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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS

RELATÓRIO FINAL

UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS, FITOTERÁPICOS E

DOS POTENCIAIS RISCOS DE SUAS INTERAÇÕES COM

MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS, POR IDOSOS ATENDIDOS

PELA FARMÁCIA – ESCOLA – SÃO CAETANO DO SUL.

PESQUISADORA: JAQUELINE MARTINS BADANAI

ORIENTADORA: PROFA. DRA. CELI DE PAULA SILVA

SÃO CAETANO DO SUL

2011
RESUMO

O sistema de saúde é altamente influenciado pelo envelhecimento, desta


forma, muitos idosos utilizam medicamentos em busca da manutenção da
sua saúde. Devido à complexidade do regime terapêutico prescrito para
idosos, constata-se a associação observada entre maior complexidade e
falta de adesão ao tratamento proposto enaltecendo a importância da
simplificação dos regimes terapêuticos e da prevenção da polifarmácia,
evitando possíveis interações medicamentosas e de efeitos adversos, já que
os idosos são os mais vulneráveis a este tipo de ocorrência. O presente
trabalho tem por objetivo verificar a incidência do uso de plantas medicinais,
medicamentos fitoterápicos e das possíveis interações destes compostos
com medicamentos alopáticos, entre os pacientes atendidos pela
FarmaUSCS, com 60 anos ou mais. Através de entrevistas com aplicação
de questionário contendo em sua maioria perguntas fechadas, referentes
às características pessoais (sexo, idade, escolaridade), condições de saúde
(doenças auto-referidas) e sobre o uso de plantas medicinais,
medicamentos fitoterápicos e medicamentos alopáticos. Verificou-se que
66,14% dos pacientes são do sexo feminino e 33,84% do sexo masculino.
Encontram-se na faixa etária de 60 a 70 anos 49,22%, 71 a 80 anos 43,26%
e acima de 81 anos 7,52%. Dos entrevistados, 50,47% informou usar planta
medicinal periodicamente. No presente trabalho, verificou-se a exposição
dos idosos aos riscos de interações devido ao uso concomitante de Ginkgo e
AAS, de diuréticos tiazidicos e Ginkgo e do quebra-pedra e o diurético
hidroclorotiazida.

PALAVRAS-CHAVES: Fitoterápicos, Alopáticos, Idosos e Plantas Medicinais.


