ascensão profissional com os primatólogas passaram a desenvolver estudos nesta área, seus olha-
homens, não totalmente bem sucedida, a participação das mulhe- res se detiveram no comportamento das fêmeas e elas então desco-
res na política, tema contemplado em um dos capítulos deste livro, briram as inúmeras atividades realizadas por estas fêmeas dentro
que mostra a inexpressividade desta participação. Esta crítica femi- do grupo, tais como garantir o alimento do grupo, fazer utensílios
nista se faz também com relação ao tema das pesquisadoras femi- primitivos, e a escolha de seus parceiros sexuais, fatos que revelam
410 411
nistas que vêm participando dos Congressos Iberoamericanos de que elas não eram absolutamente passivas.4
Ciência, Tecnologia e Gênero que reivindicam a participação mais A presença das mulheres na pesquisa científica trouxe à tona
efetiva das mulheres, a sua inserção, aceitação e reconhecimento no uma série de temas até então não abordados, como os estudos sobre
mundo da ciência e da tecnologia em seus países. a subjetividade humana sob a ótica feminina e não sob a ótica dos
Apesar de muitas resistências elas passaram a fazer parte deste psicanalistas masculinos. Verdades universais foram questionadas. O
mundo. Durante muito tempo ficaram na invisibilidade, proibidas método qualitativo passou a ser utilizado juntamente com métodos
de aparecer na sociedade como cientistas, utilizado nomes mascu- quantitativos, pois muitos estudos baseavam-se em experiências pes-
linos ou cedendo os resultados de suas pesquisas a maridos, pais ou soais e subjetivas onde a pesquisa qualitativa é mais indicada.
irmãos2, pois o trabalho científico era feito no ambiente doméstico A crítica feminista faz vários questionamentos sobre o saber
e as mulheres participavam dele da mesma forma que os homens só científico masculino. Em primeiro lugar sua posição de poder dian-
que não lhes era permitido assumi-los. te de outros saberes igualmente importantes para a sociedade. O
poder masculino esteve ligado ao conhecimento científico e tec- crítica provocou uma ruptura epistemológica significativa, porque
nológico e quando as mulheres passaram a também produzir estes incorpora a importância da vida privada e da subjetividade do/a
conhecimentos, os homens reagiram, considerando estes conheci- pesquisador/a no processo do conhecimento.
mentos como não científicos, sem o embasamento do tradicional Sabe-se que a mudança de paradigmas científicos é algo que
método científico. Os fenômenos que atraíam as mulheres para a não ocorre em pouco tempo, pois eles existem justamente para ba-
pesquisa científica foram diferentes dos interesses masculinos. É só lizar o fazer científico e dar legitimidade ao conhecimento produzi-
olharmos os capítulos deste livro e observarmos os temas que inte- do com base no método científico. Porém ele não é imutável, pois
ressaram às mulheres que os escreveram para percebermos que são enquanto construção social e produto histórico-cultural o método
assuntos “de mulheres”, mas que também merecem pesquisa cien- sofre alterações, da mesma forma que a sociedade se modifica atra-
tífica. Muito provavelmente cientistas homens não se interessariam vés dos tempos. Estas alterações muitas vezes são tão profundas
por estes temas. Elas trazem, portanto à sociedade conhecimentos que chegam a trazer questionamentos ao próprio fazer científico e
de realidades que ficariam desconhecidas sem suas pesquisas. produzir outras possibilidades de buscar o conhecimento, criando
A crítica aos paradigmas universais da ciência cartesiana/ novas formas de conhecer o mundo.
positivista e à exigência de uma neutralidade científica que se A produção científica na área da ciência, tecnologia e gênero
sabe hoje não existir, não foi exclusividade das feministas. Popper representa o surgimento de inovações epistemológicas, com pro-
em1965 e Kuhn em 1962 já levantavam a questão da provisorieda- postas de transformações nos paradigmas científicos tradicionais,
de do conhecimento científico e a possibilidade da co-existência de especialmente com propostas múltiplas e pluridisciplinares, que
diferentes paradigmas em uma mesma época. favoreçam a produção de conhecimento a respeito de grupos his-
Se considerarmos que o conhecimento científico é histórico toricamente dominados, não só as mulheres, mas também outros
e culturalmente situado, não é possível exigir que ele seja universal, grupos que foram excluídos da história.
definitivo e neutro. Diz Eulália Pérez Sedeño: Neste sentido, tendo em vista a realidade específica dos pa-
íses latinoamericanos, uma realidade de povos colonizados, cuja
... el conocimiento es, sobre todo, uma práctica que tiene lugar en un contex-
to particular y es evaluado con respecto a fines particulares: la ciencia es un ciência e tecnologia foram construídas de acordo com os paradig-
proceso y actividad de comunidades científicas insertas en contextos socio- mas dos países colonizadores, sugere-se que se poderia pensar na
históricos concretos en cuyo seno encontramos valores personales, sociales construção de uma epistemologia que contemple as particulari-
412 y culturales, preferencias de grupos o individuales, de tipo cultural, social, 413
que inciden o pueden incidir en diversos modos y grados sobre la práctica dades da América Latina. Se considerarmos que o conhecimento
científica (Pérez, 2007). científico-tecnológico é situado, determinado pelas condições his-
tóricas de sua produção, em que pesem as semelhanças percebidas
Ainda de acordo com Pérez, 2007, a crítica feminista é uma nos fenômenos da ciência, tecnologia e gênero em todos os países
das correntes que mais tem contribuído para a reconfiguração da iberoamericanos, constatadas nos capítulos deste livro, não se pode
epistemologia e uma reflexão sobre a ciência. A partir desta crítica negar que as condições latinoamericanas de produção científico-
foi possível visibilizar o sistema de dominação masculina na ciência tecnológica são diferentes dos países europeus. Estudos comparati-
e tecnologia, pois conforme foi visto anteriormente o conhecimen- vos sobre ciência, tecnologia e gênero entre os diferentes países da
to científico implica também em um sistema de dominação. Ban- América Latina e os países ibéricos podem revelar as especificida-
deira, 2008, também explora a mesma crítica feminista sobre o po- des destes fenômenos, tendo em vista as condições dos contextos
der masculino para a construção e o método científico e como esta onde eles ocorrem e do conhecimento que sobre eles é produzido.
Voltando aos temas desenvolvidos neste livro, gostaria ain- REFERÊNCIAS
da de fazer referência a um ponto que considero importante para
os estudos de ciência, tecnologia e gênero. Trata-se da produção BANDEIRA, Lourdes. A contribuição da crítica feminista à ciência. Re-
vista Estudos Feministas. vol 16, n.1. Florianópolis. Jan-abril, 2008.
de tecnologias que vão atender as necessidades das mulheres. Pelo
fato delas estarem excluídas do universo tecnológico, os homens CASAGRANDE, Lindamir, SCHWARTZ, Juliana, CARVALHO. Marília
planejam, concebem e produzem artefatos, produtos e técnicas que Gomes de, LESZCZNSKI, Sonia Ana. Mulher e ciência: uma relação pos-
irão suprir as necessidades femininas. Assim, tecnologias reprodu- sível? Cadernos de Gênero e Tecnologia. n. 4 ano 1. Curitiba. Out.- nov.
tivas e conceptivas, por exemplo, são desenvolvidas de maneira a dez. 2005.
provocar intervenções no corpo feminino que representam verda- HARAWAY, Donna. Manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminis-
deiras agressões aos corpos das mulheres. Pode-se perguntar: será mo-socialista no final do século XX. SILVA, Tomaz Tadeu (org.) Antro-
que se as mulheres tivessem tido a oportunidade de desenvolvê-las, pologia do ciborgue: a vertigens do pós-humano. Autêntica: Belo Ho-
elas não teriam criado algo diferente das tecnologias masculinas? rizonte. 2000.
O conhecimento científico-tecnológico produzido por mulheres, KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Ed. Perspec-
para mulheres seria mais adequado às necessidades e interesses fe- tiva: São Paulo. 1975.
mininos?
São questões que os estudos de ciência, tecnologia e gênero PÉREZ SEDEÑO, Eulália. Cien años de soledad...y olvido. Universidad
de Cantabria, 2007.
trazem para o debate, com o intuito de, não só combater a domi-
nação masculina que existiu durante séculos sobre as mulheres no POPPER, Karl R. A lógica da investigação científica. Os pensadores. Ed.
campo científico-tecnológico, mas também com o interesse de co- Abril.Vol. XLIV. 1975.
locar em discussão questões epistemológicas que certamente avan- SCHIENBINGER, Londa. O feminismo mudou a ciência? Edusc: Bau-
çarão durante o IX Congresso de Ciência, Tecnologia e Gênero em ru, 2001.
Sevilha, Espanha, pois o tema “aproximações epistemológicas” está
dentre uma das áreas temáticas do próximo Congresso.

