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Educação Patrimonial,

Diversidade e Meio Ambiente

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Presidente da República Governo do Distrito Federal Organização
Luiz Inácio Lula da Silva Vinicius Prado Januzzi
Governadora
Ana Carolina Lessa Dantas
Ministra da Cultura Celina Leão Hizim Ferreira
Vanessa Nascimento Freitas
Margareth Menezes da Purificação Costa
Secretária de Estado de Educação do Rodrigo Capelle Suess
Instituto do Patrimônio Histórico Distrito Federal Fábio da Silva
e Artístico Nacional Hélvia Miridan Paranaguá Fraga Inara Bezerra Ferreira de Sousa
Subsecretária de Educação Inclusiva e Autores
Presidente
Integral Alessandra Lucena Bittencourt
Leandro Antônio Grass Peixoto
Vera Lúcia Ribeiro de Barros Ana Carolina Lessa Dantas
Diretores do Iphan Gerente de Educação Ambiental, Átila Bezerra Tolentino
Maria Silvia Rossi Patrimonial, Língua Estrangeira e. Beatriz Coroa do Couto
Andrey Schlee Arte-Educação Beatriz de Oliveira Alcantra Gomes
Deyvesson Gusmão Silvia Alves Ferreira Pinto Cláudia Garcia
Desirée Tozi Fabiana Maria de Oliveira Ferreira
Hugo de Carvalho Sobrinho
Créditos da publicação Ilka Lima Hostensky
Superintendente do Iphan Laura Ribeiro de Toledo Camargo
Educação Patrimonial, Diversidade e Meio
no Distrito Federal Luís Fernando Celestino da Costa
Ambiente no Distrito Federal
Thiago Pereira Perpétuo Márcia Cristina Pacito Fonseca Almeida
Maria Andreza Costa Barbosa
Marielle Costa Gonçalves
Maurício Guimarães Goulart
Paulo Moura Peters
Rodrigo Capelle Suess
Rosângela Azevedo Corrêa
Rosinaldo Barbosa da Silva
Sônia Regina Rampim Florêncio
Vanessa Nascimento Freitas
Vinicius Prado Januzzi
Projeto gráfico e diagramação
Carolina Menezes
Revisão e Correções
Sarah Torres Nascimento de Abreu

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico


Nacional
www.iphan.gov.br
publicacoes@iphan.gov.br
iphan-df@iphan.gov.br
Educação Patrimonial e
Patrimônio Imaterial

elaborado por

Ana Carolina Lessa Dantas1


Vinicius Prado Januzzi2
Alessandra Lucena3

O Distrito Federal tem uma histó-


ria riquíssima, que pode ser contada
a partir dos vestígios da ocupação de
seus primeiros seres humanos ou
através do legado dos arquitetos,
engenheiros, artistas e operários que
construíram os monumentos que
somos hoje capazes de apreciar. às formas de expressão e aos
Gostaríamos de apresentar lugares que compõem nossas múlti-
ainda uma nova faceta desta região plas identidades.
— ou, antes, uma nova possibilidade Neste curso, além da apresenta-
de narrar nossa história. Falaremos ção dos conceitos principais e de um
do patrimônio cultural imaterial breve histórico das políticas públicas
do Distrito Federal, isto é, daque- associadas ao patrimônio cultural
les bens vivos, intangíveis, e que se imaterial, trataremos dos bens regis-
perpetuam na troca de conhecimen- trados — a nível federal e local — no
tos entre gerações. Distrito Federal.
Nos referimos, por tanto,
aos saberes, às celebrações,

1 Analista em Patrimônio Cultural na Superintendência do Iphan no Distrito Federal (Iphan-DF). Mestra em Direito pela Universidade
de Brasília (UnB) e graduada em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
2 Antropólogo na Superintendência do Iphan no Distrito Federal (Iphan-DF). Doutorando em Antropologia Social pela Universidade
de Brasília (UnB). Mestre em Antropologia e graduado em Ciência Política pela UnB.
3 Analista de Atividades Culturais na Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Especialista
em Formação Docente em Educação a Distância pela Escola Superior Aberta do Brasil (ESAB) e licenciada em Pedagogia pela
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).

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1. Patrimônio imaterial:
como chegamos até aqui?

O patrimônio cultural de dimen-


são material passou a ocupar um
espaço institucionalizado a partir
da edição do Decreto-Lei nº 25, de
1937, que definiu as primeiras dire-
trizes, em nível nacional, da política
de patrimônio cultural. A execução
dessa política coube ao então Serviço
do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (SPHAN), instituído pela Lei até hoje! — apresenta aquilo que, a
nº 378, de 13 de janeiro de 1937, hoje partir daquele momento, passaria a
Instituto do Patrimônio Histórico e ser a definição oficial de patrimônio
Artístico Nacional (Iphan). histórico e artístico:
Em seu artigo primeiro, o
Decreto-Lei — que continua vigente

decreto-lei nº 25/1937
art. 1º Constitue o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens
móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interêsse público,
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.

3
Tal decreto foi editado durante O patrimônio cultural, porém,
o período do Estado Novo, perí- nunca pode ser resumido a isto,
odo ditatorial da Era Vargas. Esteve nem na década de 1930, nem, certa-
inserido em um contexto no qual mente, nos dias de hoje. Com os
era essencial, para a forja de um anos, a noção deste homem brasi-
Estado unificado, a criação de do leiro uniforme e transregional sofreu
homem brasileiro, popular e, não abalos e, junto com ela, o paradigma
obstante, heroico, forte, que conci- da pedra e cal.
liasse, em seus símbolos — em
seu patrimônio —, a tradição e
a modernidade. saiba mais
Isso nos lembra que a ideia do No início do século XX, antes
que é (e do que pode ser) patrimônio mesmo da fundação do SPHAN,
as discussões acerca do sentido
cultural é histórica e culturalmente abrangente de patrimônio cultu-
constituída. No Brasil do início do ral já existiam. Tome-se como
século XX, ela foi capturada por inte- exemplo os textos e deba-
tes modernistas e a Missão de
resses de um regime autoritário na Pesquisas Folclóricas, idealizada
tentativa de uniformização da iden- por Mário de Andrade quando
tidade brasileira. este estava à frente do Departa-
mento de Cultura de São Paulo,
entre 1936 e 1938.