1. INTRODUÇÃO

O número de pessoas com mais de 60 anos em 2005 foi superior a 18


milhões, o que corresponde a quase 10% da população brasileira. O grupo de
pessoas que se encontram nesta faixa etária vem crescendo ano a ano,
acarretando um aumento de mais de cinco milhões de pessoas entre os anos
de 1995 e 2005. O número de mulheres idosas, acima de 80 anos, é mais do
que o dobro do de homens nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Belo
Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, indicando uma concentração feminina
nestes grandes centros (IBGE, 2006).
A região Sul e Sudeste do Brasil apresenta o maior envelhecimento do
País. Segundo dados o alargamento da pirâmide etária pode ser observado
pelo aumento de idosos com 65 anos ou mais. Em 1991 o número de idosos
representava 4,8% da população, sendo que em 2010 esse valor corresponde
a 7,4%. (IBGE, 2010).
Cerca de 81% dos idosos entrevistados em pesquisa realizada pelo
SESC/Fundação Perseu Abramo, relataram possuir alguma doença,
referenciando 16 enfermidades que atingem, pelo menos, 5% desta população.
Dentre as doenças relatadas, a hipertensão atinge quase a metade (48%) da
população brasileira idosa (SESC/Fundação Perseu Abramo, 2007).
O sistema de saúde é muito influenciado pelo envelhecimento, pois
muitos idosos utilizam medicamentos em busca da manutenção da sua saúde
(Marliére et al., 2008).
Com o envelhecimento, o funcionamento dos órgãos torna-se deficiente,
acarretando alterações na atividade dos medicamentos. Durante este processo
é comum a ocorrência de diversas patologias simultaneamente, facilitando a
polifarmácia, muito praticada, com ou sem a prescrição médica, fato este que
favorece a ocorrência de efeitos adversos e interações medicamentosas.
(Souza et al., 2010). De acordo com Acúrcio et al. (2009), a polifarmácia pode
induzir ao aumento de uso inadequado de medicamentos, em detrimento à
utilização de medicamentos essenciais para a saúde do idoso.
Em relação à complexidade do regime terapêutico prescrito para idosos,
Acúrcio et al. (2009), constataram que a associação observada entre maior
complexidade e falta de adesão ao tratamento proposto enaltece a importância
da simplificação dos regimes terapêuticos e da prevenção da polifarmácia,
evitando possíveis interações medicamentosas e de efeitos adversos, pois os
idosos são os mais vulneráveis a este tipo de ocorrência. É importante que
ocorra uma abordagem multiprofissional como estratégia relevante na busca do
acesso aos medicamentos realmente necessários e o cumprimento da
prescrição, devido à baixa adesão terapêutica por este grupo de pessoas.
O consumo de medicamentos de origem vegetal decorre, basicamente,
do fato desses produtos representarem terapias de menor custo em relação
àquelas normalmente oferecidas pela indústria farmacêutica. Atualmente, 30%
dos medicamentos comercializados são originados direta ou indiretamente de
plantas (Devienne et al., 2004).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) vem estimulando o uso da
medicina tradicional/medicina complementar/alternativa nos sistemas de saúde
de forma integrada às técnicas da medicina ocidental modernas, preconizando
o desenvolvimento de políticas observando os requisitos de segurança,
eficácia, qualidade, uso racional e acesso a este tipo de medicamento
(Michiles, 2004).
Os levantamentos que geram dados que possam contribuir para
pesquisas na área de plantas medicinais/fitoterápicos, buscando a garantia e o
uso seguro destes produtos pela população, vêm de acordo com a
preocupação demonstrada através da aprovação da Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (Portaria
no. 971/2006) e da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
(Decreto Federal no. 5813/2006).
Estudos comparativos entre drogas sintéticas utilizadas na atenção
primária e drogas vegetais potencialmente equivalentes (SUS/RJ), demonstram
que 21 fármacos, pertencentes a 14 classes farmacológicas diferentes
possuem potencial de substituição total ou parcial, por extratos de plantas
medicinais nativas e aclimatadas, sinalizando positivamente para investimentos
em fitoterápicos (Michiles e Botsaris, 2005).
Em levantamento sobre o perfil medicamentoso de idosos participantes
de um grupo da terceira idade, verificou-se que 55,4% dos entrevistados usam
como alternativa (auto-medicação) as plantas medicinais. Flores e Mengue
(2005), realizando um levantamento sobre o uso de medicamentos pela
população idosa na região sul do Brasil, verificaram resultados semelhantes, já
que 56% dos idosos usavam chás associados com “medicamentos”.
Muitas substâncias, quando associadas, podem dar origem a outras,
alterando as propriedades farmacológicas produzindo produtos tóxicos e
desconhecidos. Estas incompatibilidades podem ser físicas, químicas,
farmacotécnicas e farmacológicas (Ferro, 2006).
Há diversas pesquisas sobre a potencialização dos efeitos diuréticos do
dente-de-leão (Taraxacum officinale), da atividade anti-depressiva da erva-de-
São João (Hypericum perforatum) e dos efeitos hipnóticos e ansiolíticos do
maracujá (Passiflora incarnata) (Cordeiro et al., 2005; Alexandre et al., 2008).
O Ginkgo biloba pode potencializar o efeito de antiagregantes
plaquetários (como o AAS) ou anticoagulantes (Warfarina), com risco maior de
hemorragias quando administrados concomitantemente e o Ginseng (Panax
ginseng) deve ser evitado em conjunto com hipoglicemiantes e insulina, devido
ao efeito sinérgico poder levar a crises hipoglicemiantes. O Kava-kava (Piper
methisticum) antagoniza as anfetaminas, potencializa o efeito de barbitúricos,
álcool, benzodiazepínicos e outras drogas psicoativas, como o alprazolan
(Ferro, 2006).
A insuficiência de informações acerca dos efeitos adversos pode estar
relacionada a uma valorização secundária a este item, tanto por quem faz a
prescrição quanto por quem o utiliza. Uma pesquisa realizada em Hospital no
Rio Grande do Sul, revelou que os efeitos adversos do medicamento podem
ser omitidos pelo responsável à prescrição, devido ao fato de que as
informações negativas relativas ao medicamento prejudiquem a adesão do
paciente ao tratamento (Silva et. al, 2000).
Em pesquisa realizada com indivíduos atendidos na Farmácia escola da
Universidade Municipal de São Caetano do Sul e usuários do fitoterápico
Ginkgo (Ginkgo biloba L.), verificou-se que a 13,73% dos entrevistados faziam
associação deste medicamento com o Ácido Acetil Salicílico (AAS), sem
conhecimento dos riscos dos potenciais riscos de interações devido ao uso
concomitante desses dois tipos de medicamentos (Puppo e Silva, 2008).
JUSTIFICATIVA