414 NOTAS 415

1 Estas “mulheres” aqui referidas são aquelas que se pautam nos padrões da sociedade
ocidental, branca, letrada, cristã, colonizadora. Não se pode esquecer que há muitas
outras mulheres que não estão incluídas neste modelo. Haraway, 2000, chama atenção
para o fato de que quando se fala de mulheres cientistas o padrão é o acima citado,
porém há mulheres colonizadas, como as negras, chicanas, indígenas, além de outras,
que nem sempre estão incluídas no mundo da ciência.
2 Casagrande et al. 2005.
3 Schienbinger, 2001.
4 Haraway, 2000, Shienbinger, 2001, Pérez Sedeño, 2007.
SOBRE AS AUTORAS / SOBRE LAS AUTORAS

Carmen Magallón Portolés (cmagallo@unizar.es)


Licenciada en Físicas (Universidad de Zaragoza). Doctora en Físicas y
DEA en Filosofía (Universidad de Zaragoza). Catedrática de Instituto y
Directora de la Fundación SIP. Miembro del Seminario Interdisciplinar
de Estudios de la Mujer (SIEM) de dicha Universidad desde su funda-
ción. Algunas publicaciones recientes: Magallón Portolés, Carmen, Del
Laboratorio de Investigaciones Físicas a la Meteorología: la primera es-
pañola doctora en Física, Felisa Martín Bravo”, en Publicaciones de la
Residencia de Estudiantes e Institución Libre de Enseñanza (eds.) La
Junta para Ampliación de Estudios e Investigaciones Científicas en su cente-
nario, Madrid, (en prensa); Magallón Portolés, Carmen (2010) “Las
mujeres y el saber científico”, en Rafael Lorenzo Alquézar y Rubén Be-
nedicto Rodríguez (coords.) Educación cívica. Democracia y cuestiones de
género, Barcelona, Icaria, 273-290; Magallón Portolés, Carmen (2009)
“Mujeres de ciencia a principios del siglo XX”, en Paloma Alcalá Cortijo,
Capi Corrales Rodrigáñez y Julia Lópe Giráldez (coords.) Ni tontas ni
locas. Las intelectuales en el Madrid del primer tercio del siglo XX, Madrid,
FECYT, 206-217.