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A Constituição Federal de 1988 Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercí-
é um marco dessa nova postura cio dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura
nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difu-
no campo do patrimônio cultural. são das manifestações culturais.
O texto incorpora o entendimento
de que a cultura é composta das § 1º O Estado protegerá as manifestações das cultu-
mais diferentes manifestações ras populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de
outros grupos participantes do processo civilizatório
feitas, pensadas e organizadas pela nacional. [...]
sociedade brasileira, em toda a sua
diversidade, e impõe a necessidade
de que esses fazeres e saberes cultu- Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro
rais possam ser conhecidos por todo os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de
o Brasil. No parágrafo 1º do artigo referência à identidade, à ação, à memória dos dife-
216, a Carta afirma ser de respon- rentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
sabilidade do poder público, em quais se incluem:
colaboração com a comunidade, I - as formas de expressão;
a promoção e a proteção do patri- II - os modos de criar, fazer e viver;
mônio cultural. Esse é um preceito III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
importantíssimo em termos de IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
políticas públicas do patrimônio: a espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
partir daquele momento, a socie- V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
dade brasileira, organizada ou não, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico.
passa a ser um agente legítimo, do
ponto de vista legal, na definição § 1º O poder público, com a colaboração da comuni-
de rumos e de objetivos de políticas dade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilân-
culturais como um todo. cia, tombamento e desapropriação, e de outras formas
de acautelamento e preservação.

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saiba mais
manifestações indígenas e afrobrasileiras

A inclusão de indígenas e povos Distrito Federal sobre Terreiros do


afrobrasileiros como participantes Distrito Federal e Entorno. Inicia-
do “processo civilizatório nacional” é tiva igualmente importante foi
outro ponto de virada em termos de desenvolvida, em conjunto com
políticas de Estado, ao sinalizar que outros parceiros, pela equipe
outras matrizes culturais não apenas técnica do Inventário Nacio-
contribuíram, como foram — e são nal da Diversidade Linguística
— pilares da diversidade brasileira. do Departamento do Patrimô-
Longe de parecer óbvia — afinal, os nio Imaterial (INDL/DPI) O Mapa
debates sobre o racismo estrutural e Etno-histórico do Brasil e Regiões
o etnocídio são, mais do que nunca, Adjacentes reúne a diversidade
necessários! —, a menção no texto histórica das línguas indígenas no
constitucional abriu possibilida- país e é considerado, desde sua
des de trabalho na Administração primeira edição, um documento
Pública e no alargamento da noção único em termos de pesquisa e
de patrimônio cultural. de organização do conhecimento
científico. Outra excelente fonte
Um exemplo deste tipo de iniciativa de materiais para pesquisa e uso
é o Inventário Nacional de Referên- didático é o Museu do Índio!
cias Culturais (INRC) produzido
pela Superintendência do Iphan no

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O novo texto da Constituição Foram doze anos da promul-
Federal impactou diretamente o gação da Constituição à edição do
que, até aquele momento, vinha Decreto nº 3551, de 2000, que “insti-
sendo a compreensão institucio- tui o Registro de Bens Culturais de
nal do Iphan e dos demais órgãos Natureza Imaterial que constituem
de proteção acerca do patrimônio patrimônio cultural brasileiro, cria o
cultural. Para lidar com essa expan- Programa Nacional do Patrimônio
são — muito necessária e adequada Imaterial e dá outras providências”,
— seria necessário reformular e um dos principais instrumentos
adaptar políticas estabelecidas há legais da política de patrimônio
mais de 50 anos. imaterial. Encurtando uma histó-
ria longa, cheio de percalços e de
avanços, foi a mesma sociedade,
reconhecida na Constituição, que se
mobilizou em defesa do patrimônio
cultural imaterial, abrindo margem
para que, pouco a pouco, o Iphan
incorporasse novos entendimentos
em sua prática institucional.

O Ofício das Paneleiras de Goiabeiras (ES) foi o primeiro bem registrado pelo Iphan, em 2002.
Fotografia: Acervo Iphan.

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2. Conceitos e políticas

Para prosseguir falando sobre o reconhecimento federal de um bem


histórico das políticas de patrimônio, enquanto patrimônio imaterial. Seu
precisamos nos ater momentanea- processo demanda um estudo apro-
mente ao instrumento do registro, fundado da manifestação cultural
um divisor de águas na atuação que se busca reconhecer, e tem como
institucional do Iphan e nas políti- referência sua continuidade histó-
cas culturais como um todo. rica e sua relevância nacional para a
Similar ao que o tombamento memória, a identidade e a formação
representa para o campo do patri- da sociedade brasileira.
mônio cultural material, o registro,
instituído pelo Art. 1º do Decreto
nº 3.551/200, é a principal forma de

saiba mais
bens registrados no brasil
O Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan disponibiliza materiais
audiovisuais originários das pesquisas que embasam os processos de registro.
Além de serem super interessantes, os vídeos podem ser usados como recurso
em sala de aula!

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Assim como acontece com os livros do tombo, os bens imateriais são
registrados em quatro livros:

• Livro de Registro dos Saberes, onde são inscritos conhecimentos e


modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades. É o caso do Ofício
dos Mestres de Capoeira, registrado com abrangência nacional;

• Livro de Registro das Celebrações, onde são inscritos rituais e festas que
marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento
e de outras práticas da vida social. É neste livro que foi registrada a Festa
do Divino em Pirenópolis e o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, no Pará;

• Livro de Registro das Formas de Expressão, onde são inscritas mani-


festações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas. Como exemplo
de bens inscritos neste livro, temos, com incidência no Distrito Federal, o
Teatro de Bonecos Popular do Nordeste - Mamulengo, João Redondo, Babau
e Cassimiro Coco e a Literatura de Cordel;

• Livro de Registro dos Lugares, onde são inscritos mercados, feiras,


santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práti-
cas culturais coletivas. Neste livro, estão inscritas, por exemplo, a Feira de
Caruaru, em Pernambuco, e a Tava, lugar de referência para o povo Guarani.