De acordo com dados fornecidos pela Prefeitura Municipal em 2010, São


Caetano do Sul é um município com uma população total de 144.857
habitantes e de idosos, com mais de 60 anos, de 30.784, perfazendo 21,25%
do total, superior a média nacional que é de 10% (Prefeitura Municipal de São
Caetano do Sul, 2010).
Com o objetivo de verificar a porcentagem dos indivíduos atendidos pela
FarmaUSCS e usuários de plantas medicinais e fitoterápicos, Silva e Silva
(2009), observaram que a grande maioria dos entrevistados, que afirmaram
usar as plantas como remédios, foi de pessoas acima de 60 anos que
correspondem a cerca de 50,47%. Em busca da identificação do perfil
medicamentoso e da frequência de associação entre o Ginkgo e ácido
acetilsalicílico, em usuários atendidos pela FarmaUSCS (Puppo e Silva, 2008),
verificaram que 41,18% dos pacientes entre 60-70 anos e 27,75% com 70 anos
ou mais, faziam o uso do fitoterápico Ginkgo, dispensado pela FarmaUSCS.
Entre os indivíduos entrevistados, constatou-se que 13,73% eram usuários
desse medicamento e faziam a associação com o AAS (ácido acetilsalicílico),
havendo o risco da ocorrência de sangramentos, devido à ao aumento de
inibição da agregação plaquetária (Destro et al., 2006).
Devido à polifarmácia, muito praticada pela grande maioria dos idosos, e
dos riscos das possíveis interações medicamentosas, pelo uso concomitante
de medicamentos fitoterápicos com medicamentos alopáticos, verificou-se a
necessidade de um levantamento sobre a utilização inadequada desses
compostos por este grupo de pessoas.
2. OBJETIVOS

 Verificar a incidência do uso de plantas medicinais, fitoterápicos e das


possíveis interações desses compostos com medicamentos alopáticos,
entre os pacientes atendidos pela FarmaUSCS, com 60 anos ou mais.
 Identificar o perfil medicamentoso dos idosos com 60 anos ou mais,
munícipes de São Caetano do Sul e usuários da FarmaUSCS.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo foi descritivo e realizado através de entrevistas,


utilizando-se um questionário com a maioria das perguntas fechadas,
referentes às características pessoais (sexo, idade, escolaridade), condições
de saúde (doenças auto-referidas) e sobre o uso de plantas medicinais,
medicamentos fitoterápicos e medicamentos alopáticos.
Os entrevistados foram selecionados de acordo com os seguintes
critérios: ter idade igual ou superior a 60 anos, ser usuário da FarmaUSCS e
aceitar participar da entrevista após a leitura do Termo de Consentimento livre
e esclarecido. Os indivíduos serão selecionados de forma não probabilística. A
amostra será composta de, aproximadamente, 10% dos usuários atendidos
pela FarmaUSCS em 2010/2011.

 MODELO DO QUESTIONÁRIO

Nome:_________________________________________Data:_____________

Endereço:_______________________________________________________

Idade:_________________ Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Escolaridade: 1º. Grau ( ) Completo ( ) Incompleto


2º. Grau ( ) Completo ( ) Incompleto
Superior ( ) Completo ( ) Incompleto
Outros ( )
Ocupação:
_____________________________________________________________

Você faz uso de plantas medicinais? Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( )


Nunca ( )
Quais plantas são usadas?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Para que utiliza estas plantas?