Consuelo Miqueo (cmiqueo@unizar.es) 417

Profesora Titular de Historia de la Ciencia de la Universidad de Zaragoza


(España), donde enseña regularmente historia de la medicina, documen-
tación y metodología científica. El análisis del estilo y medios de comuni-
cación científica y la deconstrucción del androcentrismo son sus princi-
pales líneas de investigación. Forma parte del Seminario Interdisciplinar
de Estudios de la Mujer (SIEM), ha liderado el grupo de investigación
Genciana (2000-2010), organizador del VI Congreso Iberoamericano de
Ciencia, Tecnología y Genero, y coordinado la Comisión Asesora Mujer y
Ciencia del Gobierno de Aragón (2006-2008) de la que es vocal. Entre
sus publicaciones –en calidad de editora, traductora o autora- destaca
los libros colectivos: Dos para saber, dos curar (Horas y Horas, 2004),
Diálogos interrumpidos. Investigación en salud y práctica asistencial (SIEM, Isabel Delgado Echeverría (ideleche@gmail.com)
2006), Estudios iberoamericanos de género en ciencia, tecnología y salud Licenciada en Biología. Universidad Complutense de Madrid. Doctora
(Prensas Universitarias de Zaragoza, PUZ, 2008) y Ellas también cuentan. en Medicina. Universidad de Zaragoza. Profesora de Biología y Geología
Científicas en los comités de revistas biomédicas (PUZ, 2011). en el Instituto de Educación Secundaria “Grande Covián” de Zaragoza.
Miembro del Seminario Interdisciplinar de Estudios de la Mujer (SIEM)
Diana Maffía (dianah@speedy.com.ar)
de dicha Universidad. Algunas publicaciones recientes: Delgado Echever-
Doctora en Filosofía. Feminista, Docente de Gnoseología en la carrera ría, Isabel (2006) El descubrimiento de los cromosomas sexuales. Un hito en
de Filosofía, UBA, y de Epistemología Feminista en la Maestría de Estu- la historia de la Biología. Madrid: CSIC; Delgado Echeverría, Isabel (2003)
dios de Género de la Universidad de Rosario. Investigadora del Instituto Los estudios morfológicos en la teoría de la determinación cromosómica
Interdisciplinario de Estudios de Género, UBA. Miembra fundadora de del sexo: 1880-1912. Dynamis 23: 307-339; Delgado Echeverría, Isabel
la Red Argentina de Género, Ciencia y Tecnología (RAGCyT). De 1998 (2000) Nettie Maria Stevens y la función de los cromosomas sexuales.
a 2003 fue Ombudsman en Derechos Humanos y Equidad de Género, Cronos 3 (2): 239-271.
en la Defensoría del Pueblo de la Ciudad de Buenos Aires. De 2004 a
2009 fue Directora Académica del Instituto Hannah Arendt de Política Hildete Pereira de Melo Hermes de Araujo (hildete43@gmail.com)
y Cultura. De 2007 a 2011 fue elegida Diputada en la Legislatura de la Graduada em Ciências Econômicas na Faculdade de Ciências Econômicas
Ciudad de Buenos Aires, donde presidió de 2007 a 2009 la Comisión de Campina Grande da Universidade Federal da Paraíba, fez um curso de
de Igualdad de Oportunidades y de Trato entre Mujeres y Varones, y de Desenvolvimento Econômico na Universidade de Toulouse, França. Mes-
2010 a 2011 fue designada Presidenta de la Comisión de Mujer, Infancia, tre em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro
Adolescencia y Juventud. Recibió tres veces el Premio Parlamentario por e Doutora em Economia da Industrial e da Tecnologia pela Universidade
su actividad legislativa. Sus dos últimos libros son: Maffía, D. (comp.) Federal do Rio de Janeiro. Professora da Faculdade de Economia da Uni-
(2003): Sexualidades Migrantes. Género y Transgénero. Buenos Aires, Fe- versidade Federal Fluminense. Tem experiência na área de Economia, com
minaria/Librería de Mujeres; Carrió, E. y Maffía, D. (comps.) (2005): ênfase nos seguintes temas: gênero, mercado de trabalho, desenvolvimento
Búsquedas de Sentido para una Nueva Política, Buenos Aires, Paidós. econômico e economia fluminense. Foi diretora do Centro Internacional
Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento de novembro de 2005
Eulalia Pérez Sedeño (eulalia.psedeno@cchs.csic.es)
a junho de 2007. É editora da Revista “Gênero”; da Universidade Federal
Doctora en Filosofía. Depto. Ciencia, Tecnología y Sociedad. Instituto Fluminense e coordenadora do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de
418 de Filosofía, Centro de Ciencias Humanas y Sociales-CSIC, España. Ca- Gênero da UFF. Secretaria adjunta da Sociedade Brasileira pelo Progresso 419
tedrática de Lógica y Filosofía de la Ciencia y Profesora de Investigaci- da Ciência (SBPC) regional do Rio de Janeiro. De agosto de 2009 a 31 de
ón del CSIC, dirige el Departamento de CTS en esa institución. Temas dezembro de 2010 foi gerente de Projetos de Educação e Ciência na Se-