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O pedido de registro de um bem significa dizer, por exemplo, que cia à pesquisa sobre suas origens,
cultural como patrimônio imaterial nunca um grupo isolado de capo- suas ramificações e suas caracterís-
brasileiro deve contar com ampla eira seria considerado patrimônio ticas, o Iphan também define uma
adesão da comunidade detentora, cultural para o Iphan, mas sim a área de abrangência: nacional ou
como a intitula o Iphan. Por deten- manifestação em seus aspectos regional. Esse recorte geográfico,
toras e detentores, entendemos gerais, historicamente consolidados. além de corresponder, em linhas
aqueles sujeitos para quem determi- A segunda é relativa à participação gerais, aos espaços onde a mani-
nados saberes, lugares, práticas ou da sociedade na preservação, no festação ocorre e ocorreu, ao longo
festas são uma referência cultural, apoio e no fomento do bem cultu- do tempo, com mais frequência,
isto é, possuem significados e senti- ral protegido pelo Iphan, processo possibilita acompanhamento mais
dos próprios em dado contexto e que chamamos de salvaguarda e aprofundado para cada bem pelas
exercem uma influência na cons- no qual nos deteremos mais adiante. Superintendências Estaduais.
trução de um universo particular Cabe já mencionar, entretanto, que
de relações sociais, políticas, econô- é a própria comunidade detentora
micas e, claro, culturais. Em outras que vai decidir os rumos da preser- saiba mais
palavras, as referências culturais são vação de seu bem cultural, afinal, Com a colaboração de especia-
os marcos que estabelecem o senti- é ela quem é responsável, desde listas das mais diversas áreas do
conhecimento, o Iphan produz,
mento de pertencimento entre os sempre, pela transmissão de sabe- de modo continuado, o Dicionáro
indivíduos e sua comunidade. res geração após geração. Nesse Iphan de Patrimônio Cultural.
A necessidade de adesão de um sentido, o nome registro vem muito Ali, é possível encontrar verbe-
tes sobre diferentes aspectos
conjunto amplo de pessoas e/ou a calhar, porque demonstra que o da política de patrimônio, em
grupos tem a ver com duas premis- Iphan reconhece como patrimônio discussões aprofundadas.
sas básicas. A primeira é de que os algo que a sociedade produziu, cons-
bens imateriais são sempre mani- truir e dotou de sentidos. Quando do
festações de caráter coletivo - o que registrar um bem, e em consonân-

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A Resolução nº 01/2006, válida o martelo sobre o registro (ou não)
até hoje, consolidou práticas insti- de uma manifestação cultural. Vale
tucionais dos anos anteriores e mencionar, aliás, que a não concessão
regulamentou os procedimentos deste título pelo Iphan não significa
de registro. Entre outras coisas, defi- que o bem cultural não é socialmente
niu a necessidade de consolidação, importante, mas tão somente que
no Dossiê de Registro, de informa- não se adequou devidamente aos
ções sobre o bem, seu histórico, suas critérios do processo administrativo
variações, além de medidas possí- estabelecido. Podemos pensar, por
veis para sua preservação. O Dossiê, exemplo, no caso do funk: embora
uma vez finalizado, é submetido à esteja presente em todo o país e
apreciação do Conselho Consultivo seja importantíssimo, é uma mani-
do Patrimônio Cultural. O Conselho, festação cultural bem recente, não
composto por arquitetos, histo- cumprindo o critério de continuidade
riadores, sociólogos, entre outros histórica, como estipulado na prática
especialistas, e pela própria direto- institucional do patrimônio cultural.
ria do Iphan, é quem, ao final, baterá

saiba mais
dossiê de registro
O dossiê é um documento técnico elaborado pela equipe do Departamento de
Patrimônio Imaterial (DPI) do Iphan, em parceria com as superintendências, com
pesquisadores e com a comunidade detentora. Ele é resultado de um processo
amplo de pesquisa acerca da manifestação cultural investigada, e embasa a deci-
são do Conselho Consultivo do Iphan acerca do registro, ou não, do bem.

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Além das normativas fede- No Distrito Federal, o órgão
rais, elaboradas pelo Legislativo responsável por este processo é
Federal e pelo próprio Iphan, os a Subsecretaria de Patrimônio
estados e municípios também Cultural (Supac), ligada à Secretaria
podem (e devem!) elaborar normas de Estado de Cultura e Economia
e políticas públicas próprias para o Criativa (Secec). Em setembro de
reconhecimento de seus patrimô- 2015, a Secretaria editou a Portaria
nios culturais locais. n° 78, que trata do registro distrital
de bens de natureza imaterial, com
texto similar ao Decreto do Iphan
que trata do mesmo tema.

A Produção Tradicional e as Práticas Socioculturais Associadas à Cajuína


no Piauí foram registradas no Livro de Registro dos Saberes em 2014.
Fotografia: Acervo Iphan.

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As duas mais recentes legislações
que tratam do patrimônio imaterial
foram editadas pelo Iphan em 2015
(Portaria nº 299) e em 2016 (Portaria
nº 200). Ambas estabelecem dire- saiba mais
trizes, princípios e mecanismos de O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular,
atuação do Instituto do Patrimônio vinculado ao Iphan, possui um catálogo riquíssimo de
publicações escritas e audiovisuais sobre as manifes-
Histórico e Artístico Nacional para tações populares do Brasil, que podem servir como
as ações de salvaguarda. Por salva- material de estudo e como suporte para os trabalhos
guarda, são entendidas todas em sala de aula.
as medidas feitas com o obje- Além disso, é possível visitar as exposições virtuais do
tivo de garantir a permanência, no Museu do Folclore e explorar o artesanato brasileiro no
site do Programa de Promoção do Artesanato de Tradi-
tempo e no espaço, do patrimônio ção Cultural!
cultural imaterial.
As medidas podem ser desde
iniciativas menores de divulgação,
passando por ações de pesquisa,
estudo e mapeamento tanto das
atuais condições de uma prática
quanto de quais são as principais
necessidades de sua comunidade
detentora, até o fomento pontual
a projetos construídos em articula-
ção com detentores e detentoras.
Idealmente, cada uma das ativida-
des promovidas ou apoiadas pelo
Iphan deve contar com a participa-
ção de outros parceiros (do poder
público ou não).

