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dossiê iphan i

dossiê iphan i { Círio de Nazaré }

{ Círio de Nazaré}
dossiê iphan i { Círio de Nazaré }
dossiê iphan i { Círio de Nazaré }
presidente da república Elaboração do dossiê para Biblioteca do Instituto Histórico
Luiz Inácio Lula da Silva e Geográfico/RJ
Registro do Círio de Nazaré
Basílica de Nazaré
ministro da cultura
equipe técnica iphan Cúria Metropolitana
Gilberto Gil Moreira
departamento do Coleção Particular Victorino
presidente do iphan Chermont de Miranda
patrimônio imaterial
Luiz Fernando de Almeida
Supervisão pesquisa iconográfica
chefe de gabinete Ana Cláudia Lima e Alves – gerente de registro Flávio Nassar
Thays Pessotto Zugliani Ana Gita de Oliveira – gerente de identificação Coaracy Luana do Carmo Elleres
Maria das Dores Freire – consultora Ana Carolina Sarmento Ferreira
procuradora-chefe federal,
apoio Maria Luiza Faria Nassar
interina
Fabíola Nogueira Gama Cardoso Tatiana Lima
Tereza Beatriz da Rosa Miguel
2 a superintendência regional pesquisa histórica e cronologia
diretora de patrimônio imaterial
Coordenação-geral Claudia Aline Pires
Márcia Sant’Anna
Maria Dorotéa de Lima Elielson Rodrigues da Silva
diretor de patrimônio material Gilmar Matta da Silva
e fiscalização, interino Márcio Couto Henrique
apoio administrativo
Cyro Corrêa Lyra Paulo Roberto Rodrigues Benjamin
Sirley Nascimento Santana
diretor de museus Raimundo Nonato Cardoso apoio
e centros culturais Lucimar Florêncio de Castro Arquidiocese de Belém
José do Nascimento Junior Arquivo Público do Pará
revisão e organização
dos registros audiovisuais Basílica de Nossa Senhora de Nazaré
diretora de planejamento
Nívia de Morais Brito Biblioteca Arthur Vianna
e administração
Diretoria da Festividade de Nazaré
Maria Emília Nascimento Santos
equipe externa Grêmio Literário Português
coordenadora-geral de pesquisa, Consultoria de antropologia Instituto Histórico e Geográfico
documentação e Referência Raymundo Heraldo Maués Museu da Universidade Federal do Pará
Lia Motta Museu do Círio
elaboração do texto
Márcio Couto Henrique Sol Informática
coordenadora-geral de promoção
do patrimônio cultural Maria Dorotéa de Lima
Grace Elizabeth Raymundo Heraldo Maués

superintendente regional fotografias e registros


no pará e amapá audiovisuais
Maria Dorotéa de Lima Luiz Braga
Kâmara Kó – reprodução imagens antigas
Acervo da Diretoria da
instituto do patrimônio histórico
Festividade de Nazaré
e artístico nacional
Fotos INRC/Círio – 2a SR/Iphan
SBN Quadra 2 Bloco F Edifício Central Brasília
Cep: 70040-904 Brasília – DF imagens antigas
Telefones: (61) 3414.6176, 3414.6186, 3414.6199 Museu da Universidade Federal do Pará
Faxes: (61) 3414.6126 e 3414.6198 Museu do Círio
http://www.iphan.gov.br webmaster@iphan.gov.br Arquivo Público do Pará
Inventário Nacional de Referências Edição do Dossiê Ficha Técnica Círio
Culturais do Círio de Nazaré gerente de editoração do iphan registro do círio de nossa senhora
consultoria de antropologia Ana Carmen Amorim Jara Casco de nazaré, na cidade de belém/pa
Raymundo Heraldo Maués Processo nº 01450.010332/2004-07
edição de texto
proponente:
supervisor de equipe Regina Stela Braga
Arquidiocese de Belém/PA e Diretoria da Festa do Círio
Josimar Azevedo revisão de texto data de abertura do processo:
pesquisadores Graça Mendes 17/12/2001
Elielson Rodrigues da Silva Grace Elizabeth Pedido de Registro aprovado na 44ª reunião
Gilmar Matta da Silva Regina Stela Braga do Conselho Consultivo, em 30/09/2004
Márcio Couto Henrique Inscrição no Livro de Registro das Celebrações,
projeto gráfico
Paulo Roberto Rodrigues Benjamin em 05/10/2004
Victor Burton
assistentes de pesquisa diagramação
Altina Marques de Almeida Fernanda Garcia
Joilma Alves de Castro Fernanda Mello página ¢
detalhe brinquedos
revisão de fichas fotografias que não de miriti
Carmen Sílvia Viana Trindade integram o dossiê original vendidos durante
Gilmar Matta da Silva Francisco Costa o círio. foto:
Isis Jesus Ribeiro francisco costa.
Paulo Roberto Rodrigues Benjamin parceria institucional para
a edição deste dossiê página •
inserção das informações Instituto Brasileiro de Educação detalhe vendedor
no banco de dados e Cultura – Educarte de cataventos.
Carmen Sílvia Viana Trindade foto: francisco
Isis Jesus Ribeiro agradecimentos especiais
costa.
Antonio Augusto Arantes Neto
Cristovão Fernandes Duarte
Miriam de Magdala Durço de Carvalho
Silvana Lima
Teresa Carolina Frota de Abreu
impressão
Imprinta
“Meu filho vês aquela claridade
É a cidade na escuridão
O barco singra as águas e pulsa feito um coração
Cheio de alegria
Bálsamo, bênção
O círio de Nazaré
Tu verás será menino algo pra não se esquecer
pra colar no teu caminho
feito o som de uma viola que te fez chorar baixinho
Quando vires a senhora ficarás pequenininho.” *

(*) Cf. Círios, letra de Vital Lima e Marco Aurélio. CD Canto vital, Belém, Basa, s/d.
“Meu filho vês aquela claridade
É a cidade na escuridão
O barco singra as águas e pulsa feito um coração
Cheio de alegria
Bálsamo, bênção
O círio de Nazaré
Tu verás será menino algo pra não se esquecer
pra colar no teu caminho
feito o som de uma viola que te fez chorar baixinho
Quando vires a senhora ficarás pequenininho.” *

(*) Cf. Círios, letra de Vital Lima e Marco Aurélio. CD Canto vital, Belém, Basa, s/d.
SUMÁRIO A HISTÓRIA
11 O Círio é uma parada na vida
40 Uma procissão de carros, motos
e bicicletas
O CÍRIO COMO OBJETO DE
REGISTRO
14 A promessa e o milagre 42 Procissão pelo rio 67 Registro de memória, tradição
16 Um culto popular 43 Procissão dos motoqueiros e identidade
19 Festa religiosa ou festa profana? 44 A celebração da descida 71 Elementos essenciais
22 O Primeiro Conflito: 45 Revivendo as “fugas” da imagem
a questão nazarena 46 O terço da alvorada 76 CONCLUSÃO
24 O Segundo Conflito: 47 O Círio das crianças
a questão da corda 48 Encerrando a festa 78 Notas
26 O Terceiro Conflito: 50 A festa e seu arraial
a questão dos padres e posseiros 53 Almoço do Círio, o Natal 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
do Araguaia dos paraenses
56 Um espetáculo de cultura 82 ANEXO I O Território do Círio
O CÍRIO CONTEMPORÂNEO popular
29 Lá vem vindo a procissão 57 Lá vem vindo o arrastão 84 ANEXO II Linha do Tempo
31 A corda e a berlinda 58 A festa das filhas da Chiquita
33 O milagre da barca e a marujada 60 Computadores para as
35 Nos carros, as alegorias melhores redações
36 A missa do mandato 60 Instrumentos musicais para as
37 Visitas da santa aos fiéis melhores canções
38 Traslado da imagem 61 A feira de brinquedos de miriti
para Ananindeua 62 Organização e gestão do Círio
SUMÁRIO A HISTÓRIA
11 O Círio é uma parada na vida
40 Uma procissão de carros, motos
e bicicletas
O CÍRIO COMO OBJETO DE
REGISTRO
14 A promessa e o milagre 42 Procissão pelo rio 67 Registro de memória, tradição
16 Um culto popular 43 Procissão dos motoqueiros e identidade
19 Festa religiosa ou festa profana? 44 A celebração da descida 71 Elementos essenciais
22 O Primeiro Conflito: 45 Revivendo as “fugas” da imagem
a questão nazarena 46 O terço da alvorada 76 CONCLUSÃO
24 O Segundo Conflito: 47 O Círio das crianças
a questão da corda 48 Encerrando a festa 78 Notas
26 O Terceiro Conflito: 50 A festa e seu arraial
a questão dos padres e posseiros 53 Almoço do Círio, o Natal 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
do Araguaia dos paraenses
56 Um espetáculo de cultura 82 ANEXO I O Território do Círio
O CÍRIO CONTEMPORÂNEO popular
29 Lá vem vindo a procissão 57 Lá vem vindo o arrastão 84 ANEXO II Linha do Tempo
31 A corda e a berlinda 58 A festa das filhas da Chiquita
33 O milagre da barca e a marujada 60 Computadores para as
35 Nos carros, as alegorias melhores redações
36 A missa do mandato 60 Instrumentos musicais para as
37 Visitas da santa aos fiéis melhores canções
38 Traslado da imagem 61 A feira de brinquedos de miriti
para Ananindeua 62 Organização e gestão do Círio
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 11

promesseiros
na corda.
foto: luiz braga.

página ao lado
detalhe de cartaz,
milagre de d. fuas
roupinho, ¡ª™¢,
acervo de basílico
de nazaré.

A HISTÓRIA
H á 211 anos, o estado do Pará,
mais particularmente a capital,
Belém, literalmente pára por
hoje avenida Nazaré, em Belém
do Pará, um caboclo agricultor
e caçador chamado Plácido José
ocasião do Círio de Nossa Senhora dos Santos.2 Levado pela sede,
de Nazaré. No chamado dia do O CÍRIO É acabou descobrindo entre pedras
Círio, o trânsito é interditado nas UMA PARADA cobertas de trepadeiras, às margens
ruas centrais da capital, as lojas do igarapé Murutucu (localizado
fecham, as ruas pelas quais a
NA VIDA atrás da atual Basílica de Nazaré),
procissão passa são profusamente uma espécie de nicho natural com
decoradas, janelas, portas e sacadas uma pequena imagem da Virgem
são ocupadas pelos moradores de Nazaré (a imagem, hoje tida
atentos à passagem da imagem da como a original, tem 38,5
santa. Muitos chegam até a comprar históricos. É difícil separar centímetros de altura). Plácido
roupa nova para vestir no dia o mito da história apoiada em levou-a para casa e, no dia
do Círio. Nas palavras de Angelim documentos. Sabe-se que a seguinte, ao acordar, viu que havia
Netto, “trabalha-se no Pará o ano devoção à Nossa Senhora de desaparecido. Assustado, correu
todo, sofrendo as necessidades, para Nazaré começou, no Brasil e no até o local onde a encontrara e
em outubro vestir uma roupa nova Pará, em uma localidade percebeu que a imagem havia
e almoçar como um príncipe no dia denominada Vigia (hoje sede “voltado” para o mesmo lugar.
do Círio. O Pará, sem a festa de de município) e de lá deve ter O fenômeno repetiu-se várias
Nazaré, não seria Pará”.1 atingido a capital, Belém. vezes, até que o governador da
A origem do Círio e da Festa Por volta de 1700, reza a época (a lenda não esclarece o seu
de Nazaré está envolta em lendas tradição, caminhava nas matas da nome) mandou que a imagem fosse
ou mitos, que se misturam a fatos então tortuosa estrada do Utinga, levada para a capela do Palácio do
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promesseiros
na corda.
foto: luiz braga.

página ao lado
detalhe de cartaz,
milagre de d. fuas
roupinho, ¡ª™¢,
acervo de basílico
de nazaré.

A HISTÓRIA
H á 211 anos, o estado do Pará,
mais particularmente a capital,
Belém, literalmente pára por
hoje avenida Nazaré, em Belém
do Pará, um caboclo agricultor
e caçador chamado Plácido José
ocasião do Círio de Nossa Senhora dos Santos.2 Levado pela sede,
de Nazaré. No chamado dia do O CÍRIO É acabou descobrindo entre pedras
Círio, o trânsito é interditado nas UMA PARADA cobertas de trepadeiras, às margens
ruas centrais da capital, as lojas do igarapé Murutucu (localizado
fecham, as ruas pelas quais a
NA VIDA atrás da atual Basílica de Nazaré),
procissão passa são profusamente uma espécie de nicho natural com
decoradas, janelas, portas e sacadas uma pequena imagem da Virgem
são ocupadas pelos moradores de Nazaré (a imagem, hoje tida
atentos à passagem da imagem da como a original, tem 38,5
santa. Muitos chegam até a comprar históricos. É difícil separar centímetros de altura). Plácido
roupa nova para vestir no dia o mito da história apoiada em levou-a para casa e, no dia
do Círio. Nas palavras de Angelim documentos. Sabe-se que a seguinte, ao acordar, viu que havia
Netto, “trabalha-se no Pará o ano devoção à Nossa Senhora de desaparecido. Assustado, correu
todo, sofrendo as necessidades, para Nazaré começou, no Brasil e no até o local onde a encontrara e
em outubro vestir uma roupa nova Pará, em uma localidade percebeu que a imagem havia
e almoçar como um príncipe no dia denominada Vigia (hoje sede “voltado” para o mesmo lugar.
do Círio. O Pará, sem a festa de de município) e de lá deve ter O fenômeno repetiu-se várias
Nazaré, não seria Pará”.1 atingido a capital, Belém. vezes, até que o governador da
A origem do Círio e da Festa Por volta de 1700, reza a época (a lenda não esclarece o seu
de Nazaré está envolta em lendas tradição, caminhava nas matas da nome) mandou que a imagem fosse
ou mitos, que se misturam a fatos então tortuosa estrada do Utinga, levada para a capela do Palácio do
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 12 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 13

imagem original
de nossa senhora
de nazaré, coleção
manuel barata,
ihg rio de janeiro.

página ao lado
carro do foguetes
durante a
procissão, revista
“a semana”, ¡ª™¡.

Nas peregrinações sobressaíam-se a imagem de Plácido, oficializou estético, turístico, cultural,


os círios ou velas de cera que, a devoção, colocando Belém sociológico, antropológico etc.
tal como em Portugal, depois sob a proteção de Nossa Senhora A devoção pela santa é parte
passaram a denominar a de Nazaré”.3 do cotidiano dos paraenses.
própria procissão feita em O Círio de Nazaré é um Está presente nos pequenos altares
homenagem à santa. acontecimento que envolve, domésticos, no movimentado
O primeiro bispo do Pará, direta ou indiretamente, toda a Mercado do Ver-o-Peso, nas
Dom Bartolomeu do Pilar população paraense, estendendo bancas de peixe, nos
(que esteve à frente do bispado sua influência para além dos supermercados, em bancos,
do Pará entre 1721 e 1723), visitou limites do estado do Pará. Apesar instituições governamentais e
a modesta ermida da santa e da existência de Círios de Nazaré meios de comunicação. Nossa
incentivou a devoção iniciada pelo em outros municípios do Pará Senhora de Nazaré chega a ser
caboclo Plácido. Entre 1730 e 1774 e mesmo em outros estados do chamada carinhosamente por
Governo, onde ficou guardada através da estrada: a santa “viva” cidade que, de curiosos, passaram construiu-se outra ermida. Para o Brasil, nenhum deles possui a muitos devotos de “Tia Naza” ou
pelos soldados, que passaram a novamente se locomovera por seus a engrossar as fileiras dos devotos antropólogo Raymundo Heraldo amplitude que o Círio de Nazaré mesmo “Nazica”, o que evidencia
noite em vigília, para impedir que próprios meios. da santa milagrosa. A cada ano Maués, a aproximação das alcança em Belém, configurando-o a relação direta estabelecida entre
alguém ali penetrasse ou de lá Para atender aos desejos da aumentava o número dos que iam autoridades religiosas da devoção como um dos fenômenos religiosos o devoto e a Virgem, fenômeno
saísse. Mas, no dia seguinte, santa, Plácido resolveu então até a cabana do caboclo a fim de à Virgem de Nazaré em Belém – mais importantes do Brasil. recorrente nas devoções populares
a santa foi de novo encontrada às construir uma pequena ermida ofertarem ex-votos – objetos de cera e também em Vigia – marcaria Assim, o Círio de Nossa Senhora no Brasil.
margens do igarapé, no mesmo para abrigar a imagem. A notícia representando membros do corpo “o início do controle eclesiástico de Nazaré, em Belém do Pará,
lugar para onde sempre retornava, do “milagre” espalhou-se humano, muletas ou retratos, sobre essa devoção popular, que se é muito mais do que um mero
com gotas de orvalho e rapidamente, atraindo para a forma utilizada pelos fiéis para acentuou em 1793, quando o fenômeno religioso, podendo ser
carrapichos presos a seu manto, palhoça do caboclo os lenhadores demonstrar o reconhecimento por quinto bispo do Pará, Dom João observado e compreendido sob
numa “prova” da longa caminhada seus vizinhos e os habitantes da graças alcançadas – aos pés do altar. Evangelista, que também visitou diversos pontos de vista: religioso,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 12 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 13

imagem original
de nossa senhora
de nazaré, coleção
manuel barata,
ihg rio de janeiro.

página ao lado
carro do foguetes
durante a
procissão, revista
“a semana”, ¡ª™¡.

Nas peregrinações sobressaíam-se a imagem de Plácido, oficializou estético, turístico, cultural,


os círios ou velas de cera que, a devoção, colocando Belém sociológico, antropológico etc.
tal como em Portugal, depois sob a proteção de Nossa Senhora A devoção pela santa é parte
passaram a denominar a de Nazaré”.3 do cotidiano dos paraenses.
própria procissão feita em O Círio de Nazaré é um Está presente nos pequenos altares
homenagem à santa. acontecimento que envolve, domésticos, no movimentado
O primeiro bispo do Pará, direta ou indiretamente, toda a Mercado do Ver-o-Peso, nas
Dom Bartolomeu do Pilar população paraense, estendendo bancas de peixe, nos
(que esteve à frente do bispado sua influência para além dos supermercados, em bancos,
do Pará entre 1721 e 1723), visitou limites do estado do Pará. Apesar instituições governamentais e
a modesta ermida da santa e da existência de Círios de Nazaré meios de comunicação. Nossa
incentivou a devoção iniciada pelo em outros municípios do Pará Senhora de Nazaré chega a ser
caboclo Plácido. Entre 1730 e 1774 e mesmo em outros estados do chamada carinhosamente por
Governo, onde ficou guardada através da estrada: a santa “viva” cidade que, de curiosos, passaram construiu-se outra ermida. Para o Brasil, nenhum deles possui a muitos devotos de “Tia Naza” ou
pelos soldados, que passaram a novamente se locomovera por seus a engrossar as fileiras dos devotos antropólogo Raymundo Heraldo amplitude que o Círio de Nazaré mesmo “Nazica”, o que evidencia
noite em vigília, para impedir que próprios meios. da santa milagrosa. A cada ano Maués, a aproximação das alcança em Belém, configurando-o a relação direta estabelecida entre
alguém ali penetrasse ou de lá Para atender aos desejos da aumentava o número dos que iam autoridades religiosas da devoção como um dos fenômenos religiosos o devoto e a Virgem, fenômeno
saísse. Mas, no dia seguinte, santa, Plácido resolveu então até a cabana do caboclo a fim de à Virgem de Nazaré em Belém – mais importantes do Brasil. recorrente nas devoções populares
a santa foi de novo encontrada às construir uma pequena ermida ofertarem ex-votos – objetos de cera e também em Vigia – marcaria Assim, o Círio de Nossa Senhora no Brasil.
margens do igarapé, no mesmo para abrigar a imagem. A notícia representando membros do corpo “o início do controle eclesiástico de Nazaré, em Belém do Pará,
lugar para onde sempre retornava, do “milagre” espalhou-se humano, muletas ou retratos, sobre essa devoção popular, que se é muito mais do que um mero
com gotas de orvalho e rapidamente, atraindo para a forma utilizada pelos fiéis para acentuou em 1793, quando o fenômeno religioso, podendo ser
carrapichos presos a seu manto, palhoça do caboclo os lenhadores demonstrar o reconhecimento por quinto bispo do Pará, Dom João observado e compreendido sob
numa “prova” da longa caminhada seus vizinhos e os habitantes da graças alcançadas – aos pés do altar. Evangelista, que também visitou diversos pontos de vista: religioso,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 14 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 15

fiel com réplica da berlinda modernosa,


berlinda na cabeça. coleção
foto: vicente salles,
francisco costa. museu da ufpa.

De origem portuguesa, a abismo por intercessão de Nossa presidente da província ocorreram O primeiro Círio foi acompanhado presidente da província inaugurou
devoção a Nossa Senhora de Nazaré Senhora de Nazaré. O fidalgo, no mesmo ano, o que demonstra por quase dois mil soldados, além a feira que mandara montar
tem uma longa história. Diz-se em agradecido, passou a propagar a um indício da popularidade da população civil de Belém e do no arraial. Foi também lançada,
Portugal que a imagem que deu devoção em Portugal. da devoção à imagem, bem como interior da província. solenemente, a pedra fundamental
origem a esse culto foi esculpida A primeira “parada na vida” evidencia a preocupação dos Participavam ainda do cortejo, da igreja de pedra e cal que deveria
A PROMESSA E por São José, tendo a própria dos paraenses proporcionada pelo poderes instituídos, Estado além do presidente da província, ser erguida no lugar da ermida,
O MILAGRE Virgem por modelo, e teria sido Círio de Nazaré ocorreu em 1793. e Igreja, no sentido de exercer os vereadores da Câmara e o vigário sob a responsabilidade
pintada por São Lucas. Depois de Dois anos antes, o então presidente o controle sobre ela. Alvo das geral, substituindo o bispo, que da irmandade de Nossa Senhora
muitas idas e vindas, nos primeiros da Província do Pará, Francisco de atenções e dos interesses da Coroa viajara para Portugal. À frente, de Nazaré.5 Esse primeiro Círio
anos do cristianismo, esta imagem Sousa Coutinho, ávido por e da Igreja, a devoção popular desfilava um esquadrão de revivia a lenda: a imagem da santa,
chegou às mãos de São Jerônimo e fomentar o comércio regional à Nossa Senhora de Nazaré cavalaria com seus clarins, levada na véspera para a capela
de Santo Agostinho, tendo ido paraense, resolveu organizar uma caminhava para uma futura anunciando ao povo a aproximação do Palácio do Governo, refazia seu

E timologicamente, a expressão
“círio”, do latim cereus,
significa uma grande vela de cera.
parar na Península Ibérica e depois
nas mãos do monge Romano e do
rei Rodrigo, dos visigodos,
grande feira na qual os produtos
agrícolas e extrativistas de toda a
província seriam expostos e
institucionalização.
Em junho de 1793, pouco antes
da feira, o presidente da província
do cortejo. Ao centro, fidalgos
a cavalo formavam alas, entre as
quais desfilavam as grandes damas
caminho mítico, no dia seguinte,
até o local do primitivo achado.
Ainda hoje esse movimento de ir
Em Portugal, os círios derrotado pelos mouros na batalha comercializados. Estrategicamente, adoeceu e fez uma promessa: locais, sentadas nas almofadas de e vir da imagem da santa repete-se
representavam um ajuntamento de de Guadalete. Abandonada numa Sousa Coutinho determinou que se recuperasse a saúde e pudesse seus palanquins. nas procissões da trasladação e do
pessoas que se organizavam para, gruta pelo rei fugitivo, a imagem a feira deveria ocorrer no final inaugurar a grande feira, levaria a Naquele primeiro Círio Círio, a primeira antecedendo a
em romaria, ir ao Santuário de ficou perdida durante séculos, do segundo semestre de 1793, imagem até o palácio do governo a imagem da santa foi transportada segunda, do mesmo modo que foi
Nossa Senhora de Nazaré. até ser encontrada por pastores, na mesma época em que os e, de lá, esta seria conduzida, em no colo do vigário geral, em um realizado por Souza Coutinho.
Posteriormente, as velas de cera ou reavivando-se o seu culto a partir devotos costumavam homenagear procissão, de volta à igrejinha. carro puxado por juntas de bois,
círios levados pelos romeiros nessas do século xii, depois do famoso a Virgem de Nazaré. Sousa Coutinho se recuperou e, como se fazia em Portugal. Quando
peregrinações passaram a milagre de D. Fuas Roupinho, A oficialização da devoção pela no dia 8 de setembro de 1793, o cortejo chegou à ermida da santa,
denominar a própria romaria.4 fidalgo português salvo de cair num Igreja e a feira organizada pelo cumpriu a promessa feita. foi rezada uma missa, após o que o
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 14 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 15

fiel com réplica da berlinda modernosa,


berlinda na cabeça. coleção
foto: vicente salles,
francisco costa. museu da ufpa.

De origem portuguesa, a abismo por intercessão de Nossa presidente da província ocorreram O primeiro Círio foi acompanhado presidente da província inaugurou
devoção a Nossa Senhora de Nazaré Senhora de Nazaré. O fidalgo, no mesmo ano, o que demonstra por quase dois mil soldados, além a feira que mandara montar
tem uma longa história. Diz-se em agradecido, passou a propagar a um indício da popularidade da população civil de Belém e do no arraial. Foi também lançada,
Portugal que a imagem que deu devoção em Portugal. da devoção à imagem, bem como interior da província. solenemente, a pedra fundamental
origem a esse culto foi esculpida A primeira “parada na vida” evidencia a preocupação dos Participavam ainda do cortejo, da igreja de pedra e cal que deveria
A PROMESSA E por São José, tendo a própria dos paraenses proporcionada pelo poderes instituídos, Estado além do presidente da província, ser erguida no lugar da ermida,
O MILAGRE Virgem por modelo, e teria sido Círio de Nazaré ocorreu em 1793. e Igreja, no sentido de exercer os vereadores da Câmara e o vigário sob a responsabilidade
pintada por São Lucas. Depois de Dois anos antes, o então presidente o controle sobre ela. Alvo das geral, substituindo o bispo, que da irmandade de Nossa Senhora
muitas idas e vindas, nos primeiros da Província do Pará, Francisco de atenções e dos interesses da Coroa viajara para Portugal. À frente, de Nazaré.5 Esse primeiro Círio
anos do cristianismo, esta imagem Sousa Coutinho, ávido por e da Igreja, a devoção popular desfilava um esquadrão de revivia a lenda: a imagem da santa,
chegou às mãos de São Jerônimo e fomentar o comércio regional à Nossa Senhora de Nazaré cavalaria com seus clarins, levada na véspera para a capela
de Santo Agostinho, tendo ido paraense, resolveu organizar uma caminhava para uma futura anunciando ao povo a aproximação do Palácio do Governo, refazia seu

E timologicamente, a expressão
“círio”, do latim cereus,
significa uma grande vela de cera.
parar na Península Ibérica e depois
nas mãos do monge Romano e do
rei Rodrigo, dos visigodos,
grande feira na qual os produtos
agrícolas e extrativistas de toda a
província seriam expostos e
institucionalização.
Em junho de 1793, pouco antes
da feira, o presidente da província
do cortejo. Ao centro, fidalgos
a cavalo formavam alas, entre as
quais desfilavam as grandes damas
caminho mítico, no dia seguinte,
até o local do primitivo achado.
Ainda hoje esse movimento de ir
Em Portugal, os círios derrotado pelos mouros na batalha comercializados. Estrategicamente, adoeceu e fez uma promessa: locais, sentadas nas almofadas de e vir da imagem da santa repete-se
representavam um ajuntamento de de Guadalete. Abandonada numa Sousa Coutinho determinou que se recuperasse a saúde e pudesse seus palanquins. nas procissões da trasladação e do
pessoas que se organizavam para, gruta pelo rei fugitivo, a imagem a feira deveria ocorrer no final inaugurar a grande feira, levaria a Naquele primeiro Círio Círio, a primeira antecedendo a
em romaria, ir ao Santuário de ficou perdida durante séculos, do segundo semestre de 1793, imagem até o palácio do governo a imagem da santa foi transportada segunda, do mesmo modo que foi
Nossa Senhora de Nazaré. até ser encontrada por pastores, na mesma época em que os e, de lá, esta seria conduzida, em no colo do vigário geral, em um realizado por Souza Coutinho.
Posteriormente, as velas de cera ou reavivando-se o seu culto a partir devotos costumavam homenagear procissão, de volta à igrejinha. carro puxado por juntas de bois,
círios levados pelos romeiros nessas do século xii, depois do famoso a Virgem de Nazaré. Sousa Coutinho se recuperou e, como se fazia em Portugal. Quando
peregrinações passaram a milagre de D. Fuas Roupinho, A oficialização da devoção pela no dia 8 de setembro de 1793, o cortejo chegou à ermida da santa,
denominar a própria romaria.4 fidalgo português salvo de cair num Igreja e a feira organizada pelo cumpriu a promessa feita. foi rezada uma missa, após o que o
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 16 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 17

promesseiros fiel com pedaço da


na corda. foto: corda no final
francisco costa da procissão. foto:
francisco costa.

A origem dos fogos no cortejo


parece ser mais antiga do que
a alegoria do castelo medieval que
resolveu suprimir esse carro. Mas a
presença dos fogos de artifício nos
círios é algo essencial e faz parte das
mestiços de todos os cruzamentos,
modificando a fisionomia das ruas
da capital. Nas barracas de palha
passou a ser mais tarde o carro dos homenagens que a santa recebe organizadas pelo presidente da
fogos, em substituição aos clarins de durante a realização do préstito. província podia-se encontrar,
UM CULTO cavalaria. Tanto os clarins, como os Apesar de a motivação do Círio para a alegria dos comerciantes,
POPULAR fogos, tinham a finalidade explícita de Nazaré ter tido inicialmente um cacau, baunilha, guaraná,
de anunciar ao povo, que a cunho institucional, tendo sido urucu, tabaco, pirarucu salgado,
aguardava, a aproximação da utilizada pelos poderes constituídos além de utensílios da cultura
romaria e, ao mesmo tempo, como forma de afirmar seu poder, material indígena.7
servir de guia aos que conduziam de desfilar sua autoridade, nunca A relação entre Círio e
a berlinda, quanto ao adiantamento deixou de expressar os diferentes comércio é bem antiga. No século
da vanguarda da procissão. Fazendo segmentos que compõem a xix, a proximidade do Círio proporciona a qualquer de tintas finas vindas da Europa,
uma analogia com os préstitos sociedade. Ao longo dos anos, aumentava a procura por fogos, Irmandade, de poder comprar cera apropriadas para retoque de
carnavalescos, era também uma índios, negros, brancos, mulatos velas, tecidos e outros adereços, legítima por preços mais cômodos retratos e encarnação (pintura) dos
espécie de “abre-alas” ou “comissão e outros mestiços elaboram o que não passava despercebido do que os de Lisboa”. Na fábrica de santos. Manoel da Costa Val, com
de frente”. estratégias para impregnar o ritual pelos comerciantes da época, que cera, os devotos poderiam encontrar sua oficina de batineiro e alfaiate,
O carro dos fogos foi introduzido de representações de sua cultura aproveitavam a oportunidade para velas de todos os tamanhos, além atendia ao clero com “fazendas
no Círio de Belém no ano de 1826, específica, de significados muitas aumentar seus lucros graças ao de ex-votos (reproduções em cera próprias para batinas e outros
pelo presidente da província do vezes alheios a políticos e padres. fervor religioso dos devotos. Nesse de órgãos do corpo humano ou de misteres sacerdotais”8.
Pará, Félix Pereira Burgos.6 Segundo Arthur Vianna, dos sentido, Fonseca Coutinho e Cia. objetos que são oferecidos em Desde o início era íntima
Em 1983, sob a alegação de que os longínquos sertões da província procuravam convencer os devotos agradecimento a um milagre a relação entre os negócios da fé
fogos de artifício causavam muitos do Pará vieram, para o primeiro da importância de sua fábrica de ocorrido) de todos os feitios. e os negócios do comércio no Círio
acidentes, a diretoria da festividade Círio, índios de diversos grupos, cera “pelos meios que doravante Na loja havia grande sortimento de Nazaré. A preocupação das
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 16 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 17

promesseiros fiel com pedaço da


na corda. foto: corda no final
francisco costa da procissão. foto:
francisco costa.

A origem dos fogos no cortejo


parece ser mais antiga do que
a alegoria do castelo medieval que
resolveu suprimir esse carro. Mas a
presença dos fogos de artifício nos
círios é algo essencial e faz parte das
mestiços de todos os cruzamentos,
modificando a fisionomia das ruas
da capital. Nas barracas de palha
passou a ser mais tarde o carro dos homenagens que a santa recebe organizadas pelo presidente da
fogos, em substituição aos clarins de durante a realização do préstito. província podia-se encontrar,
UM CULTO cavalaria. Tanto os clarins, como os Apesar de a motivação do Círio para a alegria dos comerciantes,
POPULAR fogos, tinham a finalidade explícita de Nazaré ter tido inicialmente um cacau, baunilha, guaraná,
de anunciar ao povo, que a cunho institucional, tendo sido urucu, tabaco, pirarucu salgado,
aguardava, a aproximação da utilizada pelos poderes constituídos além de utensílios da cultura
romaria e, ao mesmo tempo, como forma de afirmar seu poder, material indígena.7
servir de guia aos que conduziam de desfilar sua autoridade, nunca A relação entre Círio e
a berlinda, quanto ao adiantamento deixou de expressar os diferentes comércio é bem antiga. No século
da vanguarda da procissão. Fazendo segmentos que compõem a xix, a proximidade do Círio proporciona a qualquer de tintas finas vindas da Europa,
uma analogia com os préstitos sociedade. Ao longo dos anos, aumentava a procura por fogos, Irmandade, de poder comprar cera apropriadas para retoque de
carnavalescos, era também uma índios, negros, brancos, mulatos velas, tecidos e outros adereços, legítima por preços mais cômodos retratos e encarnação (pintura) dos
espécie de “abre-alas” ou “comissão e outros mestiços elaboram o que não passava despercebido do que os de Lisboa”. Na fábrica de santos. Manoel da Costa Val, com
de frente”. estratégias para impregnar o ritual pelos comerciantes da época, que cera, os devotos poderiam encontrar sua oficina de batineiro e alfaiate,
O carro dos fogos foi introduzido de representações de sua cultura aproveitavam a oportunidade para velas de todos os tamanhos, além atendia ao clero com “fazendas
no Círio de Belém no ano de 1826, específica, de significados muitas aumentar seus lucros graças ao de ex-votos (reproduções em cera próprias para batinas e outros
pelo presidente da província do vezes alheios a políticos e padres. fervor religioso dos devotos. Nesse de órgãos do corpo humano ou de misteres sacerdotais”8.
Pará, Félix Pereira Burgos.6 Segundo Arthur Vianna, dos sentido, Fonseca Coutinho e Cia. objetos que são oferecidos em Desde o início era íntima
Em 1983, sob a alegação de que os longínquos sertões da província procuravam convencer os devotos agradecimento a um milagre a relação entre os negócios da fé
fogos de artifício causavam muitos do Pará vieram, para o primeiro da importância de sua fábrica de ocorrido) de todos os feitios. e os negócios do comércio no Círio
acidentes, a diretoria da festividade Círio, índios de diversos grupos, cera “pelos meios que doravante Na loja havia grande sortimento de Nazaré. A preocupação das
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 18 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 19

a emoção dos fiéis a procissão na


diante da imagem de doca do ver-o-peso.
nossa senhora foto:
de nazaré. foto: francisco costa.
francisco costa FESTA
RELIGIOSA
OU
FESTA
PROFANA?

autoridades constituídas com


a moralidade que deveria
acompanhar os devotos e
desde o início, mas se impôs por
si mesmo, graças à decisiva
participação popular e à recusa
preferindo a simples ermida
construída por Plácido, onde
poderia dedicar sua atenção a todos
D eve-se entender os elementos
do sagrado e do profano
que marcam o Círio de Nazaré
comerciantes em todo o evento dos devotos em transformar sua os devotos. como fruto de uma relação e não
sempre foi grande. Ao anunciar principal manifestação religiosa A própria condição humilde como elementos opostos.
a feira de produtos regionais, em “ciriódromo”, com hora e popular dos dois primeiros A fronteira entre um e outro é,
o presidente da província certa de saída e tempo exato de guardiões dessa imagem, o caboclo muitas vezes, quase imperceptível.
recomendava que os diretores da chegada, na curiosa expressão Plácido e o devoto Antônio Os conflitos oriundos desta relação
província só permitissem a vinda de Flávio Nassar.10 Agostinho11, ambos pobres e não fazem mais do que demonstrar
de índias solteiras se acompanhadas Contribuíram para esta mestiços, contribuiu para formas diferenciadas de conceber
de seus pais, e das casadas, em popularidade as muitas lendas a popularização do culto. Quando a religiosidade entre devotos e
companhia dos maridos.9 em torno da imagem da santa da realização do primeiro Círio, clérigos. Não podem ser
Outro aspecto que marca (seu achado na mata por um a imagem estava sob a guarda de esquecidas, ainda, as motivações
também o Círio de Nazaré desde simples caçador, suas “fugas” etc.), Antonio Agostinho, posto que e oportunidades profanas que a
suas origens é a sua extrema bem como os muitos milagres que Plácido já havia morrido. Por festividade proporciona, como
popularidade. Apesar da iniciativa lhe são atribuídos. É como se a outro lado, não se pode negar espaço de sociabilidade. Muitos
de o primeiro Círio ter partido de atitude da própria imagem que a pompa e o caráter oficial que noivados e casamentos começaram
um governante, historicamente a simbolizasse o espaço de depois passou a ter a procissão nas festas do arraial, já que os pais
procissão representa o predomínio transgressão que marcaria o Círio também contribuíram para o maior aproveitavam o Círio para
de uma romaria de origem popular ao longo de sua história. Afinal, esplendor da festa, atraindo ainda apresentar a beleza de suas donzelas
sobre as fórmulas tradicionais de a própria santa teria se recusado a mais a multidão de devotos. e o vigor dos filhos moços.
origem oficial. O Círio de Nazaré ficar encarcerada no ostentoso O Círio também sempre
não se firmou em função do palácio do governo, cumprindo representou tempo de mesa farta,
prestígio oficial que o cercou ordens do presidente da província, de bebida abundante, ocasião para
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 18 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 19

a emoção dos fiéis a procissão na


diante da imagem de doca do ver-o-peso.
nossa senhora foto:
de nazaré. foto: francisco costa.
francisco costa FESTA
RELIGIOSA
OU
FESTA
PROFANA?