de investigación: Ciencia, tecnología y género, Historia y filosofía de la cretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/
ciencia, Percepción y comunicación de la ciencia. Es autora de diversas PR).
publicaciones, entre las que destacan estas últimas: Pérez Sedeño, E. y
Gómez Rodríguez, A. (eds.) (2008): Igualdad y equidad en ciencia y tec- Lilliam Margarita Alvarez Díaz (lilliam@ceniai.inf.cu)
nología: el caso iberoamericano, Arbor, Vol. CLXXXIV, Nº 733 Madrid; Doctora en Ciencias Físico-Matemáticas. Especialidad: Métodos Numéri-
Pérez Sedeño, E. y Cimoli, M. (eds.) (2009): Conocimiento e innovación, cos de Ecuaciones Diferenciales. Investigadora Titular: Jefa del Grupo de
Pensamiento Iberoamericano, vol. 5; Pérez Sedeño, E. y Kiczkowski, A. Promoción de la Ciencia de la Academia de Ciencias de Cuba. Licenciatu-
(2010): Un universo por descubrir: Género y astronomía en España, Madrid, ra en la Ftad. de Física de la Universidad de la Habana. Maestría-Instituto
Plaza y Valdés. de Física Nuclear de la Academia de Ciencias de Cuba. Doctorado en Fí-
sica y Matemáticas en la Academia de Ciencias de la ex_URSS, Moscú. História da Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade
Dos Proyectos como Miembro Asociada de la TWAS en la UNICAMP, Nova de Lisboa, instituição na qual defendeu, em Novembro de 2003, Pro-
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blicado en la Revista electrónica “Prospectiva, construyendo futuros”, La Profesora emérita de la Universidad Complutense de Madrid. Socióloga
Habana, 2007; Ser Mujer científica o morir en el intento, Editora ACADE- y escritora. Temas de investigación: sociología visual, sociología del cine,
MIA, 2011. sociología del género y sociología de la educación. Es sobresaliente (y pio-
nera en la bibliografía española) su contribución al estudio sociológico de
Lourdes Fernández Rius (lourdesf@psico.uh.cu) las élites femeninas españolas (Género&Poder). Cuenta con numerosas
Doctora en Psicología. Profesora Titular, Facultad de Psicología, Universi- estancias de investigación en prestigiosas universidades : UCSB y UCSD
dad de la Habana, Cuba. Master en estudios Sociales Aplicados en la Uni- (California), Centre de Sociologie Europeénne (París), UNICAMP (Bra-
versidad de Zaragoza, España. Temas de investigación: Género, Ciencia y sil) y recientemente en: UC Berkeley, CUNY, Wellesley College (Boston),
Subjetividad – Género, subejtividad y vínculos amorosos. Publicaciones Roehamptom University (London). Entre sus publicaciones destacan: Eli-
recientes: Personalidad y relaciones de pareja. Editorial Félix Varela, Cuba, tes Discriminadas (Sobre el poder de las mujeres), Ed. Anthropos, Barcelona,
2007 ISBN: 978-959-07-0651-6; Género, amor y sexualidad: retos de hoy. 1994, y Herederas y Heridas (sobre las élites profesionales femeninas), Ed.
UNSA, Arequipa, 2010; Libro: género y ciencia: ¿apoteosis del egoísmo? Cátedra, Madrid, 2002, Rebeldes Ilustradas (La otra Transición), Ed. An-
UNSA, Arequipa, 2010; Mujeres académicas entre la ciencia y la vida. Es- thropos, Barcelona 2008 y Antropólogas, politólogas y sociólogas. Sobre géne-
tudio comparativo en México (coautora) en Estudios Iberoamericanos de ro, biografía y Ciencias Sociales. Ed. Plaza y Valdés, Madrid-México, 2009.
género en ciencia, tecnología y salud. Prensas Universitarias de Zaragoza.
España, 2008 ISBN: 978-84-7733-971-7; Mujeres académicas entre la María Carmen Alemany Gomez (carmealemany@cedis.cat)
420 421
ciencia y la vida. Género y ciencia en Cuba (coautora) en Estudios Iberoa- Licenciatura de Sociología Universidad de París, 1965. Diploma del Insti-
mericanos de género en ciencia, tecnología y salud. Prensas Universitarias tut des Sciences Sociales du Travail Universidad de París, 1967. Diploma de
de Zaragoza. España, 2008 ISBN: 978-84-7733-971-7; “Género y ciencia: l’E.P.H.E. (Ecole Pratique des Hautes Etudes). Universidad de París, 1968.
entre la tradición y la trasgresión” en Investigación feminista: epistemolo- Maestria de Sociología. Universidad de París X – Nanterre, 1968. Doctora-
gía, metodología y representaciones sociales. CEIICH; UNAM; México. do 3er ciclo en Sociología del Trabajo - E.P.H.E. Universidad de París, 1970.
2010 ISBN 978-607-02-1286-4; Violencia Invisible en publicación digi- Responsable del Departamento de Sociología de la Educación y de los Re-
tal: Cubaliteraria; 2010. cursos Humanos del grupo ESTUDIS desde 1981 y directora del Centre
d’Estudis Dona i Societat (CEDIS) desde 1988. Especialidades: Igualdad
