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CORTE DE CHAPAS
A fig. 3.1 mostra o exemplo de dois componentes mecânicos, onde o processo está
presente no recorte das geratrizes, recorte das janelas para escape dos gases, dos
componentes internos e externos e das furações para a montagem /3.1/.
Fig. 3.1 Exemplo de produtos estampados em que o processo de corte é muito utilizado
Fig. 3.2 Exemplos de peças cortadas por cisalhamento que requerem alta qualidade da
região cortada. Esquerda: chapas do rotor e estator do motor de um ventilador. Direita:
chapas de um motor elétrico.
O processo de corte que é objeto deste capitulo está classificado na norma alemã
DIN 8580 – Processos de Fabricação /3.8/. A norma DIN 8580 classifica os três grupos de
fabricação (fig. 3.3) No grupo 3 encontram-se classificados os processos de separação,
entre estes o processo de corte (descrito na DIN 8588 /3.9/), entre estes o corte por
cisalhamento. Adiante a norma classifica as diversas maneiras de se efetuar o corte por
cisalhamento.
Fig. 3.4 Elementos básicos de uma ferramenta de corte por cisalhamento. 1 - punção, 2 -
matriz, 3 - base da ferramenta, 4 - chapa,, f – folga punção-matriz.
Fig. 3.5 Partes principais de uma peça cisalhada. a – zona de arredondamento, b – zona
cisalhada, c – zona fraturada, d – rebarba, e – empenamento.
A forma como se processa o corte pode ser bem entendido mediante a análise em
seqüência de cada uma das fases do processo como descrito abaixo e ilustrado na figura
3.6.
1. Com a atuação da força do punção sobre a chapa aparece em primeiro lugar uma
deformação elástica. A chapa arqueia-se sob o punção e tende a levantar suas
extremidades devido à folga entre punção e matriz. Desta fase passa-se rapidamente
a uma deformação plástica, caracterizada por um arredondamento permanente da
chapa, com um perfil que termina tangenciando a próxima fase, de cisalhamento,
correspondendo a uma altura de 5 a 10% da espessura da chapa.
2. A seguir ocorre a fase do cisalhamento. O material escoa devido ao esforço
realizado pelo punção sobre a matriz formando a zona cisalhada. o modo principal
de deformação é cisalhamento ao longo de um plano determinado pelo punção e
pela matriz, perpendicular ao plano da chapa. Devido ao crescente encruamento do
material durante o corte, a zona de arredondamento da chapa tende também a
crescer.
3. A crescente solicitação é aplicada até que se esgote a capacidade de deformação da
secção da chapa. Quando isso ocorre, surge na aresta de corte da matriz uma trinca
na direção da máxima tensão de cisalhamento, que conduz finalmente à separação
do material. A trinca resultante pode ser reconhecida na peça cortada como uma
região rugosa e de formato oblíquo, com ângulo de inclinação dependente do
tamanho da folga. A forma como ocorre a fratura também é responsável pelo tipo e
tamanho da rebarba resultante na peça.
Fig. 3.6 Seqüência das etapas do processo de corte por cisalhamento. 1 – punção, 2 – chapa,
3 – matriz. /3.11/.
Quantitativamente a folga (w) pode ser especificada por /3.15/ para chapas até 3mm
de espessura (s):
w=Cc.s. τ c
onde:
Cc - Constante de Corte = 0,007 mm 2 / N
s - espessura da chapa [mm]
τ c - Tensão de cisalhamento [N/mm2]
As forças envolvidas no processo de corte, mesmo para chapas finas, são altas,
especialmente se materiais com alta resistência mecânica são cortados. A abordagem mais
simples e mais utilizada para o cálculo da força de corte é multiplicar a tensão de ruptura ao
cisalhamento ( τ c ) pela área a ser cisalhada (Ac), ou seja:
Fc = τ c . Ac (3.1)
Ac=lc.s (3.2)
onde lc é o perímetro ou comprimento da aresta de corte e s é a espessura da chapa. A
tensão de ruptura ao cisalhamento está geralmente entre 50 e 80 por cento da tensão de
ruptura do material, dependendo da liga e da microestrutura. Se a razão entre o diâmetro do
punção e a espessura da chapa for maior do que 2 a seguinte relação é suficiente para um
cálculo aproximado da tensão de resistência ao cisalhamento:
τ c = 0,8.Rm (3.3)
Tabela 3.1 exemplos de cálculo da máxima força de corte para um punção de 25mm de
diâmetro e espessura da chapa 1mm.
FORÇA DE RESISTÊNCIA DO
TIPO MATERIAL (DIN)
CORTE MATERIAL (Rm)
Aço Baixo Fe P O4 (St14,
≈ 20,0 kN 270……350N/mm2
Carbono 1.0338)
304 S 15 (X5 CrNi
Aço Inoxidável ≈ 40,0kN 550 750 N/mm2
18 10,1.4301)
P=Fc.v (3.4)
Com o conhecimento da força de corte (Fc) e a secção da tira (A) no qual o punção
atua pode-se calcular a pressão de corte:
Fc
pc = (3.5)
A
Desta forma pode-se estabelecer o máximo comprimento do punção para que não
ocorra flambagem (comprimento máximo de 8x diâmetro para punções não guiados e
comprimento máximo de 12x diâmetro do punção). A placa de choque entre o punção e o
cabeçote deve também possuir uma dureza que possa suportar essa pressão.
1 – punção
2 – matriz
3 – base
4 – cabeçote
5 – espiga
6 – porta-punção
7 – guia do punção
8 – placa de choque
9 – régua de guia
peças planas
corte
peças com
corte e dobra
peças
recortadas com
estampagem
profunda
M=1,5a1,6.s (3.6a)
Para peças circulares:
A faca de avanço pode ser guiada antes de tocar a chapa. Normalmente possuem a
mesma altura que os punções e são fixas no cabeçote, como os punções podem requerer
uma placa de choque quando as tensões são elevadas. Como no caso dos punções deve-se
observar a possibilidade de flambagem. O comprimento máximo para faca e punções não
guiados é dado por (figura 3.14a ) e para facas e punções guiados (fig 3.14b)
2π 2 EJ
l= (3.7)
Fc
π 2 EJ
l= (3.8)
Fc
Onde:
E - Módulo de Elasticidade
J - Momento de Inércia
Fc – Força de corte
a) b)
Fig 3.14 – Punções ou facas de corte. a) não guiado e b) guiado.
3.7.1 Definição
No processo de corte fino obtém-se através do corte peças planas, livres de rebarbas
e com alto nível de tolerâncias.
3.7.2 Aplicações
Um exemplo típico de peças obtidas pelo processo de corte fino são engrenagens
com módulos de 0,2 a 10mm empregando-se chapas de 1 a 10mm de espessura. Também
são obtidos componentes de acionamento ou travamento de portas para a indústria
automobilística sem necessidade de acabamentos finais após a operação de corte (fig. 3.15).
Fig. 3.16 Princípio do corte fino. Fc Força de corte, FG Força do sustentador da chapa, Fpc
Força do prendedor de chapa com elemento de fixação,/3.15/.
Força de Corte:
Fs = p ⋅ s ⋅ τ B (3.9)
Fc [N]
p - Perimetro [mm]
s - Espessura da Chapa [mm]
τ B – Tensão de cisalhamento[N/mm2]
F pc = 4 ⋅ L ⋅ h ⋅ R m (3.10)
FG = A ⋅ c (3.11)
c = 20 N / mm 2 até 70 N / mm 2
c = 20 para peças finas e superfícies planas
Referências Bibliográficas
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