autoridades constituídas com


a moralidade que deveria
acompanhar os devotos e
desde o início, mas se impôs por
si mesmo, graças à decisiva
participação popular e à recusa
preferindo a simples ermida
construída por Plácido, onde
poderia dedicar sua atenção a todos
D eve-se entender os elementos
do sagrado e do profano
que marcam o Círio de Nazaré
comerciantes em todo o evento dos devotos em transformar sua os devotos. como fruto de uma relação e não
sempre foi grande. Ao anunciar principal manifestação religiosa A própria condição humilde como elementos opostos.
a feira de produtos regionais, em “ciriódromo”, com hora e popular dos dois primeiros A fronteira entre um e outro é,
o presidente da província certa de saída e tempo exato de guardiões dessa imagem, o caboclo muitas vezes, quase imperceptível.
recomendava que os diretores da chegada, na curiosa expressão Plácido e o devoto Antônio Os conflitos oriundos desta relação
província só permitissem a vinda de Flávio Nassar.10 Agostinho11, ambos pobres e não fazem mais do que demonstrar
de índias solteiras se acompanhadas Contribuíram para esta mestiços, contribuiu para formas diferenciadas de conceber
de seus pais, e das casadas, em popularidade as muitas lendas a popularização do culto. Quando a religiosidade entre devotos e
companhia dos maridos.9 em torno da imagem da santa da realização do primeiro Círio, clérigos. Não podem ser
Outro aspecto que marca (seu achado na mata por um a imagem estava sob a guarda de esquecidas, ainda, as motivações
também o Círio de Nazaré desde simples caçador, suas “fugas” etc.), Antonio Agostinho, posto que e oportunidades profanas que a
suas origens é a sua extrema bem como os muitos milagres que Plácido já havia morrido. Por festividade proporciona, como
popularidade. Apesar da iniciativa lhe são atribuídos. É como se a outro lado, não se pode negar espaço de sociabilidade. Muitos
de o primeiro Círio ter partido de atitude da própria imagem que a pompa e o caráter oficial que noivados e casamentos começaram
um governante, historicamente a simbolizasse o espaço de depois passou a ter a procissão nas festas do arraial, já que os pais
procissão representa o predomínio transgressão que marcaria o Círio também contribuíram para o maior aproveitavam o Círio para
de uma romaria de origem popular ao longo de sua história. Afinal, esplendor da festa, atraindo ainda apresentar a beleza de suas donzelas
sobre as fórmulas tradicionais de a própria santa teria se recusado a mais a multidão de devotos. e o vigor dos filhos moços.
origem oficial. O Círio de Nazaré ficar encarcerada no ostentoso O Círio também sempre
não se firmou em função do palácio do governo, cumprindo representou tempo de mesa farta,
prestígio oficial que o cercou ordens do presidente da província, de bebida abundante, ocasião para
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 20 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 21

detalhe brinquedo detalhe banca de


de miriti. foto: venda de brinquedos
francisco costa. de miriti. foto:
francisco costa.

jogos de azar e brinquedos no Ao longo do tempo, o Círio de da província Justino Ferreira Uma única vez, em 1891, o Círio da Irmandade de Nazaré, adotando- Também em 1855 irrompera
parque de diversões. A própria Nazaré, em Belém, sofreu diversas decidiram que a procissão sairia saiu da igreja de Santo Alexandre, se também outras medidas que em Belém a epidemia de cólera,
festividade funcionou modificações: quanto à data e ao não mais do palácio do governo, também localizada na praça da Sé.14 restringiam o uso de carros, cavalos trazida pela galera Defensor, vinda
originariamente como feira de horário de realização; e quanto à mas da Catedral da Sé. Nos primeiros círios realizados e foguetes no cortejo. de Portugal com 304 passageiros,
produtos regionais. Em suma, organização do cortejo, ao qual Dom Macedo Costa foi um em Belém a imagem da santa era Estas medidas, que agradaram sendo que 36 destes morreram na
a festa também faz parte da foram agregados diversos elementos árduo defensor do fim do regime conduzida no colo dos bispos, à maioria do povo, provocaram, travessia. Os doentes caíam nas ruas
homenagem dos devotos à santa, novos e alegorias, embora seu do padroado, que colocava a Igreja sendo mais tarde introduzida a porém, certo descontentamento e nas igrejas, famílias inteiras
já que, além de lhes agraciar com o itinerário tenha se mantido sem Católica sob os auspícios da berlinda, no interior da qual ficava entre pessoas abastadas, pois eram contaminadas. A epidemia
milagre, ela ainda os brinda com grandes alterações. No início, monarquia portuguesa, e também a imagem, que era transportada significavam simplificação e grassava sem poupar uma casa;
música, dança, espetáculo.12 não havia data certa para a festa, um ferrenho lutador contra num carro puxado por juntas de “empobrecimento” da procissão. as embarcações ficavam ao léu,
O Círio é uma procissão podendo esta ser realizada em a autonomia dos devotos do bois. Em certos anos, quando o Mais tarde surgiriam muitas pois tripulações eram dizimadas;
especial, que não aparece em todas setembro, outubro ou novembro. catolicismo popular. Estes fatores Círio percorria a área do mercado polêmicas por causa da corda, o comércio fechava as portas.
as festas de santos. Em suas A romaria era vespertina e até podem tê-lo motivado a transferir Ver-o-Peso, havia dificuldade para que um bispo da primeira metade O bispo Dom José Afonso de
origens lusitanas, já no século mesmo noturna, daí o uso de velas. a saída da procissão para a Catedral o carro passar por causa da água do século xx – Dom Irineu Joffily – Moraes Torres promoveu orações,
xviii, os círios apresentavam A partir de 1854, em função das da Sé, favorecendo seu controle que transbordava da baía, tentou suprimir, provocando uma recitações de terços, bênçãos do
mais um caráter de espetáculo, chuvas que comprometeram o Círio sobre ela. Em 1901, o bispo inundando e enlameando a rua, grande reação popular. Depois, a Santíssimo, recomendando sempre
organizados por corporações no ano anterior, a procissão passou Dom Francisco do Rêgo Maia fixou que não possuía calçamento. corda perdeu a finalidade inicial, a confiança em Nossa Senhora
religiosas que, em setembro, a ser realizada no horário matinal. o segundo domingo de outubro Por isto surgiu a idéia, em 1855, passando a ser utilizada somente de Nazaré, celebrada mais uma vez
durante a festa anual da santa, Entre 1793, data do primeiro como a data oficial do Círio. de passar uma grande corda em para separar o “núcleo estruturado”, naquele ano, apesar da epidemia,
dirigiam-se à vila de Nazaré. Círio, e 1882, o cortejo saía do No ano de 1973, quando era volta da berlinda, para que o povo no qual iam a berlinda, as autoridades que só seria debelada alguns meses
Na ocasião do desfile dos círios, palácio do governo. Em 1882, governador do Pará o engenheiro pudesse ajudar a puxá-la, a fim de e os convidados, da “massa depois, em fevereiro de 1856.16
o povo se juntava para apreciar sua o bispo Dom Macedo Costa (que Fernando Guilhon, o Círio saiu que o carro transpusesse melhor o indiferenciada” que acompanhava
passagem, em meio ao repique dos esteve à frente do bispado do Pará novamente da Capela do Palácio, atoleiro. Somente 13 anos depois o Círio.15 Hoje, até mesmo essa
sinos e ao foguetório.13 entre 1861 e 1890) e o presidente que havia sido restaurada. a corda foi oficializada pela diretoria função da corda desapareceu.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 20 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 21

detalhe brinquedo detalhe banca de


de miriti. foto: venda de brinquedos
francisco costa. de miriti. foto:
francisco costa.

jogos de azar e brinquedos no Ao longo do tempo, o Círio de da província Justino Ferreira Uma única vez, em 1891, o Círio da Irmandade de Nazaré, adotando- Também em 1855 irrompera
parque de diversões. A própria Nazaré, em Belém, sofreu diversas decidiram que a procissão sairia saiu da igreja de Santo Alexandre, se também outras medidas que em Belém a epidemia de cólera,
festividade funcionou modificações: quanto à data e ao não mais do palácio do governo, também localizada na praça da Sé.14 restringiam o uso de carros, cavalos trazida pela galera Defensor, vinda
originariamente como feira de horário de realização; e quanto à mas da Catedral da Sé. Nos primeiros círios realizados e foguetes no cortejo. de Portugal com 304 passageiros,
produtos regionais. Em suma, organização do cortejo, ao qual Dom Macedo Costa foi um em Belém a imagem da santa era Estas medidas, que agradaram sendo que 36 destes morreram na
a festa também faz parte da foram agregados diversos elementos árduo defensor do fim do regime conduzida no colo dos bispos, à maioria do povo, provocaram, travessia. Os doentes caíam nas ruas
homenagem dos devotos à santa, novos e alegorias, embora seu do padroado, que colocava a Igreja sendo mais tarde introduzida a porém, certo descontentamento e nas igrejas, famílias inteiras
já que, além de lhes agraciar com o itinerário tenha se mantido sem Católica sob os auspícios da berlinda, no interior da qual ficava entre pessoas abastadas, pois eram contaminadas. A epidemia
milagre, ela ainda os brinda com grandes alterações. No início, monarquia portuguesa, e também a imagem, que era transportada significavam simplificação e grassava sem poupar uma casa;
música, dança, espetáculo.12 não havia data certa para a festa, um ferrenho lutador contra num carro puxado por juntas de “empobrecimento” da procissão. as embarcações ficavam ao léu,
O Círio é uma procissão podendo esta ser realizada em a autonomia dos devotos do bois. Em certos anos, quando o Mais tarde surgiriam muitas pois tripulações eram dizimadas;
especial, que não aparece em todas setembro, outubro ou novembro. catolicismo popular. Estes fatores Círio percorria a área do mercado polêmicas por causa da corda, o comércio fechava as portas.
as festas de santos. Em suas A romaria era vespertina e até podem tê-lo motivado a transferir Ver-o-Peso, havia dificuldade para que um bispo da primeira metade O bispo Dom José Afonso de
origens lusitanas, já no século mesmo noturna, daí o uso de velas. a saída da procissão para a Catedral o carro passar por causa da água do século xx – Dom Irineu Joffily – Moraes Torres promoveu orações,
xviii, os círios apresentavam A partir de 1854, em função das da Sé, favorecendo seu controle que transbordava da baía, tentou suprimir, provocando uma recitações de terços, bênçãos do
mais um caráter de espetáculo, chuvas que comprometeram o Círio sobre ela. Em 1901, o bispo inundando e enlameando a rua, grande reação popular. Depois, a Santíssimo, recomendando sempre
organizados por corporações no ano anterior, a procissão passou Dom Francisco do Rêgo Maia fixou que não possuía calçamento. corda perdeu a finalidade inicial, a confiança em Nossa Senhora
religiosas que, em setembro, a ser realizada no horário matinal. o segundo domingo de outubro Por isto surgiu a idéia, em 1855, passando a ser utilizada somente de Nazaré, celebrada mais uma vez
durante a festa anual da santa, Entre 1793, data do primeiro como a data oficial do Círio. de passar uma grande corda em para separar o “núcleo estruturado”, naquele ano, apesar da epidemia,
dirigiam-se à vila de Nazaré. Círio, e 1882, o cortejo saía do No ano de 1973, quando era volta da berlinda, para que o povo no qual iam a berlinda, as autoridades que só seria debelada alguns meses
Na ocasião do desfile dos círios, palácio do governo. Em 1882, governador do Pará o engenheiro pudesse ajudar a puxá-la, a fim de e os convidados, da “massa depois, em fevereiro de 1856.16
o povo se juntava para apreciar sua o bispo Dom Macedo Costa (que Fernando Guilhon, o Círio saiu que o carro transpusesse melhor o indiferenciada” que acompanhava
passagem, em meio ao repique dos esteve à frente do bispado do Pará novamente da Capela do Palácio, atoleiro. Somente 13 anos depois o Círio.15 Hoje, até mesmo essa
sinos e ao foguetório.13 entre 1861 e 1890) e o presidente que havia sido restaurada. a corda foi oficializada pela diretoria função da corda desapareceu.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 22 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 23

procissão do
círio no largo
de sant’ana,
acervo imgb -
rio de janeiro.
O PRIMEIRO
CONFLITO: abaixo:
construção da
A QUESTÃO basílica de nazaré.

NAZARENA

N o final do século xix o Diário


de Belém fez uma denúncia que
teve grande repercussão, dando
abriu por conta própria a porta
da ermida, apoderando-se dos
instrumentos de celebração,
foram também realizados dois
círios civis, em 1878 e 1879,
sem a participação do clero e das
as relações entre Igreja e Estado,
bem como entre Igreja e adeptos do
catolicismo popular. O objetivo era
inicio à chamada questão nazarena. acendendo velas e lustres, tocando autoridades religiosas. sintonizar a Igreja brasileira com as
Segundo o jornal, numa das noites os sinos, para em seguida entoar, A questão chegou a repercutir diretrizes da Santa Sé, situada em
do arraial da santa foram “com todo o recolhimento, uma no Senado do Império, Roma, daí o termo romanização.19
apresentados quadros com ladainha que era acompanhada por provocando debates inflamados. O episódio ilustra uma
“representações indecorosas” grande número de pessoas, O governo provincial, a princípio, das situações de aliança, oposição
(mulheres despidas). A reação das ajoelhadas até na rua”17. deu todo apoio à irmandade, e conciliação entre Igreja e Estado,
autoridades religiosas veio rápida. A questão nazarena prolongou- desconsiderando, de várias formas, em relação aos interesses religiosos
Em outubro de 1877, o bispo do se até o ano de 1880, envolvendo a autoridade religiosa. O impasse, dos leigos (estes mesmos
Pará, Dom Antônio de Macedo uma disputa entre a autoridade entretanto, chegou ao fim pela diferenciados, por sua condição
Costa, suspendeu as funções eclesiástica e a Irmandade de Nossa mediação do próprio presidente um crescente distanciamento de classe e status, no conjunto da
religiosas da Festa de Nazaré e Senhora de Nazaré, da qual faziam da província, José Coelho da Gama espacial entre o povo e a imagem da sociedade). A separação entre
fechou a porta da ermida. O fato parte alguns membros da e Abreu, o barão de Marajó18, santa durante a procissão, devido Igreja e Estado no Brasil
teve grande repercussão, na cidade maçonaria, e cuja legitimidade era com a criação de uma comissão ao gradual aparato “disciplinador” republicano, marcando o fim
e no interior, sendo a atitude do contestada por Dom Macedo Costa. para organizar a festa, formada por que marca a romaria nos dias de do regime de padroado, não
bispo duramente criticada, Na época estava sendo concluída confreiros e religiosos, nomeada hoje (diretoria da festa, em 1910 e significou, por sua vez, o fim dos
sobretudo pela imprensa liberal. a construção da igreja que deveria pelo bispo. guarda da santa, criada em 1974, por conflitos, que se estenderam ao
Apesar da proibição, o povo, substituir a antiga ermida, sendo A partir de então, a irmandade exemplo). A ação centralizadora longo do século xx.
instigado por membros da que a disputa se fazia também pelo começou a perder o poder do prelado paraense fazia parte do
Irmandade de Nazaré (que era controle do novo templo, que de decisão que tinha sobre a processo conhecido como
responsável, na época, pela a irmandade desejava manter sob organização do Círio. Uma das romanização, que marcou, a partir
organização do Círio e da Festa), sua guarda. Além das ladainhas civis conseqüências desse declínio foi de meados do século xix,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 22 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 23

procissão do
círio no largo
de sant’ana,
acervo imgb -
rio de janeiro.
O PRIMEIRO
CONFLITO: abaixo:
construção da
A QUESTÃO basílica de nazaré.

NAZARENA

N o final do século xix o Diário


de Belém fez uma denúncia que
teve grande repercussão, dando
abriu por conta própria a porta
da ermida, apoderando-se dos
instrumentos de celebração,
foram também realizados dois
círios civis, em 1878 e 1879,
sem a participação do clero e das
as relações entre Igreja e Estado,
bem como entre Igreja e adeptos do
catolicismo popular. O objetivo era
inicio à chamada questão nazarena. acendendo velas e lustres, tocando autoridades religiosas. sintonizar a Igreja brasileira com as
Segundo o jornal, numa das noites os sinos, para em seguida entoar, A questão chegou a repercutir diretrizes da Santa Sé, situada em
do arraial da santa foram “com todo o recolhimento, uma no Senado do Império, Roma, daí o termo romanização.19
apresentados quadros com ladainha que era acompanhada por provocando debates inflamados. O episódio ilustra uma
“representações indecorosas” grande número de pessoas, O governo provincial, a princípio, das situações de aliança, oposição
(mulheres despidas). A reação das ajoelhadas até na rua”17. deu todo apoio à irmandade, e conciliação entre Igreja e Estado,
autoridades religiosas veio rápida. A questão nazarena prolongou- desconsiderando, de várias formas, em relação aos interesses religiosos
Em outubro de 1877, o bispo do se até o ano de 1880, envolvendo a autoridade religiosa. O impasse, dos leigos (estes mesmos
Pará, Dom Antônio de Macedo uma disputa entre a autoridade entretanto, chegou ao fim pela diferenciados, por sua condição
Costa, suspendeu as funções eclesiástica e a Irmandade de Nossa mediação do próprio presidente um crescente distanciamento de classe e status, no conjunto da
religiosas da Festa de Nazaré e Senhora de Nazaré, da qual faziam da província, José Coelho da Gama espacial entre o povo e a imagem da sociedade). A separação entre
fechou a porta da ermida. O fato parte alguns membros da e Abreu, o barão de Marajó18, santa durante a procissão, devido Igreja e Estado no Brasil
teve grande repercussão, na cidade maçonaria, e cuja legitimidade era com a criação de uma comissão ao gradual aparato “disciplinador” republicano, marcando o fim
e no interior, sendo a atitude do contestada por Dom Macedo Costa. para organizar a festa, formada por que marca a romaria nos dias de do regime de padroado, não
bispo duramente criticada, Na época estava sendo concluída confreiros e religiosos, nomeada hoje (diretoria da festa, em 1910 e significou, por sua vez, o fim dos
sobretudo pela imprensa liberal. a construção da igreja que deveria pelo bispo. guarda da santa, criada em 1974, por conflitos, que se estenderam ao
Apesar da proibição, o povo, substituir a antiga ermida, sendo A partir de então, a irmandade exemplo). A ação centralizadora longo do século xx.
instigado por membros da que a disputa se fazia também pelo começou a perder o poder do prelado paraense fazia parte do
Irmandade de Nazaré (que era controle do novo templo, que de decisão que tinha sobre a processo conhecido como
responsável, na época, pela a irmandade desejava manter sob organização do Círio. Uma das romanização, que marcou, a partir
organização do Círio e da Festa), sua guarda. Além das ladainhas civis conseqüências desse declínio foi de meados do século xix,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 24

página ao lado
caricatura sobre a
festa do círio,
jornal “o puraquê”,
¡•¶•.
O SEGUNDO
CONFLITO:
A QUESTÃO DA
CORDA

E sta foi outra situação


conflituosa envolvendo o
Círio, no final da década de 1920.
introduziu uma série de mudanças
no Círio de Nazaré, visando a
transformá-lo numa procissão
que, colocando-se ao lado das
manifestações populares e
manipulando-as em benefício
chegada a Belém de Dom Antônio
Lustosa, o sucessor de Dom Irineu,
a corda foi restabelecida no Círio,
Acusada de responsável pelo atraso devota, com a participação político, assumiu a causa da volta do cessando o conflito.20
da procissão, a corda conduzida ordenada de associações religiosas, “Círio tradicional”. A renúncia Mais do que a ação populista de
pelos promesseiros que orações e cânticos pios. de Dom Irineu Joffily, em julho de Magalhães Barata, deve-se destacar
circundavam a berlinda da santa Os aspectos mais polêmicos das 1931, alegando motivos de saúde, a ação autônoma dos devotos do
foi muitas vezes desatrelada desta reformas diziam respeito à abolição levantou a hipótese de que o motivo catolicismo popular paraense, que
para antecipar a chegada da imagem da corda e à abolição do próprio também estivesse ligado ao conflito não mediram esforços para a
da santa à Basílica de Nazaré. carro que a conduzia, sendo este que se estabelecera entre as manutenção da tradição, havendo
As primeiras tentativas de transformado em andor, carregado autoridades laica e eclesiástica. mesmo quem sugerisse o seu
supressão da corda ocorreram no nos ombros dos fiéis. Apesar da Com a mediação do interventor, tombamento: “Tombar a corda para
âmbito de uma espécie de segunda forte reação popular e de uma entretanto, foram feitos apelos, declará-la, formalmente,
questão nazarena, entre 1926 e 1931, parte da imprensa, as modificações pelo governo brasileiro, ao núncio patrimônio cultural dos paraenses,
e estavam relacionadas à separação foram mantidas, com apoio do apostólico, ao cardeal do Rio de parte integrante do nosso modo
entre a Igreja e o Estado e ao governador do estado, Dionísio Janeiro Dom Sebastião Leme de viver e dos nossos sentimentos,
período de transição entre a Velha Bentes, que colocou a polícia nas e ao Vaticano, por intermédio e assim preservá-la de qualquer
e a Nova República. O episódio ruas para garantir, de forma até do Ministério do Exterior, pelo tentativa de extingui-la ou mudar conjunto estaria atentando contra surgem rumores sobre possíveis
estava ligado aos esforços mesmo violenta, o cumprimento retorno da forma do Círio sua função. Isso implicaria um bem tombado e, portanto, mudanças na programação
romanizadores de Dom Irineu das ordens do arcebispo. tradicional, com a corda e a reconhecer que a corda e a berlinda passivo das penas da lei”.21 do Círio, os devotos ficam
Joffily (que ocupou o arcebispado A questão só foi resolvida depois berlinda. A questão passou a ser formam um conjunto indivisível e A polêmica quanto ao preocupados quanto à
do Pará entre 1925 e 1931), o qual, da Revolução de 1930, quando integralmente assumida pelo que só devem separar-se ao chegar desatrelamento da corda e da berlinda, permanência dos elementos
alegando normas emanadas da assumiu a intervenção do estado Estado, num sentido de conciliação. ao Largo de Nazaré. Assim, quem entretanto, não é ainda um caso que eles consideram
Sagrada Congregação dos Ritos, o então tenente Magalhães Barata Em outubro de 1931, antes da viesse a atentar contra este encerrado. Como todos os anos indispensáveis à procissão.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 24

página ao lado
caricatura sobre a
festa do círio,
jornal “o puraquê”,
¡•¶•.
O SEGUNDO
CONFLITO:
A QUESTÃO DA
CORDA

E sta foi outra situação


conflituosa envolvendo o
Círio, no final da década de 1920.
introduziu uma série de mudanças
no Círio de Nazaré, visando a
transformá-lo numa procissão
que, colocando-se ao lado das
manifestações populares e
manipulando-as em benefício
chegada a Belém de Dom Antônio
Lustosa, o sucessor de Dom Irineu,
a corda foi restabelecida no Círio,
Acusada de responsável pelo atraso devota, com a participação político, assumiu a causa da volta do cessando o conflito.20
da procissão, a corda conduzida ordenada de associações religiosas, “Círio tradicional”. A renúncia Mais do que a ação populista de
pelos promesseiros que orações e cânticos pios. de Dom Irineu Joffily, em julho de Magalhães Barata, deve-se destacar
circundavam a berlinda da santa Os aspectos mais polêmicos das 1931, alegando motivos de saúde, a ação autônoma dos devotos do
foi muitas vezes desatrelada desta reformas diziam respeito à abolição levantou a hipótese de que o motivo catolicismo popular paraense, que
para antecipar a chegada da imagem da corda e à abolição do próprio também estivesse ligado ao conflito não mediram esforços para a
da santa à Basílica de Nazaré. carro que a conduzia, sendo este que se estabelecera entre as manutenção da tradição, havendo
As primeiras tentativas de transformado em andor, carregado autoridades laica e eclesiástica. mesmo quem sugerisse o seu
supressão da corda ocorreram no nos ombros dos fiéis. Apesar da Com a mediação do interventor, tombamento: “Tombar a corda para
âmbito de uma espécie de segunda forte reação popular e de uma entretanto, foram feitos apelos, declará-la, formalmente,
questão nazarena, entre 1926 e 1931, parte da imprensa, as modificações pelo governo brasileiro, ao núncio patrimônio cultural dos paraenses,
e estavam relacionadas à separação foram mantidas, com apoio do apostólico, ao cardeal do Rio de parte integrante do nosso modo
entre a Igreja e o Estado e ao governador do estado, Dionísio Janeiro Dom Sebastião Leme de viver e dos nossos sentimentos,
período de transição entre a Velha Bentes, que colocou a polícia nas e ao Vaticano, por intermédio e assim preservá-la de qualquer
e a Nova República. O episódio ruas para garantir, de forma até do Ministério do Exterior, pelo tentativa de extingui-la ou mudar conjunto estaria atentando contra surgem rumores sobre possíveis
estava ligado aos esforços mesmo violenta, o cumprimento retorno da forma do Círio sua função. Isso implicaria um bem tombado e, portanto, mudanças na programação
romanizadores de Dom Irineu das ordens do arcebispo. tradicional, com a corda e a reconhecer que a corda e a berlinda passivo das penas da lei”.21 do Círio, os devotos ficam
Joffily (que ocupou o arcebispado A questão só foi resolvida depois berlinda. A questão passou a ser formam um conjunto indivisível e A polêmica quanto ao preocupados quanto à
do Pará entre 1925 e 1931), o qual, da Revolução de 1930, quando integralmente assumida pelo que só devem separar-se ao chegar desatrelamento da corda e da berlinda, permanência dos elementos
alegando normas emanadas da assumiu a intervenção do estado Estado, num sentido de conciliação. ao Largo de Nazaré. Assim, quem entretanto, não é ainda um caso que eles consideram
Sagrada Congregação dos Ritos, o então tenente Magalhães Barata Em outubro de 1931, antes da viesse a atentar contra este encerrado. Como todos os anos indispensáveis à procissão.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 26 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 27

manifestações
políticas durante
a procissão.
O TERCEIRO foto: luiz braga.

CONFLITO:
A QUESTÃO DOS
PADRES E
POSSEIROS
DO ARAGUAIA

O terceiro episódio importante de


conflito na história do Círio
de Nazaré está ligado a questões
governo militar, viria eleger, de
forma direta, os governadores
dos estados, senadores, deputados
devido, sobretudo, à condenação
dos padres franceses pelo governo,
o que permitiu a união de várias
momentos reprimido pela polícia,
foi o dos militantes do Movimento
pela Libertação dos Presos do
este povo passa fome”. O grupo
desfilava atrás da barca das promessas,
entoando cânticos que falavam em
a oficialidade da festa. Se a devoção
sugere a relação íntima do devoto
com a divindade, pode-se perceber,
políticas que envolviam sacerdotes estaduais e federais, e vereadores. facções do episcopado paraense Araguaia (mlpa). A despeito da “liberdade e justiça”. Mas, chegando além disto, a tentativa de controle
católicos, num momento de As eleições (posteriores ao Círio de modo, até certo ponto, apreensão pela polícia do material de ao Largo de Nazaré (onde se do episcopado em relação a essa
transição entre a ditadura militar e de 1982), no Pará, provocaram surpreendente. Chegou-se mesmo, propaganda, realizado nas vésperas encerra a procissão do Círio), forma de devoção popular,
o que mais tarde se chamou de Nova mudanças, ainda que superficiais, na ocasião, a uma espécie de do Círio, ainda foi possível organizar os manifestantes também tiveram procurando expurgar os festejos dos
República (a segunda com esse nome no domínio das oligarquias do pequena questão nazarena às avessas, novas faixas, cartazes e panfletos. suas faixas arrancadas por um grupo elementos considerados profanos.
em nossa história). O fato mais estado, possibilitadas, de certa envolvendo a realização do Círio de Como símbolo do protesto de soldados da Polícia Militar, Ao separar bailes e missas, rezas
proeminente, do ponto de vista da forma, por uma aliança de políticos 1982. Devido aos protestos da Igreja contra a prisão e condenação dos que agia com alguma prudência, e danças, para o bem da noção
Igreja, foi a prisão e condenação dos de oposição à ditadura com grupos contra a condenação dos padres padres e posseiros, os manifestantes para não comprometer a imagem de “espírito religioso”, a Igreja
padres franceses Aristides Camio e e partidos de esquerda (incluindo franceses, manifestados até durante traziam, durante a procissão, uma do governo do estado, aliado dos cria uma espécie de modelo de
Francisco Gouriou pelas autoridades os então clandestinos partidos sepultamentos e também à enorme cruz de papelão. Chegaram candidatos de oposição à ditadura.22 comportamento cristão,
militares – acusados de terem comunistas) e com facções destituição, pelo arcebispo de a percorrer algumas quadras com O Círio de Nazaré pode então significando uma perfeita
incitado os posseiros da região do dissidentes ligadas às oligarquias Belém, de Demócrito Noronha, ela, até que um grupo de soldados ser percebido como uma festa adequação aos seus ensinamentos
Araguaia a ações consideradas ilegais mais tradicionais. O peso simbólico auditor militar que havia acusado da Polícia Militar retirou-a das mãos polissêmica, um campo de e uma absoluta obediência aos
e “subversivas” ainda no período da união de todas as forças na luta os padres, do cargo que ocupava dos manifestantes. Mais adiante, conflitos, fruto do embate membros do clero. Na lógica dos
ditatorial (1982), mas já num contra a ditadura repercutiu na diretoria da festa de Nazaré, padres, seminaristas e militantes permanente entre diferentes adeptos do catolicismo popular,
momento em que se vislumbravam excepcionalmente no Círio daquele as autoridades civis e militares, leigos do mlpa desenrolaram suas tradições, entre experiências pôr a festa de cabeça para baixo,
os sinais mais evidentes da chamada ano, ocorrido em pleno período ligadas à ditadura, recusaram-se a faixas de protesto; algumas, com um múltiplas tecidas no contexto fazer da festa e do encontro que ela
“abertura democrática”. da campanha política. acompanhar o Círio no espaço ritual simples “x” e a imagem de Nossa da romaria. Num espaço que propicia um momento de protesto,
Além disso, a campanha política A Igreja Católica desempenhou, do interior da corda a elas reservado. Senhora de Nazaré; outras, com os sugere a ordem, é possível muitas vezes é uma forma de
para as eleições daquele ano, pois, um importante papel nessa Um outro tipo de protesto, no dizeres: “Liberdade para os presos perceber momentos de desordem, caricaturizar as instituições
as primeiras, depois dos anos do mudança política no estado do Pará, decorrer do Círio, este, em vários do Araguaia” e “Nossa Senhora, transgressão e conflito com que tentam adestrá-lo.23
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 26 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 27

manifestações
políticas durante
a procissão.
O TERCEIRO foto: luiz braga.

CONFLITO:
A QUESTÃO DOS
PADRES E
POSSEIROS
DO ARAGUAIA

O terceiro episódio importante de


conflito na história do Círio
de Nazaré está ligado a questões
governo militar, viria eleger, de
forma direta, os governadores
dos estados, senadores, deputados
devido, sobretudo, à condenação
dos padres franceses pelo governo,
o que permitiu a união de várias
momentos reprimido pela polícia,
foi o dos militantes do Movimento
pela Libertação dos Presos do
este povo passa fome”. O grupo
desfilava atrás da barca das promessas,
entoando cânticos que falavam em
a oficialidade da festa. Se a devoção
sugere a relação íntima do devoto
com a divindade, pode-se perceber,
políticas que envolviam sacerdotes estaduais e federais, e vereadores. facções do episcopado paraense Araguaia (mlpa). A despeito da “liberdade e justiça”. Mas, chegando além disto, a tentativa de controle
católicos, num momento de As eleições (posteriores ao Círio de modo, até certo ponto, apreensão pela polícia do material de ao Largo de Nazaré (onde se do episcopado em relação a essa
transição entre a ditadura militar e de 1982), no Pará, provocaram surpreendente. Chegou-se mesmo, propaganda, realizado nas vésperas encerra a procissão do Círio), forma de devoção popular,
o que mais tarde se chamou de Nova mudanças, ainda que superficiais, na ocasião, a uma espécie de do Círio, ainda foi possível organizar os manifestantes também tiveram procurando expurgar os festejos dos
República (a segunda com esse nome no domínio das oligarquias do pequena questão nazarena às avessas, novas faixas, cartazes e panfletos. suas faixas arrancadas por um grupo elementos considerados profanos.
em nossa história). O fato mais estado, possibilitadas, de certa envolvendo a realização do Círio de Como símbolo do protesto de soldados da Polícia Militar, Ao separar bailes e missas, rezas
proeminente, do ponto de vista da forma, por uma aliança de políticos 1982. Devido aos protestos da Igreja contra a prisão e condenação dos que agia com alguma prudência, e danças, para o bem da noção
Igreja, foi a prisão e condenação dos de oposição à ditadura com grupos contra a condenação dos padres padres e posseiros, os manifestantes para não comprometer a imagem de “espírito religioso”, a Igreja
padres franceses Aristides Camio e e partidos de esquerda (incluindo franceses, manifestados até durante traziam, durante a procissão, uma do governo do estado, aliado dos cria uma espécie de modelo de
Francisco Gouriou pelas autoridades os então clandestinos partidos sepultamentos e também à enorme cruz de papelão. Chegaram candidatos de oposição à ditadura.22 comportamento cristão,
militares – acusados de terem comunistas) e com facções destituição, pelo arcebispo de a percorrer algumas quadras com O Círio de Nazaré pode então significando uma perfeita
incitado os posseiros da região do dissidentes ligadas às oligarquias Belém, de Demócrito Noronha, ela, até que um grupo de soldados ser percebido como uma festa adequação aos seus ensinamentos
Araguaia a ações consideradas ilegais mais tradicionais. O peso simbólico auditor militar que havia acusado da Polícia Militar retirou-a das mãos polissêmica, um campo de e uma absoluta obediência aos
e “subversivas” ainda no período da união de todas as forças na luta os padres, do cargo que ocupava dos manifestantes. Mais adiante, conflitos, fruto do embate membros do clero. Na lógica dos
ditatorial (1982), mas já num contra a ditadura repercutiu na diretoria da festa de Nazaré, padres, seminaristas e militantes permanente entre diferentes adeptos do catolicismo popular,
momento em que se vislumbravam excepcionalmente no Círio daquele as autoridades civis e militares, leigos do mlpa desenrolaram suas tradições, entre experiências pôr a festa de cabeça para baixo,
os sinais mais evidentes da chamada ano, ocorrido em pleno período ligadas à ditadura, recusaram-se a faixas de protesto; algumas, com um múltiplas tecidas no contexto fazer da festa e do encontro que ela
“abertura democrática”. da campanha política. acompanhar o Círio no espaço ritual simples “x” e a imagem de Nossa da romaria. Num espaço que propicia um momento de protesto,
Além disso, a campanha política A Igreja Católica desempenhou, do interior da corda a elas reservado. Senhora de Nazaré; outras, com os sugere a ordem, é possível muitas vezes é uma forma de
para as eleições daquele ano, pois, um importante papel nessa Um outro tipo de protesto, no dizeres: “Liberdade para os presos perceber momentos de desordem, caricaturizar as instituições
as primeiras, depois dos anos do mudança política no estado do Pará, decorrer do Círio, este, em vários do Araguaia” e “Nossa Senhora, transgressão e conflito com que tentam adestrá-lo.23
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 29

página ao lado
fiéis na corda. ao
fundo casario da
doca do ver-o-peso.
foto:
francisco costa.
LÁ VEM VINDO A
PROCISSÃO

O círio contemporâneo
A s festividades do Círio de
Nazaré – a chamada quadra
nazarena – começam bem antes
como a romaria rodoviária, a romaria
fluvial e a romaria dos motoqueiros.
Dias antes da procissão,
São montados palcos ao longo
do trajeto, onde ocorrem
homenagens à Nossa Senhora de
da procissão principal, realizada a avenida Nazaré, no trecho da Nazaré, como apresentações
no segundo domingo de outubro, praça da República até a Basílica, de corais, canto lírico e hinos
e se prolongam durante 15 dias. é decorada com arcos, utilizando- de louvor à Santa. Quase toda
Da procissão propriamente dita, se motivos que homenageiam a a cidade participa da procissão,
que corresponde ao traslado santa e que são escolhidos por meio de uma forma ou de outra.
da imagem de Nossa Senhora de de concurso. Caixas de som são Mesmo os que ficam em casa
Nazaré da Catedral da Sé, no estrategicamente colocadas nos acompanham-na pela televisão
bairro da Cidade Velha, local postes e mangueiras, ao longo ou pelo rádio. Os jornais locais
em que Belém nasceu, até a praça do trajeto, para a sonorização da fazem edições especiais, com
Santuário, no bairro de Nazaré. procissão. Também são construídas cadernos dedicados exclusivamente
O percurso, de cerca de cinco arquibancadas na praça da ao evento, oferecendo pôsteres
quilômetros, é feito nos limites da República, pela avenida Presidente coloridos da imagem da santa.
área mais antiga e mais urbanizada Vargas, sendo os espaços vendidos A publicidade gira em torno do
da cidade de Belém, passando pela aos fiéis e turistas que quiserem acontecimento. O nome da santa
rua Padre Champagnat, pela assistir a procissão de forma mais e o fato de aquele ser um dia
avenida Portugal, pelo boulevard cômoda. Centenas de vendedores especial são evocados. Todos
Castilhos França, e pelas avenidas ambulantes espalham-se por todo ressaltam que este é o “maior dia
Presidente Vargas e Nazaré. o trajeto, oferecendo produtos dos paraenses” e, para alguns,
Em anos recentes, o trajeto foi como água mineral, sucos, “o Natal dos paraenses”.
sendo ampliado, agregando uma refrigerantes, cerveja, brinquedos Para poder acompanhar as
série de outras celebrações, tais de miriti e fitinhas do Círio. mudanças ocorridas no ritual
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 29

página ao lado
fiéis na corda. ao
fundo casario da
doca do ver-o-peso.
foto:
francisco costa.
LÁ VEM VINDO A
PROCISSÃO

O círio contemporâneo
A s festividades do Círio de
Nazaré – a chamada quadra
nazarena – começam bem antes
como a romaria rodoviária, a romaria
fluvial e a romaria dos motoqueiros.
Dias antes da procissão,
São montados palcos ao longo
do trajeto, onde ocorrem
homenagens à Nossa Senhora de
da procissão principal, realizada a avenida Nazaré, no trecho da Nazaré, como apresentações
no segundo domingo de outubro, praça da República até a Basílica, de corais, canto lírico e hinos
e se prolongam durante 15 dias. é decorada com arcos, utilizando- de louvor à Santa. Quase toda
Da procissão propriamente dita, se motivos que homenageiam a a cidade participa da procissão,
que corresponde ao traslado santa e que são escolhidos por meio de uma forma ou de outra.
da imagem de Nossa Senhora de de concurso. Caixas de som são Mesmo os que ficam em casa
Nazaré da Catedral da Sé, no estrategicamente colocadas nos acompanham-na pela televisão
bairro da Cidade Velha, local postes e mangueiras, ao longo ou pelo rádio. Os jornais locais
em que Belém nasceu, até a praça do trajeto, para a sonorização da fazem edições especiais, com
Santuário, no bairro de Nazaré. procissão. Também são construídas cadernos dedicados exclusivamente
O percurso, de cerca de cinco arquibancadas na praça da ao evento, oferecendo pôsteres
quilômetros, é feito nos limites da República, pela avenida Presidente coloridos da imagem da santa.
área mais antiga e mais urbanizada Vargas, sendo os espaços vendidos A publicidade gira em torno do
da cidade de Belém, passando pela aos fiéis e turistas que quiserem acontecimento. O nome da santa
rua Padre Champagnat, pela assistir a procissão de forma mais e o fato de aquele ser um dia
avenida Portugal, pelo boulevard cômoda. Centenas de vendedores especial são evocados. Todos
Castilhos França, e pelas avenidas ambulantes espalham-se por todo ressaltam que este é o “maior dia
Presidente Vargas e Nazaré. o trajeto, oferecendo produtos dos paraenses” e, para alguns,
Em anos recentes, o trajeto foi como água mineral, sucos, “o Natal dos paraenses”.
sendo ampliado, agregando uma refrigerantes, cerveja, brinquedos Para poder acompanhar as
série de outras celebrações, tais de miriti e fitinhas do Círio. mudanças ocorridas no ritual
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 30 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 31

página ao lado Esquema de Posicionamento da Procissão


berlinda durante
a procissão,
coleção vicente
salles, museu ufpa.

