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CONTESTAÇÃO TRABALHISTA COM RECONVENÇÃO

A reconvenção é utilizada pelo réu para manifestar


pretensão própria, como previsto no Código de Processo Civil de 2015,
aplicável subsidiariamente e supletivamente ao Processo do Trabalho.

A reconvenção deve ser apresentada na mesma peça da


contestação. Porém, isso não significa que o autor poderá apresentar a
reconvenção do jeito que quiser. Ele terá que discriminar a parte que é
reconvenção e a parte que é contestação, em tópicos separados, cada um com
causa de pedir e pedidos distintos.

Em se tratando da reconvenção na esfera trabalhista,


portanto, ela é plenamente possível, e concernente a reforma trabalhista,
sobreveio o acréscimo da previsão de pagamento de honorários advocatícios
sucumbenciais, conforme preceitua o artigo 791-A, § 5º da Lei 13.467/17, a
seguir colacionado:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em


causa própria, serão devidos honorários de
sucumbência, fixados entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou,
não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa.
[...]
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na
reconvenção.

Ademais, o parágrafo único do artigo 8º da CLT, dispõe


que o direito comum, é fonte subsidiária da legislação trabalhista, naquilo que
não for incompatível, havendo assim, permissivo para a aplicação das regras
de sucumbência previstas no artigo 20 do Código de Processo Civil.

Outra mudança importante é o esclarecimento de que


reconvenção e contestação são independentes. Isso quer dizer que cada uma
pode ser apresentada independente da outra, inclusive, a reconvenção pode
ser apresentada sem que haja uma contestação.

Assim dispõe o artigo 343 do CPC/2015:

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor


reconvenção para manifestar pretensão própria,
conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.

Pontos importantes:

Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na


pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no
prazo de 15 (quinze) dias.

A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva


que impeça o exame de seu mérito não obsta ao
prosseguimento do processo quanto à reconvenção.

A reconvenção pode ser proposta contra o autor e


terceiro.

A reconvenção pode ser proposta pelo réu em


litisconsórcio com terceiro.

Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá


afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a
reconvenção deverá ser proposta em face do autor,
também na qualidade de substituto processual.

O réu pode propor reconvenção independentemente de


oferecer contestação.

Numa relação processual, a reconvenção veicula,


portanto, uma pretensão positiva do réu em face do autor. No âmbito da ação
ajuizada pelo autor, tem a reconvenção a natureza de um contra-ataque; vale
dizer, chamado a juízo para responder a uma pretensão deduzida pelo autor,
tem o réu o momento de defender-se (quando deve expor as razões de fato e
de direito a impedir o reconhecimento da pretensão do autor), ocasião em que
poderá, caso tenha algo positivo a ver reconhecido a seu favor, deduzir
também a reconvenção.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 2ª VARA


DO TRABALHO DE ARAUCÁRIA - PARANÁ

Processo nº ........

BANCO JBXPQ, inscrito no CNPJ sob o nº...,


representado por seu sócio gerente, cuja sede se localiza [endereço completo
com CEP], por meio de seu advogado abaixo subscrito, nos termos do
documento de outorga de mandato anexo (documento 01), vem, com base no
artigo 847 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), combinado com os
artigos 336 e 343 do Código de Processo Civil (CPC), respeitosa e
tempestivamente, perante Vossa Excelência, apresentar sua resposta em
forma de

CONTESTAÇÃO COM RECONVENÇÃO

na Reclamação Trabalhista que lhe move José, já qualificado na inicial, pelas


razões de fato e de direito a seguir expostas.

PRELIMINARMENTE
I. DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO

O Reclamante ajuizou RECLAMAÇÃ TRABALHISTA, em


data de 25.01.2018, por meio de seu advogado, conforme consta na inicial. No
entanto, não juntou aos autos a procuração do seu representante.

Já que o autor optou por ser representado na Reclamação


Trabalhista, deve-se ressaltar a obrigação de juntar o instrumento de mandato
nos autos, em observância ao que dispõe o art. 5º, § 1º, da Lei 8.906 de 1994 e
o art. 104 do CPC, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou
praticar ato reputado urgente. No caso em tela, pode-se suscitar a prescrição
parcial. Mas, mesmo assim, a procuração deve ser exibida no prazo de 15
(quinze) dias, prorrogável por igual período, como aduz o art. 104, § 1º, do
CPC. Não sendo cumpridas estas determinações, é cabível a extinção do feito
sem resolução de mérito, por defeito de representação e, portanto, ausência de
pressupostos de constituição válida e regular do processo, nos termos do art.
76, § 1º, I, combinado com os arts. 337, IX, e 485, IV, do CPC.

Sendo assim, requer o Reclamado a extinção do processo


sem resolução de mérito.

II. DA PRESCRIÇÃO PARCIAL

Caso não seja deferida a extinção do processo sem


resolução de mérito, tendo em vista que a presente Reclamatória foi ajuizada
em 25.01.2018, cabe arguir a prescrição quinquenal parcial da pretensão do
Reclamante, observado o biênio subsequente à extinção do contrato de
trabalho, com base no art. 7º, XXIX, da Constituição Federal (CF) e art. 11, I,
da CLT, aclarados pela Súmula 308, I, do Superior Tribunal do Trabalho (TST).