Faz uso de medicamentos fitoterápicos? Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( )


Nunca ( )
Quais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Faz uso de medicamentos (alopáticos)? Sim ( ) Não ( ) Às vezes ( )


Nunca ( )
Quais?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Possui alguma doença? Sim ( ) Não ( )


Qual(is)?________________________________________________________

Anexo I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Nome da Pesquisa: Utilização de plantas medicinais, fitoterápicos e dos


potenciais riscos de suas interações com medicamentos alopáticos, por idosos
atendidos pela farmácia-escola – São Caetano do Sul.
O presente trabalho busca verificar o uso de plantas medicinais,
fitoterápicos e medicamentos alopáticos, pelos idosos atendidos pela farmácia-
escola da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, para detectar os
potenciais riscos de suas interações. A coleta de dados para esta pesquisa
será realizada por meio de entrevistas com a maioria das perguntas fechadas e
anotadas pelo pesquisador, após o entrevistado estar ciente deste documento.
Sua participação é de grande importância para o sucesso desta pesquisa.
Tendo recebido as informações contidas neste documento e após
esclarecimento dos direitos relacionados a seguir, declaro estar ciente do
exposto e desejo participar da pesquisa.
A garantia de receber a resposta a qualquer pergunta ou
esclarecimento a dúvidas sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros
relacionados com a pesquisa.
A liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar
de participar do estudo.
A segurança de que não serei identificado e que será mantido o caráter
confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade.
Compromisso de me proporcionar informação atualizada durante o
estudo, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando.
TERMO DE CONSENTIMENTO
São Caetano do Sul,_____/_______/_______
Nome:________________________________________________R.G.:______
Assinatura:______________________________________________________
Nome:__________________________________________________________
Assinatura do pesquisador_________________________________________
Professora Responsável: Profa. Dra. Celi de Paula Silva
Telefones: (11) 46991171 e (11) 96841716 e-mail: celipaula@uol.com.br
4. RESULTADOS

Entre os idosos que participaram da pesquisa, 33,86% são do sexo


masculino e 66,14% do sexo feminino (tabela 1).

Tabela 1. Porcentagem de idosos distribuídos de acordo com o sexo


informado. São Caetano do Sul, 2011. (n = 319)

SEXO NÚMERO %

MASCULINO 108 33,86


FEMININO 211 66,14

A Faixa etária predominante foi de 60 a 70 anos, perfazendo 49,22%


dos entrevistados.

Tabela 2. Porcentagem de idosos distribuídos de acordo com a faixa etária


informada. São Caetano do Sul, 2011. (n = 319)

FAIXA NÚMERO %
ETÁRIA
60 A 70 157 49,22
71 A 80 138 43,26
81 A 90 24 7,52

Tabela 3. Porcentagem de entrevistados distribuídos de acordo com o uso de


plantas medicinais. São Caetano do Sul, 2011.
USO DE PLANTAS MEDICINAIS NÚMERO %
FREQUENTE 49 15,36
NÃO USA 158 49,53
ESPORÁDICO 112 35,10

Entre as espécies mais citadas pelos entrevistados (tabela 4), podem ser
destacadas: a Erva-Cidreira (17,36%), Erva-doce (13,83%), Camomila
(11,90%) e Boldo (9,32%).
Tabela 4. Relação das plantas medicinais usadas pelos idosos entrevistados.
São Caetano do Sul, 2011.
PLANTAS NÚMERO %
CIDREIRA 56 17,36
ERVA-DOCE 43 16,73
CAMOMILA 37 14,40
BOLDO 29 11,28
HORTELÃ 18 7,00
CHÁ VERDE 17 6,61
CARQUEJA 7 2,72
MELISSA 9 2,72
ALECRIM 6 2,33
BOLDO- DO- CHILE 6 2,33
ESPINHEIRA -SANTA 4 1,56
SENE 4 1,56
CANELA 3 1,17
CAVALINHA 3 1,17
GENGIBRE 3 1,17
GUACO 3 1,17
LOURO 3 1,17
QUEBRA -PEDRA 3 1.17
BABOSA 2 0,78
CANELA DE MACACO 2 0,78
CHÁ BRANCO 2 0,78
CRAVO 2 0,78
FOLHA DE LARANJEIRA 2 0,78
INSULINA 2 0,78
MANJERICÃO 2 0,78
UNHA- DE- GATO 2 0,78
*Foram descartadas as plantas citadas apenas uma vez, correspondendo a
8,58% do total.