A CORDA E A
BERLINDA

do Círio de Belém é necessário


considerar não apenas sua
estrutura, mas também os diversos
carro dos anjos
b. banda musical
e. estandarte da diretoria
o. pelotão
A procissão do Círio possui uma
estrutura e alguns elementos
característicos, essenciais ou não.
A estrutura organizacional do
Círio foi pela primeira vez descrita
e analisada, do ponto de vista
ela perdeu seu significado prático
original, muito embora o seu
aspecto simbólico de sacrifício
elementos que, ao longo do tempo, ¡. barca dos escoteiros O elemento central é a berlinda, antropológico, por Isidoro Alves e aproximação do sagrado tenha
o caracterizam como tal. Deve-se ™. barca nova um andor envidraçado, semelhante (1980), distinguindo-se, na época, permanecido ao longo dos anos.
£. barca com velas
destacar a presença de vários ¢. barca portuguesa a uma liteira dos tempos coloniais, um núcleo estruturado, no interior Apesar das polêmicas suscitadas,
elementos que combinam, numa ∞. barco com remos profusamente adornada de flores, da corda, que circundava a berlinda e a cada ano aumenta o número
§. carro de d. fuas roupinho
mesma festa, a carnavalização, ¶. cesto de promessas
na qual é transportada a réplica da no qual desfilavam as autoridades de promesseiros (ou penitentes)
o civismo e a devoção, pois se •. carro plácido imagem da santa – a peregrina – e convidados especiais. A corda ao longo da corda, que passou de
tratam de aspectos essenciais de durante a trasladação e o Círio. servia originalmente para puxar 50 metros de extensão, em 1982,
uma representação simbólica A imagem tida como original, a berlinda, constituindo hoje um para 350 metros em 1988, e para
do conjunto da sociedade encontrada pelo caboclo Plácido, elemento guardado pela tradição. 420 metros em 1990.25
brasileira, pensada pela ótica do permanece o ano inteiro na Tem atualmente de 400 a 450 Momentos antes do início
ritual, na concepção de Da Matta.24 Basílica de Nazaré. metros de comprimento, da procissão da trasladação, a corda
Com efeito, muitos dos A peregrina, uma imagem com sendo transportada por pessoas é estendida no chão da avenida
elementos que compõem o Círio feições caboclas, mais próxima da de ambos os sexos que, ao Nazaré pela guarda de Nossa
são verdadeiros carros alegóricos, fisionomia dos devotos da região, conduzi-la, geralmente estão Senhora. Assim que é iniciada
semelhantes aos que desfilam foi feita no final da década de pagando uma promessa. a procissão, os fiéis pagantes de
no carnaval, embora sejam 1960. E é em torno dela que se A corda puxada pelos devotos é, promessas rapidamente disputam
denominados simplesmente organizam a procissão e os demais atualmente, um dos elementos mais um lugar para agarrá-la, a fim
de alegorias. elementos que a integram: a corda característicos do Círio de Nazaré. de levantá-la, puxar a berlinda,
puxada pelos promesseiros, as Inserida na procissão em 1855, homenageando assim a Virgem de
barcas, os carros, os fiéis e as para que o povo pudesse ajudar a Nazaré. Finda a procissão, a corda
autoridades laicas e religiosas. tirar a berlinda de um atoleiro, hoje é retalhada e cada centímetro é
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 30 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 31

página ao lado Esquema de Posicionamento da Procissão


berlinda durante
a procissão,
coleção vicente
salles, museu ufpa.

A CORDA E A
BERLINDA

do Círio de Belém é necessário


considerar não apenas sua
estrutura, mas também os diversos
carro dos anjos
b. banda musical
e. estandarte da diretoria
o. pelotão
A procissão do Círio possui uma
estrutura e alguns elementos
característicos, essenciais ou não.
A estrutura organizacional do
Círio foi pela primeira vez descrita
e analisada, do ponto de vista
ela perdeu seu significado prático
original, muito embora o seu
aspecto simbólico de sacrifício
elementos que, ao longo do tempo, ¡. barca dos escoteiros O elemento central é a berlinda, antropológico, por Isidoro Alves e aproximação do sagrado tenha
o caracterizam como tal. Deve-se ™. barca nova um andor envidraçado, semelhante (1980), distinguindo-se, na época, permanecido ao longo dos anos.
£. barca com velas
destacar a presença de vários ¢. barca portuguesa a uma liteira dos tempos coloniais, um núcleo estruturado, no interior Apesar das polêmicas suscitadas,
elementos que combinam, numa ∞. barco com remos profusamente adornada de flores, da corda, que circundava a berlinda e a cada ano aumenta o número
§. carro de d. fuas roupinho
mesma festa, a carnavalização, ¶. cesto de promessas
na qual é transportada a réplica da no qual desfilavam as autoridades de promesseiros (ou penitentes)
o civismo e a devoção, pois se •. carro plácido imagem da santa – a peregrina – e convidados especiais. A corda ao longo da corda, que passou de
tratam de aspectos essenciais de durante a trasladação e o Círio. servia originalmente para puxar 50 metros de extensão, em 1982,
uma representação simbólica A imagem tida como original, a berlinda, constituindo hoje um para 350 metros em 1988, e para
do conjunto da sociedade encontrada pelo caboclo Plácido, elemento guardado pela tradição. 420 metros em 1990.25
brasileira, pensada pela ótica do permanece o ano inteiro na Tem atualmente de 400 a 450 Momentos antes do início
ritual, na concepção de Da Matta.24 Basílica de Nazaré. metros de comprimento, da procissão da trasladação, a corda
Com efeito, muitos dos A peregrina, uma imagem com sendo transportada por pessoas é estendida no chão da avenida
elementos que compõem o Círio feições caboclas, mais próxima da de ambos os sexos que, ao Nazaré pela guarda de Nossa
são verdadeiros carros alegóricos, fisionomia dos devotos da região, conduzi-la, geralmente estão Senhora. Assim que é iniciada
semelhantes aos que desfilam foi feita no final da década de pagando uma promessa. a procissão, os fiéis pagantes de
no carnaval, embora sejam 1960. E é em torno dela que se A corda puxada pelos devotos é, promessas rapidamente disputam
denominados simplesmente organizam a procissão e os demais atualmente, um dos elementos mais um lugar para agarrá-la, a fim
de alegorias. elementos que a integram: a corda característicos do Círio de Nazaré. de levantá-la, puxar a berlinda,
puxada pelos promesseiros, as Inserida na procissão em 1855, homenageando assim a Virgem de
barcas, os carros, os fiéis e as para que o povo pudesse ajudar a Nazaré. Finda a procissão, a corda
autoridades laicas e religiosas. tirar a berlinda de um atoleiro, hoje é retalhada e cada centímetro é
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 32 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 33

gravura
representando
escaler com
crianças
na procissão,
jornal “o liberal”.

disputado pelos romeiros. Além a corda e, seguros nela, seguiram há um ano e no dia do Círio
desta recordação, os promesseiros atrás da berlinda. Quando a corda de 2002, na procissão, voltaram
da corda levam para casa os pés chegou à praça Santuário, em a se falar”.26
cansados e doloridos, cheios de frente à Basílica de Nazaré, Nas proximidades da praça
bolhas, assim como os ferimentos restavam poucos devotos no local, Santuário, em frente ao Colégio O MILAGRE
causados pelo esforço realizado e uma vez que a missa já havia Santa Catarina, na avenida DA BARCA E A
a satisfação da promessa cumprida, terminado duas horas antes, Nazaré, a berlinda é liberada e os
seja por mais um ano, pela o que redundou em muitas críticas promesseiros dão um espetáculo
MARUJADA
primeira ou pela única vez. à organização e à própria igreja. à parte: visivelmente emocionados,
A corda, entretanto, tem seu Os romeiros madrugam em com os olhos cheios de lágrimas,
lado polêmico e se constitui num frente ao mercado de peixe do ajoelham-se, levantam os braços e,
espaço de tensão permanente entre Ver-o-Peso, local em que a corda de mãos dadas, rezam, enquanto
devotos e clérigos. No Círio de
1999, em função da lentidão da
procissão, promesseiros da frente
é estendida já na madrugada do dia
do Círio. Esta é feita de fibras de
juta, sendo grossa o suficiente para
a berlinda com a imagem
da santa passa entre eles, para
alcançar o altar no centro da
A origem das numerosas barcas
e das crianças vestidas de
marinheiros que acompanham
da corda e diretores encarregados suportar a tensão a que é praça Santuário. o Círio está ligada, de um lado, ao
da segurança da romaria decidiram submetida durante a procissão. fato de Nossa Senhora de Nazaré,
baixar a corda para que a berlinda É um espaço da fé, do pagamento desde Portugal, ser uma espécie
pudesse sair e continuar o seu da promessa, da devoção, da dor de santa protetora dos homens
trajeto. Na avenida Presidente exacerbada, mas também da união do mar, tendo sua devoção se
Vargas, a berlinda foi desatrelada. dos corpos e dos espíritos. Em desenvolvido numa aldeia
A notícia espalhou-se entrevista realizada com pagadores de pescadores. Por outro lado,
rapidamente entre os devotos de promessa, uma devota relatou remete a um caso mais específico:
que decidiram não abandonar que “um pai não falava com a filha ao “milagre” ocorrido em 1846,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 32 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 33

gravura
representando
escaler com
crianças
na procissão,
jornal “o liberal”.

disputado pelos romeiros. Além a corda e, seguros nela, seguiram há um ano e no dia do Círio
desta recordação, os promesseiros atrás da berlinda. Quando a corda de 2002, na procissão, voltaram
da corda levam para casa os pés chegou à praça Santuário, em a se falar”.26
cansados e doloridos, cheios de frente à Basílica de Nazaré, Nas proximidades da praça
bolhas, assim como os ferimentos restavam poucos devotos no local, Santuário, em frente ao Colégio O MILAGRE
causados pelo esforço realizado e uma vez que a missa já havia Santa Catarina, na avenida DA BARCA E A
a satisfação da promessa cumprida, terminado duas horas antes, Nazaré, a berlinda é liberada e os
seja por mais um ano, pela o que redundou em muitas críticas promesseiros dão um espetáculo
MARUJADA
primeira ou pela única vez. à organização e à própria igreja. à parte: visivelmente emocionados,
A corda, entretanto, tem seu Os romeiros madrugam em com os olhos cheios de lágrimas,
lado polêmico e se constitui num frente ao mercado de peixe do ajoelham-se, levantam os braços e,
espaço de tensão permanente entre Ver-o-Peso, local em que a corda de mãos dadas, rezam, enquanto
devotos e clérigos. No Círio de
1999, em função da lentidão da
procissão, promesseiros da frente
é estendida já na madrugada do dia
do Círio. Esta é feita de fibras de
juta, sendo grossa o suficiente para
a berlinda com a imagem
da santa passa entre eles, para
alcançar o altar no centro da
A origem das numerosas barcas
e das crianças vestidas de
marinheiros que acompanham
da corda e diretores encarregados suportar a tensão a que é praça Santuário. o Círio está ligada, de um lado, ao
da segurança da romaria decidiram submetida durante a procissão. fato de Nossa Senhora de Nazaré,
baixar a corda para que a berlinda É um espaço da fé, do pagamento desde Portugal, ser uma espécie
pudesse sair e continuar o seu da promessa, da devoção, da dor de santa protetora dos homens
trajeto. Na avenida Presidente exacerbada, mas também da união do mar, tendo sua devoção se
Vargas, a berlinda foi desatrelada. dos corpos e dos espíritos. Em desenvolvido numa aldeia
A notícia espalhou-se entrevista realizada com pagadores de pescadores. Por outro lado,
rapidamente entre os devotos de promessa, uma devota relatou remete a um caso mais específico:
que decidiram não abandonar que “um pai não falava com a filha ao “milagre” ocorrido em 1846,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 34 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 35

carro dos anjos


durante a procissão,
josé cruz e ascanio
saraiva, 1948.

abaixo
fiel com réplica
de barco de miriti na NOS CARROS,
cabeça. foto:
francisco costa.
AS ALEGORIAS

de Nossa Senhora e prometeram


que, se conseguissem voltar a
Belém, transportariam o escaler
e, com o passar do tempo, outras
barcas foram sendo introduzidas.
Além do sentido simbólico
O s carros compõem diferentes
alegorias, como o carro da
Santíssima Trindade, que reproduz
terra para acompanhar a padroeira
que, também descendo para o meio
do povo, mistura-se a ele na grande
durante a procissão do Círio. das barcas, pois Nossa Senhora de com imagens esse elemento homenagem que lhe é prestada.
Tendo obtido a salvação, não Nazaré é considerada a protetora central da doutrina cristã. O carro Os adolescentes são também
puderam cumprir a promessa por daqueles que viajam pelas águas, do caboclo Plácido, por sua vez, uma presença crescente na
inteiro, pois encontraram restrições há também o simbolismo próprio representa o momento do procissão do Círio. A maioria é
da parte do presidente da província e da região amazônica, em que “achado” da imagem da santa por constituída por alunos de escolas
do bispo do Pará, que os grande parte do transporte é feito Plácido. Já o carro dos milagres traz as confessionais, mas também,
desaconselharam a levar o escaler no em embarcações, por seus alegorias de dois episódios recentemente, são muitos aqueles
Círio. A embarcação foi levada para a numerosos rios. Como bem captou fundamentais da devoção à Nossa de colégios laicos. Esses estudantes
ermida de Nazaré, onde ficou em a canção de Paulo André e Rui Senhora de Nazaré: o ocorrido aparecem junto às alegorias,
quando 12 náufragos do brigue exposição. Pouco depois, uma Barata, para muitos amazônidas, com D. Fuas Roupinho, fidalgo Esses “anjinhos” geralmente portando o pavilhão nacional ou
português São João Batista, que se epidemia de cólera alastrou-se na “esse rio é minha rua”.27 português que, no século xii, pagam promessas feitas pelos pais. ajudando a conduzir os carros que
dirigia de Belém a Lisboa, teriam cidade e muitos atribuíram o fato teria sido salvo de cair num Só podem vestir-se de anjos as recolhem ex-votos e promessas dos
conseguido salvar-se graças à a um “castigo” da santa. Por isso, a abismo por intercessão da Virgem crianças que “ainda não perderam romeiros durante a procissão.
intervenção da Virgem. partir de 1855, o escaler passou a ser de Nazaré, e o milagre dos a inocência” (aproximadamente até A procissão que recebe o nome
Estes náufragos usaram o mesmo conduzido, todos os anos, no Círio, náufragos do brigue São João os 10 anos de idade), pois, caso de Círio, em Belém – e que hoje se
escaler em que, alguns anos antes, com 12 meninos vestidos de Batista. E, finalmente, os carros morram até então, irão compor realiza em homenagem a diferentes
a imagem da santa tinha sido marinheiros, simbolizando os dos anjos: o do anjo Custódio (anjo da a “corte celeste”, na condição de santos e santas, no Pará e mesmo
transportada, quando foi enviada náufragos do brigue São João Batista. guarda), o do anjo do Brasil “anjinhos”. O simbolismo é fora desse estado – apresenta duas
a Portugal para ser restaurada. Foi essa a origem da marujada no Círio (simbolizando a nação brasileira), evidente: essas crianças, com a características fundamentais que a
Consta que os náufragos, no de Belém. Mais tarde o escaler foi além de mais dois que transportam pureza dos serafins, representariam distinguem das demais procissões
perigo, lembraram-se dos poderes substituído pela miniatura do brigue crianças vestidas de anjos. a própria corte celeste baixando à em homenagem a santos católicos.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 34 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 35

carro dos anjos


durante a procissão,
josé cruz e ascanio
saraiva, 1948.

abaixo
fiel com réplica
de barco de miriti na NOS CARROS,
cabeça. foto:
francisco costa.
AS ALEGORIAS

de Nossa Senhora e prometeram


que, se conseguissem voltar a
Belém, transportariam o escaler
e, com o passar do tempo, outras
barcas foram sendo introduzidas.
Além do sentido simbólico
O s carros compõem diferentes
alegorias, como o carro da
Santíssima Trindade, que reproduz
terra para acompanhar a padroeira
que, também descendo para o meio
do povo, mistura-se a ele na grande
durante a procissão do Círio. das barcas, pois Nossa Senhora de com imagens esse elemento homenagem que lhe é prestada.
Tendo obtido a salvação, não Nazaré é considerada a protetora central da doutrina cristã. O carro Os adolescentes são também
puderam cumprir a promessa por daqueles que viajam pelas águas, do caboclo Plácido, por sua vez, uma presença crescente na
inteiro, pois encontraram restrições há também o simbolismo próprio representa o momento do procissão do Círio. A maioria é
da parte do presidente da província e da região amazônica, em que “achado” da imagem da santa por constituída por alunos de escolas
do bispo do Pará, que os grande parte do transporte é feito Plácido. Já o carro dos milagres traz as confessionais, mas também,
desaconselharam a levar o escaler no em embarcações, por seus alegorias de dois episódios recentemente, são muitos aqueles
Círio. A embarcação foi levada para a numerosos rios. Como bem captou fundamentais da devoção à Nossa de colégios laicos. Esses estudantes
ermida de Nazaré, onde ficou em a canção de Paulo André e Rui Senhora de Nazaré: o ocorrido aparecem junto às alegorias,
quando 12 náufragos do brigue exposição. Pouco depois, uma Barata, para muitos amazônidas, com D. Fuas Roupinho, fidalgo Esses “anjinhos” geralmente portando o pavilhão nacional ou
português São João Batista, que se epidemia de cólera alastrou-se na “esse rio é minha rua”.27 português que, no século xii, pagam promessas feitas pelos pais. ajudando a conduzir os carros que
dirigia de Belém a Lisboa, teriam cidade e muitos atribuíram o fato teria sido salvo de cair num Só podem vestir-se de anjos as recolhem ex-votos e promessas dos
conseguido salvar-se graças à a um “castigo” da santa. Por isso, a abismo por intercessão da Virgem crianças que “ainda não perderam romeiros durante a procissão.
intervenção da Virgem. partir de 1855, o escaler passou a ser de Nazaré, e o milagre dos a inocência” (aproximadamente até A procissão que recebe o nome
Estes náufragos usaram o mesmo conduzido, todos os anos, no Círio, náufragos do brigue São João os 10 anos de idade), pois, caso de Círio, em Belém – e que hoje se
escaler em que, alguns anos antes, com 12 meninos vestidos de Batista. E, finalmente, os carros morram até então, irão compor realiza em homenagem a diferentes
a imagem da santa tinha sido marinheiros, simbolizando os dos anjos: o do anjo Custódio (anjo da a “corte celeste”, na condição de santos e santas, no Pará e mesmo
transportada, quando foi enviada náufragos do brigue São João Batista. guarda), o do anjo do Brasil “anjinhos”. O simbolismo é fora desse estado – apresenta duas
a Portugal para ser restaurada. Foi essa a origem da marujada no Círio (simbolizando a nação brasileira), evidente: essas crianças, com a características fundamentais que a
Consta que os náufragos, no de Belém. Mais tarde o escaler foi além de mais dois que transportam pureza dos serafins, representariam distinguem das demais procissões
perigo, lembraram-se dos poderes substituído pela miniatura do brigue crianças vestidas de anjos. a própria corte celeste baixando à em homenagem a santos católicos.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 36 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 37

missa de mandato. réplica da nossa


senhora de nazaré
página anterior, na casa dos fiéis nos
acima dias que antecedem
o carro dos o círio. foto:
milagres, álbum francisco costa.
de 1936.

página anterior,
abaixo
carro dos anjos na
festa do círio de
™ºº¢. foto:
francisco costa.

Em primeiro lugar, trata-se de uma Em 1986, o padre Luciano Anualmente são produzidos mais No final das peregrinações
procissão que se desdobra em duas. Brambilla, sentindo a necessidade de 120 mil exemplares do livro das as imagens são sorteadas entre os
A primeira, a trasladação da imagem, de um ato que marcasse o início da peregrinações, sob a coordenação proprietários das casas que
é realizada à noite, à luz de velas preparação das novenas de peregrinação, da diretoria de evangelização. receberam a visita da Virgem.
(círios), e vai da capela do Colégio resolveu criar a missa do mandato. A missa do mandato inicia o ciclo As peregrinações da imagem
Gentil Bittencourt até a igreja da A MISSA DO Desde então, essa celebração marca de preparação para o Círio. VISITAS DA acontecem nos diversos bairros de
Sé. A procissão principal, o Círio MANDATO oficialmente o primeiro ato da Começa às 20 horas, com uma SANTA AOS FIÉIS Belém e no interior do estado
propriamente dito, acontece no dia festividade nazarena. Alguns dias após procissão de caráter solene, que do Pará, mais propriamente nas
seguinte, pela manhã, à luz do dia a missa acontece a manhã de ganha o interior da Basílica de casas dos devotos que se dispõem
(sem que os círios sejam acesos, formação para dirigentes das Nazaré e prossegue até o altar-mor, a receber a visita da santa. São
embora algumas pessoas os levem peregrinações, uma preparação ao com um cortejo formado por também realizadas em repartições
como promessa, no mesmo novenário por meio de palestras e acólitos segurando objetos rituais públicas, hospitais e escolas.
tamanho da pessoa beneficiada
com a graça), quando a imagem
retorna pelo mesmo caminho até
A procissão do Círio foi crescendo
ao longo do tempo, até chegar
às proporções gigantescas de hoje.
explicação da sistemática dos encontros.
É realizada em um dos salões do
Centro Social de Nazaré e conta com
(crucifixo, naveta, turíbulo),
representantes do Apostolado da
Oração empunhando bandeiras,
A s peregrinações de Nossa Senhora
de Nazaré são realizadas
durante o mês de setembro quando,
As famílias que aceitam a visita
da imagem de Nossa Senhora de
Nazaré recebem-na em suas casas
a praça Santuário, em frente à Aos poucos foram sendo a participação de representantes de os guardas de Nazaré, a diretoria da festa, levadas pelos fiéis mandatários, com um dia de antecedência.
Basílica de Nazaré. acrescentadas novas celebrações à quase todas as paróquias de Belém. os padres concelebrantes e, diversas imagens percorrem toda As imagens são conduzidas por
Além disso o Círio é uma Festa de Nossa Senhora de Nazaré e Após essa preparação, os padres ao final, o arcebispo. Todos os a arquidiocese de Belém, grupos de vizinhos em romaria,
procissão que, ao contrário das novos espaços de culto e devoção que barnabitas distribuem para todas fiéis presentes recebem o mandato promovendo momentos de reflexão, segurando velas acesas. É freqüente,
demais, inaugura – em vez de compõem o Círio em sentido amplo. as paróquias imagens de Nossa – juntamente com uma pequena oração e louvor à santa. Os devotos após as orações, o oferecimento
encerrar – a festa da santa. Essas celebrações, de caráter Senhora de Nazaré, livros das imagem de Nossa Senhora acompanham as romarias pelos aos peregrinos, pelas famílias
religioso, começam em agosto e se peregrinações e cartazes do Círio. de Nazaré – para conduzir bairros auxiliados pelo livro das que recebem a imagem, de um
prolongam até o mês de outubro, A distribuição estende-se também a evangelização nos diversos peregrinações, que trata do Círio e da lanche com café, biscoitos,
quando se encerra a quadra nazarena. às paróquias do interior do estado. bairros de Belém. figura de Nossa Senhora de Nazaré. bolos, mingau e refrigerantes.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 36 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 37

missa de mandato. réplica da nossa


senhora de nazaré
página anterior, na casa dos fiéis nos
acima dias que antecedem
o carro dos o círio. foto:
milagres, álbum francisco costa.
de 1936.

página anterior,
abaixo
carro dos anjos na
festa do círio de
™ºº¢. foto:
francisco costa.

Em primeiro lugar, trata-se de uma Em 1986, o padre Luciano Anualmente são produzidos mais No final das peregrinações
procissão que se desdobra em duas. Brambilla, sentindo a necessidade de 120 mil exemplares do livro das as imagens são sorteadas entre os
A primeira, a trasladação da imagem, de um ato que marcasse o início da peregrinações, sob a coordenação proprietários das casas que
é realizada à noite, à luz de velas preparação das novenas de peregrinação, da diretoria de evangelização. receberam a visita da Virgem.
(círios), e vai da capela do Colégio resolveu criar a missa do mandato. A missa do mandato inicia o ciclo As peregrinações da imagem
Gentil Bittencourt até a igreja da A MISSA DO Desde então, essa celebração marca de preparação para o Círio. VISITAS DA acontecem nos diversos bairros de
Sé. A procissão principal, o Círio MANDATO oficialmente o primeiro ato da Começa às 20 horas, com uma SANTA AOS FIÉIS Belém e no interior do estado
propriamente dito, acontece no dia festividade nazarena. Alguns dias após procissão de caráter solene, que do Pará, mais propriamente nas
seguinte, pela manhã, à luz do dia a missa acontece a manhã de ganha o interior da Basílica de casas dos devotos que se dispõem
(sem que os círios sejam acesos, formação para dirigentes das Nazaré e prossegue até o altar-mor, a receber a visita da santa. São
embora algumas pessoas os levem peregrinações, uma preparação ao com um cortejo formado por também realizadas em repartições
como promessa, no mesmo novenário por meio de palestras e acólitos segurando objetos rituais públicas, hospitais e escolas.
tamanho da pessoa beneficiada
com a graça), quando a imagem
retorna pelo mesmo caminho até
A procissão do Círio foi crescendo
ao longo do tempo, até chegar
às proporções gigantescas de hoje.
explicação da sistemática dos encontros.
É realizada em um dos salões do
Centro Social de Nazaré e conta com
(crucifixo, naveta, turíbulo),
representantes do Apostolado da
Oração empunhando bandeiras,
A s peregrinações de Nossa Senhora
de Nazaré são realizadas
durante o mês de setembro quando,
As famílias que aceitam a visita
da imagem de Nossa Senhora de
Nazaré recebem-na em suas casas
a praça Santuário, em frente à Aos poucos foram sendo a participação de representantes de os guardas de Nazaré, a diretoria da festa, levadas pelos fiéis mandatários, com um dia de antecedência.
Basílica de Nazaré. acrescentadas novas celebrações à quase todas as paróquias de Belém. os padres concelebrantes e, diversas imagens percorrem toda As imagens são conduzidas por
Além disso o Círio é uma Festa de Nossa Senhora de Nazaré e Após essa preparação, os padres ao final, o arcebispo. Todos os a arquidiocese de Belém, grupos de vizinhos em romaria,
procissão que, ao contrário das novos espaços de culto e devoção que barnabitas distribuem para todas fiéis presentes recebem o mandato promovendo momentos de reflexão, segurando velas acesas. É freqüente,
demais, inaugura – em vez de compõem o Círio em sentido amplo. as paróquias imagens de Nossa – juntamente com uma pequena oração e louvor à santa. Os devotos após as orações, o oferecimento
encerrar – a festa da santa. Essas celebrações, de caráter Senhora de Nazaré, livros das imagem de Nossa Senhora acompanham as romarias pelos aos peregrinos, pelas famílias
religioso, começam em agosto e se peregrinações e cartazes do Círio. de Nazaré – para conduzir bairros auxiliados pelo livro das que recebem a imagem, de um
prolongam até o mês de outubro, A distribuição estende-se também a evangelização nos diversos peregrinações, que trata do Círio e da lanche com café, biscoitos,
quando se encerra a quadra nazarena. às paróquias do interior do estado. bairros de Belém. figura de Nossa Senhora de Nazaré. bolos, mingau e refrigerantes.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 38 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 39

detalhe da banca
de vendedor de
réplicas da imagem
de nossa senhora de
nazaré. foto:
francisco costa.
TRASLADO
página ao lado
transladação da
DA IMAGEM PARA
imagem na noite ANANINDEUA
que antecede
o círio. foto:
francisco costa.

Devotos entrevistados afirmaram


que algumas pessoas, geralmente
moradores de bairros muito
O início da Festa de Nossa
Senhora de Nazaré é marcado
por uma solenidade realizada
comemorações do Círio 200.
Antes disso, a romaria rodoviária,
que ocorre no sábado e vai
da peregrinação”, diz Odon
Carlos, organizador do traslado.29
O primeiro traslado da imagem
da cidade de Ananindeua. Ao
longo de todo o trajeto rodoviário,
diversas homenagens são prestadas
pobres, por essa razão deixam de na barraca da santa28, às 20 horas, na de Ananindeua até o distrito de de Nossa Senhora de Nazaré em à imagem de Nossa Senhora.
aceitar a visita da imagem de Nossa sexta-feira que antecede a trasladação Icoaraci, saía do monumento carro aberto ocorreu em 1997. Os devotos enfeitam as frentes
Senhora de Nazaré em suas casas. e o Círio de Nazaré. O evento foi da Cabanagem, em Belém, e do A partir desta data é que a romaria de suas casas, outros acompanham
Nos anos de 1991 a 1993, dentro instituído em 1991, pela diretoria da terminal de cargas, já rodoviária começou a sair da igreja o traslado em bicicletas, motos ou
do projeto Círio 200, foram festa, e conta com a presença em Ananindeua, mas distante matriz de Ananindeua. “O sentido carros. É uma celebração religiosa
realizadas peregrinações com a de autoridades civis, militares e da praça central. é fazer com que as pessoas mais que vem crescendo em importância
imagem peregrina de Nossa Senhora religiosas convidadas. A abertura “A idéia de vir para Ananindeua distantes daqui da Basílica de a cada ano. No Círio de 2002,
de Nazaré, a mesma que sai na oficial do Círio acontece, surgiu de um cidadão dono Nazaré também tenham contato, o percurso desse traslado estendeu-
procissão do Círio, pelas cidades inicialmente, com a inauguração de um posto de gasolina de nome sintam mais de perto o que é se pela primeira vez até Marituba,
do interior e pelas principais quando a senhora lhe disse que das luzes que enfeitam Ribeiro, proprietário do posto a romaria rodoviária”, diz José dos atendendo solicitação do pároco
capitais e cidades brasileiras. poderia morrer naquele dia, pois externamente a basílica, a barraca Tokyo. Nesse ano, ele solicitou Santos Ventura, membro da do município. De Marituba
Um devoto revelou que, por há anos havia feito uma promessa da santa e os arcos decorativos que à diretoria que a imagem viesse diretoria da festa.30 o traslado retorna para a igreja
ocasião da visita da imagem de de acompanhar o Círio na corda, enfeitam a avenida Nazaré, até Ananindeua. E foi assim que Atualmente, a berlinda com a matriz de Ananindeua, onde a
Nossa Senhora de Nazaré à cidade em Belém, mas como nunca deu no percurso da romaria. começou. O principal objetivo imagem peregrina31 sai da Basílica de imagem da peregrina fica exposta
de São Luís, no Maranhão, uma certo, ela aproveitaria para pagar O traslado da imagem de da celebração é para que as pessoas Nazaré na sexta-feira que antecede até a manhã seguinte, recebendo
senhora idosa perguntou ao sua promessa no Círio de Nazaré Nossa Senhora de Nazaré para sintam-se mais próximas de a procissão principal do Círio, durante a noite inteira a visitação
dirigente que carregava a imagem ocorrido em São Luís. o município de Ananindeua, Nossa Senhora, tenham sendo conduzida em carro aberto de peregrinos devotos e penitentes.
da santa: “Meu senhor, essa santa é vizinho de Belém, é um oportunidade de prestar esta da Polícia Rodoviária Federal e No dia seguinte, após uma missa,
a mesma de Belém que acompanha evento incorporado ao calendário homenagem da maneira como acompanhada por outros carros de a berlinda com a imagem da santa é
o Círio?”. O dirigente respondeu das festividades do Círio de elas querem, por meio da queima membros da diretoria da festa, guardas de conduzida até um carro do corpo
que sim e ficou muito emocionado Nazaré desde 1992, por ocasião das de fogos, flores, caminhada, Nazaré e devotos até a praça central de bombeiros, seguindo na romaria
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 38 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 39

detalhe da banca
de vendedor de
réplicas da imagem
de nossa senhora de
nazaré. foto:
francisco costa.
TRASLADO
página ao lado
transladação da
DA IMAGEM PARA
imagem na noite ANANINDEUA
que antecede
o círio. foto:
francisco costa.

Devotos entrevistados afirmaram


que algumas pessoas, geralmente
moradores de bairros muito
O início da Festa de Nossa
Senhora de Nazaré é marcado
por uma solenidade realizada
comemorações do Círio 200.
Antes disso, a romaria rodoviária,
que ocorre no sábado e vai
da peregrinação”, diz Odon
Carlos, organizador do traslado.29
O primeiro traslado da imagem
da cidade de Ananindeua. Ao
longo de todo o trajeto rodoviário,
diversas homenagens são prestadas
pobres, por essa razão deixam de na barraca da santa28, às 20 horas, na de Ananindeua até o distrito de de Nossa Senhora de Nazaré em à imagem de Nossa Senhora.
aceitar a visita da imagem de Nossa sexta-feira que antecede a trasladação Icoaraci, saía do monumento carro aberto ocorreu em 1997. Os devotos enfeitam as frentes
Senhora de Nazaré em suas casas. e o Círio de Nazaré. O evento foi da Cabanagem, em Belém, e do A partir desta data é que a romaria de suas casas, outros acompanham
Nos anos de 1991 a 1993, dentro instituído em 1991, pela diretoria da terminal de cargas, já rodoviária começou a sair da igreja o traslado em bicicletas, motos ou
do projeto Círio 200, foram festa, e conta com a presença em Ananindeua, mas distante matriz de Ananindeua. “O sentido carros. É uma celebração religiosa
realizadas peregrinações com a de autoridades civis, militares e da praça central. é fazer com que as pessoas mais que vem crescendo em importância
imagem peregrina de Nossa Senhora religiosas convidadas. A abertura “A idéia de vir para Ananindeua distantes daqui da Basílica de a cada ano. No Círio de 2002,
de Nazaré, a mesma que sai na oficial do Círio acontece, surgiu de um cidadão dono Nazaré também tenham contato, o percurso desse traslado estendeu-
procissão do Círio, pelas cidades inicialmente, com a inauguração de um posto de gasolina de nome sintam mais de perto o que é se pela primeira vez até Marituba,
do interior e pelas principais quando a senhora lhe disse que das luzes que enfeitam Ribeiro, proprietário do posto a romaria rodoviária”, diz José dos atendendo solicitação do pároco
capitais e cidades brasileiras. poderia morrer naquele dia, pois externamente a basílica, a barraca Tokyo. Nesse ano, ele solicitou Santos Ventura, membro da do município. De Marituba
Um devoto revelou que, por há anos havia feito uma promessa da santa e os arcos decorativos que à diretoria que a imagem viesse diretoria da festa.30 o traslado retorna para a igreja
ocasião da visita da imagem de de acompanhar o Círio na corda, enfeitam a avenida Nazaré, até Ananindeua. E foi assim que Atualmente, a berlinda com a matriz de Ananindeua, onde a
Nossa Senhora de Nazaré à cidade em Belém, mas como nunca deu no percurso da romaria. começou. O principal objetivo imagem peregrina31 sai da Basílica de imagem da peregrina fica exposta
de São Luís, no Maranhão, uma certo, ela aproveitaria para pagar O traslado da imagem de da celebração é para que as pessoas Nazaré na sexta-feira que antecede até a manhã seguinte, recebendo
senhora idosa perguntou ao sua promessa no Círio de Nazaré Nossa Senhora de Nazaré para sintam-se mais próximas de a procissão principal do Círio, durante a noite inteira a visitação
dirigente que carregava a imagem ocorrido em São Luís. o município de Ananindeua, Nossa Senhora, tenham sendo conduzida em carro aberto de peregrinos devotos e penitentes.
da santa: “Meu senhor, essa santa é vizinho de Belém, é um oportunidade de prestar esta da Polícia Rodoviária Federal e No dia seguinte, após uma missa,
a mesma de Belém que acompanha evento incorporado ao calendário homenagem da maneira como acompanhada por outros carros de a berlinda com a imagem da santa é
o Círio?”. O dirigente respondeu das festividades do Círio de elas querem, por meio da queima membros da diretoria da festa, guardas de conduzida até um carro do corpo
que sim e ficou muito emocionado Nazaré desde 1992, por ocasião das de fogos, flores, caminhada, Nazaré e devotos até a praça central de bombeiros, seguindo na romaria
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 40

página ao lado
percursos das
procissões do círio.