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Bens registrados pelo Iphan no DF

No Distrito Federal, são seis os bens culturais registrados pelo Iphan:

bem cultural livro de registro ano de inscrição abrangência

Formas
Roda de capoeira 2008 Nacional
Expressão

Oficina dos
Saberes 2008 Nacional
Mestres de Capoeira

Teatro de Bonecos Popular Pernambuco,


do Nordeste - Mamulengo, Formas Paraiba, Rio
2015
Babau, João Redondo e Expressão Grande do Norte e
Cassimiro Coco Distrito Federal

Formas
Literatura de Cordel 2008 Nacional
Expressão

Matrizes Formas de
2021 Nacional
Tradicionais do Forró Expressão

Formas de
Repente 2021 Nacional
Expressão

saiba mais
Bens em processo de registro
Para além dos bens mencionados, outros bens com abrangência no Distrito Federal
são objetos de estudo para eventual registro. São eles: Matrizes do forró; Sabe-
res e Práticas das Parteiras Tradicionais do Brasil; Ofício de Raizeiras e Raizeiros
no Cerrado (Farmacopeia Popular do Cerrado); Repente; e Choro. A lista atuali-
zada de bens em processo de instrução para registro pode ser acompanhada no
site do Iphan.

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A Capoeira, como sabemos, é
prática de longa data na história
brasileira e é símbolo da resistência
negra à escravização. Manifestação
cultural presente em todo o país, foi
registrada como bem incidente em
todo o território nacional. À época
do registro, compreendeu-se que, de
modo a contemplar a variedade e a
originalidade da prática, seria viável
categorizá-la em dois livros:
• no de Formas de Expressão, Em 2014, a Unesco referen-
como Roda de Capoeira, momento dou a Capoeira como Patrimônio
singular de demonstração viva dessa Cultural Imaterial da Humanidade.
arte secular, em toda sua musicali- No Distrito Federal, há grupos distri-
dade, em que os jogadores, por meio buídos por todo o território distrital.
da exibição e comparação de suas
habilidades e técnicas de luta e de
ginga, constituem uma esfera singu-
saiba mais
lar de sociabilidade;
• no de Saberes, como Ofício dos O Dossiê de Registro da Roda e dos Mestres de Capo-
Mestres de Capoeira, pela percep- eira é um material riquíssimo, com informações sobre
a história da prática, a descrição de algumas de suas
ção de que, tão importante quanto modalidades (ou variações) e dos principais aspectos
o momento ritualístico da mani- da luta em roda. O Dossiê lista ainda, uma quantidade
festação, é a transmissão de um expressiva de referências para o estudo, a pesquisa e o
aprofundamento no tema. Em outra linguagem, esse
modo particular de comunhão cole- material também pode ser visto em vídeo.
tiva e de sociabilidade, feita sob
estruturas definidas de hierarquia,
treinamento e confronto.

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Não é difícil imaginar o porquê O Teatro de Bonecos Popular
dos outros bens culturais terem sido do Nordeste (TBPN) - Mamulengo,
registrados pelo Iphan no Distrito Babau, João Redondo e Cassimiro
Federal. Brasília não seria erguida Coco é encontrado em quase todos
como a nova capital brasileira sem os estados nordestinos. A abrangên-
a participação das milhares de cia de seu registro está relacionada saiba mais
pessoas que migraram de estados aos locais em que aparece com mais teatro de bonecos popular
do Nordeste para a cidade. Consigo, frequência e onde estão suas varia- do nordeste
essas pessoas trouxeram uma ções mais conhecidas. Quando É possível saber mais sobre cada
bagagem cultural riquíssima e, em falamos em variação, aliás, destaca- um dos grupos de TBPN no DF
a partir do Catálogo de Mamu-
contato com outras tradições, ajuda- mos que o próprio Iphan a reconheceu lengos do Distrito Federal,
ram a erigir o caldeirão multicultural como constitutiva da prática ao editado pelo Iphan.
que define o Distrito Federal. mencioná-la em seu título. Aqui no Além disso, há várias apresenta-
DF, seus praticantes, em geral, refe- ções de mamulengueiros locais
disponíveis nas redes sociais. Um
rem-se a ela como Mamulengo. bom exemplo é o canal Boneco
Brasileiro, do mestre Chico
Simões, que apresenta perso-
nagens e trechos tradicionais da
brincadeira.

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Roda de Mamulengos na Feira da Torre de TV.
Fotografia: Alice Lira, 2019.

O TBPN é uma manifestação dos ou vistos de outros ângulos. Seus


teatral de caráter lúdico, satírico e praticantes se referem ainda uns aos
comunitário. Os enredos de uma outros como brincantes. Marcante
apresentação são extremamente em como se transmite essa singu-
variados: historicamente, eram asso- lar expressão da cultura brasileira
ciados a elementos e situações do é a figura do mestre, de quem, no
cotidiano das comunidades; hoje, geral, aprende-se a brincar e a mani-
há outras facetas, por conta de novos pular o boneco e, ademais, a entreter
espaços onde ocorrem espetáculos o público — há relatos, no interior
— escolas, empresas e organizações do Nordeste, de apresentações que
da sociedade civil, por exemplo. Sob duravam mais de 6 horas e atraves-
uma tolda de madeira, com bonecos savam a madrugada.
manipulados a mão, acompanhados No Distrito Federal, há 13 grupos
normalmente de música, os bone- de bonequeiros e de bonequeiras,
queiros — como são chamados com brincantes que começaram no
— habilmente conduzem o público ofício há mais de 30 anos e outros
a histórias fantasiosas, realistas, que apenas recentemente se apro-
em que determinados aspectos da ximaram dessa arte.
nossa vida em sociedade são critica-