Madalena Esperança Pina (mpina@fcm.unl.pt) de oportunidades y promoción de la mujer. Tecnología y género. Políticas
Licenciada em História, variante de História de Arte e pós graduada em y planificación en materia de Educación, Formación y Empleo. Sociología
História da Arte Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Hu- de la Educación.Dirección de estudios sociológicos cuantitativos y cualita-
manas da Universidade Nova de Lisboa. Professora Auxiliar da cadeira de tivos.Formulación y evaluación de proyectos educativos. Principales Publi-
caciones: ¿Quién nos cuidará ? – Análisis crítico de la Ley de Dependencia 105-116. En: http://www.quadernsdepsicologia.cat/article/view/756;
– publicado en la Revista Mujeres y Salud (MYS), nº 39, Barcelona, IV Tri- Miqueo, C.; Germán Bes, C.; Fernandez Turrado, T y Barral Morán, M.J.
mestre, 2010; “La place des femmes et le mouvement feministe en Espagne” (2010) Ellas también cuentan. Científicas en los comités de revistas del área
Conferencia para Fondation Européenne d’Etudes Progressistes – Janvier de salud. Zaragoza: Prensas Universitarias (En prensa); Miqueo, C.; Ger-
2009; “Private life, Family, Availability, Mobility and Impact on Women’s mán Bes, C.; Fernandez Turrado, T y Barral Morán, M.J. (2010) Disparidad
Career” - Conference of Prometea Project – Paris, November 2008. de género en los órganos de dirección de las revistas biomédicas españolas.
Madrid: Instituto de la mujer 28-06.
Maria de Fátima Nunes (mfn@uevora.pt)
Universidade de Évora – Departamento de História / Centro de Estudos Maria Margaret Lopes (mariamargaretlopes@gmail.com)
de História e Filosofia da Ciência. Palácio do Vimioso. Agregada em Histó- Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Graduada em Geologia
ria Cultural e das Mentalidades Contemporânea (U.Evora) 2002 Doutora pela Universidade de São Paulo (1980), mestre em Educação pela Univer-
em História (U.Evora);Mestre em História Cultural e Política (UNL) Pro- sidade Estadual de Campinas (1988), doutora em História Social pela Uni-
fessora Associada com Agregação de História Contemporânea e Directora versidade de São Paulo (1993) e Livre Docente em História das Ciências
do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (2008-). Area de pela Universidade Estadual de Campinas (2002). Pós-doutora em História
investigação: História da Cultura Moderna e Contemporânea – História das ciências na University of Louisiana (EUA, 1997) com apoio da FA-
da Cultura Científica séculos XVIII-XX. História da Ciência, Antropologia PESP e no Museu Etnográfico da Universidad de Buenos Aires (1998) com
Histórica; História da Cultura; História da Imprensa e do Espaço Público. apoio da Rockefeller Foundation. Professora associada MS-5 do Instituto
Participa em vários projectos nacionais e internacionais, para além de ter de Geociências da UNICAMP de 1986 a 2009, é orientadora de pesquisas
sido responsável científica por projectos de investigação FCT na área de de mestrado e doutorado, foi coordenadora do Núcleo de Estudos de Gêne-
História das Ciências. Publicações: La Sinfonia del Nuevo Mundo: perio- ro - Pagu (2000-2004), coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
dismo cientifico em Portugal (1834-1852), Maquinismo Iberico, ed. a. La- Ensino e História das Ciências da Terra (2006-2007) e assessora-técnica da
fuente, T. Saraiva, A. Cardoso, Madrid, Doce Calles, 2007: 249-271.; Maria Secretaria Especial de Políticas paras as Mulheres da Presidência da Repú-
de Fátima Nunes/ A. Fitas/M. Rodrigues, Filosofia e História da Ciência blica (2007-2009). É atualmente pesquisadora convidada do Núcleo de Es-
em Portugal no século XX, Lisboa, Caleidoscópio, 2007.; Portuguese Sour- tudos de Gênero-Pagu - UNICAMP e investigadora no Centro de Estudos
ces of History of Science in the 18 th century. “1918 – Ricardo Jorge and de História e Filosofia da Ciência CEHFCi-FCT, na Universidade de Évora,
the construction of a medical and sanitation public discourse. Portugal and Portugal. Tem experiência na área de História, especialmente em História
the scientific networks”, A Collection Of Comparative Essays on the 1918-19 das Ciências, atuando principalmente nos seguintes temas: comunicação
422 423
Influenza Pandemic, Editor Ryan Davis /Isabel Porras Gallo, Center for pública das ciências, gênero em ciências e história das ciências, história da
Health, Culture and Society - University of Emory (USA), 2009. paleontologia e história dos museus no Brasil e América Latina.