UMA PROCISSÃO
DE CARROS,
MOTOS E
BICICLETAS

rodoviária até o ancoradouro de


Icoaraci, distrito de Belém.
Ao longo de todo o percurso
A romaria rodoviária é uma celebração
religiosa em forma de procissão,
da qual participam veículos
pessoas de verem a passagem da
santa. Em 1989, por sugestão
de um membro da diretoria da festa,
podem ser vistas crianças vestidas motorizados e bicicletas, fazendo a romaria rodoviária passou a sair
de anjos, pequenos altares com parte do conjunto de celebrações do da Basílica de Nazaré, sendo
a imagem de Nossa Senhora de Círio de Nazaré. O percurso desta a imagem conduzida num andor,
Nazaré, faixas saudando a passagem romaria é de 24 quilômetros, saindo em cima de um caminhão.
da santa, papel picado sendo da praça da Igreja Matriz de Em 1990 um carro de som
atirado das residências e passarelas, Ananindeua até o ancoradouro foi utilizado para convidar os
e uma multidão postada ao longo (trapiche) da vila de Icoaraci. devotos moradores da rodovia
da estrada, estendendo as mãos A primeira romaria rodoviária Augusto Montenegro, por onde
quando da passagem do carro que ocorreu em 1989, com o objetivo passa a romaria, a renderem suas
conduz a berlinda. Todo o trajeto de atender a população que não homenagens à Nossa Senhora
é acompanhado pelo estourar de podia se deslocar (por doença, de Nazaré. A romaria começou a Em 1991 a romaria passou Senhora de Nazaré recebe muitas que antecede o Círio de Nazaré
muitos fogos de artifício. deficiência, falta de dinheiro) até o crescer e as pessoas passaram a sair do terminal de cargas, sendo homenagens, desde a saída da praça em Belém. Sai da rodovia br 316,
centro de Belém para acompanhar a decorar as frentes de suas casas a imagem levada, em carro aberto, de Ananindeua até a chegada, no passando pelo monumento à
o Círio. A romaria foi criada pelo e ruas com balões, flores, faixas e na sexta-feira à tarde. A partir de trapiche de Icoaraci. Centenas de Cabanagem (no local conhecido
Sindicato das Empresas de queimas de fogos em homenagem 1992 a romaria rodoviária passou a sair pessoas fazem o trajeto em como Entroncamento), entrando
Transporte de Cargas do Estado à imagem da santa. No mesmo da praça matriz de Ananindeua. bicicletas, famílias inteiras se na rodovia municipal Augusto
do Pará - Sindicarpa. ano foi colocado um caminhão Em 1999 foi confeccionada reúnem em frente a suas casas para Montenegro e seguindo para o
Até 1988 o transporte da Texaco para conduzir a imagem, mais uma réplica da berlinda para ver a passagem da imagem da santa. trapiche de Icoaraci, de onde parte,
da imagem de Nossa Senhora de já que a empresa apoiou essa romaria. A romaria tem início na praça da em seguida, a romaria fluvial.
Nazaré para Icoaraci era realizado financeiramente a realização Durante o percurso da romaria Igreja Matriz de Ananindeua,
em carro fechado, o que impedia as da romaria. rodoviária, a imagem de Nossa às 6 horas da manhã, no sábado
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 40

página ao lado
percursos das
procissões do círio.

UMA PROCISSÃO
DE CARROS,
MOTOS E
BICICLETAS

rodoviária até o ancoradouro de


Icoaraci, distrito de Belém.
Ao longo de todo o percurso
A romaria rodoviária é uma celebração
religiosa em forma de procissão,
da qual participam veículos
pessoas de verem a passagem da
santa. Em 1989, por sugestão
de um membro da diretoria da festa,
podem ser vistas crianças vestidas motorizados e bicicletas, fazendo a romaria rodoviária passou a sair
de anjos, pequenos altares com parte do conjunto de celebrações do da Basílica de Nazaré, sendo
a imagem de Nossa Senhora de Círio de Nazaré. O percurso desta a imagem conduzida num andor,
Nazaré, faixas saudando a passagem romaria é de 24 quilômetros, saindo em cima de um caminhão.
da santa, papel picado sendo da praça da Igreja Matriz de Em 1990 um carro de som
atirado das residências e passarelas, Ananindeua até o ancoradouro foi utilizado para convidar os
e uma multidão postada ao longo (trapiche) da vila de Icoaraci. devotos moradores da rodovia
da estrada, estendendo as mãos A primeira romaria rodoviária Augusto Montenegro, por onde
quando da passagem do carro que ocorreu em 1989, com o objetivo passa a romaria, a renderem suas
conduz a berlinda. Todo o trajeto de atender a população que não homenagens à Nossa Senhora
é acompanhado pelo estourar de podia se deslocar (por doença, de Nazaré. A romaria começou a Em 1991 a romaria passou Senhora de Nazaré recebe muitas que antecede o Círio de Nazaré
muitos fogos de artifício. deficiência, falta de dinheiro) até o crescer e as pessoas passaram a sair do terminal de cargas, sendo homenagens, desde a saída da praça em Belém. Sai da rodovia br 316,
centro de Belém para acompanhar a decorar as frentes de suas casas a imagem levada, em carro aberto, de Ananindeua até a chegada, no passando pelo monumento à
o Círio. A romaria foi criada pelo e ruas com balões, flores, faixas e na sexta-feira à tarde. A partir de trapiche de Icoaraci. Centenas de Cabanagem (no local conhecido
Sindicato das Empresas de queimas de fogos em homenagem 1992 a romaria rodoviária passou a sair pessoas fazem o trajeto em como Entroncamento), entrando
Transporte de Cargas do Estado à imagem da santa. No mesmo da praça matriz de Ananindeua. bicicletas, famílias inteiras se na rodovia municipal Augusto
do Pará - Sindicarpa. ano foi colocado um caminhão Em 1999 foi confeccionada reúnem em frente a suas casas para Montenegro e seguindo para o
Até 1988 o transporte da Texaco para conduzir a imagem, mais uma réplica da berlinda para ver a passagem da imagem da santa. trapiche de Icoaraci, de onde parte,
da imagem de Nossa Senhora de já que a empresa apoiou essa romaria. A romaria tem início na praça da em seguida, a romaria fluvial.
Nazaré para Icoaraci era realizado financeiramente a realização Durante o percurso da romaria Igreja Matriz de Ananindeua,
em carro fechado, o que impedia as da romaria. rodoviária, a imagem de Nossa às 6 horas da manhã, no sábado
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página ao lado
romaria fluvial.
foto: luiz braga.

PROCISSÃO
PELO RIO

A romaria fluvial foi criada em


1986 pelo historiador Carlos
Rocque, quando presidente da
as motivações religiosas e as
profanas, que marcam o Círio
de Nazaré desde seu início.
e de papel picado de helicópteros
e ultraleves, e a queima de fogos,
por devotos, nas margens da baía
a diretoria da festa, sem a participação
da população.
A moto-romaria é uma procissão
A imagem peregrina de Nossa
Senhora de Nazaré permanece no
Colégio Gentil Bittencourt até o
Companhia Paraense de Turismo. No sábado que antecede do Guajará. realizada essencialmente por início da procissão da trasladação,
É um dos eventos emblemáticos do o Círio, após terminar a romaria Participam da procissão motoqueiros, oriundos tanto de nesse mesmo dia, às 18 horas.
Círio de Nazaré, devido a sua rodoviária, é celebrada uma missa romeiros de todas as camadas PROCISSÃO DOS Belém quanto de diversas Em 2000 a Polícia Rodoviária
grande magnitude. A princípio, no trapiche de Icoaraci. Logo em sociais, provindos da área MOTOQUEIROS localidades do interior do estado. Federal passou a participar do
a motivação para a criação da seguida, a imagem de Nossa metropolitana de Belém e do É realizada no sábado que antecede cortejo, fortalecendo a organização
romaria surgiu da iniciativa Senhora de Nazaré é transportada interior do estado do Pará, além de o Círio, logo após a chegada ao cais da moto-romaria. Atualmente, esta
de possibilitar aos ribeirinhos para o navio balizador da Marinha, turistas nacionais e internacionais, do porto da romaria fluvial (às 11 procissão conta com o apoio da
prestarem suas homenagens à Nossa Guarnier Sampaio, que zarpa que compram com antecedência horas) e das homenagens de honras Companhia de Trânsito de Belém,
Senhora de Nazaré. No entanto, conduzindo a imagem num altar um pacote turístico que inclui de Estado prestadas à Nossa das Polícias Civil e Militar,
o fato de a romaria ter sido criada
por uma companhia de turismo
evidencia a clara associação do
armado na proa. O navio é
seguido de perto por centenas de
barcos. Partindo de Icoaraci,
a romaria fluvial. As empresas de
turismo contratam embarcações
nas quais é servido café-da-manhã,
A moto-romaria foi criada em
13 de outubro de 1990, pela
Associação dos Motoqueiros de
Senhora de Nazaré. Ao chegar
ao Colégio Gentil Bittencourt
é realizada uma benção para os
da Secretaria de Estado de
Segurança e do Corpo
de Bombeiros. A primeira moto-
Círio de Nazaré com o a romaria fluvial perfaz um percurso com frutas regionais, e são Belém, com a finalidade de escoltar motoqueiros e a imagem é exposta romaria contou com a participação
desenvolvimento do potencial de 10 milhas náuticas na baía do distribuídos bonés e bandeirinhas. a imagem de Nossa Senhora, para os presentes. Em seguida, de 40 motocicletas, número este
turístico da capital paraense, Guajará, até o porto de Belém, No ano de 2002 participaram conferindo mais pompa ao os motoqueiros aceleram suas que, em 2002, já era de 5 mil.
fundamentado no chamado terminando no local conhecido da romaria fluvial mais de 600 percurso de 3,3 quilômetros da máquinas, como forma de saudação
turismo religioso – a Embratur como escadinha do cais do porto. embarcações de diversos tipos, praça Pedro Teixeira às escadarias à Nossa Senhora de Nazaré. Após
(Empresa Brasileira de Turismo) Ao longo do percurso, a imagem desde iates, jet skis e lanchas de do Colégio Gentil Bittencourt. o término dessa procissão, muitos
incluiu a romaria no calendário de de Nossa Senhora de Nazaré vários portes, até pequenas canoas, Antes disso, a imagem fazia este dos participantes juntam-se às outras
eventos do país. Nesse caso também recebe muitas homenagens, como típicas de ribeirinhos que moram percurso em um ônibus, nas mãos pessoas, na basílica, para assistir
podemos perceber as relações entre o lançamento de pétalas de rosas nas proximidades. do arcebispo de Belém, junto com à celebração da descida, às 12 horas.
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página ao lado
romaria fluvial.
foto: luiz braga.

PROCISSÃO
PELO RIO

A romaria fluvial foi criada em


1986 pelo historiador Carlos
Rocque, quando presidente da
as motivações religiosas e as
profanas, que marcam o Círio
de Nazaré desde seu início.
e de papel picado de helicópteros
e ultraleves, e a queima de fogos,
por devotos, nas margens da baía
a diretoria da festa, sem a participação
da população.
A moto-romaria é uma procissão
A imagem peregrina de Nossa
Senhora de Nazaré permanece no
Colégio Gentil Bittencourt até o
Companhia Paraense de Turismo. No sábado que antecede do Guajará. realizada essencialmente por início da procissão da trasladação,
É um dos eventos emblemáticos do o Círio, após terminar a romaria Participam da procissão motoqueiros, oriundos tanto de nesse mesmo dia, às 18 horas.
Círio de Nazaré, devido a sua rodoviária, é celebrada uma missa romeiros de todas as camadas PROCISSÃO DOS Belém quanto de diversas Em 2000 a Polícia Rodoviária
grande magnitude. A princípio, no trapiche de Icoaraci. Logo em sociais, provindos da área MOTOQUEIROS localidades do interior do estado. Federal passou a participar do
a motivação para a criação da seguida, a imagem de Nossa metropolitana de Belém e do É realizada no sábado que antecede cortejo, fortalecendo a organização
romaria surgiu da iniciativa Senhora de Nazaré é transportada interior do estado do Pará, além de o Círio, logo após a chegada ao cais da moto-romaria. Atualmente, esta
de possibilitar aos ribeirinhos para o navio balizador da Marinha, turistas nacionais e internacionais, do porto da romaria fluvial (às 11 procissão conta com o apoio da
prestarem suas homenagens à Nossa Guarnier Sampaio, que zarpa que compram com antecedência horas) e das homenagens de honras Companhia de Trânsito de Belém,
Senhora de Nazaré. No entanto, conduzindo a imagem num altar um pacote turístico que inclui de Estado prestadas à Nossa das Polícias Civil e Militar,
o fato de a romaria ter sido criada
por uma companhia de turismo
evidencia a clara associação do
armado na proa. O navio é
seguido de perto por centenas de
barcos. Partindo de Icoaraci,
a romaria fluvial. As empresas de
turismo contratam embarcações
nas quais é servido café-da-manhã,
A moto-romaria foi criada em
13 de outubro de 1990, pela
Associação dos Motoqueiros de
Senhora de Nazaré. Ao chegar
ao Colégio Gentil Bittencourt
é realizada uma benção para os
da Secretaria de Estado de
Segurança e do Corpo
de Bombeiros. A primeira moto-
Círio de Nazaré com o a romaria fluvial perfaz um percurso com frutas regionais, e são Belém, com a finalidade de escoltar motoqueiros e a imagem é exposta romaria contou com a participação
desenvolvimento do potencial de 10 milhas náuticas na baía do distribuídos bonés e bandeirinhas. a imagem de Nossa Senhora, para os presentes. Em seguida, de 40 motocicletas, número este
turístico da capital paraense, Guajará, até o porto de Belém, No ano de 2002 participaram conferindo mais pompa ao os motoqueiros aceleram suas que, em 2002, já era de 5 mil.
fundamentado no chamado terminando no local conhecido da romaria fluvial mais de 600 percurso de 3,3 quilômetros da máquinas, como forma de saudação
turismo religioso – a Embratur como escadinha do cais do porto. embarcações de diversos tipos, praça Pedro Teixeira às escadarias à Nossa Senhora de Nazaré. Após
(Empresa Brasileira de Turismo) Ao longo do percurso, a imagem desde iates, jet skis e lanchas de do Colégio Gentil Bittencourt. o término dessa procissão, muitos
incluiu a romaria no calendário de de Nossa Senhora de Nazaré vários portes, até pequenas canoas, Antes disso, a imagem fazia este dos participantes juntam-se às outras
eventos do país. Nesse caso também recebe muitas homenagens, como típicas de ribeirinhos que moram percurso em um ônibus, nas mãos pessoas, na basílica, para assistir
podemos perceber as relações entre o lançamento de pétalas de rosas nas proximidades. do arcebispo de Belém, junto com à celebração da descida, às 12 horas.
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detalhe pés dos transladação da


promesseiros. foto: imagem, a berlinda
francisco costa iluminada na noite
que antecede
o círio. foto:
REVIVENDO francisco costa
A CELEBRAÇÃO AS “FUGAS” DA
DA DESCIDA IMAGEM

T odas as imagens que


participam das celebrações, até
mesmo a da procissão principal
Senhora de Nazaré da glória
do altar-mor da basílica para o
presbitério para, desse modo, ficar
ficando protegida por uma
redoma de vidro.
A celebração é realizada às
N esse mesmo dia, o segundo
sábado de outubro, sai
à noite, do Colégio Gentil
seguinte, revive o mito das “fugas”
da imagem da santa quando
encontrada por Plácido, em 1700.
do Círio, na manhã seguinte,
o que faz com que muitos
participem apenas da procissão
do Círio, no segundo domingo de mais perto do povo. A celebração da 12 horas do sábado que antecede Bittencourt, situado próximo à Durante o trajeto, muitas noturna. Os jovens, no intuito de
outubro, são réplicas da imagem descida, em seus anos iniciais, era o Círio, logo após o encerramento praça Santuário, a procissão que homenagens são prestadas à Nossa conseguirem graças (na sua ampla
original. Aquela que, segundo a realizada no sábado que antecede da moto-romaria. A imagem de recebe o nome de trasladação, Senhora de Nazaré, sendo que as maioria, a aprovação no exame
tradição, foi “achada” pelo caboclo o Círio, às 23 horas, após a Nossa Senhora de Nazaré é descida seguindo em direção à Catedral de principais são promovidas pelo do vestibular), participam da
Plácido, no ano de 1700, não trasladação. Entre 1979 e 1980 da glória do altar da capela-mor Belém. Fazendo o trajeto do Círio Banco do Brasil e pelo Sindicato caminhada da trasladação segurando
participa de nenhuma outra o ritual de descida da imagem era da basílica, com cuidados especiais no sentido contrário, seguem dos Estivadores e dos Arrumadores a corda até o mercado Ver-o-Peso e,
cerimônia deste grande ritual realizado a portas fechadas, para sua preservação, como o milhares de pessoas em procissão, a do cais do porto de Belém, com com o restante do povo, conduzem
religioso, excetuando-se a celebração com a participação de um número uso de luvas brancas para evitar maioria com velas acesas, muitas um espetáculo de fogos de artifício. a berlinda para a Catedral da Sé.
da descida e a celebração da subida. reduzido de pessoas. A partir o contato das mãos com a imagem. delas cumprindo promessas, No decorrer dos últimos anos, Na manhã seguinte, com a
A imagem dita original permanece de 1983 as portas da basílica Durante a celebração são rezando contritas e entoando o o aumento do número de procissão do Círio propriamente
guardada, durante o ano todo, foram abertas para o povo realizados cantos, rezas e muitas hino de Nossa Senhora de Nazaré. participantes dessa procissão, dito, a imagem retorna à basílica,
no ponto mais alto (glória) do altar participar da celebração. aclamações de louvor à santa. A procissão tem início às sobretudo de jovens, é bastante cumprindo um ritual de mais de
principal da Basílica de Nazaré. Segundo o padre Luciano Após a descida a imagem é 18 horas, logo após a missa significativo. É voz corrente que 200 anos.
A celebração da descida consiste em Brambilla, a imagem da santa colocada em um pedestal junto celebrada nas escadarias do o aumento do número de
retirar a imagem de seu nicho ficava acessível para quem quisesse ao altar-mor, decorado com colégio, tendo como principais promesseiros na corda da trasladação
habitual, para que possa ficar, beijá-la, o que gerou uma flores, onde permanece acessível elementos de destaque no cortejo e na própria procissão está ligado
durante todo o período da Festa de situação inconveniente: no final à visitação pública durante a corda e a berlinda iluminada ao clima mais agradável à noite,
Nazaré, mais próxima dos devotos. da cerimônia, o manto toda a quadra nazarena. que conduz a imagem da santa. à beleza do espetáculo dos fogos no
Foi padre Miguel Giambelli, encontrava-se todo manchado Essa procissão, em conjunto com período noturno e ao crescimento
vigário de Nazaré, que decidiu, de batom. Em função disso, a o Círio propriamente dito, que surpreendente do número de
em 1969, descer a imagem de Nossa imagem não pôde mais ser beijada32, será realizado na manhã do dia pessoas na procissão principal
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detalhe pés dos transladação da


promesseiros. foto: imagem, a berlinda
francisco costa iluminada na noite
que antecede
o círio. foto:
REVIVENDO francisco costa
A CELEBRAÇÃO AS “FUGAS” DA
DA DESCIDA IMAGEM

T odas as imagens que


participam das celebrações, até
mesmo a da procissão principal
Senhora de Nazaré da glória
do altar-mor da basílica para o
presbitério para, desse modo, ficar
ficando protegida por uma
redoma de vidro.
A celebração é realizada às
N esse mesmo dia, o segundo
sábado de outubro, sai
à noite, do Colégio Gentil
seguinte, revive o mito das “fugas”
da imagem da santa quando
encontrada por Plácido, em 1700.
do Círio, na manhã seguinte,
o que faz com que muitos
participem apenas da procissão
do Círio, no segundo domingo de mais perto do povo. A celebração da 12 horas do sábado que antecede Bittencourt, situado próximo à Durante o trajeto, muitas noturna. Os jovens, no intuito de
outubro, são réplicas da imagem descida, em seus anos iniciais, era o Círio, logo após o encerramento praça Santuário, a procissão que homenagens são prestadas à Nossa conseguirem graças (na sua ampla
original. Aquela que, segundo a realizada no sábado que antecede da moto-romaria. A imagem de recebe o nome de trasladação, Senhora de Nazaré, sendo que as maioria, a aprovação no exame
tradição, foi “achada” pelo caboclo o Círio, às 23 horas, após a Nossa Senhora de Nazaré é descida seguindo em direção à Catedral de principais são promovidas pelo do vestibular), participam da
Plácido, no ano de 1700, não trasladação. Entre 1979 e 1980 da glória do altar da capela-mor Belém. Fazendo o trajeto do Círio Banco do Brasil e pelo Sindicato caminhada da trasladação segurando
participa de nenhuma outra o ritual de descida da imagem era da basílica, com cuidados especiais no sentido contrário, seguem dos Estivadores e dos Arrumadores a corda até o mercado Ver-o-Peso e,
cerimônia deste grande ritual realizado a portas fechadas, para sua preservação, como o milhares de pessoas em procissão, a do cais do porto de Belém, com com o restante do povo, conduzem
religioso, excetuando-se a celebração com a participação de um número uso de luvas brancas para evitar maioria com velas acesas, muitas um espetáculo de fogos de artifício. a berlinda para a Catedral da Sé.
da descida e a celebração da subida. reduzido de pessoas. A partir o contato das mãos com a imagem. delas cumprindo promessas, No decorrer dos últimos anos, Na manhã seguinte, com a
A imagem dita original permanece de 1983 as portas da basílica Durante a celebração são rezando contritas e entoando o o aumento do número de procissão do Círio propriamente
guardada, durante o ano todo, foram abertas para o povo realizados cantos, rezas e muitas hino de Nossa Senhora de Nazaré. participantes dessa procissão, dito, a imagem retorna à basílica,
no ponto mais alto (glória) do altar participar da celebração. aclamações de louvor à santa. A procissão tem início às sobretudo de jovens, é bastante cumprindo um ritual de mais de
principal da Basílica de Nazaré. Segundo o padre Luciano Após a descida a imagem é 18 horas, logo após a missa significativo. É voz corrente que 200 anos.
A celebração da descida consiste em Brambilla, a imagem da santa colocada em um pedestal junto celebrada nas escadarias do o aumento do número de
retirar a imagem de seu nicho ficava acessível para quem quisesse ao altar-mor, decorado com colégio, tendo como principais promesseiros na corda da trasladação
habitual, para que possa ficar, beijá-la, o que gerou uma flores, onde permanece acessível elementos de destaque no cortejo e na própria procissão está ligado
durante todo o período da Festa de situação inconveniente: no final à visitação pública durante a corda e a berlinda iluminada ao clima mais agradável à noite,
Nazaré, mais próxima dos devotos. da cerimônia, o manto toda a quadra nazarena. que conduz a imagem da santa. à beleza do espetáculo dos fogos no
Foi padre Miguel Giambelli, encontrava-se todo manchado Essa procissão, em conjunto com período noturno e ao crescimento
vigário de Nazaré, que decidiu, de batom. Em função disso, a o Círio propriamente dito, que surpreendente do número de
em 1969, descer a imagem de Nossa imagem não pôde mais ser beijada32, será realizado na manhã do dia pessoas na procissão principal
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berlinda com carro dos anjos no


a imagem de nossa círio de ™ºº¢. foto:
senhora de nazaré francisco costa.
durante a
transladação.
foto: luiz braga.
O TERÇO
DA ALVORADA

T erminada a procissão do Círio,


as festas do arraial se estendem
pela tarde e noite do domingo,
criar a romaria infantil, uma espécie
de miniprocissão em que as
crianças participam com rezas e
anjo protetor da cidade participam
da procissão.
O círio das crianças é realizado no
prolongando-se por duas semanas. cantos próprios escolhidos pelo primeiro domingo após a procissão
A próxima celebração religiosa é departamento de catequese infantil principal do Círio, saindo às
o terço da alvorada, procissão realizada O CÍRIO da paróquia de Nazaré. 8 horas e 30 minutos da praça
diariamente no entorno da basílica DAS CRIANÇAS O primeiro círio das crianças foi Santuário para percorrer as ruas
de Nossa Senhora de Nazaré, realizado no dia 21 de outubro de do bairro de Nazaré. As crianças
a partir da segunda-feira, após a 1990. Em 1994, o andor foi participam acompanhadas por seus
romaria principal, até o substituído por um cibório em um pais. A duração é de
encerramento da quadra nazarena. carro. Este cibório era o antigo aproximadamente duas horas.
Em 1972, o padre Giovane nicho que ficava no Colégio Gentil Ao retornar, o pároco da basílica
Incampo, pároco de Nazaré,
criou o terço da alvorada, com
a denominação de procissão penitencial.
A s crianças sempre foram parte
importante no Círio e Festa
de Nazaré. Aparecem na procissão
Bittencourt com a imagem de
Nossa Senhora de Nazaré, durante
a quinzena da festa. Até 1999,
recebe a imagem e abençoa
os presentes.

Participam desta procissão os padres principal do Círio vestidas de eram as esposas dos diretores que
barnabitas, a guarda da santa, anjos, nos carros, nos ombros organizavam o círio das crianças, desde
a Confraria de Nossa Senhora de e nos colos de mães e de pais. a decoração até os atos litúrgicos.
Nazaré, os sacristãos e as Aparecem também vestidas de A partir de 2000, o padre
comunidades da paróquia de Nossa marujos ou usando mortalhas em Francisco Silva, pároco de Nazaré,
Senhora de Nazaré. O percurso do pagamento de promessas. Vão à passou esta responsabilidade para a
cortejo é variável, com o intuito de igreja rezar e participam das comissão de culto e pastoral. Desde 1999
abranger o maior número possível brincadeiras do arraial. Por isso, os carros do anjo custódio e do
de ruas no entorno da basílica. a diretoria da festa teve a idéia de
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berlinda com carro dos anjos no


a imagem de nossa círio de ™ºº¢. foto:
senhora de nazaré francisco costa.
durante a
transladação.
foto: luiz braga.
O TERÇO
DA ALVORADA

T erminada a procissão do Círio,


as festas do arraial se estendem
pela tarde e noite do domingo,
criar a romaria infantil, uma espécie
de miniprocissão em que as
crianças participam com rezas e
anjo protetor da cidade participam
da procissão.
O círio das crianças é realizado no
prolongando-se por duas semanas. cantos próprios escolhidos pelo primeiro domingo após a procissão
A próxima celebração religiosa é departamento de catequese infantil principal do Círio, saindo às
o terço da alvorada, procissão realizada O CÍRIO da paróquia de Nazaré. 8 horas e 30 minutos da praça
diariamente no entorno da basílica DAS CRIANÇAS O primeiro círio das crianças foi Santuário para percorrer as ruas
de Nossa Senhora de Nazaré, realizado no dia 21 de outubro de do bairro de Nazaré. As crianças
a partir da segunda-feira, após a 1990. Em 1994, o andor foi participam acompanhadas por seus
romaria principal, até o substituído por um cibório em um pais. A duração é de
encerramento da quadra nazarena. carro. Este cibório era o antigo aproximadamente duas horas.
Em 1972, o padre Giovane nicho que ficava no Colégio Gentil Ao retornar, o pároco da basílica
Incampo, pároco de Nazaré,
criou o terço da alvorada, com
a denominação de procissão penitencial.
A s crianças sempre foram parte
importante no Círio e Festa
de Nazaré. Aparecem na procissão
Bittencourt com a imagem de
Nossa Senhora de Nazaré, durante
a quinzena da festa. Até 1999,
recebe a imagem e abençoa
os presentes.

Participam desta procissão os padres principal do Círio vestidas de eram as esposas dos diretores que
barnabitas, a guarda da santa, anjos, nos carros, nos ombros organizavam o círio das crianças, desde
a Confraria de Nossa Senhora de e nos colos de mães e de pais. a decoração até os atos litúrgicos.
Nazaré, os sacristãos e as Aparecem também vestidas de A partir de 2000, o padre
comunidades da paróquia de Nossa marujos ou usando mortalhas em Francisco Silva, pároco de Nazaré,
Senhora de Nazaré. O percurso do pagamento de promessas. Vão à passou esta responsabilidade para a
cortejo é variável, com o intuito de igreja rezar e participam das comissão de culto e pastoral. Desde 1999
abranger o maior número possível brincadeiras do arraial. Por isso, os carros do anjo custódio e do
de ruas no entorno da basílica. a diretoria da festa teve a idéia de
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página ao lado fiel com pedaço


pedaço de corda, da corda a volta da
fim da procissão. cabeça. foto:
foto: francisco francisco costa.
costa.
abaixo
ENCERRANDO fim da procissão,
o corpo do fiel.
A FESTA foto: francisco
costa.

N a maioria das festas de santos,


a procissão final, ou da festa,
é a mais importante. Isso não
homenagens à Nossa Senhora,
seguidas de bênçãos aos presentes.
O trajeto da procissão é alterado
o fim da festividade nazarena.
Ao término da missa realiza-se
uma procissão com velas –
segunda-feira, ao final dos 15 dias
de festividades, é o verdadeiro
encerramento da quadra nazarena.
de evangelização e introduzida entre
os rituais de celebração das
festividades do Círio em 1994.
acontece na Festa de Nazaré, em a cada ano, visando a contemplar as instituída em 1982, a partir da Nesse dia Belém tem suas atividades Consiste na queima dos pedidos
Belém, onde a procissão do Círio diversas ruas e comunidades inauguração da praça Santuário – reduzidas, os servidores públicos são escritos pelos fiéis e depositados em
é a mais importante de todas. pertencentes à paróquia de Nazaré. até as dependências da Basílica dispensados e o comércio só abre uma caixa de vidro no altar-mor
A procissão da festa é realizada pela A celebração oficial do de Nazaré. as portas após o meio-dia. Colégios da Basílica de Nazaré, durante os
manhã, sempre no último domingo encerramento da festa, entretanto, Já a celebração da subida é realizada também suspendem as aulas e 15 dias das festividades. Inicialmente
da quadra nazarena (quarto domingo é uma missa solene realizada no às 6 horas da segunda-feira, após liberam estudantes e professores realizado na lateral da basílica,
de outubro, dia de Nossa Senhora altar-monumento da praça o encerramento da festa, antes para participarem da tradição que em frente à sala dos milagres, hoje
de Nazaré), quando as Santuário, em frente à basílica, da procissão do recírio. A imagem de se incorporou aos festejos nazarenos acontece na praça Santuário e
comunidades da paróquia, junto também no último domingo Nossa Senhora de Nazaré é há mais de um século. simboliza a elevação dos pedidos
com os diretores da festa e demais fiéis da quadra nazarena, com a presença do recolocada na glória, acima do É quando a imagem peregrina Esse derradeiro ato religioso até a presença de Deus, pela
percorrem as ruas do bairro arcebispo, sacerdotes e diretores. altar da capela-mor da basílica, retorna para as dependências do da festa de Nazaré inicia-se com a intercessão de Nossa Senhora.
de Nazaré. O ato litúrgico inicia-se às 20 com os mesmos cuidados com sua Colégio Gentil Bittencourt, para missa na praça Santuário, de onde
Esta procissão é um horas, com uma procissão solene preservação que são tomados na sair somente no próximo ano, sairá a procissão que percorrerá
acontecimento dedicado aos leigos que sai da basílica, sendo o cortejo celebração da descida. Cantos, rezas revivendo e atualizando a devoção algumas quadras do bairro de
da paróquia, os quais são integrado pela diretoria da festa e muitas aclamações de louvor à nazarena33. Trata-se de uma Nazaré, até o Colégio Gentil.
responsáveis pelo planejamento (que conduz a imagem de Nossa Nossa Senhora de Nazaré marcam procissão marcada pela despedida, Ali o arcebispo de Belém abençoa
e execução das atividades Senhora de Nazaré) e o clero, este acontecimento aberto ao em que os fiéis, emocionados, todos os presentes com a imagem
desenvolvidas ao longo do entre a multidão de fiéis público e presidido pelo arcebispo acenam com lenços brancos ou de Nossa Senhora.
percurso, que tem cinco paradas posicionados em frente ao local metropolitano. leques para a imagem de Nossa Ao final da missa ocorre a
predeterminadas. Em cada uma da celebração. É apenas uma Finalmente, o recírio, uma Senhora de Nazaré, dando, assim, incineração das súplicas, uma cerimônia
delas ocorrem reflexões e das celebrações que marcam celebração que ocorre na manhã de o seu último adeus. presidida pelos membros da diretoria
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 48 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 49

página ao lado fiel com pedaço


pedaço de corda, da corda a volta da
fim da procissão. cabeça. foto:
foto: francisco francisco costa.
costa.
abaixo
ENCERRANDO fim da procissão,
o corpo do fiel.
A FESTA foto: francisco
costa.

N a maioria das festas de santos,


a procissão final, ou da festa,
é a mais importante. Isso não
homenagens à Nossa Senhora,
seguidas de bênçãos aos presentes.
O trajeto da procissão é alterado
o fim da festividade nazarena.
Ao término da missa realiza-se
uma procissão com velas –
segunda-feira, ao final dos 15 dias
de festividades, é o verdadeiro
encerramento da quadra nazarena.
de evangelização e introduzida entre
os rituais de celebração das
festividades do Círio em 1994.
acontece na Festa de Nazaré, em a cada ano, visando a contemplar as instituída em 1982, a partir da Nesse dia Belém tem suas atividades Consiste na queima dos pedidos
Belém, onde a procissão do Círio diversas ruas e comunidades inauguração da praça Santuário – reduzidas, os servidores públicos são escritos pelos fiéis e depositados em
é a mais importante de todas. pertencentes à paróquia de Nazaré. até as dependências da Basílica dispensados e o comércio só abre uma caixa de vidro no altar-mor
A procissão da festa é realizada pela A celebração oficial do de Nazaré. as portas após o meio-dia. Colégios da Basílica de Nazaré, durante os
manhã, sempre no último domingo encerramento da festa, entretanto, Já a celebração da subida é realizada também suspendem as aulas e 15 dias das festividades. Inicialmente
da quadra nazarena (quarto domingo é uma missa solene realizada no às 6 horas da segunda-feira, após liberam estudantes e professores realizado na lateral da basílica,
de outubro, dia de Nossa Senhora altar-monumento da praça o encerramento da festa, antes para participarem da tradição que em frente à sala dos milagres, hoje
de Nazaré), quando as Santuário, em frente à basílica, da procissão do recírio. A imagem de se incorporou aos festejos nazarenos acontece na praça Santuário e
comunidades da paróquia, junto também no último domingo Nossa Senhora de Nazaré é há mais de um século. simboliza a elevação dos pedidos
com os diretores da festa e demais fiéis da quadra nazarena, com a presença do recolocada na glória, acima do É quando a imagem peregrina Esse derradeiro ato religioso até a presença de Deus, pela
percorrem as ruas do bairro arcebispo, sacerdotes e diretores. altar da capela-mor da basílica, retorna para as dependências do da festa de Nazaré inicia-se com a intercessão de Nossa Senhora.
de Nazaré. O ato litúrgico inicia-se às 20 com os mesmos cuidados com sua Colégio Gentil Bittencourt, para missa na praça Santuário, de onde
Esta procissão é um horas, com uma procissão solene preservação que são tomados na sair somente no próximo ano, sairá a procissão que percorrerá
acontecimento dedicado aos leigos que sai da basílica, sendo o cortejo celebração da descida. Cantos, rezas revivendo e atualizando a devoção algumas quadras do bairro de
da paróquia, os quais são integrado pela diretoria da festa e muitas aclamações de louvor à nazarena33. Trata-se de uma Nazaré, até o Colégio Gentil.
responsáveis pelo planejamento (que conduz a imagem de Nossa Nossa Senhora de Nazaré marcam procissão marcada pela despedida, Ali o arcebispo de Belém abençoa
e execução das atividades Senhora de Nazaré) e o clero, este acontecimento aberto ao em que os fiéis, emocionados, todos os presentes com a imagem
desenvolvidas ao longo do entre a multidão de fiéis público e presidido pelo arcebispo acenam com lenços brancos ou de Nossa Senhora.
percurso, que tem cinco paradas posicionados em frente ao local metropolitano. leques para a imagem de Nossa Ao final da missa ocorre a
predeterminadas. Em cada uma da celebração. É apenas uma Finalmente, o recírio, uma Senhora de Nazaré, dando, assim, incineração das súplicas, uma cerimônia
delas ocorrem reflexões e das celebrações que marcam celebração que ocorre na manhã de o seu último adeus. presidida pelos membros da diretoria
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 50 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 51

basílica de nazaré
durante a festa
do círio.
foto: luiz braga.

É dentro da praça Santuário ou erudita dos músicos da Fundação


Conjunto Arquitetônico de Nazaré Carlos Gomes e do Serviço de
(can), antigo largo de Nazaré, que Atividades Musicais da
se realizam as celebrações religiosas Universidade Federal do Pará,
da festividade. O largo, com seus passando pelos grupos e
A FESTA E SEU coretos peculiares e pavilhões compositores de música popular
ARRAIAL armados para o arraial, deu lugar à paraense, até os ritmos regionais
Praça Santuário, com suas linhas como o carimbó, o xote bragantino
modernas, materiais refinados, e o sirimbó.
gradil, altar-central, concha A praça, situada em frente à
acústica e, mais tarde, Basílica de Nazaré, é propriedade
o monumento de mármore cuja da Prefeitura Municipal de Belém.

