Você está na página 1de 40

´

HISTÓRIA PARA EXPLICAR O CORONAVÍRUS E OUTROS POSSÍVEIS VÍRUS


O Colegio Oficial de la Psicología de Madrid caracteriza-se pela promoção do bem-estar da
sociedade e pelo compromisso da psicologia para alcançar este fim. Assim, de forma
imediata e respondendo à necessidade e procura social, foram realizadas uma série de
iniciativas com o objetivo de promover estratégias de enfrentamento adequadas ao surto do
coronavírus (COVID-19).

Entre estas iniciativas podemos destacar a elaboração de diversos documentos sobre


“recomendações psicológicas dirigidas à população e aos mais pequenos, para enfrentar
esta situação”, que foram desenvolvidos pela Secção de Psicologia Clínica, da Saúde e
Psicoterapia e o Grupo de Trabalho de Urgências e Emergências do Colégio.

Nesta mesma linha e tendo em conta a incerteza que gera a evolução do surto em toda a
sociedade, especialmente nos mais pequenos, a Secção de Psicologia Clínica, da Saúde e
Psicoterapia elaborou esta história para conhecer, entender e poder transmitir a informação de
forma adequada a meninos e meninas.

Os adultos devemos adaptar a informação que transmitimos, quer ao nível de


desenvolvimento das crianças, quer às mudanças na situação, que se vão produzindo no dia
a dia. Temos que dar a importância que merecem à prevenção da transmissão, assim como
às medidas de higiene e redução de situações de alarme que afetem as crianças.

No final da história encontra-se uma secção de recomendações para adultos, adaptadas a


crianças dos 4 aos 10 anos. Nestas idades precoces, as ideias e os conceitos mais abstratos
requerem uma adaptação para termos mais simples. A partir dos 10 anos, as crianças
compreendem conceitos mais complexos, sem necessidade de realizar adaptações tão
concretas.

Esperamos que este recurso ajude meninos e meninas, mas também famílias, profissionais e
todas as pessoas às quais possa ser útil.

Fernando Chacón
Decano Colegio Oficial de la Psicología de Madrid
APRESENTAÇÃO
Estimado/a leitor/a:

O objetivo principal desta história é poder explicar aos mais


pequenos, da forma mais simples e clara possível, o que é um
vírus e gerir as suas emoções. Assim, é importante que a criança
se sinta acompanhada na leitura desta história. No final pode
encontrar uma secção de recomendações para adultos.

Para além de ler a história, a criança poderá responder às


perguntas formuladas ao longo das páginas, refletir e partilhar
ideias e vivências, com a companhia de um adulto. Também
poderá realizar as atividades propostas, seguindo as indicações,
assim como procurar um vírus nas páginas interiores.
QUERES SER O/A
PROTAGONISTA DESTA
HISTÓRIA COM A
ROSA?
Olá!

Chamo-me Rosa.
E tu como te chamas?
O que é que gostas de fazer?
Sabias que há VÍRUS dos quais
temos que nos proteger?
Alguns são mais feios que outros…

Lembras-te se alguma vez tiveste


algum vírus?
Eu, quando tive gripe, tinha muita FEBRE,
doía-me a cabeça, não tinha fome e
estava muito CANSADA…
Mas alguns dias depois passou, e pude voltar a
BRINCAR com os meus amigos.

Lembras-te de quando estiveste doente?


Quais são as tuas recordações desse momento?
Por sorte, a minha família estava lá
para CUIDAR de mim.
Quem cuida de ti quando estás doentinho/a?
De certeza que te dá muitos mimos!
Há pouco tempo chegou à minha cidade
um vírus novo, que gosta muito de VIAJAR.

Já esteve na China, Itália, França e outros países.


z se m pre
RU S fa
s t e V Í od os à
r te, e a m os t
Po r s o e st
a ss i m, O .
t as … Á PI D
g e n s cur mb o r a R
vi a e v á e
que s
e sp e r a

Sabes como se chama?


O pai, a mãe e os adultos vêem e lêem muitas
notícias, e falam muito sobre ele.
Às vezes fico um bocadinho preocupada.

Tu também ouves os adultos a falar dele?


