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Curso de Magia Hermética

Serpentarius

SÍNTESE
Aula 2
Cazmilian Zórdic
Na aula passada demos inicio ao Universo e sua Estrutura, vendo os quatro elementos que são a base para tudo o
que foi feito no Universo segundo o ponto de vista Hermético. Hoje vamos dar continuidade do assunto estudando a
cosmologia Hermética, ou seja, estudando mais profundamente a maneira como o Universo está organizado de
acordo com os textos do Corpus Hermeticum. Essa aula de hoje é um pouco mais curta que o normal porque o
assunto é mais pesado, então eu vou com calma e passei um pouco menos de conteúdo pra não dar um nó na
cabeça de ninguém, nem na minha enquanto estiver explicando.
Vamos entrar hoje num campo um tanto obscuro do Hermetismo, porque não foi claramente escrito em
lugar nenhum, só é falado muito por cima e ficou como responsabilidade do estudante decifrar registros antigos.
Vale lembrar que isso não é tão proposital assim, acontece que antigamente havia as escolas de mistério e esses
conhecimentos estavam disponíveis APENAS para os alunos dessas escolas. Quando essas escolas se dissolveram ou
se fecharam em ordens iniciática, parte desse conhecimento vazou e é isso que chega pra nós hoje com alguma
facilidade. O problema é que a maioria só olha para o aspecto literal das coisas e não o aspecto total dela, assim nós
temos muito assunto que se perde, muito conhecimento que fica trancado e no fim só encontra quem, como dizem
os alquimistas “Tem olhos pra ver, ouvidos para ouvir e mente para entender”.
Isso se aplica a praticamente tudo o que é magia. Vocês puderam ver O QUANTO o significado dos
elementos eram complexos em relação a aquilo que geralmente se vê nos livros, internet, etc. Agora imaginem o
quão mais complexos são assuntos que, normalmente, já parecem mais difíceis. Se o que era simples no mundo
comum é complexo no mundo simbólico e iniciático, o que é complexo no mundo comum chega a ser abstrato no
mundo iniciático.
Astrologia, por exemplo, que antes era um modo de estudar as correntes de energia do Universo usando
como ponto de referência o movimento dos planetas e estrelas, hoje é diminuída a ponto de acharem que se trata
de uma emanação de energia do próprio planeta ou estrela. Lembra que eu disse na primeira aula que Hermetismo
é uma linguagem genérica? Que na verdade eles usaram nomes de coisas mais palpáveis, mais físicas, pra falar sobre
coisas espirituais e sutis? Então, isso acontece com astrologia, acontece com tudo dentro do estudo da Magia
Hermética.
É interessante a gente ressaltar que as coisas parecem simples na simbologia à primeira vista porque esses
arquétipos, esses nomes genéricos, era uma forma de facilitar a memorização dos conhecimentos, já que pouco se
escrevia para evitar vazamento de informação, furtos ou outros tipos de perdas como costumava ocorrer quando
um império invadia o outro e roubava livros. Roubar era a melhor das hipóteses, todos nós já ouvimos falar pelo
menos uma vez na vida da biblioteca de Alexandria e como ela foi incendiada várias e várias vezes até sobrar pouco,
quase nada (ao menos ao que se sabe abertamente, porque existe muita evidência de que boa parte do conteúdo da
biblioteca foi removido antes de ser queimado, e acredito eu que pelos estudantes e grandes iniciados da época,
para preservar o conhecimento mais elevado em um local seguro. Seja lá onde esteja o local seguro, um dia esses
documentos reaparecem). Como exemplo disso, o Corpus Hermeticum que até onde se sabe sobreviveram apenas
18 textos, em 2013 se não me engano pôde ser expandido, já que acharam mais 5 diálogos pertencentes à coleção
numa biblioteca, abandonados num canto.
Entrando no assunto da aula de hoje, vamos ver sobre a organização das hierarquias no Universo Hermético
e suas moradas.
Pra começo de conversa, o Universo Hermético está divido em 10 esferas: a terrestre (que contem dentro de
si 4 esferas menores dos elementos), 7 planetárias, as estrelas fixas e o primum mobile.
Essa organização é reflexo da fortíssima influencia neo-platônica e Aristotélica que há no Hermetismo (ou
melhor: a influencia Hermética nessas duas escolas de pensamento).
Vamos por partes pra entender o que cada uma dessas esferas significa. Pra facilitar a compreensão, vamos
chamar essas esferas de ZONAS, por quê? Porque existem muitos subplanos e esferas interiores dentro dessas
esferas, então chamando de Zonas evitamos confusão. O assunto já é complexo demais pra gente se permitir
tropeçar nos nomes. Então são 10 ZONAS mas também podem ser dividas em 11 ZONAS, já explico isso mais pra
frente.
A Cosmologia Hermética diz o seguinte: nós viemos da Zona mais sutil, o Primum Móbile, esse primum
móbile na verdade é Deus. É a causa de todas as outras coisas, aqui já entra uma nova perspectiva. A gente estudou
na aula passada Deus como elementos, o Akasha ou Éter, aqui nós estamos estudando Deus como vibração, o
Primum Móbile, mas também estudaremos Deus como Entidade, como Princípio Criador, como Consciência
Universal.
Isso mostra a complexidade de Deus. É um ser tão abstrato que pode ser avaliado de muitas maneiras de
acordo com o comportamento dele que estamos estudando. Quanto mais a gente se aprofunda no conhecimento
Hermético, mais próximos a gente chega de entender a Deus em suas infinitas formas. Por mais que há pessoas que
digam que é impossível entender a Deus, eu discordo completamente, é possível sim não só compreender a Deus,
mas interagir com ele, na medida que vamos expandindo nossas consciências, evoluindo. Uma analogia muito boa
que eu vi recentemente dizia que o Universo é um teatro, você é o expectador, os deuses e forças são os atores e o
cenário e Deus é o diretor por trás das cortinas, e que magia é a arte de dizer ao diretor qual peça você quer assistir.
Existe o Primum Mobile, de onde tudo veio, então vem as Estrelas Fixas, que é a simbologia para o espírito
que está em todas as coisas. Muitas vezes, em alguns escritos Herméticos, alguns autores colocam como dotado de
espírito apenas seres que pode mover-se por conta própria. Eu já penso diferente, penso como o animismo (a
primeira religião do mundo), onde absolutamente tudo tem um espírito que o faz existir, aliás, segundo a filosofia
Hermética, a matéria é vista como um estado parasitário e ilusório, porque sem um espírito para animá-la ela se
dissolve, deixa de existir. Isso já entra no que eu disse aula passada, que o Éter está em tudo, e levando em
consideração que Éter é Consciência Universal, tudo faz sentido dentro da visão Hermética. Sem pontas soltas. É
aqui que residem os signos do Zodíaco como Arquétipos, não como corpos celestes.
Depois nós temos os 7 planetas clássicos (Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno). Esses 7
planetas, ou melhor, 7 ZONAS porque não se referem de maneira alguma aos planetas físicos dos quais copiam o
nome, em conjunto formam a Mente do Universo. As estrelas Fixas formam o Espírito do Universo, ou seja, o que
sustenta a existência, e as 7 zonas planetárias formam a Mente do Universo. Cada uma dessas 7 zonas é um aspecto
da mente Universal.
SATURNO: É o conhecimento, contemplação e compreensão, especulação, estabilidade.
JÚPITER: É a prudência, misericórdia, riqueza, temperança, benignidade, piedade, modéstia, justiça, fé,
graça, religião, realeza.
MARTE: É a verdade, julgamento de impulsos, canalização de energia pra objetivos, coragem, fortitude,
desejo fervente, poder de ação, veemência, Vontade genuína.
SOL: É a nobreza de mente, conhecimento, imaginação, maturidade, zelo, luz que ilumina a ignorância,
caridade.
VÊNUS: É o amor, vitória, emoção, reconhecimento, esperança, ordem, beleza, doçura, propagação de si
mesmo.
MERCÚRIO: Fé e crença penetrantes, esplendor, pensamento concreto, razão clara, vigor de interpretação,
capacidade de discurso. Aqui começa o plano mental.
LUA: É a fecundidade, poder de gerar e cultivar, aumentar e diminuir, fé posta em ação. Reservatório onde
todas as inteligências emanam seus atributos que são misturados, equilibrados e preparados para a revelação
material. É compilação das oito emanações. Plano Astral. Aqui começa a morada dos Daimons.
E por fim, sobra a Zona Terrestre, o mundo físico, que se estende por todo o Universo. Nessa Zona
existe as esferas dos elementos, por isso o símbolo que representa a Zona Terrestre é um círculo dividido em
quatro partes.

