Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Antes de entrar em campo, os pesquisadores planejam sua colecta de dados. A proposta deve
identificar que tipo de dados o pesquisador vai registrar e os procedimentos para registrá-los. Na
interpretação de dados deveremos produzir um resumo verbal ou numérico ou usar métodos
gráficos para descrever as suas principais características. Mas, o método mais apropriado
dependerá da natureza dos dados, em que podemos distinguir dois tipos fundamentais: os dados
qualitativos e os dados quantitativos.
Em cada uma das técnicas, é preciso mencionar que há adequações procedimentais quanto ao
tipo de dado, podendo ser qualitativo/quantitativo ou documental/não-documental. Essas
diferenças implicam processos distintos em uma investigação científica.
2.1 Observação
Observação Qualitativa: Este tipo de abordagem tem um carácter mais exploratório e aberto no
acto do investigador efetuar anotações de campo, ou seja, uma observação não-estruturada.
Nesse caso, o investigador pode assumir papeis diferentes, dependendo dos objetivos que ele
pretende atingir, podendo ser mais ou menos participante nesse contexto (participante completo,
participante-como-observador, observador-como-participante ou completamente observador).
Logo, o observador qualitativo também pode se envolver em papéis que variam de não-
participante até integralmente participante.
2.2 Entrevista
Nessa última característica incide o fato de a entrevista poder ser atrelada a um método
quantitativo ou qualitativo:
Entrevistas Quantitativas: São entrevistas padronizadas ou estruturadas, que usam questões
fechadas em que o entrevistado tem um protocolo de entrevista que é aplicado a todos os
participantes. Nesse caso, o protocolo de entrevista é muito semelhante a um questionário, sendo
que a principal diferença é que as questões são lidas pelo entrevistador (típico nas entrevistas
presenciais ou telefônicas).
Entrevista Qualitativa: São entrevistas baseadas em perguntas abertas, podendo estas
dividirem-se em 3 tipos: conversação informal (mais ou menos estruturada), guia de
entrevista/semi-estruturada (inclui um protocolo, que não tem de ser aplicado de forma
ordenada), aberta padronizada, em que a formulação das questões pode ser alterada, bastando
para tanto que se extraia as visões e as opiniões dos participantes. Ou seja, não se trata de um
simples registro de falas já que “o papel do entrevistador deve ser reflexivo, pois a renegociação
permanente das regras implícitas ao longo da interacção conduz à produção de um discurso
polifónico.
2.3 Questionário
O questionário, um dos métodos mais usados na área dos estudos educacionais, é um instrumento
de recolha de dados por meio de um numero limitado de perguntas que são autopreenchidas
pelos participantes. Como muitas questões são mais abstratas e não podem ser respondidas
binariamente, ou seja, por meio de sim e não, foi construída as escalas de Linkert, em que o
sujeito pesquisado pode responder levando em conta os critérios objetivos e subjetivos dos
Msc. Abudo Mussa Francisco Página 3
questionamentos realizados. Normalmente, o que se deseja medir é o nível de concordância ou
não concordância à afirmação. O formato típico das escalas de Likert é constituído por 5 níveis:
Indiferente
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
2.4 Testes
Esta técnica de recolha de dados está relacionada com a investigação quantitativa, uma vez que
os objectivos deste tipo de investigação se concentram principalmente com a “testagem” de
hipóteses e de correlações estatísticas e causais entre fatos. É considerada uma técnica poderosa,
visto que existem inúmeros testes validados, de domínio público, que permitem a recolha de
dados numéricos. O recurso a esta técnica incluem testes, cujas características apresentam pontos
em comum, nomeadamente as medidas padronizadas, como nos testes de aptidão e de
personalidade.
O estudo de caso é um dos mais relevantes métodos de pesquisa qualitativa. Este recurso consiste
em uma pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja
representativo de um determinado espaço e tempo, com o intuito de examinar aspectos variados
da vida. Essa modalidade pode ser dividida em várias etapas como: formulação do problema,
definição da unidade-caso, determinação do número de casos, elaboração do protocolo, colecta
de dados, avaliação e análise dos dados e preparação do relatório. Com relação à colecta de
dados, o método de estudo de caso pode ser considerado o mais completo dentre todos os outros,
pois se vale tanto de dados de pessoas quanto de dados documentais. Assim, sãolll inúmeros os
estudos que podem ser classificados sob essa técnica.
3 Técnicas Documentaisl
Pode-se levantar dois tipos de documentos a serem pesquisados para a recolha de dados: os
documentos oficiais e os documentos pessoais. Os documentos oficiais proporcionam
“informação sobre as organizações, a aplicação da autoridade, o poder das instituições
educativas, estilos de liderança, forma de comunicação com os diferentes actores da comunidade
Msc. Abudo Mussa Francisco Página 4
educativa, etc. Já os documentos pessoais integram as narrações produzidas pelos sujeitos que
descrevem as suas próprias acções, experiências, crenças, etc.
A história de vida é um tipo de relato que apresenta um carácter geral e é suscitada pelo
investigador para fazer “uma análise da realidade vivida pelos sujeitos, conhecer a cultura de um
grupo humano ou compreender aspectos básicos do comportamento humano e das instituições.
As fases mais importantes de análise da informação são: 1) depois de produzidos e registados, os
relatos são transcritos e analisados; 2) através da leitura do documento, o protagonista corrige,
completa e interpreta a sua narrativa sob a orientação do investigador e a seguir, auto-critica-a.
A análise documental, nos remete à conexão interactiva de três tipos de actividades: redução,
exposição e extração de conclusões: “A redução de dados implica a selecção, focalização,
abstracção e transformação da informação bruta para a formulação de hipóteses de trabalho ou
conclusões. A redução de dados realiza-se constantemente ao longo de toda a investigação. Estes
dados podem ser reduzidos e transformados, quantitativa ou qualitativamente, de forma
diferente. Neste último caso, utilizam-se códigos, resumos, memorandos, metáforas, etc”. Nesse
sentido, a técnica da análise documental é caracterizada por um processo dinâmico ao permitir
representar o conteúdo documental de uma forma distinta da original, gerando assim um novo
documento. Ou seja, essa técnica permite criar uma informação nova (secundária) fundamentada
no estudo das fontes de informação primária, em um processo que relaciona a descrição
bibliográfica, a classificação, a elaboração de anotações e de resumos, e a transcrição técnico-
científica.
O conceito de reunir diferentes métodos provavelmente teve origem em 1959, quando Campbell
e Fiske usaram métodos múltiplos para estudar a validade das características psicológicas. Eles
encorajaram outros a empregar seu ‘modelo multimétodo’ para examinar técnicas múltiplas de
colecta de dados em um estudo. Isso gerou outros métodos mistos, e logo técnicas associadas a
métodos de campo, como observações e entrevistas (dados qualitativos), que foram combinadas
com estudos tradicionais (dados quantitativos)”.
Nascia dessa forma a triangulação das fontes de dados como um meio para buscar convergências
entre os métodos qualitativos e quantitativos. A partir dessa triangulação de métodos surgiram
razões adicionais para reunir diferentes tipos de dados, pois os resultados de um método podem
ajudar a desenvolver ou informar outro método: “um método pode ser melhor acomodado dentro
de outro método para gerar informações em diferentes níveis ou unidades de análise. Ou os
métodos podem servir a um objectivo transformador maior, para mudar e defender grupos
marginalizados, como mulheres, minorias étnicas/raciais, membros de comunidades gays e
lésbicas, pessoas com deficiências e os pobres.
Há, ainda segundo Creswell (2007, p. 32), estratégias gerais de triangulação que merecem
menção: