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Atenção Primária
DE EDUCAÇÃO
à Saúde, Estratégia
PERMANENTE de Saúde
EM SAÚDE da Família
DA FAMÍLIA e Territorialização
UNIDADE 4
A Territorialização
na Atenção
Primária à Saúde
Agora que você já compreendeu o conceito de território, iremos percorrer os seus elemen-
tos que compõem o processo de territorialização e estudaremos sua importância para o
planejamento, operacionalização e avaliação das ações em saúde no âmbito da Estratégia
de Saúde da Família.
O processo de territorialização também pode ser definido por outras perspectivas, dentre as
quais destaca-se como: reconhecimento e esquadrinhamento do território segundo a lógica
das relações entre condições de vida, ambiente e acesso às ações e aos serviços de saúde;
estratégia dos indivíduos ou do grupo social para influenciar ou controlar pessoas, recursos,
fenômenos e relações, delimitando e efetivando o controle sobre uma área e que resulta
das relações políticas, econômicas e culturais, estando intimamente ligado com o contexto.
Apesar de todas as críticas que ainda residem nos campos da saúde coletiva e da geografia
quanto à apropriação tecnicista e reducionista no âmbito da saúde, a proposta da territoriali-
zação coloca-se como estratégia central para a consolidação do SUS, seja para a reorganização
do processo de trabalho em saúde, seja para a própria reconfiguração do modelo de atenção.
Nesse intuito, o Ministério da Saúde salientou em sua última publicação da PNAB, um tópico
específico para tratar das funções da atenção primária nas redes de saúde do SUS (BRASIL,
2012). O desencadeamento das ações em atenção primária deve começar pela definição do
seu território, mas deve avançar nas fronteiras que separam a saúde, e especificamente a
atenção primária, de outros setores da sociedade e da administração pública.
A dimensão da responsabilidade sanitária diz respeito ao papel que as equipes devem assu-
mir em seu território de atuação (adstrição), considerando questões ambientais, epidemio-
lógicas, culturais e socioeconômicas, contribuindo, por meio de ações em saúde, para a
diminuição de riscos e vulnerabilidades.
Para tanto, pode-se estabelecer que existem dois tipos de fontes de informações possí-
veis, as quais podem ser denominadas de primárias e secundárias. Entre os elementos que
configuram esse rol de dados encontram-se: observação; entrevistas; informantes-chave,
prontuários; relatórios; mapas; sistemas de informação, entre outras.
-Lideranças comunitárias
Demandas e
necessidades -Observação no Cotidiano de trabalho
Acidentes de trânsito
Utilização de recursos
Caccia-Bava, MCGG; TEIXEIRA, R.A; PEREIRA, M.J.B. A arena política da territorialidade, 2007.
Embora não exista uma apreensão conceitual única acerca das vulnerabilidades sociais, torna-
-se fundamental compreendermos algumas das noções que versam sobre essa temática. Entre
os vários enfoques dados ao termo vulnerabilidade social, observa-se um razoável consenso
em torno de uma questão fundamental: a qualidade do termo deve-se a sua capacidade de:
Entre outras proposições se reconhece que uma pessoa está em vulnerabilidade social
quando ela apresenta sinais de desnutrição, condições precárias de moradia e saneamento,
não possui família, não possui emprego, e esses fatores compõem o risco social, ou seja, são
condições de privação de direitos e de mais exposição a agravos de diversas ordens (BRASIL,
2007). Vulnerabilidade social é um termo geralmente ligado à pobreza, atrelado a pessoas,
famílias que estão à margem da sociedade, que são impossibilitados de partilhar dos bens e
recursos oferecidos pela sociedade, muitas vezes expulsas dos espaços de circulação e com
pouco poder de estabelecer trocas sociais, ampliando as chances de também se tornarem
um risco social (BRASIL, 2007).
Da mesma forma, outra dimensão do processo de territorialização que merece especial atenção
é a apreensão dos determinantes do processo saúde-doença que atravessam as condições de
vida dos indivíduos de uma determinada localidade. De acordo com o Glossário da OMS (1998),
Atenção Primária à Saúde, Estratégia de Saúde da Família e Territorialização
A Territorialização na Atenção Primária à Saúde 6
os determinantes podem ser conceituados como um conjunto de fatores pessoais, sociais, polí-
ticos e ambientais que determinam o estado de saúde dos indivíduos e das populações.
Wilkinson e Marmot (2003) salientam que entre os fatores que merecem ser considerados na
determinação da saúde estão: nível socioeconômico; estresse e as suas circunstâncias; os pri-
meiros anos de vida e educação; exclusão social; trabalho, exigências, meio; desemprego; apoio
social; adição: drogas, álcool, tabaco; alimentos e transporte saudável. O Informe Lalonde (1974),
por sua vez, compreende os determinantes da saúde representado em 4 eixos principais. Veja
o Infográfico 1 no AVASUS.