A quem?
Mas já me explicaram como podemos PROTEGER-NOS dele.

Tu sabes como se faz?


1. Lavando as MÃOS enquanto cantamos a nossa

canção favorita

2. Tapando a boca e o nariz com o COTOVELO, ao tossir

ou espirrar. Como se fosse um passe de ninja!

3. Não tocando nos olhos, nem

no nariz, nem na boca.


4. Não dando abraços nem tocando

noutras pessoas.

5. Prestando atenção aos CONSELHOS

que me dão os adultos.

Tu também queres praticar?


De certeza que consegues fazer muito bem!
E um CONSELHO muito importante!

Este é o mais chato de todos…


Temos que tentar NÃO estar com mais

gente, nem ir a sítios onde estejam

muitas pessoas…
Tenho um bocadinho de saudades dos meus amigos,

dos avós e das minhas primas!


Por sorte, sei que só será durante um TEMPO

CURTO, mesmo que haja dias que me pareçam

muito compridos…

Sabes como podes falar com eles, mesmo que não os possas ver?
Claro, com o telemóvel do pai ou da mãe!
Mas se me organizar bem,

dá tempo para fazer muitas coisas em casa:

Ler uma HISTÓRIA, fazer trabalhos da escola,

ver televisão, fazer um BOLO com o pai,

BRINCAR com a mãe…


Que outras coisas te estás a lembrar, que podes fazer em casa?
A mãe também me contou que há

muitos profissionais

a CUIDAR e a CURAR

os que estão mais doentinhos…


E que andam a tentar encontrar a VACINA

para que o vírus não viaje mais.

Ainda bem que há tantos adultos a cuidar de nós!


Além disso, sei que o pai, a mãe e os adultos que

tenho à minha volta vão CUIDAR de mim.


E que se tiver alguma dúvida, posso

PERGUNTAR-LHES!

Quais são as dúvidas que gostavas de perguntar aos pais?


Queres dizer alguma coisa à Rosa?
Vai gostar muito de receber as tuas palavras ou desenhos.
O email dela é info@editorasentir.com
BRINCA COM A ROSA
1. Queres desenhar como te sentes depois de ler esta história?

Podes enviar-me o desenho para info@editorialsentir.com

2. Desenha o vírus como um monstro e pensa em ideias para o

vencer.

3. Podes falar com um adulto sobre outros medos que tenhas e

de que forma os podes vencer.

4. Procura no dicionário:

- O que significa “quarentena” e “saúde”?


- O que é um “vírus” e o “isolamento”?
5. Inventa uma canção sobre o Coronavírus.

“Vírus, vírus, não te tenho medo, mas vai-te embora cedo…”


COMO INFORMAR E PROTEGER O SEU
FILHO CONTRA OS VÍRUS?