Assim nós temos DEZ Zonas, de existência, mas volta e meia nós vemos alguns esquemas com ONZE
ZONAS, e isso se deve ao seguinte:
No Hermetismo existe Deus e existe Demiurgo, enquanto Deus é o Universo como Ideia, como força
abstrata, Demiurgo é quem faz a ideia se manifestar. Ele que organizou o Universo. Se vocês já estudaram
hinduísmo um pouco mais a fundo já ouviram falar de Demiurgo como Ishvara, Universo Manifesto. Acontece
que Demiurgo e Deus na verdade são a mesma coisa, apenas ocorre essa divisão pra estudo de quando a
ideia deixa de ser ideia pra de fato ser alguma coisa no processo de criação Universal. Então em alguns
esquemas divide-se o Universo entre o Primum Mobile e as Estrelas fixas, sendo assim a Zona do Demiurgo,
separando o Princípio Criador do Universo Criado.
Assim como tudo no Universo tem seus aspectos construtores, positivos, também há os aspectos
destrutivos, decompositores, negativos. É assim que se mantém o equilíbrio do universo, porque assim como fogo e
água que eu expliquei na aula passada geram essa alternância que cria a todas as coisas, o mesmo ocorre num nível
diferente. Mesmo a nível Universal a ponto de que as Zonas todas tem seus aspectos negativos também, Com
exceção das Estrelas Fixas e do Primum Mobile. Estrelas fixas porque elas na verdade apenas dão o movimento das
coisas, a capacidade de existência, o espírito, e o Primum Móbile porque ele é tudo, então a própria divisão nas
outras zonas já ressalta seus aspectos ativos e passivos, positivos e negativos, etc etc.
Na cosmologia Hermética, nossos espíritos vieram do Primum Móbile para a Zona Terrestre, e nosso
caminho na evolução é VOLTAR ao Primum Móbile. Nesse processo nós vamos superando uma esfera por vez e
assim até atingir novamente o Primum Móbile, ou seja, até voltarmos a ser UM com Deus. O processo de vir do
Primum Móbile para a Zona Terrestre é chamado EMANAÇÃO, logo, nós vivemos no universo IMANENTE. O processo
de RETORNO ao Primum Móbile é chamado COMTEMPLAÇÃO. E como se dá esse retorno? Pela superação de cada
Zona. Na Zona Terrestre a superação vem com o domínio consciente dos elementos, e da Zona Lunar pra cima essa
superação ocorre através da transmutação dos defeitos correspondentes em cada zona, nos nossos corpos, em
virtudes e então no fortalecimento dessas virtudes. Daí vamos de uma zona para a outra.