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A Literatura de Cordel é uma arte historicamente se destacaram aque-
de origens múltiplas: africana, indí- las com histórias amorosas, políticas,
gena, árabe europeia. No Nordeste cômicas, cujos personagens repre-
brasileiro, formou-se enquanto sentavam, criativamente, situações
narrativa e como meio de divulga- típicas de relações sociais do interior
ção, isto é, tanto como um modo dos estados nordestinos. Embora em
peculiar de produzir um texto escrito formato de estrofes, é preciso, para
quanto um formato de impressão, que se faça um cordel bem feito, que
tão conhecido no Brasil e mundo se sigam algumas regras: metrifica-
afora. A narrativa cordelista versa ção, rima e oração.
sobre temas os mais diversos, mas

Para produzir um texto


No estilo cordelista
Há três regras básicas que
Não podem perder de vista,
São a METRIFICAÇÃO
As RIMAS e a ORAÇÃO
Ou sabe disso, ou desista

(monteiro, 2002, p. 06)

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Manipular essas regras básicas é No Distrito Federal, a literatura
um desafio permanente na vida de de cordel é feita por muitos artistas,
cordelistas. A métrica diz respeito que reconhecem em seu Donzílio
à separação poética dos versos e à Luiz o seu maior mestre na capital.
configuração deles em determinado Donzílio chegou à Brasília em 1968 e,
saiba mais
número de estrofes. As rimas têm de do Núcleo Bandeirante (então Cidade
ser perfeitas: serem igualmente sono- Livre), mudou-se para Ceilândia já em No Brasil, temos vários acervos
ras na formação de consoantes e de 1971, com a inauguração da cidade. voltados para a preservação e
para a difusão da literatura de
vogais das palavras (agreste/peste; Em Ceilândia, a propósito, fica a Casa cordel. É o caso da Cordelteca
coração/floração, etc.). A oração do Cantador, referência para corde- da Casa do Cantador, física, e da
é o que deve ditar a harmonia e a listas e repentistas da cidade; lá está Cordelteca da Fundação Casa de
Rui Barbosa, digital.
coerência de uma história contada, instalada uma Cordelteca, inaugu-
que deve ter, bem definidos, um rada no início de 2020, com mais de O Centro Nacional de Folclore e
início, um meio e um fim. Como lite- 1500 exemplares de cordel disponí- Cultura Popular, além de possuir
uma Cordelteca digital, também
ratura, o cordel é caracterizado por veis para consulta pública. conta com uma Xiloteca!
seu vínculo forte com a oralidade
de suas narrativas; a cobrança por Pensando em trabalhar sobre
textos coerentes e sonoros é constante, literatura de cordel e repente em
sala de aula? Sugerimos o folheto
quando não palco para competições A Origem do Repente, de auto-
entre seus artistas, sempre em busca ria de João Santana, detentor do
do aperfeiçoamento. Distrito Federal.

19
O Bumba Meu Boi de Seu Teodoro é um bem registrado pelo Governo do Distrito Federal desde 2004.
Fotografia: Davi Mello/Pareia Comunicação.

Bens registrados pelo GDF

Como dissemos anteriormente, da autarquia federal, o registro


o Governo do Distrito Federal tem não é concedido a uma instituição
uma política própria de registro do específica, senão a um conjunto de
patrimônio cultural imaterial. Até referências culturais que informam
o momento, foram registrados oito determinada prática. Um grupo de
bens culturais no DF, que remetem mamulengo recebe apoio do Iphan
ao processo histórico de formação na medida em que é praticante de
do território distrital e de construção uma arte considerada patrimô-
da capital brasileira e à diversidade nio. Essa formatação da política
cultural encontrada em Brasília. não é melhor ou pior em si, mas tão
Ressalte-se uma diferença singu- somente um modo distinto de abor-
lar em relação aos procedimentos dar o patrimônio cultural.
de registro do Iphan. Na política

20
A tabela abaixo elenca os bens imateriais reconhecidos pelo Distrito Federal, bem como os livros e
anos de registro. Para ler mais sobre eles, basta acessar o Anexo 1 - Bens Registrados no Distrito Federal!

bem cultural livros de registro ano de inscrição

Bumba Meu Boi


Celebrações 2004
de Seu Teodoro

Festival de Brasília do Celebrações


2007
Cinema Brasileiro Formas de Expressão

Ideário Pedagógico de
Saberes 2007
Anísio Teixeira

Via Sacra ao vivo Celebrações


2008
de Planaltina Lugares

Clube do Choro de Brasília Formas de Expressão 2008

Associação Recreativa
Celebrações
Cultural Unidos do 2009
Lugares
Cruzeiro - ARUC

Festa do Divino Espírito


Celebrações 2013
Santo de Planaltina

Praça dos Orixás e Celebração


2018
Festa de Iemanjá Lugares

saiba mais
A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal tem uma iniciativa acadê-
mica de discussão em Educação: a Revista Com Censo. No volume 7 da publicação,
Rayane Cristina Chagas da Silva, pedagoga e analista de atividades culturais do
GDF, escreveu o artigo Formas de proteção do patrimônio cultural do Distrito Fede-
ral. No texto, a autora sintetiza as legislações de proteção ao patrimônio no DF de
forma didática e objetiva. Para acessar outros números e artigos da revista.