P adre, a rainha entrou na sua
sala”. Segundo o padre
Luciano Brambilla, foi com essas
forma remete ao manto de Nossa
Senhora de Nazaré.
Com a inauguração da praça
Além de ter gerado conflitos entre
os devotos e os padres, o espaço
também é local de disputas entre o
palavras que o coronel Alacid Santuário ampliou-se o espaço clero e o poder municipal, a partir
Nunes definiu a primeira vez que para as apresentações de artistas do seu nome. “A coisa mais triste
a imagem de Nossa Senhora de locais, sobretudo músicos, no é que num santuário regional
Nazaré entrou na praça Santuário, período das festividades do Círio. chamado Basílica de Nossa
no Círio de 1982.34 Com a Durante a quinzena festiva do Senhora de Nazaré tenha uma
construção da praça, cercada arraial, a concha acústica existente praça que se chama Justo
de grades, no local do antigo arraial, na praça transforma-se em espaço Chermont. Quem era este
este teve de mudar-se para para a apresentação da cultura ilustríssimo senhor João Ninguém
um terreno ao lado da basílica. paraense, desde a performance deste Justo Chermont? Isto não
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 50 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 51

basílica de nazaré
durante a festa
do círio.
foto: luiz braga.

É dentro da praça Santuário ou erudita dos músicos da Fundação


Conjunto Arquitetônico de Nazaré Carlos Gomes e do Serviço de
(can), antigo largo de Nazaré, que Atividades Musicais da
se realizam as celebrações religiosas Universidade Federal do Pará,
da festividade. O largo, com seus passando pelos grupos e
A FESTA E SEU coretos peculiares e pavilhões compositores de música popular
ARRAIAL armados para o arraial, deu lugar à paraense, até os ritmos regionais
Praça Santuário, com suas linhas como o carimbó, o xote bragantino
modernas, materiais refinados, e o sirimbó.
gradil, altar-central, concha A praça, situada em frente à
acústica e, mais tarde, Basílica de Nazaré, é propriedade
o monumento de mármore cuja da Prefeitura Municipal de Belém.

P adre, a rainha entrou na sua
sala”. Segundo o padre
Luciano Brambilla, foi com essas
forma remete ao manto de Nossa
Senhora de Nazaré.
Com a inauguração da praça
Além de ter gerado conflitos entre
os devotos e os padres, o espaço
também é local de disputas entre o
palavras que o coronel Alacid Santuário ampliou-se o espaço clero e o poder municipal, a partir
Nunes definiu a primeira vez que para as apresentações de artistas do seu nome. “A coisa mais triste
a imagem de Nossa Senhora de locais, sobretudo músicos, no é que num santuário regional
Nazaré entrou na praça Santuário, período das festividades do Círio. chamado Basílica de Nossa
no Círio de 1982.34 Com a Durante a quinzena festiva do Senhora de Nazaré tenha uma
construção da praça, cercada arraial, a concha acústica existente praça que se chama Justo
de grades, no local do antigo arraial, na praça transforma-se em espaço Chermont. Quem era este
este teve de mudar-se para para a apresentação da cultura ilustríssimo senhor João Ninguém
um terreno ao lado da basílica. paraense, desde a performance deste Justo Chermont? Isto não
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 52 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 53

festa com crianças


durante o círio.
foto: francisco
costa.

página ao lado
pimenta de cheiro ALMOÇO DO
usada no tempero do
pato-no-tucupi.
CÍRIO, O NATAL
DOS PARAENSES

cabe na cabeça de ninguém”, diz


o padre Luciano Brambilla.35
Já muitos devotos questionam
A concha acústica construída
dentro da praça Santuário “foi feita
para que no Centro Arquitetônico
de circulação de pessoas, de
namoro e de um conjunto de fatos
que, por sua própria natureza, não
T ão logo acaba a procissão,
com a chegada da imagem da
santa na praça Santuário em frente
presentes no almoço, apesar
do clima de confraternização.
O almoço do Círio é uma
por frango, porco ou mesmo pelo
peru-no-tucupi, o “pato-no-
tucupi genérico”, como dizem.
as razões que levaram os padres a de Nazaré se pudesse realizar a estão sob o controle da diretoria da à Basílica de Nazaré, as famílias oportunidade para as famílias Mas, para os devotos, a substituição
construírem a praça Santuário toda parte artística, constituída mesmo festa. Em função disso foram dos devotos se reúnem nos lares demonstrarem a prodigalidade e a gera conflitos com a tradição como
revestida de mármore36, tão distante de cânticos, música, concertos muitos os momentos de tensão que para uma grande confraternização fartura da comida, correspondente nos comentários do tipo “Olha, na
dos modelos arquitetônicos e de apresentações teatrais”, diz marcaram a história do arraial, vez e também para saborear os também à prodigalidade das casa do fulano era pato mesmo!
regionais, cercada de grades que o padre Brambilla, admitindo por outra acusado de contribuir deliciosos pratos típicos da cozinha bênçãos e das graças Era verdadeiro o pato-no-tucupi’”.
limitam o acesso público, apesar que surgiram descontentamentos para a “corrupção dos valores” regional paraense, principalmente proporcionadas pela Virgem de Criar o pato tornou-se uma
de a praça ser propriedade da por ocasião da construção da do povo paraense, momentos que o pato-no-tucupi e a maniçoba. Nazaré. O número de participantes atividade arriscada, pois é grande a
Prefeitura Municipal, aberta às seis praça, principalmente por causa expressam o próprio conflito entre Essas comidas expressam uma é muito variável entre as famílias, possibilidade de a ave ser roubada
horas e fechada às 22 horas por um das grades.37 os adeptos do catolicismo popular identidade cultural que o paraense chegando algumas a reunir em na época do Círio. Uma mulher
funcionário remunerado pela Tal como no início das e a ótica eclesial e oficial dos faz questão de exibir, especialmente torno de 30 pessoas. Outras têm já chegou a guardar um pato no
paróquia de Nazaré. Segundo o celebrações do Círio, o arraial organizadores da festa. ao visitante que vem de outros este número diminuído quando banheiro, com medo de que fosse
padre, a idéia de construir a praça continua sendo um local de lugares, que poderá ser convidado, alguns membros decidem criar sua roubado. A sina dos patos no
foi para evitar que a Basílica de comércio e também de festa, por alguma família, para participar “independência” no almoço do Círio já foi motivo até de charges
Nazaré fosse sufocada pelos prédios o principal ponto de encontro do almoço. Círio e começam a organizá-lo em publicadas em jornais, com
que estavam surgindo ao seu redor. das pessoas durante os 15 dias da No almoço do Círio percebe-se suas próprias casas, deixando de o título de “paticídio”.
Os edifícios no entorno da igreja, quadra nazarena. Há parque de uma certa continuidade de algumas participar na casa dos pais ou É comum os devotos se
entretanto, não deixaram de surgir, diversão e barracas de bebidas relações encontradas na procissão parentes. “A gente se separa, referirem ao almoço do Círio como
apesar da construção da praça, e comidas regionais tais como o principal, como formalidade e mas leva a tradição junto, né?” o “Natal dos paraenses”. Alguns
já que a proteção do tombamento tacacá, pato-no-tucupi, maniçoba informalidade, sagrado e profano, comenta uma devota. dizem que podem até deixar de
estadual da basílica não foi e vatapá. As noites do arraial são público e privado. Os conflitos Em função do elevado preço do fazer a ceia do Natal, mas nunca
suficiente para detê-los. um momento de encontro, familiares também se fazem pato, muitas famílias trocaram-no deixariam de fazer o almoço do Círio.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 52 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 53

festa com crianças


durante o círio.
foto: francisco
costa.

página ao lado
pimenta de cheiro ALMOÇO DO
usada no tempero do
pato-no-tucupi.
CÍRIO, O NATAL
DOS PARAENSES

cabe na cabeça de ninguém”, diz


o padre Luciano Brambilla.35
Já muitos devotos questionam
A concha acústica construída
dentro da praça Santuário “foi feita
para que no Centro Arquitetônico
de circulação de pessoas, de
namoro e de um conjunto de fatos
que, por sua própria natureza, não
T ão logo acaba a procissão,
com a chegada da imagem da
santa na praça Santuário em frente
presentes no almoço, apesar
do clima de confraternização.
O almoço do Círio é uma
por frango, porco ou mesmo pelo
peru-no-tucupi, o “pato-no-
tucupi genérico”, como dizem.
as razões que levaram os padres a de Nazaré se pudesse realizar a estão sob o controle da diretoria da à Basílica de Nazaré, as famílias oportunidade para as famílias Mas, para os devotos, a substituição
construírem a praça Santuário toda parte artística, constituída mesmo festa. Em função disso foram dos devotos se reúnem nos lares demonstrarem a prodigalidade e a gera conflitos com a tradição como
revestida de mármore36, tão distante de cânticos, música, concertos muitos os momentos de tensão que para uma grande confraternização fartura da comida, correspondente nos comentários do tipo “Olha, na
dos modelos arquitetônicos e de apresentações teatrais”, diz marcaram a história do arraial, vez e também para saborear os também à prodigalidade das casa do fulano era pato mesmo!
regionais, cercada de grades que o padre Brambilla, admitindo por outra acusado de contribuir deliciosos pratos típicos da cozinha bênçãos e das graças Era verdadeiro o pato-no-tucupi’”.
limitam o acesso público, apesar que surgiram descontentamentos para a “corrupção dos valores” regional paraense, principalmente proporcionadas pela Virgem de Criar o pato tornou-se uma
de a praça ser propriedade da por ocasião da construção da do povo paraense, momentos que o pato-no-tucupi e a maniçoba. Nazaré. O número de participantes atividade arriscada, pois é grande a
Prefeitura Municipal, aberta às seis praça, principalmente por causa expressam o próprio conflito entre Essas comidas expressam uma é muito variável entre as famílias, possibilidade de a ave ser roubada
horas e fechada às 22 horas por um das grades.37 os adeptos do catolicismo popular identidade cultural que o paraense chegando algumas a reunir em na época do Círio. Uma mulher
funcionário remunerado pela Tal como no início das e a ótica eclesial e oficial dos faz questão de exibir, especialmente torno de 30 pessoas. Outras têm já chegou a guardar um pato no
paróquia de Nazaré. Segundo o celebrações do Círio, o arraial organizadores da festa. ao visitante que vem de outros este número diminuído quando banheiro, com medo de que fosse
padre, a idéia de construir a praça continua sendo um local de lugares, que poderá ser convidado, alguns membros decidem criar sua roubado. A sina dos patos no
foi para evitar que a Basílica de comércio e também de festa, por alguma família, para participar “independência” no almoço do Círio já foi motivo até de charges
Nazaré fosse sufocada pelos prédios o principal ponto de encontro do almoço. Círio e começam a organizá-lo em publicadas em jornais, com
que estavam surgindo ao seu redor. das pessoas durante os 15 dias da No almoço do Círio percebe-se suas próprias casas, deixando de o título de “paticídio”.
Os edifícios no entorno da igreja, quadra nazarena. Há parque de uma certa continuidade de algumas participar na casa dos pais ou É comum os devotos se
entretanto, não deixaram de surgir, diversão e barracas de bebidas relações encontradas na procissão parentes. “A gente se separa, referirem ao almoço do Círio como
apesar da construção da praça, e comidas regionais tais como o principal, como formalidade e mas leva a tradição junto, né?” o “Natal dos paraenses”. Alguns
já que a proteção do tombamento tacacá, pato-no-tucupi, maniçoba informalidade, sagrado e profano, comenta uma devota. dizem que podem até deixar de
estadual da basílica não foi e vatapá. As noites do arraial são público e privado. Os conflitos Em função do elevado preço do fazer a ceia do Natal, mas nunca
suficiente para detê-los. um momento de encontro, familiares também se fazem pato, muitas famílias trocaram-no deixariam de fazer o almoço do Círio.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 54 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 55

maçãs carameladas barraca de venda


vendidas durante a do tucupi. foto:
festa do círio. foto: francisco costa.
francisco costa
abaixo
ingredientes usados
no preparo do
pato-no-tucupi.
foto: francisco
costa.

Uma entrevista realizada com uma prática religiosa; para outros,


uma família de devotos revelou um trata-se de uma tradição. Mas há
aspecto curioso do almoço do também os que dizem: “A gente se
Círio: a participação de adeptos preocupa bem mais com a reunião
de outras religiões. “Eu participo de da família do que com a
uma religião evangélica, não posso religiosidade”. Para esses o almoço
festejar por causa da minha mãe seria mais “um momento de
que é da crença evangélica e não confraternização, quando as
aceita essas coisas do Círio sensibilidades estão à flor da pele”.
na minha casa. Mas só que eu Esta é uma opinião comum entre
participo, vou na casa dos amigos, os mais jovens39. “Círio sem almoço
como, bebo, festejo junto com não existe, assim como não existe
eles”, diz um rapaz oriundo de uma o Círio sem a maniçoba”, diz um
família evangélica, seguidora da entrevistado. E todos, afinal,
Assembléia de Deus. E justificava concordam que o almoço do Círio
sua participação no almoço do tanto faz parte de uma cerimônia
Círio da seguinte forma: “Nesse religiosa, quanto de um momento
ponto eu não sou nem evangélico, de confraternização, de reunião
nem católico, entende? O almoço do dos amigos e familiares.
Círio é só uma festa para mim,
como outra qualquer. Acho que
é uma festa muito bonita”.38
De fato, o almoço do Círio pode ter
diversos significados. Para uns, é
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 54 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 55

maçãs carameladas barraca de venda


vendidas durante a do tucupi. foto:
festa do círio. foto: francisco costa.
francisco costa
abaixo
ingredientes usados
no preparo do
pato-no-tucupi.
foto: francisco
costa.

Uma entrevista realizada com uma prática religiosa; para outros,


uma família de devotos revelou um trata-se de uma tradição. Mas há
aspecto curioso do almoço do também os que dizem: “A gente se
Círio: a participação de adeptos preocupa bem mais com a reunião
de outras religiões. “Eu participo de da família do que com a
uma religião evangélica, não posso religiosidade”. Para esses o almoço
festejar por causa da minha mãe seria mais “um momento de
que é da crença evangélica e não confraternização, quando as
aceita essas coisas do Círio sensibilidades estão à flor da pele”.
na minha casa. Mas só que eu Esta é uma opinião comum entre
participo, vou na casa dos amigos, os mais jovens39. “Círio sem almoço
como, bebo, festejo junto com não existe, assim como não existe
eles”, diz um rapaz oriundo de uma o Círio sem a maniçoba”, diz um
família evangélica, seguidora da entrevistado. E todos, afinal,
Assembléia de Deus. E justificava concordam que o almoço do Círio
sua participação no almoço do tanto faz parte de uma cerimônia
Círio da seguinte forma: “Nesse religiosa, quanto de um momento
ponto eu não sou nem evangélico, de confraternização, de reunião
nem católico, entende? O almoço do dos amigos e familiares.
Círio é só uma festa para mim,
como outra qualquer. Acho que
é uma festa muito bonita”.38
De fato, o almoço do Círio pode ter
diversos significados. Para uns, é
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 56 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 57

vendedor ambulante
de brinquedos de
miriti. foto:
francisco costa

Universidade Federal do Pará,


com participação da classe artística.
O cortejo percorre as ruas
Ao longo dos anos foram
incorporados elementos de escola-
de-samba (bateria, samba-enredo,
O arrastão do boi pavulagem é um
cortejo de cultura popular que
agrega pessoas de todas as idades em
grande, dos cavalinhos,
da orquestra de metais (trombone,
saxofone, trompete), todos eles
do bairro da Cidade Velha, com carros alegóricos, mestre-sala e torno da brincadeira do boi- advindos do boi-bumbá (boi tinga)
UM ESPETÁCULO os artistas fantasiados (monstros, porta-bandeira), caracterizando bumbá, principal elemento cênico do Município de São Caetano
palhaços, anjos, diabos, bruxas, a carnavalização do cortejo. da atividade, e de outras LÁ VEM VINDO de Odivelas. Em 2001 foi
DE CULTURA
magos, ciganos, ladrões etc.), Este espetáculo manifesta manifestações culturais do estado, O ARRASTÃO introduzida no cortejo a alegoria
POPULAR desenvolvendo performances a relação entre sagrado e profano pelas ruas de Belém. Manifestação de uma cobra de 20 metros
teatrais. Durante o percurso são presente durante todo o seu recentemente introduzida na confeccionada em miriti.
realizadas paradas em estações desenvolvimento, ou seja, programação cultural da festa O arrastão é sempre
previamente determinadas, começa como uma grande (1999), o arrastão acontece sempre acompanhado por um grupo de
localizadas em frente a monumentos procissão que, posteriormente, na véspera do Círio de Nazaré. músicos, que tocam instrumentos

O auto do Círio é um espetáculo


de rua grandioso, com
ampla participação popular.
históricos. Os espetáculos de
música, por exemplo, são realizados
em frente à Igreja da Sé; o teatro,
transforma-se numa festa de
carnaval. O cortejo teatral atrai
um grande público, formado
É um desdobramento dos
arrastões promovidos no mês
de junho por toda a cidade. Tem
promovidos no período, marca
um dos aspectos do lado profano
da Festa de Nazaré.
rítmicos como tambores, matracas,
barricas, chequeré, surdos e caixas.
As toadas impõem ao cortejo um
O projeto, pensado pela na Igreja de Santo Alexandre; pelos moradores da Cidade Velha início após a chegada da procissão Contando com elementos ritmo alegre, durante todo o seu
professora, atriz e diretora de a dança, no Solar do Barão de e de outros bairros. pluvial à escadinha do cais do porto, típicos da cultura paraense, o desenvolvimento.
teatro, Zélia Amador de Deus, Guajará, as exibições de folclore depois da saída da romaria dos arrastão do boi pavulagem chama atenção
acontece desde 1993 na noite paraense, na Capela de São João motoqueiros, terminando na feira pela sua estrutura física, que
da sexta-feira que antecede Batista, e a apoteose carnavalesca, de brinquedos de miriti, na praça Frei procura agregar tanto os signos
a procissão principal do Círio. entre os palácios do governo Caetano Brandão (Largo da Sé) do período das festividades de
Trata-se de um cortejo de cultura estadual – Palácio Lauro Sodré – e na praça do Carmo, ambas no São João (estandartes dos santos,
popular, atualmente organizado e do governo municipal – bairro da Cidade Velha. Junto bandeiras, adereços de mão), como
pela Escola de Teatro da Palácio Antônio Lemos. a outros acontecimentos culturais os signos regionais da cobra-
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 56 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 57

vendedor ambulante
de brinquedos de
miriti. foto:
francisco costa

Universidade Federal do Pará,


com participação da classe artística.
O cortejo percorre as ruas
Ao longo dos anos foram
incorporados elementos de escola-
de-samba (bateria, samba-enredo,
O arrastão do boi pavulagem é um
cortejo de cultura popular que
agrega pessoas de todas as idades em
grande, dos cavalinhos,
da orquestra de metais (trombone,
saxofone, trompete), todos eles
do bairro da Cidade Velha, com carros alegóricos, mestre-sala e torno da brincadeira do boi- advindos do boi-bumbá (boi tinga)
UM ESPETÁCULO os artistas fantasiados (monstros, porta-bandeira), caracterizando bumbá, principal elemento cênico do Município de São Caetano
palhaços, anjos, diabos, bruxas, a carnavalização do cortejo. da atividade, e de outras LÁ VEM VINDO de Odivelas. Em 2001 foi
DE CULTURA
magos, ciganos, ladrões etc.), Este espetáculo manifesta manifestações culturais do estado, O ARRASTÃO introduzida no cortejo a alegoria
POPULAR desenvolvendo performances a relação entre sagrado e profano pelas ruas de Belém. Manifestação de uma cobra de 20 metros
teatrais. Durante o percurso são presente durante todo o seu recentemente introduzida na confeccionada em miriti.
realizadas paradas em estações desenvolvimento, ou seja, programação cultural da festa O arrastão é sempre
previamente determinadas, começa como uma grande (1999), o arrastão acontece sempre acompanhado por um grupo de
localizadas em frente a monumentos procissão que, posteriormente, na véspera do Círio de Nazaré. músicos, que tocam instrumentos

O auto do Círio é um espetáculo


de rua grandioso, com
ampla participação popular.
históricos. Os espetáculos de
música, por exemplo, são realizados
em frente à Igreja da Sé; o teatro,
transforma-se numa festa de
carnaval. O cortejo teatral atrai
um grande público, formado
É um desdobramento dos
arrastões promovidos no mês
de junho por toda a cidade. Tem
promovidos no período, marca
um dos aspectos do lado profano
da Festa de Nazaré.
rítmicos como tambores, matracas,
barricas, chequeré, surdos e caixas.
As toadas impõem ao cortejo um
O projeto, pensado pela na Igreja de Santo Alexandre; pelos moradores da Cidade Velha início após a chegada da procissão Contando com elementos ritmo alegre, durante todo o seu
professora, atriz e diretora de a dança, no Solar do Barão de e de outros bairros. pluvial à escadinha do cais do porto, típicos da cultura paraense, o desenvolvimento.
teatro, Zélia Amador de Deus, Guajará, as exibições de folclore depois da saída da romaria dos arrastão do boi pavulagem chama atenção
acontece desde 1993 na noite paraense, na Capela de São João motoqueiros, terminando na feira pela sua estrutura física, que
da sexta-feira que antecede Batista, e a apoteose carnavalesca, de brinquedos de miriti, na praça Frei procura agregar tanto os signos
a procissão principal do Círio. entre os palácios do governo Caetano Brandão (Largo da Sé) do período das festividades de
Trata-se de um cortejo de cultura estadual – Palácio Lauro Sodré – e na praça do Carmo, ambas no São João (estandartes dos santos,
popular, atualmente organizado e do governo municipal – bairro da Cidade Velha. Junto bandeiras, adereços de mão), como
pela Escola de Teatro da Palácio Antônio Lemos. a outros acontecimentos culturais os signos regionais da cobra-
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 58 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 59

filhas da chiquita. filhas da chiquita,


manifestação detalhe. foto:
profana surgida no francisco costa.
rastro da religiosa
e que premia o
veado de ouro na
noite que antecede
o círio. foto:
francisco costa.

realizou-se a primeira festa das filhas acontecem já de madrugada,


da Chiquita no sábado da trasladação, no próprio dia do Círio, sendo
com a estrutura que conhecemos aguardadas com bastante
hoje, ou seja, carimbó tocado pelo ansiedade pelo público.
A FESTA DAS grupo Borboletas do Mar, entrega Nos últimos anos, houve uma
FILHAS dos prêmios “Veado de Ouro” e tentativa de institucionalização
“Rainha do Círio” (o ganhador é ou de apropriação da festa pelo
DA CHIQUITA escolhido independentemente de poder municipal, que passou
sua opção sexual) e venda de a participar de sua organização,
cerveja. A partir de 1979 artistas tendo o evento contado com
locais começaram a participar do a presença do prefeito e de outras
evento. Em 1997 introduziu-se autoridades municipais. Há quem

E ntre tantas celebrações ligadas


ao Círio e à Festa de Nazaré
existem algumas que não são
que saía das proximidades do
extinto presídio São José,
percorrendo as ruas do centro da
Parque, na praça da República.
O bar, que funciona 24 horas,
fecha apenas no dia do Círio.
o prêmio “Botina de Ouro”,
destinado a uma homossexual.
As diversas referências ao Círio e
“novena de fresco” –, com uma
pequena celebração realizada pelos
próprios participantes do evento.
diga que, com isso, a festa perdeu
um pouco de seu caráter
espontâneo e independente.
organizadas pela diretoria da festa. cidade, até o Bar do Parque. Foi a Lá aconteceu, em 1977, a festa de à própria Nossa Senhora de Nazaré A festa das filhas da Chiquita de 2002 A festa das filhas da Chiquita tem
Entre elas destaca-se a chamada festa origem da polêmica festa das filhas da Santo Antônio Casamenteiro, com a na festa das filhas da Chiquita também ficou famosa em função permissão de realização concedida
das filhas da Chiquita, repudiada pela Chiquita. Esse evento tem início na entrega, pela primeira vez, dos apresentam, assim, um caráter de a data marcar os 24 anos de pela Prefeitura Municipal de
diretoria da festa e pelas autoridades noite do sábado que precede a prêmios “Veado de ouro” e de resistência, de contestação, de sua existência. Belém até às 4 horas da manhã.
eclesiásticas. procissão principal do Círio e “Rainha do Círio”. No mesmo busca de espaço e reconhecimento A brincadeira começa logo No entanto, a mesma se prolonga
Nos carnavais de 1975 e 1976, acontece, desde 1978, num dos ano realizou-se a “transveadação” social pelos homossexuais. após a passagem da trasladação de outras formas, por meio
grupos homossexuais e lugares por onde passam as (referência à trasladação) do veado de Em 1999 a festa comemorou pelo local. Dela participam grupos do que um entrevistado definiu
simpatizantes de Belém procissões da trasladação e do Círio, ouro do bairro da Cidade Velha até sua maioridade (21 anos) com a homossexuais e simpatizantes da como a “criatividade anárquica”
organizaram um bloco carnavalesco em frente ao chamado Bar do o Bar do Parque. Em 1978 realização da “fresquena” – sociedade de Belém. As premiações dos participantes.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 58 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 59

filhas da chiquita. filhas da chiquita,


manifestação detalhe. foto:
profana surgida no francisco costa.
rastro da religiosa
e que premia o
veado de ouro na
noite que antecede
o círio. foto:
francisco costa.

realizou-se a primeira festa das filhas acontecem já de madrugada,


da Chiquita no sábado da trasladação, no próprio dia do Círio, sendo
com a estrutura que conhecemos aguardadas com bastante
hoje, ou seja, carimbó tocado pelo ansiedade pelo público.
A FESTA DAS grupo Borboletas do Mar, entrega Nos últimos anos, houve uma
FILHAS dos prêmios “Veado de Ouro” e tentativa de institucionalização
“Rainha do Círio” (o ganhador é ou de apropriação da festa pelo
DA CHIQUITA escolhido independentemente de poder municipal, que passou
sua opção sexual) e venda de a participar de sua organização,
cerveja. A partir de 1979 artistas tendo o evento contado com
locais começaram a participar do a presença do prefeito e de outras
evento. Em 1997 introduziu-se autoridades municipais. Há quem

E ntre tantas celebrações ligadas


ao Círio e à Festa de Nazaré
existem algumas que não são
que saía das proximidades do
extinto presídio São José,
percorrendo as ruas do centro da
Parque, na praça da República.
O bar, que funciona 24 horas,
fecha apenas no dia do Círio.
o prêmio “Botina de Ouro”,
destinado a uma homossexual.
As diversas referências ao Círio e
“novena de fresco” –, com uma
pequena celebração realizada pelos
próprios participantes do evento.
diga que, com isso, a festa perdeu
um pouco de seu caráter
espontâneo e independente.
organizadas pela diretoria da festa. cidade, até o Bar do Parque. Foi a Lá aconteceu, em 1977, a festa de à própria Nossa Senhora de Nazaré A festa das filhas da Chiquita de 2002 A festa das filhas da Chiquita tem
Entre elas destaca-se a chamada festa origem da polêmica festa das filhas da Santo Antônio Casamenteiro, com a na festa das filhas da Chiquita também ficou famosa em função permissão de realização concedida
das filhas da Chiquita, repudiada pela Chiquita. Esse evento tem início na entrega, pela primeira vez, dos apresentam, assim, um caráter de a data marcar os 24 anos de pela Prefeitura Municipal de
diretoria da festa e pelas autoridades noite do sábado que precede a prêmios “Veado de ouro” e de resistência, de contestação, de sua existência. Belém até às 4 horas da manhã.
eclesiásticas. procissão principal do Círio e “Rainha do Círio”. No mesmo busca de espaço e reconhecimento A brincadeira começa logo No entanto, a mesma se prolonga
Nos carnavais de 1975 e 1976, acontece, desde 1978, num dos ano realizou-se a “transveadação” social pelos homossexuais. após a passagem da trasladação de outras formas, por meio
grupos homossexuais e lugares por onde passam as (referência à trasladação) do veado de Em 1999 a festa comemorou pelo local. Dela participam grupos do que um entrevistado definiu
simpatizantes de Belém procissões da trasladação e do Círio, ouro do bairro da Cidade Velha até sua maioridade (21 anos) com a homossexuais e simpatizantes da como a “criatividade anárquica”
organizaram um bloco carnavalesco em frente ao chamado Bar do o Bar do Parque. Em 1978 realização da “fresquena” – sociedade de Belém. As premiações dos participantes.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 60 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 61

menino vendendo
brinquedos de
miriti. ao fundo
torre do mercado
do peixe.
COMPUTADORES INSTRUMENTOS A FEIRA DE
PARA MUSICAIS PARA página ao lado
brinquedos de BRINQUEDOS
AS MELHORES AS MELHORES miriti, detalhe.
foto: francisco DE MIRITI
REDAÇÕES CANÇÕES costa.

C om o objetivo de despertar
o interesse e ampliar o
conhecimento em torno do Círio,
espetacular do Círio de Nazaré:
“Os que estão na corda viram um
único corpo que dança, flutua
O festival da canção mariana, ou Fescan,
acontece bienalmente na
concha acústica da praça Santuário,
teve cobertura ao vivo da tv Nazaré
(pertencente à arquidiocese).
A entrega dos prêmios é feita no
E sta feira, que ocorre no sábado
e no domingo do Círio,
acontece nas praças do Carmo
batelões, canoas a vela, lanchas),
objetos do trabalho cotidiano
(pilões), aviões e figuras humanas.
a diretoria de evangelização da Festa de ao redor de Nossa Senhora. em frente à Basílica de Nazaré. encerramento da Festividade de e Frei Caetano Brandão (Largo É comum ver-se promesseiros
Nazaré organiza, desde 1995, o Os que atravessam rios e cidades Foi criado em 1991 pela comissão de Nazaré. Nos primeiros anos da Sé). Desde 1905 os brinquedos de conduzindo esses brinquedos
concurso de redação. O público-alvo do se fundem em um só pensamento, culto e pastoral da diretoria da festa, tendo do festival a premiação era em miriti constituem uma das principais durante a procissão principal do
evento é formado por alunos do numa só emoção. Os que caem como finalidade propiciar um dinheiro, mas atualmente os tradições do Círio de Nazaré.41 Círio, como forma de pagamento
ensino médio e vestibulandos. de joelhos, os que choram, momento de encontro de vencedores ganham instrumentos O miriti, material utilizado na de promessa, ou seja,
Os estudantes vencedores, assim os que criticam, os que amam, evangelização e descontração musicais. fabricação dos brinquedos, transformando-os em ex-votos.
como seus professores, recebem todos os personagens entram para os jovens. é retirado da palmeira do mesmo Os brinquedos de miriti, que chegam
computadores como prêmio. nessa coreografia de fé É uma atividade musical em nome, que cresce nas regiões de a ser exportados para outros estados
O evento começa a ser e devoção.”40 O concurso é que jovens católicos, em sua várzea da Amazônia. Trata-se e até para o exterior, são utilizados
preparado no primeiro semestre divulgado pelas redes de rádio maioria, apresentam músicas de um material leve e maleável, não somente no lazer infantil,
de cada ano, quando são enviadas e tv, por meio de cartazes e em homenagem a Nossa Senhora, mas que exige uma técnica especial mas também como objetos de
as primeiras cartas para as escolas pela internet. ainda que haja participantes de para ser trabalhado. decoração. Além de serem
de ensino médio, estimulando a todas as idades. As composições Os artesãos que fabricam os encontrados na feira de brinquedos de
participação dos estudantes. Cada devem ser de cunho mariano, ou brinquedos são originários do miriti são vendidos também por
instituição de ensino (pública conter aspectos do Círio de Nazaré. município de Abaetetuba, próximo ambulantes, expostos em
ou particular) pode inscrever seus O festival acontece no primeiro a Belém. Os brinquedos, pintados girândolas42 ao longo de todo
alunos, desde que tenham final de semana após a procissão em cores alegres, reproduzem o trajeto da procissão principal
professores que os acompanhem. do Círio. Na sexta-feira ocorre a aspectos da realidade ou do do Círio.
A redação vencedora do concurso primeira eliminatória, no sábado imaginário amazônico, como
em 2002 expressou com bastante a segunda e, no domingo, a grande animais (botos, cobras, tatus,
propriedade a emoção e o caráter final que, no ano de 2002, pássaros), embarcações (montarias,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 60 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 61

menino vendendo
brinquedos de
miriti. ao fundo
torre do mercado
do peixe.
COMPUTADORES INSTRUMENTOS A FEIRA DE
PARA MUSICAIS PARA página ao lado
brinquedos de BRINQUEDOS
AS MELHORES AS MELHORES miriti, detalhe.
foto: francisco DE MIRITI
REDAÇÕES CANÇÕES costa.

C om o objetivo de despertar
o interesse e ampliar o
conhecimento em torno do Círio,
espetacular do Círio de Nazaré:
“Os que estão na corda viram um
único corpo que dança, flutua
O festival da canção mariana, ou Fescan,
acontece bienalmente na
concha acústica da praça Santuário,
teve cobertura ao vivo da tv Nazaré
(pertencente à arquidiocese).
A entrega dos prêmios é feita no
E sta feira, que ocorre no sábado
e no domingo do Círio,
acontece nas praças do Carmo
batelões, canoas a vela, lanchas),
objetos do trabalho cotidiano
(pilões), aviões e figuras humanas.
a diretoria de evangelização da Festa de ao redor de Nossa Senhora. em frente à Basílica de Nazaré. encerramento da Festividade de e Frei Caetano Brandão (Largo É comum ver-se promesseiros
Nazaré organiza, desde 1995, o Os que atravessam rios e cidades Foi criado em 1991 pela comissão de Nazaré. Nos primeiros anos da Sé). Desde 1905 os brinquedos de conduzindo esses brinquedos
concurso de redação. O público-alvo do se fundem em um só pensamento, culto e pastoral da diretoria da festa, tendo do festival a premiação era em miriti constituem uma das principais durante a procissão principal do
evento é formado por alunos do numa só emoção. Os que caem como finalidade propiciar um dinheiro, mas atualmente os tradições do Círio de Nazaré.41 Círio, como forma de pagamento
ensino médio e vestibulandos. de joelhos, os que choram, momento de encontro de vencedores ganham instrumentos O miriti, material utilizado na de promessa, ou seja,
Os estudantes vencedores, assim os que criticam, os que amam, evangelização e descontração musicais. fabricação dos brinquedos, transformando-os em ex-votos.
como seus professores, recebem todos os personagens entram para os jovens. é retirado da palmeira do mesmo Os brinquedos de miriti, que chegam
computadores como prêmio. nessa coreografia de fé É uma atividade musical em nome, que cresce nas regiões de a ser exportados para outros estados
O evento começa a ser e devoção.”40 O concurso é que jovens católicos, em sua várzea da Amazônia. Trata-se e até para o exterior, são utilizados
preparado no primeiro semestre divulgado pelas redes de rádio maioria, apresentam músicas de um material leve e maleável, não somente no lazer infantil,
de cada ano, quando são enviadas e tv, por meio de cartazes e em homenagem a Nossa Senhora, mas que exige uma técnica especial mas também como objetos de
as primeiras cartas para as escolas pela internet. ainda que haja participantes de para ser trabalhado. decoração. Além de serem
de ensino médio, estimulando a todas as idades. As composições Os artesãos que fabricam os encontrados na feira de brinquedos de
participação dos estudantes. Cada devem ser de cunho mariano, ou brinquedos são originários do miriti são vendidos também por
instituição de ensino (pública conter aspectos do Círio de Nazaré. município de Abaetetuba, próximo ambulantes, expostos em
ou particular) pode inscrever seus O festival acontece no primeiro a Belém. Os brinquedos, pintados girândolas42 ao longo de todo
alunos, desde que tenham final de semana após a procissão em cores alegres, reproduzem o trajeto da procissão principal
professores que os acompanhem. do Círio. Na sexta-feira ocorre a aspectos da realidade ou do do Círio.
A redação vencedora do concurso primeira eliminatória, no sábado imaginário amazônico, como
em 2002 expressou com bastante a segunda e, no domingo, a grande animais (botos, cobras, tatus,
propriedade a emoção e o caráter final que, no ano de 2002, pássaros), embarcações (montarias,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 62 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 63

abaixo
antiga diretoria,
com dom irineu
joffily.

de confreiros e religiosos para Embora da composição da na ocasião dos diversos eventos que
gerir as festividades em honra à diretoria oficialmente só participem compõem a festividade. Esta guarda
Nossa Senhora de Nazaré. os homens, o trabalho é, na atua uniformizada, porém
A Irmandade de Nazaré aos poucos realidade, feito pelo casal, cabendo desarmada. Sua função é evitar,
foi perdendo sua importância, até às mulheres a organização de vários pelo convencimento, excessos que
ORGANIZAÇÃO E ser substituída por uma diretoria, aspectos do ritual, entre eles possam ocorrer nos eventos,
GESTÃO DO CÍRIO instituída em 1910. a decoração da berlinda e as funcionando como um elemento
Atualmente quem organiza o providências para a confecção disciplinador durante a procissão.
Círio e a Festa de Nazaré, desde do manto que, todos os anos, veste Em 1995, por questões de
suas primeiras manifestações, com a imagem da santa. Neste último segurança, houve uma alteração
a missa do mandato, até o seu término, caso, a encarregada de sua no ponto de fixação ou atrelamento
com o recírio, é a diretoria da festa, confecção produz vários modelos da corda na berlinda, para evitar que

N os seus primeiros anos de


existência o Círio e a Festa
de Nazaré eram organizados pela
constituída por 35 representantes
de vários segmentos da sociedade
local. Cada diretor é responsável
que são apresentados às mulheres
dos diretores da festa. Estas escolhem
três deles e os apresentam ao
a corda tivesse de fazer uma curva
de 90º numa via estreita nas
proximidades da doca do Ver-o-
Irmandade de Nossa Senhora de por determinados aspectos da presidente da diretoria da festa de Peso, responsável por muitos
Nazaré, nos moldes do que organização da festa, havendo entre Nazaré, que é sempre o pároco de acidentes. O atrelamento deixou
acontecia com outras festas de eles um presidente, eleito por dois Nazaré, cabendo a ele decidir qual então de ser feito na praça Frei do Círio. A parte comercial e de quando a imagem da Virgem de
santos nos períodos colonial e anos. Todo o trabalho é feito, será o modelo final. Caetano Brandão, em frente à evangelização da sonorização, que Nazaré chegou à basílica às 15:45 h.
imperial. Na ocasião do primeiro porém, sob a supervisão do pároco Além da diretoria, que exerce catedral, passando para o boulevard antes era feita com pequenos carros A corda ficou atrelada à berlinda
conflito que ocorreu com o Círio, de Nazaré. A diretoria trabalha de fato a gestão da festa religiosa, Castilhos França, em frente ao de som, de alcance limitado, passou o tempo todo, tanto na trasladação
nos anos 70 do século xix, o bispo durante o ano inteiro, mas quando destaca-se atualmente uma outra mercado de peixe. Também nesse a ser realizada pela Rádio Nazaré. como no Círio. No mesmo ano,
do Pará, Dom Antônio de Macedo se aproxima a data do Círio passa a organização, que é a guarda da santa, ano, a diretoria da festa começou a O Círio mais demorado de o carro do Plácido foi incorporado
Costa, nomeou uma comissão se reunir todas as noites. cuja finalidade é garantir a ordem preparar a sonorização da procissão todos os tempos foi o de 2000, à procissão, como forma de
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abaixo
antiga diretoria,
com dom irineu
joffily.