Maria José Barral Morán (jbarral@unizar.es) Marília Gomes de Carvalho (mariliagdecarvalho@gmail.com)


Licenciada en Medicina y Cirugía. Universidad de Zaragoza. Doctora en Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná, Mes-
Medicina y Cirugía. Universidad de Zaragoza. Premio Extraordinario de tre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Doctorado. Profesora Titular de Anatomía y Embriología Humanas de la e doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo. Pós-
Facultad de Medicina de la Universidad de Zaragoza. Miembro del Semina- Doutora pela Université de Technologie de Compiègne-França. Professora
rio Interdisciplinar de Estudios de la Mujer (SIEM) de dicha Universidad Associada da Universidade Tecnológica Federal do Paraná –UTFPR – no
desde su fundación, y del que ha sido Coordinadora entre 1995-1999. Algu- Departamento acadêmico de estudos sociais Docente/pesquisadora do
nas Publicaciones recientes: Barral Morán, M.J. (2010) Análisis crítico del Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, onde atua na área de Dimen-
discurso biomédico sobre sexos y géneros. Quaderns de psicología 10 (2): sões Sócio-culturais da Tecnologia. Tem experiência na área de Antropolo-
gia, com ênfase em Familia, atuando principalmente nos seguintes temas: 323. ONO, M. M. Cultural approach in design education. In: KATIYAR,
interculturalidade, gênero, tecnologia, educação e trabalho. Coordena o Vijai Singh; MEHTA, Shashank. (Org.). Design education: tradition and
Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Relações de Gênero e Tecnologia – modernity. 1 ed. Ahmedabad: National Institute of Design, 2007, v. 01, p.
GeTec, da UTFPR. Coordenou a Comissão organizadora do VIII Congres- 355-361.
so Iberoamericano de Ciência, Tecnologia e Gênero. Publicações: Capítu-
los de livros:“Gênero na escola: sensibilizando professores e professoras”. In Mayda Benigna Álvarez Suarez (mayda.alvarez@reduc.edu.cu)
Juventude e iniciação científica: políticas públicas para o ensino médio. UFRJ. Licenciada en Psicología (1971-75).Dra. en Ciencias Psicológicas. Investi-
2010. “Percepções de gênero entre estudantes brasileiros e alemães da área gador Titular. Actualmente e Directora del Centro de Estudio de la Mujer,
tecnológica: um estudo comparativo.” In Metodologias da pesquisa qualitati- Federación de Mujeres Cubanas e Miembro del Secretariado Nacional de
va em educação: teoria e prática. ED. Vozes. 2010. Co-organização de livro: la Federación de Mujeres Cubanas. Líneas de investigación: Relaciones de
Construindo a Igualdade na Diversidade: gênero e sexualidade na escola. Ed género en la familia cubana; Mujer y Poder en Cuba; Subjetividad mas-
UTFPR. Curitiba, 2010. culina y femenina; Representaciones sociales; Desigualdades de género.
Categoría cinetífica y puestos de liderazgo en la ciencia: Investigadora
Maristela Mitsuko Ono (maristelaono@gmail.com) Titular, Directora del Centro de Investigaciones Psicológicas y del CEM,
Graduada em Arquitetura e Urbanismo (UFPR) e Curso de Formação de Profesora Auxiliar, Asesora de Genero de Proyectos de Cooperación In-
Professores (CEFET-PR); Industrial Design Training Course ( Japão, bol- ternacional, Presidenta del Consejo Científico, Miembro de comisiones
sista da JICA), Estágio para Formação de Professores no Curso de Design de categoría, Miembro del Tribunal Estatal de grados científicos en Psi-
Industrial na Fachhochschule München (Alemanha, bolsista do DAAD), cológicas. Publicaciones y congresos: Autora de mas de 20 importantes
Mestre em Tecnologia (UTFPR) e Doutora em Arquitetura e Urbanis- Informes, sobre estudios de la mujer y familia, aspectos sicológicos en
mo (USP). Professora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia da los temas de género, informes con UNICEF sobre Infancia y Familia en
UTFPR e do Programa de Pós-Graduação em Design da UFPR; Pesqui- Cuba. Ha participado en importantes Congresos científicos nacionales
sadora do Núcleo de Design e Sustentabilidade da UFPR; Coordenadora e internacionales y ha representado a su organización, la Federación de
do Núcleo de Design de Mídias Interativas (dmi) / PPGTE / UTFPR. Mujeres Cubana en reuniones de organismos multilaterales mundiales y
Principal linha de pesquisa: Design e Cultura. Editoria da Revista Tec- regionales.
nologia e Sociedade (2008-2010); Coordenação do Projeto de Pesquisa
“Design e Cultura: mídias digitais de apoio ao ensino e pesquisa” e “Mídia Nanci Stancki da Luz (nancist@terra.com.br)
digital de apoio à Educação Ambiental, com foco na Bacia Hidrográfica Doutora em Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual
424 425
do Rio Belém”; trabalhos de Design (Gráfico e Produto). Publicações: de Campinas; Mestrado em Tecnologia pela Universidade Tecnológica
ONO, M. M. Design - Cultura. Design industrial e diversidade cultural: Federal do Paraná (UTFPR) ; Especialista em Metodologia do Ensino
mídia digital sobre os setores automobilístico e eletrodoméstico. 1. ed. Tecnológico pela UTFPR; Bacharel em Direito pelo Centro Universitário