Infográfico 1
Fonte: <http://pt.slideshare.net/Pavel_Jezek/instrumentos-de-gesto-territorial>.
Acesso em: 18 jan. 2017.
Delimitação
Lógica de Extensão Objeto de
Território Territoral /
existência territorial Ação
Fronteiras
Município:
subprefeituras;
Caráter político- regiões Técnico –
Distrito Físico –
administrativo – administrativas; administrativo
Sanitário jurídicas
assistencial bairros; assistencial
consórcio de
municípios
Entorno
Abrangência delimitado
Organização
geográfica de pelos fluxos de
básica da
Unidades de trabalhadores Físico –
Área prática de
Saúde - caráter da saúde e da jurídicas
assistência à
administrativo – população; e
demanda;
assistencial pelas barreiras
físicas
Homogeneidade
Contexto de
socioeconômica Áreas com
vulnerabilidade
- ambiental relativa
em saúde Condições de
e sanitária – homogeneidade
Microárea – para a vida e situação
cultural - caráter de condições de
intervenção de saúde
socioeconômico vida e situação
da Vigilância
– cultural – de saúde;
em Saúde
ambiental
Vigilância em
Domicílio;
Família nuclear saúde; hábitos
Moradia Habitação; Físico/jurídicas
ou extensiva sanitários e
Condomínios
cidadania
Fonte: <http://www.epsjv.fiocruz.br/pdtsp/index.php?s_livro_id=6&area_id=4&autor_
id=&capitulo_id=22&sub_capitulo_id=59&arquivo=ver_conteudo_2>. Acesso em: 18 jan. 2017.
Esse processo implica o cadastramento e a adscrição de uma população a ser atendida por
cada agente e ESF. A revisão dos documentos legais sobre a ESF permite que se identifiquem
alguns requisitos importantes para a delimitação das áreas e microáreas:
5. A área deve conter uma unidade básica de saúde (UBS) que será a
sede da ESF e o local de atendimento da população adscrita.
Segundo esses requisitos, a área deve ser delimitada segundo critérios populacionais, polí-
tico-comunitários, fisiográficos, epidemiológicos e de organização dos serviços, que são de
difícil convergência. Idealmente, a ESF pressupõe uma interação intensa e permanente entre
esses atores, reconhecendo que tais relações também são dinâmicas e conflituosas.
Ainda que a ESF centre sua atenção na saúde das famílias, está implícita a necessidade de
atuação sobre o ambiente onde estas vivem, o que depende de captar e manter atualizados
dados demográficos, epidemiológicos, e de condições de vida inclusive ambientais.
Nesse intuito, Quitério e Ianni (2003) reconhecem a necessidade de outras fontes de
informação, geradas por instrumentos que captem a existência de características da
coletividade, tanto variáveis emergentes da interação humana – como as redes sociais, os
valores e as formas de organização – como ambientais, que contextualizam as condições
de vida no espaço geográfico.
Agora que você já conhece sobre a construção do mapa, vamos ilustrar o seu território?
Chegamos ao final da Unidade e temos uma tarefa muito importante para ser finalizada: a
construção de um Mapa Vivo de acordo com as recomendações do Programa de Melhoria
do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica – PMAQ. Para tanto, você deverá construir
um mapa de seu território a partir das informações obtidas no processo de territorializa-
ção. Nesse intuito, espera-se que ele revele o território em suas múltiplas dimensões que o
constituem, com as recomendações e os apontamentos sobre esse processo.
Atenção Primária à Saúde, Estratégia de Saúde da Família e Territorialização
A Territorialização na Atenção Primária à Saúde 11
É possível que a sua Unidade já possua um Mapa. Nesse caso, verifique se ele possui todos os
componentes considerados necessários para um bom Mapa Vivo e atualize as informações,
se necessário. Convide toda a equipe para colaborar, afinal, o mapa não é apenas uma tarefa
de nosso curso, é indispensável para o adequado processo de trabalho na Saúde da Família.
Além disso, com a ajuda dos agentes de saúde, faça a marcação de grupo de maior risco
e vulnerabilidade no mapa. É importante que também se discuta com a equipe se existe
população descoberta pela Atenção Básica no entorno do território de abrangência da equi-
pe e marque no mapa.
Assim, construa o mapa do seu território e poste no Espaço Interação do AVASUS no forma-
to de imagem e aguarde o feedback do seu Matriciador.
Bom trabalho!