de confreiros e religiosos para Embora da composição da na ocasião dos diversos eventos que
gerir as festividades em honra à diretoria oficialmente só participem compõem a festividade. Esta guarda
Nossa Senhora de Nazaré. os homens, o trabalho é, na atua uniformizada, porém
A Irmandade de Nazaré aos poucos realidade, feito pelo casal, cabendo desarmada. Sua função é evitar,
foi perdendo sua importância, até às mulheres a organização de vários pelo convencimento, excessos que
ORGANIZAÇÃO E ser substituída por uma diretoria, aspectos do ritual, entre eles possam ocorrer nos eventos,
GESTÃO DO CÍRIO instituída em 1910. a decoração da berlinda e as funcionando como um elemento
Atualmente quem organiza o providências para a confecção disciplinador durante a procissão.
Círio e a Festa de Nazaré, desde do manto que, todos os anos, veste Em 1995, por questões de
suas primeiras manifestações, com a imagem da santa. Neste último segurança, houve uma alteração
a missa do mandato, até o seu término, caso, a encarregada de sua no ponto de fixação ou atrelamento
com o recírio, é a diretoria da festa, confecção produz vários modelos da corda na berlinda, para evitar que

N os seus primeiros anos de


existência o Círio e a Festa
de Nazaré eram organizados pela
constituída por 35 representantes
de vários segmentos da sociedade
local. Cada diretor é responsável
que são apresentados às mulheres
dos diretores da festa. Estas escolhem
três deles e os apresentam ao
a corda tivesse de fazer uma curva
de 90º numa via estreita nas
proximidades da doca do Ver-o-
Irmandade de Nossa Senhora de por determinados aspectos da presidente da diretoria da festa de Peso, responsável por muitos
Nazaré, nos moldes do que organização da festa, havendo entre Nazaré, que é sempre o pároco de acidentes. O atrelamento deixou
acontecia com outras festas de eles um presidente, eleito por dois Nazaré, cabendo a ele decidir qual então de ser feito na praça Frei do Círio. A parte comercial e de quando a imagem da Virgem de
santos nos períodos colonial e anos. Todo o trabalho é feito, será o modelo final. Caetano Brandão, em frente à evangelização da sonorização, que Nazaré chegou à basílica às 15:45 h.
imperial. Na ocasião do primeiro porém, sob a supervisão do pároco Além da diretoria, que exerce catedral, passando para o boulevard antes era feita com pequenos carros A corda ficou atrelada à berlinda
conflito que ocorreu com o Círio, de Nazaré. A diretoria trabalha de fato a gestão da festa religiosa, Castilhos França, em frente ao de som, de alcance limitado, passou o tempo todo, tanto na trasladação
nos anos 70 do século xix, o bispo durante o ano inteiro, mas quando destaca-se atualmente uma outra mercado de peixe. Também nesse a ser realizada pela Rádio Nazaré. como no Círio. No mesmo ano,
do Pará, Dom Antônio de Macedo se aproxima a data do Círio passa a organização, que é a guarda da santa, ano, a diretoria da festa começou a O Círio mais demorado de o carro do Plácido foi incorporado
Costa, nomeou uma comissão se reunir todas as noites. cuja finalidade é garantir a ordem preparar a sonorização da procissão todos os tempos foi o de 2000, à procissão, como forma de
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fiel carregando catedral da sé


um pedaço da de belém. foto:
corda. foto: francisco costa.
francisco costa.

homenagear o caboclo que Segundo Arnaldo Pinheiro, seguiu à frente da procissão,


encontrou a imagem. Atualmente, da diretoria da festa, todo o evento chegando na praça Santuário às
a berlinda leva cerca de cinco horas mobiliza recursos em torno de 11:15 h. Em função disso, muitos
para chegar à praça Santuário. oitocentos mil reais. Desse total, devotos que se prepararam para ver
A procissão principal do Círio de cerca de 60% são financiados pelos a imagem chegar na praça
Nazaré começa por volta das governos estadual e municipal. Santuário no horário costumeiro,
7 horas da manhã de domingo. O restante é conseguido com por volta das 13 ou 14 horas,
Segundo estatísticas oficiais, cerca instituições públicas e privadas, ficaram frustrados.
de um milhão e meio de pessoas e doações espontâneas de devotos. Com o passar dos anos, a
saem às ruas para acompanhar, Quando sobra dinheiro, este é procissão principal do Círio de
rezar, aplaudir e pagar promessas. dividido entre a Arquidiocese de Nazaré foi ampliando o leque
Toda a organização do evento Belém, a Congregação dos Padres de homenagens prestadas à Nossa
cabe à diretoria da festa, que é atendendo a reivindicações dos Barnabitas e obras sociais da Senhora de Nazaré. A cada ano
subdividida em nove comissões. devotos, como as iniciativas de Paróquia de Nazaré. a festa se amplia, desdobrando-se
Tão logo acabam as atividades do sonorização, segurança e mesmo Um incêndio ocorrido em uma em outras tantas celebrações que
Círio, os diretores já começam a as que têm como objetivo preservar loja (Casa Chama) próximo ao passam a compor o Círio de
trabalhar na organização da festa a tradição, tais como o círio das mercado Ver-O-Peso, no dia Nazaré como um todo. Enquanto
do ano seguinte. Desde sua crianças, o concurso de redação e as do Círio de 2002, exigiu algumas certas tradições surgem e
criação, os membros da diretoria da novas romarias. Só que, muitas alterações no trajeto da procissão, desaparecem, outras permanecem
festa têm uma preocupação muito vezes, medidas que são pensadas que teve que ser adiantada cerca de e passam a constituir elementos
grande com a organização do Círio como racionalizadoras da procissão 300 metros e alterada a ordem dos essenciais da romaria.
de Nazaré. Diversas iniciativas acabam gerando conflitos com os carros. A corda continuou no seu
foram tomadas nesse sentido, umas devotos, como aqueles que ponto de saída tradicional, o
partindo da própria diretoria, outras envolveram a berlinda e a corda. boulevard Castilhos França e a berlinda
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 64 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 65

fiel carregando catedral da sé


um pedaço da de belém. foto:
corda. foto: francisco costa.
francisco costa.

homenagear o caboclo que Segundo Arnaldo Pinheiro, seguiu à frente da procissão,


encontrou a imagem. Atualmente, da diretoria da festa, todo o evento chegando na praça Santuário às
a berlinda leva cerca de cinco horas mobiliza recursos em torno de 11:15 h. Em função disso, muitos
para chegar à praça Santuário. oitocentos mil reais. Desse total, devotos que se prepararam para ver
A procissão principal do Círio de cerca de 60% são financiados pelos a imagem chegar na praça
Nazaré começa por volta das governos estadual e municipal. Santuário no horário costumeiro,
7 horas da manhã de domingo. O restante é conseguido com por volta das 13 ou 14 horas,
Segundo estatísticas oficiais, cerca instituições públicas e privadas, ficaram frustrados.
de um milhão e meio de pessoas e doações espontâneas de devotos. Com o passar dos anos, a
saem às ruas para acompanhar, Quando sobra dinheiro, este é procissão principal do Círio de
rezar, aplaudir e pagar promessas. dividido entre a Arquidiocese de Nazaré foi ampliando o leque
Toda a organização do evento Belém, a Congregação dos Padres de homenagens prestadas à Nossa
cabe à diretoria da festa, que é atendendo a reivindicações dos Barnabitas e obras sociais da Senhora de Nazaré. A cada ano
subdividida em nove comissões. devotos, como as iniciativas de Paróquia de Nazaré. a festa se amplia, desdobrando-se
Tão logo acabam as atividades do sonorização, segurança e mesmo Um incêndio ocorrido em uma em outras tantas celebrações que
Círio, os diretores já começam a as que têm como objetivo preservar loja (Casa Chama) próximo ao passam a compor o Círio de
trabalhar na organização da festa a tradição, tais como o círio das mercado Ver-O-Peso, no dia Nazaré como um todo. Enquanto
do ano seguinte. Desde sua crianças, o concurso de redação e as do Círio de 2002, exigiu algumas certas tradições surgem e
criação, os membros da diretoria da novas romarias. Só que, muitas alterações no trajeto da procissão, desaparecem, outras permanecem
festa têm uma preocupação muito vezes, medidas que são pensadas que teve que ser adiantada cerca de e passam a constituir elementos
grande com a organização do Círio como racionalizadoras da procissão 300 metros e alterada a ordem dos essenciais da romaria.
de Nazaré. Diversas iniciativas acabam gerando conflitos com os carros. A corda continuou no seu
foram tomadas nesse sentido, umas devotos, como aqueles que ponto de saída tradicional, o
partindo da própria diretoria, outras envolveram a berlinda e a corda. boulevard Castilhos França e a berlinda
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 67

página ao lado
saída da procissão
da catedral da sé
de belém.
foto: luiz braga.
REGISTRO DE
MEMÓRIA,
TRADIÇÃO
E IDENTIDADE
O círio como
objeto de registro

E m termos de comparação,
o Círio é a correspondência
humana da pororoca”. Com estas
Nazaré é um elemento fundamental
da identidade do paraense. Como
disse o jornalista Angelim Netto,
a dinâmica da história.
O reconhecimento de um bem
de natureza imaterial como
palavras o escritor Eidorfe Moreira em artigo para o jornal Folha do Norte patrimônio cultural brasileiro,
definiu o Círio de Nazaré.43 em 1926: “Trabalha-se no Pará o por meio do Registro, atribui a ele
Nas palavras de outro escritor, ano todo, sofrendo as necessidades, valor representativo da cultura
Leandro Tocantins, muitos para em outubro vestir uma roupa e da identidade brasileiras.
romeiros “não conseguem romper nova e almoçar como um príncipe Ao chancelar determinada
os caminhos tomados de gente e no dia do Círio. O Pará, sem a manifestação cultural com esse
ficam em lugares onde possam festa de Nazaré, não seria Pará”.45 título, a União assume tanto a
juntar-se ao caudal humano, que, Diante da grandiosidade e responsabilidade de acompanhar
à semelhança de um rio imenso, importância de uma manifestação os possíveis desdobramentos
“vai recebendo nas ruas e travessas de mais de 200 anos, é e reflexos desse ato sobre o bem,
a contribuição de afluentes desnecessário falar em extinção. quanto o compromisso com a sua
volumosos de romeiros”.44 É claro que muitos aspectos do preservação. Compromisso este
Para muitos, o Círio é o dia Círio sofreram alterações ao longo que se traduz na sua divulgação
do retorno à terra natal, do dos anos, o que não poderia ser e valorização, e também na
reencontro com amigos, familiares diferente em se tratando de um recomendação de ações para
e com a cidade de Belém. fenômeno cultural. Mas não é sua salvaguarda.
Da mesma forma que no resto do possível afirmar, como o fez Clóvis Se não há razão para
mundo se diz “Feliz Natal!”, no Meira, que “a tradição preocupações com o
Pará se diz “Feliz Círio!”, “um bom desapareceu”.46 A tradição desaparecimento do Círio de Nazaré,
círio pra você!” Por tudo isso, transformou-se, recriou-se, há uma série de medidas que podem
pode-se afirmar que o Círio de atualizou-se, acompanhando ser adotadas para sua preservação e
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 67

página ao lado
saída da procissão
da catedral da sé
de belém.
foto: luiz braga.
REGISTRO DE
MEMÓRIA,
TRADIÇÃO
E IDENTIDADE
O círio como
objeto de registro

E m termos de comparação,
o Círio é a correspondência
humana da pororoca”. Com estas
Nazaré é um elemento fundamental
da identidade do paraense. Como
disse o jornalista Angelim Netto,
a dinâmica da história.
O reconhecimento de um bem
de natureza imaterial como
palavras o escritor Eidorfe Moreira em artigo para o jornal Folha do Norte patrimônio cultural brasileiro,
definiu o Círio de Nazaré.43 em 1926: “Trabalha-se no Pará o por meio do Registro, atribui a ele
Nas palavras de outro escritor, ano todo, sofrendo as necessidades, valor representativo da cultura
Leandro Tocantins, muitos para em outubro vestir uma roupa e da identidade brasileiras.
romeiros “não conseguem romper nova e almoçar como um príncipe Ao chancelar determinada
os caminhos tomados de gente e no dia do Círio. O Pará, sem a manifestação cultural com esse
ficam em lugares onde possam festa de Nazaré, não seria Pará”.45 título, a União assume tanto a
juntar-se ao caudal humano, que, Diante da grandiosidade e responsabilidade de acompanhar
à semelhança de um rio imenso, importância de uma manifestação os possíveis desdobramentos
“vai recebendo nas ruas e travessas de mais de 200 anos, é e reflexos desse ato sobre o bem,
a contribuição de afluentes desnecessário falar em extinção. quanto o compromisso com a sua
volumosos de romeiros”.44 É claro que muitos aspectos do preservação. Compromisso este
Para muitos, o Círio é o dia Círio sofreram alterações ao longo que se traduz na sua divulgação
do retorno à terra natal, do dos anos, o que não poderia ser e valorização, e também na
reencontro com amigos, familiares diferente em se tratando de um recomendação de ações para
e com a cidade de Belém. fenômeno cultural. Mas não é sua salvaguarda.
Da mesma forma que no resto do possível afirmar, como o fez Clóvis Se não há razão para
mundo se diz “Feliz Natal!”, no Meira, que “a tradição preocupações com o
Pará se diz “Feliz Círio!”, “um bom desapareceu”.46 A tradição desaparecimento do Círio de Nazaré,
círio pra você!” Por tudo isso, transformou-se, recriou-se, há uma série de medidas que podem
pode-se afirmar que o Círio de atualizou-se, acompanhando ser adotadas para sua preservação e
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 68 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 69

ritual de cortar detalhe de devota


a corda que segurando terço
caracteriza o fim e bíblia.
da procissão do foto: luiz braga.
círio. foto:
francisco costa

para maior segurança daqueles que É preciso conviver com o sagrado perceber que “relembrar o passado promessa de cumprir uma parte representando casas, barcos, partes
acompanham o Círio e a trasladação, e com o profano. Afinal, eles não é crucial para nosso sentido de do trajeto de joelhos, segurando-os do corpo, animais, materiais de
bem como as demais programações se excluem, complementam-se identidade: saber o que fomos pelos braços, limpando o caminho construção, mostrando ao mesmo
religiosas e culturais que integram a e fazem parte dessa grandiosa confirma o que somos. Nossa ou abanando-os para aliviar o tempo os males e as alternativas
festa. Uma procissão que conta com manifestação que a cada ano parece continuidade depende calor. Os romeiros que chegam encontradas para a resolução de
a participação de cerca de um milhão aumentar sua “área de captação”, inteiramente da memória”.48 do interior logo encontram seus problemas.
e meio de pessoas num só dia, expressão utilizada por Eidorfe Nele, os paraenses sintetizam sua acolhimento na casa de alguém, A procissão principal do Círio
constitui um desafio sob qualquer Moreira ao referir-se à área de identidade não apenas ao evocar muitas vezes desconhecido. de Nazaré é um desfile etnográfico.
aspecto. Sobretudo quando ela abrangência da procissão, cujos uma seqüência de reminiscências, A trajetória de cada devoto é, Diante do descaso dos poderes
acontece há mais de 200 anos sobre limites geográficos são imprecisos, mas ao serem envolvidos em uma ao mesmo tempo, única e coletiva, constituídos, diante da profunda
o mesmo espaço físico, sobretudo quando começam a ser teia de retrospecção unificadora. uma vez que expressa o conjunto desigualdade social que marca o
independentemente da quantidade vistos com interesse turístico.47 As lembranças coletivas são dos problemas e das aflições país, muitos buscam auxílio na fé.
de pessoas que dela participam. está na participação popular. Todos os anos os jornais editam mobilizadas para sustentar comuns à coletividade dos A religiosidade que caracteriza
Como organizar tanta gente? Como São os devotos, os romeiros e cadernos especiais narrando as identidades associativas duradouras. paraenses e mesmo dos brasileiros. o Círio de Nazaré é marcada pela
evitar que as pessoas se machuquem, os promesseiros os maiores origens do Círio e os principais O Círio também desperta e Identificam-se na devoção experiência da angústia, da dor,
principalmente porque as ruas de responsáveis pela continuidade conflitos ao longo da história; reforça o valor da solidariedade elementos comuns à cultura mas também da esperança, da fé no
Belém se tornam pequenos caminhos da tradição nesses 211 anos. a televisão convida especialistas no entre as pessoas que dele nacional, tais como a religiosidade poder supra-humano da Virgem de
no dia da procissão? Como avaliar É importante incentivar ações de tema para responder quase sempre participam, aguçando o sentido popular marcada pela peculiar Nazaré. Nas palavras de Leandro
o limite desse espaço físico em educação patrimonial, por meio do as mesmas perguntas, como a de comunhão. Enquanto muitos relação sagrado-profano, o culto Tocantins, “a cidade cria, no
relação ao número máximo de sistema educacional e das próprias importância da imagem de Maria devotos distribuem água ao longo dos santos, bem como a idéia de domingo do Círio, uma nova alma.
pessoas em condições de segurança paróquias, para que valorizem a na vida das pessoas, o significado da da procissão, outros auxiliam os comunhão nacional, para além Transfigura-se. Perde o seu modo
para ambos? festa do Círio também como corda, das promessas, a força da fé. que desmaiam de emoção ou que de todas as singularidades de ser cotidiano”.49
Não se pode perder de vista patrimônio cultural, e não apenas De fato, o Círio de Nazaré é um são sufocados pelo calor. Há ainda regionais. Na procissão vêem-se Delimitar o objeto de registro
que a força da manifestação sob o enfoque religioso. ritual da memória. Ele nos permite aqueles que ajudam os que fizeram os promesseiros carregando ex-votos como patrimônio histórico e
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 68 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 69

ritual de cortar detalhe de devota


a corda que segurando terço
caracteriza o fim e bíblia.
da procissão do foto: luiz braga.
círio. foto:
francisco costa

para maior segurança daqueles que É preciso conviver com o sagrado perceber que “relembrar o passado promessa de cumprir uma parte representando casas, barcos, partes
acompanham o Círio e a trasladação, e com o profano. Afinal, eles não é crucial para nosso sentido de do trajeto de joelhos, segurando-os do corpo, animais, materiais de
bem como as demais programações se excluem, complementam-se identidade: saber o que fomos pelos braços, limpando o caminho construção, mostrando ao mesmo
religiosas e culturais que integram a e fazem parte dessa grandiosa confirma o que somos. Nossa ou abanando-os para aliviar o tempo os males e as alternativas
festa. Uma procissão que conta com manifestação que a cada ano parece continuidade depende calor. Os romeiros que chegam encontradas para a resolução de
a participação de cerca de um milhão aumentar sua “área de captação”, inteiramente da memória”.48 do interior logo encontram seus problemas.
e meio de pessoas num só dia, expressão utilizada por Eidorfe Nele, os paraenses sintetizam sua acolhimento na casa de alguém, A procissão principal do Círio
constitui um desafio sob qualquer Moreira ao referir-se à área de identidade não apenas ao evocar muitas vezes desconhecido. de Nazaré é um desfile etnográfico.
aspecto. Sobretudo quando ela abrangência da procissão, cujos uma seqüência de reminiscências, A trajetória de cada devoto é, Diante do descaso dos poderes
acontece há mais de 200 anos sobre limites geográficos são imprecisos, mas ao serem envolvidos em uma ao mesmo tempo, única e coletiva, constituídos, diante da profunda
o mesmo espaço físico, sobretudo quando começam a ser teia de retrospecção unificadora. uma vez que expressa o conjunto desigualdade social que marca o
independentemente da quantidade vistos com interesse turístico.47 As lembranças coletivas são dos problemas e das aflições país, muitos buscam auxílio na fé.
de pessoas que dela participam. está na participação popular. Todos os anos os jornais editam mobilizadas para sustentar comuns à coletividade dos A religiosidade que caracteriza
Como organizar tanta gente? Como São os devotos, os romeiros e cadernos especiais narrando as identidades associativas duradouras. paraenses e mesmo dos brasileiros. o Círio de Nazaré é marcada pela
evitar que as pessoas se machuquem, os promesseiros os maiores origens do Círio e os principais O Círio também desperta e Identificam-se na devoção experiência da angústia, da dor,
principalmente porque as ruas de responsáveis pela continuidade conflitos ao longo da história; reforça o valor da solidariedade elementos comuns à cultura mas também da esperança, da fé no
Belém se tornam pequenos caminhos da tradição nesses 211 anos. a televisão convida especialistas no entre as pessoas que dele nacional, tais como a religiosidade poder supra-humano da Virgem de
no dia da procissão? Como avaliar É importante incentivar ações de tema para responder quase sempre participam, aguçando o sentido popular marcada pela peculiar Nazaré. Nas palavras de Leandro
o limite desse espaço físico em educação patrimonial, por meio do as mesmas perguntas, como a de comunhão. Enquanto muitos relação sagrado-profano, o culto Tocantins, “a cidade cria, no
relação ao número máximo de sistema educacional e das próprias importância da imagem de Maria devotos distribuem água ao longo dos santos, bem como a idéia de domingo do Círio, uma nova alma.
pessoas em condições de segurança paróquias, para que valorizem a na vida das pessoas, o significado da da procissão, outros auxiliam os comunhão nacional, para além Transfigura-se. Perde o seu modo
para ambos? festa do Círio também como corda, das promessas, a força da fé. que desmaiam de emoção ou que de todas as singularidades de ser cotidiano”.49
Não se pode perder de vista patrimônio cultural, e não apenas De fato, o Círio de Nazaré é um são sufocados pelo calor. Há ainda regionais. Na procissão vêem-se Delimitar o objeto de registro
que a força da manifestação sob o enfoque religioso. ritual da memória. Ele nos permite aqueles que ajudam os que fizeram os promesseiros carregando ex-votos como patrimônio histórico e
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 70 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 71

arraial da imagem peregrina


pavulagem. festa de nossa senhora de
profana tradicional nazaré.
que se incorporou foto: luiz braga.
ao círio e acontece
na seqüência das
atividades que
antecedem a festa. ELEMENTOS
ao fundo mercado
do peixe. foto:
ESSENCIAIS
francisco costa.

cultural do Círio de Nazaré não foi menor densidade histórica, foram utilizados nessa caracterização. A procissão principal As imagens original A trasladação
uma tarefa fácil, pois não se pode incorporados à tradição de tal A dinâmica própria do Círio A procissão principal do Círio e peregrina Realizada atualmente no segundo
reduzir uma celebração de mais de forma que é impossível pensar o mostrará, nos anos vindouros, de Nossa Senhora de Nazaré As imagens de Nossa Senhora de sábado de outubro, a trasladação é
200 anos a apenas algumas de suas Círio de Nazaré sem eles. Neste se tais elementos continuarão ou corresponde ao traslado da imagem Nazaré estão sempre presentes nos a procissão que antecede o Círio.
manifestações, já que todas as caso estão, por exemplo, o almoço não sendo essenciais ou se serão peregrina da Catedral da Sé, no lares, escritórios, comércios, feiras É quando a imagem de Nossa
celebrações e demais bens do Círio e os brinquedos de miriti. substituídos por outros. bairro da Cidade Velha, até a praça e mercados, mas é durante o Círio Senhora de Nazaré é conduzida
associados ao evento constituem o O reconhecimento destes bens A dinâmica dessas mudanças Santuário, no bairro de Nazaré. de Nazaré que se tornam o centro do Colégio Gentil, até a Catedral da
Círio de Nazaré em sua completude como patrimônio cultural não depende unicamente do Mesmo que não seja uma das mais de todas as atenções. A ligação Sé, de onde sairá na manhã
atual. É possível reconhecer, brasileiro não tem caráter Iphan, da diretoria da Festa de Nazaré, antigas procissões da cidade e que simbólica dos devotos com Deus se seguinte na procissão do Círio.
entretanto, que alguns desses bens cristalizador, ou seja, não se quer do clero ou dos devotos. Mas as Nossa Senhora de Nazaré não seja faz, principalmente, via imagem de Muito embora tenha sofrido
vinculados à festividade apresentam dizer com isto que somente tais mudanças ocorrem, queiramos a padroeira oficial de Belém, é, Nossa Senhora de Nazaré e não via modificações em seu percurso ao
características especiais. bens representam o que há de ou não, como fruto do embate sem dúvida, a romaria que clero, fenômeno comum no longo dos anos, esta celebração
Em relação à inserção no tempo essencial no Círio de Nazaré e que permanente entre os diversos mobiliza o maior número de catolicismo popular brasileiro. acompanha o Círio de Nazaré
da longa duração, encontram-se os por isso não poderão ser alterados. sujeitos envolvidos na realização pessoas, extrapolando as fronteiras Como expressão dessa relação desde sua origem, em 1793. Pelo
elementos que possuem uma Muito pelo contrário, pela do evento, num permanente geográficas do município, do direta, os fiéis confeccionam fato de ser realizada à noite, a
continuidade histórica suficiente legislação do registro, estes deverão processo de negociação e conflito, estado e até da região. Além disso, mantos para vestir a imagem, procissão ganha um brilho especial,
para que se possa considerá-los ser revistos no máximo a cada dez de alianças e rupturas. É essa a pelo seu valor cultural, o Círio envolvem-na em fitas decorativas, pois milhares de pessoas a
como essenciais à festa de Nazaré, anos para reavaliação e atualização. lógica das transformações. consegue transpor as barreiras decoram a berlinda que a conduz etc. acompanham com velas acesas,
como a procissão do Círio, É possível que não haja da religião, constituindo atração Assim, as imagens original e peregrina como pagamento de promessas,
a imagem da santa, a trasladação e a unanimidade quanto à inclusão ou mesmo para aqueles que de Nossa Senhora de Nazaré são rezando contritas, entoando o hino
corda. Destes, alguns acompanham exclusão de um ou outro bem no têm outras crenças, como já elementos essenciais da celebração de Nossa Senhora de Nazaré.
o Círio desde suas origens. conjunto das celebrações essenciais foi comentado. do Círio e seu principal símbolo de Esta procissão, em conjunto
Em segundo lugar, estão aqueles do Círio de Nazaré, mas é preciso fé, devoção e tradição. com o Círio propriamente dito,
elementos que, muito embora de não perder de vista os critérios realizado no dia seguinte, pela
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arraial da imagem peregrina


pavulagem. festa de nossa senhora de
profana tradicional nazaré.
que se incorporou foto: luiz braga.
ao círio e acontece
na seqüência das
atividades que
antecedem a festa. ELEMENTOS
ao fundo mercado
do peixe. foto:
ESSENCIAIS
francisco costa.

cultural do Círio de Nazaré não foi menor densidade histórica, foram utilizados nessa caracterização. A procissão principal As imagens original A trasladação
uma tarefa fácil, pois não se pode incorporados à tradição de tal A dinâmica própria do Círio A procissão principal do Círio e peregrina Realizada atualmente no segundo
reduzir uma celebração de mais de forma que é impossível pensar o mostrará, nos anos vindouros, de Nossa Senhora de Nazaré As imagens de Nossa Senhora de sábado de outubro, a trasladação é
200 anos a apenas algumas de suas Círio de Nazaré sem eles. Neste se tais elementos continuarão ou corresponde ao traslado da imagem Nazaré estão sempre presentes nos a procissão que antecede o Círio.
manifestações, já que todas as caso estão, por exemplo, o almoço não sendo essenciais ou se serão peregrina da Catedral da Sé, no lares, escritórios, comércios, feiras É quando a imagem de Nossa
celebrações e demais bens do Círio e os brinquedos de miriti. substituídos por outros. bairro da Cidade Velha, até a praça e mercados, mas é durante o Círio Senhora de Nazaré é conduzida
associados ao evento constituem o O reconhecimento destes bens A dinâmica dessas mudanças Santuário, no bairro de Nazaré. de Nazaré que se tornam o centro do Colégio Gentil, até a Catedral da
Círio de Nazaré em sua completude como patrimônio cultural não depende unicamente do Mesmo que não seja uma das mais de todas as atenções. A ligação Sé, de onde sairá na manhã
atual. É possível reconhecer, brasileiro não tem caráter Iphan, da diretoria da Festa de Nazaré, antigas procissões da cidade e que simbólica dos devotos com Deus se seguinte na procissão do Círio.
entretanto, que alguns desses bens cristalizador, ou seja, não se quer do clero ou dos devotos. Mas as Nossa Senhora de Nazaré não seja faz, principalmente, via imagem de Muito embora tenha sofrido
vinculados à festividade apresentam dizer com isto que somente tais mudanças ocorrem, queiramos a padroeira oficial de Belém, é, Nossa Senhora de Nazaré e não via modificações em seu percurso ao
características especiais. bens representam o que há de ou não, como fruto do embate sem dúvida, a romaria que clero, fenômeno comum no longo dos anos, esta celebração
Em relação à inserção no tempo essencial no Círio de Nazaré e que permanente entre os diversos mobiliza o maior número de catolicismo popular brasileiro. acompanha o Círio de Nazaré
da longa duração, encontram-se os por isso não poderão ser alterados. sujeitos envolvidos na realização pessoas, extrapolando as fronteiras Como expressão dessa relação desde sua origem, em 1793. Pelo
elementos que possuem uma Muito pelo contrário, pela do evento, num permanente geográficas do município, do direta, os fiéis confeccionam fato de ser realizada à noite, a
continuidade histórica suficiente legislação do registro, estes deverão processo de negociação e conflito, estado e até da região. Além disso, mantos para vestir a imagem, procissão ganha um brilho especial,
para que se possa considerá-los ser revistos no máximo a cada dez de alianças e rupturas. É essa a pelo seu valor cultural, o Círio envolvem-na em fitas decorativas, pois milhares de pessoas a
como essenciais à festa de Nazaré, anos para reavaliação e atualização. lógica das transformações. consegue transpor as barreiras decoram a berlinda que a conduz etc. acompanham com velas acesas,
como a procissão do Círio, É possível que não haja da religião, constituindo atração Assim, as imagens original e peregrina como pagamento de promessas,
a imagem da santa, a trasladação e a unanimidade quanto à inclusão ou mesmo para aqueles que de Nossa Senhora de Nazaré são rezando contritas, entoando o hino
corda. Destes, alguns acompanham exclusão de um ou outro bem no têm outras crenças, como já elementos essenciais da celebração de Nossa Senhora de Nazaré.
o Círio desde suas origens. conjunto das celebrações essenciais foi comentado. do Círio e seu principal símbolo de Esta procissão, em conjunto
Em segundo lugar, estão aqueles do Círio de Nazaré, mas é preciso fé, devoção e tradição. com o Círio propriamente dito,
elementos que, muito embora de não perder de vista os critérios realizado no dia seguinte, pela
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detalhe da
berlinda.
devotas. foto:
foto: luiz braga.
paulo benjamin.

A berlinda Com o passar dos anos, esse O recírio Por sua antiguidade e pela entre o tradicional e o moderno,
Introduzida na procissão em 1855, espaço passou a ser disputado como Há mais de um século incorporado grande afluência popular o recírio é a moda e os costumes das diversas
a berlinda é o nome dado ao andor fonte de status e foram muitas as às festividades do Círio, o recírio outro dos elementos essenciais do épocas já atravessadas pela festa de
onde é transportada a imagem críticas dos devotos, pois o inchaço marca o encerramento da quadra Círio de Nazaré. Nossa Senhora de Nazaré.
peregrina durante a trasladação e o da corda tornava a procissão mais nazarena. É quando a imagem Historicamente, Círio e arraial estão
Círio. Foi plenamente assimilada lenta. Todas as tentativas de peregrina de Nossa Senhora de O arraial associados e não há como separá-
pelos fiéis como parte importante “organizar” ou “disciplinar” Nazaré retorna para o Colégio Presente em toda festa de santo, los para efeito do Registro, já que
e integrante da procissão, o espaço, entretanto, foram Gentil, de onde saiu para a o arraial não poderia faltar no Círio ambos atendem à questão da
formando com a imagem da santa e infrutíferas, seja pela reação dos trasladação no sábado que antecede de Nossa Senhora de Nazaré, ocorrência no tempo e também
com a corda a tríade mais devotos, seja pela própria dificuldade a procissão do Círio. Ato religioso acompanhando-o desde suas da tradição.
importante e indissociável do de se organizar mais de um milhão final da festividade de Nazaré, origens. É um local de comércio,
cortejo e um elemento essencial de pessoas durante uma procissão. o recírio tem início com a missa na de festa e ponto de encontro de O almoço do Círio
manhã, revive o mito das “fugas” do Círio de Nazaré. Atualmente, a corda é um dos praça Santuário, onde ocorre a devotos e não devotos durante toda O almoço do círio é uma das principais
da imagem da santa quando elementos mais característicos incineração das súplicas depositadas a quadra nazarena. Espaço da comida, tradições do Círio de Nazaré,
encontrada por Plácido, em 1700. A corda do Círio de Nazaré. Os seus 400 a aos pés da imagem original da santa da bebida, do jogo, da diversão, muito embora o início de sua
Uma não existe sem a outra, logo, Entre a utilização da corda pela 450 metros parecem insuficientes na Basílica de Nazaré, é marcado pelo aspecto profano da prática não seja datado. Depois
ambas são essenciais e primeira vez (1855) no Círio de diante da quantidade de mãos simbolizando o envio desses festa, mas entendido pelo devoto da procissão principal do Círio,
complementares desde suas origens. Nazaré e sua oficialização pela dispostas a segurá-la. Ela simboliza pedidos para o céu. Ao final da como parte da expressão de sua as famílias se reúnem nos lares para
igreja (1868), 13 anos se passaram. a ligação dos promesseiros com missa tem início a procissão que, devoção. Em função disso, é uma grande confraternização e
Aos poucos ela foi ganhando novos Nossa Senhora de Nazaré. É diante após percorrer algumas vias nas também um espaço de conflito também para saborear os deliciosos
significados para os devotos, sendo dessa sacralização conferida pelo imediações da basílica, dirige-se entre devotos e membros do clero. pratos típicos da cozinha regional
que todas as iniciativas de povo que se pode definir a corda para o Colégio Gentil, onde todos O arraial também nos permite paraense, especialmente o pato-
modificação relativas à corda como um dos elementos essenciais os presentes serão abençoados pelo acompanhar as mudanças, no-tucupi e a maniçoba. É, ao
receberam forte reação dos devotos. do Círio de Nazaré. arcebispo de Belém. o conflito entre o velho e o novo, mesmo tempo, prática religiosa,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 72 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 73

detalhe da
berlinda.
devotas. foto:
foto: luiz braga.
paulo benjamin.