21
O patrimônio cultural é um Para além disso, não podemos
campo em transformação. Das deixar de lembrar que todo patrimô-
primeiras políticas institucionais nio cultural, ainda que de natureza
formuladas pelo Estado brasileiro à imaterial, está inserido em um
atual configuração da legislação, dos sistema de relações entre as comu-
programas e das concepções de patri- nidades e seus espaços de prática e
mônio, muitas foram as mudanças. de vida. É inescapável à preservação
Ao longo do tempo, nesse processo do patrimônio, portanto, a atenção
de disputa, de tensões, de confli- à saúde dos ecossistemas e a prote-
tos, tornou-se mais comum a noção ção dos lugares de referência para as
de que o patrimônio é feito pelas e práticas culturais.
para as pessoas. Essa maneira de
compreender o patrimônio cultural
implica, em primeira instância, que o saiba mais
compromisso fundamental de uma Você sabia que existe um site que reúne todos os bens
política patrimonial está atrelado ao registrados, tombados, valorados e catalogados? O
ipatrimonio.org é uma iniciativa da sociedade civil, que
respeito, à escuta e ao envolvimento atualiza constantemente sua base de dados com os bens
de pessoas e suas coletividades na patrimonializados pela União, pelos estados, pelos muni-
formulação de programas, planos, cípios e pela Unesco. Ali, é possível encontrar descrições
detalhadas do patrimônio cultural brasileiro.
leis de preservação e fomento.

22
Por fim, destacamos uma dimen- inclusão de mais pessoas e grupos na
são que merece especial atenção no divulgação do imenso conjunto de
futuro das políticas de patrimônio: bens culturais brasileiros. Com isso,
a acessibilidade. Se em bens mate- seria cumprida uma faceta do requi-
riais tombados, já há diretrizes e sito constitucional que atribui ao
princípios que orientam formas de poder público, em colaboração com
tornar as referências culturais mais a comunidade, a responsabilidade
acessíveis à população, esse é um de democratizar o acesso à cultura.
passo ainda a ser dado pelas polí-
ticas de bens imateriais, quer em
publicações, quer em modalidades
de apresentação ao público, quer na

A arte Kusiwa, registrada pelo Iphan em 2002, é um tipo de registro gráfico


próprio dos índios Wajãpi, no Amapá. Fotografia: Acervo Iphan.
23
Referências

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Ciência e a Cultura. convenção para a Salvaguarda do Patri-
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SANTANA, João. A Origem do Repente. Brasília: Verso


Encantado, 2014. Disponível em: https://docplayer.com.

25
ANEXO 1

BENS REGISTRADOS NO DISTRITO FEDERAL

As referências culturais do públicos para administrar o governo


Distrito Federal se moldaram na e a cidade. Trouxeram consigo o
velocidade da cidade que, apesar de samba, o choro, a dança, o carnaval.
inaugurada, permanecia em cons- De fato, vieram morar no DF
trução. O fazer cultural no DF sempre pessoas de muitos lugares do Brasil e
esteve ligado aos grupos das diversas do mundo. Em todas, uma bagagem
regiões do país que colaboraram no cultural para compartilhar na jovem
projeto da capital, em contato com cidade, que assim vem construindo
a herança goiana das cidades, vilas e sua identidade cultural: um pouco
fazendas coloniais que já ocupavam de cada Brasil e um jeito próprio de memória, da identidade e da forma-
o Planalto Central. ser Distrito Federal. Na convivência ção da sociedade do Distrito Federal
Isso explica a forte influência do social, as manifestações culturais e alinha-se com as políticas de prote-
Nordeste, no rastro dos milhares de trazidas no corpo e na memória são ção da diversidade cultural.
nordestinos que ajudaram a levantar recriadas e articuladas em redes, Neste anexo, procuramos apre-
Brasília, em diversas manifestações tornando-se referências para cons- sentar, rapidamente, os bens de
artísticas: nas festas, na culinária, trução de identidades. caráter imaterial registrados pelo
na música, na literatura de cordel. O Registro de um bem como Distrito Federal, em atenção à Lei
Da antiga capital, o Rio de Janeiro, Patrimônio Imaterial tem como refe- Distrital Nº 3.977, de 29 de março de
vieram milhares de funcionários rência a continuidade da história, da 2007, e ao Decreto nº 3.551/2000.

26
BUMBA MEU BOI DO SEU TEODORO

Inscrito no Livro de Registro das dar suas origens. Iniciou, assim, seu Mestre Teodoro foi funcionário
Celebrações, o Bumba meu boi do projeto de preservação das tradi- da Universidade de Brasília (UnB),
Seu Teodoro — folguedo típico do ções maranhenses. Trabalhava em onde trabalhou até se aposentar.
Maranhão apresentado durante o defesa da cultura brasileira, a seu Na instituição, junto ao expediente
período das festas juninas — tornou- ver em constante sobreposição pela de trabalho sempre cumprido
-se parte da cultura do Distrito cultura estrangeira. com rigor, deu continuidade às
Federal através da trajetória de Seu A chegada a Brasília deu-se atra- ações de um folclorista por devo-
Teodoro. Nascido em 1920, cultivou vés de um convite do então diretor da ção. Considerado um guardião da
a paixão pelo folclore desde a infân- Fundação Cultural, o poeta Ferreira cultura de Brasília, recebeu o título
cia no Maranhão, onde vivenciou Gullar, para que seu grupo de Bumba de Cidadão Honorário da cidade e
intensamente as tradições popula- meu boi se apresentasse no primeiro Mestre de Notório Saber pela UnB.
res como o Tambor de Crioula e o aniversário da capital, em 1961. Os Fundou o Centro de Tradições
Bumba meu Boi. novos horizontes da cidade ainda Populares de Sobradinho, sede
Na década de 50, migrou para em construção o convenceram a deste movimento cultural conso-
o Rio de Janeiro, refazendo o cami- ficar. Vê-se, assim, que a trajetória lidado e legítima referência
nho de milhares de brasileiros na do indivíduo se insere na identi- cultural do Distrito Federal, que atua
busca por melhores condições de dade cultural de Brasília, um projeto na continuidade da preservação dos
vida. Lá montou um grupo de Bumba arquitetônico e humano arrojado, folguedos, danças, músicas, vesti-
meu boi, juntamente com outros realizado pelas mãos de migrantes mentas e instrumentos musicais
conterrâneos, sempre reunidos em que aportavam ao novo com seus das manifestações do Estado do
volta do “Boi” para “Festar” e recor- saberes, práticas, festejos. Maranhão e Norte do Brasil.

DECRETO Nº 24.797, DE 15 DE JULHO DE 2004.