Portanto, devem ser consideradas prescritas as parcelas


relativas ao período laborado anterior a 25.01.2013.

MÉRITO
II. DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante ocupou o cargo de gerente-geral do Banco


reclamado desde janeiro 2010, passando a perceber, após a promoção, o
dobro, ou seja, 100% (cem por cento) do seu salário anterior. Pediu demissão
em 30.09.2019, após proposta irrecusável de outra instituição financeira,
sendo-lhe pagas as parcelas rescisórias.

III. DA INAPLICABILIDADE DAS HORAS EXTRAS

O empregado exercia o cargo de gerente-geral do Banco


Progresso. Percebia, além do salário efetivo, 100% (cem por cento) como
gratificação de função. Postula, na inicial, o pagamento de horas extras
prestadas desde o ano de 2010.

Ocorre que são indevidas horas extras quando o


empregado exerce cargo de gestão e recebe 40% (quarenta por cento) ou mais
como gratificação de função, enquadrando-se na situação prevista no art. 62, II,
e parágrafo único, da CLT. Esta situação é ratificada pela Súmula 287 do
Tribunal Superior do Trabalho (TST), ao interpretar que ao gerente-geral de
agência bancária presume-se o exercício de cargo de gestão, aplicando-se-lhe
o que prescreve o art. 62 da CLT, não cabendo, assim, o pagamento de horas
extraordinárias.

Ao Reclamante não é devido, assim, o pagamento de


horas extras, por exercer um cargo de gestão na qualidade de gerente-geral e
perceber 100% (cem por cento) de gratificação de função, tampouco são
devidos os reflexos de tais horas extras.

Portanto, é rechaçado o pedido de letra ‘a’ da exordial,


pois que, improcedente, não sendo devidas horas além das normais, sejam à
sexta (essas, ainda mais, se considerarmos a gerência do reclamante – artigo
224, parágrafo 2º, da CLT) ou oitava diária, mormente às excedentes à 36ª ou
44ª semanal. Não fazendo jus a qualquer hora extra o acessório segue a
mesma trilha, não cabendo portanto quaisquer reflexos.

IV. DA RECONVENÇÃO
Conforme disposição expressa do art. 343 do CPC, pode
o Réu na contestação propor Reconvenção, o que faz pelas razões de fato e
de direito a seguir.

O reconvinte custeou para o reconvindo a realização de


curso de MBA em Finanças a título de capacitação, tendo investido um total de
R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais). Ocorre que fora estipulado em contrato
(anexo) cláusula de permanência de 2 (dois) anos na instituição, após o
término da especialização profissional, sob pena de ressarcimento da quantia,
caso ele viesse a se desligar antes deste prazo. Apesar disso, o reconvindo
pediu demissão 6 (seis) meses depois de concluído o curso.

Ora Excelência, o reconvindo, mesmo tendo acordado


com o Banco sua permanência mínima de 2 (dois) anos após o término do
curso, pediu demissão, acarretando prejuízos ao reconvinte, que contava com
a colaboração qualificada do empregado durante pelo menos este período.
Esta situação enquadra-se no que dispõe o art. 462, § 1º, da CLT, ao autorizar
o desconto do prejuízo causado, já que tal possibilidade foi acordada entre as
partes.

Diante dessa exposição, requer o recebimento desta


Reconvenção, para fins de condenar o Reclamante ao ressarcimento da
quantia de RS 25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

V. DO PEDIDO

De acordo com os fatos e fundamentos acima


apresentados, em sede de Contestação, requer a Vossa Excelência o
acolhimento da preliminar de defeito de representação, para extinguir o feito
sem resolução de mérito. Caso assim não entenda, requer o acolhimento da
prejudicial de prescrição parcial, e, por fim, no mérito, requer que as pretensões
apresentadas na Reclamatória Trabalhista sejam julgadas totalmente
improcedentes e o Reclamante seja condenado a pagar as custas processuais
e demais cominações legais conferidas à presente causa.

Em sede de Reconvenção, requer:

a) o recebimento das razões da Reconvenção para o seu


devido processamento, de acordo com o art. 343 do CPC;
b) seja notificado o Reclamante para apresentar resposta,
nos termos do art. 343, §1º, do CPC;

c) a total procedência desta Reconvenção para o fim de


condenar o Reclamante ao ressarcimento da quantia de RS 25.000,00 (vinte e
cinco mil reais) e à respectiva correção monetária.

Ainda em sede de Reconvenção, requer, por fim, se digne


Vossa Excelência a determinar a notificação do reconvindo e sua intimação
para comparecer em audiência a ser designada por este digno Juízo e, nesta
ocasião, apresentar defesa nos termos do art. 844 da CLT, combinado com o
art. 336 do CPC, sob pena de revelia e confissão.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do Reclamante, que
fica desde já requerido, sob pena de confissão, bem como pela juntada de
documentos, oitiva de testemunhas, perícias e o que mais for necessário à
elucidação dos fatos.

Dá à causa, na Reconvenção, o valor de R$


25.000,00 (vinte e cinco mil reais).

Nestes termos,
pede deferimento.

Local e data...

Advogado...

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