A berlinda Com o passar dos anos, esse O recírio Por sua antiguidade e pela entre o tradicional e o moderno,
Introduzida na procissão em 1855, espaço passou a ser disputado como Há mais de um século incorporado grande afluência popular o recírio é a moda e os costumes das diversas
a berlinda é o nome dado ao andor fonte de status e foram muitas as às festividades do Círio, o recírio outro dos elementos essenciais do épocas já atravessadas pela festa de
onde é transportada a imagem críticas dos devotos, pois o inchaço marca o encerramento da quadra Círio de Nazaré. Nossa Senhora de Nazaré.
peregrina durante a trasladação e o da corda tornava a procissão mais nazarena. É quando a imagem Historicamente, Círio e arraial estão
Círio. Foi plenamente assimilada lenta. Todas as tentativas de peregrina de Nossa Senhora de O arraial associados e não há como separá-
pelos fiéis como parte importante “organizar” ou “disciplinar” Nazaré retorna para o Colégio Presente em toda festa de santo, los para efeito do Registro, já que
e integrante da procissão, o espaço, entretanto, foram Gentil, de onde saiu para a o arraial não poderia faltar no Círio ambos atendem à questão da
formando com a imagem da santa e infrutíferas, seja pela reação dos trasladação no sábado que antecede de Nossa Senhora de Nazaré, ocorrência no tempo e também
com a corda a tríade mais devotos, seja pela própria dificuldade a procissão do Círio. Ato religioso acompanhando-o desde suas da tradição.
importante e indissociável do de se organizar mais de um milhão final da festividade de Nazaré, origens. É um local de comércio,
cortejo e um elemento essencial de pessoas durante uma procissão. o recírio tem início com a missa na de festa e ponto de encontro de O almoço do Círio
manhã, revive o mito das “fugas” do Círio de Nazaré. Atualmente, a corda é um dos praça Santuário, onde ocorre a devotos e não devotos durante toda O almoço do círio é uma das principais
da imagem da santa quando elementos mais característicos incineração das súplicas depositadas a quadra nazarena. Espaço da comida, tradições do Círio de Nazaré,
encontrada por Plácido, em 1700. A corda do Círio de Nazaré. Os seus 400 a aos pés da imagem original da santa da bebida, do jogo, da diversão, muito embora o início de sua
Uma não existe sem a outra, logo, Entre a utilização da corda pela 450 metros parecem insuficientes na Basílica de Nazaré, é marcado pelo aspecto profano da prática não seja datado. Depois
ambas são essenciais e primeira vez (1855) no Círio de diante da quantidade de mãos simbolizando o envio desses festa, mas entendido pelo devoto da procissão principal do Círio,
complementares desde suas origens. Nazaré e sua oficialização pela dispostas a segurá-la. Ela simboliza pedidos para o céu. Ao final da como parte da expressão de sua as famílias se reúnem nos lares para
igreja (1868), 13 anos se passaram. a ligação dos promesseiros com missa tem início a procissão que, devoção. Em função disso, é uma grande confraternização e
Aos poucos ela foi ganhando novos Nossa Senhora de Nazaré. É diante após percorrer algumas vias nas também um espaço de conflito também para saborear os deliciosos
significados para os devotos, sendo dessa sacralização conferida pelo imediações da basílica, dirige-se entre devotos e membros do clero. pratos típicos da cozinha regional
que todas as iniciativas de povo que se pode definir a corda para o Colégio Gentil, onde todos O arraial também nos permite paraense, especialmente o pato-
modificação relativas à corda como um dos elementos essenciais os presentes serão abençoados pelo acompanhar as mudanças, no-tucupi e a maniçoba. É, ao
receberam forte reação dos devotos. do Círio de Nazaré. arcebispo de Belém. o conflito entre o velho e o novo, mesmo tempo, prática religiosa,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 74 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 75

menino vendendo carro de d. fuas


brinquedos de roupinho.
de miriti. foto: foto: luiz braga.
luiz braga.

elemento da tradição e constituindo mais uma tradição do


oportunidade para Círio de Nazaré. Portanto, foram
confraternização das famílias. consideradas elementos essenciais
desta manifestação.
As alegorias
De influência lusitana, as alegorias Os brinquedos de miriti
fazem parte da estrutura Os brinquedos de miriti também
da procissão principal do Círio de constituem um elemento essencial
Nazaré desde suas origens. Apesar ao Círio de Nazaré. Feitos do caule
de muitas delas terem sofrido da palmeira miriti pelos artesãos
modificações ao longo do tempo, paraenses, recriam, em miniatura,
de outras só existirem na memória a fauna e a flora da Amazônia, além
e de outras ainda terem sido de aspectos do imaginário Caetano Brandão (Largo da Sé),
criadas, acompanhando a própria amazônico. Vêem-se também mas os brinquedos também podem
dinâmica de transformações do miniaturas de embarcações, objetos ser encontrados expostos nas
Círio, algumas delas constituem do trabalho cotidiano, aviões, girândolas dos vendedores,
elementos essenciais da procissão, figuras humanas e vários outros configurando um aspecto bastante
pois fazem referência a milagres temas. Muitos devotos conduzem peculiar na procissão. Mesmo que
fundamentais da santa. objetos feitos de miriti durante a já não sejam exclusividade da festa,
Introduzidas no cortejo há pelo procissão principal do Círio, como como há alguns anos, hoje em dia
menos 100 anos50 – ainda que com forma de pagamento de promessa. é impossível imaginar o Círio de
algumas alternâncias – são parte A feira dos brinquedos de miriti ocorre Nazaré sem eles.
da memória coletiva e também no sábado e no domingo do Círio,
permanecem na procissão, nas praças do Carmo e Frei
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 74 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 75

menino vendendo carro de d. fuas


brinquedos de roupinho.
de miriti. foto: foto: luiz braga.
luiz braga.

elemento da tradição e constituindo mais uma tradição do


oportunidade para Círio de Nazaré. Portanto, foram
confraternização das famílias. consideradas elementos essenciais
desta manifestação.
As alegorias
De influência lusitana, as alegorias Os brinquedos de miriti
fazem parte da estrutura Os brinquedos de miriti também
da procissão principal do Círio de constituem um elemento essencial
Nazaré desde suas origens. Apesar ao Círio de Nazaré. Feitos do caule
de muitas delas terem sofrido da palmeira miriti pelos artesãos
modificações ao longo do tempo, paraenses, recriam, em miniatura,
de outras só existirem na memória a fauna e a flora da Amazônia, além
e de outras ainda terem sido de aspectos do imaginário Caetano Brandão (Largo da Sé),
criadas, acompanhando a própria amazônico. Vêem-se também mas os brinquedos também podem
dinâmica de transformações do miniaturas de embarcações, objetos ser encontrados expostos nas
Círio, algumas delas constituem do trabalho cotidiano, aviões, girândolas dos vendedores,
elementos essenciais da procissão, figuras humanas e vários outros configurando um aspecto bastante
pois fazem referência a milagres temas. Muitos devotos conduzem peculiar na procissão. Mesmo que
fundamentais da santa. objetos feitos de miriti durante a já não sejam exclusividade da festa,
Introduzidas no cortejo há pelo procissão principal do Círio, como como há alguns anos, hoje em dia
menos 100 anos50 – ainda que com forma de pagamento de promessa. é impossível imaginar o Círio de
algumas alternâncias – são parte A feira dos brinquedos de miriti ocorre Nazaré sem eles.
da memória coletiva e também no sábado e no domingo do Círio,
permanecem na procissão, nas praças do Carmo e Frei
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 76 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 77

berlinda chegando
à basílica de nazaré
onde termina
a procissão. foto:
francisco costa.

CONCLUSÃO

O reconhecimento de um bem
de natureza imaterial como
patrimônio cultural brasileiro, por
e federais que recebem atribuições
na procissão ou nas demais
celebrações e eventos associados à
daqueles que acompanham o Círio
e a trasladação, bem como as demais
programações religiosas e
responsáveis pela continuidade da
tradição nesses 211 anos.
O Círio de Nazaré é um
meio do Registro, atribui a ele festividade e que podem, de alguma culturais que integram a festa. acontecimento que envolve, direta
valor representativo da cultura e da maneira, contribuir para a sua Uma procissão que conta com ou indiretamente, toda a população
identidade brasileiras. continuidade. a participação de cerca de um paraense, estendendo ainda sua
Ao chancelar determinada Diante da grandiosidade e milhão e meio de pessoas num influência para além dos limites do
manifestação cultural com esse importância de uma manifestação só dia, constitui um desafio sob estado do Pará. É mais do que um
título, a União assume tanto a de mais de 200 anos, não se pode qualquer aspecto. mero fenômeno religioso,
responsabilidade de acompanhar os falar em extinção. Apesar de O Círio atrai turistas, faz lotar podendo ser observado e
possíveis desdobramentos e reflexos muitos aspectos do Círio terem hotéis e restaurantes, movimenta a compreendido sob diversos pontos
desse ato sobre o bem, quanto sofrido alterações ao longo dos economia da cidade. Não há como de vista: religioso, estético,
o compromisso com a sua anos, não se pode dizer que a negar que isto traz benefícios para turístico, cultural, sociológico,
preservação. Compromisso este tradição tenha desaparecido. o município, mas o importante é antropológico etc.
que se traduz na sua divulgação Ela simplesmente transformou-se, estar atento para que os interesses No Círio, o sagrado e o profano
e valorização, e também na recriou-se, atualizou-se, econômicos não venham a não se excluem, complementam-se,
recomendação de ações para acompanhando a dinâmica desvirtuar o caráter popular e e ambos fazem parte dessa grandiosa
sua salvaguarda. da história. sagrado da manifestação, pois é ele manifestação.
Tais recomendações destinam-se Se não há razão para o responsável pela sua longevidade
a todos que, direta ou preocupações com o e força vital. Não se pode perder
indiretamente, desempenham desaparecimento do Círio de de vista que a força da manifestação
algum papel na gestão e Nazaré, há uma série de medidas está na participação popular.
organização do Círio, inclusive que podem ser adotadas para sua São os devotos, os romeiros e os
os órgãos municipais, estaduais preservação e para maior segurança promesseiros os grandes
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 76 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 77

berlinda chegando
à basílica de nazaré
onde termina
a procissão. foto:
francisco costa.

CONCLUSÃO

O reconhecimento de um bem
de natureza imaterial como
patrimônio cultural brasileiro, por
e federais que recebem atribuições
na procissão ou nas demais
celebrações e eventos associados à
daqueles que acompanham o Círio
e a trasladação, bem como as demais
programações religiosas e
responsáveis pela continuidade da
tradição nesses 211 anos.
O Círio de Nazaré é um
meio do Registro, atribui a ele festividade e que podem, de alguma culturais que integram a festa. acontecimento que envolve, direta
valor representativo da cultura e da maneira, contribuir para a sua Uma procissão que conta com ou indiretamente, toda a população
identidade brasileiras. continuidade. a participação de cerca de um paraense, estendendo ainda sua
Ao chancelar determinada Diante da grandiosidade e milhão e meio de pessoas num influência para além dos limites do
manifestação cultural com esse importância de uma manifestação só dia, constitui um desafio sob estado do Pará. É mais do que um
título, a União assume tanto a de mais de 200 anos, não se pode qualquer aspecto. mero fenômeno religioso,
responsabilidade de acompanhar os falar em extinção. Apesar de O Círio atrai turistas, faz lotar podendo ser observado e
possíveis desdobramentos e reflexos muitos aspectos do Círio terem hotéis e restaurantes, movimenta a compreendido sob diversos pontos
desse ato sobre o bem, quanto sofrido alterações ao longo dos economia da cidade. Não há como de vista: religioso, estético,
o compromisso com a sua anos, não se pode dizer que a negar que isto traz benefícios para turístico, cultural, sociológico,
preservação. Compromisso este tradição tenha desaparecido. o município, mas o importante é antropológico etc.
que se traduz na sua divulgação Ela simplesmente transformou-se, estar atento para que os interesses No Círio, o sagrado e o profano
e valorização, e também na recriou-se, atualizou-se, econômicos não venham a não se excluem, complementam-se,
recomendação de ações para acompanhando a dinâmica desvirtuar o caráter popular e e ambos fazem parte dessa grandiosa
sua salvaguarda. da história. sagrado da manifestação, pois é ele manifestação.
Tais recomendações destinam-se Se não há razão para o responsável pela sua longevidade
a todos que, direta ou preocupações com o e força vital. Não se pode perder
indiretamente, desempenham desaparecimento do Círio de de vista que a força da manifestação
algum papel na gestão e Nazaré, há uma série de medidas está na participação popular.
organização do Círio, inclusive que podem ser adotadas para sua São os devotos, os romeiros e os
os órgãos municipais, estaduais preservação e para maior segurança promesseiros os grandes
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1. Cf. netto, Angelim. A Festa de 11. Segundo Almeida Pinto (1906, p. 23. Cf. del priory, Mary. Festas e 31. A chamada imagem peregrina é “Brinquedos de Miriti”. In Cultura
Nazareth e o Arcebispo Joffily. Folha do Norte, 90), Plácido destinou a posse da imagem utopias no Brasil colonial. São Paulo: a que atualmente sai na trasladação e na Amazônica: uma poética do imaginário, Belém:
Belém, 1926. da santa a Antônio Agostinho por ter Brasiliense, 1994, p. 104. procissão principal do Círio, já que a cejup, 1995.
2. Plácido José dos Santos é um reconhecido nele “maior devoção e 24. Cf. da matta, Roberto. Carnavais, imagem que foi encontrada por Plácido, 43. Cf. moreira, Eidorfe. Visão
personagem histórico controvertido, mas piedade” e , após a morte de Plácido, este Malandros e Heróis: para uma sociologia do dilema identificada como a “Original”, permanece geo-social do Círio. Belém: Imprensa
de existência documentada. Era filho do mudou-se para o local da devoção. brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. o ano inteiro na Basílica de Nazaré. Universitária, 1971.
português Manuel Ayres de Souza e 12. Cf. coelho,Geraldo. op.cit. p. 121. 25. Cf. alves, Regina. Círio de Nazaré: 32. Entrevista concedida pelo Padre 44. Cf. tocantins, Leandro. Santa
NOTAS sobrinho de um dos primeiros capitães- 13. Cf. boga, Mendes. D. Fuas Roupinho da taba marajoara à aldeia global. Dissertação de Luciano , Belém, 16/08/2002. Maria de Belém do Grão Pará: instantes e evocações da
mor do Grão-Pará, Ayres de Souza e o Santuário da Nazaré. Lisboa: Sociedade Mestrado em Comunicação e Cultura 33. Na verdade, apesar de muitos cidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização
Chichorro. Sua esposa era paraense e se Industrial de Tipografia, Ltda, 1948, p. Contemporânea, Programa de Mestrado devotos acreditarem que a imagem peregrina Brasileira, 1963.
chamava Ana Maria Pinto da Gama. 51-52. Institucional em Comunicação e Cultura permanece no Colégio Gentil Bittencourt, 45. Cf. netto, Angelim. A Festa de
Moravam na região conhecida como 14. Cf. montarroyos, Heraldo. Contemporâneas, Universidade Federal do ela fica mesmo na Basílica de Nazaré, sob Nazaré e o arcebispo Joffily. Belém: Folha do
estrada do Maranhão (hoje bairro de Festas Profanas e Alegrias Ruidosas. Belém: Pará/ Universidade Federal da Bahia. os cuidados do pároco. Norte,1926.
Nazaré). Conferir Círio de Nazaré, informações Falângola, 1992. Belém, 2002. 34. Entrevista concedida pelo padre 46. meira, Clóvis. “O Círio no
úteis e importantes. Belém, Diretoria da Festa 15. Cf. alves, Isidoro. O Carnaval 26. Depoimento da professora Isa Luciano Branbilla. Belém, 17 de setembro presente e no passado”. A Província do Pará.
de Nazaré, 2000. Devoto: Um estudo sobre a Festa de Nazaré, em Carmem durante entrevista focal. Belém, de 2002. Alacid Nunes foi governador do Belém: 17/18 de novembro de 1996, cad. 3.
3. Cf. maués, Raymundo Heraldo. Belém. Petrópolis: Vozes, 1980. 15/09/2002. Pará entre 1966 e 1971. 47. Cf. moreira, Eidorfe. Visão
Padres, Pajés, Santos e Festas: catolicismo popular e 16. Cf. beltrão, Jane Felipe. Cólera: o 27. A canção “Esse rio é minha rua” 35. Entrevista concedida pelo padre Geo-Social do Círio. Belém, Imprensa
controle eclesiástico. Belém: cejup, 1995, p, 54. flagelo da Belém do Grão-Pará. Belém: Museu foi gravada por Fafá de Belém, pela Luciano Brambilla. Belém, 17 de setembro Universitária, 1971, p. 16
4. Cf. coelho, Geraldo. Uma Crônica Paraense Emílio Goeldi/UFPA, 2004. Polygran e por Paulo André, pela de 2002. 48. Cf. lowenthal, David. “Como
do Maravilhoso. Legenda, Tempo e Memória no culto 17. Cf. rocque, Carlos. op. cit. Continental. Conferir oliveira, 36. Os recursos financeiros para a conhecemos o passado”. Revista Projeto
da Virgem de Nazaré. Belém: Imprensa Oficial p. 63-64. Alfredo. Ruy Guilherme Paranatinga Barata. construção da praça foram viabilizados pelo história. São Paulo: PUC, número 17,
do Estado, 1998, p. 126. 18. Cf. lustosa, D. Antônio de Belém, cejup, 1990, p. 172. presidente João Figueiredo, atendendo novembro, 1998, pp. 83.
5. Cf. almeida pinto, Antônio Almeida. Dom Macedo Costa (Bispo do Pará). 28. A barraca da santa é uma ampla solicitação do padre Luciano Brambilla, 49. Cf. tocantins, Leandro. Op. cit.
Rodrigues de. “O bispado do Pará”. Rio de Janeiro: Cruzada da Boa edificação, ao lado da Basílica de Nazaré, junto com a diretoria da festa e com o apoio 50. KERBEY, J. Orton. Op. cit.
Annaes da Bibliotheca e Archivo Público do Pará, Imprensa, 1939. onde se promovem leilões e jantares, do deputado federal Jorge Arbage. A descrição da procissão feita por Kerbey
Tomo V. Belém: Typ. e Encadernação 19. Cf. henrique, Márcio Couto. pagos como num restaurante, preparados 37. Entrevista concedida pelo padre (1911), mesmo tratando como ridículas e
do Instituto Lauro Sodré, 1906, “O Senhor do Céu não é o Senhor da por organizações ou movimentos católicos, Luciano Brambilla. Belém, 17 de setembro exóticas algumas dessas alegorias, menciona
p. 39-40 e 89-90. Terra: a experiência religiosa dos escravos com a finalidade de angariar fundos, ao de 2002. a presença ao longo do cortejo, além da
6. Cf. rocque, Carlos. História do nas irmandades paraenses (1839-1889)”. longo da quadra nazarena Em toda festa de 38. Entrevista focal realizada na corda e da berlinda com a santa, de carros
Círio e da Festa de Nazaré. Belém: Mitograph, Monografia de conclusão de curso santo, no Pará, existe a barraca do santo residência da senhora Lucila Alves da com figuras representando milagres,
1981, p. 42. apresentada ao Departamento de História ou da santa, com essa finalidade. Conceição. Belém, 15 de setembro de 2002. barcos, caixões de pessoas que
7. Cf. vianna, Arthur. “Festas da ufpa para obtenção dos graus de Os recursos angariados servem para o 39. Idem. presumivelmente teriam ressuscitado por
populares do Pará; i – A Festa de Licenciatura e Bacharelado em História. custeio da própria festa, para as despesas 40. Cf. Livro das peregrinações. Belém: milagres da Virgem, carros de anjos e votos
Nazareth”. Annaes da Bibliotheca e Archivo Belém, ufpa, 1997. da paróquia ou para outras finalidades Arquidiocese de Belém, 2003, p. 3. de cera. O relato do cônsul nos mostra que
Público do Pará, Tomo iii. Belém: secult, 20. Cf. rocque, Carlos. op. cit. pp. relacionadas com o culto católico. 41. vianna, Arthur.Festas populares há cerca de um século esses elementos já
1968, p. 235. 85-121. 29. Entrevista concedida por Odon do Pará”; i – A Festa de Nazaré. Belém: integravam a procissão do Círio.
8. Cf. A boa nova, Belém, 21. Cf. nassar, Flávio. op. cit. Carlos, organizador do Traslado da Annaes da Biblioteca e Archivo Público
17/11/1874, p. 4. 22. Cf. maués, Raymundo Heraldo. imagem em Ananindeua. Belém, 17 de do Pará, Tomo iii, secult,1968.
9. vianna, Arthur. Op. Cit, p. 235. “Um julgamento político: notas sobre o outubro de 2002. 42. Espécie de cabide, fabricado com
10. Cf. nassar, Flávio. Você acha que se caso dos padres e posseiros do Araguaia”. 30. Entrevista concedida por José dos o próprio miriti, onde são expostos os
deveria tombar a corda como Patrimônio Cultural do Comunicações do ISER 1(2): 31-38, Rio de Santos Ventura, da Diretoria da Festa de brinquedos para venda. Conferir
Estado? O Liberal, Belém, 1997. Janeiro, 1982. Nazaré. Belém, 12 de setembro de 2002. loureiro, João de Jesus Paes.
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1. Cf. netto, Angelim. A Festa de 11. Segundo Almeida Pinto (1906, p. 23. Cf. del priory, Mary. Festas e 31. A chamada imagem peregrina é “Brinquedos de Miriti”. In Cultura
Nazareth e o Arcebispo Joffily. Folha do Norte, 90), Plácido destinou a posse da imagem utopias no Brasil colonial. São Paulo: a que atualmente sai na trasladação e na Amazônica: uma poética do imaginário, Belém:
Belém, 1926. da santa a Antônio Agostinho por ter Brasiliense, 1994, p. 104. procissão principal do Círio, já que a cejup, 1995.
2. Plácido José dos Santos é um reconhecido nele “maior devoção e 24. Cf. da matta, Roberto. Carnavais, imagem que foi encontrada por Plácido, 43. Cf. moreira, Eidorfe. Visão
personagem histórico controvertido, mas piedade” e , após a morte de Plácido, este Malandros e Heróis: para uma sociologia do dilema identificada como a “Original”, permanece geo-social do Círio. Belém: Imprensa
de existência documentada. Era filho do mudou-se para o local da devoção. brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. o ano inteiro na Basílica de Nazaré. Universitária, 1971.
português Manuel Ayres de Souza e 12. Cf. coelho,Geraldo. op.cit. p. 121. 25. Cf. alves, Regina. Círio de Nazaré: 32. Entrevista concedida pelo Padre 44. Cf. tocantins, Leandro. Santa
NOTAS sobrinho de um dos primeiros capitães- 13. Cf. boga, Mendes. D. Fuas Roupinho da taba marajoara à aldeia global. Dissertação de Luciano , Belém, 16/08/2002. Maria de Belém do Grão Pará: instantes e evocações da
mor do Grão-Pará, Ayres de Souza e o Santuário da Nazaré. Lisboa: Sociedade Mestrado em Comunicação e Cultura 33. Na verdade, apesar de muitos cidade. Rio de Janeiro: Editora Civilização
Chichorro. Sua esposa era paraense e se Industrial de Tipografia, Ltda, 1948, p. Contemporânea, Programa de Mestrado devotos acreditarem que a imagem peregrina Brasileira, 1963.
chamava Ana Maria Pinto da Gama. 51-52. Institucional em Comunicação e Cultura permanece no Colégio Gentil Bittencourt, 45. Cf. netto, Angelim. A Festa de
Moravam na região conhecida como 14. Cf. montarroyos, Heraldo. Contemporâneas, Universidade Federal do ela fica mesmo na Basílica de Nazaré, sob Nazaré e o arcebispo Joffily. Belém: Folha do
estrada do Maranhão (hoje bairro de Festas Profanas e Alegrias Ruidosas. Belém: Pará/ Universidade Federal da Bahia. os cuidados do pároco. Norte,1926.
Nazaré). Conferir Círio de Nazaré, informações Falângola, 1992. Belém, 2002. 34. Entrevista concedida pelo padre 46. meira, Clóvis. “O Círio no
úteis e importantes. Belém, Diretoria da Festa 15. Cf. alves, Isidoro. O Carnaval 26. Depoimento da professora Isa Luciano Branbilla. Belém, 17 de setembro presente e no passado”. A Província do Pará.
de Nazaré, 2000. Devoto: Um estudo sobre a Festa de Nazaré, em Carmem durante entrevista focal. Belém, de 2002. Alacid Nunes foi governador do Belém: 17/18 de novembro de 1996, cad. 3.
3. Cf. maués, Raymundo Heraldo. Belém. Petrópolis: Vozes, 1980. 15/09/2002. Pará entre 1966 e 1971. 47. Cf. moreira, Eidorfe. Visão
Padres, Pajés, Santos e Festas: catolicismo popular e 16. Cf. beltrão, Jane Felipe. Cólera: o 27. A canção “Esse rio é minha rua” 35. Entrevista concedida pelo padre Geo-Social do Círio. Belém, Imprensa
controle eclesiástico. Belém: cejup, 1995, p, 54. flagelo da Belém do Grão-Pará. Belém: Museu foi gravada por Fafá de Belém, pela Luciano Brambilla. Belém, 17 de setembro Universitária, 1971, p. 16
4. Cf. coelho, Geraldo. Uma Crônica Paraense Emílio Goeldi/UFPA, 2004. Polygran e por Paulo André, pela de 2002. 48. Cf. lowenthal, David. “Como
do Maravilhoso. Legenda, Tempo e Memória no culto 17. Cf. rocque, Carlos. op. cit. Continental. Conferir oliveira, 36. Os recursos financeiros para a conhecemos o passado”. Revista Projeto
da Virgem de Nazaré. Belém: Imprensa Oficial p. 63-64. Alfredo. Ruy Guilherme Paranatinga Barata. construção da praça foram viabilizados pelo história. São Paulo: PUC, número 17,
do Estado, 1998, p. 126. 18. Cf. lustosa, D. Antônio de Belém, cejup, 1990, p. 172. presidente João Figueiredo, atendendo novembro, 1998, pp. 83.
5. Cf. almeida pinto, Antônio Almeida. Dom Macedo Costa (Bispo do Pará). 28. A barraca da santa é uma ampla solicitação do padre Luciano Brambilla, 49. Cf. tocantins, Leandro. Op. cit.
Rodrigues de. “O bispado do Pará”. Rio de Janeiro: Cruzada da Boa edificação, ao lado da Basílica de Nazaré, junto com a diretoria da festa e com o apoio 50. KERBEY, J. Orton. Op. cit.
Annaes da Bibliotheca e Archivo Público do Pará, Imprensa, 1939. onde se promovem leilões e jantares, do deputado federal Jorge Arbage. A descrição da procissão feita por Kerbey
Tomo V. Belém: Typ. e Encadernação 19. Cf. henrique, Márcio Couto. pagos como num restaurante, preparados 37. Entrevista concedida pelo padre (1911), mesmo tratando como ridículas e
do Instituto Lauro Sodré, 1906, “O Senhor do Céu não é o Senhor da por organizações ou movimentos católicos, Luciano Brambilla. Belém, 17 de setembro exóticas algumas dessas alegorias, menciona
p. 39-40 e 89-90. Terra: a experiência religiosa dos escravos com a finalidade de angariar fundos, ao de 2002. a presença ao longo do cortejo, além da
6. Cf. rocque, Carlos. História do nas irmandades paraenses (1839-1889)”. longo da quadra nazarena Em toda festa de 38. Entrevista focal realizada na corda e da berlinda com a santa, de carros
Círio e da Festa de Nazaré. Belém: Mitograph, Monografia de conclusão de curso santo, no Pará, existe a barraca do santo residência da senhora Lucila Alves da com figuras representando milagres,
1981, p. 42. apresentada ao Departamento de História ou da santa, com essa finalidade. Conceição. Belém, 15 de setembro de 2002. barcos, caixões de pessoas que
7. Cf. vianna, Arthur. “Festas da ufpa para obtenção dos graus de Os recursos angariados servem para o 39. Idem. presumivelmente teriam ressuscitado por
populares do Pará; i – A Festa de Licenciatura e Bacharelado em História. custeio da própria festa, para as despesas 40. Cf. Livro das peregrinações. Belém: milagres da Virgem, carros de anjos e votos
Nazareth”. Annaes da Bibliotheca e Archivo Belém, ufpa, 1997. da paróquia ou para outras finalidades Arquidiocese de Belém, 2003, p. 3. de cera. O relato do cônsul nos mostra que
Público do Pará, Tomo iii. Belém: secult, 20. Cf. rocque, Carlos. op. cit. pp. relacionadas com o culto católico. 41. vianna, Arthur.Festas populares há cerca de um século esses elementos já
1968, p. 235. 85-121. 29. Entrevista concedida por Odon do Pará”; i – A Festa de Nazaré. Belém: integravam a procissão do Círio.
8. Cf. A boa nova, Belém, 21. Cf. nassar, Flávio. op. cit. Carlos, organizador do Traslado da Annaes da Biblioteca e Archivo Público
17/11/1874, p. 4. 22. Cf. maués, Raymundo Heraldo. imagem em Ananindeua. Belém, 17 de do Pará, Tomo iii, secult,1968.
9. vianna, Arthur. Op. Cit, p. 235. “Um julgamento político: notas sobre o outubro de 2002. 42. Espécie de cabide, fabricado com
10. Cf. nassar, Flávio. Você acha que se caso dos padres e posseiros do Araguaia”. 30. Entrevista concedida por José dos o próprio miriti, onde são expostos os
deveria tombar a corda como Patrimônio Cultural do Comunicações do ISER 1(2): 31-38, Rio de Santos Ventura, da Diretoria da Festa de brinquedos para venda. Conferir
Estado? O Liberal, Belém, 1997. Janeiro, 1982. Nazaré. Belém, 12 de setembro de 2002. loureiro, João de Jesus Paes.
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A Boa Nova, Belém, 17/11/1874. ______ Dois séculos de Fé. Belém: e bacharelado em história. m au és , R. Heraldo. Belém: Universidade Federal do
almeida pinto, Antônio Cejup, 1993. Belém: ufpa , 1997. “Um julgamento político: notas Pará, 2004.
Rodrigues de. “O bispado do ______ Corda do Círio, marca de fé, vamos _____ “O Povo no Círio: imagens da sobre o caso dos padres e rocque, Carlos. Grande enciclopédia
Pará”. Annaes da Bibliotheca e Archivo pensar juntos? presença popular na festa de posseiros do Araguaia”. da Amazônia. Belém: Amazônia
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Belém. Petrópolis: Vozes, 1980. maravilhoso: legenda, tempo e memória 13 a 18 de julho de 1997. meira, Clóvis. “O Círio no evocações da cidade. Rio de Janeiro:
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A Boa Nova, Belém, 17/11/1874. ______ Dois séculos de Fé. Belém: e bacharelado em história. m au és , R. Heraldo. Belém: Universidade Federal do
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Belém. Petrópolis: Vozes, 1980. maravilhoso: legenda, tempo e memória 13 a 18 de julho de 1997. meira, Clóvis. “O Círio no evocações da cidade. Rio de Janeiro:
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taba marajoara à aldeia global. Imprensa Oficial do Estado, Terence. A invenção das tradições. Província do Pará. Belém: 17/18 de 1963.
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Sociedade Industrial de curso apresentada ao lustosa, D. Antônio de Círio de Nossa Senhora de Nazaré em
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bonna, Mízar. Círio. Painel de vida. da ufpa para obtenção dos do Pará). Rio de Janeiro: Cruzada Conclusão de Curso,
2ª ed. Belém: Secult, 1992. graus de licenciatura da Boa Imprensa, 1939. Departamento de Geografia.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 82 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 83

romaria fluvial e
o mercado do peixe.
foto: francisco
costa.

ANEXO 1:
O TERRITÓRIO
DO CÍRIO

O município de Belém, onde se


realiza anualmente o Círio de
Nazaré, está localizado na região
compreendida entre a baía de
Guajará e o rio Guamá. Belém faz
limites com a baía do Marajó, baía
Ananindeua, Marituba e
Benevides, acrescida do município
de Santa Bárbara, em 1996.
Como a área inventariada
corresponde apenas à zona
continental de Belém, isto significa
na chamada romaria rodoviária,
sendo conduzida até o distrito
de Icoaraci, em Belém.
nordeste do estado do Pará, Brasil, do Guajará, e os municípios de Assim constituída, a rmb que, desses oito distritos, apenas É no âmbito desta configuração
na confluência do rio Guamá com Santo Antônio do Tauá, possui uma área de 1.827,7 seis foram considerados para efeito sócio-espacial que o Círio de
a baía do Guajará, que faz parte Ananindeua, Santa Bárbara, quilômetros quadrados e abriga do inventário do Círio, já que os Nazaré de Belém vem se realizando,
do sistema hídrico composto pela Marituba e Acará. uma população de 1.870.003 distritos de Outeiro (daout) refletindo em sua exterioridade
foz do rio Tocantins, rio Pará, baía A Região Metropolitana de habitantes (ibge/2000). e Mosqueiro (damos) estão as releituras que os devotos
de Santo Antônio e baía do Belém – rmb, criada pela lei O município de Belém é localizados na zona insular do fazem da conexão entre o tempo
Marajó. O território do município complementar no 144, de 8 de dividido, para fins de gestão, Município de Belém. histórico e o miraculário
é constituído de uma parte junho de 1973, foi inicialmente em distritos administrativos*. Assim, A partir de 1992, com a da Virgem. E são estas releituras,
continental e de uma insular, constituída pelos municípios a cidade de Belém é constituída introdução do pernoite da imagem tecidas num embate constante
composta por cerca de 40 ilhas. de Belém e Ananindeua. Com a por oito distritos: distrito de Nossa Senhora de Nazaré entre diferentes e, muitas vezes,
Com uma área de 1.065 Constituição Federal de 1988, administrativo Mosqueiro – no município de Ananindeua, divergentes visões de mundo,
quilômetros quadrados (ibge passou a ser de competência dos damos; distrito administrativo as comemorações do Círio que conferem continuidade a essa
2000), Belém está situada na faixa estados a criação de regiões Outeiro – daout; distrito extrapolam os limites geográficos prática religiosa, ao mesmo tempo
equatorial conhecida como faixa de metropolitanas, aglomerações administrativo Icoaraci – daico; de Belém. Sendo assim, em que conferem sentido
depressão da Amazônia Central, urbanas e microrregiões. distrito administrativo Bengui – o município de Ananindeua às esperanças dos devotos em
aproximadamente 160 quilômetros Desta forma, por meio da lei daben; distrito administrativo foi considerado, para efeito torno da Virgem.
da linha do Equador. complementar estadual nº 27, Entroncamento – daent; distrito do inventário, como localidade
A cidade está a uma altitude de 19 de outubro de 1995, a região administrativo Sacramenta – no entorno, pois é dali que
de 11 metros acima do nível do metropolitana foi ampliada, dasac; distrito administrativo a imagem da Virgem de Nazaré
mar e edificada, em grande parte, passando a ser constituída pelos Belém – dabel, e distrito sai, no sábado que antecede
sobre uma ponta de terra municípios de Belém, administrativo Guamá – dagua. a procissão principal,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 82 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 83

romaria fluvial e
o mercado do peixe.
foto: francisco
costa.

ANEXO 1:
O TERRITÓRIO
DO CÍRIO

O município de Belém, onde se


realiza anualmente o Círio de
Nazaré, está localizado na região
compreendida entre a baía de
Guajará e o rio Guamá. Belém faz
limites com a baía do Marajó, baía
Ananindeua, Marituba e
Benevides, acrescida do município
de Santa Bárbara, em 1996.
Como a área inventariada
corresponde apenas à zona
continental de Belém, isto significa
na chamada romaria rodoviária,
sendo conduzida até o distrito
de Icoaraci, em Belém.
nordeste do estado do Pará, Brasil, do Guajará, e os municípios de Assim constituída, a rmb que, desses oito distritos, apenas É no âmbito desta configuração
na confluência do rio Guamá com Santo Antônio do Tauá, possui uma área de 1.827,7 seis foram considerados para efeito sócio-espacial que o Círio de
a baía do Guajará, que faz parte Ananindeua, Santa Bárbara, quilômetros quadrados e abriga do inventário do Círio, já que os Nazaré de Belém vem se realizando,
do sistema hídrico composto pela Marituba e Acará. uma população de 1.870.003 distritos de Outeiro (daout) refletindo em sua exterioridade
foz do rio Tocantins, rio Pará, baía A Região Metropolitana de habitantes (ibge/2000). e Mosqueiro (damos) estão as releituras que os devotos
de Santo Antônio e baía do Belém – rmb, criada pela lei O município de Belém é localizados na zona insular do fazem da conexão entre o tempo
Marajó. O território do município complementar no 144, de 8 de dividido, para fins de gestão, Município de Belém. histórico e o miraculário
é constituído de uma parte junho de 1973, foi inicialmente em distritos administrativos*. Assim, A partir de 1992, com a da Virgem. E são estas releituras,
continental e de uma insular, constituída pelos municípios a cidade de Belém é constituída introdução do pernoite da imagem tecidas num embate constante
composta por cerca de 40 ilhas. de Belém e Ananindeua. Com a por oito distritos: distrito de Nossa Senhora de Nazaré entre diferentes e, muitas vezes,
Com uma área de 1.065 Constituição Federal de 1988, administrativo Mosqueiro – no município de Ananindeua, divergentes visões de mundo,
quilômetros quadrados (ibge passou a ser de competência dos damos; distrito administrativo as comemorações do Círio que conferem continuidade a essa
2000), Belém está situada na faixa estados a criação de regiões Outeiro – daout; distrito extrapolam os limites geográficos prática religiosa, ao mesmo tempo
equatorial conhecida como faixa de metropolitanas, aglomerações administrativo Icoaraci – daico; de Belém. Sendo assim, em que conferem sentido
depressão da Amazônia Central, urbanas e microrregiões. distrito administrativo Bengui – o município de Ananindeua às esperanças dos devotos em
aproximadamente 160 quilômetros Desta forma, por meio da lei daben; distrito administrativo foi considerado, para efeito torno da Virgem.
da linha do Equador. complementar estadual nº 27, Entroncamento – daent; distrito do inventário, como localidade
A cidade está a uma altitude de 19 de outubro de 1995, a região administrativo Sacramenta – no entorno, pois é dali que
de 11 metros acima do nível do metropolitana foi ampliada, dasac; distrito administrativo a imagem da Virgem de Nazaré
mar e edificada, em grande parte, passando a ser constituída pelos Belém – dabel, e distrito sai, no sábado que antecede
sobre uma ponta de terra municípios de Belém, administrativo Guamá – dagua. a procissão principal,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 84 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 85

mapa de belém de ¡. catedral da sé •. igreja e convento


¡¶ª¡ com o percurso ™. largo da sé (atual praça dos mercedários
do primeiro círio frei caetano brandão) ª. igreja de sant’ana
em ¡¶ª£. £. forte do presépio ¡º. igreja e convento
¢. igreja e convento de de santo antônio
nossa senhora do carmo ¡¡. igreja de nossa
ANEXO 2: ∞. palácio do governo.
§. igreja de são joão
senhora do rosário
¡™. largo da pólvora
LINHA DO TEMPO batista ¡£. igarapé do piri
¶. largo das mercês (atual
praça visc. do rio branco)

1653 Os jesuítas iniciam o culto à 1720 Construção da primeira realizar anualmente uma festa em
Nazaré em Vigia, Pará. ermida, na casa do próprio Plácido. louvor à Nossa Senhora de Nazaré.
A devoção nazarena teve início
em Vigia, mas o Círio como 1721 D. Bartolomeu do Pilar, 1790 Concedida a autorização para
romaria que leva a imagem de um bispo do Pará, teria visitado a realização da festa de Nazaré.
local para outro veio a acontecer a ermida na cabana de Plácido. Francisco de Souza Coutinho
neste município somente a partir assume a presidência da província
da metade do século xix, vários 1730-1744 Construção da segunda e visita o arraial de Nazaré.
anos após a institucionalização do ermida, de taipa, por Plácido e
Círio belenense. Ou seja, apesar da pelo devoto Antônio Agostinho. 08/09/1793 Realização do
devoção nazarena vigiense ser mais primeiro Círio em Belém, devido
antiga, foi na capital que se 1773 D. João Evangelista visita a ao pagamento da promessa do
realizou o primeiro Círio de imagem na ermida e providencia presidente da província.
Nazaré do Pará. para que seja levada com pompa para Para obter a cura de uma doença,
Portugal, a fim de ser restaurada. Francisco de Souza Coutinho
1700 Plácido “encontra” a prometeu transportar a imagem em
imagem de Nazaré, às margens 31/07/1774 Retorno da imagem a procissão do palácio do governo até
do igarapé Murutucu. Início da Belém. D. João Evangelista convoca à ermida da santa, carregando ele
veneração em Belém. A casa a cidade para, num ato solene, mesmo um círio. Ao se recuperar,
de Plácido ficava na estrada do trasladar a imagem do porto até a sua convocou os habitantes do interior
Maranhão, ponto de parada para ermida. Na ocasião, o governo doa para a festividade, a fim de realizar
muitos viajantes, o que fez com uma jeira de terra à imagem, no no arraial uma feira de produtos
que a imagem em pouco tempo se local onde é aberto o largo, e o bispo regionais. A imagem foi
tornasse conhecida. solicita a Portugal autorização para transportada num carro de bois,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 84 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 85

mapa de belém de ¡. catedral da sé •. igreja e convento


¡¶ª¡ com o percurso ™. largo da sé (atual praça dos mercedários
do primeiro círio frei caetano brandão) ª. igreja de sant’ana
em ¡¶ª£. £. forte do presépio ¡º. igreja e convento
¢. igreja e convento de de santo antônio
nossa senhora do carmo ¡¡. igreja de nossa
ANEXO 2: ∞. palácio do governo.
§. igreja de são joão
senhora do rosário
¡™. largo da pólvora
LINHA DO TEMPO batista ¡£. igarapé do piri
¶. largo das mercês (atual
praça visc. do rio branco)