27
FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Inscrito no Livro de Registro das alunos e professores da UnB, que leira, espaço de reflexão e debate
Celebrações e no Livro de Registro faziam, pensavam, viviam e respi- de ideias, e que pode ser utilizado
das Formas de Expressão, o Festival ravam cinema, e os assessores da pela população docente local, como
de Brasília do Cinema Brasileiro cons- Fundação Cultural do DF. valiosa ferramenta de trabalho em
titui-se num momento de grande O Festival iniciou, em 1965, com o parceria com o próprio Cine Brasília
relevância para a cultura brasileira. nome Semana do Cinema Brasileiro, e seus programas. Este prédio,
As primeiras salas de cinema repetida em 1966. Em 1967, foi bati- projetado pelo arquiteto Oscar
no Distrito Federal funcionaram na zado de Festival do Cinema Brasileiro Niemeyer e inaugurado em 1960, foi
Avenida Central da Cidade Livre, e, posteriormente, que perdura até tombado como patrimônio cultural
hoje Núcleo Bandeirante. Após a os dias de hoje, Festival de Brasília material do DF.
inauguração de Brasília, as salas do Cinema Brasileiro. O destaque do
mais procuradas eram na W3 Sul, o Festival de Brasília, sempre comen-
Cine Cultura, com capacidade para tado pelos diretores, atores e críticos
500 espectadores e o Cine Brasília, é o seu público, citado sempre como
com 1200 lugares, à época. participante e bastante crítico.
O Festival de Brasília originou- Trata-se de um importante
-se dentro da efervescência cinéfila, instrumento de divulgação da
característica desse momento, entre realidade cultural e social brasi-

DECRETO Nº 27.930, DE 08 DE MAIO DE 2007

28
IDEÁRIO DE ANÍSIO TEIXEIRA

Inscrito no Livro de Registro em tempo integral para professores cer educação gratuita para todos.
dos Saberes, o Ideário Pedagógico e alunos, como a Escola Parque por Além de integral, pública, laica e
de Anísio Teixeira remete aos ele fundada em 1950 em Salvador, obrigatória, defendia que a escola
primórdios do sistema educacio- que inspirou as demais propos- deveria ser também municipali-
nal na nova capital e permanece tas de escolas de tempo integral zada para atender aos interesses de
vivo na rede pública de ensino do que se sucederam. Nesse ambiente cada comunidade.
Distrito Federal, tendo como expo- de aprendizagens rico e de quali- Anísio projetou-se para além
entes as Escolas Parque. O modelo dade, cuida-se desde a higiene e da do papel de gestor das reformas
implantado e desenvolvido por este saúde da criança até sua preparação educacionais e atuou também como
educador, consolidado no Plano de para a cidadania. filósofo da educação. Ao lado de
Construções Escolares de Brasília, Anísio Teixeira é considerado o Darcy Ribeiro, foi um dos fundado-
priorizava um conjunto de prédios principal idealizador das grandes res da Universidade de Brasília (UnB)
e atividades pedagógicas específi- mudanças que marcaram a educa- em 1962, tornando-se reitor em 1963.
cas a cada fase de desenvolvimento ção brasileira no século XX. Foi
de vida e convívio social. pioneiro na implantação de esco-
Para ser eficiente, dizia Anísio, a las públicas de todos os níveis, que
escola pública para todos deve ser refletiam seu objetivo de ofere-

DECRETO Nº 28.093, DE 04 DE JULHO DE 2007

29
VIA SACRA AO VIVO DE PLANALTINA

Inscrita no Livro de Registro das caráter amador e religioso permane- A concessão do registro baseou-
Celebrações e no Livro de Registro cia, mantendo-se a estrutura técnica -se no reconhecimento dessa
dos Lugares, a Via Sacra ao Vivo de inicial da encenação – microfone, expressão da comunidade, coletiva
Planaltina surgiu em 1973 e teve carro de som, figurinos. e repassada de geração a geração,
como precursor o Padre Aleixo Susin. Em 1986, esse festejo sacro como das mais legítimas manifes-
Jovens da comunidade, sob sua passou a integrar o Calendário tações da cultura popular religiosa
orientação, reuniram-se para ence- de Eventos Oficiais do DF, conso- da região, que revela as raízes do seu
nar a Paixão de Cristo à frente da lidando-se como uma das mais povo, valoriza e fortalece o autên-
Igreja São Sebastião em Planaltina, expressivas e representativas mani- tico e espontâneo espírito de fé
por ocasião das comemorações da festações populares da região. A da comunidade.
Semana Santa. partir de então, os espetáculos tive-
Em 1974, o evento foi transferido ram um salto em qualidade, atraindo
para o Morro da Capelinha, onde até milhares de pessoas de diversas loca-
hoje é encenado, adquirindo o cará- lidades. Com o passar dos anos, ao
ter religioso de peregrinação. Nos evento principal foram introduzi-
anos seguintes, as encenações foram das outras atrações como o Domingo
crescendo em técnica de represen- de Ramos, Santa Ceia, Via Sacra da
tação e em público, enquanto o Criança, além dos shows de música.

DECRETO Nº 28.870, DE 17 DE MARÇO DE 2008

30
CLUBE DO CHORO

Inscrito no Livro de Registro nos finais de semana. Com o maior Novamente a excelência da
das Formas de Expressão, o Clube entrosamento dos músicos, surgi- música e dos projetos apresenta-
do Choro de Brasília promove esse ram as primeiras apresentações no dos inseriram o Clube do Choro de
gênero musical, há mais de 40 anos, Teatro da Escola Parque. Brasília na agenda permanente da
a partir do idealismo dos precurso- O reconhecimento pela quali- Cultura Popular Brasileira, em nível
res e do estímulo de alguns grandes dade apresentada traduziu-se na nacional e internacional. A conces-
nomes da nossa música instrumen- conquista de um lugar permanente são do registro reconhece que o
tal, tornando Brasília uma referência e na fundação oficial do Clube do Clube revela jovens talentos e atua
nacional nessa vertente cultural. Choro de Brasília, em 1977. Os primei- na perpetuação de um dos gêne-
No início dos anos 70, as rodas ros anos foram de intensa atividade ros musicais mais brasileiros, além
de choro reuniam, basicamente, — jovens músicos da cidade se incor- de desempenhar importante papel
funcionários públicos transferidos poraram ao gênero — seguidos de na formação da identidade cultu-
para Brasília com a mudança da um período de dificuldades estru- ral de Brasília.
capital, em especial aqueles oriun- turais e abandono. Tal situação foi
dos do Rio de Janeiro. As “tocadas” revertida na década de 90, com a
se davam eventualmente nos bares reforma da sede e reestruturação
e depois na casa de um e de outro, do Clube do Choro.

