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Criminalização da pobreza

Quando se fala em “família desestruturada” o que vem em mente?

A pobreza é vista comumente como: perigosa, incompetente, desestruturada,


delinquente, entre outras.

Brasil colônia: as crianças abandonadas eram principalmente as sem


referencia paterna ou afastadas da materna pela escravidão. Não havia correlação
entre a pobreza e o abandona, dado que uma boa parte dessas crianças eram filhas
bastardas de ricos.

Brasil Império e Brasil República: A Lei do ventre livre e a Lei áurea geram
maior circulação de crianças negras e pardas nos centros urbanos. Há um aumento
do medo relacionado a tais crianças e a culpabilização de suas famílias. Não se
ponderava a questão econômica como produtora desse “risco social”.

Brasil República: As famílias pobres – com hábitos nada burgueses -


transmitem sua degeneração social e moral. Destacam-se dois “especialistas” na
área:
a) Degenerescência hereditária lombrosiana (segundo o qual a delinquência e o
delito teriam origem hereditária e seriam fisicamente perceptíveis nos
indivíduos);

b) Degenerescência moral de Ferri (que abarcava em sua classificação os anormais


de origem social, como anormalidade contagiosa e reconhecida nos hábitos e
comportamentos condenáveis moralmente).

Polícia social capaz de ditar comportamentos às pessoas e famílias. Poder


estatal de criminalizar e punir famílias que não se enquadrem nos padrões
burgueses.

Menor (código do regime militar para menores): criança relacionada à


situação de abandono, periculosidade, delinquência, “família desestruturada”.

Estado-Centauro: guiando por uma cabeça liberal sobre um corpo autoritário.

A família pobre passa a ser entendida como incapaz de criar os filhos de


forma adequada. Família pobre = família negligente.

Os problemas são oriundos da negação de direitos que deveriam ser


garantidos pelo Estado: saúde, alimentação, moradia, educação, etc. Mas as
situações de negligencia e maus tratos são ainda avaliadas como incompetência da
família – individualizando a questão. Não são abordados problemas sociais mais
amplos e estruturais relacionados às condições de produção e manutenção da
miséria.

Uma questão que é social e predominantemente econômica (além da negação


de outros direitos) é transformada em um problema individual / familiar e moral.

Os problemas de maus-tratos, negligencia e violência em outros grupos


sociais não geram com frequência a perda da guarda dos filhos.

Proteção da criança – direito ao convívio familiar.

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