Tabela 5. Uso de medicamentos fitoterápicos pelos idosos entrevistados. São


Caetano do Sul, 2011.
USO DE MEDICAMENTOS NÚMERO %
FITOTERÁPICOS
FREQUENTE 124 38.87
NÃO USA 185
ESPORÁDICO 12 3.76
Entre os medicamentos fitoterápicos relacionados pelos entrevistados
(tabela 7), encontram-se o acheflan (Cordia verbenaceae), arnica, castanha-da-
índia, nova rutina e o ginkgo, único manipulado pela FarmaUSCS.

Tabela 6. Relação dos medicamentos fitoterápicos que são usados pelos


idosos entrevistados. São Caetano do Sul, 2011.
PLANTAS NÚMERO %
GINKGO BILOBA 130 95,59
ARNICA 2 1,47
ACHEFLAN 1 0,73
CASTANHA-DA-ÍNDIA 1 0,73
NOVA RUTINA 1 0,73
5. DISCUSSÃO

Muitos idosos que utilizam o Ginkgo biloba estão expostos a pelo menos
uma interação medicamentosa potencial entre fitoterápicos e medicamentos
alopáticos (Alexandre et al, 2007). O uso concomitante de Ginkgo com o ácido
acetilsalicílico pode aumentar os riscos da ocorrência de hemorragias
(Kenneth, 2006). Dos 56 idosos entrevistados que relataram usar o Ácido
Acetilsalicílico, 18 também usam concomitantemente o medicamento
fitoterápico a base de ginkgo, expondo-se aos riscos da ocorrência de
hemorragias.
A utilização de diuréticos Tiazidicos concomitantemente com Ginkgo
pode ocasionar o aumento da pressão arterial. Verificou-se que 107
entrevistados utilizam diuréticos tiazídicos, e 40 (18,18%) com Ginkgo estando,
portanto, expostos aos riscos de suas interações (Kenneth, 2006).
Os riscos de possíveis interações medicamentosas, devido ao uso
concomitante entre plantas e com medicamentos alopáticos, foi observado
0,3% dos entrevistados que utiliza a planta quebra-pedra e o diurético
hidroclorotiazida. Está interação pode ocasionar o aumento da excreção de
eletrólitos e a ocorrência de arritmias (Prace, 2008). O uso de camomila (5,3%)
e boldo-do-Chile (1,5%) concomitantemente com Ginkgo, lítio e AAS, pode
aumentar os riscos de sangramento. (Cardoso et al., 2009).
A interação pode ocorrer através de utilização das plantas medicinais em
praticas de automedicação. Nesses casos dificilmente o médico é informado
destes procedimentos. Além de poder trazer efeitos adversos e intoxicantes,
podem alterar os resultados desejados dos medicamentos alopáticos e
fitoterápicos (Junior, 2008).
6. CONCLUSÃO

Devido ao uso concomitante de diferentes medicamentos, os idosos


representam um dos grupos mais suscetíveis aos riscos de potenciais
interações medicamentosas. Os profissionais da saúde, muitas vezes, por
falta de informação, acabam prescrevendo medicamentos alopáticos
juntamente com os fitoterápicos, por acreditarem que substâncias vegetais
não causam nenhum mal ao organismo.
No presente trabalho, verificou-se a exposição dos idosos aos riscos
de interações devido ao uso concomitante de Ginkgo e AAS, de diuréticos
tiazidicos e Ginkgo e do quebra-pedra e o diurético hidroclorotiazida.
Orientar o paciente sobre os riscos do uso em conjunto de vários
medicamentos alopáticos, medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais é
de fundamental importância para que haja a garantia da sua eficácia e ao
mesmo tempo que seu uso seja seguro.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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