DECRETO Nº 28.995, DE 29 DE ABRIL DE 2008

31
ASSOCIAÇÃO RECREATIVA CULTURAL UNIDOS DO CRUZEIRO – ARUC

Inscrita no Livro de Registro das participação efetiva na evolução


Celebrações e no Livro de Registro histórica do carnaval de Brasília.
dos Lugares, a Associação Recreativa A ARUC coloca-se como uma
Cultural Unidos do Cruzeiro – ARUC instituição catalisadora da produção
remonta ao início da capital quando, cultural na região do Cruzeiro. Além
em 1961, um grupo de moradores de se destacar no cenário carnava-
do Bairro do Gavião, como então lesco do DF e zelar seu compromisso
era conhecido o Cruzeiro, reuniu- de preservar o samba de raiz, uma
-se para fundar uma entidade que autêntica manifestação da cultura
promovesse o congraçamento dos popular brasileira, participa de
moradores do bairro, desenvolvendo diversas atividades culturais, sendo
atividades de lazer, esporte e cultura. respeitada como uma das mais
Como a maioria dos seus funda- antigas e prestigiosas associações
dores era formada por cariocas socioeducativas de Brasília.
transferidos recentemente do Rio O Decreto de Registro destaca
de Janeiro para a nova capital, que a ARUC ultrapassa o conceito
uma das primeiras providências da de uma escola de samba, desem-
nova entidade foi a criação de um penhando o papel de espaço de
Departamento de Escola de Samba. interação social, de identidade e
Estavam lançadas as bases da Escola reconhecimento dos valores cultu-
de Samba Unidos do Cruzeiro, com rais da comunidade cruzeirense.

DECRETO Nº 30.132, DE 04 DE MARÇO DE 2009

32
FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO – PLANALTINA

Inscrita no Livro de Registro marco na sua história: símbolo da Em Planaltina, como em todos
das Celebrações, a Festa do Divino mudança radical que estava por vir os cultos festivos ao Divino, a prepa-
Espírito Santo de Planaltina envolve e do profundo abismo cultural com ração e a participação estão no
tradições transmitidas por muitas o passado e o legado goiano. cotidiano dos moradores e devo-
gerações e evidencia uma grande Os festejos do Divino, herança tos na cidade e na roça. Uma festa
expressão popular de devoção, reli- cristã de Portugal, chegaram a antiga e respeitada que se organiza
giosidade, fé e mobilização social, Planaltina em 1882, segundo rela- em torno de duas Folias: a Folia de
que se traduz em movimento iden- tos. A festa conheceu tempos de Roça e a Folia de Rua, sob a bandeira
titário e cultural da cidade. muita riqueza. Em 1972, inconfor- vermelha que tem como estampa
A cidade de Planaltina é teste- mados com a decadência do evento, uma pomba branca simbolizando o
munha de que já havia atividade os Foliões reuniram-se, tendo como Divino Espírito Santo.
humana no Planalto Central antes pano de fundo o cinquentenário da
da construção de Brasília. O vazio Pedra Fundamental. O propósito de
propagado pelos construtores foi, destacar a festa aliou-se à intenção
na verdade, preenchido no rastro de despertar o interesse de todos
dos bandeirantes e das fazendas pela história da cidade com suas
coloniais. O assentamento da Pedra festas tradicionais. Ao longo dos seus
Fundamental, em 07 de setem- quase 140 anos de existência, a festa
bro de 1922, representou um duplo passou por inovações e adaptações.

DECRETO Nº 34.370, DE 17 DE MAIO DE 2013

33
PRAÇA DOS ORIXÁS

O Registro da Praça dos Orixás O uso da Praça dos Orixás pelos local, foi apontado o registro da Praça
e da Festa de Iemanjá, como bens praticantes de cultos afro-brasileiros como o instrumento adequado para
de natureza imaterial associados, comporta ampla gama de ativida- salvaguardar práticas e domínios da
os distingue de acordo com a natu- des, indo desde a tradicional Festa vida social que ali se manifestam,
reza de cada um: a Praça dos Orixás de Iemanjá — realizada anualmente sem restringir as alterações físicas
foi inscrita no Livro de Registro há mais de três décadas no dia 31 de necessárias para a realização de
dos Lugares, enquanto a Festa de dezembro e mais importante evento melhorias que permitam condições
Iemanjá foi inscrita no Livro de do calendário religioso afro-brasi- mais adequadas de uso.
Registro das Celebrações. leiro do Distrito Federal e Entorno
A Praça dos Orixás, localizada na — até uma série de eventos culturais
"Prainha" do Lago Paranoá, um dos de música, gastronomia, com forte
cartões postais de Brasília, é um dos ligação ao universo da Umbanda
mais tradicionais espaços de práticas e do Candomblé.
culturais afro-brasileiras no Distrito O reconhecimento pelo poder
Federal, desde pelo menos meados público deu-se, na maior parte das
da década de 1970. Em 2009, a Praça vezes, em resposta às agressões
foi restaurada e reaberta ao público, e depredações sofridas reitera-
exibindo 16 esculturas que represen- damente ao longo dos anos pelas
tam os deuses africanos. As obras estátuas dos orixás. Em consulta à
são do escultor baiano Tatti Moreno. sociedade organizada atuante no

DECRETO Nº 39.586, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2018

34

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