Outra esquematização mais simplificada do Universo o divide em UM (Deus), Nous (Demiurgo) e Espírito
(apesar de que nas traduções costumam usar o termo “ALMA”, eu só não vou usar esse nome porque na realidade
ALMA é outra coisa, que a gente vai ver quando tiver estudando anatomia oculta nas outras aulas). Esse espírito é
dividido em Natureza (ou seja, forma de agir) e Matéria (onde age a Natureza). Essa esquematização
UM>NOUS>ESPÍRITO tem muitas subdivisões que no fim esquematizam o Universo da mesma maneira que a das 11
zonas (contando com uma zona própria ao Demiurgo).

Na aula passada vocês estudaram o Universo como 5 elementos, agora estão vendo o Universo na visão mais
complexa, uma cosmologia com planetas, signos, etc. Como explicar essa variedade de esquematizações? No fim,
qual é a esquematização correta do Universo? É a visão sufista? A visão cabalística? A visão hinduísta? Cristã?
Nórdica?
Hermeticamente falando, TODAS as divisões estão corretas. Por quê? Simples, porque na verdade só existe
uma única coisa, que é Deus, nós, os seres que estão individualizados momentaneamente e de maneira ilusória
desse Deus (ou seja, humanos, elementais, deuses menores daimons, etc etc) é que não percebemos a totalidade
dessa coisa, então nós percebemos apenas um certo nível de densidade, e pra facilitar a nossa compreensão desse
única coisa nós dividimos em mais densidades, superiores ou inferiores à nossa. Existem seres que habitam mundos
ainda mais densos que o nosso, onde na perspectiva DELES nosso mundo é mais sutil, da mesma maneira como nós
enxergamos o plano astral, etc.
Então todas essas esquematizações são apenas maneiras que determinada cultura ou grupo de pessoas, ou
até mesmo indivíduos, usaram pra estudar o Universo, da mesma maneira como la atrás nós dividimos Deus como
elemento (Éter), Deus como Existência (Primum Móbile) e Deus como Entidade (Criador de tudo).

E SE eu disser pra vocês que vocês acabaram de aprender cabala, igualzinha essa que é fácil de achar, como
sendo uma coisa 100% hebraica, pela perspectiva Hermética neo-platônica? Duvidam? Vou mostrar. Olhem no
último slide da aula e digam se não é exatamente a mesma coisa abordada na aula. Temos a zona
terrestre(malkuth), as outras zonas planetárias até saturno, e por fim termos Urano como estrelas fixas, Neturno
como Demiurgo e Plutão como Primum Mobile. Ou seja, desde Malkuth, o Reino, que é a esfera terrestre, até
Kether, a Coroa, o Primum Móbile.
E lembra que eu falei que essas zonas tem os aspectos positivos e negativos? Então, as Sefiroths e as
Qliphots. Pronto, agora vocês já sabem que aquilo que eu disse anteriormente na aula passada é verdade: que
Cabala é de origem Egipcia, assim como Hermetismo. Essas esquematizações diferentes, ressaltando, são ótimas pra
estudar de várias perspectivas todas as coisas e características do Universo.
Vocês repararam que eu falei anteriormente sobre o Espírito do Universo, a Mente do Universo e o Corpo do
Universo, e por que isso? Acima como Abaixo, o Universo também tem um Espírito, também tem uma Mente,
também tem um Corpo, exatamente como os seres humanos. Nós somos a escala reduzida do todo e isso já nos faz
entrar no segundo assunto dessa nossa aula, que é a Fractalidade Universal.

ATENTE-SE À IMAGEM QUE SEGUE EM ANEXO NO E-MAIL, MOSTRANDO MAIS DAS ZONAS PLANETARIAS E SUAS
CARACTERÍSTICAS.

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