1653 Os jesuítas iniciam o culto à 1720 Construção da primeira realizar anualmente uma festa em
Nazaré em Vigia, Pará. ermida, na casa do próprio Plácido. louvor à Nossa Senhora de Nazaré.
A devoção nazarena teve início
em Vigia, mas o Círio como 1721 D. Bartolomeu do Pilar, 1790 Concedida a autorização para
romaria que leva a imagem de um bispo do Pará, teria visitado a realização da festa de Nazaré.
local para outro veio a acontecer a ermida na cabana de Plácido. Francisco de Souza Coutinho
neste município somente a partir assume a presidência da província
da metade do século xix, vários 1730-1744 Construção da segunda e visita o arraial de Nazaré.
anos após a institucionalização do ermida, de taipa, por Plácido e
Círio belenense. Ou seja, apesar da pelo devoto Antônio Agostinho. 08/09/1793 Realização do
devoção nazarena vigiense ser mais primeiro Círio em Belém, devido
antiga, foi na capital que se 1773 D. João Evangelista visita a ao pagamento da promessa do
realizou o primeiro Círio de imagem na ermida e providencia presidente da província.
Nazaré do Pará. para que seja levada com pompa para Para obter a cura de uma doença,
Portugal, a fim de ser restaurada. Francisco de Souza Coutinho
1700 Plácido “encontra” a prometeu transportar a imagem em
imagem de Nazaré, às margens 31/07/1774 Retorno da imagem a procissão do palácio do governo até
do igarapé Murutucu. Início da Belém. D. João Evangelista convoca à ermida da santa, carregando ele
veneração em Belém. A casa a cidade para, num ato solene, mesmo um círio. Ao se recuperar,
de Plácido ficava na estrada do trasladar a imagem do porto até a sua convocou os habitantes do interior
Maranhão, ponto de parada para ermida. Na ocasião, o governo doa para a festividade, a fim de realizar
muitos viajantes, o que fez com uma jeira de terra à imagem, no no arraial uma feira de produtos
que a imagem em pouco tempo se local onde é aberto o largo, e o bispo regionais. A imagem foi
tornasse conhecida. solicita a Portugal autorização para transportada num carro de bois,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 86 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 87

no colo do capelão do palácio, 1803 Introdução da alegoria 1840 Segunda restauração da 1853 Uma forte chuva na hora do Substituição do palanquim que 1868 Oficialização da corda pela
sendo acompanhada por cerca de de D. Fuas Roupinho (que gerou imagem, ocorrida em Portugal. Círio dispersa a multidão, tornando conduzia a imagem e seu portador comissão encarregada dos festejos.
dez mil pessoas. O bispado do Pará o início da devoção à Nazaré em a procissão uma parada militar, visto por uma berlinda.
estava em vacância. Portugal) na procissão, por ordem 1843 A partir desse ano iniciam-se que as tropas foram obrigadas a Já não existe a feira de produtos 1877 O jornal Diário de Belém publica
Itinerário: palácio presidencial, da rainha Maria i. os anúncios de sortes e loterias prosseguir conduzindo a imagem. regionais no arraial. matéria que fala de apresentações
margem do igarapé do Piry, Casa das da festa. A corda é utilizada pela “indecorosas” e “blasfemas”
Canoas (Ver-o-Peso), rua da Praia 1826 Introdução do carro dos 1854 O papa Pio x concede primeira vez, para retirar a berlinda ocorridas no pavilhão de Flora, o que
(avenida Quinze de Novembro), foguetes ou carro precursor na 1846 Ocorre o milagre do brigue indulgência plenária para de um atoleiro. fez Dom Macedo Costa ordenar a
Convento de Santo Antônio, procissão, com bandeiras de São João Batista: alguns todo aquele que acompanhar imediata suspensão dos festejos.
estrada da Campina (Presidente todas as nações católicas. marinheiros se salvam do naufrágio o Círio descalço. 1858 O Círio ocorre em 10/10. A ermida trancada é invadida e
Vargas), Largo da Pólvora (praça da do brigue num pequeno escaler O Círio é realizado a 22/10, Anunciam-se diversas atrações para ocorrem ladainhas e toques de
República), estrada do Maranhão 1835 Cabanos tomam o arraial de após invocar a proteção da Virgem pela manhã, devido aos o arraial, incluindo botequins, sinos. Dom Macedo recusa-se a
(Nazaré) até o arraial. Nazaré e a cidade de Belém. Único de Nazaré. Os sobreviventes acontecimentos do ano passado. bailes de máscaras, cosmoramas, aprovar a lista da mesa regedora da
Nos anos seguintes a festa passou ano em que não ocorreu o Círio. prometeram carregar o brigue polioramas e choques elétricos. festa no ano seguinte, por conter
a ser organizada pela Confraria de durante o Círio. 1855 Uma epidemia de cólera nomes de pessoas que participaram
Nossa Senhora de Nazaré. 1839 O pastor protestante Daniel assola a cidade, mas ainda assim 1860 Fundação da sociedade do na invasão da ermida. A irmandade de
P. Kidder descreve o Círio. 1848 realiza-se o Círio, sendo incluído descanso, que alugava cadeiras para Nazaré toma as chaves da ermida e
1799 Francisco de Souza A procissão passava pelo meio da O naturalista inglês Henry Walter na procissão o escaler do brigue aqueles que desejassem ver, depõe o pároco, que transfere a
Coutinho inicia a construção floresta, pois a área ao redor da Bates descreve o Círio. Segundo São João Batista. Muitos vêem a sentados, o movimento do arraial. paróquia para a capela do hospital
de uma nova ermida. estrada de Nazareth ainda não era Bates, entre as festas religiosas do epidemia como um castigo da D. Luís i. O governo provincial
urbanizada. A ermida se assemelhava Pará, a de Nazaré era a mais Virgem, por não ter sido cumprida 1867 Proíbe-se o jogo no arraial apóia a irmandade.
1800 ou 1802 Inauguração a uma casa comum, e as famílias que importante, tendo a presença de a promessa de carregar o brigue na por meio de edital do subdelegado. A irmandade de Nossa Senhora de Nazaré
da nova ermida, junto com as ficavam no local durante a festa todas as autoridades civis, inclusive procissão. A aglomeração popular era responsável pela execução da festa
solenidades do Círio. construíam barracas ao seu redor. o presidente da província. aumenta o número de mortos. desde 1794, mas, segundo o bispo,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 86 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 87

no colo do capelão do palácio, 1803 Introdução da alegoria 1840 Segunda restauração da 1853 Uma forte chuva na hora do Substituição do palanquim que 1868 Oficialização da corda pela
sendo acompanhada por cerca de de D. Fuas Roupinho (que gerou imagem, ocorrida em Portugal. Círio dispersa a multidão, tornando conduzia a imagem e seu portador comissão encarregada dos festejos.
dez mil pessoas. O bispado do Pará o início da devoção à Nazaré em a procissão uma parada militar, visto por uma berlinda.
estava em vacância. Portugal) na procissão, por ordem 1843 A partir desse ano iniciam-se que as tropas foram obrigadas a Já não existe a feira de produtos 1877 O jornal Diário de Belém publica
Itinerário: palácio presidencial, da rainha Maria i. os anúncios de sortes e loterias prosseguir conduzindo a imagem. regionais no arraial. matéria que fala de apresentações
margem do igarapé do Piry, Casa das da festa. A corda é utilizada pela “indecorosas” e “blasfemas”
Canoas (Ver-o-Peso), rua da Praia 1826 Introdução do carro dos 1854 O papa Pio x concede primeira vez, para retirar a berlinda ocorridas no pavilhão de Flora, o que
(avenida Quinze de Novembro), foguetes ou carro precursor na 1846 Ocorre o milagre do brigue indulgência plenária para de um atoleiro. fez Dom Macedo Costa ordenar a
Convento de Santo Antônio, procissão, com bandeiras de São João Batista: alguns todo aquele que acompanhar imediata suspensão dos festejos.
estrada da Campina (Presidente todas as nações católicas. marinheiros se salvam do naufrágio o Círio descalço. 1858 O Círio ocorre em 10/10. A ermida trancada é invadida e
Vargas), Largo da Pólvora (praça da do brigue num pequeno escaler O Círio é realizado a 22/10, Anunciam-se diversas atrações para ocorrem ladainhas e toques de
República), estrada do Maranhão 1835 Cabanos tomam o arraial de após invocar a proteção da Virgem pela manhã, devido aos o arraial, incluindo botequins, sinos. Dom Macedo recusa-se a
(Nazaré) até o arraial. Nazaré e a cidade de Belém. Único de Nazaré. Os sobreviventes acontecimentos do ano passado. bailes de máscaras, cosmoramas, aprovar a lista da mesa regedora da
Nos anos seguintes a festa passou ano em que não ocorreu o Círio. prometeram carregar o brigue polioramas e choques elétricos. festa no ano seguinte, por conter
a ser organizada pela Confraria de durante o Círio. 1855 Uma epidemia de cólera nomes de pessoas que participaram
Nossa Senhora de Nazaré. 1839 O pastor protestante Daniel assola a cidade, mas ainda assim 1860 Fundação da sociedade do na invasão da ermida. A irmandade de
P. Kidder descreve o Círio. 1848 realiza-se o Círio, sendo incluído descanso, que alugava cadeiras para Nazaré toma as chaves da ermida e
1799 Francisco de Souza A procissão passava pelo meio da O naturalista inglês Henry Walter na procissão o escaler do brigue aqueles que desejassem ver, depõe o pároco, que transfere a
Coutinho inicia a construção floresta, pois a área ao redor da Bates descreve o Círio. Segundo São João Batista. Muitos vêem a sentados, o movimento do arraial. paróquia para a capela do hospital
de uma nova ermida. estrada de Nazareth ainda não era Bates, entre as festas religiosas do epidemia como um castigo da D. Luís i. O governo provincial
urbanizada. A ermida se assemelhava Pará, a de Nazaré era a mais Virgem, por não ter sido cumprida 1867 Proíbe-se o jogo no arraial apóia a irmandade.
1800 ou 1802 Inauguração a uma casa comum, e as famílias que importante, tendo a presença de a promessa de carregar o brigue na por meio de edital do subdelegado. A irmandade de Nossa Senhora de Nazaré
da nova ermida, junto com as ficavam no local durante a festa todas as autoridades civis, inclusive procissão. A aglomeração popular era responsável pela execução da festa
solenidades do Círio. construíam barracas ao seu redor. o presidente da província. aumenta o número de mortos. desde 1794, mas, segundo o bispo,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 88 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 89

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡••∞. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e colégio ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça (atual praça da república)
dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

jamais tinha sido regulamentada pela 1880 À véspera do Círio, praça e rua de Santo Antônio, rua
Igreja. Alguns dos membros da mesa soluciona-se a questão entre a da Trindade, praça de Sant’Anna,
regedora eram maçons, e isso irmandade e o arcebispo, rua de São Vicente, travessa dos
acirrou a intolerância do bispo para decidindo-se que a lista da mesa Mirandas, praça de Pedro ii,
com a mesa e vice-versa, devido aos regedora das festividades seria estrada de Nazareth, até à igreja.
ecos da questão religiosa. composta de uma comissão civil e
uma eclesiástica e que os festeiros 1890 O Círio sai da Igreja de
1878 Perpetuação da questão nazarena; acatariam as orientações de Dom Santo Alexandre. A capela
a nova matriz de Nazaré é concluída, Macedo Costa. O Círio se realiza do palácio é fechada devido
e o presidente da província sem problemas, com a presença do à posse dos republicanos.
determina que o prédio seja arcebispo e seu cabido na
entregue à Irmandade. O bispo procissão. 1891 Itinerário: Igreja de Santo
proíbe a realização do Círio. Ocorre Dom Macedo Costa Alexandre, largo da Sé, rua
o Círio Civil, sem a participação de determina que a imagem deve ir Dr. Assis, travessa da Vigia, praça
padres, mas com grande pompa, a sozinha na berlinda. da Independência, avenida e rua
6/10, o que é considerado pela Quinze de Novembro, praça
Igreja Católica uma profanação. 1885 Atrelam-se cavalos à berlinda, Visconde do Rio Branco, rua da
mas, na hora da procissão o povo Indústria, largo e rua de Santo
1879 A Assembléia provincial retira os cavalos e faz questão Antônio, rua da Trindade, rua
aprova projeto autorizando a de puxá-la. do Rosário, travessa Quinze de
entrega da nova igreja à diocese, Itinerário: frente do Palácio, Agosto, largo da Pólvora, estrada
mas o presidente da província não travessa da Rosa, praça da Sé, e largo de Nazaré.
sanciona a lei. calçada do Colégio, travessa da
Realiza-se o segundo Círio Civil. Companhia, rua da Imperatriz,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 88 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 89

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡••∞. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e colégio ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça (atual praça da república)
dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

jamais tinha sido regulamentada pela 1880 À véspera do Círio, praça e rua de Santo Antônio, rua
Igreja. Alguns dos membros da mesa soluciona-se a questão entre a da Trindade, praça de Sant’Anna,
regedora eram maçons, e isso irmandade e o arcebispo, rua de São Vicente, travessa dos
acirrou a intolerância do bispo para decidindo-se que a lista da mesa Mirandas, praça de Pedro ii,
com a mesa e vice-versa, devido aos regedora das festividades seria estrada de Nazareth, até à igreja.
ecos da questão religiosa. composta de uma comissão civil e
uma eclesiástica e que os festeiros 1890 O Círio sai da Igreja de
1878 Perpetuação da questão nazarena; acatariam as orientações de Dom Santo Alexandre. A capela
a nova matriz de Nazaré é concluída, Macedo Costa. O Círio se realiza do palácio é fechada devido
e o presidente da província sem problemas, com a presença do à posse dos republicanos.
determina que o prédio seja arcebispo e seu cabido na
entregue à Irmandade. O bispo procissão. 1891 Itinerário: Igreja de Santo
proíbe a realização do Círio. Ocorre Dom Macedo Costa Alexandre, largo da Sé, rua
o Círio Civil, sem a participação de determina que a imagem deve ir Dr. Assis, travessa da Vigia, praça
padres, mas com grande pompa, a sozinha na berlinda. da Independência, avenida e rua
6/10, o que é considerado pela Quinze de Novembro, praça
Igreja Católica uma profanação. 1885 Atrelam-se cavalos à berlinda, Visconde do Rio Branco, rua da
mas, na hora da procissão o povo Indústria, largo e rua de Santo
1879 A Assembléia provincial retira os cavalos e faz questão Antônio, rua da Trindade, rua
aprova projeto autorizando a de puxá-la. do Rosário, travessa Quinze de
entrega da nova igreja à diocese, Itinerário: frente do Palácio, Agosto, largo da Pólvora, estrada
mas o presidente da província não travessa da Rosa, praça da Sé, e largo de Nazaré.
sanciona a lei. calçada do Colégio, travessa da
Realiza-se o segundo Círio Civil. Companhia, rua da Imperatriz,
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 90 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 91

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡•ª¡ (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

1892 A grande atração do arraial 1909 Euclides Faria compõe Vós Sois deveria ocorrer no último domingo
foi um boi gigantesco, apelidado o Lírio Mimoso, hino oficial do Círio. de outubro.
“boi-monstro”, que ao fim da festa
foi sacrificado e comido. 1910 Chegada dos carrosséis 1920 Inaugura-se a Basílica de
Itinerário: largo da Sé, rua americanos, a grande atração Nazaré atual e a imagem original é
Dr. Assis, travessa da Atalaia, do arraial. transferida para lá.
rua Dr. Malcher, travessa da Vigia, Organizada oficialmente a diretoria
praça da Independência, avenida da festa, acabando a irmandade, 1922 Separam-se homens para um
e rua de Santo Antônio, rua da que até então organizava a festa. lado da corda e mulheres para o
Trindade, rua do Rosário, travessa outro. Na saída da trasladação, a
Quinze de Agosto, largo da 1916 Introduz-se na romaria um imagem tombou dentro da berlinda.
Pólvora, estrada e largo de Nazaré. carro especialmente para recolher
as promessas, para que estas não 1923 O vigário de Nazaré exige
1901 Dom Francisco do Rêgo sejam arremessadas no carro dos que os fiéis tragam cera de boa
Maia fixou o segundo milagres, com a alegoria de Dom qualidade. A Igreja de Nazaré
domingo de outubro como Fuas e do brigue São João Batista. recebe título de Basílica.
a data oficial do Círio. Pela primeira vez, o espaço
dentro da corda foi utilizado pelas 1924 Separa-se uma corda para os
1902 Número estimado de pessoas autoridades. homens e outra para as mulheres.
que assistiram ao Círio: 25 mil.
1918 Devido à epidemia de gripe 1926 Expedida por D. Irineu
1907 Três salões de cinematógrafo espanhola, a diretoria da festa adia a Joffily, arcebispo do Pará, a Circular
no arraial. conclusão dos festejos nazarenos, no 5 definia basicamente o seguinte:
assim como a Festa de Nazaré, que instituição de cortejo dividido em
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 90 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 91

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡•ª¡ (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

1892 A grande atração do arraial 1909 Euclides Faria compõe Vós Sois deveria ocorrer no último domingo
foi um boi gigantesco, apelidado o Lírio Mimoso, hino oficial do Círio. de outubro.
“boi-monstro”, que ao fim da festa
foi sacrificado e comido. 1910 Chegada dos carrosséis 1920 Inaugura-se a Basílica de
Itinerário: largo da Sé, rua americanos, a grande atração Nazaré atual e a imagem original é
Dr. Assis, travessa da Atalaia, do arraial. transferida para lá.
rua Dr. Malcher, travessa da Vigia, Organizada oficialmente a diretoria
praça da Independência, avenida da festa, acabando a irmandade, 1922 Separam-se homens para um
e rua de Santo Antônio, rua da que até então organizava a festa. lado da corda e mulheres para o
Trindade, rua do Rosário, travessa outro. Na saída da trasladação, a
Quinze de Agosto, largo da 1916 Introduz-se na romaria um imagem tombou dentro da berlinda.
Pólvora, estrada e largo de Nazaré. carro especialmente para recolher
as promessas, para que estas não 1923 O vigário de Nazaré exige
1901 Dom Francisco do Rêgo sejam arremessadas no carro dos que os fiéis tragam cera de boa
Maia fixou o segundo milagres, com a alegoria de Dom qualidade. A Igreja de Nazaré
domingo de outubro como Fuas e do brigue São João Batista. recebe título de Basílica.
a data oficial do Círio. Pela primeira vez, o espaço
dentro da corda foi utilizado pelas 1924 Separa-se uma corda para os
1902 Número estimado de pessoas autoridades. homens e outra para as mulheres.
que assistiram ao Círio: 25 mil.
1918 Devido à epidemia de gripe 1926 Expedida por D. Irineu
1907 Três salões de cinematógrafo espanhola, a diretoria da festa adia a Joffily, arcebispo do Pará, a Circular
no arraial. conclusão dos festejos nazarenos, no 5 definia basicamente o seguinte:
assim como a Festa de Nazaré, que instituição de cortejo dividido em
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 92 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 93

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡•ª™. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

alas de colégios e associações pias, 1931 Dom Irineu Joffily deixa o 1938 O arraial começa a funcionar
substituição dos carros por andores, Arcebispado do Pará. A pressão uma semana antes do início da
abolição da corda, da marujada, dos popular, aliada à intervenção festa. Os barraqueiros chegam a
promesseiros vestidos de anjos populista do interventor Magalhães sugerir que a festa se prolongue
e santos, de cavalos, carros e Barata resulta no retorno da corda e para que obtenham maior lucro.
automóveis, determinação de que as da berlinda ao Círio. A corda é
promessas deviam ser entregues na restaurada, porém mais reduzida, 1947 Descendentes da família
basílica, e não levadas na procissão. sendo puxada em comissões de 40 a imperial brasileira tomam parte
Sendo as mudanças muito 50 pessoas. no Círio.
contestadas, este foi considerado um Itinerário: praça da Sé, Pedro Ainda se anuncia a sociedade
dos Círios mais violentos de que se Rayol, praça. D. Pedro ii, do descanso.
tem notícia. É enviado um abaixo- dobrando no Ver-o-peso em
assinado ao arcebispo pedindo direção ao boulevard da República, 1949 Chegam a Belém grandes
a manutenção das tradições. até a avenida Quinze de Agosto, aviões trazendo artistas para o arraial
praça da República e avenida e romeiros para o Círio de Nazaré.
1928 Durante a procissão, alguns Nazaré até a basílica.
guardas civis cometeram violências 1951 Os trajetos da transladação e do
contra o povo, ao entrar a 1936 Jogos proibidos no arraial. Círio são modificados para que a
procissão na rua João Alfredo. Primeira homenagem do imagem passe em frente aos
Itinerário: rua Pedro Rayol, Sindicato dos Estivadores. palácios da administração estadual
João Alfredo, rua Santo Antônio, e municipal para ser homenageada.
avenida Quinze de Agosto, praça da 1937 Estimativa de mais de 200 Itinerário: rua Pedro Rayol,
República e avenida Nazaré. mil pessoas no préstito. praça. D. Pedro ii (passando em
frente aos palácios do governo e
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 92 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 93

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡•ª™. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

alas de colégios e associações pias, 1931 Dom Irineu Joffily deixa o 1938 O arraial começa a funcionar
substituição dos carros por andores, Arcebispado do Pará. A pressão uma semana antes do início da
abolição da corda, da marujada, dos popular, aliada à intervenção festa. Os barraqueiros chegam a
promesseiros vestidos de anjos populista do interventor Magalhães sugerir que a festa se prolongue
e santos, de cavalos, carros e Barata resulta no retorno da corda e para que obtenham maior lucro.
automóveis, determinação de que as da berlinda ao Círio. A corda é
promessas deviam ser entregues na restaurada, porém mais reduzida, 1947 Descendentes da família
basílica, e não levadas na procissão. sendo puxada em comissões de 40 a imperial brasileira tomam parte
Sendo as mudanças muito 50 pessoas. no Círio.
contestadas, este foi considerado um Itinerário: praça da Sé, Pedro Ainda se anuncia a sociedade
dos Círios mais violentos de que se Rayol, praça. D. Pedro ii, do descanso.
tem notícia. É enviado um abaixo- dobrando no Ver-o-peso em
assinado ao arcebispo pedindo direção ao boulevard da República, 1949 Chegam a Belém grandes
a manutenção das tradições. até a avenida Quinze de Agosto, aviões trazendo artistas para o arraial
praça da República e avenida e romeiros para o Círio de Nazaré.
1928 Durante a procissão, alguns Nazaré até a basílica.
guardas civis cometeram violências 1951 Os trajetos da transladação e do
contra o povo, ao entrar a 1936 Jogos proibidos no arraial. Círio são modificados para que a
procissão na rua João Alfredo. Primeira homenagem do imagem passe em frente aos
Itinerário: rua Pedro Rayol, Sindicato dos Estivadores. palácios da administração estadual
João Alfredo, rua Santo Antônio, e municipal para ser homenageada.
avenida Quinze de Agosto, praça da 1937 Estimativa de mais de 200 Itinerário: rua Pedro Rayol,
República e avenida Nazaré. mil pessoas no préstito. praça. D. Pedro ii (passando em
frente aos palácios do governo e
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 94 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 95

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡ª™•. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

da prefeitura), avenida Portugal, imagem original para substituir a do 1968 Pela primeira vez em um
avenida Quinze de Novembro, Colégio Gentil Bittencourt, que é século, a imagem original fica
travessa Frutuoso Guimarães, muito diferente da original. exposta durante a quinzena para
boulevard Castilhos França, veneração pública. Três ministros
avenida Quinze de Agosto, praça 1964 Berlinda que vai na procissão é da República presentes, além de
da República, avenida Nazaré nova, mas semelhante à antiga, outras autoridades.
até a basílica. conduzida em uma carreta adaptada
para esse fim. 1970 O presidente do Brasil,
1961 No período que compreende Emílio Garrastazu Médici assiste
a trasladação e o Círio é decretada a 1966 Aproximadamente à trasladação e ao Círio.
“lei seca”. Jogos de azar novamente 400 mil pessoas participam deste
proibidos no arraial. Círio; início da utilização 1971 Rompe-se a corda com as
dos crachás para quem ia dentro da autoridades, e estas se misturam
1963 Envia-se a berlinda tradicional corda; corda começa a ser controlada com o povo. Assembléia Legislativa
para São Miguel do Guamá e usa-se por apito. do Pará, por meio da Lei 4.371,
na trasladação e no Círio uma nova, Pela primeira vez é utilizada na de 15/12, declara Nossa Senhora de
de linhas simples, o que provoca procissão a imagem peregrina, cópia Nazaré padroeira do Pará e rainha
grande descontentamento. da imagem encontrada por Plácido. da Amazônia.
Governador envia carta à diretoria Encomendada pelo vigário Miguel
da festa pedindo a volta da berlinda Giambelli ao escultor italiano 1972 Início das peregrinações da
antiga. Último anúncio de teatro Giacommo Mussner, substituiu imagem nas casas dos paroquianos.
no arraial durante a quinzena, a imagem do Colégio Gentil
espetáculo da Rádio Marajoara. Bittencourt que, até o ano
Encomendada uma cópia da anterior, saíra na procissão.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 94 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 95

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡ª™•. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

da prefeitura), avenida Portugal, imagem original para substituir a do 1968 Pela primeira vez em um
avenida Quinze de Novembro, Colégio Gentil Bittencourt, que é século, a imagem original fica
travessa Frutuoso Guimarães, muito diferente da original. exposta durante a quinzena para
boulevard Castilhos França, veneração pública. Três ministros
avenida Quinze de Agosto, praça 1964 Berlinda que vai na procissão é da República presentes, além de
da República, avenida Nazaré nova, mas semelhante à antiga, outras autoridades.
até a basílica. conduzida em uma carreta adaptada
para esse fim. 1970 O presidente do Brasil,
1961 No período que compreende Emílio Garrastazu Médici assiste
a trasladação e o Círio é decretada a 1966 Aproximadamente à trasladação e ao Círio.
“lei seca”. Jogos de azar novamente 400 mil pessoas participam deste
proibidos no arraial. Círio; início da utilização 1971 Rompe-se a corda com as
dos crachás para quem ia dentro da autoridades, e estas se misturam
1963 Envia-se a berlinda tradicional corda; corda começa a ser controlada com o povo. Assembléia Legislativa
para São Miguel do Guamá e usa-se por apito. do Pará, por meio da Lei 4.371,
na trasladação e no Círio uma nova, Pela primeira vez é utilizada na de 15/12, declara Nossa Senhora de
de linhas simples, o que provoca procissão a imagem peregrina, cópia Nazaré padroeira do Pará e rainha
grande descontentamento. da imagem encontrada por Plácido. da Amazônia.
Governador envia carta à diretoria Encomendada pelo vigário Miguel
da festa pedindo a volta da berlinda Giambelli ao escultor italiano 1972 Início das peregrinações da
antiga. Último anúncio de teatro Giacommo Mussner, substituiu imagem nas casas dos paroquianos.
no arraial durante a quinzena, a imagem do Colégio Gentil
espetáculo da Rádio Marajoara. Bittencourt que, até o ano
Encomendada uma cópia da anterior, saíra na procissão.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 96 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 97

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡ª£¡. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

1975 Os brinquedos eletrônicos 1979 O presidente do Brasil, João 1982 Inauguração do Conjunto
dominam 80% do Arraial. Proibida Figueiredo, acompanha o Círio. Arquitetônico de Nazaré – can, ou
a venda de bebidas de alto teor Estimativa de participantes: 700 mil. praça Santuário, no dia 8/10; arraial
alcoólico. Estimativa de 1980 Aproximadamente 800 mil se muda do largo para as transversais;
participantes: 400 mil. Criação pessoas participam da procissão. manifestações do Movimento para a
da guarda de Nossa Senhora, com a Lançamento de carimbo Libertação dos Presos do Araguaia
responsabilidade de conduzir comemorativo do Círio de Nazaré. durante a procissão; número de
e guardar a berlinda e zelar pela Os crachás para entrar na corda são participantes: 800 mil.
disciplina da corda e do arraial. substituídos por convites especiais
distribuídos pela diretoria da festa. O 1983 Introdução da corrida do Círio,
1976 Participação de papa João Paulo II abençoa o povo em 6/10; o carro dos foguetes é
aproximadamente 500 mil pessoas paraense com a imagem de Nossa retirado da procissão, devido ao
no Círio. Senhora de Nazaré. perigo de atingir prédios e
mangueiras, substituindo-o por
1977 Paratur monta arquibancadas 1981 Três cordas no Círio: a que toque de clarins e banda. A corda
na avenida Presidente Vargas para puxa a berlinda, a das autoridades e a mede 300 metros. Pelo terceiro
turistas assistirem à procissão; que fica ao redor dos carros dos ano consecutivo, o Movimento pela
presença de arcebispos de outros milagres. Início da atuação da Cruz Libertação dos Presos do Araguaia
estados, bem como de autoridades. Vermelha no apoio ao Círio; manifesta-se durante a procissão.
manifestações do Movimento para a
1978 Realização da primeira festa Libertação dos Presos do Araguaia
das filhas da Chiquita. durante a procissão.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 96 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 97

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡ª£¡. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

1975 Os brinquedos eletrônicos 1979 O presidente do Brasil, João 1982 Inauguração do Conjunto
dominam 80% do Arraial. Proibida Figueiredo, acompanha o Círio. Arquitetônico de Nazaré – can, ou
a venda de bebidas de alto teor Estimativa de participantes: 700 mil. praça Santuário, no dia 8/10; arraial
alcoólico. Estimativa de 1980 Aproximadamente 800 mil se muda do largo para as transversais;
participantes: 400 mil. Criação pessoas participam da procissão. manifestações do Movimento para a
da guarda de Nossa Senhora, com a Lançamento de carimbo Libertação dos Presos do Araguaia
responsabilidade de conduzir comemorativo do Círio de Nazaré. durante a procissão; número de
e guardar a berlinda e zelar pela Os crachás para entrar na corda são participantes: 800 mil.
disciplina da corda e do arraial. substituídos por convites especiais
distribuídos pela diretoria da festa. O 1983 Introdução da corrida do Círio,
1976 Participação de papa João Paulo II abençoa o povo em 6/10; o carro dos foguetes é
aproximadamente 500 mil pessoas paraense com a imagem de Nossa retirado da procissão, devido ao
no Círio. Senhora de Nazaré. perigo de atingir prédios e
mangueiras, substituindo-o por
1977 Paratur monta arquibancadas 1981 Três cordas no Círio: a que toque de clarins e banda. A corda
na avenida Presidente Vargas para puxa a berlinda, a das autoridades e a mede 300 metros. Pelo terceiro
turistas assistirem à procissão; que fica ao redor dos carros dos ano consecutivo, o Movimento pela
presença de arcebispos de outros milagres. Início da atuação da Cruz Libertação dos Presos do Araguaia
estados, bem como de autoridades. Vermelha no apoio ao Círio; manifesta-se durante a procissão.
manifestações do Movimento para a
1978 Realização da primeira festa Libertação dos Presos do Araguaia
das filhas da Chiquita. durante a procissão.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 98 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 99

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡ª∞¡. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

1985 José Sarney, presidente da 1988 Estabelecimento definitivo 1992 Pela primeira vez, a berlinda
República, assiste ao Círio em do itinerário atual da trasladação, vai à frente da procissão. Por ser
Belém; Sindicato dos Estivadores que é o mesmo do Círio, no este o ano do aniversário de
faz homenagem surpresa a sentido inverso. 200 anos do Círio, é a
Tancredo Neves; ocorrem na 1989 Criação da romaria rodoviária. imagem original que sai às ruas;
procissão protestos pela reforma é inaugurado o marco
agrária, pelos direitos dos negros 1990 Início do círio das crianças. comemorativo; estimativa de
e propaganda política. Criação da romaria dos motoqueiros; 2 milhões de pessoas na procissão.
a imagem achada por Plácido, sua
1986 O museu do Círio é coroa e seus mantos foram 1993 Realização do primeiro
inaugurado em 9/10; início tombados pelo governo estadual, auto do Círio.
da romaria fluvial, por iniciativa da por meio da Lei 5.629, de 20/12.
Paratur. Realização da primeira 1995 Realização do primeiro
missa do mandato. 1991 As autoridades não concurso de redação.
acompanham mais o Círio dentro
1987 Protestos durante a da corda; estimativa de mais de um 1999 Introdução do arrastão do boi
procissão, pela reforma agrária e milhão de pessoas na procissão. pavulagem na programação cultural
contra o envio de lixo nuclear para Presença do príncipe Antônio da Festa de Nazaré.
a Serra do Cachimbo. Orléans de Bragança; realização do
primeiro festival da canção mariana.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 98 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 99

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªº∞ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ¡ª∞¡. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

1985 José Sarney, presidente da 1988 Estabelecimento definitivo 1992 Pela primeira vez, a berlinda
República, assiste ao Círio em do itinerário atual da trasladação, vai à frente da procissão. Por ser
Belém; Sindicato dos Estivadores que é o mesmo do Círio, no este o ano do aniversário de
faz homenagem surpresa a sentido inverso. 200 anos do Círio, é a
Tancredo Neves; ocorrem na 1989 Criação da romaria rodoviária. imagem original que sai às ruas;
procissão protestos pela reforma é inaugurado o marco
agrária, pelos direitos dos negros 1990 Início do círio das crianças. comemorativo; estimativa de
e propaganda política. Criação da romaria dos motoqueiros; 2 milhões de pessoas na procissão.
a imagem achada por Plácido, sua
1986 O museu do Círio é coroa e seus mantos foram 1993 Realização do primeiro
inaugurado em 9/10; início tombados pelo governo estadual, auto do Círio.
da romaria fluvial, por iniciativa da por meio da Lei 5.629, de 20/12.
Paratur. Realização da primeira 1995 Realização do primeiro
missa do mandato. 1991 As autoridades não concurso de redação.
acompanham mais o Círio dentro
1987 Protestos durante a da corda; estimativa de mais de um 1999 Introdução do arrastão do boi
procissão, pela reforma agrária e milhão de pessoas na procissão. pavulagem na programação cultural
contra o envio de lixo nuclear para Presença do príncipe Antônio da Festa de Nazaré.
a Serra do Cachimbo. Orléans de Bragança; realização do
primeiro festival da canção mariana.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 100 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 101

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªª§ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ™ºº™. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

2000
Realizou-se o Círio mais demorado
de todos os tempos. A imagem da
Virgem de Nazaré chegou à basílica
às 15:45h. A corda ficou atrelada à
berlinda o tempo todo, tanto na
trasladação como no Círio.

2002 Alterado o trajeto do Círio


que passou, excepcionalmente, pela
rua João Alfredo em vez de pelo
boulevard Castilhos França, em
decorrência de incêndio ocorrido,
pela manhã, na Casa Chamma,
localizada no edifício do Mercado
de Carne, próximo ao Mercado de
Peixe, justamente em frente ao
local onde a corda fica aguardando
a santa. Assim, a santa acabou
chegando ao Conjunto
Arquitetônico de Nazaré (can)
sem a corda que, por sua vez,
foi chegando aos poucos,
já aos pedaços.
dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 100 dossiê iphan i { Círio de Nazaré } 101

mapa de belém de ¡. catedral da sé ¡º. largo das mercês


¡ªª§ com o percurso ™. largo da sé (atual praça visc. do rio branco)
do círio de ™ºº™. (atual praça frei caetano brandão) ¡¡. igreja e convento dos mercedários
£. forte do presépio ¡™. igreja de sant’ana
¢. igreja de santo alexandre e ¡£. igreja de nossa senhora do rosário
colégio dos jesuítas ¡¢. largo da pólvora
∞. praça da independência (atual praça da república)
(atual praça dom pedro ii) ¡∞. teatro da paz
§. palácio do governo ¡§. praça justo chermont
(atual lauro sodré) (atual centro arquitetônico
¶. palácio antônio lemos de nazaré – can)
•. igreja de são joão batista ¡¶. basílica de nossa senhora de nazaré
ª. conjunto de nossa senhora do carmo ¡•. colégio gentil bittencourt

2000
Realizou-se o Círio mais demorado
de todos os tempos. A imagem da
Virgem de Nazaré chegou à basílica
às 15:45h. A corda ficou atrelada à
berlinda o tempo todo, tanto na
trasladação como no Círio.

2002 Alterado o trajeto do Círio


que passou, excepcionalmente, pela
rua João Alfredo em vez de pelo
boulevard Castilhos França, em
decorrência de incêndio ocorrido,
pela manhã, na Casa Chamma,
localizada no edifício do Mercado
de Carne, próximo ao Mercado de
Peixe, justamente em frente ao
local onde a corda fica aguardando
a santa. Assim, a santa acabou
chegando ao Conjunto
Arquitetônico de Nazaré (can)
sem a corda que, por sua vez,
foi chegando aos poucos,
já aos pedaços.
ficha catalográfica elaborada pela
biblioteca noronha santos

Círio de Nazaré. – Rio de Janeiro: Iphan, 2006.


101 p.: color., plantas; 25cm. – (Dossiê Iphan; 1)

isbn 85-7334-024x
Bibliografia: p. 80-81.

1. Patrimônio imaterial. 2. Festas religiosas. 3. Círio


de Nazaré. I. Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. II. Série.

Iphan/RJ cdd – 06.0981


Este livro foi produzido
na primavera de 2005 para o
Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional.
ficha catalográfica elaborada pela
biblioteca noronha santos

Círio de Nazaré. – Rio de Janeiro: Iphan, 2006.


101 p.: color., plantas; 25cm. – (Dossiê Iphan; 1)

isbn 85-7334-024x
Bibliografia: p. 80-81.

1. Patrimônio imaterial. 2. Festas religiosas. 3. Círio


de Nazaré. I. Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional. II. Série.

Iphan/RJ cdd – 06.0981

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