Curitiba: Maristela Mitsuko Ono, 2007. v. 1. ONO, M. M.; CORREA, R. Curitiba; advogada; Licenciada e Bacharel em Matemática pela Univer-
O.; SILVEIRA, L. M. Representações de gênero na ciência, tecnologia e sidade Federal do Paraná; Docente do Programa de Pós-graduação em
sociedade, mediadas pela publicidade impressa. In: Nanci Stancki da Luz; Tecnologia e do Departamento Acadêmico de Matemática da UTFPR;
Marília Gomes de Carvalho; Lindamir Salete Casagrande. (Org.). Cons- Pesquisadora e vice-coordenadora Grupo de Estudos e Pesquisas sobre
truindo a igualdade na diversidade: gênero e sexualidade na escola. 1 ed. Relações de Gênero e Tecnologia; Coordenadora editorial dos Cadernos
Curitiba: UTFPR, 2009, v. 1, p. 171-192. ONO, M. M. Design industrial de Gênero e Tecnologia; Pesquisadora das temáticas divisão sexual do
e diversidade cultural. In: Maria Lúcia Caira Gitahy; José Tavares Correia trabalho e violências de gênero/direitos humanos das mulheres. Dentre
de Lira. (Org.). Tempo, cidade e arquitetura (Coleção Arquiteses n. 1). 1 outros artigos e capítulos de livro, publicou: Gênero e profissões científi-
ed. São Paulo: Annablume Editora; FAU-USP; FUPAM, 2007, v. 1, p.303- cas e tecnológicas no Brasil (2009); Grupo de Estudos sobre relações de
gênero e tecnologia: dez anos de produção científica (2009); Gênero e América Latina y el Caribe. México: UDUAL/IESALC-UNESCO; Bustos
profissões científicas e tecnológicas no Brasil (2009); Relações de gênero Romero Olga (2008). Los retos de la equidad de género en la educaci-
no trabalho doméstico: um estudo a partir da realidade das trabalhadoras ón superior en México y la inserción de mujeres en el mercado laboral.
do Instituto Federal de Santa Catarina (2009); Desafios e avanços nas po- Arbor, Vol. CLXXXIV, Nº 733, Madrid; Blazquez Graf Norma y Bustos
líticas públicas de gênero (2009); Divisão sexual do trabalho e profissões Romero Olga (2008). Académicas Pioneras. Trayectorias y Contribuciones
científicas e tecnológicas no Brasil (2009); O olhar não mais o mesmo: en la UNAM. México: CEIICH-UNAM.
uma análise sobre os resultados de um curso sobre gênero (2009); Regu-
lamentação do direito de greve dos servidores públicos: garantia ou restri- Patricia Tovar (ptovar@jjay.cuny.edu)
ção de direito? (2009); Sexualidade e gênero na escola (2009); Violência Nació en Bogotá y se formó como antropóloga en la Universidad Nacio-
contra a mulher: desafio à concretização dos direitos humanos (2009). nal de Colombia. Obtuvo una Maestría en Antropología Urbana Apli-
Organizadora dos livros: Construindo a igualdade na diversidade: gênero cada, en el City College de Nueva York en 1987 y luego un doctorado
e sexualidade na escola (2009); Universidade tecnológica, política edu- en Antropología Cultural en The Graduate Center of The City University of
cacional e organização dos trabalhadores (2009); Tecnologia e trabalho: New York (CUNY), con una disertación titulada “Tales of Love and Death:
desafios na construção da interdisciplinariedade (2011); Tecnologia e The Lives of Portuguese Widows”. Realizó un postdoctorado en la misma
transformação social: reflexões sobre trabalho e educação ( 2011). universidad. Ha sido docente e investigadora en varias entidades y uni-
versidades de Colombia y Estados Unidos. Fue investigadora y coordi-
Norma Blazquez Graf (blazquez@unam.mx) nadora del área de Antropología Social en el Instituto Colombiano de
Psicóloga, con Maestría en Ciencias, Estudios de Especialización en Gé- Antropología e Historia y se desempeño como co-editora de la revista
nero y Doctorado en Filosofía. Investigadora Titular y Directora del Cen- Colombiana de Antropología. Sus más destacadas investigaciones en el
tro de Investigaciones Interdisciplinarias en Ciencias y Humanidades de ICANH fueron “Las viudas del Conflicto Armado” (libro publicado
la Universidad Nacional Autónoma de México. Temas de investigación: por el Icanh en el 2006) y “Las mujeres colombianas en el sistema de
filosofía feminista; ciencia, tecnología y género. Publicaciones recientes: ciencia y tecnología”. Otra de sus publicaciones destacadas es el volu-
Blazquez Graf Norma. El Retorno de las Brujas. Incorporación, aportaciones men “Familia, género y antropología,” (Icanh 2003). Fue profesora aso-
y críticas de las mujeres a la Ciencia. CEIICH, UNAM. México, 2008; Bla- ciada-investigadora de planta de la Facultad de Ciencias Políticas y Rela-
zquez Graf Norma y Bustos Romero Olga. Académicas Pioneras. Trayec- ciones Internacionales de la Universidad Javeriana (2006-2008), donde
torias y Contribuciones en la UNAM. CEIICH, UNAM. México, 2008; coordinó el grupo de investigación (A) “Política, género y democracia”
y Blazquez Graf Norma, Flores Salazar Fátima y Ríos Everardo Maribel y realizó investigaciones sobre desplazamiento forzado. En el momento
426 427
(Coords). Investigación Feminista. Epistemología, metodología y representa- es profesora de antropología en el John Jay College of criminal Justice,
ciones sociales. CEIICH, CRIM, FP, UNAM, 2010. CUNY en Nueva York.

Olga Bustos Romero (olgabustosromero@gmail.com) Shirley Malcom (smalcom@aaas.org)


Psicóloga, Maestría en Psicología Educativa, Estudios de Especializaci- Ph.D, doutora em Ecologia na Universidade do Estado de Pensilvânia.
ón en Género y Estudios de Doctorado en Psicología Social. Profesora Mestre em Zoologia na Universidade da Califórnia-LA. Bacharel com
Titular de la Facultad de Psicología, Universidad Nacional Autónoma de distinção também em Zoologia na Universidade de Washington. É di-
México. Temas de investigación: Educación superior y género; Mujeres retora de Programas de Educação e Recursos Humanos na “American
académicas; Género y medios de comunicación. Publicaciones recientes: Association for the Advancement of Science” (AAAS) - Associação
Bustos Romero Olga (2005). Recomposición de la matrícula universita- Americana para o Avanço da Ciência, em Washington, DC, Estados
ria en México a favor de las mujeres. Repercusiones educativas, econó- Unidos. Além de programas voltados à educação, Dra. Malcom exerce
micas y sociales. En Feminización de la matrícula de educación superior en atividades direcionadas para grupos sub-representados, além de progra-
mas que visam ao entendimento público de ciência e tecnologia. Atua do, T y Barral Morán, M.J. (2010) Ellas también cuentan. Científicas en los
em diversos Conselhos, a exemplo do “Contrato de Doação Heinz” e comités de revistas del área de salud. Zaragoza: Prensas Universitarias (En
do “Centro para a Ciência, Economia e Meio Ambiente H. John Heinz prensa); Miqueo, C.; Germán Bes, C.; Fernandez Turrado, T y Barral
III”. Curadora honorária do Museu Americano de História Nacional. Morán, M.J. (2010) Disparidad de género en los órganos de dirección
Em 2006 foi nomeada (com Leon Laderman) presidente do Conselho de las revistas biomédicas españolas. Madrid: Instituto de la mujer 28-
Nacional de Ciência para o 21.º Centenário da Educação em STEM. Ela 06.
presidiu diversos comitês nacionais sobre reforma educacional e acesso
à educação científica e técnica, às carreiras e ao letramento. É membro
da AAAS e da Academia Americana de Artes e Ciências. Atuou no Con-
selho Nacional de Ciência, no comitê de políticas públicas da Fundação
Nacional de Ciências e como presidente do Comitê de Conselheiros
em Ciência e Tecnologia. Ela também obteve 15 títulos honoris causa.
Em 2003 Dra. Malcom recebeu a Medalha de Assistência Social Pública
da Academia Nacional de Ciências, a mais alta condecoração dada pela
Academia.

Silvia García Dauder (silvia.dauder@urjc.es)


Doctora en Psicología Social. Profesora titular de Psicología Social en
la Universidad Rey Juan Carlos. Temas de investigación: Ciencia, Tec-
nología y Género, Regulación biomédica y psicológica de los cuerpos
sexuados. Tiene diversas publicaciones sobre los discursos y prácticas
médicas en el tratamiento de los “estados intersexuales” y sobre la re-
presentación de la intersexualidad en los medios. Entre sus numerosas
publicaciones sobre las relaciones entre la Psicología y el Feminismo y
sobre las pioneras psicólogas y científicas sociales destacan:Gracía Dau-
der, S. (2005): Psicología y Feminismo. Historia olvidada de mujeres pioneras
en Psicología, Madrid, Ed. Narcea; Gracía Dauder, S. Romero Bachiller,
428 429
C. y Bargueriras Martínez, C. (2005): El eje del mal es heterosexual. Figu-
raciones, movimientos y prácticas feministas queer , Madrid, Ed. Traficantes
de sueños). Pertenece a y colabora con la Organización Internacional de
Intersexuales (OII).

Teresa Fernández Turrado (tfertur@unizar.es)


Licenciada en Medicina y Cirugía (Universidad de Zaragoza). Doctora
en Medicina y Cirugía (Universidad de Zaragoza). Profesora del Depar-
tamento de Psicología y Sociología. Facultad de Educación (Universi-
dad de Zaragoza). Miembro del Seminario Interdisciplinar de Estudios
de la Mujer (SIEM) de dicha Universidad desde su fundación. Algunas
publicaciones recientes: Miqueo, C.; Germán Bes, C.; Fernandez Turra-
Este livro foi composto em tipologia Arno Pro Regular 11 pt. Miolo em papel
Couche fosco 95 g/m2. Capa em papel Supremo 250 g/m2.
Impresso na Serzegraf Ind. Editora Gráfica Ltda.
Tel. (041) 3026-9460
Curitiba, Junho de 2011

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