Os pais e mães devem saber que a criança 1. COMO EXPLICAR A SITUAÇÃO ÀS


aprende mais com o que vê ou imagina, do que CRIANÇAS?
com o que ouve.
As crianças não são adultos em miniatura, têm
uma série de características psicológicas,
Devemos perceber que as crianças não são
emocionais e de desenvolvimento, que os adultos
adultos em miniatura, têm uma série de
devem conhecer, para os compreender, e para
características psicológicas, emocionais e de
que eles nos possam entender também a nós.
desenvolvimento, que os adultos devem
Para isso, devem ter acesso a informação
conhecer, para os compreender, e para que eles
adequada e adaptada.
nos possam entender também a nós. Para isso,
devem ter acesso a informação adequada e A - INFORMAR
adaptada.
- Antes de mais, deve-se recorrer a fontes oficiais
Estas recomendações dirigem-se a meninos e e procurar informação validada por expertos. O
meninas entre os 4 e 10 anos, pois nestas idades Ministério da Saúde, Direção Geral de Saúde,
precoces, é necessária uma adaptação para Ordens dos Profissionais de Saúde, organismos
termos mais simples. A partir dos 10 anos, as oficiais, OMS…
crianças compreendem conceitos mais - Perguntar às crianças que informações querem
complexos, sem necessidade de realizar saber, possíveis dúvidas ou medos relacionados
adaptações tão concretas. com o vírus, tal como mensagens erradas que
podem ter ouvido ou interpretado mal.
Tendo em conta a incerteza quanto à evolução do
surto de Coronavírus e o facto de que, dia a dia, - Esclarecer-lhes todas as dúvidas que possam
nos enfrentamos a uma nova situação, convém ter, de forma simples e transmitindo calma e
adaptar também a informação a transmitir. Assim, segurança.
devemos dar a importância que merecem à
prevenção da transmissão, assim como às O QUE EXPLICAR ACERCA DO
medidas de higiene e redução de situações de CORONAVÍRUS?
alarme que afetem as crianças. - Corrigir informação errada ou mal interpretada.
- Ser sinceros no que diz respeito ao facto de se
- Evitar fazer referência a pessoas que estejam
tratar de um vírus perigoso porque se contagia
muito doentes ou tenham falecido.
com facilidade e, por isso, devemos proteger-nos
dele. - Ser honestos e evitar longas explicações em
- Informar acerca dos sintomas mais frequentes: resposta às dúvidas ou medos que possam ter.
febre, tosse e sensação de falta de ar. - Transmitir que podem expressar as suas dúvidas
- Informar que, na maioria dos casos, há uma e confiar em nós.
recuperação completa sem necessidade de - Se não tivermos todas as respostas, ser
cuidados especiais, mas as pessoas mais velhas, sinceros; talvez possamos procurar respostas
devem ter mais cuidado. juntos.
- Dar segurança e confiança informando-os de
- Usar desenhos ou representações gráficas
que há muitos profissionais de saúde para curar
simples para explicar como se produz o contágio
os doentes, compreender o vírus, reduzir os seus
(p.e. que surgiu na China, que gosta muito de
riscos e encontrar uma vacina.
viajar e que, para já, a Itália e a Espanha são dois
- Não ficar à espera que sejam eles a perguntar, países dos quais gosta muito).
para falar com eles sobre o assunto.
C - PROTEGER
B - EXPLICAR
É uma boa altura para lhes transmitir medidas de
- Usar linguagem adaptada à idade da criança e higiene para toda a vida! Siga as recomendações
aos seus conhecimentos. e medidas de prevenção que determinem as
- Perceber que, se não explicarmos bem, vão autoridades de saúde.
recorrer a argumentos fantasiosos para Devemos confiar neles porque sabem o que é
compensar a falta de informação. necessário fazer, uma vez que têm os
- Falar com frequência sobre o tema, mas sem conhecimentos e os meios necessários.
saturar com demasiada informação. Normalizar
que se fale sobre o assunto, sem que seja um DAR-LHES O SUPER PODER PARA SE
tema tabu. PROTEGEREM

- Promover um espaço de comunicação com - Lavar as mãos com sabão enquanto inventamos
eles, onde se sintam seguros e calmos, para se uma canção sobre o vírus, dizemos a tabuada ou
expressarem, ouvirem e perguntarem. contamos de 20 até 0. Esfregando as mãos com
força, por cima e nos lados.
- Não ignorar as suas dúvidas ou medos.
- Ao tossir ou espirrar, cobrirmos a boca e o nariz 2. RECOMENDAÇÕES PARA PAIS
com o cotovelo em flexão, ou com um lenço de
papel que depois deitamos ao lixo, como se fosse Seguir as recomendações anteriores e, além
um passe mágico de karaté para nos disso:
protegermos dos vírus maus. - O mais importante é manter a calma e saber
gerir o stress.
- Evitar tocar nos olhos, nariz ou boca. Pode
fazer-se um jogo em que, quem o fizer, perde um - Estar atento às nossas conversas com outros
ponto. adultos, ou sobre outros adultos. As crianças
ouvem-nos e apercebem-se do nosso medo.
- Evitar o contacto físico com outras crianças ou
pessoas, mesmo que nos apeteça muito brincar - Não devemos assustar-nos nem estimular o
ou tocar na outra pessoa. Isto será apenas por medo. Na realidade, a maioria das pessoas estão
um tempo curto, vamos poder voltar a abraçar ou a curar-se.
tocar nos nossos amigos em breve. - Proteger os mais pequenos de toda a
- Saber que podemos contar com um adulto se informação nociva que pode gerar-lhes mal estar
não nos sentirmos bem. e preocupação. Ainda não estão em idade de a
interpretar corretamente.
- Devemos ter cuidado em como nos
relacionamos com outras pessoas, com os - Evitar que naveguem sozinhos na internet à
comportamentos de rejeição ou discriminação. O procura de informação pouco adequada acerca
nosso medo pode fazer com que nos do COVID-19. Nunca é de mais relembrar que o
comportemos de forma desadequada e que excesso de “ruído” que circula pelas redes
rejeitemos ou discriminemos pessoas. sociais, costuma ser superficial e erróneo.
- Dar segurança acerca do estado de saúde dos
- Mesmo que não estejamos a dar conta, as
adultos do seu entorno, por exemplo os avós.
crianças estão sempre a olhar e a aprender
Informar as crianças de que eles sabem proteger-
connosco. Devemos dar o exemplo nas medidas
se e cuidar-se. Se costumam ver outros familiares
preventivas de higiene e saúde.
com frequência e, devido ao vírus, as visitas se
reduziram, promover contactos virtuais.
3. SE NÃO VÃO À ESCOLA
- Estabelecer um hábito de horários, tarefas e
Desconhece-se o tempo que as crianças vão responsabilidades com base na idade da criança,
estar sem ir à escola, atividades extracurriculares, tentando dedicar um tempo diário à leitura ou
ou outras atividades, por isso, é importante estimulação intelectual.
planificar com antecedência e informá-los acerca - Diferenciar entre os horários e rotinas do dia da
disso. semana e os do fim de semana.
Algumas recomendações: - Procurar a melhor forma de conciliar a vida
- Manter os horários e hábitos familiares, evitar laboral e familiar, tentando organizar os horários
que esta situação altere a ordem, a estrutura e a com o outro progenitor, familiares ou outros
segurança das rotinas. apoios, se estiverem disponíveis.
- Aproveitar esta situação para passar mais tempo
- Arranjar tempo para o jogo livre, desporto,
de qualidade e lazer em família, algo tão
movimento corporal e até mesmo para o
necessário e escasso habitualmente.
aborrecimento.

Sección de Psicología Clínica, de la Salud y Psicoterapia del


Colegio Oficial de la Psicología de Madrid
EDITORIAL SENTIR
Se chegou a este livro é muito provável que seja Como profissionais comprometidos com a
uma pessoa sensibilizada com a infância, a família igualdade de género e, por isso mesmo, com a
e o bem estar social. A Editorial Sentir nasce a utilização de linguagem igualitária, queremos
partir de uma procura por parte de profissionais, esclarecer que, com o uso do género neutro na
mães e pais, assim como dos resultados de um redação das publicações, pretende oferecer-se
estudo de revisão bibliográfica da literatura infantil, uma leitura mais ágil e fácil. Encorajámo-lo a
onde se detetou a necessidade deste tipo de adaptar os textos ao género do leitor.
histórias.
Transmitir o nosso agradecimento a todas as
As publicações e as coleções da Sentir visam pessoas que seguem e acompanham cada uma
alcançar um maior conhecimento e das publicações. Obrigada pela vossa implicação,
conscientização acerca da relevância da preocupação e dedicação aos meninos, meninas
educação e da psicologia, assim como de e famílias deste planeta.
promover uma boa relação entre as crianças e as Cumprimentos afetuosos.
pessoas adultas.
Mercedes Bermejo
As crianças atravessam diferentes e complexas Diretora das coleções “Crecicuentos y Senticuentos”
etapas durante o seu desenvolvimento emocional. info@editorialsentir.com
O afeto, a compreensão e a paciência são fatores
necessários para os ajudar a crescer felizes e com
saúde.

Para mais informação, conhecer outras coleções, novas publicações e novidades,


entre em www.editorialsentir.com e siga-nos nas nossas redes sociais:
Traduzido e adaptado pelo Departamento de Pedopsiquiatria e
Saúde Mental da Infância e da Adolescência

Porto, Portugal 2020

Você também pode gostar